Aconteceu Na Casa Espirita

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ACONTECEU NA CASA ESPÍRITA EMANUEL CRISTIANO DITADO PELO ESPÍRITO NORA 1

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As armadilhas que as nossas baixas vibrações nos fazem cair mesmo dentro do trabalho na Seara de Jesus.

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  • ACONTECEU NA CASA ESPRITAEMANUEL CRISTIANO

    DITADO PELO ESPRITO NORA

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  • NDICE

    Guisa de PrefcioTemplosAconselhando o Mdium

    CAPTULO 1 = Infiltrao Programada CAPTULO 2 = Avaliando a AmeaaCAPTULO 3 = Orientando os EncarnadosCAPTULO 4 = Iniciando o AtaqueCAPTULO 5 = Estimulando a VaidadeCAPTULO 6 = Interveno SuperiorCAPTULO 7 = Verificando os ResultadosCAPTULO 8 = Cedendo TentaoCAPTULO 9 = Entre Mensagens e CrticasCAPTULO 10 = FascinaoCAPTULO 11 = No Auge da CriseCAPTULO 12 = Reao das TrevasCAPTULO 13 = Fraternidade e VigilnciaCAPTULO 14 = ltima TentativaCAPTULO 15 = O Bem VitoriosoCAPTULO 16 = Socorrendo o Vencido

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  • Guisa de Prefcio

    Pensvamos em como apresentar esta obra medinica ao leitor, quando o esprito do Dr. Wilson Ferreira de Mello, querido e saudoso companheiro de lide na seara esprita e, especialmente, de longos anos em nossa Casa, nos surpreendeu com a mensagem Templos. Era, evidentemente, o prefcio desejado. Pareceu-nos adequado tambm figurasse nesta apresentao a pgina Aconselhando o Mdium, que Nora, a autora espiritual, escrevera anteriormente recepo da obra, por informar o propsito da Espiritualidade Maior ao nos transmitir suas mensagens: o da edificao geral, ou seja, o aprimoramento moral da humanidade. Com a palavra desses amigos espirituais, consideramos este livro devidamente prefaciado e de forma muito superior ao melhor que poderamos fazer.

    Therezinha Oliveira

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  • Templos

    Os estudos antropolgicos afirmam que as sociedades mais primitivas j desenvolviam o culto de adorao s divindades. Inicialmente, os elementos da natureza foram divinizados; mais tarde, tomando o efeito pela causa, elevaram os mensageiros espirituais, conclamados por Deus para cooperarem com o progresso humano, ao grau de deuses. Depois, edificaram templos para adorar as foras superiores. Eis que no Oriente os pagodes se multiplicaram; nas terras do Nilo pilonos e tmulos foram edificados; a Acrpole na Grcia, bero da cultura ocidental, acolhia inmeros santurios. Delfos resplandecia com o orculo erigido em homenagem a Apolo; Roma regurgitava de deuses de pedra, importados da tradio helnica, construindo seus altares no seio das famlias romanas. Entretanto, fora no monte Mori que os israelitas, representando a idia monotesta, um avano para a humanidade, fundaram o grande, famoso e faustuoso templo de Jerusalm. Idealizado por Davi e concretizado por Salomo, representava toda grandeza espiritual daquele povo. Nos vrios ptios ecoavam oraes ao grande Deus de Abrao, Isaac, Jac. No trio dos gentios e dos israelitas, Jesus dera inmeros ensinamentos. Todavia, a histria registra que todos esses templos mundialmente conhecidos foram ou esto sendo corrodos por Cronos, flagelo indomvel que a tudo devora.

    Dos orculos e santurios gregos, restaram apenas runas; nas terras dos faras, mausolus e esfinges aos poucos so devorados pelo tempo. O suntuoso templo de Jerusalm fora destrudo pelas atitudes blicas, restando apenas o muro das lamentaes. Todos os templos e construes de pedras so perecveis, pois que esto sujeitos transformao da matria. Todavia, o esprito mais perfeito que Deus enviou a Terra para nos servir de guia e modelo, Jesus, no inesquecvel dilogo com a mulher samaritana, ensina que Deus Esprito e importa que o adoremos em Esprito e Verdade.

    Jesus fazia do seu corpo um verdadeiro templo de adorao a Deus, seu santurio era a prpria natureza reveladora da presena divina, seu altar, a prpria conscincia que se elevava, em qualquer hora e lugar, para a comunho com o Senhor do Universo atravs da prece.

    Vivendo numa poca caracterizada por dogmas e crendices, o Cristo freqentou as sinagogas e a grande construo no monte Mori sem, contudo, apegar-se s frmulas. Interessava-se pelas almas e precisava ir onde o povo se reunia, a fim de pregar a sua mensagem. Contudo, procurava a essncia dos ensinos, aproveitando, naturalmente, o espao fsico que deveria ser consagrado s atividades espirituais.

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    Dezoito sculos depois, eis que o mais alto nos traz o Consolador, a Doutrina Esprita que figura na Terra como restauradora do Cristianismo primitivo.

    Na atualidade, erguem-se os ncleos espritas como templos verdadeiros, onde Jesus deve estar representado no por imagens de barro, altares ornamentados ou esttuas de bronze, mas pelas atitudes essencialmente crists dos seus freqentadores. Como religio do esprito, a Doutrina dispensa toda e qualquer prtica exterior, todo e qualquer simbolismo, desenvolvendo, atravs do estudo doutrinrio, a f raciocinada.

    Entretanto, as Casas Espritas devem primar pela simplicidade, aplicando em suas construes e interiores o bsico para o estudo, divulgao e prtica do Consolador, pois que no adianta usar tecnologia de ponta na construo das paredes, mveis finos representando a aristocracia da poca, objetos de arte para ostentao, se no houver um compromisso com aquele que, no mundo, ocupara o ttulo de filho de carpinteiro. Se agirmos com preocupao exagerada em oferecermos conforto que leva ao cio, estaremos fugindo dos objetivos propostos por Jesus, esquecendo-nos de que a verdadeira fortaleza de uma casa esprita, do ponto de vista da sua funo na Terra, no est nos alicerces de concreto, e sim no estudo e vivncia do aspecto doutrinrio, esse sim dever ser colocado em evidncia, fortalecendo moralmente os adeptos da Terceira Revelao, contribuindo para o esclarecimento e entendimento do que seja realmente o Espiritismo, o que o Centro Esprita, quais as suas responsabilidades e sagrada importncia como representante do Cristo no planeta. Nesse propsito, amigo leitor, que te apresentamos esta obra.

    Aconteceu na Casa Esprita representa a misericrdia divina a todos ns, eternos aprendizes da arte da convivncia fraterna.

    Todas as informaes encontradas neste livro foram grafadas com a pena da simplicidade no papel da experincia, consubstanciando a vivncia do Esprito de Nora durante decnios de nobres, relevantes e respeitveis tarefas, realizadas junto a diversas instituies dedicadas ao Espiritismo.

    Seus personagens foram compostos baseando-se em experincias reais. Cada personalidade, aqui apresentada, bem como os dramas e testemunhos, as quedas e vitrias guardam ressonncia com companheiros que viveram estas cenas no palco da vida, nas quais muitos de ns poderemos nos encontrar. Das vrias figuras que desfilaram neste cenrio, muitos j retornaram Terra em expiaes, reparaes ou abenoadas misses.

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  • Eis o que te ofertamos!Esperamos que estas pginas singelas possam falar ao teu

    corao, despertando-te para a necessidade e responsabilidade do servio esprita, a seriedade absoluta no executar das tarefas, a fim de que possas reconhecer que, se almas enfermas podem tentar contra a obra do Senhor, aproveitando as fraquezas humanas, mirades de benfeitores espirituais, arautos dos cus, apiam, protegem, incentivam todo aquele que cooperar de maneira honesta e verdadeira, mas, sem lhes tirar a oportunidade do aprendizado e testemunho.

    Cientes das responsabilidades que abraamos junto a Deus nosso Pai e ao movimento esprita, desejamos que todos os que executam qualquer funo, nas abenoadas Casas consagradas ao Espiritismo, possam encontrar neste trabalho, singelo quanto forma, mas profundo e importante quanto ao fundo, esclarecimentos e estmulos para a vigilncia, a orao, o estudo e o trabalho, guardando a certeza de que: o que quer que venha a acontecer no Centro Esprita, fruto da nossa atuao boa ou m, ser sempre de nossa inteira responsabilidade. Independentemente do servio que executamos, seremos sempre convocados a comparecer ao tribunal da prpria conscincia, sob os olhos atentos e severos das leis divinas convertidas em grande Juiz, prestando contas de nossos atos. Sempre que o orgulho, a vaidade, a lngua viperina e a intolerncia adentrarem os Templos Espritas, estaremos abrindo brechas aos adversrios do amor, tumultuando a obra do Cristo.

    Rogando a Deus nos abenoe e pedindo a Jesus ajude-nos a conservar a honestidade, a verdade, a fraternidade em nossas abenoadas Casas Espritas, e gratos pela oportunidade de servir, desejamos a todos os irmos de jornada esprita paz, seriedade, estudo, prtica doutrinria, unio fraternal, a fim de que as infiltraes no tenham lugar nos verdadeiros Centros Espritas, Templos de amor que devem representar, de maneira absolutamente fiel, o prprio Cristianismo.

    Wilson Ferreira de Mello(Mensagem psicografada pelo mdium Emanuel Cristiano em reunio de 11/3/2001 no Centro Esprita Allan Kardec de Campinas So Paulo)

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  • Aconselhando o Mdium

    A reunio medinica estava prestes a comear. Os medianeiros mantinham-se respeitosos; espritos amigos organizavam os necessitados programados para o intercmbio. Tudo corria com a costumeira tranqilidade. Porm, aquela noite era de especial importncia para cinco entidades da categoria dos bons espritos. Com o incio das tarefas e a permisso do mentor do agrupamento, o quinteto espiritual aproximou-se de Constantino, um dos mdiuns dedicados, promovendo-lhe o desdobramento para conversa e trabalhos edificantes. Recepcionado, no plano espiritual, pelas entidades tuminosas, o medianeiro teve desejo de abra-las, fazer perguntas, mas foi interrompido por um dos instrutores, que lhe dirigiu as seguintes palavras: Sabemos do teu corao e da gratido com que nos envolves, reportemos tudo isso ao Senhor e aproveitemos os minutos.

    A instituio esprita, qual prestas servios medinicos, tem colecionado as pginas produzidas por ns atravs da tua faculdade de psicografia. So mensagens singelas, mas que trazem respeitveis instrues espirituais, calcadas em Jesus e Kardec.

    Feita rigorosa anlise doutrinria de nossa produo, os companheiros encarnados julgam que podem ser aproveitadas para a edificao geral; isso atende nossa programao.

    Por isso queremos prevenir-te:No penses ser um privilgio ter algumas pginas publicadas;

    principalmente por que as idias no so tuas; partem do mais alto.Os adversrios do bem certamente te procuraro, desejando

    aniquilar a luz que ilumina conscincias. Ser preciso firmeza na vigilncia e na orao!

    Muitas pessoas traro os elogios, constituindo um dos mais graves obstculos na mediunidade. Evita-os sempre e, se no puderes, reporta os mritos ao Criador contentando-te, somente, com o estmulo continuidade da tarefa.

    Outros te solicitaro provas sobre a imortalidade da alma, exigindo mensagens de amigos e parentes desencarnados. Nossa proposta com a simplicidade e, pelo menos por ora, em linhas gerais, o Senhor no nos autorizou este correio.

    Diante disto, age sempre com honestidade, dizendo que estas questes esto nas mos dos amigos espirituais.

    No te faltaro os acusadores, bem como os que desacreditaro das tuas faculdades. No te preocupes, o Cristo tambm passou por isso e tu sabes a distncia que nos separa do Mestre.

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  • Nossas pginas se revestem de singeleza e amor. No esperes nada alm disto.

    Ainda estamos aguardando que testemunhes muitos dos ensinos que intermedeias!

    Lembra-te de que, para venceres na mediunidade, essencial que te sintas como pequenino servidor. Guarda-te da empolgao orgulhosa, livra-te da vaidade e mantm-te em disciplinado estudo do Espiritismo.

    Este, continuou o mentor, um dos nossos primeiros trabalhos.Os anos nos proporcionaro valorosos e Longos exerccios, at

    que estejas intermediando nossas idias de forma satisfatria.Ainda ests longe de produzires frutos com a qualidade que

    desejamos.No imagines ser portador de grandiosa faculdade. Em vista dos

    teus dbitos, que so grandes junto s leis Divinas, precisars trabalhar muito para agradecer ao Criador a mediunidade como condutora do teu prprio progresso.

    Os mdiuns que tm a produo medinica divulgada, assumem um compromisso moral junto s leis Universais, e a falta da vivncia dos ensinos superiores acarreta conseqncias dolorosas para o medianeiro.

    Entretanto, no esperes ter como orientadores grandes nomes, vultos no campo da cultura e da religio. Ainda no tens mritos para compartilhar da presena destes; ser preciso fazer por merecer.

    Haveremos ainda, por longo tempo, de permanecermos no anonimato, experimentando-te, observando se consegues materializar, na Terra, o que propuseste na vida maior, sem que te desvies.

    Sers tentado, nas tuas tendncias e dificuldades mais ntimas, pelos adversrios da causa crist, inmeras vezes; mas a providncia divina te concedeu os livros da codificao para que suportes e venas.

    provvel que, por vezes, te sintas sozinho no ideal que abraaste. Todavia, no te detenhas em sentimentos de auto piedade, ergue a fronte e continua caminhando.

    Enquanto trabalhares no Bem, estaremos te sustentando. Nossas almas se cruzaram na poeira dos primeiros sculos da era crist e se ligaram na noite escura dos orgulhosos sacerdotes da igreja romana. Assim, ainda tens muito para recompor, reconduzindo ao Bem aqueles que a tua inteligncia vaidosa desviou das verdades espirituais.

    Para que tenhas xito na tarefa de intercambiar os espritos, condio essencial que jamais te envolvas com o comrcio das foras psquicas, esforando-te na reforma ntima.

    Ocupa sempre tua mente com pensamentos produtivos, filia-te s obras assistenciais, consolidando na Terra, com o prprio exemplo, as mensagens dos Cus sobre a caridade.

    Evita, no momento, falar de tuas experincias medinicas, revelando-as somente quando identificares a necessidade de esclarecer

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  • verdadeiramente aos companheiros de jornada. Mesmo assim, acima dos exemplos pessoais deve estar a Doutrina Esprita; ela que dever ser sempre exaltada. S discreto o quanto puderes, trabalha assiduamente louvando ao Senhor.

    E se, porventura, a vida te lanar pedras, suporta paciente-mente, lembrando que os primeiros mrtires do Cristianismo, dos quais ainda estamos bem longe, no recusaram a oportunidade para testemunhar, enfrentando, pelo nome do Cristo, humilhaes e dores.

    Se permaneceres com este ideal, caminhando com humildade, no te faltaro proteo e amparo.

    A entidade amiga, banhada em luzes, abraou Constantino, aconchegou-o junto ao peito e teceu as consideraes finais. No te preocupes tanto, filho meu, com as mensagens. Nosso maior compromisso com os necessitados.

    A psicografia, no teu caso, ser sempre a valorizao do tempo na reunio de intercmbio espiritual. Por isso, concentra todas as tuas energias e o teu amor em benefcio dos espritos obsessores e desequilibrados.

    Valoriza e prestigia, constantemente, o Centro Esprita que misericordiosamente te concede um trabalho srio e disciplinado.

    Conduz, sempre, tuas produes medianmicas anlise doutrinria rigorosa dos companheiros respeitveis, estudiosos e experientes do movimento Esprita, acatando pacientemente, humildemente, as orientaes que objetivem a melhora do teu trabalho.

    Para tua segurana, mantm-te sempre ligado Instituio Esprita.

    Conscientiza-te de que, se faltares com a seriedade, a verdade, o desejo do bem, o estudo assduo da Doutrina, se buscares privilgios fazendo um escabelo da mediunidade, te abandonaremos no mesmo instante.

    O momento estava sublime. ramos seis entidades emocionadas, enlaadas em energias superiores, traando diretrizes para o futuro sob as bnos de Deus, da mediunidade e do progresso.

    O mentor enxugou discretamente as lgrimas e, porque era preciso aproveitar o tempo, tomou o mdium, em desdobramento, e nos dirigimos todos s zonas inferiores para o socorro aos necessitados, dando testemunho de que o amor a Deus e ao prximo se constituem no verdadeiro livro que precisamos escrever e editar no corao dos homens.

    Nora(Mensagem psicografada pelo mdium Emanuel Cristiano em reunio de 10/1/1999 no Centro Esprita Allan Kardec de Campinas So Paulo)

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  • 1Infiltrao Programada

    Em estranha cidade do plano espiritual inferior, congregavam-se espritos obsessores com as mais perversas intenes. Reunidos em sombria praa, traavam diretrizes de perseguio e destruio de respeitvel Instituio Esprita. Entidades recm-desencarnadas perambulavam, lunticas, pela estranha regio, semi-escravizadas por mentes malficas que as transformavam em verdadeiro material humano de desequilbrio. Estes infelizes permaneciam junto aos obsessores por guardarem compromissos espirituais intensos diante daqueles que se dedicavam prtica do mal. A psicosfera da cidade bizarra era densa, triste, angustiante e depressiva; resultado dos pensamentos de seus habitantes.

    Jlio Csar, na condio de chefe, conclamava do centro do largo os obsessores, que circulavam em torno do jardim de pedras, com as seguintes argumentaes:

    Avante, amigos, o trabalho nos espera!No podemos mais perder tempo, necessrio agirmos agora ou,

    ento, o trabalho de anos ser perdido. Qual a misso? Perguntou Gonalves, um dos comparsas

    imediatos de Jlio Csar. A misso, respondeu o sinistro orador, de infiltrao espiritual!

    Estamos, de longa data, planejando invaso, domnio e destruio de uma grande Casa Esprita.

    Quando o adversrio chefe pronunciou estas palavras, extensa turba de espritos fanticos correu para junto do perseguidor mestre, ouvindo-o atentamente, enquanto a novidade corria, relampejante, entre os habitantes do estranho municpio.

    *

    Verdadeira falange de adversrios da bondade se apresentou diante do lder perverso, animando-o na transmisso destas terrveis orientaes:

    Tenho aqui o relatrio atualizado. E, manuseando desajeitado material, puxou longa lista com estatsticas de trabalhos espritas, lendo, segundos depois, em voz alta, estes dados:

    Somente este ano: 2.500 espritos, que estavam sob nosso comando, foram

    violentamente arrancados de ns e se converteram ao Nazareno com auxlio da mediunidade falante, do dilogo enganador e da interferncia dos emissrios do bem;

    Cerca de 3.000 encarnados, que permaneciam sob severos

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  • processos obsessivos, tiveram o equilbrio readquirido, graas odiosa interveno das entidades da luz;

    multides esto encontrando naquela Casa maldita, tranqilidade e conforto espiritual, que para ns so abominveis;

    mais de 4.000 entrevistas; aproximadamente 20.000 vibraes; centenas de palestras, transmitindo a doutrina esprita e os

    ensinos de Jesus, exaltando o bem e o amor.E ainda tem mais, continuou o expositor das trevas, imprimindo nas

    palavras raiva e inconformao. Mais de 15.000 passes transmitidos, dos quais setenta por cento

    tiveram efeitos muito positivos sobre as pessoas; 200 enfermos, impossibilitados fisicamente de comparecer

    instituio, receberam a visita fraterna e a fluido terapia contra a nossa vontade.

    E no acaba a, insistiu o malfeitor completamente admirado: gestantes, crianas, jovens, andarilhos etc. receberam da Casa Esprita o concurso caridoso! Isso sem contar as obras sociais que promovem largamente a criatura humana!

    O Centro em questo um dnamo de benemerncia. Se, com a nossa interferncia eles produzem assustadoramente, imaginem se deixssemos o caminho livre?

    Por isso, preciso continuarmos, redobrando nossos esforos a fim de acabarmos com essa tolice de caridade, a absurda preocupao com o outro e, acima de tudo, com essa inaceitvel proposta de renovao moral, trazida pelo Cristo, que exige demais dos seres humanos.

    Recebemos, de nossos superiores, mais de oito mil solicitaes, tenho comigo os apontamentos. E, lanando ao vento alguns papis, continuou irritado: Vejam: requisies de obsesso, memorando solicitando prioridades, inmeras ordens de servio no cumpridas e sem contar as infinitas reclamaes...

    Como vem, nossa incompetncia est declarada! preciso estarmos organizados para desestruturarmos a

    instituio esprita que nos atormenta. Permanecemos desacreditados junto aos nossos superiores e creio que nenhum de ns gostaria de desafi-los ou desapont-los. Todos sabemos da ira que nos perseguir eternamente, se falharmos. Todo cuidado pouco, advertiu o organizador do mal, se no formos cautelosos, espertos e inteligentes, poderemos cair nas garras dos emissrios da luz, que fazem verdadeira lavagem cerebral propondo-nos um bem-estar falso, com o objetivo de escravizar-nos de novo na Terra atravs da reencarnao!

    E como vamos agir? Perguntou um desordeiro bastante animado. Por acaso, vamos fazer os objetos se movimentarem? Atiraremos pedras contra os eleitos do Senhor? Assassinaremos

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  • algum?E da turba uma infinidade de sugestes malficas foram proferidas,

    entre algazarra e uma pseudo-alegria que envolvia a legio desordeira.

    *

    O lder fantico precisou interromper a agitao alertando: No ser assim!Nosso trabalho est dentro de certos limites; leis universais

    regulam nossa influenciao. E a Casa Esprita, a qual desejamos invadir, dispe de poderosa proteo espiritual, milhares de espritos superiores em incessante trabalho no bem, alm de entidades sublimes garantindo-lhes extraordinrio auxlio!

    Nossa atuao, prosseguiu o planejador das sombras, ser na surdina. Trabalharemos silenciosamente, ocultamente, no campo dos sentimentos, sugerindo pensamentos, estimulando as irritaes, o cime, a fofoca, a indignao, os melindres, a disputa de cargos, funes, tarefas etc. Temos a, um vasto campo de atuao junto s inferioridades humanas. Aproveitaremos as brechas deixadas por muitos trabalhadores. Engraado que eles, os encarnados, dizem que, de tempos em tempos, ns, os chamados obsessores, promovemos ondas de influenciao negativa, retirando os anjinhos do caminho do bem. Eles que, de tempos em tempos, abrem brechas, ns apenas aproveitamos os deslizes e descuidos dos ilustres seguidores de Jesus. A propsito, continuou o malvado pregador, esse o nico modo de penetrarmos na instituio, a nica forma de no sermos barrados pelas correntes protetoras, pois que os mensageiros do bem no podem violar o livre-arbtrio dos adeptos do Cristo. Os Espritos do mais alto sempre dizem que do mal tiram o bem, que nossa entrada permitida porque servir de teste para muitos dos freqentadores e trabalhadores da Casa. Contudo, enquanto elas, as entidades evoludas, aguardam a aprovao dos seus pupilos, no campo das provas, ns apostamos na reprovao dos tutelados.

    Temos de valorizar o momento, pois as dificuldades econmicas, sociais e polticas do pas esto a nosso favor; muitos, envolvidos com os problemas materiais, esquecem de se vigiar, cultivando o pessimismo, a irritao, os palavres etc., entrando naturalmente em nossa faixa vibratria, autorizando-nos o processo de influenciao; e, na maioria das vezes para nossa satisfao, nem se lembram da orao, que poderia nos afastar completamente, rompendo os nossos propsitos.

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  • A falange das trevas estava magnetizada pelas palavras do mandante!

    Quando Jlio Csar percebeu que j havia estimulado quantos necessitava, para a implantao das suas idias, entoou este grito de guerra:

    Avante!Para aquela odiosa Casa Esprita, o momento do apocalipse, do

    acerto de contas, do juzo final e da destruio chegou!Eles prprios se autodestruiro!Terminando o discurso maligno em tom de oratria, o obsessor

    fantico foi aplaudido, aclamado e carregado pelos comparsas, enquanto a multido cantava hino extico, enaltecendo as foras das trevas, ao mesmo tempo em que gritos alucinantes de combate corriam, sinuosos, encontrando eco no corao iludido dos obsessores.

    E sob influncia sonora de alucinante marcha hipntica, que incentivava destruio, a legio dos adversrios do bem embrenhou-se pelas ruas estreitas da esquisita cidade, preparando-se para o terrvel processo de infiltrao.

    *

    Dias depois, na Casa Esprita, o trabalho seguia normalmente.No plano espiritual, porm, os instrutores responsveis pelo Centro

    recebiam a notcia: Vamos ter mais uma tentativa de invaso dos adversrios do

    bem, comunicou Joana, uma das cooperadoras espirituais do Centro.Acabamos de socorrer um esprito desequilibrado que prestava

    servios a extensa turba de obsessores. Tendo-se libertado da influncia negativa, narrou-nos, com riqueza de detalhes, diablica palestra que o j conhecido Jlio Csar realizara em sua cidade sinistra, almejando mais uma vez destruir a obra do bem.

    O mentor tratou de apaziguar os tarefeiros espirituais, solicitando marcassem reunio com todos os cooperadores desencarnados, com objetivo de inform-los a respeito da possvel invaso.

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  • 2Avaliando a Ameaa

    Na semana seguinte, quando o Centro, na sua parte fsica, permanecia fechado, os benfeitores espirituais aproveitavam a madrugada para efetuar alertadora conferncia sobre o desejo de dominao das entidades inferiores. Feita a prece de abertura, o mentor proferiu estas orientaes: Irmos! O Senhor da Vida nos concedeu esta Casa Esprita como oficina de trabalho junto s criaturas humanas dos dois planos. Temos encontrado, neste Centro, a alegria do estado, do socorro e do labor espritas, possibilitando-nos abenoada oportunidade de servio cristo, em companhia dos confrades encarnados envolvidos com o mesmo idealismo.

    Contudo, ns, que permanecemos do lado de c, temos o dever de ampar-los e conduzi-los por caminhos retos, respeitando-lhes, obviamente, a faculdade de livre escolha.

    O nosso des pretensioso trabalho, na seara de Jesus, tem chamado a ateno dos adversrios espirituais desejosos em aniquilar toda e qualquer disposio de ajuda crist. No fundo, so almas enfermas, profundamente necessitadas de ateno e carinho, que se escondem usando a mscara da maldade que, mais ou menos dia, ter de cair, pois a lei de progresso para todos.

    Por isso, nossas atividades encontram-se ameaadas!Neste instante, vrios espritos ainda em aprendizado para o

    trabalho espiritual se espantaram. Alguns ficaram temerosos, acreditando que nossos superiores no teriam disposio e recursos para defesa, o que levou o orientador espiritual a transmitir as seguintes palavras tranqilizadoras:

    Calma, meus amigos! Tudo est sob controle. necessrio que nos coloquemos disposio para fortalecermos os nossos irmos em jornada terrena. Para eles, ser uma extraordinria possibilidade de testemunhar, na prtica, tudo aquilo que teorizam acerca dos ensinos de Jesus. Que seria do aluno se a escola periodicamente no lhe aplicasse provas?

    A sabedoria divina, atravs de suas leis, controla tudo, monitora tudo e, num mundo de provas e expiaes, natural que o mal predomine, experimentando, constantemente, os que aspiram o ttulo de seguidores de Jesus.

    No h motivo para medo ou fraqueza moral!No estamos abandonados por Deus; dispomos de fartos recursos

    espirituais de defesa; temos ao nosso lado as entidades sublimes que nos apiam, inspiram e garantem nossa proteo.

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  • Permanecemos trabalhando em nome de Jesus; estamos cumprindo, o quanto possvel, os desgnios divinos.

    Dispomos de todos estes recursos, por isso no h motivo de pnico!

    Esta ser uma batalha que competir aos encarnados vencerem, ns, porm, nos limitaremos a proteg-los, vigiando e orando fervorosamente.

    certo que alguns, pelos sentimentos que nutrem, no mereceriam sequer nosso concurso; entretanto, as tarefas que realizam promovem o bem comum e, pelo trabalho bem feito que executam, ainda que o realizem como profissionais espritas e no como verdadeiros idealistas, nossa proteo se faz sentir pensando no todo da Casa. Ainda que estes profissionais nada recebam financeiramente, esto sempre em busca dos elogios, da notoriedade e sempre se irritam quando no so citados. Esses, infelizmente, apesar de todo o nosso empenho em proteg-los, ainda que pensando nas tarefas, sero os principais atingidos. Numa atuao isolada, temos mecanismos para evitar o assdio do mal, mas com uma falange to bem preparada, com mentes inteligentes explorando todas as inferioridades humanas, e estes encarnados vibrando no mesmo padro, ser praticamente impossvel salv-los!

    uma pena que no Templo da Fraternidade, entre os conhecedores do Evangelho, alguns insistam em ser o exemplo daquilo que Jesus no ensinou.

    Contudo, temos de compreender que estes irmos esto em aprendizado, no despertaram ainda, e agem assim por carregarem nalma as informaes espritas e no a vivncia delas.

    Mesmo assim, ns que compreendemos mais, devemos toler-los, inspir-los, conduzindo-os para o caminho do bem, porque da lei divina fazermos ao outro o que gostaramos que nos fizessem.

    No desejamos estar entre aqueles que apontam as dificuldades criticando maledicentemente, sem apresentarem propostas de ajuda e renovao. Desejamos cooperar em silncio, preferindo ver no semelhante as virtudes que j conquistou, encorajando-o amorosamente para vencer as prprias dificuldades morais; agradecendo, o quanto possvel, queles que, des pretensiosa, verdadeira e amorosamente, trabalham em benefcio da Causa Esprita. Para isso, temos a sublime oportunidade da mediunidade, que nos possibilita irradiarmos centenas de mensagens singelas, aquelas que, mesmo sem terem condies de serem divulgadas como literatura esprita, calam fundo no corao dos participantes das reunies de intercmbio espiritual. Muitas vezes, atravs de mensagens simples que os espritos sublimes falam, porque preferem a simplicidade de corao, os pobres de esprito, os mansos e pacficos para servir-lhes de intrpretes.

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  • Por isso, no devemos desanimar na tarefa de proteo e inspirao espiritual que nos cabe.

    Em contrapartida, possumos muitos irmos que, vivendo o Espiritismo, nos possibilitaro atuao mais direta, acalmando e tranqilizando as mentes encarnadas, quando os adversrios do Evangelho espalharem, pelas mentes despreparadas, o vrus da fofoca, da intolerncia e das disputas.

    Estamos acostumados a semelhantes investidas das sombras e sempre tem prevalecido a bondade divina.

    Claro que esta instituio corre o risco de ser destruda, principalmente se os freqentadores e trabalhadores se deixarem contaminar pelas influncias nocivas dos espritos perturbadores. Contudo, temos em vrios departamentos da Casa com panheiros que partiram daqui, da nossa esfera, com a misso de efetuar um trabalho esprita srio baseado na vivncia crist. Se os malfeitores espirituais exploram as fraquezas humanas, ns podemos estimular as virtudes da alma, afastando, com a vivncia dos ensinos de Jesus, as trevas da maldade.

    Ser mais um perodo de redobrados cuidados, de incessante trabalho; permitiremos a entrada de certas entidades, para que nossos irmos em humanidade tenham a condio de darem testemunho das suas conquistas espirituais.

    verdade que, neste processo de envolvimento espiritual negativo, muitos se envolvero a ponto de desistir do caminho, reencontrando-o, mais tarde, quando estiverem amadurecidos pela vida. Aqueles que guardam os ensinos de Jesus apenas nos lbios, os que trabalham por vaidade pura, os invejosos, melindrosos que no desejam se fortalecer, cairo nas teias dos malvados invasores, porque vibram na mesma sintonia dos inimigos da verdade. Outros, os trabalhadores discretos, respeitveis, desejosos do bem, idealistas, podero sentir certo envolvimento, entretanto, sabero fazer brilhar a prpria luz, sintonizando com planos superiores, protegendo-se naturalmente da infiltrao das sombras, contribuindo para a sobrevivncia e continuidade deste Centro. Talvez estes tenham o corao ferido, a alma magoada, mas sabero compreender os companheiros desequilibrados, perdoando-os por ainda no conseguirem dar o testemunho cristo; e, medida que suportarem as agulhadas das imperfeies humanas, havero de progredir granjeando naturalmente a simpatia de espritos superiores.

    No podemos exigir das criaturas aquilo que no conquistaram. Cada um d o que possui! Infelizmente, muitos no sabem valorizar a honra dos testemunhos em favor do Evangelho. Outros esquecem que a Casa Esprita um Templo sagrado, onde se exaltam os valores do Cristo atravs da fraternidade.

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  • Alm do mais, continuou o mentor mudando o rumo da exposio, centenas de espritos enganadores alcanaro libertao; poderemos toc-los com a mensagem evanglica convidando-os transformao moral. Na grande famlia universal, da qual Deus o responsvel, ningum se perder para sempre! O Pai realmente sbio, permite certas infiltraes que, de incio, parecem terrveis, exatamente para fazer a humanidade progredir mais depressa. Portanto, estejamos confiantes! Precisaremos encoraj-los no bem, estimulando-os fraternidade, quando estiverem no captulo das provaes. Evitemos os comentrios desnecessrios. Permaneamos, diante destes acontecimentos, em silncio absoluto, falando sobre eles o estritamente necessrio, a fim de colocarmos a caridade em ao. Mensagens preventivas solicitando mais trabalho, vigilncia, tolerncia e orao nas tarefas de benemerncia, esto sendo redigidas e posteriormente sero veiculadas atravs da mediunidade, com objetivo de esclarec-los previamente e de modo geral, sobre as infiltraes espirituais. J foram expedidas convocaes para os espritos protetores de todos os encarnados, que executam qualquer tarefa neste templo cristo, solicitando comparecimento em reunio de estudo, onde solicitaremos o concurso deles para vigiarem seus tutelados mais intensamente, ajudando-os a vencerem os ataques das trevas. Agora, disse o tarefeiro finalizando a exposio, me compete alertar pessoalmente os dirigentes encarnados deste posto de servio. Quanto a ns, sigamos com tranqilidade, porm, alerta, guardando confiana em Deus, em ns mesmos e, principalmente, nos confrades envoltos na matria densa.

    *

    Terminada a conferncia, os trabalhadores do mundo espiritual retiravam-se em silncio absoluto, dedicando-se aos labores de rotina, quando Castro, o presidente encarnado do Centro, acompanhado de Israel, o diretor das atividades doutrinrias, apresentaram-se desdobrados do corpo, demonstrando no olhar expresso de grande preocupao.

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  • 3Orientando os Encarnados

    Caro amigo, disse Castro, Joana, nossa estimada cooperadora, j nos informou superficialmente sobre a possibilidade de mais um ataque nossa Casa, poderia nos dar maiores detalhes? O Benfeitor, abraando-os amorosamente, tratou de acalm-los com um afetuoso sorriso, esclarecendo a seguir: O caso realmente delicado! Castro, meu amigo, nossa instituio est sendo ameaada por Jlio Csar! Mas de novo? Perguntou o responsvel pela instituio no plano fsico. Sim, afirmou o mentor. Ele ainda carrega dio terrvel pelo nosso movimento, no suporta as obras benemerentes de promoo infncia que executamos na Terra, os enfermos atendido pelos mdicos voluntrios, os inmeros beneficiados pela nossa farmcia etc., alm de nossa intensa e organizada atividade doutrinria.

    Sabes que sers um dos primeiros que tentaro derrubar. natural que assim seja, pois s tu quem est frente de toda a organizao. Os adversrios sabem da importncia da funo que executas, e no preciso uma super inteligncia para compreender a utilidade da ordem que conduz ao progresso. E tu ests cumprindo satisfatoriamente com os teus deveres, o que, alis, tem garantido a ti proteo espiritual proporcional.

    Agora, natural que passes pela prova como qualquer trabalhador.Certamente, compreendes que o fato de assumires uma funo de

    direo no te coloca acima dos tarefeiros menores, sabes que no s melhor que ningum, entendes a necessidade de te esforares no caminho do prprio progresso como todos ns. Assim, no esperes privilgios, pelo contrrio, ser exigido mais de ti, porque, estando frente de tarefa to importante, natural que suponhamos estejas te empenhando mais do que os outros na busca de tua prpria reforma ntima. No ignoras o prprio passado; sabes que ests neste cargo para recompor com o bem e a fraternidade os desvios materiais e espirituais que proporcionas te aos irmos em humanidade. Todos trazemos dbitos a saldar junto s leis divinas. Contudo, no iremos te desamparar, ters, a partir de hoje, proteo redobrada, afim de que no percas as foras necessrias para continuares cumprindo os labores essenciais ao bom andamento desta instituio. Entretanto, isso no te livrar das investidas das trevas, eles tentaro de tudo, te envolvero de todas as formas. Desta maneira, evita as irritaes e os aborrecimentos o quanto possvel, cultivando tolerncia e vigilncia sempre, e quando tiveres de orientar, procura conciliar autoridade moral com fraternidade.

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  • Compreendemos, meu irmo, que realmente no fcil: inmeras ocorrncias te solicitam deciso rpida, vrias reclamaes pedindo correo, trabalhadores rompendo normas, cime etc., naturais para uma Casa com estas propores. Entretanto, pacincia! O exemplo tem de ser de cima para baixo. Ters de ser o espelho que refletir a compreenso, tolerncia e fraternidade.

    No penses que estamos exigindo muito de ti, apenas lembrando-te dos valores do homem de bem, a que se refere o Evangelho, e estimulando-te a continuares com o trabalho que vens realizando j h algumas dcadas. Segue adiante, lembra-te da prece, ns estaremos te sustentando, vibrando para que consigas estar, o quanto possvel, em sintonia superior, buscando-nos em pensamento. Embora permaneamos invisveis, estaremos, como sempre, ao teu lado, por que a tua disposio para o bem e o trabalho que desempenhas precisam de nossa cooperao.

    Temos trabalhado em benefcio de tua sade, para que os anos no pesem demais sobre ti, impedindo-te a continuidade da obra. Ainda precisars ficar por algum tempo nesta jornada, at que aqueles que havero de ser os continuadores estejam preparados. Por isso trabalha, suporta e testemunha o Evangelho, nesta Casa que para todos ns bnos dos Cus.

    Confiamos em teu trabalho, administras incalculvel tesouro, que precisa ser multiplicado em benefcio do bem comum.

    Sabemos dos teus sofrimentos, das tuas dvidas, renncias e das tuas expectativas quanto ao retorno vida do infinito. Calma! O teu trabalho, mesmo que carregue muitas imperfeies, te garantir uma reentrada tranqila na vida espiritual. Com tua dedicao de todos estes anos, granjeaste a simpatia, a amizade de muitos cooperadores espirituais. Segue alerta e confiante.

    No desanimes em momento algum; embora muitos no valorizem, tua presena firme tem sustentado inmeras criaturas, convertendo-te em verdadeiro exemplo de trabalho cristo.

    Mesmo que no entres na faixa vibratria dos inimigos do bem, eles desejaro te atingir atravs dos cooperadores e freqentadores invigilantes, que te enderearo palavras duras a fim de cortar-te, qual navalha afiada, o corao generoso.

    Quando achares que irs explodir, lembra-te de que preciso pensar na obra e, por ela, manter o equilbrio.

    Todas estas orientaes, que so simplesmente a vivncia do Cristianismo, so necessrias por que este no um ataque comum. Jlio Csar est apostando todas as suas cartas, empenhando todos os seus esforos, e ns guardamos grande desejo de envolv-lo em nossos braos, conduzindo-o ao progresso. Mas, para isso, ser necessrio um trabalho em conjunto. Desta maneira, precisaremos contar com o teu

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  • comando, exaltando a pacincia.

    *

    Terminadas as colocaes do dirigente espiritual, Castro solicitou emocionado:

    Sendo este um caso to grave, permita-me lembrar desta nossa conversa, quando despertar no corpo denso, para que tenha possibilidade de tomar as devidas providncias.

    No ser possvel, meu amigo. Lembra-te: nada de privilgios. Porm, guardars a sensao de que algo desagradvel est para acontecer, alm de uma imagem simblica, de uma grande casa com imensas rachaduras. Este simbolismo ser gravado em tua memria fsica, para que te sirva de alerta sobre as possveis infiltraes produzidas pelas fendas da invigilncia humana. Isso bastar para que te coloques em guarda, aplicando, como meio de defesa, os preceitos cristos.

    Esta nossa conversa, continuou o amoroso mentor, objetiva apenas fortalecer-te espiritualmente. Ters de vencer com o prprio esforo, conduzindo com o prprio exemplo os tarefeiros do bem, evitando sempre a proliferao das fofocas, que so fatais em casos de ataques espirituais.

    E, voltando-se para o outro tarefeiro dedicado que acompanhava atentamente a conversa, o emissrio do bem acrescentou:

    Quanto a ti, Israel, as mesmas recomendaes, acrescidas de um cuidado redobrado com a pureza doutrinria. Tens em tuas mos o corao da instituio, isto , o prprio Espiritismo!

    de extrema importncia, continuarmos zelando pela pureza doutrinria, e permanecermos com a divulgao do Espiritismo atravs dos cursos sistematizados, preparando doutrinariamente quantos desejarem servir na seara de Jesus.

    Com o estudo doutrinrio constante, os trabalhadores do Espiritismo tm as atividades disciplinadas. Graas possibilidade de trabalho que os centros espritas oferecem, muitas pessoas deixam de se perder no mundo; vrios cooperadores, encarnados, encontram a o sustentculo para vencer na jornada terrena. Diante de atividades nobres e valorosas, preciso estarmos atentos, pois os obsessores cruis tero no mbito doutrinrio sua maior atuao.

    Tu tambm, Israel, sers procurado pelos adversrios da bondade. Tua alma, igualmente, ser ferida, teu nome, motivo de maledicncia. Entretanto, preciso esqueceres de ti mesmo, deixando de lado as conversas improdutivas, que naturalmente surgiro, empenhando-te exclusivamente no trabalho.

    Uma das armas que os inimigos da paz certamente utilizaro,

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  • sero os modismos. Havero de explorar todos os tipos de crenas populares, agitando ondas de novidades doutrinrias.

    Todos aqueles que no estiverem firmes doutrinariamente podero ser levados de roldo e no estranharemos se, na Casa, houver certa evaso, por verificarem a impossibilidade da aceitao das idias anti-doutrinrias.

    Outros se deixaro fanatizar por comunicaes esdrxulas, revelando uma multiplicidade de sistemas empolgantes, coloridos, envolventes, mexendo com o ego das pessoas.

    No faltaro os desejosos em imprimir mudanas na estrutura doutrinria, trazendo conceitos novos, nomenclaturas empoladas, para definir o j definido.

    Assim, meu amigo, de tua parte solicitamos a costumeira vigilncia, a prudncia caracterstica dos estudantes srios do Espiritismo, a firmeza em Kardec, bom senso e, como sempre, rigor, lgica e razo na anlise de tudo que vier dos espritos.

    Se te pedimos firmeza na defesa da pureza doutrinria, tambm te solicitamos disposio e fraternidade no esclarecimento dos futuros modismos, compreendendo as mentes invigilantes, o orgulho e a vaidade sobreexcitados. Ser para ti excelente oportunidade de exercitares a caridade dentro da prpria Casa.

    provvel que o mtodo que te foi inspirado, para a elaborao dos cursos sistematizados, seja considerado, por alguns, ultrapassado; talvez, vozes eruditas bradem que a modernidade exige consideraes cientficas aprofundadas, atualizao do pensamento kardequiano, que tuas diretrizes, no campo das aulas, no suprem mais as expectativas dos alunos. Diante disto, tua pos tura dever ser a do companheiro que se colocar disposio para a reviso do trabalho, do mtodo, da tcnica, sem contudo mudar os objetivos; aceitars somente o que for razovel, lgico, e o que estiver em condies de ser implantado e assimilado pela maioria (na administrao da Casa Esprita preciso pensar no todo).

    Evita as empolgaes, continua com teu trabalho discreto, sem grandes pretenses. E se porventura os doutores em Espiritismo te solicitarem alteraes drsticas, propondo implantaes de novas idias, acolhe-os com simpatia, respeitando-lhes o modo de pensar, esclarecendo-os quanto possvel, sem contudo incorporar, nas atividades desta Casa, o que no esteja em absoluto acordo com as obras bsicas. Lembrando que o estudo doutrinrio, no Centro Esprita, deve envolver todos os nveis de compreenso humana, evitando-se ao mximo a valorizao e a evidncia daqueles que dispem de maiores recursos intelectuais. Estes devero utilizar sua bagagem para ajudar os menos favorecidos no campo do intelecto a compreenderem mais e melhor nossa Santa Doutrina. Continua, portanto, com a simplicidade

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  • que te caracteriza, carregando contigo a discrio e o simples desejo de fazer brilhar nesta Casa, acima de qualquer coisa, os ensinos de Jesus. Os verdadeiros idealistas no exigem mudanas da noite para o dia. Os que desejam cooperar, sabem aguardar o momento oportuno, revestindo-se de humildade. Desta maneira, quando os adversrios da verdade te visitarem, guarda confiana, busca-nos na prece, consulta as obras bsicas e espera, guardando a conscincia de que estes companheiros podero estar sob forte influncia negativa inebriando-lhes o pensamento, impedindo o raciocnio sadio e, por isso mesmo, necessitaro de nossa compreenso, misericrdia e carinho.

    Lembra-te de que igualmente sers perseguido, os inimigos da verdade da mesma forma desejaro tentar-te.

    Acalma-te, tambm estaremos contigo! Teu trabalho segue satisfatoriamente, tuas responsabilidades so muitas, teus testemunhos so considerveis, tuas conquistas, apesar de tuas imperfeies naturais, so respeitveis. Por isso, segue adiante, meu irmo, na certeza de que, diante dos sofrimentos que este processo de invaso trar, Deus, o Senhor da Vida, tudo sabe.

    Procuremos retirar destas provas experincia e aprendizado para nossa alma, agradecendo ao Criador pela abenoada oportunidade de cooperao no bem.

    Sacrifica-te, o quanto possvel, em benefcio desta Instituio que beneficia multides dos dois planos. Coloca-te disposio do bem, incessantemente, aproveitando a tempestade de criaturas infelizes que se aproxima de ns, para disciplinar os pensamentos, sintonizando com esferas maiores. Evita colocar a organizao acima da bondade e da fraternidade; no relacionamento humano, disciplina e amor devem andar juntos. O resto deixa com Deus e segue o teu caminho.

    Quando despertares, concluiu o mentor, pouco recordars destas orientaes, contudo, estaremos contigo, produzindo as intuies necessrias para que sejamos vitoriosos!

    E, voltando o olhar amoroso para os dois representantes da Instituio em questo, finalizou dizendo:

    Retomem ao corpo confiantes, Deus por ns.

    *

    Terminadas as orientaes e esclarecimentos, o mensageiro espiritual abraou longamente a dupla de cooperadores em desdobramento, conduzindo-os pessoalmente Terra.

    Pela manh, Castro acordou com estranho sentimento e a lembrana de imagem curiosa.

    Mais tarde, relatando ao responsvel pela direo doutrinria a impressionante vivncia espiritual, deu a seguinte interpretao:

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  • Israel, tive um sonho interessante. Eu tambm, relatou o amigo, sonhei que eu e voc

    permanecamos frente de respeitvel instrutor espiritual. No, disse Castro, meu sonho foi diferente, pude vislumbrar

    nossa Casa Esprita completamente infestada por rachaduras, permanecendo angustiado at o momento, como se estivesse pressentindo dias difceis para esta Instituio.

    Israel fechou ligeiramente os olhos, como se buscasse os amigos espirituais, interpretando a vivncia espiritual do amigo desta maneira:

    Nossa Casa com rachaduras? Pode significar que o trabalho deste templo ser abalado.

    Sem dvida, respondeu Castro, chamarei agora mesmo um profissional para verificar as estruturas do Centro; quem sabe as paredes guardem trincas que desconhecemos, talvez algumas de nossas obras assistenciais estejam precisando de verificao e, se for necessrio, faremos reformas materiais urgentes.

    Interrompendo a fala do amigo, Israel lembrou: Isso pode ser, tambm, um simbolismo! Rachaduras, brechas,

    infiltraes, quem sabe um alerta do plano espiritual para fortalecermos nossa vigilncia, evitando em nosso templo as fendas no campo do esprito. A propsito, continuou o dirigente doutrinrio, acordei com um desejo de promover entre os nossos cooperadores, um estudo acerca da Casa Esprita, seus objetivos, trabalho e trabalhadores, bem como a necessidade de convivncia pacfica entre os tarefeiros do Cristo, o que me diz?

    Acredito seja oportuno, respondeu o presidente em tom de profunda reflexo, enquanto eu verificarei o aspecto fsico, voc congregar os cooperadores tratando do aspecto moral. No que estejamos fanatizados pelos sonhos, mas j que nossas interpretaes revelam prudncia e bom senso na administrao desta Casa, no vejo mal em tomarmos as providncias necessrias. Tendo cada qual guardado, das vivncias espirituais, o que mais lhes havia impressionado, os amigos espirituais alcanaram o objetivo: permitir que os responsveis, com suas prprias capacidades e sob inspirao superior, se movimentassem a fim de se organizarem e se fortalecerem.

    *

    Desta maneira os dois planos da vida estavam em comum acordo, vibrando na mesma sintonia, amparando-se mutuamente.

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  • 4Iniciando o Ataque

    Os dias correram e o trabalho no Centro Esprita prosseguia em relativa tranqilidade. Nas zonas espirituais inferiores, porm, os adversrios da verdade j estavam prontos para o ataque.

    Jlio Csar, qual doente mental, gritava palavras de ordem, seguidas destas orientaes:

    Camaradas! Nossa hora chegou! J fui informado de que os emissrios da luz igualmente se organizaram, falando aos responsveis encarnados da maldita Instituio sobre os nossos planos. J espervamos por isso, espritos fracos nos denunciaram; isso no vai nos impedir!

    O odioso Templo permanece impregnado de fluidos amorosos. Ns, tambm, somos muitos e dispomos de poderosas vibraes negativas. Nosso momento chegou! - Gonalves!... Gonalves! Gritou o infeliz, procurando entre a multido seu capataz.

    - Estou aqui, senhor, respondeu o servo diablico.- J fez a verificao dos principais trabalhadores? Sim, aqui est o levantamento, dez dirigentes sero visitados

    por ns.Temos, por exemplo, os registros da... responsvel pelo...

    atendimento fraterno. Veja:O nome dela Mrcia Boaventura. Identificamos, aps dias de

    observao, que uma mulher dedicada ao trabalho esprita. Nos ltimos cinco anos, dizem os relatrios, nunca faltou nos dias de planto. Promove periodicamente reunies com seus cooperadores, est sempre disposta a ouvir sugestes, trata a todos com afabilidade e doura, evita os comentrios menos edificantes, est distante das fofocas, trabalhando com espantosa seriedade, guardando e recomendando absoluto sigilo sobre todos os casos de atendimento. Atravs dela no temos nenhum campo de ao, sem contar a proteo que angariou pelo trabalho to bem realizado, quase no oferece brecha, limitando a 1% nossa influenciao sobre ela. Entretanto, para nossa grande alegria, casada com um homem possuidor de densas vibraes, o que nos permitiu a aproximao e convivncia em sua prpria residncia; avesso ao Espiritismo, o esposo freqenta raramente os cultos de uma seita evanglica, carregando na mente a idia de que a Doutrina Esprita coisa do diabo.

    - Isso! Interrompeu o mandante, eis ao nosso homem! Incentive-o a continuar na igreja, acompanhe-o, ore com ele se for preciso! (risos)

    igreja? Perguntou o servial admirado.Sabe mesmo o que est me mandando fazer? Insistiu o capataz

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  • completamente atordoado. Explique melhor, senhor, quais so seus objetivos.

    Preste bem ateno, Gonalves, disse o astuto Jlio Csar, aproximando-se do empregado, abraando-o como se desejasse falar-lhe em secreto, guardando brilho estranho nos olhos, retirando-se, a passos lentos, para local isolado, enquanto ditava, com voz soturna, aos ouvidos do tolo servidor das trevas este triste plano:

    - Vamos atorment-la, envolveremos de tal forma o infeliz do marido que ele far da vida dela um inferno e, a pretexto de manter a harmonia do lar, ela ter de abandonar as tarefas e a, adeus afabilidade e doura.

    - Mestre, contra-argumentou Gonalves, h, ainda, uma outra coisa, a considerar. O marido dado bebida, se o incentivarmos igreja, as orientaes, ainda que fanticas, ameaando os adeptos com o fogo do inferno, poder lev-lo a largar o lcool, impossibilitando-nos de utilizar mais este trunfo.

    Ora, respondeu o obsessor chefe, que trunfo melhor poderamos ter seno o medo do inferno. Ns somos os prprios demnios, deixe que o infeliz pare de beber; para ns o que importa inferniz-la, irrit-la naquilo que possui de mais sagrado. Ela no agentar os argumentos de um marido fantico e, alm do mais, poderemos fazer com que toda a economia domstica seja, mensalmente, conduzida igreja, contribuindo com a obra do Senhor, perturbando-lhe ainda mais a vida financeira e a convivncia familiar. Assim, ela ser obrigada a procurar um emprego, a fim de suprir as necessidades bsicas, afastando-se definitivamente das tarefas no Centro Esprita.

    No se esquea, continuou o perverso coordenador, de verificar na instituio algum cujas vibraes denotem desejo ardente em assumir um cargo, veja entre os prprios companheiros de Mrcia se h brechas nesse campo, quem sabe um desejo escondido, uma pontinha de inveja etc. Incentive-os a cobiar esta colocao, aproveite um daqueles dias em que os trabalhadores demonstram natural irritao, ocasionada pelas atividades frenticas da vida moderna, fazendo com que alguns comecem a se aborrecer com as orientaes da coordenadora. Faa brotar, entre eles, idias de que a responsvel pelas entrevistas gosta de mandar, aparecer, dominar! Assim, quando nossa querida irm abandonar o trabalho esprita, compelida pelo marido, outros estaro disposio, vidos pela disputa do cargo de entrevistador-mor, e os que forem reprovados certamente se afastaro melindrados. Os que ficarem no tero a mesma eficincia de nossa vtima, ser o fim do atendimento fraterno bem organizado daquela Casa.

    Plano perfeito!Vamos, ordenou o mandante perverso, no quero mais perder

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  • tempo! preciso valorizarmos as horas, o atendimento fraterno precisa ser desestruturado a qualquer preo!

    - Mas, senhor, disse o secretrio das sombras, no deveramos visitar primeiramente, como estava programado, o presidente da Casa juntamente com o diretor doutrinrio? No deveriam ser as primeiras vtimas de nossa perseguio?

    J esto sendo, respondeu o organizador astuto, medida que os departamentos forem atingidos por nossa influenciao, quando o funcionamento das tarefas comearem a se comprometer, havero de se preocupar e muito provavelmente se irritaro pouco a pouco, abrindo-nos o canal de influenciao. Preciso fazer com que a organizao esteja acima da fraternidade, a, ficar mais fcil nossa infiltrao. Brechas sero abertas por todos os lados, e nossas idias sero captadas com mais facilidade.

    Organizaremos o restante dos perseguidores para visitarem OS Outros dirigentes. Quero cuidar do caso Mrcia Boaventura com especial ateno.

    *

    Os obsessores deixaram a cidade das trevas em direo residncia do casal Boaventura.

    Mrcia, tarefeira no campo das entrevistas, permanecia junto s atividades domsticas. O marido, criatura azeda e difcil, desenvolvia ondas de impacincia e indignao pelo trabalho da esposa no Centro Esprita, argumentando:

    Mulher, voc tem que parar com essas coisas de Espiritismo, preciso pensarmos um pouco mais em nossa vida financeira. Quanto voc recebe do seu Centro pelas horas que empenha a servio do Espiritismo?

    Recebo a conscincia tranqila de ter realizado algo de bom em benefcio dos semelhantes.

    Basta! Disse o marido visivelmente irritado.Diga, quem que pe comida nesta casa? Quem que paga as

    despesas domsticas, e alm do mais, quem financia o transporte coletivo que lhe conduz ao Centro?

    E voc, meu bem, respondeu a esposa, procurando toler-lo. E contra-argumentou:

    Mas, veja, tenho cumprido com os meus afazeres, a casa permanece em ordem, nada lhe falta, fao todas as suas vontades. Do que que voc se queixa? S porque me dedico, algumas horas por semana, aos trabalhos voluntrios promovendo o bem?

    O homem rude, de vibraes densas, vencido por palavras calmas, lcidas e apoiadas na autoridade moral, calou-se pensativo. Foi nesse

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  • nterim que os adversrios da verdade o envolveram com estes pensamentos:

    igreja, v para a igreja, mostre a ela que voc mais caridoso. Se ela vai ao Centro, voc tambm pode ir aos cultos evanglicos. Deus precisa de voc!

    E sendo envolvido por pensamentos exteriores e porque desejasse sair de casa, desenvolveu as idias que lhe chegavam vagarosas.

    Horas mais tarde, Boaventura, ladeado por Jlio Csar e Gonalves, os intrpretes das trevas, adentrava luxuoso templo, desejando ouvir argumentos para libertar a esposa do Espiritismo.

    A igreja mantinha espao amplo e moderno, centenas de lugares disposio da massa de necessitados. Fisicamente inspirava respeito, espiritualmente, porm, era o refgio de entidades malficas, interesseiras, sensuais e exploradoras. Uma multido de espritos desequilibrados aguardava a turba de encarnados. Msicas envolventes eram compostas, nessa psicosfera espiritual, a fim de serem inspiradas aos compositores encarnados daquele agrupamento, com o objetivo de hipnotizar e envolver as mentes menos preparadas.

    O templo erguido em homenagem a Mamom, era administrado espiritualmente por Daniel, entidade que em sua ltima encarnao fundou inmeras seitas fanticas que exaltavam o dinheiro.

    Sentado em cadeira especial, representando um trono celeste ao centro do palco, o coordenador inferior, controlava todo o movimento das entidades malvadas.

    Daniel, notando a chegada de Jlio Csar, de sobressalto dirigiu-se ao seu encontro e, em posio de subservincia, declinou esta reverncia:

    Salve, grande Jlio Csar! Voc me conhece? Perguntou o grande perseguidor admirado.- Quem j no ouviu falar de figura to ilustre? Claro, que o

    conheo.Sei que o senhor um dos obsessores imediatos da falange da

    qual fao parte. Sei, tambm, que administra respeitvel cidade dedicada s obsesses. Tenho comigo as informaes bsicas do seu currculo, entre elas conheo a sua especializao em destruir centros espritas!

    Eu o admiro sinceramente! No fcil perseguir aqueles que tm conhecimento de como as coisas espirituais funcionam. Aqui, por exemplo, vez por outra os espritos da luz se apresentam arrebatando muitos dos nossos, mas os encarnados, trabalhadores deste ncleo, no dispem do intercmbio medinico ostensivo, da f raciocinada, da caridade pura, o que facilita muito o meu trabalho. Mas, quanto ao senhor trabalhando to de perto e to corajosamente junto aos tarefeiros dos centros espritas! Ah! Isso no para qualquer um!

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  • Seja bem-vindo em minha casa, quero que saiba: sou Daniel, desde agora seu servo.

    O mandante das trevas quase explodiu de tanta satisfao! Recompondo-se dos elogios do colega, falou-lhe desta forma:

    Estou agradecido, Daniel, pela sua hospitalidade, isso facilitar muito o meu trabalho. Ser recompensado por isso, falarei aos meus superiores da sua boa vontade em ajudar, da sua colaborao e certamente ser promovido.

    - No, senhor, replicou a entidade alucinada, no desejo promoo, sei o quanto as vagas na sua equipe so concorridas. Uma oportunidade ao seu lado, para mim j estar excelente, desejo mesmo aprimorar minhas condies de influenciao negativa.

    timo, disse Jlio Csar, ficar conosco sob as ordens de meu secretrio. Sua presena nos ser til.

    J que demonstra tamanha ateno para conosco, quero lhe falar dos nossos planos: preciso de sua ajuda para influenciar algum em especial. Est vendo aquele senhor na terceira fila direita?

    Sim, respondeu Daniel. Precisamos fazer com que fique completamente fascinado pelas

    idias que voc divulga aqui. A esposa dele, por realizar um trabalho que nos incomoda, quem desejamos atingir. Ela uma rocha moral, espiritualizada e dedicada ao prximo. No temos condies de atingi-la por vibrar em outras faixas, sintonizando constantemente com os mensageiros da luz. Por isso, estamos sendo obrigados a desenvolver verdadeira manobra, ocupando-nos um tempo precioso, mas valer a pena!

    Gostaria apenas que nos concedesse apalavra, que nos permitisse envolvermos o pastor, no momento do culto, para que nossas colocaes possam atingir Boaventura em cheio.

    Ah! quanto a isso o senhor no ter problema. Clodoaldo, nosso valoroso pregador encarnado, atende s nossas ondas mentais com muita facilidade; tambm ligado aos nossos interesses.

    Muito bem, concluiu Daniel, est autorizado! Entretanto, precisamos nos apressar, o culto vai comear em instantes.

    *

    Aquela seita edificara um rico templo em homenagem a Mamom. Fluidos de interesses materiais estavam impregnados por toda a parte, evidenciando a explorao humana. Entre os coordenadores encarnados, a sinceridade era inexistente, o desejo de servir despretensiosamente ali no existia, pessoas interesseiras foram atradas pelo comrcio da f. A cobia e a ambio dominavam os sentimentos dos representantes do templo, onde a palavra de Jesus

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  • deveria ser vivida, mas assim no acontecia. Entidades terrivelmente inferiores ensaiavam discursos para o culto. Pouco a pouco, a igreja era ocupada por pessoas com as mais variadas dificuldades. Muitas revestidas de f verdadeira, de mritos espirituais, de honestidade e amor, tambm se apresentavam engrossando as fileiras do luxuoso santurio.

    Prximo do incio das atividades, marchas musicais foram tocadas, preparando o psiquismo dos presentes.

    Terminado o show de msicas lgubres, figura esquisita adentrou no ambiente fsico, era Clodoaldo, o pastor chefe.

    De posse do livro sagrado dos cristos, a criatura austera, de intenes sombrias, contemplou demoradamente a extensa platia de necessitados, preparando-se para falar, quando foi envolvido pelos dois intrpretes das trevas, que lhe inspiraram este discurso:

    Meus irmos, os sofrimentos no mundo representam o castigo divino. Se voc sofre porque est em dbito com Deus e precisa saldar esta dvida. Ns, os pastores de Deus, recebemos um dom do eterno Pai, o de aliviar e at acabar com os sofrimentos; somos os mensageiros do Senhor!

    Entretanto, nada na vida de graa, Deus espera que voc faa a sua parte, d a sua cota de sacrifcio para se libertar dos problemas espirituais que lhe atormentam, e sobre o sacrifcio que vamos falar. preciso ter coragem para agradar a Deus, ter f para conquistar a simpatia de Deus, ser ousado nas rogativas dirigidas a Deus. Se voc quer se ver livre dos problemas, doe sua parcela de sacrifcio para a edificao do reino de Deus na Terra. E a igreja a casa de Deus, que precisa da sua contribuio para consolar a multido de desafortunados, filhos do Senhor.

    Estranha fora partia do pregador, poderosas vibraes magnticas prendiam a ateno do pblico.

    Jlio Csar estava transfigurado, ligara-se com planos mais inferiores, mentalizara a figura mtica de satans assumindo perispiritualmente a forma mitolgica, impressionando os adversrios do bem.

    Daniel, contudo, dizia:-Lindo! Que capacidade! Este meu mestre, meu mentor. Que as

    trevas lhe acompanhem, Jlio Csar! Gritava o novo discpulo, sustentando o camarada com pensamentos menos edificantes.

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  • E todo aquele, continuou o representante da maldade, que contribuir com Deus ter sempre o dobro. Portanto, quem mais doar, mais receber.

    *

    Neste momento, gritos de aleluia foram pronunciados pelos profissionais da f, incentivando o povo a concordar com os absurdos proferidos pelo pastor, que exaltava a insensatez.

    Boaventura estava impressionado, os olhos brilhavam maneira daqueles que esto brios de ambio; sentia-se atrado pelo pastor, notava ares de simpatia para com aquele homem. Clodoaldo, influenciado por Jlio Csar, ligou-se a Boaventura, olhando-o incessantemente, como se estivessem imantados por estranho magnetismo.

    O esposo de Mrcia no buscava algo espiritual verdadeiro, mas benefcios puramente materiais, como muitos dos presentes. Pensava na reforma da casa, em aumentar a renda domstica e, quem sabe, enriquecer com ajuda divina. Isso facilitava muito a atuao dos perseguidores.

    *

    Neste ponto, os adversrios espirituais comearam a gritar instigando a massa: Doem! Doem! Doem! Doem tudo! Tudo para o Senhor! Deus o nosso salvador! (risos)

    Estas palavras eram repetidas pelos trabalhadores encarnados. Via-se, nitidamente, mos encarquilhadas ofertarem os ltimos recursos, homens fortes ofertando o salrio do ms, mes desesperadas doando os ltimos centavos, engordando os cofres do santurio erguido a Mamom. O cenrio era triste, vrios espritos bons, penalizados, aguardavam a hora oportuna para ajudar.

    Terminado o momento do ofertrio, o pastor fez uma rogativa. As palavras pediam a Deus pelos necessitados, mas o corao contava as moedas! Entretanto, centenas de pessoas oravam com fervor, inmeras possuam mritos e, nesta hora, os benfeitores espirituais, que esto em toda parte, ali se apresentaram, atrados pelos pensamentos das pessoas nobres de sentimentos, colhendo os pedidos sinceros que, muitas vezes, numa exploso de fanatismo, eram feitos aos gritos; e, naquela algazarra, os verdadeiros espritos do Senhor, que no eram vistos ou percebidos pelos adversrios do bem, trabalhavam silenciosamente, anonimamente, promovendo passes magnticos nos enfermos, recolhendo obsessores, espritos recm-desencarnados, almas sofredoras e infelizes, num extraordinrio trabalho de

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  • benemerncia. Terminada a prece , muitos sentiam-se aliviados, atribuindo a melhora ou a cura aos poderes msticos do pastor.

    *

    Eram literalmente os falsos profetas, anunciados por Jesus. No processo de seleo em que a Terra se encontra, natural que Deus nos permita agirmos com liberdade, pois que estamos sendo classificados atravs dos prprios atos.

    Entretanto, nada foge lei de causa e efeito. Essas expresses dolorosas tero de ser consertadas pelos prprios enganadores. Mesmo em ncleos dedicados explorao humana, Deus direciona luzes, enviando os bons espritos para socorrer quantos clamarem sinceramente por misericrdia.

    *

    Jlio Csar, ladeando o porta-voz de Mamom, fortalecia-o no discurso mentiroso:

    Eu lhe solicito, Senhor, que aqueles que contriburam com a sua obra sejam especialmente abenoados e que os males espirituais sejam retirados, os demnios afastados. E, nesse instante, atores contratados caram ao solo, simulando manifestaes demonacas, sugestionando as mentes fracas, perturbadas pelos adversrios do bem, a repetirem os atos tresloucados. No plano espiritual as entidades debochavam, riam, divertiam-se da crendice popular, ao mesmo tempo em que muitos freqentadores encarnados ficavam temerosos, aguardando a expulso dos demnios pelo pastor que, pronunciando as palavras combinadas, afastou os espritos impuros dos atores, enquanto os ajudantes despertavam as mentes impressionadas, restabelecendo a ordem no ambiente fsico. Concluda a encenao, ainda fortemente envolvido pelos coordenadores das trevas, o pregador continuou:

    Vocs viram o poder do demnio? Mas o nosso poder maior! Aleluia! Aleluia!

    Todos aqueles que no tm f, caem nas garras de satans. Ele age de vrias formas, tendo sua morada nos centros espritas.

    Neste momento, Jlio Csar retirou-se ligeiramente do campo de ao do expositor da mentira, aconchegando-se a Boaventura, influenciando-o, para que as informaes o convencessem.

    O Espiritismo, continuou o orador das trevas, a doutrina do demnio, os espritas so adoradores da maldade, aqueles que abraam esta doutrina tm a vida atrasada, os homens que so casados com mulheres que trabalham neste movimento podem ser contaminados, o

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  • contrrio tambm verdadeiro; a residncia fica marcada e o diabo poder arrebat-los do dia para a noite. Se algum aqui possuir parentes freqentando ou trabalhando nestas casas, deixem os nomes para a reunio de libertao, onde afastaremos o demnio amarrando-o definitivamente, confinando-o no inferno, donde nunca deveria ter sado, livrando os lares desta indesejvel companhia. Sejam fortes, no dem trgua aos espritas, convenam os parentes, tragam-nos ao nosso templo. Todo aquele que consegue converter um irmo nossaf, cresce aos olhos de Deus.

    No tolerem as conversas espritas, satans quem orienta essas casas!

    Boaventura parecia estar em transe, e uma onda de dio, iniciada por Jlio Csar, invadiu-lhe a alma, fazendo-o refletir erroneamente, desta forma:

    Por isso, ento, permaneo na pobreza, esse o motivo de no conquistar nada materialmente. Mrcia vai me pagar!

    O mandante das trevas lanou o olhar para o pregador, ajudando-o a terminar a ridcula exposio, fazendo-o pronunciar estas palavras:

    O esprito de Deus est me dizendo que aqui h vrias pessoas com este problema, aqueles que possuem amigos ou parentes envolvidos com o espiritismo, por favor, levantem a mo.

    Dezenas de pessoas se apresentaram, o pastor, ento, se colocou disposio para, ao final do culto, conversar individualmente com aqueles que quisessem libertar os seus parentes do demnio, recuperando a paz familiar.

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  • 5Estimulando a Vaidade

    O plano de Jlio Csar fora muito bem executado! Clodoaldo conseguira convencer Boaventura, que permanecia inebriado pelas novas informaes recebidas. Os adversrios da paz comemoravam! Jlio Csar, conversando animadamente com o capataz, informou: Pronto! S nos resta aguardar, a semente foi lanada e a terra muito boa. Boaventura, de retorno ao lar, haver de infernizar nossa querida Mrcia, efetuando a discrdia, retirando, naturalmente, a esposa do equilbrio, O marido fantico haver de massacr-la, destruindo-lhe, pouco a pouco, a disposio para trabalhos espritas. A tarefa do atendimento fraterno perder uma de suas melhores cooperadoras! E agora, mestre? Perguntou Gonalves, desejando saber dos planos ntimos do mentor das sombras para a continuidade do processo de infiltrao.

    Agora, meu caro, cabe-nos verificar os grupos de assistncia espiritual!

    Mas, vamos abandonar o caso Mrcia Boaventura? Questionou o servo da maldade.

    No abandonaremos este processo, simplesmente precisaremos dar tempo ao tempo para que a semente do fanatismo, plantada na mente de Boaventura, germine; mais tarde retornaremos residncia da coordenadora do atendimento fraterno para as devidas verificaes. Esta operao, meu querido, requer muita pacincia. Todo cuidado pouco, a organizao e a cautela so a alma deste empreendimento. Toda infiltrao comea pequena, quase imperceptvel, para, depois, ganhar volume causando dor, destruio ou, pelo menos, inmeros Prejuzos!

    Caminhando lentamente ao lado do comparsa, com uma das mos tocando a fronte, como que recapitulando os prprios pensamentos, Jlio Csar informou:

    Nossas atenes, doravante, estaro voltadas para os grupos de fluido terapia. Deveremos fazer surgir entre eles a concorrncia e a disputa!

    Mas, senhor, perguntou o secretrio da maldade, como que conseguiremos penetrar no Centro Esprita? No dispomos de autorizao. Como iremos romper as barreiras protetoras do Centro? Como faremos para despistar os mensageiros da luz...

    Chega! Chega! Gritou o mandante. No v que me perturba com tantos questionamentos?

    Ora! Como vamos entrar? Aproveitaremos os desequilbrios

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  • humanos, as brechas, como o orgulho, a mesquinhez, o desejo de mando, a vaidade etc., etc., etc.

    Enquanto voc marca os passos, eu j recebi valoroso relatrio dos nossos comandados que permanecem junto de muitos tarefeiros encarnados. Eles tm livre acesso na Instituio, por serem acompanhantes usuais dos tarefeiros do Centro que no vivem a mensagem crist, que fazem parte dos grupos de fofoca, dos que so sempre do contra, daqueles que desejam reformar tudo e nunca esto satisfeitos com nada!

    Identificamos, em trs grupos, passistas que nutrem desejo ardente em desenvolver a faculdade de cura. Acreditam ser especiais, embora suas tendncias para o fanatismo permaneam controladas pela organizao e o estudo doutrinrio esclarecedor, contendo certas idias. No possuem, nem de longe, a rarssima faculdade de curar instantaneamente as enfermidades.

    Mas e a? Perguntou Gonalves. A, meu amigo, ns vamos dar a eles a faculdade de cura! Como assim? Simples! Aproveitando a brecha de inmeros tarefeiros,

    penetraremos na instituio. Dos assistidos que adentrarem a sala de passe e estiverem sob um processo obsessivo, e ainda, se esses obsessores fizerem parte de nossa extensa falange, solicitaremos que se afastem momentaneamente, causando uma cura, instantnea, aparente. O resto, se eu conheo bem a criatura humana, acontecer naturalmente.

    No entendi, disse Gonalves. O senhor pode explicar melhor? Fcil, meu querido, muitas pessoas no entendem o processo

    da mediunidade, no compreendem que os passistas so simples instrumentos, embora haja sempre uma parcela do magnetismo humano, e por desejarem agradecer os recursos recebidos, logo, logo o endeusamento bater s portas das salas de fluidoterapia, fazendo com que os passistas disputem entre si, quem dispe de maiores recursos magnticos.

    Ah!... Mestre! O senhor um gnio! Gonalves, alertou o obsessor chefe, preste bastante ateno:

    uma vez dentro da Instituio todo cuidado pouco. provvel que no veremos as entidades superiores laborando naquela Casa, provavelmente sentiremos certo desconforto psquico, pelo contraste das nossas vibraes. Dos cooperadores espirituais que pudermos enxergar, por trabalharem intimamente ligados nossa esfera de atuao, com objetivo de arrebatar muitos dos nossos, evite fixar-lhes o olhar, pois vibraes amorosas tentaro nos retirar do caminho. E se, porventura, lhe agarrarem, evite pensar naqueles que voc amou um dia, no se contamine com a fraternidade e muito menos deixe-se tocar pelas

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  • palavras doces e afetuosas que nossos adversrios certamente tentaro nos transmitir. Se uma fraqueza qualquer o envolver, chame por mim. Voc, ainda que com suas dificuldades no campo do intelecto, por demais valioso, alm de guardar informaes confidenciais deste nosso processo, e no desejo que o inimigo saiba de nossos planos mais ntimos. Desta maneira, vigia as emoes!

    *

    Tendo se dirigido para as portas da instituio, verificaram a proteo e a organizao da Casa, aguardando que os trabalhadores encarnados com quem se afinizavam se apresentassem para o trabalho. Foi nesse perodo que Maria Souza, tarefeira da fluidoterapia, adentrou o Centro, autorizando, pelos seus pensamentos e sentimentos pedantes, a entrada dos representantes da maldade no ncleo cristo. Estes, imantados servidora vaidosa, tomavam as providncias necessrias para a continuidade das infiltraes.

    *

    As entidades superiores sabiam de tudo e os acompanhavam discretamente sem que, no Centro, os inimigos da verdade pudessem perceb-las, permitindo, assim, a entrada livre, porm, monitorada de Jlio Csar e Gonalves que, para os trabalhadores da Casa Esprita, se converteriam em elementos de provas no campo dos ensinos de Jesus.

    *

    Penetrando a sala cujas atividades eram de assistncia espiritual, os malfeitores notaram a diferena fludica, as vibraes evidenciavam respeito e tranqilidade.

    No aspecto fsico, disciplina e seriedade dominavam o corao da maioria dos trabalhadores. Entidades amigas, quais enfermeiros espirituais, ladeavam os passistas a fim de ajud-los na transmisso de energias refazedoras, num trabalho cristo e annimo.

    Maria Souza desenvolvia vontade sincera em ajudar, mas o sonho de ser uma grande magnetizadora, uma extraordinria mdium de cura, atrapalhava-lhe as boas disposies, pois o pedantismo lhe anulava as melhores intenes, impedindo-lhe a produo de sentimentos sublimes, ficando no comum das pessoas, sobrecarregando a equipe espiritual, que, aproveitando apenas alguns poucos recursos magnticos, fazia todo o trabalho.

    *

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  • Iniciada a sesso de passes, uma senhora curvada, gravemente envolvida por uma turba de obsessores, sentou-se com muita dificuldade na cadeira onde Maria haveria de ministrar a fluidoterapia. Os amigos espirituais envolveram quanto possvel os obsessores, recolhendo-os amorosamente para o socorro devido, contudo, outros, mais endurecidos, permaneciam ligados enferma por estarem profundamente comprometidos com o seu passado delituoso. A assistida somente se libertaria por completo atravs do esforo ntimo, pela transformao moral qual, em verdade, no se dedicava.

    Jlio Csar, analisando as vibraes do coordenador daquele caso, notou pertencer sua categoria espiritual e, aps as conversaes preliminares, acrescentou:

    O camarada certamente me conhece, no? Claro, Jlio Csar, claro! O que quer de mim? Pequenos favores. Favores? De graa? No, meu amigo, ser recompensado, digamos que ser troca

    de gentilezas. Pode dizer, o que ? Preciso que voc e sua equipe abandonem esta mulher. O qu? Nunca! Ser momentneo, pela nossa causa. Conhece meus

    superiores! Em nome deles, estou me empenhando na destruio deste Centro e preciso de sua...

    Ah! Por que no disse antes? E para destruir esta Casa maldita? Ento, tem todo meu apoio. Graas a este terrvel templo de amor no consigo concluir o meu plano. Se esta criatura continua em p, por causa destas energias e das preces que tem recebido desta odiosa instituio. Jlio, meu caro, ter toda minha ajuda. Ficaremos longe dela... vejamos... seis meses, est bem? Nenhum dia a mais, est ouvindo?

    Mas em troca, continuou o obsessor mercenrio, aps o vencimento deste prazo, voc me ceder vinte trabalhadores seus bem treinados, pelo tempo equivalente minha ausncia junto a esta infeliz. O que me diz?

    Negcio fechado, finalizou o arquiteto da maldade.Enquanto o passe era transmitido, os espritos perseguidores

    daquele caso saam silenciosamente.

    *

    Os amigos espirituais atentos, tambm se retiraram discretamente, aproveitando a trgua interesseira dos malfeitores, para tentar libert-los

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  • da idia de maldade e vingana. Mobilizaram, ento, equipes socorristas, conseguindo encaminhar muitos adversrios para o intercmbio espiritual.

    *

    Porm, a mulher que adentrou a sala, curvada, recuperava a postura correta como que de imediato, readquirindo certa vitalidade. Quando se viu liberta daquelas influncias, num desejo de agradecer, agarrou a mo da passista, beijando-a e lanando estas palavras de gratido:

    Deus abenoe a senhora! Sua mediunidade fantstica, agora eu sei! Estou livre, voc uma santa! Estas atitudes da assistida romperam as normas de silncio e discrio que a Casa Esprita solicitava, tumultuando momentaneamente o trabalho. O dirigente encarnado aproximou-se contendo os excessos, imprimindo ordem e disciplina no ambiente.

    Jlio Csar acompanhou o trabalho de Maria Souza durante vrias semanas, fazendo com que casos semelhantes a estes fossem repetidos; para isso oferecia cargos, favores e retribuies aos obsessores, provocando nela a certeza de que finalmente havia desenvolvido a faculdade de cura.

    Em pouco tempo, certos cooperadores deixaram-se envolver e contaminar pelo cime, inveja e intolerncia!

    Maria Souza tornara-se valioso instrumento de atuao do obsessor chefe que a envolvia nestes pensamentos:

    Voc, realmente, mdium de cura e eu sou o seu mdico, seu mentor!

    Estamos nos colocando disposio para um novo trabalho nesta Casa, desejamos desenvolver aqui grandes trabalhos de cirurgia espiritual, voc ser famosa, seu nome ser divulgado largamente e todos havero de respeit-la.

    Entretanto, muitos invejosos desejaro tir-la da misso, por isso afaste-se daqueles que quiserem analisar as suas produes. No resto, conta conosco.

    *

    A mdium curadora, contaminada pela presuno, jespalhava aqui e acol, suas novas capacidades e em pouco tempo os assistidos j disputavam uma vaga junto sua cadeira para receber os passes curadores.

    Na sala, a competio estava instalada. Vrios companheiros

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  • invigilantes caram na armao das trevas, esquecendo-se de que o trabalho em qualquer rea solicita discrio e fraternidade.

    Alguns perdiam-se na indignao, afirmando que a curadora, na realidade, era anmica, vaidosa, orgulhosa e deveria ser banida do grupo.

    Outros formavam pequenos grupos em favor da passista fascinada. Alm das fofocas que percorriam, a galope, os corredores.

    Era o incio de uma sria perturbao espiritual, que daria muito trabalho diretoria doutrinria do centro.

    Espiritualmente, Jlio Csar permanecia eufrico, porque agora j havia lanado dvidas e problemas em dois importantes departamentos.

    *

    O processo dedicado destruio da Casa Esprita prosseguia. Os instrutores espirituais do agrupamento cristo permaneciam atentos, acompanhando o caso de infiltrao, respeitando, contudo, o livre-arbtrio dos trabalhadores encarnados, ensejando-lhes a oportunidade de colocar em prtica os ensinos cristos.

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  • 6Interveno Superior

    O perseguidor, porm, continuava implacvel. Aps ter lanado a discrdia na equipe da fluidoterapia, continuava a se preparar para o envolvimento dos grupos medinicos propriamente ditos. Agora, os mdiuns ostensivos que seriam experimentados. Os invasores das sombras julgavam-se livres dos protetores espirituais. Sentiam-se fortalecidos no desejo de dominar o Centro Esprita, por permanecerem imantados aos trabalhadores que ofereciam brechas neste ou naquele campo. Entretanto, quando se preparavam para invadir um grupo de desobsesso, foram fortemente barrados por alguns espritos bons, impedindo-lhes o acesso na reunio de orientao e libertao espiritual. Jlio Csar no se continha, esbravejava lanando palavras ofensivas ao grupo, alm de fluidos nocivos que eram neutralizados pela atuao positiva dos benfeitores espirituais.

    O agrupamento dedicado desobsesso era composto de pessoas graves e idealistas, o que naturalmente lhes garantia o amparo, livrando-os dos adversrios perturbadores das tarefas.

    Enquanto o malfeitor protestava, os amigos espirituais aguardavam em silncio que o irmo perturbado fosse vencido pelo cansao. Ainda no era o momento de dialogar com o terrvel perseguidor. As entidades amigas aguardavam a hora adequada para a interveno junto ao agente da destruio.

    Gonalves afastou-se momentaneamente para dar algumas ordens aos outros espritos desordeiros, quando valoroso tarefeiro, fazendo-se visvel, aproximou-se dirigindo-lhe carinhosamente estas orientaes:

    - Meu filho, a paz de Jesus te envolva. Desejamos te abraar, falando-te do nosso desejo em compartilhar contigo das alegrias espirituais. Vejo em teus olhos sofrimento, em tua face amargura, tua alma pede socorro, ests cansado de lutas inteis e de sofrimentos intensos.

    E do peito do benfeitor partiam jatos de fluidos amorosos, envolvendo o capataz do mal nas mais sublimes energias.

    O adversrio, contudo, lembrou-se da advertncia do chefe quanto s tentativas dos apstolos da luz em tentar arrebat-los e, em desespero, comeou a gritar pelo nome do seu mestre, solicitando-lhe ajuda.

    O representante da discrdia, porm, estava por demais ocupado, esbravejando com os coordenadores espirituais da reunio de desobsesso, ficando impossibilitado de ouvir o pedido de socorro do camarada.

    A entidade amiga envolveu o auxiliar da discrdia em ternas

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  • vibraes e, porque no suportasse as irradiaes amorosas, o contraste energtico causou-lhe um torpor, uma sonolncia irresistvel, caindo, por fim, nos braos amorveis do socorrista que o conduziu para uma das inmeras reunies de desobsesso do Centro.

    A equipe espiritual superior almejava, com isso, oferecer aprendizado aos encarnados, ao mesmo tempo em que agilizava a tarefa socorrista, valendo-se do ambiente fludico equilibrado, do amor verdadeiro e da imantao medinica que permitiria ao adversrio permanecer parado, por alguns instantes, e em estado de lucidez para ouvir as palavras inspiradas do dialogador. O amigo espiritual que o amparou adentrou a sala bastante confiante, verificando junto aos companheiros de tarefa a possibilidade de atendimento naquela noite.

    Aps saudao fraterna, fez este pedido: Caros amigos, temos um caso delicado que precisa de ajuda

    urgente. Este, a quem amparo cuidadosamente, trata-se do assistente de Jlio Csar, aquele que implantou um processo de infiltrao neste Templo.

    Conseguimos envolver este irmo em doces vibraes e precisamos atend-lo neste momento, aproveitando o estado de adormecimento em que se encontra, graas aos nossos recursos magnticos, para efetuarmos a ligao medinica.

    Sei das chances mnimas de uma libertao imediata; compreendo o estado doentio de sua mente, entendo o seu corao perdido na ignorncia e mergulhado no dio; no ignoro, ainda, os pensamentos contaminados pela vaidade; contudo, preciso ajud-lo nos primeiros passos para sua prpria reabilitao.

    Permanece enganado quanto ao nosso processo de reequilbrio aplicado s criaturas perdidas no caminho. Guarda a idia de que somos carrascos trabalhando em nome do Cristo. Aquele a quem mantm como chefe inventou mentiras, a pretexto de impedir-lhe o rompimento dos grilhes que o prendem s regies inferiores.

    *

    O dirigente espiritual da reunio, sensibilizado e consciente da urgncia do caso, colocou o auxiliar da maldade na lista de atendimentos, enquanto valorosa equipe de cooperadores espirituais verificava, entre os mdiuns presentes, os que ofereciam afinidade fludica para o delicado atendimento.

    A sala medinica estava respeitavelmente preparada, os medianeiros cultivavam sentimentos elevados, inmeros benfeitores providenciavam a segurana da reduzida assemblia dedicada ao sagrado intercmbio espiritual. Esclarecimento, boa vontade e dedicao dos mdiuns, prometiam trabalhos intensos naquela noite.

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  • *

    Dos fenmenos medinicos, nada se compara s realizaes da mediunidade educada colocada a servio do socorro espiritual.

    A reunio comeou rigorosame