A República - como aconteceu

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Escola Conde de Oeiras Trabalho de grupo sobre a República A República - como aconteceu Selecção e adaptação de textos do livro “A Maçonaria e a implantação da República (ed. Fundação Mário Soares)

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selecção de textos para contar a preparação da revolução

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Escola Conde de Oeiras Trabalho de grupo sobre a República

A República - como aconteceu

Selecção e adaptação de textos do livro “A Maçonaria e a implantação da República (ed. Fundação Mário Soares)

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1. A preparação da revolução

14 de Julho de 1910

Em segredoO padre Elísio Campos recebe nas “ Escolas Móveis” um telegrama do seguinte teor:“Sim vou rápido tarde=João”Com esta mensagem João de Deus Ramos comunica que Guerra Junqueiro e Sampaio Bruno já concluíram a redacção da Proclamação da República.

29 de Setembro, Quinta-feira

Reunião decisiva no Largo de S. CarlosNo 2º andar do prédio da esquina da Rua Serpa Pinto com o Largo de S. Carlos “duas últimas janelas da sacada” reúnem-se alguns dos mais importantes conspiradores. Estiveram presentes, entre muitos outros, Machado dos Santos, Inocêncio Camacho, Alm. Cândido dos Reis, Dr. Eusébio Leão, Dr. Miguel Bombarda, José Relvas e um civil representando António José de Almeida que estava doente. No final viraram-se para Cândido dos Reis e perguntaram se seria o momento. “É o momento! A monarquia achincalha-nos e nós temos de decidir. Não posso garantir a vitória mas afianço-lhes que a Revolução, vencedora ou vencida, não será uma vergonha”

2 de Outubro, Domingo

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Marcados dia e hora para a insurreição republicanaApós a reunião decisiva de 29 de Setembro no Largo de S. Carlos em Lisboa (sede do Directório do Partido Republicano), que reuniu os principais dirigentes políticos e militares e republicanos, e representantes da Maçonaria e da Carbonária, realiza-se uma nova reunião a 2 de Outubro, em que é definitivamente marcada a eclosão do movimento revolucionário para a 1 hora da manhã do dia 4, tendo sobretudo em atenção que os navios da Armada fundeados no Tejo e em grande parte controlados pelos republicanos receberão, em breve, ordem para sair da barra.Cândido dos Reis reúne com oficiais da Marinha, comunica a Machado dos Santos a hora que ficou combinada a revolução (também está presente António José de Almeida). Mais tarde Machado dos Santos entrega a um marinheiro do Adamastor as bandeiras republicanas que deviam ser hasteadas nos navios revoltosos.

3 de Outubro, Segunda-feira

Reunião da Rua da EsperançaNo 3º andar do 106 da Rua da Esperança (prédio da mãe de Inocêncio Camacho). Reúnem-se todos os mais importantes. São informados que as tropas estão de

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prevenção e grande parte dos presentes vacila. Cândido dos Reis resolve que a revolução não será adiada, nem que seja só ele e a Marinha a avançar e a cumprir o dever. O capitão Afonso Pala embora pouco convencido, responde secamente: “Artilharia1 sai”. Ficou decidido. Cândido dos Reis transmite a senha a Machado dos Santos e aos outros chefes militares – “Mandou-me procurar? – Passe cidadão”

2.Concentração das tropas na Rotunda

3 de Outubro, Segunda-feira

Machado dos Santos prepara o assalto a Infantaria 16Às 8 da noite reúne no Jardim de Campo de Ourique com os praças de Infantaria 16 para combinar. Seguem-se vários encontros para tudo estar a postos. Em S.Carlos há ainda oficiais à paisana que já deviam estar nos quartéis. Em Campo de Ourique há apenas 14 armas. Mas recebe mais tarde o apoio do electricista de Belém com um grupo de civis. Veste o seu fato de gala para iniciar o ataque. Como não tinham generais, as dragonas de cacho do seu fato fizeram efeito.

4 de Outubro, Terça-feira

Revolucionários apoderam-se das primeiras unidades militares.

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Às 0.45 da manhã, 30 ou 40 civis armados, comandados por Machado dos Santos saem de Campo de Ourique e entram no quartel de Infantaria 16. Logo ali ao lado, aos gritos de “viva a República”. Há trocas de tiros e um coronel é morto. Dominado o quartel, a coluna revoltosa é composta por cerca de 200 homens e dirige-se para a Artilharia 1, em Campolide . Encontram fechada a porta de armas que, com a ajuda de um ferrador, arrombam. Três tiros de salva de uma peça de artilharia dão o sinal. Os republicanos assaltam os paióis, apoderam-se do armamento pesado e dirigem-se ao Palácio das Necessidades para prender o rei. A Guarda Municipal ataca-os e são obrigados a retroceder.Em Alcântara, Ladislau Pereira e outros com um grupo de civis armados de sete bombas e duas pistolas entraram no Quartel de Marinheiros, pela porta do jardim, com vivas à República. Foram logo apoiados pelos 2º tenentes. O comandante quis resistir e ficou ferido. Tentam alcançar o Palácio das Necessidades mas têm de fugir de novo para o quartel de onde fazem fogo sobre a Cavalaria 4, vinda de Belém para atingir o Terreiro do Paço. A Guarda Municipal tenta controlar a situação. A força da Artilharia 1 dirige-se para a Rotunda.

Ordem para o bombardeamento do Palácio das Necessidades

Os revoltosos do Quartel dos Marinheiros em Alcântara enviam uma ordem escrita e assinada para o Cruzador Adamastor já sob o comando do tenente Cabeçadas. “

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Tome posição conveniente e bombardeie imediatamente o Palácio das Necessidades… Cuidado com pontarias”

Forças revoltosas concentram-se na RotundaElementos civis armados, quase todos da Carbonária e militares republicanos convergem para a Rotunda e levantam improvisadas barricadas. Pouco passa das 3 h da manhã. O reduto revolucionário, onde chegarão a estar entre 200 e 400 elementos apenas dispõe de oito peças para a sua defesa contra 4470 soldados e os 3771 polícias controlados pelo Estado-Maior monárquico.Machado dos Santos assume o comando mas as notícias que vão chegando não são muito animadoras pois foi falhada a adesão de diversas unidades militares. Quando chega a notícia da morte de Cândido dos Reis os oficiais do

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Exército abandonam a Rotunda palas 8h da manhã. Ficam 9 sargentos com Machado dos Santos e alguns cadetes do Exército. Entretanto a multidão começa a convergir para a Rotunda. Os primeiros confrontos destroçam o pelotão da Guarda Municipal com bombas e tiros de pistola.

3. O papel dos navios. O rei fugiu.

4 de Outubro, Terça-feira

Pelas onze da manhã

Cruzadores S. Rafael e Adamastor bombardeiam o Palácio

Os dois cruzadores, já controlados pelos republicanos tomam posição frente a Alcântara e, cerca das onze da manhã, disparam mais de 40 granadas sobre o Palácio Real, atingindo a cornija da capela das Necessidades e o próprio quarto de D. Manuel, ale de terem conseguido cortar o mastro onde estava hasteada a bandeira real. Esta acção provoca a fuga do rei e lança a confusão das tropas que defendiam o Palácio Real ao mesmo tempo que alivia a pressão sobre o quartel de Alcântara onde estavam alguns dos insurrectos.

Cerca das duas da tarde

O Rei foge para MafraSelecção e adaptação de textos do livro “A Maçonaria e a implantação da República (ed. Fundação Mário Soares)

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D. Manuel, regressado do banquete em Belém, tirara o grande uniforme de almirante e envergara o de general, entretendo-se a jogar bridge com o Marquês do Lavradio e o Conde de Sabugosa. Quando os cruzadores S. Rafael e Adamastor tomam posição em frente ao Palácio das Necessidades, o pânico apodera-se de quantos aí se encontravam. D. Manuel refugia-se na tapada, no pavilhão mandado construir por seu pai, “o atelier onde D. Carlos pintava e recebia as visitas patuscas”. Após o bombardeamento o presidente do ministério, Teixeira de Sousa, insiste telefonicamente com o rei para que abandone o palácio. Este hesita, “não iriam dizer que desertara?” mas, cerca das duas da tarde, acaba por fugir pelas traseiras, dirigindo-se para Mafra, de automóvel, “embrulhado numa manta, na caixa, escondido” acompanhado pelo Marquês de Faial, que conduz e pelo Conde de Sabugosa, tendo sido escoltado até à Buraca pela Guarda Municipal. Ao mesmo tempo avisa a mãe e a avó que se encontravam no Palácio de Sintra, para se lhe juntarem em Mafra.

Pelas 10 horas da noiteCruzador D. Carlos passa-se para os republicanos

Pelas 10 horas da noite, o cruzador D. Carlos, que permanecia sob o comando monárquico, é abordado pelos marinheiros revoltosos a partir do S. Rafael. A equipagem alinha também pela República, travando-se combates a

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bordo com os oficiais que eram fiéis ao rei. Houve diversos feridos e morreu o comandante do navio, Álvaro Ferreira. O cruzador D. Carlos junta-se aos revoltosos, passando a patrulhar o rio sob as ordens do tenente Silva Araújo.

4. Contratempos

3 de Outubro, segunda feiraCerca das seis da tarde

Assassinato de Miguel BombardaO Dr. Miguel Bombarda foi alvejado a tiros de revólver por um louco que hoje o procurou em Rilhafoles, tendo recolhido ao Hospital de S. José em estado grave. Os vários jornais diziam ter sido obra de clericais, ou de aluno do Colégio dos Jesuítas. Transportado para o hospital, foi operado, “depois de ter mandado queimar à vista uma carta que trazia na carteira” e falado com Brito Camacho a quem transmitiu informações sobre o movimento. Mas não resistiu à operação, entrou em coma e faleceu cerca das seis da tarde.A morte do médico provocou indignação no povo de Lisboa, tendo havido incidentes na baixa com perseguições e agressões a padres.Entretanto, o presidente do Ministério, Teixeira de Sousa foi ao Hospital de S. José apresentar condolências e,

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quando viu que quase todos os seus amigos estavam ausentes suspeitou que alguma coisa se passava e deu ordem ao Quartel-General que ficasse de rigorosa prevenção. No Palácio de Belém, o presidente eleito do Brasil, Hermes da Fonseca, oferecia um jantar ao rei, Teixeira de Sousa terá avisado D. Manuel “A revolução vai rebentar esta noite”… Então o chefe do protocolo, suprimiu pratos ao jantar “para aquilo acabar mais depressa”. D. Manuel regressou ao palácio escoltado pelo regimento de lanceiros2.

Suicídio de Cândido dos Reis Na reunião da Rua da Esperança, Cândido dos Reis tomara a decisão de não adiar mais uma vez a insurreição. Passou então pelo Largo de S. Carlos em Lisboa, e dirigiu-se a sua casa, na Rua Maria, no Bairro Andrade, para se fardar. Aí vai ter com ele um jovem tenente Hélder Ribeiro, que o acompanha até ao Cais da Viscondessa, onde haviam de tomar um dos dois pequenos vapores (o Chitre e o Dinorah) que os conduziriam aos Cruzadores fundeados no Tejo. Depois de várias tentativas falhadas para pôr a funcionar um dos barcos, Cândido dos Reis saltou para outro e “logo despiu o sobretudo e pôs na cabeça o boné agaloado”. Surgiu então a notícia de que “Está tudo perdido, tudo perdido!... Infantaria 16 saiu para a rua e está a fuzilar o povo que foi assaltar o quartel.” Desesperado, Cândido dos Reis voltou a vestir o casaco e o chapéu de coco e ordenou

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aos oficiais da Armada que o acompanhavam que fossem para casa. Dirigiu-se aos banhos de S. Paulo, onde estava montado o quartel-general dos revoltosos exclamando “já não há portugueses!”. Afonso Costa que pensava que ele estava a bordo dos navios interpelou-o ao que ele respondeu que tinha perdido a esperança no movimento e não sabia o que havia de fazer, tinha o pressentimento “de que está tudo perdido”.Abandonou o local no automóvel do negociante de antiguidades da Liquidadora e, a caminho da Rua da Estefânia, onde decide refugiar-se em casa das irmãs, vê as movimentações da cavalaria da Guarda Municipal – “Estranho isto. Em vez de agitação revolucionária, só se vê polícias e tropas de intervenção” E conclui: “ Para uma esquadra não! Ai isso não!...” Vem a aparecer morto na Azinhaga das Freiras. Suicídio ou como se suspeitou, assassínio? O seu cadáver deu entrada na morgue pelas 8h da manhã.

5. A revolução

4 de Outubro, terça-feiraEntre as duas e as seis horas da manhã

Movimentos e tiroteios durante a noite

O bombardeamento do Palácio das Necessidades e do Rossio, bem como a fuga do rei e a iminência do

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desembarque dos marinheiros na baixa, lançam a confusão nas tropas fiéis à Monarquia tendo-se verificado falta de ordem no comando das operações e deserções em massa. Ainda assim, perto das duas da manhã, o Quartel-General ordena a Paiva Couceiro que instale uma das suas peças de artilharia no pátio do Torel, de modo a apoiar uma ofensiva prevista para o romper do dia, lá pelas 5h da manhã sobre o Parque Eduardo VII e Rotunda onde Machado dos Santos continua entrincheirado. Mas cerca das 11h da noite estalou um violento incêndio num prédio muito próximo da Rotunda e os revoltosos tiveram medo que esse acontecimento permitisse o avanço das tropas monárquicas. Então, estabeleceu-se um fogo cerrado de ambos os lados que terá durado pelo menos duas horas. Pouco a pouco calaram-se as armas, salvo alguns tiros esporádicos. Pelas 6h da manhã, como estava combinado entre machado dos Santos e Malva do Vale, os revoltosos abriram fogo de artilharia contra as tropas do Rossio, a que respondeu Paiva Couceiro, a partir do Torel.

Ao romper do dia

Paiva Couceiro bombardeia a Rotunda e a Armada anuncia desembarque

Ao romper do dia a peça de artilharia que Paiva Couceiro tinha instalado no Torel faz fogo sobre a Rotunda e o Parque Eduardo VII faz fogo lançando a confusão nas

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hostes republicanas. Entretanto, todos nos navios fundeados no Tejo colocam-se do lado republicano, ameaçando fazer fogo ao longo das ruas Augusta e do Ouro, bombardear o Rossio (onde se concentram as tropas ainda fiéis à monarquia, que no entanto, começam a dar sinais de debandada) e desembarcar tropas. No Castelo de S. Jorge é hasteada um bandeira republicana. Um enviado da Armada vem a terra apresentar um ultimato ao general Gorjão que ainda espera reforços vindos de Santarém, embora as linhas férreas tenham sido sabotadas em vários pontos do país, paralisando todo o movimento ferroviário para Lisboa, ao mesmo tempo que foram cortados muitos postes de telégrafos impedindo as comunicações regulares.

6. Situação decidida – a vitória

5 de Outubro, quarta-feira

O Encarregado de negócios da Alemanha pede armistício e precipita a vitória republicanaO Encarregado de negócios da Alemanha resolve pedir às forças governamentais um armistício de uma hora para que os cidadãos estrangeiros possam sair da cidade. No Quartel-General Monárquico, instalado no Palácio da Independência, no Largo de S. Domingos, donde já saíra pelas 5 da manhã o ministro da Guerra, o general Gorjão tinha recebido notícias que diversos comandos militares (Infantaria 5 e Caçadores 5) estavam desesperados porque

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a adesão dos populares e o apoio aos revoltosos eram cada vez maiores e a”monarquia estava ferida de morte”. Os dirigentes vêem neste pedido de armistício uma hipótese de chegarem os esperados reforços de Santarém e concedem-no. Saiu então do Quartel-General uma ordenança a cavalo com uma bandeira branca para acompanhar o diplomata até à Rotunda e conferenciar com Machado dos Santos, ao mesmo tempo que no Torel, Paiva Couceiro interrompe o bombardeamento da Rotunda. Machado dos Santos recebe o diplomata alemão mas não dá resposta imediata, de modo a poder fazer um reconhecimento da situação. António Maria da Silva redige o armistício (entre as 8.45 e as 9. 45 dessa manhã).Machado dos Santos para evitar que o armistício se voltasse contra os republicanos, arranca às 8.35h da manhã da Rotunda à frente de muitos populares e desce a Avenida a cavalo – “levava a farda desabotoada, poeirenta, barba de três dias e só uma dragona”. Ao mesmo tempo, como tinham assistido à passagem da bandeira branca, a população da baixa invade o Rossio aos vivas à República, julgando tratar-se da rendição das tropas monárquicas e acaba por levar Machado dos Santos aos ombros até ao Quartel-General monárquico do Largo de São Domingos. Impotentes, algumas unidades militares regressam aos quartéis, o gado que puxa as peças de artilharia de Queluz tresmalha e foge em todas as direcções, muitos soldados e populares confraternizam. No Palácio da Independência – Machado dos Santos afirma ter entrado ali às 8h44 ( um minuto antes da hora marcada para o início do armistício)

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O general Gorjão foi intimado a reconhecer a república como se já tivesse sido proclamada e tendo-se recusado (mantendo-se fiel à Casa Militar do Rei a que pertencia) foi substituído pelo general da brigada António do Carvalhal. Um marinheiro hasteia a bandeira republicana no Quartel-General. A situação está decidida, só falta formalizá-la.

Pelas onze da manhãProclamação da RepúblicaDirigentes do Partido republicano dirigem-se aos Paços do Concelho, de cuja varanda José Relvas, acompanhado por Eusébio Leão e Inocêncio Camacho, proclama a República. “Unidos todos numa mesma aspiração ideal, o Povo, o Exército e a Armada acabou de, em Portugal, proclamar a República” Camacho lê ao Povo a lista dos membros do Governo Provisório.

7. Depois 5 de Outubro, quarta-feira

O telégrafo levou a notícia da implantação da República e da Constituição do Governo Provisório a todo o país e às colónias, provocando a gradual adesão generalizada, quase sem resistência.

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Houve incidentes em alguns pontos do país como em Setúbal em que foi assaltada a esquadra da polícia, a Fazenda e o Convento Brancanes.

Em Paris, onde se encontrava o Grão Mestre da Maçonaria, Magalhães Lima iça a primeira bandeira republicana no Grand Hotel Central.

Em Lisboa, publica-se um Edital do Governo Civil de Lisboa ao povo da capital dizendo que “ Ordem e Trabalho é a divisa da Pátria libertada pela república”. Apela-se à tranquilidade pública, ao respeito pelas pessoas e propriedades dos estrangeiros e portugueses “sejam quais forem as suas classes, profissões e opiniões políticas ou religiosas”. Na revolução registaram-se 78 feridos dos quais 14 morreram no Hospital de S. José.

Ainda a 5 de Outubro, tendo fugido para Mafra, D. Manuel de Bragança, D. Amélia de Orleans, D. Maria Pia e alguns cortesãos são transportado no iate Amélia, juntamente com o príncipe D. Afonso, saindo da Praia da Ericeira rumam a Gibraltar de onde partirão para o exílio em Inglaterra.

A 6 de Outubro, em reunião da Câmara Municipal de Lisboa, numa proposta aprovada por aclamação, a avenida Ressano Garcia passa a chamar-se Av. da República e a António Maria Avelar passou a Av. 5 de Outubro.

FIM

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