CUIDADORES DE IDOSOS

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CARTILHA DE AUXILIO AOS CUIDADADORES DE IDOSOS

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Violncia e maus-tratos contra a pessoa idosa. possvel prevenir e superar.

Violncia e maus-tratos contra a pessoa idosa. possvel prevenir e superarMaria Ceclia de Souza MinayoIntroduoO Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) consagrou os direitos da pessoa idosa, mas existem aes e omisses que contrariam esses direitos. Consideramos o tema da Violncia Contra a Pessoa Idosa como a anlise do avesso dos direitos consagrados no Estatuto do Idoso. Por isso, esta reflexo tem como parmetro a cidadania, a sade pblica, a promoo da sade e a qualidade de vida. Desta forma, quando falamos de violncia queremos dizer que possvel preveni-la e reduzi-la. Pretendemos mostrar que existem aes e omisses que contrariam os direitos, mas so passveis de serem superadas, quando a sociedade, as comunidades e as famlias buscam respeitar as pessoas idosas.

DefiniesDe acordo com a Organizao Mundial de Sade, os maus-tratos aos idosos podem ser definidos como:Aes ou omisses cometidas uma vez ou muitas vezes, prejudicando a integridade fsica e emocional da pessoa idosa, impedindo o desempenho de seu papel social.Neste texto, usaremos como sinnimos os termos maus tratos, abusos e violncias. A violncia acontece como uma quebra de expectativa positiva da pessoa idosa em relao quelas que as cercam, sobretudo os filhos, cnjuges, parentes, cuidadores, a comunidade e a sociedade em geral.Existe uma forma de classificao contemplando os vrios tipos de maus tratos. Embora essa categorizao no seja exaustiva, contempla os mais frequentes abusos e nos facilita a compreenso do fenmeno. Especificar, definir e diferenciar esses problemas importante porque quando achamos que tudo violncia, nada violncia. Essa classificao tambm reconhecida pela Organizao Mundial de Sade e utilizada por pesquisadores do mundo inteiro.Compreende: abusos fsicos; abusos psicolgicos; abandonos; negligncias; abusos financeiros; autonegligncias.Os abusos fsicos constituem a maior parte das queixas das pessoas idosas e costumam acontecer no seio da famlia, na rua, nas instituies de prestao de servios, dentre outros espaos. s vezes, o abuso fsico resulta em leses e traumas que levam internao hospitalar ou produzem como resultado a morte da pessoa. Outras vezes ele quase invisvel. As estatsticas mostram que, por ano, cerca de 10% das pessoas idosas brasileiras morrem por homicdio. E a incidncia comprovada de abusos fsicos no mundo est entre5% a 10%, dependendo da cultura local. O abuso psicolgico corresponde a todas as formas de menosprezo, de desprezo e de discriminao que provocam sofrimento mental. Por exemplo, ele ocorre quando dizemos pessoa idosa, expresses como essas: Voc j no serve para nada; voc j deveria ter morrido mesmo; voc j a bananeira que deu cacho ou coisas semelhantes. H muitas formas de manifestao do abuso psicolgico: s vezes, o fazemos com palavras e outras com atos. Estudos mdicos mostram que o sofrimento mental provocado por esse tipo de maus tratos podem provocar depresso e levar ao suicdio. importante ressaltar, em relao a abusos psicolgicos, que os muito pobres e dependentes financeira, emocional e fisicamente so os que mais sofrem. Isso ocorre, no caso dos doentes, porque eles no podem dominar seu corpo ou sua mente; e no caso dos muito pobres, porque no tm dinheiro para se sustentar, sendo considerados um peso para muitas famlias.O abandono uma das maneiras mais perversas de violncia contra a pessoa idosa e apresenta vrias facetas. As mais comuns constatadas pelos cuidadores e pelos rgos pblicos que notificam as queixas: coloc-la num quartinho nos fundos da casa retirando-a do convvio com outros membros da famlia e das relaes familiares; conduzi-la a um abrigo ou a qualquer outra instituio de longa permanncia contra a sua vontade, para se livrar da sua presena na casa, deixando a essas entidades o domnio sobre sua vida, vontade, sade e seu direito de ir e vir; permitir que o idoso sofra fome e passe por outras necessidades bsicas. Outras formas tambm bastante frequentes de abandono so as que dizem respeito ausncia de cuidados, de medicamentos e de alimentao aos que tm alguma forma de dependncia fsica, econmica ou mental, antecipando sua imobilidade, aniquilando sua personalidade ou mesmo promovendo seu lento adoecimento e morte.Negligncia outra categoria importante para explicar as vrias formas de menosprezo e de abandono. Sobre as negligncias poderamos comear por aquelas cometidas pelos servios pblicos. Por exemplo, na rea da sade, o desleixo e a inoperncia dos rgos de vigilncia sanitria em relao aos abrigos e clnicas. Se no houvesse tanta omisso, se conseguiriam evitar tragdias como a que aconteceu no Rio de Janeiro, na Casa de Sade Santa Genoveva e acabou virando smbolo da soma de vrios tipos de negligncia: do estado que no fiscaliza, das instituies que fazem desse servio um negcio e das famlias para quem muito cmodo acreditar que tudo ficar bem com seu idoso quando o entrega num desses locais de assistncia que se diz especializada. Aps as investigaes, os pesquisadores e fiscais verificaram que aquela situao vinha se repetindo h quase 10 anos e s se tornou escndalo pela morte simultnea de mais de 100 velhinhos num curto espao de tempo. Os que sobreviveram ofereceram sociedade um espetculo cruel de desnutrio, magreza, tristeza e solido.Alm de exemplos cruis e radicais como o mencionado, h ainda vrios tipos de negligncias que ocorrem cotidianamente no atendimento dos servios de sade. o caso das longas esperas em filas, dos pedidos de exames que demoram meses, quando as doenas vo avanando de forma degenerativa, por exemplo. Mas o campeo das reclamaes o INSS. As vrias formas de negligncia dos servios pblicos tm por base a impessoalidade no trato. Tambm nas famlias e instituies de longa permanncia, principalmente os idosos dependentes so afetados por falhas na administrao de medicamentos, nos cuidados com o asseio corporal, e na adequao das casas a suas necessidades como j mencionamos. Muitos outros exemplos poderiam ser acrescentados aos que aqui foram mencionados, porque so conhecidos dos dedicados profissionais de sade, de assistncia e pelos operadores de direito que levam a srio o cuidado com a pessoa idosa.Falaremos tambm dos abusos financeiros que se referem, principalmente, s disputas de familiares pela posse dos bens ou a aes criminosas cometidas por rgos pblicos e privados em relao s penses, aposentadorias e outros bens da pessoa idosa. Estudos mostram que no mundo inteiro as pessoas idosas so vtimas de abusos financeiros. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Cincias Criminais (IBCCRIM), (consolidando dados da Delegacia Especializadade Proteo ao Idoso de So Paulo, publicada em 2004), comprova que mais de 60% das queixas desse grupo polcia tiveram essa causa. Tambm em delegacias de outros locais do pas o mesmo problema foi constatado e foram cometidos por familiares em tentativas de conseguir por fora procuraes para ter acesso a bens patrimoniais dos velhos; na realizao de vendas de seus bens e imveis sem o consentimento deles; por meio da expulso do idoso de seu espao fsico e social no qual viveram at ento, ou por seu confinamento em algum aposento mnimo em residncias que por direito lhe pertence, dentre outras formas de coao. Tais atos e atitudes dos filhos e de outros parentes visam, quase sempre, a tomada de bens, objetos e rendas, sem o consentimento desses proprietrios.Geralmente, as queixas de abuso econmico e financeiro se associam com vrias formas de maus tratos fsicos e psicolgicos que produzem leses, traumas ou at a morte.Mas no apenas a partir das famlias que os abusos econmicos e financeiros contra pessoas idosas ocorrem. Eles esto presentes tambm nas relaes do prprio estado, frustrando expectativa de direitos ou se omitindo na garantia dos mesmos. Acontecem, frequentemente, nos trmites de aposentadorias e penses e, sobretudo, nas demoras de concesso ou correo de benefcios devidos, mesmo quando desde 1994, a Lei 8.842 lhes garante prioridade no atendimento em rgos pblicos e privados, em instituies prestadoras de servios e em suas necessidades assistenciais. Nas delegacias de ateno e proteo ao idoso e nos ncleos de atendimento do Ministrio Pblico, uma das solicitaes mais comuns que esses agentes colaborem na soluo de problemas com aposentadorias e penses.Diferentes formas de violncia econmica e financeira, combinadas com discriminaes e maus tratos so praticados tambm por empresas, sobretudo, por bancos e lojas. E os campees das queixas so os planos de sade que aplicamaumentos abusivos e frequentemente se recusam a bancar determinados servios essenciais aos cuidados mdicos da pessoa idosa. Os velhos so vtimas ainda de estelionatrios e de vrias modalidades de abuso financeiro cometidos por criminosos que se aproveitam de sua vulnerabilidade fsica e econmica em agncias bancrias, caixas eletrnicas, nas lojas, na rua, nas travessias ou nos transportes.Os policiais das delegacias de proteo ao idoso assinalam a frequncia de suas queixas sobre roubo de cartes, cheques, dinheiro e objetos, de forma violenta ou sorrateira.Por fim, falaremos da autonegligncia que conduz ou morte lenta, ou tentativa de suicdio e mesmo, autodestruio. A Organizao Mundial de Sade trabalha com o conceito de suicdio e tentativa de suicdio, como sendo formas radicais de autonegligncia. Ou seja, neste caso, no se trata do outro que abusa, mas do idoso que se maltrata. O que no quer dizer que, frequentemente atitudes de autodestruio no sejam decorrncia de negligncias, abandonos e outros tipos de maus-tratos.Geralmente, a autonegligncia ocorre quando a pessoa idosa est to desgostosa da vida, que para de comer direito, para de tomar remdio, para de cuidar de sua aparncia fsica, para de se comunicar, manifestando clara ou subliminarmente a vontade de morrer. No Brasil, os processos de autonegligncia quase no so notificados, o que no quer dizer que inexistam. importante que estejamos atentos, pois, embora as taxas de suicdio da populao brasileira que seriam o indicador mais cabal de autonegligncia ou de autodestruio sejam relativamente baixas, observamos um crescimento leve, mas persistente desse fenmeno nas faixas etrias das pessoas idosas. Os ndices de ocorrncia j so o dobro da mdia nacional. Na maioria dos pases europeus,as taxas de suicdio em pessoas idosas so altssimas e os estudiosos consideram que as principais causas para isso so: o abandono familiar, a solido, o sofrimento insuportvel por doenas degenerativas e a perda do gosto pela vida, fenmenos que se manifestam frequentemente de forma combinada.Violncias visveis e invisveisAs violncias contra a pessoa idosa podem ser visveis ou invisveis: as visveis so as mortes e leses; a invisveis so aquelas que ocorrem sem machucar o corpo, mas provocam sofrimento, desesperana, depresso e medo e das quais falamos no item anterior.Em relao s causas visveis que levam morte ou provocam leses e traumas, a Organizao Mundial de Sade trabalha com duas categorias: acidentes e violncias. No caso do idoso, essa classificao fundamental, pois, frequentemente os acidentes so frutos ou esto associados a maus-tratos e abusos. As ltimas estatsticas confirmadas para o ano de 2005, por exemplo e, certamente, a situao no se modificou muito mostram que tivemos cerca de 15.000 pessoas idosas que morreram por essas causas ao ano. Isso significa que 41 pessoas desse grupo etrio morreram por dia por violncias e acidentes, sendo hoje a 6 causa de morte da populao acima de 60 anos.Quais so as principais subcausas desses bitos? A primeira so os acidentes de trnsito, correspondendo a cerca de 30% de todas as mortes; a segunda, so as quedas, com cerca de 18% do total; a terceira so os homicdios, respondendo por 10% e a quarta, os suicdios, 7,5%. Em todos os tipos de mortes, a populao masculina de idosos muito mais vitimizada que a feminina.No trnsito, as pessoas idosas no Brasil passam por uma combinao de desvantagens: dificuldades de movimentos prprias da idade que se somam a muita falta de respeito e mesmo a violncias impingidas por motoristas. H tambm negligncias do poder pblico quanto s sinalizaes, conservao das caladas e fiscalizao das empresas quanto ao cumprimento do Estatuto do Idoso.Uma das grandes queixas das pessoas mais velhas se refere s longas esperas nos pontos de nibus e aos arranques desferidos por motoristas que no as esperam se acomodar em assentos. Uma das formas de violncia da qual as pessoas idosas mais se queixam o tratamento que recebem nas travessias e nos transportes pblicos. Nesse ltimo caso, o privilgio da gratuidade do passe, a que tm direito por lei, se transforma em humilhao e discriminao.As mortes, as leses e os traumas provocados pelos meios de transporte e pelas quedas, dificilmente podem ser atribudos apenas a causas acidentais.Pelo contrrio, precisam ser compreendidos como atos ou negligncias danosas cometidos por autoridades e pessoas para que estas sejam responsabilizadas e assim, haja possibilidade de mudanas. As quedas nos espaos pblicos se juntam aos problemas de insegurana, aumentando as dificuldades das pessoas idosas de se locomoverem. Na rua, principalmente as caladas e as travessias so feitas e pensadas para os jovens e no para as pessoas idosas. As caladas brasileiras so um atentado vida e as travessias tambm. Os sinais de trnsito geralmente privilegiam os carros e as subidas nos degraus dos nibus pblicos no facilitam a vida dos que j no tem tanta mobilidade.Vamos agora para as nossas casas. Hoje em 26% dos lares brasileiros existe pelo menos uma pessoa idosa e 95% delas vivem em casas prprias ou de seus familiares. Mas, assim como nossas cidades, tambm nossas casas pouco esto preparadas para acolher e responder s necessidades das pessoas idosas. As duas maiores causas de mortes violentas revelam isso. Por exemplo, a maioria das quedas que provoca a morte ou leva a internaes e incapacitaes ocorre em casa, no trajeto do quarto para a cozinha e do quarto para o banheiro. Geralmente, pisos escorregadios, mveis muito leves nos quais as pessoas tentam se apoiar e caem e a ausncia de barras de apoio no banheiro, constituem risco de acidentes que podem levar a fraturas dos membros superiores e inferiores e at de crnio, sobretudo, nos casos de pessoas idosas com dificuldade de movimento e fragilidade visual. Seria muito importante que o poder pblico promovesse uma poltica social voltada para a reforma e adequao das residncias onde residem pessoas idosas, de forma a torn-las um ambiente saudvel e preventivo de acidentes. E o setor de construo civil precisa ser includo nessa poltica de forma definitiva pois, cada vez mais, os laresbrasileiros abrigaro pessoas idosas.Em relao a internaes por violncia e acidentes, no ano de 2005, houve cerca de 110.000 hospitalizaes de pessoas idosas, sendo a maioria por quedas. Nos casos de internao por essa causa, a maioria das vtimas so mulheres. H estudos demonstrando que, se uma pessoa idosa cai, ou elamorre na hora ou costuma sofrer leses graves, sendo que em mais da metade dos casos, vem a falecer no primeiro ano depois da queda. As que sobrevivem, frequentemente sofrem incapacitaes e ficam mais dependentes ainda, trazendo grande custo financeiro para o sistema de sade e imenso custo social para as famlias. Frequentemente, quando um desses acidentados volta para casa, algum familiar tem que parar de trabalhar e se transformar em cuidador permanente. Seria muito mais barato tanto para os governos como para asfamlias, investir num processo constante e persistente de preveno.ConclusesAqui foram colocadas algumas rpidas reflexes sobre as violncias que sofrem as pessoas idosas e para as quais chama ateno o artigo 3o. do Estatuto do Idoso. Muitas seriam as concluses que poderamos tirar para a atuaodas prprias pessoas idosas, do Estado, da Sociedade e especificamente das Famlias. Trataremos apenas de trs pontos inadiveis.Dado o nmero, a importncia e a presena da pessoa idosa hoje, em todas as esferas da sociedade brasileira, existe uma necessidade inadivel de investir no seu protagonismo. Estudos mostram que as pessoas idosas mantm famlias, esto presentes no mundo do trabalho, votam e discutem a poltica so, portanto, atores sociais e assim devem ser reconhecidos. Elas so cidads que podem e devem participar na formulao das polticas e dos programas que lhes dizem respeito e que so importantes para o pas, assim como ser includas na soluo dos problemas. No caso das violncias, preciso que os rgos representativos das pessoas idosas invistam na compreenso dos problemas, na formulao de denncias qualificadas e na soluo das questes.O segundo ponto diz respeito formao de cuidadores, no somente do cuidador profissional, mas do cuidador familiar. Tendo em vista que mais de 95% das pessoas idosas esto nos lares, e que uma boa parte delas necessita de auxlio para o desempenho das atividades bsicas, temos que estabelecer mecanismos de proteo e de formao para esse cuidador familiar. Se verdade que para nossos idosos a casa, idealmente, o melhor lugar para estar, esse fato merece considerao e foco das polticas pblicas especficas, preventivas e de ateno. De um lado, para que sejam criadas ou adaptadas e disponibilizadas tecnologias de assistncia domiciliar e de outro, para que os cuidadores familiares no se tornem uma gerao de estressados.Por fim, queremos ressaltar a necessidade de investir na preveno das dependncias. Embora o nmero de pessoas idosas que hoje necessita de cuidados especiais seja relativamente pequeno em comparao com o nmero total da populao brasileira acima de 60 anos, os custos dos servios de sade para uma pessoa idosa so muito elevados. Mais ainda, os equipamentos hospitalares e ambulatoriais ainda no esto devidamente preparados. Uma poltica bem delineada e intersetorial de insero social, de atividade fsica e at laboral, de lazer, de participao social dentre outros elementos, levar a que o nmero de dependentes constitua uma razo menor da hoje existente. A tendncia de crescimento do nmero da pessoa idosa e das pessoas idosas com mais idade real e est desafiando a sociedade brasileira como uma questo social.

Violncia contra a pessoa idosa: o que fazer?Marlia Anselmo Viana da Silva Berzins

Muita coisa pode ser feita para minimizar, reduzir ou cessar a violncia contra a pessoa idosa. Os diversos abusos, as violncias, as negligncias, as violaes dos direitos, as discriminaes e os preconceitos que as pessoas idosas sofrem na vida cotidiana precisam ser prevenidos e superados. Todas essas formas de violncia e maus-tratos representam um grave problema para o bem-estar desse segmento etrio. Os diversos abusos sofridos podem causar sofrimento psicolgico, leses, doenas, isolamento e podem at mesmo, levar morte. No podemos concordar que pessoas idosas sejam desrespeitadas e nem maltratadas. Isso no pode ocorrer no silncio dos lares e nem tampouco na vida pblica. Pessoas idosas, a sociedade civil e o Estado precisam ser parceiros para o rompimento do pacto do silncio que ainda impera na violncia pessoa idosa.O tema da violncia contra a pessoa idosa comporta uma complexidade muito grande de fatores. A interveno para a superao da violncia requer de todos os atores um envolvimento tico, criterioso e baseado na prtica do respeito e da dignidade humana. Damos a seguir alguns princpios que podem orientar a interveno. Toda pessoa idosa, at que se prove o contrrio, competente para tomar decises sobre a sua vida. Deve-se respeitar o principio da autonomia capacidade de decidir da pessoa idosa. Envelhecimento no sinnimo da perda do poder de deciso. A melhor forma de intervir na violncia a preveno, oferecendo recursos eficientes e adequados para que as pessoas idosas, famlias, cuidadores, instituies e profissionais possam identificar e intervir na violncia. Quando houver a suspeita da ocorrncia de violncia contra a pessoa idosa, lembrar que a suspeita por si s no prova da existncia da violncia. preciso investigar para se chegar confirmao da violncia.Para se intervir na violncia contra a pessoa idosa, diversos atores devem dar a sua colaborao, principalmente os profissionais da sade, da assistncia social, do direito e da justia, etc. imprescindvel o estabelecimento de critrios ticos para evitar incmodos ou danos pessoa idosa que j est passando por situaes difceis e constrangedoras. Avaliar o risco de vida ou leso grave para a vtima e decidir sobre a necessidade ou no de uma interveno urgente. Promover uma interveno que considere e leve em conta a figura do agressor.Nas situaes de violncia muito importante considerar os fatores que envolvem a famlia, o agressor pode ser o prprio cuidador - e a pessoa idosa.As violncias no ocorrem de forma desvinculada das relaes familiares. A interveno deve ser feita considerando-se a complexidade destes fatores. importante lembrarAlm desses princpios orientadores, sempre que a pessoa idosa sofrer maus-tratos, de familiares ou de terceiros, ela mesma ou qualquer um que tenha conhecimento da situao deve procurar ajuda nos servios de sade, da justia ou segurana pblica da cidade para que as providncias cabveis sejam tomadas. Toda delegacia de segurana pblica deve estar preparada e treinada para atender as situaes de violncia contra a pessoa idosa, assim como os profissionais de sade das unidades de sade da cidade. A ajuda pode ser buscada em outros locais como os relacionados a seguir.Quando procurar o Ministrio PblicoO Promotor de Justia pode adotar medidas para proteger as pessoas idosas que estejam em situao de risco como, por exemplo: abandonadas pela famlia; vtimas de maus-tratos por parte de seus familiares; negligenciadas pelos familiares e/ou pelo cuidador; maltratadas nas instituies de longa permanncia para idosos (asilos e casas de repouso).Em qualquer desses casos, algum da famlia, amigo ou vizinho pode procurar o Promotor de Justia de sua cidade para fazer uma solicitao de interveno.Quando procurar a Delegacia de Polcia Se a pessoa idosa for vtima de algum crime, como furto, roubo, leso corporal, maus-tratos, crcere privado etc.; Se sair para suas atividades dirias e no retornar a sua residncia, configurando um possvel desaparecimento; Se a pessoa idosa perder documentos ou o carto de benefcios do INSS.Quando procurar a Defensoria PblicaA Defensoria Pblica um rgo pblico que tem por finalidade prestar assistncia jurdica s pessoas carentes. Ela deve ser procurada na necessidade de orientao jurdica ou atuao em juzo, em casos como: penso alimentcia, interdio, alvar, despejo, consignao em pagamento etc.H outros servios que so oferecidos para ajudar nos encaminhamentos em que se suspeite ou se confirme a violncia contra a pessoa idosa. Cada municpio organiza os seus prprios servios, tais como os abaixo relacionados.Disque Idoso ou Disque Denncia o oferecimento de um nmero telefnico gratuito para receber denncias e informar onde se pode encontrar ajuda. Geralmente, as denncias podem ser feitas de forma annima, sigilosa ou com a identificao de quem a faz. A pessoa que atende as ligaes treinada para informar e encaminhar as providncias necessrias. Em boa parte dos municpios j h a oferta deste servio cujo nmero de telefone bastante divulgado.Centro de Referncia da ViolnciaJ existe em vrias cidades, centros de referncia de violncia para o atendimento das pessoas idosas vtimas de violncia. Os centros de referncia so constitudos de uma equipe de profissionais de diversas categorias (assistente social, psiclogo, advogado etc.) que se especializaram no atendimento violncia.Observatrio Nacional do Idoso www.direitoshumanos.gov.br/observatorioidoso um servio de iniciativa da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidncia da Repblica, em parceria com o Centro Latino-Americano de Violncia e Sade e seu principal objetivo ser um dispositivo de observao, acompanhamento e anlises das polticas e estratgias de ao de enfrentamento da violncia contra a pessoa idosa.Contm informaes sobre os Centros Integrados, as anlises e pesquisas relacionadas ateno e preveno violncia contra a pessoa idosa, um frum de discusso, notcias, links de interesse, fale conosco e uma biblioteca digital com artigos, recortes de revistas e jornais, manuais e cartilhas, alm de relatrios e monografias sobre o tema.Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa IdosaO Estatuto do Idoso responsabiliza os Conselhos de Idosos Nacional, Estadual e Municipal pela defesa e proteo dos direitos das pessoas idosas.Os conselhos podem receber denncias de violao de direitos e encaminh-las aos rgos competentes do municpio para as providncias que devem ser tomadas. Se na sua cidade ainda no houver conselho do idoso, procure o conselho estadual.Centro de Referncia da Assistncia Social CRASOs Centros de Referncia da Assistncia Social - CRAS so unidades pblicas responsveis pela oferta de servios continuados de proteo social bsica de assistncia social s famlias e indivduos em situao de vulnerabilidadesocial, oferecendo servios, projetos e benefcios. Os CRAS so vinculados Secretaria de Assistncia Social da cidade e onde tm profissionais habilitados para esclarecimento das dvidas e necessidades das pessoas que se dirigem a este servio pblico.

Unidades de SadeAs unidades de sade UBS, Estratgia Sade da Famlia, Ambulatrios de especialidades, Servios de emergncia etc tm a responsabilidade de atender pessoas vtimas de violncia. A violncia, nas suas mais diversas manifestaes uma questo de sade pblica, notoriamente reconhecida pela Organizao Mundial de Sade.FinalizandoA violncia contra a pessoa idosa um problema que precisa ser superado com o apoio de toda a sociedade. Todos ns devemos criar uma cultura em que envelhecer seja aceito como parte natural do ciclo de vida, as atitudes antienvelhecimento sejam desencorajadas, as pessoas idosas tenham o direito de viver com dignidade, livres de abuso e explorao e seja dada a elas a oportunidade de participar plenamente da vida social.

Silncio cumplicidade. Denuncie a violncia contra a pessoa idosa!

O CUIDADORO cuidador dever ter outras qualidades como as descritas abaixo.

Qualidades fsicas e intelectuais Deve ter boa sade fsica para ter condies de ajudar e apoiar o idoso em suas atividades de vida diria. Tambm tem que ter condies de avaliar e tomar decises em situaes de emergncia que necessitam de iniciativas e aes rpidas.

Capacidade de ser tolerante e paciente Deve compreender os momentos difceis que a famlia e a pessoa idosa podem estar passando, com a diminuio de sua capacidade fsica e mental, de seu papel social, que pode afetar seu humor e dificultar as relaes interpessoais.

Capacidade de observao O cuidador deve ficar atento s alteraes que a pessoa idosa pode sofrer, tanto emocionais quanto fsicas, que podem representar sintomas de alguma doena.

Qualidades ticas e morais O cuidador precisa ter respeito e dignidade ao tratar a pessoa idosa e nas relaes com ele e com sua famlia. Deve respeitar a intimidade, a organizao e crenas da famlia, evitando interferncia e, sobretudo exercendo a tica profissional.

Responsabilidade Lembrar sempre que a famlia ao entregar aos seus cuidados a pessoa idosa est lhe confiando uma tarefa que, neste momento, est impossibilitada de realizar, mas que espera seja desempenhada com todo o carinho e dedicao. Como em qualquer trabalho, a pontualidade, assiduidade e o compromisso contratual devem ser respeitados.

Motivao Para exercer qualquer profisso, necessrio gostar do que faz. importante que tenha empatia por pessoas idosas, entender que nem sempre vai ter uma resposta positiva pelos seus esforos, mas vai ter a alegria e satisfao do dever cumprido.

Bom senso e apresentao O cuidador, como qualquer trabalhador, deve ir trabalhar vestido adequadamente, sem joias e enfeites, que podem machucar a pessoa idosa, com cabelo penteado e, ser for longo, com ele preso, sem maquiagem forte, pois no est indo a uma festa. As unhas devem estar cortadas e limpas. De preferncia, deve usar uniforme.

Podemos destacar como prprias de sua ocupao as tarefas abaixo descritas.

1. Ajudar, estimular e realizar, caso seja indispensvel, as atividades de vida diria, ou seja, a higiene pessoal e bucal, alimentao, locomoo, etc.2. Cuidar do vesturio (organizar a roupa que vai ser usada, dando sempre pessoa idosa o direito de escolha), manter o armrio e os objetos de uso arrumados e nos locais habituais; e cuidar da aparncia da pessoa idosa (cuidar das unhas, cabelos) de modo a aumentar a sua autoestima.3. Facilitar e estimular a comunicao com a pessoa idosa, conversando e ouvindo-a; acompanhando-a em seus passeios e incentivando-a a realizar exerccios fsicos, sempre que autorizados pelos profissionais de sade, e a participar de atividades de lazer. Desta forma, ajudar a sua incluso social e a melhorar sua sade.4. Acompanhar a pessoa idosa aos exames, consultas e tratamentos de sade, e transmitir aos profissionais de sade as mudanas no comportamento, humor ou aparecimento de alteraes fsicas (temperatura, presso, sono, etc.).5. Cuidar da medicao oral da pessoa idosa, em dose e horrio prescritos pelo mdico. Em caso de injees, mesmo com receita mdica, proibido ao cuidador aplic-las. Dever recorrer a um profissional da rea de enfermagem.6. Estimular a autossuficincia da pessoa idosa, por isto, o cuidador dever, sempre que possvel, fazer com ela e no para ela.

Tarefas habituais de um cuidador familiar Ajuda nas atividades domsticas (cozinhar, lavar, limpar, passar ferro). Assiste a pessoa idosa na sua locomoo fora de sua casa (acompanhar ao mdico, ir igreja, fazer um passeio). Assiste a pessoa idosa a movimentar-se dentro de sua casa. Ajuda na higiene e cuidados pessoais (pentear, tomar banho, etc.). Ajuda na administrao do dinheiro e bens. Administra medicamentos. Ajuda nos cuidados de enfermagem. Procura proporcionar conforto e tranquilizar a pessoa idosa em situaes de crise (por exemplo, quando fica agitado ou ansioso). Ajuda na comunicao com os outros, quando existem dificuldades para expressar-se. Faz pelo seu familiar pequenas tarefas da vida diria (por exemplo, leva-lhe um copo de gua, acomoda-o em frente televiso, etc.).

Porque cuidamos das pessoas idosas da nossa famlia? possvel que voc responda por que minha obrigao. A maior parte das pessoas que cuidam de uma pessoa idosa (pai, me, marido, mulher) concorda que se trata de um dever moral e que existe uma responsabilidade social e familiar e normas sociais que devem ser respeitadas. Porm, no esta a nica razo que nos leva a cuidar da pessoa idosa. Outros motivos assinalados pelos cuidadores so: motivao altrusta, ou seja, para manter o bem estar da pessoa idosa, com quem nos identificamos; reciprocidade, j que fomos antes cuidados por ela; gratido que recebemos daqueles que cuidamos; sentimentos de culpa do passado; evitar a censura da famlia, de amigos e de conhecidos, caso no cuidemos dos nossos familiares idosos.Embora estes possam ser os motivos para que cuidemos dos nossos familiares idosos, o peso de um ou de outro influir na qualidade, na quantidade e no tipo de ajuda que oferecemos.

1. Quem so os cuidadores familiares?Na maior parte das famlias, um nico membro assume a maior parte da responsabilidade do cuidado. Geralmente, as mulheres assumem essa responsabilidade: esposas, filhas, noras, irms. So geralmente pessoas entre 45 e 65 anos de idade. Outras caractersticas encontradas so as seguintes: em cada famlia h um cuidador principal normalmente a esposa, a filha, ou a nora que assume o encargo de cuidador, (ver o assunto O cuidador principal, e sua relao com os demais cuidadores); no incio, o cuidador pensa que seu encargo temporrio, mas acaba descobrindo que para muito tempo e que a responsabilidade tende a aumentar; os cuidadores, habitualmente mulheres, atendem tambm s necessidades do resto da famlia (cnjuge e filhos). Quando as exigncias dessas pessoas so muito grandes, pode tornar-se difcil dar conta de todas as responsabilidades.O parentesco ou a relao entre o cuidador e a pessoa cuidada tambm influencia a maneira como se vive e se aceita a situao de cuidar, conforme pode-se verificar nas situaes descritas em seguida: a esposa ou esposo como cuidador. Quando o marido tem problemas de sade e necessita de ajuda para suas atividades da vida diria, geralmente o cuidador principal a mulher. Em muitas famlias brasileiras, devido a fatores culturais, verifica-se que nem sempre o marido capaz de ser o cuidador, quando a mulher necessita de ajuda; As filhas e filhos como cuidadores. Quando os cuidadores so a filha ou o filho da pessoa cuidada, existe um vnculo natural entre ambos que pode favorecer a disposio para o cuidado. Na maioria dos casos, representa um forte impacto emocional dar-se conta de que o pai, a me ou ambos j no podem cuidar de si mesmos, quando at a pouco eram totalmente independentes. Alm disso, os filhos geralmente sentem-se apanhados de surpresa e receiam que as novas responsabilidades possam prejudicar seus planos para o futuro.

2. Consequncias de cuidar de uma pessoa idosa

Cuidar de uma pessoa idosa da famlia , geralmente, uma experincia duradoura que exige uma reorganizao da vida familiar, profissional e social. Quem assiste a familiares idosos costuma indicar que sua vida foi afetada de diversas maneiras desde que comeou essa atividade. Vejamos quais so essas mudanas.Relaes familiares uma das mudanas que os cuidadores manifestam claramente sobre a sua situao se refere s relaes familiares. Devido o desacordo entre a pessoa que cuida e os outros familiares, podem aparecer conflitos familiares sobre a atitude e o comportamento dos ltimos em relao pessoa idosa ou pela forma de se proporcionar os cuidados. s vezes, o mal estar com outros membros da famlia devido aos sentimentos do cuidador principal de que o resto da famlia no capaz de apreciar o esforo que realiza.Outra mudana tpica na famlia a inverso de papis, por exemplo, a filha se transforma na cuidadora da sua me, variando assim a direo habitual em que se produz o cuidado de pais e filhos. Esta mudana de papis requer uma nova mentalidade quanto ao tipo de relao que existia anteriormente entre pais e filhos e exige do cuidador um esforo de adaptao. Esta mudana mais intensa quando a pessoa cuidada sofre de demncias em fase mdia ou adiantada.Reaes emocionais Os cuidadores experimentam um grande nmero de emoes e sentimentos, alguns positivos como a satisfao por poder contribuir para o bem estar de uma pessoa querida. Outras so frequentemente negativas, como a sensao de impotncia, sentimentos de culpa, solido, preocupao ou tristeza.Consequncias sobre a sade Os cuidadores percebem que uma situao de cuidado prolongado afeta sua sade. Esto cansados e tm a sensao de que sua sade comeou a piorar desde que comeou a cuidar do familiar idoso.Consequncias sobre a vida profissional Os cuidadores que trabalham fora de casa experimentam um conflito entre as tarefas de cuidador e as obrigaes profissionais, sentindo que est falhando tanto no trabalho (faltas, perda de pontualidade), como no cuidado familiar. No raro ter de diminuir suas horas de trabalho ou abandonar o emprego. Frequentemente, surgem dificuldades econmicas ou por receber menos devido diminuio das horas de trabalho ou por ter mais gastos com o cuidado da pessoa idosa.Diminuio de atividades de lazer Os cuidadores informam que houve uma reduo do tempo dedicado vida social e de lazer e, como consequncia, sentem-se isolados de seus amigos e do mundo que os cerca.Concluindo, a quantidade de trabalho necessrio para cuidar de uma pessoa idosa, a presso psicolgica e o esforo despendido para atender a todos esses problemas cotidianos so comuns a todos os cuidadores. Por esse motivo, quem cuida de familiares idosos pode sofrer de problemas de sade, psicolgicos, (sentimentos de mal estar, depresso, sensao de sobrecarga) e sociais (relaes familiares tensas, problemas profissionais). Conhecer quais so essas mudanas muito til para verificar at que ponto cuidar da pessoa idosa est afetando a nossa vida e, assim, buscar algumas prticas para melhorar, na medida do possvel, esta situao.

3. Como o cuidador afetado

A situao de cuidar afeta cada cuidador de forma distinta, dependendo da enfermidade da pessoa que recebe os cuidados, a gravidade dessa enfermidade, a lucidez mental dela, assim como da sade e da resistncia do prprio cuidador. Aquelas pessoas, cuja sade est mais deteriorada e so mais dependentes exigem uma carga maior de trabalho do cuidador. Mas, tambm, muitas outras circunstncias que foram colocadas em destaque, no quadro seguinte, podem influenciar o bem-estar do cuidador.O bem-estar do cuidador depende de: da sade do cuidador; da ajuda que recebe de outros familiares; da ajuda que recebe da rede de apoio (atendimento domicilirio, centro-dia; unidades de sade); do apoio emocional, agradecimento e reconhecimento de outros familiares; a informao que tem sobre como cuidar e resolver problemas do cuidado; sua capacidade para atuar diante de comportamentos difceis, aborrecimento ou passividade que pode manifestar a pessoa cuidada (agitao, mau-humor, inatividade, alucinaes, insnia, depresso, etc.); sua forma de enfrentar a situao de cuidado e superar situaes difceis.Como vimos at o momento, so muitas as razes por que alguns cuidadores encontram-se mais satisfeitos do que outros. Neste momento, possvel que voc tenha pensado sobre sua vida e tenha se comparado com outras pessoas que vivem a mesma situao. Alm disso, pode ser que conhea um pouco mais como esta situao est atingindo sua vida e que existem circunstncias que merecem ser mudadas para que a sua vida e dos seus familiares possa ser melhor.

O cuidador principal e sua relao com os demais cuidadoresJudy Robbe

IntroduoNada prepara uma famlia para o aparecimento de um agressor como a demncia que penetra sutilmente em seu meio, lentamente roubando da pessoa idosa as suas memrias preciosas, seus conhecimentos e finalmente a sua independncia.Muitas vezes, mesmo percebendo mudanas de comportamento ao longo do tempo, a famlia se assusta com o diagnstico. Cada familiar reage do seu jeito s palavras do mdico, que fala de uma doena neurolgica progressiva, sem cura, que ir causar total dependncia.Nas famlias mais antigas o pai era o provedor e a me cuidava dos afazeres domsticos. Apesar das modificaes ocorridas hoje nesses papis, cada membro continua com atribuies determinadas em funo do seu lugar na famlia e de suas caractersticas pessoais. Quando um dos familiares adoece e no pode mais cumprir o seu papel, h um desequilbrio que desencadeia uma crise, obrigando a uma reorganizao familiar.

Surge o cuidador principal aquele que fica responsvel por quase todo o trabalho dirio com a pessoa idosa doente. O papel de Cuidador o de suprir as necessidades desta pessoa durante o perodo de doena ou incapacidade. O seu principal objetivo ser assegurar, na medida do possvel, o conforto fsico e segurana do doente.Ser tambm de ajud-lo a preservar a sua calma emocional e autoestima.

Caractersticas do cuidador principalPor causa da sua aptido para cuidar, a maioria daqueles que assume este lugar mulher, geralmente uma filha e s vezes uma nora. Grande parte dos cuidadores est na faixa dos 45 a 50 anos, tem filhos adultos ou quase adultos, aposentado ou um dos cnjuges aposentado, ou ambos esto prestes a aposentar-se (Neri, 1994).No caso de demncia uma palavra que aparece sempre dedicao um conceito que pode ser interpretado de vrias maneiras, porm essencialmente significa expresses de amor, gratido, apoio e obrigao para com algum. muito fcil as pessoas dedicadas se tornarem escravizadas pelo conceito da dedicao e comum ver cuidadores se esforando e trabalhando alm dos limites aceitveis em nome da dedicao.So comuns as reclamaes do cuidador principal de frustrao, decepo, culpa, raiva, cansao, falta de tempo para si, alm de ansiedade, depresso e outros problemas de sade. Falam tambm da perda da liberdade, perda da me ou pai causada pela inverso de papis, perda do companheiro, perda financeira, perda da privacidade se a pessoa idosa for morar com o cuidador, perda de tempo para si mesma, alm de brigas com irmos.Porm, resilincia (capacidade rpida de recuperar-se ou de se adaptar a mudanas) frequentemente uma forte caracterstica deste cuidador e existem possveis ganhos relacionados com o cuidar do seu familiar, como: uma experincia rica de vida, crescimento pessoal, o amadurecimento dos filhos, se sentir mais forte como pessoa, uma mudana de valores, tornar-se mais humana, e aprender a conhecer os seus prprios limites. O avano da demncia medido em estgios (ver assunto Comunicao com a pessoa idosa dementada) e para o planejamento de cuidados dirios, comum combinar os estgios abaixo, determinados pelo nvel de perda funcional.1. ESQUECIMENTO Leve perda de memria nenhuma perda funcional.2. CONFUSIONAL Perda das Atividades de Vida Diria (AVDs) instrumentais.3. DEMENCIAL Perda das AVDs bsicas.4. FINAL No consegue movimentar-se sozinho para realizar um propsito.Durante o ESTGIO DO ESQUECIMENTO a pessoa idosa sofre mudanas na memria de curto prazo, sente frustrao com as suas prprias falhas, porm procura mostrar a todos que est bem e que mantm a autonomia. Acontece um conflito interno porque a pessoa no reconhece as mudanas como sinais de doena e comum apresentar Depresso. Em geral recusa buscar ajuda ou tratamento nesta fase.O marido reclama que a Esposa Cuidadora pega no meu p e me controla o tempo todo e para os filhos estes conflitos podem parecer problemas conjugais. A verdade que o parceiro sadio que convive 24 horas com a pessoa doente percebe que ela/ele comete erros e que a sua memria de curto prazo no a mesma. Mudanas de humor e afetividade podem ser confundidas com desinteresse pelo cnjuge e os sintomas serem vistos como sendo propositais.So tarefas do Cuidador neste estgio: reconhecer as mudanas de personalidade; reconhecer o esquecimento; conversar com a pessoa doente sobre o problema; consultar profissionais de sade; administrar os medicamentos; oferecer apoio emocional; supervisionar as compras; aos poucos assumir a direo do carro; remover perigos da casa; pensar em informar os amigos; se identificar como Cuidador.Ao longo do ESTGIO CONFUSIONAL o sentido de tempo diminudo, a pessoa idosa no consegue lidar bem com dinheiro ou fazer compras de maneira adequada. Caso tenha automvel, pequenos acidentes so comuns e dirigir no mais recomendvel.A participao social pode ficar prejudicada ou porque a pessoa idosa no quer que os amigos percebam as suas falhas e se recolhe em casa, ou porque amigos e familiares no entendem os seus comentrios jocosos ou indecorosos e os convites para participar de eventos diminuem. No caso do casal, isto pode gerar conflitos, pois o cnjuge sadio v estes comportamentos como sendo propositais e egostas.O cuidador deve: reconhecer as perdas na pessoa idosa; procurar um diagnstico formal; fazer planejamento legal e financeiro; procurar informaes sobre a doena; informar o resto da famlia; procurar formas de descansar; procurar compreender o que provoca certos comportamentos; estruturar o ambiente; aprender tcnicas de comunicao na demncia; administrar os medicamentos; oferecer apoio emocional; supervisionar as compras; aos poucos assumir a direo do carro; remover perigos da casa; pensar em informar os amigos; se identificar como Cuidador.Podem ressurgir velhos conflitos entre a pessoa idosa e o seu Cuidador, causados pela mudana de papis especialmente quando este Cuidador era quem recebia antes os cuidados, como no caso da esposa do marido autoritrio, dominador. A pessoa idosa se recusa a entregar responsabilidades que no mais sabe cumprir com medo do estigma e perda de prestgio e v o seu Cuidador como controlador.Dica para o Cuidador: buscar o apoio dos filhos (caso seja cnjuge cuidador) para que eles participem mais e assumam algumas destas responsabilidades.Surgem tambm conflitos entre o Cuidador Principal e outros familiares neste estgio. Alguns negam que os sintomas indicam demncia. Outros no concordam com o tratamento dispensado e querem lev-lo a outro mdico. Uns acreditam que seja hora de contratar um acompanhante, outros discordam. H discusses principalmente entre filhos sobre dinheiro e herana.Dica para o Cuidador: marcar reunies regulares dos membros da famlia, com a presena de um moderador, para planejar os cuidados.Por muitas razes o ESTGIO DEMENCIAL o mais trabalhoso e o mais difcil. A pessoa idosa, j com maior grau de dependncia, requer ajuda para a sua higiene e cuidados pessoais, porm muitas vezes recusa e resiste agressivamente ao auxlio do cuidador. O aumento do egosmo faz com que ela considere cada vez menos o outro. O medo faz com que o portador de demncia se apegue ao cuidador, solicitando sua ateno a toda hora.Surgem ideias de institucionalizao que alguns familiares veem como falhar, ou vergonha e ainda outros como impensvel. Pode haver uma sensao de perda de controle da situao causada pelo desgaste. Pesquisas mostram que mais de 10 horas por dia so dedicados aos cuidados, sem remunerao, sem folga ou frias, o que obviamente ter um efeito negativo na sade e bem-estar do Cuidador Principal.Como agir: contratar acompanhantes, se possvel dividir o papel de Cuidador; cuidar da prpria sade; insistir na diviso das tarefas com outros familiares; desenvolver atividades independentes; usar servios de um Centro de Convivncia, se possvel; dar ateno aos gatilhos de distrbios de comportamento; aprender mais sobre a progresso da doena; administrar todos os medicamentos; ser o elo entre a pessoa idosa e os familiares e profissionais de sade.O declnio na linguagem verbal, especialmente no caso da demncia frontotemporal requer muita pacincia e boa vontade do cuidador para interpretar as necessidades da pessoa. O cnjuge sadio percebe uma resistncia intimidade conjugal. Os familiares se encontram em fases diferentes de compreenso e a dor causada pela doena no seu meio h vrios anos e o esgotamento do Cuidador Principal se torna um problema srio.O ESTAGIO FINAL caracterizado por: perda total da capacidade de movimentar-se sozinho para realizar algo proposto; perda da comunicao verbal; dependncia total nas atividades da vida diria; no reconhecer familiares; imobilidade; complicaes clnicas; perda de peso; irritaes de pele; infeces repetidas; aspirao podendo levar pneumonia (ver assunto Pneumonia); volta aos reflexos primitivos de sugar, andar sem parar, distrbios de sono com aumento de atividades noturnas, e tambm por um estado vegetativo.

Dicas para o CuidadorOferecer muito amor e carinho e procurar satisfazer a necessidade espiritual da pessoa idosa. Preferir a comunicao no verbal atravs do toque.Manter o ambiente calmo e harmonioso. Dividir as tarefas com outras pessoas e insistir que o idoso neste estgio continua necessitando da presena regular de familiares, mesmo que no possa reconhec-los.

Como a famlia ajuda ou dificultao cuidado com a pessoa idosaClari Marlei Daltrozo MunhozLeda Almada Cruz de RavagniMaria Luciana C. de B. Leite

IntroduoAntigamente a famlia era formada pelo casal e filhos e a autoridade do pai era inquestionvel j que cabia a ele a manuteno oramentria do lar. Era o sistema patriarcal. Com o correr do tempo ocorreram mudanas, a mulher teve de contribuir para o oramento domstico, sendo obrigada a deixar de ser apenas dona de casa e ir procurar trabalho fora de casa. Em consequncia disto, as tarefas domsticas e o cuidado com os filhos passaram a ser compartilhadas com o marido. Tambm, a modificao ocorrida na legislao que autorizou o divrcio e permitiu novo casamento, fez que muitas vezes morassem sob o mesmo teto pessoas sem laos consanguneos, como o caso de filhos do primeiro matrimnio de um dos membros do casal.Outras modificaes surgem com o envelhecimento dos pais, os quais devido longevidade, exigem maiores cuidados, e muitas vezes so levados para o seio familiar fazendo com que um mesmo espao seja compartilhado por trs e at quatro geraes.Entretanto, nem sempre o convvio sob o mesmo teto representa contato pessoal e relaes afetivas, pois isto no um sentimento imposto, mas construdo ao longo da existncia. Tambm a vida moderna, com vrios compromissos, onde as comunicaes so muitas vezes realizadas atravs dos meios tecnolgicos, que a pessoa idosa no domina, leva-a a distanciar-se dos outros membros da famlia.Assim, mesmo que a famlia seja considerada a melhor alternativa para efetivar o cuidado pessoa idosa, como determinado pela legislao vigente (Estatuto do Idoso, art.3), nem sempre se pode garantir que ela venha lhe oferecer um atendimento ideal.Quando os filhos superprotegem seus pais, tomando decises e no respeitando sua autonomia, podem ser geradas situaes de conflito nas relaes familiares. Este fato ocorre principalmente quando por algum motivo, surge a necessidade da pessoa idosa deixar sua residncia. Esta nova situao poder lhe ocasionar problemas como a perda de identidade e suas referncias, causando-lhe, pouco a pouco, a diminuio do nvel de autoestima, bem como de sua autonomia e independncia.Morar sozinho, ou distante, no sinnimo de abandono ou solido, mas pode dar um sentimento de liberdade e de satisfao de poder administrar o seu cotidiano, ou seja, uma nova forma de envelhecer.Para a pessoa idosa, a famlia importante e, manter os laos afetivos tem um grande significado. Mais que o apoio material ela espera da famlia, compreenso, pacincia, interesse em escut-la, respeito a suas ideias, crenas e opinies, no se sentindo menosprezada ou qualificada de obsoleta ou velha.Por outro lado, na nossa cultura ocidental e crist, os filhos sentem normalmente a responsabilidade de cumprir o papel de assistir aos pais na velhice. Mas nem sempre os filhos podem dispor de tempo para estar presente, o que substitudo pelos modernos meios de comunicao. a intimidade distncia.

Mudanas na estrutura familiar do modelo patriarcal, para o ncleo familiar de casal e filhos, em menor nmero; integrao crescente da mulher no mercado de trabalho, e sua contribuio na renda familiar; autoridade, poder e obrigaes nas tarefas domsticas compartilhadas pelo casal; ncleo familiar constitudo por pessoas sem vinculo consanguneo; convivncia inter-geracional, s vezes num mesmo espao, formando a estrutura familiar verticalizada; longevidade dos pais, exigindo mais cuidados e alterando os papis na estrutura familiar; relaes familiares muitas vezes substitudas por meios modernos de comunicao a intimidade distncia.A pessoa idosa, em algumas circunstncias, depende da famlia economicamente, principalmente quando necessita de fazer uso de medicamentos de alto custo, o que compromete bastante a sua renda. A situao se agrava quando surge alguma doena incapacitante, ocasionando a perda e/ou a diminuio do nvel de autonomia e independncia para realizar atividades da vida diria, tais como: comer, caminhar, realizar suas necessidades fisiolgicas e higinicas, tarefas domsticas, atividades sociais e de lazer. Se os laos afetivos no so suficientemente fortes, o cuidar da pessoa idosa passa a ser para a famlia uma obrigao imposta pelas circunstncias, no uma escolha. Isso depende do tipo de relaes familiares existentes anteriormente, como o distanciamento, por diversos motivos, entre a pessoa idosa e a famlia, que pode consider-la uma desconhecida, que no pertence mais ao grupo.A pessoa idosa torna-se dependente da famlia, pela incapacidade na realizao das atividades da vida diria e por suas necessidades econmicas.Normalmente, o cuidado com a pessoa idosa recai num dos membros femininos da famlia (ver assunto O cuidador principal, e sua relao com os demais cuidadores). Como a esposa, nora ou filha solteira, ou naquela que tem maior afinidade com a pessoa idosa, ou melhores condies materiais e/ou financeiras, tais como: casa maior, menos obrigaes fora ou dentro do espao scio familiar, que j est aposentada ou mora prximo pessoa idosa, etc. O importante que todos os membros da famlia se envolvam no cuidado com a pessoa idosa, uma vez que poder ser uma tarefa cansativa e desgastante que no deve ficar sob a responsabilidade de uma s pessoa.Tambm, o cuidador familiar no deve considerar-se o nico com capacidade de exercer esta funo e nem que capaz de faz-lo sozinho. Ele precisa reconhecer seus limites, e saber o momento de pedir ajuda, de outra forma, poder sofrer da sndrome eu tenho que fazer tudo. Isto ocasiona sentimentos de culpa e de raiva ao mesmo tempo. Raiva para com a pessoa idosa, por ter que sacrificar muitas vezes sua vida pessoal (marido, namorado, filhos, amigos, lazer, carreira profissional), e dos outros membros da famlia, por ter depositado nele (a) essa tarefa. O sentimento de culpa desponta diante da suposio de no estar cumprindo com seu papel familiar, que muitas vezes ocasionado pela falta de conhecimento ou de informao de como lidar com a pessoa idosa. A consequncia de tudo isto, mais a sensao de impotncia e frustrao, podero desencadear um quadro de estresse e depresso, ou at lev-lo (a) a cometer alguma forma de violncia involuntria contra a pessoa idosa. (Ver assunto Cuidando de quem cuida).

O cuidador familiar normalmente do sexo feminino (esposa, filha, nora, etc); necessita da ajuda de todos os membros da famlia; dever conhecer o seu limite, para no sofrer estresse e/ou depresso, ou ter comportamentos agressivos de violncia involuntria contra a pessoa idosa; solicitar suporte dos familiares, amigos, vizinhos e da rede formal de apoio quando sentir necessidade no cuidado com a pessoa idosa; procurar adquirir conhecimentos ou informaes de como cuidar da pessoa idosa, cuja falta poder trazer-lhe insegurana e um sentimento de culpa, de no estar fazendo o melhor.Quando a famlia dispe de recursos financeiros suficientes poder contratar um profissional, o cuidador formal, para ajudar o cuidador familiar ou para se ocupar da pessoa idosa. Inicia-se ento uma relao trabalhista, que demandar um conhecimento e aceitao, da pessoa idosa e da famlia, dos deveres e direitos desta funo, bem como uma postura tica do cuidador.O Cuidador Formal poder enfrentar situaes bastante delicadas e estressantes no exerccio de sua funo. A ausncia total dos familiares, por considerarem cumprido seu papel ao entregarem a pessoa idosa em suas mos pode ocasionar-lhe insegurana e solido. Outro aspecto a superproteo da famlia pessoa idosa, interferindo no seu trabalho, como por exemplo, a exigncia de dar pessoa idosa medicamento no prescrito pelo medico ou no deixar que se cumpram as determinaes dos demais profissionais da sade, por acreditar que no est fazendo nenhum efeito benfico. Situao mais sria acontece, quando nas disputas familiares, o cuidador solicitado a tomar partido ou servir de espio para um dos lados. Outro momento delicado, normalmente vivido pelo cuidador, quando a famlia desconhecendo suas obrigaes, determina que ele realize tambm as tarefas domsticas, prejudicando e abandonando o cuidado com a pessoa idosa de quem responsvel.Entretanto, existem famlias que reconhecem a necessidade e a importncia da capacitao do profissional que cuida da pessoa idosa, incentivando-o a participar de cursos e eventos ligados rea, liberando-o da sua jornada de trabalho e at financiando a sua inscrio.

Quando o cuidado pessoa idosa prestado por Cuidador Formal.A famlia ajuda quando: auxilia no cuidado para com a pessoa idosa; supervisiona as suas funes, sem interferir, dando-lhe condies para realizar o seu trabalho; reconhece seus direitos e deveres; trata-o como um profissional respeitando os seus direitos trabalhistas; incentiva e d oportunidade para o cuidador se capacitar.A famlia dificulta o trabalho, quando: abandona a pessoa idosa ou fica ausente s necessidades dela; interfere em seu trabalho, impossibilitando ou atrapalhando suas funes; coloca-o no meio das disputas familiares; quando determina que realize tarefas que no so de sua competncia e nem inerentes a sua atividade; no respeita o acordo trabalhista firmado.Quando a famlia no possui estrutura, nem conta com o suporte do Estado e de organizaes comunitrias para cuidar do familiar idoso no domicilio, uma das alternativas recorrer a uma Instituio de Longa Permanncia para Idosos(ILPI) Apesar disso, o familiar responsvel por tal deciso pode sofrer criticas de outros membros da famlia, muitas vezes ausentes, bem como da sociedade que consideram esta medida como um ato de abandono, caracterizando-se o desconhecimento da Poltica Nacional do Idoso, que preconiza no Decreto 1948/96, artigo 3, Pargrafo nico, que a assistncia na modalidade asilar pode ocorrer tambm no caso de carncia de recursos financeiros prprios ou da famlia. Neste momento, fundamental que a pessoa idosa, na medida do possvel, possa ser co-responsvel pela escolha do local onde ir viver, sendo respeitada no seu direito de autonomia.Ao proceder internao da pessoa idosa numa ILPI, no cessa a responsabilidade da famlia para com ela. O no cumprimento do que est prescrito e firmado no contrato de prestao de servios, apresentado pela ILPI, caracteriza uma situao de negligncia e abandono, podendo a Instituio comunicar o fato s autoridades competentes, conforme prescreve o art. 50 do Estatuto do Idoso. Tambm, caber famlia, de acordo com suas possibilidades, prover as necessidades da pessoa idosa com recursos no disponibilizados pela instituio, como tambm participar de reunies e demais atividades realizadas pela ILPI.

Quando o cuidado pessoa idosa ocorre numaInstituio de Longa Permanncia para Idosos.A famlia ajuda quando: assina o contrato e cumpre o que est prescrito e firmado; ajuda a prover as necessidades da pessoa idosa, que no so atendidas pela ILPI; acompanha a pessoa idosa quando hospitalizado; participa das reunies e eventos realizados pela ILPI; respeita as deliberaes dos profissionais da Instituio;A famlia dificulta quando: abandona a pessoa idosa, no mantendo contato nem realizando visitas por um longo perodo; apropria-se dos proventos da pessoa idosa; no participa das reunies e nem comparece quando chamada pelos profissionais da ILPI; apenas critica a ILPI, sem buscar efetivar sua co-participao na rotina da instituio ou mesmo quando no valoriza e/ou incentiva a pessoa idosa a participar; quando tem a concepo de que ao deixar a pessoa idosa numa ILPI, principalmente quando paga pela permanncia dela, no tem deveres e responsabilidades, apenas direitos, deixando a pessoa idosa numa situao de assistido; no respeita as regras da ILPI, principalmente no que se refere s restries de dietas alimentcias e incentiva a automedicao.Em caso de internao hospitalar da pessoa idosa a presena da famlia fundamental, pois nesse momento ela se apresenta em maior nvel de fragilidade, no apenas pela doena, como tambm pela necessidade da internao, que ocasiona uma mudana na sua rotina de vida e o receio de desenvolver um quadro de dependncia, de isolamento, alm da perspectiva da morte.Se a famlia no tiver condies de acompanh-la em tempo integral, deve viabilizar a contratao de um cuidador profissional. Desta forma, a pessoa idosa no se sentir abandonada. Tambm a presena de um cuidador, familiar ou formal, poder evitar o agravamento da perda de autonomia da pessoa idosa que ocorre, principalmente, se o tempo de permanncia no hospital for muito longo, por ela no ter condies de realizar atividades que antes eram exercidas sem dificuldade.Por outro lado, a famlia muito importante para a equipe medica, pois dando indicaes sobre as caractersticas e sintomas que a pessoa idosa apresenta, ir ajudar no seu diagnstico.Entretanto, pode ocorrer que a famlia represente um problema para a unidade de sade, quando, por exemplo, abandona a pessoa idosa ou recusa a determinao de alta hospitalar, alegando a insuficincia de recursos, incapacidade e insegurana para exercer os cuidados que ela necessita e a incerteza de que ter a assistncia do Estado na continuidade do tratamento. Cabe aos profissionais de sade verificar a veracidade da justificativa apresentada pela famlia e proporcionar-lhe orientao para cuidar da pessoa idosa, evitando a necessidade de uma nova internao.

Quando o cuidado pessoa idosa exercido numaUnidade de Sade (US).A famlia ajuda quando: se informa sobre a rotina da unidade de sade, conhecendo as funes e os limites, visando a coparticipao no atendimento pessoa idosa durante sua permanncia na US; toma conhecimento e respeita o regulamento da US, mantendo um bom relacionamento com a equipe de sade; demonstra interesse em aprender a cuidar da pessoa idosa de acordo com as suas possibilidades, para atender as necessidades dela aps a volta ao domicilio, evitando a re-internao; viabiliza um acompanhante familiar, ou na impossibilidade, viabiliza a contratao de um cuidador formal;

A famlia dificulta, quando; recusa-se a levar a pessoa idosa ao domicilio, mesmo com alta mdica; recusa-se a deixar a pessoa idosa na US, com receio de que ela morra sozinha ou deixe de ser o provedor financeiro da famlia (est gastando muito); no transmite equipe mdica informaes sobre mudanas na pessoa idosa ou na famlia, que podem estar afetando a sade da pessoa idosa; d informaes incorretas ou omite dados sobre endereo, estrutura familiar, situao habitacional ou financeira.Para concluir, podemos dizer que a famlia pode ser um elemento de ajuda pessoa idosa, dando-lhe condies para uma melhor qualidade de vida, quando permite que ela continue a sentir-se til e participante do convvio familiar e quando atende, diretamente ou atravs de um cuidador formal, s necessidades materiais e biopsicossociais da pessoa idosa. Ou, ao contrrio, pode prejudicar a pessoa idosa, dando origem dependncia e depresso, fatores de doena e at de bito.

A famlia ajuda a pessoa idosa quando: mantm os laos afetivos; respeita a sua vontade, opinies e crenas; tem pacincia e compreenso a suas limitaes fsicas e mentais; apoia em suas necessidades; possibilita o convvio familiar e a faz sentir-se til e importante.A famlia prejudica a pessoa idosa quando: a abandona ou a ignora; a menospreza, considerando-a velha imprestvel; superprotege, diminuindo seu nvel de autonomia e independncia.

Cuidar e promover a independncia e a autoestima da pessoa idosa.Traduo e adaptao do espanhol por Tomiko Born

1. Os riscos do cuidado e da ajudaOs cuidadores lutam, geralmente, com muitas dificuldades para poder ajudar as pessoas idosas nas atividades da vida diria como caminhar, banhar-se, vestir-se e comer e, ao mesmo tempo, realizar as tarefas domsticas, considerando que as tarefas de cuidar aumentam na medida em que piora o estado de sade da pessoa cuidada.

O cuidado e a ajuda podem gerar dependnciaEntretanto, a piora da sade no o nico motivo porque as pessoas idosas deixam de realizar as atividades que fizeram ao longo da vida. As atitudes e a forma de agir dos familiares e de outras pessoas prximas delas tm uma grande influncia sobre o grau de autonomia e independncia que ela demonstra.Frequentemente, os familiares tendem a reagir s dificuldades das pessoas que cuidam, fazendo as coisas por elas. Por exemplo, quando uma pessoa tem dificuldades para deslocar-se, o cuidador se apressa em ajud-la, embora fosse possvel ela se deslocar sozinha com menos ajuda, talvez levando mais tempo. Os sentimentos de pena, de temor ou de responsabilidade, juntamente com o de no desejar ver sofrer a pessoa idosa, so algumas razes que podem fazer com que se preste ajuda imediata ou excessiva. Quando as pessoas de mais idade perdem alguma capacidade para realizar as atividades da vida diria, costumam receber com prontido, a ateno ou a ajuda de quem os cuida. Dessa maneira, as pessoas idosas, quando se comportam de modo dependente, conseguem a ateno e o apoio dos que cuidam dela e, assim, no so estimuladas a se esforar para serem autnomas e independentes. As atitudes e os comportamentos dos cuidadores so decisivos para favorecer a independncia das pessoas idosas.O quadro abaixo mostra outras frases que refletem atitudes e comportamentos dos familiares e cuidadores. Uns fomentam a autonomia pessoal e outros podem aumentar a dependncia das pessoas cuidadas.

A autoestima a confiana que temos em ns mesmos e que faz com que possamos sentir que somos teis e temos valor para ns e para os outros.As enfermidades e o envelhecimento podem fazer com que a autoestima diminua.Alm disso, as pessoas idosas que necessitam de cuidados podem ver diminudas suas possibilidades de se decidir e de organizar sua vida por si mesma, o que afeta seus sentimentos de valor pessoal.Os cuidadores esto geralmente preocupados para que a ateno que dispensa pessoa idosa seja da melhor qualidade possvel e, nesse empenho, por vezes decidem por ela ou no percebem a importncia de respeitar questes como o pudor ou a intimidade em situaes como o banho ou a troca de roupas. Estes comportamentos podem fazer com que as pessoas idosas se sintam cada vez mais incapazes e percam confiana em si mesmo.A atitude e a forma de atuar dos cuidadores podem contribuir para que pessoas idosas mesmo que sejam muito dependentes mantenham a confiana em si mesma e na sua dignidade como pessoas. Por exemplo, alguns familiares tendem a resolver os problemas das pessoas idosas (assuntos bancrios, consultas mdicas) sem que elas participem de nada. No se preocupe, Isso eu resolvo, so comentrios que ilustram essa forma de agir.Por outro lado, os cuidadores que estimulam a autoestima consideram as pessoas que cuidam e lhes oferece sua ajuda para que elas continuem organizando e resolvendo seus problemas. Se necessitar de ajuda para pedir os documentos do banco, voc me avisa e eu a ajudarei no que for necessrio. No se esquea de que voc queria fazer algumas perguntas ao mdico. Se quiser, posso ir com voc. Estas frases exemplificam formas de atuar dos cuidadores que oferecem sua ajuda para que seus familiares continuem sendo responsveis por tudo aquilo que lhe diz respeito.2. Como estimular e desenvolver a autonomia

Esperamos ter sido capazes de transmitir a enorme importncia que sua forma de pensar e agir tem para favorecer a independncia da pessoa idosa.Nas pginas seguintes encontraro algumas ideias que tm sido teis a outras pessoas para manter e desenvolver comportamentos autnomos.Talvez voc se preocupe que seguindo estas recomendaes v levar mais tempo para cuidar da sua pessoa idosa. D para compreender sua preocupao, pois no comeo provavelmente v gastar um pouco mais de tempo. Entretanto, vai sentir-se recompensado com este esforo, na medida em que, provavelmente, vai aumentar sua satisfao ao ver como a pessoa idosa mantm uma certa autonomia e se sente melhor ao se ver como uma pessoa til e capaz de realizar atividades. uma questo de pacincia e tempo. No desanimar e ser persistente so o melhor caminho para favorecer a autonomia da pessoa sob seus cuidados. Agindo assim, ver que, em pouco tempo dedicar menos esforo para ajud-lo nas atividades da vida diria. As sugestes que apresentamos podero ser teis.

Observe e trate de descobrir tudo que seu idoso pode fazer sozinhoComo os cuidadores dedicam muito tempo e esforo para aliviar os problemas e dificuldades das pessoas de que cuidam, eles podem prestar mais ateno nas dificuldades do que nas capacidades dos seus idosos.Entretanto, os cuidadores que estimulam a autonomia, ainda que no se esqueam das limitaes das pessoas idosas, so especialistas em identificar e potencializar as possibilidades e habilidades das pessoas cuidadas. Atividades como lavar-se, pentear-se ou tomar banho so aprendidas na infncia e praticadas diariamente. Por isso, so atividades muito bem aprendidas.Isto significa que mesmo que uma pessoa idosa tenha dificuldades para realizar uma atividade como banhar-se, no ter esquecido tudo que est envolvido em banhar-se e, portanto, poder realizar alguns passos desta atividade com independncia. Pode ser que no seja capaz de despir-se por completo ou entrar no boxe do chuveiro, mas poder ensaboar-se e enxugar parte do corpo. O que queremos lhe dizer que se quiser descobrir as capacidades da pessoa de quem cuida, poder fazer observando todas as tarefas (ensaboar-se, enxugar-se, vestir o roupo, abotoar-se, etc.) que seu idoso realiza para seu cuidado pessoal. Esta anlise detalhada ser mais til, quanto maior for a dependncia do seu idoso.

No faa por seu idoso nada que ele possa fazer por si mesmo prefervel deixar que seu idoso continue fazendo tudo que possa, por si mesmo. Por exemplo, se seu idoso vai descer do carro e tem certa dificuldade para mover-se, deixe que saia com seus prprios meios, mesmo que tenha de fazer um pouco de esforo. Alm disso, se voc viu que ele foi capaz de fazer, lembre-o disso na prxima vez e anime-o a repetir.Ajude nas tarefas que so mais difceis (fechar botes, por exemplo), mas, colabore com ele (animando-o, dizendo-lhe como fazer) para que continue realizando por si mesmo as tarefas que ele pode fazer com mais facilidade. Se, voc faz tudo por ele, seu idoso vai acabar esquecendo at as coisas mais fceis. Agir assim no fcil, sobretudo quando verificamos que o idoso sofre um pouco com o esforo que tem de fazer ou, fica aborrecido, pois est acomodado. Se seu idoso resiste ou arranja desculpas para no seguir a sua forma de agir, responda-lhe levando em conta as sugestes que se encontram no quadro seguinte.

Como responder a objees ou dificuldades do seu idoso para ser mais independente

Quando exigimos mais esforo ao idoso ou quando procuramos mudar seus costumes, ele responde negando-se, protestando ou mostrando-se aborrecido com o cuidador: Se voc sempre deu banho em mim, por que agora no quer mais? Voc no sabe como eu estou; se soubesse no me pediria para fazer.... Estas so algumas reaes quando se lhe pede que faa algumas tarefas de cuidado pessoal. Sobretudo, quando o seu idoso j apresenta perdas na sua capacidade mental, ele pode chegar a demonstrar raiva e querer agredir o cuidador ou machucar-se a si mesmo. No lugar de reagir diretamente a suas objees, ser mais til seguir as seguintes sugestes: responder-lhe com frases que mostrem confiana nas suas possibilidades:Eu sei que um pouco difcil. Mas eu sei que poder fazer; propor a atividade como algo que vai ser experimentado e no qual voc ir ajud-lo: Vamos ver o que pode fazer. Eu o ajudarei; seja constante. Se no conseguir a colaborao do seu idoso nas primeiras tentativas, veja novamente as sugestes deste captulo, deixe passar um tempo e tente outra vez.

Ajude seu idoso somente no que for necessrioOs cuidadores sabem que no fcil ser paciente e constante. Entretanto, pensam que embora no comeo possa ser mais trabalhoso para eles, a melhor ajuda que podem proporcionar pessoa de que esto cuidando.Lembre-se que se seu objetivo for conseguir que seu idoso desenvolva ao mximo sua capacidade, importante que lhe proporcione somente a ajuda de que necessita, deixando-lhe sempre, o tempo necessrio para que o faa.Quando seu idoso necessita de alguma ajuda para sua vida diria, voc pode seguir uma das seguintes orientaes:Ajude-o verbalmente voc pode dizer concretamente o que quer que faa. Por exemplo, se quiser fomentar a autonomia ao vestir-se, em lugar de dizer se vista sozinho melhor dizer pega agora a camisa ponha o brao esquerdo na manga esquerda.Ajude-o a comear Em alguns casos, necessrio dar uma pequena ajuda fsica, tal como dar uma palmadinha nas costas, tocar ligeiramente o ombro e o brao, etc. bom fazer, ao mesmo tempo, algum comentrio para animar. Se quiser ajudar o idoso a comer sem ajuda, podemos dizer-lhe pegue a colher e ao mesmo tempo tocar no seu ombro. Quando pegar a colher, deve demonstrar-lhe sua satisfao: muito bem, que bom que voc pode comer sem ajuda.Ajude-o a fazer a atividade s vezes, quando as capacidades das pessoas idosas so muito pequenas, no suficiente animar com palavras ou com um pequeno impulso fsico. Neste caso, torna-se necessrio prestar assistncia fsica durante a atividade. Uma forma de agir nesses casos seria anim-lo para que realize a ao, descrevendo-a (agora, pegue a colher) e, ao mesmo tempo gui-lo fisicamente, desde o incio, at o fim da ao (pegar a mo da pessoa idosa e lev-lo at a colher) e, finalmente, felicitar a pessoa quando conseguiu terminar a ao desejada.Prepare a situao para que sejam mais fceis Muitas vezes, os familiares dos idosos fazem adaptaes na casa pensando em facilitar sua vida e dar mais segurana, por exemplo, colocando barras de apoio no Boxe do chuveiro ena sua entrada. Entretanto, algumas vezes se surpreendem quando descobrem que essas adaptaes no do os resultados esperados. Para conseguir que o seu idoso utilize as adaptaes, apresentamos algumas sugestes.Mantenha rotinas, sempre que forem possveis As coisas que so feitas sempre no mesmo lugar e na mesma hora do dia so as que mais facilmente se mantm. Se, por exemplo, seu idoso est acostumado a tomar diariamente o caf da manh na cozinha e para isso devem caminhar alguns metros, melhor manter este costume, comentando como bom para ele comear o dia dando esse pequeno passeio e acompanhando-o durante o caf da manh. Se voc quiser que o idoso volte a tomar banho com a maior independncia possvel, marque com ele uma hora do dia para ajud-lo no banho e seja constante.Considere as preferncias do idoso Se o prprio idoso tomou a deciso, h mais possibilidades de que ele faa algo do que se tenham decidido por ele. Se voc quiser anim-lo para que volte a fazer algo que deixou de fazer, deve levar em conta as circunstncias e a maneira como o fazia anteriormente.Por exemplo, pensemos que ele deixou de se barbear e voc pensa que seria bom que continue fazendo. Voc pensa que seria mais seguro fazer com um barbeador eltrico e que faa a barba num lugar com bastante luz natural. Provavelmente sua reflexo est correta. Mas, o que acontece com o seu idoso? Com toda certeza, ele tem suas preferncias. Ele fazia a barba todos os dias? Onde e quando? As respostas a perguntas como estas iro ajud-lo a criar uma situao favorvel para que volte a barbear-se.Em resumo, leve em conta o seu idoso ao anim-lo para que seja mais ativo. Fale com ele sobre as mudanas em que pensou e veja com ele as possveis vantagens ou inconvenientes das mesmas. possvel que o estado mental do seu idoso no permita esta conversa. Ento, leve em conta seus gostos e interesses anteriores. Isso o ajudar a criar situaes para que se desenvolva com toda a independncia que lhe for possvel.Procure evitar mudanas bruscas no ambiente - A ordem e a rotina nas atividades e acontecimentos da vida diria contribuem para que os idosos se sintam mais seguros e se desenvolvam com mais independncia no seu ambiente conhecido. Por exemplo, se as rotinas habituais como levantar-se da cama, alimentar-se so realizadas sempre no mesmo horrio, isso faz com que o idoso pense nelas para participar na medida das suas possibilidades. Quando for necessrio mudar a rotina (mudanas de remdio, de casa, etc.) informe seu idoso e faa-o sentir-se seguro, sem grandes explicaes. Isto especialmente importante se o seu idoso estiver com demncia.Considere a segurana, mas pense tambm na autonomia Em muitos casos, os cuidadores de pessoas dependentes esto muito preocupados em evitar qualquer risco possvel. Mas, s vezes, junto com os riscos, eliminam-se as oportunidades de autonomia. Um filho ou filha que comea a fazer compras dirias para sua me depois que ela teve um problema de sade, que no a permite mais cozinhar, depois que sofreu uma queimadura, so exemplos deste tipo de situaes. Estes comportamentos, que geralmente so vistos pelas pessoas idosas como um gesto de ateno e de interesse para com elas significam um aumento das tarefas para os cuidadores e um incentivo dependncia das pessoas idosas. Encontrar um equilbrio entre a segurana e a independncia de seu idoso no fcil. Entretanto, vale a pena tentar. Algumas ideias que podem promover a autonomia sem riscos so:a) pense nas consequncias antes de comear a fazer alguma atividade para a pessoa idosa pense nas consequncias para voc e para ela;b) facilite a tarefa Procure e ponha em prtica mudanas que faam com que a pessoa idosa inicie a atividade e a realize completamente ou em parte. Por exemplo, no caso de compras ele ou ela pode responsabilizar-se por parte das tarefas (compras dirias), enquanto voc pode participar em outras maiores (compra semanal ou mensal). Em qualquer caso, fale com ele ou ela para a diviso de responsabilidades;c) adapte a casa Estude a possibilidade de fazer adaptaes para tornar a casa mais segura. Especialmente importante o banheiro onde devem ser colocados pisos antiderrapantes e barras de apoio;d) d pessoa idosa a oportunidade de exercitar suas capacidades Cada pessoa idosa, mesmo que seja dependente, diferente de todas as outras.Portanto, cada uma delas deve ser considerada na hora de favorecer sua autonomia.Quem sabe, ao ler isto, pense: mas, ela no pode fazer nada, necessita de ajuda para tudo! Possivelmente, no pode fazer algumas coisas que fazia antes (sair sozinha rua, por exemplo) ou necessita de ajuda para seu cuidado pessoal (banhar-se ou vestir-se). Mas, se voc valoriza a autonomia da pessoa idosa, dever permitir que faa por si mesma, ainda que seja difcil, aquelas atividades (por exemplo, levantar-se devagarzinho da cadeira, andar com bengala), ou parte delas (por exemplo, secar-se ao sair do banho) que ainda capaz de fazer. Para isso importante que respeite o tempo que a pessoa idosa necessita para fazer as coisas, reconhea seu esforo e anime-a a continuar. importante premiar a autonomia As pessoas idosas ganharo cada vez mais autonomia na medida em que obtiverem reconhecimento pelo seu esforo para ser mais independente. Voc pode fazer com que a pessoa idosa seja cada vez mais autnoma, se mostrar sua satisfao pelo que capaz de fazer, imediatamente aps ter feito algo. Por exemplo, se a pessoa idosa se esforou para arrumar-se para ir passear, mostre-lhe sua satisfao, descrevendo o motivo da sua satisfao (Estou to contente de ver como voc se arrumou sozinho).3. Como aumentar a autoestima da pessoa idosaAs pessoas idosas que tm uma boa opinio de si mesmas, esto satisfeitas com sua vida e tratam de manterem-se independentes o maior tempo possvel.Os cuidadores podem influir por meio do seu trato dirio para que as pessoas idosas conservem seus sentimentos de utilidade e de valor pessoal. As recomendaes abaixo podem ajudar a consegui-lo.Permita que a pessoa idosa tome as decises que afetam sua vida A pessoa idosa sentir que continua exercendo controle sobre sua vida, na medida em que pode decidir sobre questes que a afetam. Se precisar tomar uma deciso, anime-a a fazer e no o faa voc mesmo. Pergunte lhe sempre sobre suas preferncias e opinies em relao a decises sobre sua vida diria (horrio, atividades, etc.).Se voc, outra pessoa prxima ou o mdico acham que para seu bem-estar, a pessoa idosa deve fazer mudanas na vida (fazer coisas por si mesma, assumir responsabilidades, etc.) consulte-a sobre isso para que o veja como objetivos prprios. Ajude-o a perceber as consequncias positivas que pode ter ao fazer as mudanas, oferea sua ajuda e respeite sua deciso.Algumas das situaes em que essa consulta especialmente necessria so:a) quando preciso fazer mudanas na casa;b) quando necessrio utilizar servios e ajudas externas prpria famlia, como contratar uma pessoa para ser cuidadora ou solicitar algum servio comunitrio;c) quando for necessrio mudar-se para a casa de um filho ou filha ou a uma ILPI.Se a pessoa idosa tem uma grande dificuldade para manter uma conversa, aconselhvel explicar-lhe, de maneira muito simples, as decises e mudanas que so necessrias e as razes delas.Faa com que a pessoa idosa sinta-se til A autoestima da pessoa idosa melhorar se continuar sentindo-se til e necessria para as pessoas queridas. Por isso, muito importante que voc lhe atribua tarefas e pequenos encargos que sabe que ela pode realizar e reconhea os esforos que faz para realiz-los.Se a pessoa idosa sob seus cuidados necessita de muita ajuda, pode ser til simplificar as tarefas que pede a ela. Qualquer tarefa por menor que seja pode ser realizada de forma gradual, passo a passo. Por exemplo, se a pessoa idosa sofre de demncia e tem problemas para se lembrar de voc pode pedir que preparasse a salada, dizendo-lhe de forma gradual os passos que tem de seguir (lavar a alface, partir a alface, fatiar os tomates, etc.). muito importante que a anime depois de cada passo, antes de continuar com o seguinte.Incentive a pessoa idosa a assumir responsabilidades importante que a pessoa idosa tenha responsabilidades que possa assumir. Por isso bom que na sua vida cotidiana tenha certas obrigaes de acordo com sua capacidade.Arrumar seu quarto diariamente, por a mesa, cuidar das plantas podem ser exemplos de pequenas responsabilidades. Lembre-se que mais fcil manter costumes do que adquiri-los. Por isso, se a pessoa idosa teve sempre determinada responsabilidades que ainda hoje pode exercer (comprar po, fechar com a chave a porta da rua noite, etc.) voc pode contribuir para que as mantenha, valorizando-as e informando a importncia de que as realize.Respeite sua intimidade Muitas das tarefas relativas ao cuidado implicam em uma grande proximidade fsica entre a pessoa idosa e seu cuidador (banhar-se, vestir-se, etc.) possvel que as vezes, os cuidadores tenham dificuldades em torn-las compatveis com o respeito intimidade da pessoa cuidada.Costumes como bater porta do quarto e do banheiro e esperar resposta, dizer pessoa idosa que nos chame quando necessitar de ajuda para completar o banho ou vestir-se, levar em conta seus desejos de ficar sozinha, so exemplos que podem servir de orientao aos cuidadores a fim de preservar a intimidade da pessoa cuidada.Importante lembrarOs familiares com sua forma de agir podem melhorar a independncia e autonomia das pessoas idosas.Os cuidadores que estimulam a autonomia:1. Procura deixar a pessoa idosa fazer tudo que ela pode realizar sozinha;2. Oferecem ajuda de acordo com a capacidade da pessoa idosa;3. Adaptam os lugares segundo as necessidades da pessoa idosa;4. Respeitam e do valor s tentativas da pessoa idosa.Para favorecer a autoestima, os cuidadores proporcionam oportunidades para que as pessoas idosas:1. Sintam-se teis;2. Tomem suas prprias decises;3. Assumam responsabilidades;4. Conservem sua intimidade pessoal.

Cuidando de quem cuidaTraduo e adaptao do Manual espanhol por Tomiko Born

1. Os cuidadores familiares que cuidam de si mesmosAs consequncias de cuidar de uma pessoa idosa variam de pessoa a pessoa devido s diferenas que h tanto entre os cuidadores como entre as pessoas que recebem os cuidados. No entanto, uma caracterstica comum que podem levar a uma situao de tenso e estresse devido ao cansao, problemas fsicos, sentimentos de impotncia, sentimentos de culpa, irritabilidade, tristeza, etc. Resumindo, pode provocar um desgaste fsico e emocional mais ou menos continuado.Muitos familiares que cuidam de pessoas idosas mencionam dois motivos por que decidiram cuidar mais de si mesmos. O primeiro motivo manter sua prpria sade e bem-estar. Cuidar de uma pessoa supe um excesso de trabalho e como consequncia, no se encontra tempo suficiente para atender s prprias necessidades. possvel que no descanse suficientemente, no tenha tempo para dedicar-se a atividades que lhe do prazer, que no visite os amigos ou simplesmente, no saia de casa. No estranho que muitos que cuidam de pessoas idosas sintam-se, em determinados momentos, cansados, tenham um mal-estar muito grande, solido e tristeza. O segundo motivo para cuidar mais de si mesmo o prprio bem-estar da pessoa cuidada. Provavelmente, voc mesmo j percebeu que nos dias em que est mais relaxado, descansado e de bom humor, acha mais fcil, menos difcil realizar as tarefas de cuidar. Isto significa que se voc estiver bem, melhor ser o cuidado da pessoa idosa.Voc pode pensar Como vou cuidar de mim, se estou todo o tempo ocupado, cuidando da minha me, do meu pai? Estes e outros comentrios semelhantes no posso ir passear um dia inteiro, nem tirar frias, nada. Estou sempre esgotada. Estou sempre correndo, nunca tenho tempo so frequentes entre os cuidadores familiares. normal pensar assim. Tem toda razo. Entretanto, tambm, h pessoas que concluram que importante cuidar de si mesmas e fizeram algumas mudanas na sua vida. Se voc tambm decidiu seguir o mesmo caminho, leia com cuidado as linhas seguintes.

2. Quando devem cuidar de si mesmos2.1. Parar para pensar dedique um tempo para refletir at que ponto voc precisa cuidar mais de si mesmo. Converse tambm com seus amigos e outros membros da famlia.2.2. Prestar ateno nos sinais de ALERTA muitos cuidadores, sem perceber, vo exigindo mais e mais de si mesmos para cuidar da pessoa idosa e terminam esquecendo-se de si mesmos. Felizmente, nosso organismo tem mecanismos para nos informar que estamos exigindo demais e faz isso, emitindo certos sinais que so como uma luz vermelha ou aviso PARE, dizendo que algo vai mal. Estes sinais nos informam que estamos muito cansados ou sobrecarregados por uma situao e est na hora de nos cuidarmos melhor.Alguns cuidadores acabam tendo tanta prtica que quando, por exemplo, tm dores de cabea ou percebem que se aborrecem facilmente, sabem que um aviso para cuidar mais de si mesmo.Para saber como voc est e se deve comear a dedicar mais ateno a si mesmo, propomos um exerccio que pode orient-lo. Leia a lista de possveis sinais de esgotamento e estresse e marque aqueles que se aplicam ao seu caso.

Possveis sinais de ALERTA Problemas de sono (despertar de madrugada, dificuldades para conciliar o sono. Estar sempre com sono, etc.). Perda de energia, fadiga crnica, sensao de cansao contnuo, etc. Isolamento. Consumo excessivo de bebidas com cafena, lcool ou cigarro. Consumo excessivo de plulas para dormir ou outros medicamentos. Problemas fsicos: palpitaes, tremor das mos, molstias digestivas. Problemas de memria e dificuldades para concentrar-se. Menor interesse por atividades e pessoas que anteriormente eram objetos de interesse. Aumento ou diminuio de apetite. Atos rotineiros repetitivos como, por exemplo, fazer limpeza continuamente. Aborrecer-se facilmente. Dar demasiada importncia a pequenos detalhes. Mudanas frequentes de humor ou de estado de nimo. Tendncia a acidentar-se. Dificuldade para superar sentimentos de depresso ou nervosismo. No admitir a existncia de sintomas fsicos ou psicolgicos ou justific-los alegando outras causas, alheias ao cuidado. Passar a tratar as outras pessoas da famlia com menos considerao.

3. Como agem os cuidadores familiares quando decidem cuidar-se3.1. Pedem ajuda a outros familiares Voc pode pensar, pedir ajuda? obrigao dele/dela! Voc tem toda razo, a responsabilidade de cuidar no apenas sua. Entretanto, voc vai concordar que no d para obrigar ningum a assumir esta responsabilidade. algo que assumimos de forma voluntria porque acreditamos que devemos fazer. Por este motivo, mais fcil que outras pessoas da famlia colaborem com o cuidado na medida em se conta com elase que percebam que sua colaborao importante. De toda forma, conseguir sua ajuda no fcil.Muitos cuidadores familiares que contam com a ajuda de outros membros da famlia tiveram de conquist-la. Vejamos como essas pessoas costumam agir.3.2. Os cuidadores familiares que conseguem maior colaborao dos outros familiares so normalmente, aqueles que dizem claramente que tipo de ajuda necessita e no esperam que os outros adivinhem. No esperam que os outros descubram ou adivinhem quais so suas necessidades e dizem de forma concreta o que necessitam dos outros para atender tanto pessoa idosa como a suas prprias necessidades (por exemplo, ter tempo livre para descansar).Desta forma, voc no consegue ajuda. Assim, voc facilita a ajuda.Os cuidadores conseguem tambm mais ajuda quando compreendem e aceitam que algumas pessoas esto mais dispostas a ajudar do que outras, que nem todas podem oferecer o mesmo e, levando em conta essas coisas, procuram adaptar-se a possibilidades concretas das pessoas a quem pedem ajuda. Por fim, muitos cuidadores familiares descobriram que importante que aqueles que ajudam saibam o que sua ajuda significa para eles e, portanto, procuram expressar sua satisfao e agradecimento pela ajuda. Assim, mais provvel que eles continuem colaborando com o cuidado.3.3. Quando no fcil conseguir ajuda. possvel que apesar de tudo, as outras pessoas da famlia no parecem dispostas a nos ajudar ou mesmo, neguem-se a faz-lo. No fcil manter o nimo nessas circunstncias, mas pode nos ajudar, se pensar que essas pessoas podem ter suas razes para agir dessa maneira, mesmo que no saibamos quais so essas razes. Algumas pessoas no so capazes de enxergar o problema em toda sua magnitude e importncia ou talvez se sintam culpadas por no poder colaborar mais no cuidado pessoa idosa dependente e, por isso, tendem a fugir, fazendo-se de desentendidos. Nestes casos, alguns cuidadores familiares buscam outras solues, como pensar quais outras pessoas poderia ajud-los, tentar novamente e, desta forma, provvel que at acabem conseguindo ajuda.3.4. Uma frmula as reunies de famlia.J que cuidar de uma pessoa idosa uma responsabilidade de toda a famlia, uma boa frmula para distribuir esta responsabilidade pode ser as reunies de famlia. Desta forma, possvel falar abertamente sobre as vrias necessidades previstas no cuidado pessoa idosa e acertar o que cada membro da famlia pode fazer. Embora essas reunies possam ser promovidas e organizadas pelos prprios familiares, nos casos em que as relaes na famlia sejam conflitivas pode ser conveniente pedir a ajuda de um psiclogo, de uma assistente social ou em alguns casos de um padre ou pastor para coordenar a reunio, procurando chegar a um acordo sobre a distribuio das respo