A relação da categoria unidade hospitalar e profissionais de...

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Universidade de Brasília – UnB Faculdade de Ciências da Saúde – FS Departamento de Saúde Coletiva – DSC Curso de Graduação em Saúde Coletiva Natasha Amin Santos A relação da categoria unidade hospitalar e profissionais de saúde na pesquisa de satisfação do usuário em um Hospital Público de Brasília Brasília, 2014

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Universidade de Brasília – UnB

Faculdade de Ciências da Saúde – FS

Departamento de Saúde Coletiva – DSC

Curso de Graduação em Saúde Coletiva

Natasha Amin Santos

A relação da categoria unidade hospitalar e profissionais de saúde na pesquisa de satisfação do usuário em um Hospital Público de Brasília

Brasília, 2014

Natasha Amin Santos

A relação da categoria unidade hospitalar e profissionais de saúde na pesquisa de satisfação do usuário em um Hospital Público de Brasília

Relatório técnico apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de Graduação em Gestão em Saúde Coletiva, na Universidade de Brasília.

Orientador: Prof. Dr. Éverton Luis Pereira

Brasília, 2014

Agradecimentos

Esse relatório técnico representa um marco na minha vida, tanto pessoal

quanto acadêmica. Foi muito difícil articular minhas atribuições e ao mesmo

tempo dar atenção a família, ao namorado e aos amigos. Desde o início da

minha graduação muitas pessoas me incentivaram outras acharam uma

loucura realizar duas faculdades concomitantes, mas principalmente, me

apoiaram nos meus mais loucos sonhos, me aconselharam e caminharam

comigo nessa árdua jornada. Por esses motivos, agradeço especialmente:

A Deus que ilumina e guia o meu caminho.

Aos meus queridos Pais que sempre me apoiaram incondicionalmente e me

deram um puxão de orelha quando necessário.

Ao Leonardo meu namorado que me deu força, apoio e incentivo durante esse

percurso.

Aos meus irmãos Diego e Yago que pegaram no meu pé durante toda a

graduação.

A minha amiga Ana Letícia que esteve ao meu lado nos momentos que mais

precisei.

Aos meus amigos e colegas da II turma de Gestão em Saúde Coletiva –

UnB e da III turma de Enfermagem da Escola Superior de Ciências da

Saúde – ESCS os quais passamos boa parte do curso juntos, construímos

uma bela amizade e vivemos momentos inesquecíveis.

Aos meus queridos professores que contribuíram com o meu crescimento

profissional e pessoal.

Ao meu orientador Éverton o qual acreditou e me incentivou nessa longa

jornada de conclusão de curso.

A Ouvidoria do Hospital de Base de Brasília pelo aprendizado adquirido

enquanto estagiaria.

Em especial gostaria de agradecer a Myrtes e o Roberto pela significativa

colaboração para o desenvolvimento desse trabalho.

Aos meus amigos e familiares que muitas vezes a distância sei que torcem

por mim.

“Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente A gente muda o mundo na mudança da mente

E quando a mente muda a gente anda pra frente E quando a gente manda ninguém manda na gente

Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura Na mudança de postura a gente fica mais seguro Na mudança do presente a gente molda o futuro”

Gabriel, o pensador – “Até quando?”

Resumo

A Ouvidoria Ativa é uma estratégia de fortalecimento da participação social,

desenvolvida por meio da Pesquisa de Satisfação do Usuário, onde pode ser

avaliada a dimensão subjetiva da percepção do usuário sobre os serviços

prestados pelas unidades de saúde. Trata-se de um estudo de caráter

exploratório e retrospectivo com abordagem qualitativa e quantitativa de base

territorial com coleta de dados secundários. O presente estudo colheu os dados

referentes ao período de Abril a Julho de 2014, a respeito da Pesquisa de

Satisfação do Usuário, fornecido pela Ouvidoria do HBDF, sendo

disponibilizados 188 questionários, dos quais 120 responderam a parte

discursiva referente ao conteúdo do campo de sugestões e observações. Este

trabalho objetiva analisar o resultado da pesquisa de satisfação do usuário

realizado pela Ouvidoria do HBDF, baseado nas unidades hospitalares

relacionando com o atendimento profissional prestado. Buscou-se também,

identificar os aspectos positivos e negativos em relação às variáveis: (i)

unidade Hospitalar, (ii) profissionais de medicina, enfermagem e nutrição;

categorizar as livres manifestações a respeito da atuação profissional da

medicina, enfermagem e nutrição; e construir uma proposta de gestão de

pessoas. Concluímos com essa pesquisa que a qualidade do atendimento

executado pelos profissionais da área de saúde que atuam no setor de

internação do Hospital de Base do Distrito Federal foi conceituada como ótimo,

de modo geral. Entretanto, na parte subjetiva houve manifestações positivas e

negativas.

Palavra-chave: Participação Social; Humanização; Ouvidoria; Ouvidoria Ativa.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 9

2 REVISÃO TEÓRICA ........................................................................... 12

2.1 ORIGEM DA OUVIDORIA ............................................................ 12

3.2 O PAPEL DA OUVIDORIA NO SUS ............................................. 13

3.3 IMPORTÂNCIA DA OUVIDORIA NA PARTICIPAÇÃO SOCIAL E

NA GESTÃO DO SUS ................................................................................... 14

3.3.1 Modelo de assistência à Saúde ............................................. 15

3.3.2 As instituições hospitalares no SUS ...................................... 16

3.3.3 A ouvidoria em um hospital .................................................... 17

4 MÉTODOS .......................................................................................... 18

4.1Tipos de estudo ............................................................................. 18

4.2 Local ............................................................................................. 19

4.3 Procedimentos de coleta e análise de dados ............................... 20

4.4 Procedimentos Éticos ................................................................... 21

5 RESULTADOS .................................................................................... 23

5.1 DADOS QUANTITATIVOS ........................................................... 23

5.1.1 AVALIAÇÃO DO USUÁRIO EM RELAÇÃO AOS

PROFISSIONAIS MÉDICOS ..................................................................... 23

5.1.2 AVALIAÇÃO DO USUÁRIO EM RELAÇÃO À EQUIPE DE

ENFERMAGEM ........................................................................................ 27

5.1.3 AVALIAÇÃO DO USUÁRIO EM RELAÇÃO À EQUIPE DE

NUTRIÇÃO E DIETÉTICA HOSPITALAR ................................................. 32

5.2 DADOS QUALITATIVOS .............................................................. 38

6 DISCUSSÃO ....................................................................................... 39

6.1 Qualidade do atendimento............................................................ 39

6.2 Atendimento médico ..................................................................... 41

6.3 Atendimento da equipe de enfermagem ....................................... 42

6.4 Nutrição e dietética hospitalar ...................................................... 44

6.5 Avaliação do questionário ............................................................. 45

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 47

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................... 49

ANEXO .................................................................................................. 54

9

1 INTRODUÇÃO

Ao longo do processo histórico, a participação popular buscou meios de

reagir à repressão e à indiferença das classes sociais mais favorecidas,

oriundas da sociedade capitalista. As camadas populares sofriam pela

invisibilidade do Estado para com as suas demandas (SCLIAR, 2012). Desta

forma, o Brasil discutiu a garantia da participação social no Decreto n° 7508 de

2011 o qual propõe o estabelecimento de estratégias que incorporem a

avaliação do usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) como ferramenta de

sua melhoria (MACHADO, 2009).

Um dos desafios para a melhoria da atenção a saúde da população no

âmbito da gestão federal do SUS é o fortalecimento da gestão democrática e

do controle social. A política “Participa SUS” aborda que a gestão participativa

deve se constituir como estratégia transversal, presente nos processos

cotidianos da gestão do SUS, e o seu desafio é realizar mais que o controle

social representado pelos Conselhos e Conferências de Saúde (BRASIL,

2004).

Uma ferramenta que proporciona a participação social, na perspectiva

filosófica discutida por Ayres (2005), é a humanização. Esta, por ser um ideal

de construção de uma livre e inclusiva manifestação dos diversos sujeitos no

contexto da organização das práticas de atenção à saúde, permite a mútua

compreensão entre os usuários e a construção consensual dos valores,

deveres e verdades que reflete a conjuntura social, econômica, política e

cultural (AYRES, 2005).

A Ouvidoria é um instrumento que garante a humanização dos serviços

de saúde e exerce uma forma de controle social, e também é um canal de

escuta permanente das opiniões e demandas da população (BRASIL, 2004).

Desta forma, estabelece um canal direto de comunicação com o usuário do

SUS, onde é possível obter informações úteis a respeito do conhecimento da

qualidade dos serviços de saúde do sistema, auxiliar no aperfeiçoamento da

gestão pública da saúde, na tomada de decisões dos gerentes e gestores

10

públicos e melhorar as características do atendimento prestado (BRASIL,

2010).

O conceito de Ouvidoria Ativa é a promoção de estratégias eficazes de

escuta ao cidadão, não somente pelos canais de acesso, mas também por

meio da busca ativa de informações subsidiando, desta maneira, a gestão e o

controle social (BRASIL, 2010).

A Pesquisa de Satisfação do Usuário é uma das estratégias utilizadas

para implementar a Ouvidoria Ativa (BRASIL, 2010). Os estudos de Satisfação

dos Usuários foram desenvolvidos no Brasil a partir da década de 90, em

virtude do fortalecimento do controle social que ampliou a participação da

comunidade nos processos de planejamento e avaliação do SUS

(ESPERIDIÃO, 2006).

É necessário, para o desenvolvimento do estudo, abordar o conceito de

satisfação como sendo o grau de contentamento – ou de alcance de

expectativa – de uma pessoa frente à determinada situação, serviço ou mesmo

outros indivíduos. Assim sendo, satisfação não é um conceito fixo para a

população, ela pode ser diferente para cada indivíduo. Além disso, a satisfação

pode ser um elemento importante para a reflexão nas esferas de consolidação

da gestão em saúde. Por um lado a satisfação aponta a posição do sujeito

frente a determinadas expectativas e por outro mostra, mesmo que de forma

unilateral, a avaliação de um serviço de saúde.

No contexto da saúde, a satisfação tem como costume avaliar diversos

aspectos em relação ao acesso, qualidade, atendimento recebido pelos

profissionais, estrutura física e organizacional. Outro aspecto avaliado pela

satisfação, a qual verifica o canal de comunicação, é a interação entre

profissional e usuário (BRASIL, 2010; ESPERIDIÃO, 2006).

Nesse sentindo, a Ouvidoria do hospital público que foi campo de estudo

deste trabalho utiliza um formulário específico (ANEXO), que serve como

instrumento de pesquisa de satisfação. Esse formulário é dividido em cinco

campos de preenchimento: (i) identificação da unidade hospitalar avaliada, (ii)

classificação dos setores, (iii) classificação do atendimento prestado pelos

11

profissionais de saúde (medicina, enfermagem e nutrição), (iv) espaço para

observações e sugestões, por último, (v) espaço opcional de identificação. A

Ouvidoria é responsável pela distribuição, coleta, armazenamento e análise do

formulário visando contribuir para a gestão hospitalar.

A Ouvidoria Ativa é uma estratégia de fortalecimento da participação

social. Ela busca analisar a dimensão subjetiva da percepção do usuário a

respeito do serviço prestado, por meio da Pesquisa de Satisfação do Usuário

fortalecendo, desta forma, a participação do cidadão e o controle social

(BRASIL, 2010).

Este estudo surgiu a partir da demanda de aprimoramento dos dados

referentes a Pesquisa de Satisfação implantada pela Ouvidoria do Hospital de

Base do Distrito Federal. O presente trabalho objetiva analisar a pesquisa de

satisfação do usuário da ouvidoria, baseado nas unidades hospitalares

relacionando como o atendimento profissional prestado. Buscou-se também,

identificar os aspectos positivos e negativos em relação às variáveis (i) unidade

Hospitalar, (ii) profissionais de medicina, enfermagem e nutrição; categorizar as

livres manifestações a respeito da atuação profissional da medicina,

enfermagem e nutrição; e construir uma proposta de intervenção. Este

relatório aponta que os usuários do setor de internação do Hospital de Base do

Distrito Federal classificam de modo geral a qualidade da atenção dos

trabalhadores de saúde como ótima.

Venho com este relatório técnico, auxiliar na construção de uma base

para orientar o gerenciamento hospitalar e contribuir com a qualidade do

atendimento prestado ao usuário.

12

2 REVISÃO TEÓRICA

2.1 ORIGEM DA OUVIDORIA

No século XVII, surgiu na Suécia a moderna concepção de ouvidoria,

criada para receber queixas e reclamações e fiscalizar a aplicação das leis por

parte dos funcionários públicos em virtude da ampliação dos direitos do

cidadão diante do poder do Estado. Nasce a primeira expressão formal,

Ombudsman, ou seja, ombud que significa procurador ou representante e man

(homem), possui o mesmo significado de ouvidor (NORÕES, 2002).

No Brasil a figura do “ouvidor” remete ao período colonial, o qual

reportava a coroa portuguesa os acontecidos da colônia¹. (MINAS GERAIS,

2008).

O tema a respeito do papel do ouvidor volta a ser debatido apenas em

1960, com as discussões visando o estabelecimento de canais de escuta da

população, principalmente nas áreas de saúde e previdência social1.

Entretanto, com o começo da ditadura militar, em 1964, houve a opressão da

voz do cidadão (MINAS GERAIS, 2008).

De forma lenta e gradual ressurgem os primeiros sinais de abertura

democrática e, com isso, retoma o debate a respeito da concepção dos canais

de comunicação entre a estrutura de poder e a população. Sendo assim, as

ouvidorias ressurgiram como reflexo do processo de redemocratização e

abertura dos canais de comunicação entre a população e as instituições. A

década de 80 foi um marco da democracia, do respeito aos direitos sociais e do

desenho do organograma do sistema de saúde brasileiro com a Constituição

Federal em 1988, conhecida também como Constituição Cidadã (COHN,

2009). Posteriormente, houve a aprovação da Lei Orgânica de Saúde, lei n°

8080/90 e n° 8142 de 1990, originando o Sistema Único de Saúde, definindo as

diretrizes – descentralização, regionalização, hierarquização – e os princípios –

universalidade, integralidade, equidade e participação social (VASCONCELOS

& PASCHE, 2006).

1 site: http://ouvidoria.mp.ms.gov.br/portal/oquee.html

13

Foi a X Conferência Nacional de Saúde (CNS), realizada em 1996 que

emitiu um parecer favorável para a criação das ouvidorias. Em 2003, a XII CNS

contribuiu para a construção da política nacional de ouvidoria do SUS. Esta

refere-se à implementação do processo de escuta continuada nas três esferas

do SUS visando ao fortalecimento do controle social e da participação na

gestão (CARVALHO, 2009).

No Brasil a implantação da ouvidoria na área da saúde ocorreu tanto no

âmbito governamental quanto institucional. Compreende-se a ouvidoria como

uma forma de inovar a administração das organizações permitindo a

descentralização e desenvolver a democratização local (PEREIRA, 2002).

Desta maneira, a Ouvidoria em Saúde foi criada com a missão de

assegurar um canal que possibilita ouvir as manifestações do cidadão acerca

do atendimento prestado, buscando a qualidade na prestação dos serviços de

saúde e a participação na gestão (PEREIRA, 2002).

3.2 O PAPEL DA OUVIDORIA NO SUS

O Sistema Único de Saúde é um arranjo organizacional que pode ser

entendido como uma “Política de Estado” materializada por meio da

Constituição Cidadã ao considerar a saúde como um “direito de cidadania e um

dever do Estado”. Então cabe ao Estado a responsabilidade política e social

para melhorar as condições de vida da população por meio da promoção, da

proteção, da recuperação e da reabilitação a saúde (VASCONCELOS &

PASCHE, 2006; PAIM, 2008).

A Reforma Sanitária Brasileira (RSB) incorporou na sua base jurídico-

legal a concepção ampliada de saúde2 explicito no artigo 196 de 1988, que

afirma: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante

políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de

outros agravos e ao acesso igualitário às ações e serviços para sua promoção,

proteção e recuperação”. Desta forma, a RSB originou o Sistema Único de

2 O conceito ampliado de saúde envolve o sujeito e suas relações com o ambiente e a

sociedade e na formulação de políticas compreendendo a atenção a grupos específicos.

14

Saúde baseado no conceito ampliado de saúde (VASCONCELOS & PASCHE,

2006; PAIM, 2008).

Um dos instrumentos que incorpora o conceito ampliado de saúde e zela

por canais democráticos de comunicação é a Ouvidoria do SUS, tanto para

usuários dos serviços de saúde públicos como usuários do serviço privado.

Esse instrumento garante ao cidadão a oportunidade de participação na

gestão pública em saúde. Ele permite repensar as práticas cotidianas e atua

como um canal direto de comunicação entre o cidadão e os produtores dos

serviços (trabalhadores de saúde e gestores) (TEIXEIRA, 2011).

Diante disso, as ouvidorias representam uma ferramenta que devem

estar organizadas de modo a apoiarem os princípios e diretrizes do SUS, assim

como, atender, de forma gratuita, as demandas de todo cidadão (PEREIRA,

2002). Acrescenta-se ainda, que essa alternativa eficiente de informação e

escuta da população fortalece o SUS e a defesa do direito à saúde permitindo

melhorar a qualidade na prestação dos serviços de saúde, a participação social

e a gestão participativa (BRASIL, 2009).

3.3 IMPORTÂNCIA DA OUVIDORIA NA PARTICIPAÇÃO SOCIAL E NA

GESTÃO DO SUS

A ampliação de espaços públicos e coletivos é uma maneira para

promover a participação social efetivando a gestão participativa 3. A ouvidoria é

uma alternativa para a escuta da população, contribui com a divulgação das

prestações de contas e dos relatórios de gestão, sendo assim, é uma forma de

qualificar a gestão do SUS através da ampliação dos canais de comunicação.

É um meio que possibilita a participação individual e subsidia as políticas de

saúde no nível local de ação que caracteriza a gestão participativa

(CARVALHO, 2009; COELHO, 2012).

3 A participação social, no entanto, não pode estar restrita a essas instâncias

formalizadas para a participação cidadã em saúde. Esta deve ser valorizada e incentivada no dia-a-dia dos serviços do SUS (BRASIL, 2011).

15

Desta forma, a ouvidoria visa o atendimento das necessidades da

população de maneira transparente garantindo que a demanda dos usuários

contribua para o reconhecimento das falhas institucionais (problema de

racionalidade, de ética e de comportamento funcional), possibilitando auxiliar

na gestão da atenção a saúde e o acesso a transparência no SUS

(CARVALHO, 2009; BRASIL, 2009).

3.3.1 Modelo de assistência à Saúde

O sistema de atenção à saúde é oriundo de respostas sociais às

necessidades de saúde da população baseada na situação de saúde,

demográfica e epidemiológica. De acordo com a portaria n° 4279 de 2010, o

modelo assistência é um sistema lógico que organiza o funcionamento da Rede

de Atenção a Saúde (RAS) permite uma organização poliárquica (vinculada por

uma missão e objetivo comum), ação coordenada pela Atenção Básica a

Saúde, humanização e responsabilidade sanitária e econômica (MENDES,

2010).

Este sistema desenhado em RAS possui três eixos de atenção: primária,

secundária e terciária. A Atenção Primária à Saúde (APS) ou Atenção Básica à

Saúde (ABS) – termos empregados aqui como sinônimos - caracteriza-se por

ser um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que

compreende a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o

diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção

da saúde objetivando desenvolver uma atenção integral (BRASIL, 2012). Já a

atenção secundária a saúde são serviços ambulatoriais com especialidades

clínicas e cirúrgicas, apoio diagnóstico e terapêutica. Por último, a atenção

terciária são serviços hospitalares de alta complexidade (de caráter regional,

estadual ou nacional) (CECILIO, 1997).

16

3.3.2 As instituições hospitalares no SUS

Historicamente, ocorreu a supervalorização do modelo hospitalocêntrico,

por esse, representar uma proposta médico hegemônico e curativo produtor de

procedimentos com elevados custos centrado no interesse do mercado. Nesta

perspectiva, a atenção hospitalar desconsiderava os determinantes e os

condicionantes sociais do processo saúde-doença, dessa maneira, esse

modelo era incapaz de prestar uma atenção continua a população (LÓPEZ,

2004; MALTA & MERHY, 2010).

No aspecto organizacional, o resultado dessa supervalorização das

instituições hospitalares acarreta um isolamento dessas em relação ao sistema

de saúde, “tanto no que se refere ao dimensionamento e adequação da sua

oferta de serviços, quanto às medidas de regulação do sistema e de avaliação

dos resultados obtidos e da sua eficiência” (LÓPEZ, 2004, p. 13).

Atualmente as instituições hospitalares são caracterizadas como: “uma

Instituição complexa, com a presença de diversos pontos de atenção, voltada

para o manejo de eventos agudos com incorporação tecnológica compatível

com a sua atuação, eficiente, eficaz, dotado de ambiência física compatível

com suas funções e acolhedora para seus usuários” (CONASS, 2013, p. 3).

Um dos principais temas de debate acerca da assistência a saúde brasileira

é a Atenção Hospitalar e, esta, faz íntegra a RAS, quer pela oferta de seus

serviços de média e alta complexidade, quer pelo elevado volume de recursos

humano, tecnológico e financeiro. Conclui-se, portanto, que a Atenção

Hospitalar é relevante para a organização poliarquica da RAS, coordenada pela

Atenção Básica, que visa pela melhoria da saúde da população (MENDES,

2010; LÓPEZ, 2004).

17

3.3.3 A ouvidoria em um hospital

A ouvidoria no âmbito hospitalar é uma conquista democrática, em

decorrência das lutas sociais que “possibilitou ao usuário sair do anonimato e

estabelecer a comunicação entre este e a gestão do hospital, promovendo a

participação da sociedade nas políticas públicas” viabilizando a identificação

dos problemas e melhorar a gestão administrativa, aprimorando a qualidade do

atendimento prestado (PEREIRA, 2011, p. 16).

As ouvidorias hospitalares foram implantadas como uma das formas

pelas quais os hospitais podiam auscultar os “dizeres” sobre a qualidade de

seu atendimento. Constitui-se, portanto, uma modalidade institucional para

verificar as suas falhas.

Nesse sentido, a Ouvidoria é um instrumento que reafirma os princípios

e diretrizes do SUS e aprimora o atendimento aos usuários. Com isso, integra a

participação social e a gestão hospitalar ao processo de Humanização do SUS.

18

4 MÉTODOS

4.1Tipos de estudo

Este foi um estudo exploratório-descritivo-retrospectivo com abordagem

qualitativa e quantitativa de base territorial com coleta de dados secundária,

realizado nos meses de Julho a Agosto, referente aos meses de Julho a

Agosto, na Ouvidoria do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Este

trabalho surgiu a partir da demanda de aprimoramento dos dados desse setor

na realização do Estágio Curricular Obrigatório II do curso de Gestão em

Saúde Coletiva da Universidade de Brasília.

A pesquisa exploratória, segundo Gil (2010), visa explicitar e

proporcionar maior entendimento de um determinado problema, o qual, o

pesquisador busca um maior conhecimento a respeito do tema em estudo. A

pesquisa descritiva, de acordo com Rudio (2003, p. 71), “está interessada em

descobrir e observar fenômenos, procurando descreve-los, classifica-los e

interpretá-los”, revelando-se, portanto, coerente com os objetivos deste estudo.

Neste trabalho buscou-se expor as características que compõe a pesquisa de

satisfação.

O estudo classifica-se, ainda, como qualitativa e quantitativa. A parte

qualitativa uma vez que não se vale de instrumentos estatísticos no processo

de análise de seu problema sendo adequado para o conhecimento de um

fenômeno social, haja vista, que o pesquisador coleta os dados da realidade

pesquisada, para posteriormente, analisa-los de forma indutiva. Paralelamente,

realizou-se a pesquisa quantitativa a qual utiliza recursos e técnicas

estatísticas, possibilita maior possibilidade de colher informações (TURATO,

2005).

Foi realizada a coleta de dados secundários, o qual é caracterizado por

ser proveniente de materiais informativos disponíveis. Este é o caso da

pesquisa em questão que utiliza os dados relativos à Pesquisa de Satisfação

do Usuário realizado pela Ouvidoria do Hospital de Base do Distrito Federal.

19

4.2 Local

O local de pesquisa escolhido para este trabalho foi a Ouvidoria do

Hospital de Base do Distrito Federal.

O Distrito Federal possui uma rede de serviço de saúde orientado pelo

Plano de Assistência à Saúde desde 1979, o qual preconiza um sistema

regionalizado e hierarquizado composto de Postos de Saúde, Centros de

Saúde, Hospitais Regionais, Hospital de Base do Distrito Federal, Hospital de

Apoio, Hospital São Vicente de Paulo, Instituto de Saúde Mental, Diretoria de

Saúde do Trabalhador, Centro de Orientação Médico-Psicopedagógica,

Laboratório Central de Saúde Pública e Central de Radiologia de Taguatinga,

interligadas por um Sistema de Referência e Contra-Referência (BRASÍLIA,

2012).

Atualmente este hospital atende a população do DF, entorno e estados

circunvizinhos para procedimentos de alta complexidade, por se tratar de um

hospital terciário4. Antes da implantação da ouvidoria o Hospital buscava

acolher as reclamações dos usuários e resolve-las imediatamente sem

protocolar e nem ter um espaço físico para o desempenho, desta função. Em

2008, houve a reestruturação da ouvidoria do HBDF, criando os protocolos de

funcionamento.

A Ouvidoria pactuou com a Diretoria Geral do HBDF a construção e

implantação da pesquisa de satisfação do usuário iniciada em abril de 2014

visando à melhoria do serviço prestado pelo hospital. Essa pactuação garantiu,

dessa forma, a construção do instrumento para a coleta de dados a respeito da

satisfação do usuário.

A Ouvidoria coordena a distribuição desse formulário aos pacientes e

acompanhantes nas unidades hospitalares de internação. O formulário é

entregue pessoalmente pelos funcionários em nome da ouvidoria, no período

matutino, de segunda-feira a sábado, distribuídos cerca de 1470 formulários,

no período de abril a julho de 2014. O depósito do formulário, após o

4 http://www.saude.df.gov.br/sobre-a-secretaria/hospitais-e-regionais/271-hospital-de-base-do-df.html

20

preenchimento, é feito pelos próprios respondentes em uma urna central e o

armazenamento dos dados ocorre semanalmente, através da coleta dos

questionários por parte dos profissionais da Ouvidoria. Esta maneira de coleta

possibilita o anonimato do sujeito garantindo-lhe a opção de se identificar ou

não no instrumento.

4.3 Procedimentos de coleta e análise de dados

Para este estudo a amostra foi composta por 188 formulários pesquisa

de opinião dispostos em um aplicativo do Windows, Microsoft Office Excel

2007, na ouvidoria do HBDF. Entre os dados fornecidos pela Ouvidoria do

HBDF5, utilizaremos os campos referentes à identificação da unidade

hospitalar, ao atendimento pelos profissionais de medicina, da equipe de

enfermagem e de nutrição, e o campo de sugestões e observações.

O formulário criado pela Unidade utilizado como instrumento de coleta

de dados, é composto por 5 campos. O primeiro identifica a unidade hospitalar

avaliada. Posteriormente, as respostas poderão ser classificadas como

excelente, bom, regular e ruim nos campos relativos a classificação dos setores

e do atendimento prestado pelos profissionais de saúde. O campo de

classificação dos setores analisa a internação, hotelaria, higienização,

segurança, padioleiro, serviços de apoio. Já o campo de atendimento prestado

analisa o atendimento pelos profissionais de medicina, da equipe de

enfermagem e de nutrição. No próprio questionário há uma parte descritiva um

espaço destinado para o campo de sugestões e observações e, por último, um

campo optativo de identificação (ANEXO).

Os dados referentes à parte quantitativa foram transferidos do aplicativo

do Windows fornecido pela Unidade para o aplicativo do Microsoft Office Excel,

por ser uma ferramenta utilizada para análises estatísticas e manuseio de

dados, geração de gráficos e tabelas. Relacionaremos as seguintes variáveis:

5 Este relatório técnico foi construído a partir da demanda da Ouvidoria do Hospital de

Base do Distrito Federal.

21

(i) unidade Hospitalar e (ii) profissionais de medicina, enfermagem e nutrição.

Nessa relação, identificaremos os aspectos positivos e negativos respondidos

pelos usuários na pesquisa de satisfação em relação.

Em relação à parte qualitativa referente ao campo de sugestões e

observações, foram analisadas as livres manifestações de conteúdo de acordo

com a proposta por Bardin (1977), seguindo as seguintes etapas: a)

Exploração do material transcrito; b) Tratamento dos resultados; c) Inferência e

Interpretação. Na exploração, ocorreu a leitura exaustiva, onde serão feitos

recortes de conteúdos – em que os relatos foram decompostos e em seguida

recompostos para melhor expressar sua significação, constituindo unidades de

análise. Haverá o cuidado de preservar as unidades de registro com suas

respectivas unidades de contexto.

A partir dos resultados obtidos foi proposto um plano de intervenção

visando aprimorar a gestão de pessoas do HBDF.

4.4 Procedimentos Éticos

Este estudo surgiu a partir da interação entre ensino, pesquisa e

trabalho, a qual identificou uma demanda do próprio setor. A pesquisa utilizou

dados secundários e promoveu o sigilo de possíveis identificações ou a

exposição de outras informações confidenciais dos documentos analisados,

garantindo a confidencialidade de nomes dos usuários e/ou profissionais. Desta

maneira, o estudo não acarretou risco para a instituição fornecedora dos dados

coletados, nem mesmo para os sujeitos que responderam o questionário de

satisfação do usuário.

Para garantir o anonimato das informações fornecidas pelo Hospital de

Base do Distrito Federal as unidades de internação serão denominadas por

letra do alfabeto e a identificação de profissionais e/ou usuários será omitida.

De acordo com a resolução 466/12 (Diretrizes e Normas Reguladoras de

Pesquisa Envolvendo Seres Humanos), do Conselho Nacional de Saúde, este

projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – FS/UnB com

22

parecer favorável, número 714.440 e ao CEP– FEPECS/SES-DF com parecer

favorável, número 737.789.

O resultado desta pesquisa será utilizado, restritamente, para fins

acadêmicos e também para contribuir com o aprimoramento da gestão

hospitalar com a apresentação dos dados da pesquisa no Colegiado Gestor do

HBDF.

23

5 RESULTADOS

O presente estudo colheu os dados a respeito da Pesquisa de

Satisfação do Usuário fornecido pela Ouvidoria do HBDF dos meses de Abril a

Julho de 2014. Foram disponibilizados e analisados 188 questionários (N=188).

Este trabalho avaliou por meio de dados secundários a percepção dos usuários

nas unidades hospitalares com relação ao atendimento dos profissionais que

atuam no ambiente hospitalar.

Para favorecer a compreensão dos dados dividiu-se a análise em duas

frentes a primeira diz respeito à parte quantitativa e a segunda refere-se à parte

qualitativa. Por conseguinte, os dados quantitativos foram agrupados em três

grandes temas referentes ao atendimento médico, da equipe de enfermagem e

de nutrição e dietética hospitalar.

Por fim, os dados referentes à parte qualitativa do formulário auxiliarão

na leitura e análise da resposta da parte quantitativa do questionário,

qualificando-as quando for possível.

5.1 DADOS QUANTITATIVOS

5.1.1 AVALIAÇÃO DO USUÁRIO EM RELAÇÃO AOS

PROFISSIONAIS MÉDICOS

De modo geral, o atendimento do profissional médico relacionado ao

tempo de espera foi considerado ótimo ou bom por cerca de 64% dos

questionários respondidos. Em contrapartida, aproximadamente 29%

considerou regular ou ruim. A maioria dos formulários classificou como ótimo

tanto a atenção prestada pelo(a) médico(a) durante a internação quanto a

qualidade das explicações dos procedimentos, respectivamente, 55,9% e 50%

(Figura 1).

24

Figura 1 – Disposição dos itens relacionados ao atendimento médico referente à análise dos

dados secundários da Pesquisa de Satisfação do Usuário do Hospital de Base do Distrito

Federal, Brasília, 2014.

No que tange o tempo de espera para atendimento médico classificados

por unidade de internação, as maiores frequências de avaliações “ótimo” e

“bom” foram das unidades de internação do A, C, E, G e J, respectivamente:

75%, 78%, 68,8%, 69,2% e 60%. As unidades de internação do B, D e F

obtiveram porcentagens elevadas de respostas regular e ruim,

sequencialmente: 40%, 44,4% e 50%. A unidade de internação H obteve 100%

de frequência para respostas de ótimo e bom, entretanto esse dado pode não

refletir a realidade do setor, pois o número absoluto de questionário referente a

este andar foram quatro. Já a unidade de internação I obteve elevado

percentual para a classificação ruim (21,4%), em contraponto, ao percentual de

respostas categorizadas como bom (35,7%) e ótimo (28,6%) (Figura 2).

0102030405060708090

100

TEMPO DE ESPERAPARA ATENDIMENTO

ATENCAO DO MEDICO(A) RESPONSAVEL

DURANTE AINTERNACAO

QUALIDADE DASEXPLICACOES DOSPROCEDIMENTOS

PER

CEN

TUA

L (%

)

QUESTIONÁRIO

ATENDIMENTO MEDICO

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Em Branco

25

Figura 2 – Disposição dos itens relacionados ao tempo de espera para atendimento médico por

unidade hospitalar referente à análise dos dados secundários da Pesquisa de Satisfação do

Usuário do Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, 2014.

Já em relação à atenção dada pelo médico responsável durante o

período de internação, figura 3, todas as unidades hospitalares obtiveram um

elevado percentual de resposta “ótimo” e “bom”: A (66,6%), B (65%), C

(91,3%), D (72,2%), E (87,5%), G (92,3%), H (100%), I (78,6%) e J (100%).

0102030405060708090

100

PER

CEN

TUA

L (%

)

UNIDADE DE INTERNAÇÃO

ATENDIMENTO MÉDICO - TEMPO DE ESPERA PARA ATENDIMENTO

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Em Branco

26

Figura 3 – Disposição dos itens relacionados à atenção do médico (a) responsável durante

internação por unidade hospitalar referente à análise dos dados secundários da Pesquisa de

Satisfação do Usuário do Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, 2014.

Por último, analisaram-se as respostas relacionadas à qualidade das

explicações dos procedimentos médicos e observou-se, novamente, que a

prevalência das frequências das respostas classificações “ótimo” e “bom” – A

(83,3%), B (75%), C (91,3%), D (83,3%), E (84,4%), F (50%), G (84,6%), H

(100%), I (85,7%) e J (100%) (Figura 4).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

PER

CEN

TUA

L (%

)

UNIDADE DE INTERNAÇÃO

ATENDIMENTO MÉDICO - ATENÇÃO DO MÉDICO (A) RESPONSÁVEL DURANTE A

INTERNAÇÃO

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Em Branco

27

Figura 4 – Disposição dos itens relacionada à qualidade das explicações dos procedimentos

pelos profissionais médicos durante a internação por unidade hospitalar referente à análise dos

dados secundários da Pesquisa de Satisfação do Usuário do Hospital de Base do Distrito

Federal, Brasília, 2014.

5.1.2 AVALIAÇÃO DO USUÁRIO EM RELAÇÃO À EQUIPE DE

ENFERMAGEM

A figura 5 diz respeito às indagações investigadas sobre a equipe de

enfermagem atentando, de modo geral, para os seguintes eixos: cortesia dos

técnicos e auxiliares de enfermagem, tempo de atendimento ao chamado,

qualidade da explicação dos procedimentos e atenção dada pelo enfermeiro

responsável pela clínica. Como resultado obteve-se um elevado índice de

respostas “ótimo” e “bom” para cortesia dos técnicos e auxiliares (75,6%),

tempo de atendimento ao chamado (67%), qualidade da explicação dos

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

PER

CEN

TUA

L (%

)

UNIDADE DE INTERNAÇÃO

ATENDIMENTO MÉDICO - QUALIDADE DAS EXPLICAÇÕES DOS PROCEDIMENTOS

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Em Branco

28

procedimentos (72,9%) e atenção dada pelo enfermeiro responsável pela

clínica (75%).

Figura 5 – Disposição dos itens relacionados ao atendimento de enfermagem referente à

análise dos dados secundários da Pesquisa de Satisfação do Usuário do Hospital de Base do

Distrito Federal, Brasília, 2014.

Salienta-se ainda, que a cortesia dos técnicos e auxiliares de

enfermagem obteve uma elevada porcentagem de respostas “ótimo” ou “bom”

na maioria das unidades de internação, como: A (100%), B (70%), C (87%), D

(77,8%), E (81,8%), G (84,6%), H (100%), I (78,6%) e J (100%). Porém a

unidade de internação F apresentou 50% das respostas “regular” e “ruim”

(Figura 6).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

CORTESIA DOSTECNICOS EAUXILIARES

TEMPO DEATENDIMENTOAO CHAMADO

QUALIDADE DAEXPLICACAO DOSPROCEDIMENTOS

ATENCAO DADAPELO(A)

ENFERMEIRO(A)RESPONSAVELPELA CLINICA

PER

CEN

TUA

L (%

)

QUESTIONÁRIO

ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Em Branco

29

Figura 6 – Disposição dos itens relacionados à cortesia dos técnicos e auxiliares de

enfermagem por unidade hospitalar referente à análise dos dados secundários da Pesquisa de

Satisfação do Usuário do Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, 2014.

Em relação ao tempo de atendimento da equipe de enfermagem ao

chamado, as unidade de internação que obtiveram maior porcentagem de

respostas “ótimo” e “bom” foram: A (100%), B (55%), C (82,6%), D (50%), E

(68,8%), G (92,3%), H (100%), I (64,3%), J (80%). Entretanto, a unidade de

internação F apresentou maior porcentagem de respostas “regular” e “ruim”

com 64,3% (Figura 7).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

PER

CEN

TUA

L (%

)

UNIDADE DE INTERNAÇÃO

ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM - CORTESIA DOS TÉCNICOS E AUXILIARES

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Em Branco

30

Figura 7 – Disposição dos itens relacionados ao tempo de atendimento de enfermagem ao

chamado por unidade hospitalar referente à análise dos dados secundários da Pesquisa de

Satisfação do Usuário do Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, 2014.

A qualidade das explicações dos procedimentos executado pela equipe

de enfermagem, figura 8, foi classificada na maioria das unidades de

internação “ótimo” e “bom”: A (91,7%), B (60%), C (69,6%), D (77,8%), E

(84,4%), G (84,6%), H (100%), I (64,3%), J (80%). Contudo, a unidade de

internação F obteve maior porcentagem de frequência de respostas “regular” e

“ruim” com 57%.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

PER

CEN

TUA

L (%

)

UNIDADE DE INTERNAÇÃO

ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM [TEMPO DE ATENDIMENTO AO CHAMADO]

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Em Branco

31

Figura 8 – Disposição dos itens relacionados à qualidade da explicação dos procedimentos de

enfermagem por unidade hospitalar referente à análise dos dados secundários da Pesquisa de

Satisfação do Usuário do Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, 2014.

No último eixo de avaliação do atendimento de enfermagem, encontra-

se disposto o gráfico, a seguir, relativo à avaliação da atenção dada pelo(a)

enfermeiro(a) responsável pela clínica por unidade hospitalar. Os resultados

apontam para um elevado percentual de respostas agrupadas como “ótimo” e

“bom” nas unidades de internação A (100%), C (69,6%), D (83,3%), E (87,5%),

F (80%), G (84,6%), H (100%), I (71,4%), J (100%). No entanto, a unidade de

internação B maior porcentagem de frequência de respostas “regular” com

35%, seguida por “ótimo” (30%), “bom” (15%), “ruim” (10%).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

PER

CEN

TUA

L (%

)

UNIDADE DE INTERNAÇÃO

ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM [QUALIDADE DA EXPLICACAO DOS

PROCEDIMENTOS]

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Em Branco

32

Figura 9 – Disposição dos itens relacionados à atenção dada pelo(a) enfermeiro(a) responsável

pela clinica por unidade hospitalar referente à análise dos dados secundários da Pesquisa de

Satisfação do Usuário do Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, 2014.

5.1.3 AVALIAÇÃO DO USUÁRIO EM RELAÇÃO À EQUIPE DE

NUTRIÇÃO E DIETÉTICA HOSPITALAR

De forma geral a avaliação do atendimento da equipe de nutrição e

dietética hospitalar, ilustrado a seguir (figura 10), aponta para maior

percentagem de frequências de respostas classificadas como “ótimo” e “bom”

relacionada com a orientação da nutricionista, o cumprimento dos horários das

refeições, a apresentação das refeições e o atendimento das copeiras e serviço

de copa para os acompanhantes com valores respectivamente de 80,9%,

79,8%, 72,9% e 83,5%.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

PER

CEN

TUA

L (%

)

UNIDADE DE INTERNAÇÃO

ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM [ATENCAO DADA PELO(A) ENFERMEIRO(A)

RESPONSAVEL PELA CLINICA ]

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Em Branco

33

Figura 10 – Disposição dos itens relacionados ao atendimento da nutrição referente à análise

dos dados secundários da Pesquisa de Satisfação do Usuário do Hospital de Base do Distrito

Federal, Brasília, 2014.

Além disso, verificou-se a avaliação em relação à orientação do(a)

nutricionista nas unidades de internação hospitalar. Os resultados apontam

para uma maior frequência de avaliação “ótimo” e “bom” nas seguintes

unidades de internação: A (91,2%), B (80%), C (78,3%), D (83,3%), E (84,4%),

G (92,3%), H (100%), I (78,6%) e J (90%). No entanto, a unidade de internação

F apresentou maior percentual de respostas “ótimo” (35,7%), seguida por:

“regular” (28,6%), “ruim” (14,3%) e “bom” (7,1%) (Figura 11).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100P

ERC

ENTU

AL

(%)

QUESTIONÁRIO

ATENDIMENTO DA NUTRICAO

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Em Branco

34

Figura 11 – Disposição dos itens relacionados à orientação do(a) nutricionista por unidade

hospitalar referente à análise dos dados secundários da Pesquisa de Satisfação do Usuário do

Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, 2014.

Já em relação ao cumprimento dos horários das refeições por unidades

de internação hospitalar, os resultados sugerem que as unidades A, B, C, D, E,

F, G, H, I e J consideram o percentual de respostas “ótimo” e “bom”,

respectivamente: 100%, 85%, 95,7%, 55,7%, 92,3%, 75%, 85,7% e 100%

(Figura 12).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

PER

CEN

TUA

L (%

)

UNIDADE DE INTERNÇÃO

ATENDIMENTO DA NUTRICAO [ORIENTACAO DO(A) NUTRICIONISTA]

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Em Branco

35

Figura 12 – Disposição dos itens relacionados ao cumprimento dos horários por unidade

hospitalar referente à análise dos dados secundários da Pesquisa de Satisfação do Usuário do

Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, 2014.

Averiguaram-se também as respostas em relação à apresentação das

refeições em relação à unidade de internação, como ilustrado na figura 13.

Percebe-se que a grande maioria das unidades de internação – A (92,7%), B

(85%), C (82,6%), E (75%), G (84,6%), H (75%), I (78,6%) e J (100%) –

obtiveram um elevado percentual de avaliações “ótimo” e “bom”. Todavia na

unidade D o maior percentual foi na classificação “regular” com 33,3%. Já na

unidade F as respostas foram classificadas como “bom”, “ruim”, “ótimo” foram

de 21,4% cada.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

PER

CEN

TUA

L (%

)

UNIDADE DE INTERNAÇÃO

ATENDIMENTO DA NUTRICAO [CUMPRIMENTO DOS HORARIOS ]

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Em Branco

36

Figura 13 – Disposição dos itens relacionados à apresentação das refeições por unidade

hospitalar referente à análise dos dados secundários da Pesquisa de Satisfação do Usuário do

Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, 2014.

Pode-se perceber que a análise dos resultados do atendimento realizado

pelas copeiras aponta a um elevado percentual de respostas “ótimo” e “bom”

na totalidade das unidades de internação – A (91,7%), B (80%), C (91,3%), D

(77,8%), E (93,8%), F (71,4%), G (76,9%), H (100%), I (78,6%) e J (90%)

(Figura 14).

0102030405060708090

100

PER

CEN

TUA

L (%

)

UNIDADE DE INTERNAÇÃO

ATENDIMENTO DA NUTRICAO [APRESENTACAO DAS REFEICOES ]

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Em Branco

37

Figura 14 – Disposição dos itens relacionados ao atendimento das copeiras por unidade

hospitalar referente à análise dos dados secundários da Pesquisa de Satisfação do Usuário do

Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, 2014.

Por fim, verificou-se o serviço de copa para acompanhantes que a

maioria das unidades de internação – A (66,7%), B (70%), C (65,2%), E

(71,9%), F (50%), G (61,5%), I (78,6%) e J (80%) – considerou esse serviço

“ótimo” ou “bom”. Entretanto, as respostas da unidade D foram: “ótimo” com

27,8%, “bom” e “regular” com 22,2% cada e ruim com 11,1%. Acrescenta-se

ainda, que a unidade H apresentou o mesmo percentual de classificação para

“regular”, “bom” e “ótimo” com 25% (Figura 15).

0102030405060708090

100

PER

CEN

TUA

L (%

)

UNIDADE DE INTERNAÇÃO

ATENDIMENTO DA NUTRICAO [ATENDIMENTO DAS COPEIRAS]

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Em Branco

38

Figura 15 – Disposição dos itens relacionados serviço de copa para acompanhantes por

unidade hospitalar referente à análise dos dados secundários da Pesquisa de Satisfação do

Usuário do Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, 2014.

5.2 DADOS QUALITATIVOS

Ao analisar os depoimentos contidos no formulário, identificou-se a

presença de opiniões positivas e negativas em relação ao atendimento dos

trabalhadores da área da saúde.

Os dados qualitativos irão colaborar com a discussão dos dados

quantitativos, trazendo pontos convergentes e divergentes. Optamos por não

trazer todas as falas em virtude de julgarmos mais relevante a discussão dos

tópicos em contraposição aos dados quantitativos. Dessa forma, os dados

qualitativos servirão para auxiliar na leitura das respostas quantitativas dadas

aos questionários, qualificando-as quando for possível.

0102030405060708090

100

PER

CEN

TUA

L (%

)

UNIDADE DE INTERNAÇÃO

ATENDIMENTO DA NUTRICAO [SERVICO DE COPA PARA ACOMPANHANTES]

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Em Branco

39

6 DISCUSSÃO

Nesta etapa do trabalho buscou-se comparar os resultados da parte

quantitativa com a qualitativa das informações fornecidas pela Ouvidoria do

Hospital de Base do Distrito Federal.

6.1 Qualidade do atendimento

Os resultados da pesquisa da parte quantitativa apontam que o

atendimento prestado pelos profissionais (médicos, equipe de enfermagem e

nutrição) do HBDF foi considerado, em sua grande maioria, “ótimo” em seus

eixos temáticos. O que condiz com os elogios colhidos no campo de sugestões

e observações, dispostos a seguir:

F57: “Estou satisfeita com todos os funcionários médicos, enfermeiros,

copeiras, nutricionistas, colegas da limpeza.”

F48: “Quando a equipe do hospital não vejo nenhum reclamação.

Apenas pelo elogio que levo as equipes médica e de enfermagem. Devo muito

a eles. Obrigado!”

F67: “Obrigada, fui muito bem atendida que continue assim o

atendimento.”

F100: “Só tenho a agradecer pelo cuidado que tiveram comigo!! Muito

obrigado.”

F142: “Gostaria também de agradecer todos os médicos e técnicos do

(...) pela paciência e dedicação.”

F179: “A enfermagem (...) é ótima, os médicos são atenciosos,

simpáticos e muito profissionais. Agradeço a todos em nome de minha mãe.”

40

Nas falas apresentadas e nos dados quantitativos pode-se identificar a

positividade sobre o referido atendimento e esta pode ser associada ao bom

atendimento e atenção dispensada pelos profissionais aos usuários. A relação

profissional estabelecida com os pacientes e/ou acompanhantes é um motivo

de contentamento expressa em parte dos formulários.

Segundo estudos, é de extrema importância a postura adotada pelos

profissionais de saúde favorecendo a adesão ao tratamento de pacientes

(BARROS, 2008). Como se pode evidenciar pelo relato abaixo:

F41: “Quero parabenizar a equipe médica que atendeu ao meu irmão,

que contribuiu e muito para o bem estar dele hoje.”

Surgem em contraposição, ponderações negativas a respeito do

atendimento dispensado por parte do atendimento dos profissionais que atuam

no HBDF, como disposta a seguir:

F74: “Precisa melhorar muito mais o atendimento na área hospitalar e no

atendimento dos funcionários.”

De acordo com alguns autores os profissionais de saúde nas instituições

hospitalares exercem um papel fundamental no processo saúde-doença.

(BERTOLINO, 2011). Em virtude disso, “a compreensão da humanização está

relacionada a um modo de perceber o paciente no contexto dos serviços de

saúde” (CASETE, 2005). Essa necessidade de humanização foi expressa por

um usuário, a seguir:

F66: “Gostaria de ter um atendimento mais humanizado e melhor, mais

rápido, mais cuidadoso.”

41

6.2 Atendimento médico

Acrescenta-se, ainda, negativas opiniões relacionadas ao atendimento

dos profissionais médicos, opondo-se aos resultados positivos encontrados na

avaliação quantitativa.

Essa contradição pode ser verificada nos seguintes eixos – tempo de

espera para o atendimento médico, atenção dada pelo médico e na qualidade

das explicações.

O tempo de espera para o atendimento dessa classe foi considerado

“ótimo” por cerca de 34% dos questionários, porém, a unidade de internação F

considerou “regular” por quase 43%. Contrapondo-se, a ponderação

encontrada:

F87: “Médico demora avaliar o paciente como aparecer para ‘ver-los’ no

quarto demora para dar alta isso deixa o paciente perturbado e incomodado.”

No geral, cerca de 56%, avaliaram que a atenção dispensada pelo

médico como “ótima”. Já nas unidades de internação A (33,3%) e F (35,7%) foi

classificada como “regular”. Contudo, identificou-se uma opinião contraria aos

achados da parte quantitativa.

F127: “Os médicos poderia passar no mínimo 2X no quarto por dia ou

seja dar mais atenção ao paciente.”

De acordo com Benevides e Passos (2005), a humanização em saúde

pode ser vinculada às práticas concretas de produção de saúde e à qualidade

do atendimento. Esta última associa-se a melhores condições de trabalho e a

participação social refletindo tanto no processo de atenção como na gestão.

42

O eixo que avaliou a qualidade das informações das explicações

médicas foi classificada de maneira geral como ótima por cerca de 34%,

entretanto, a unidade de internação F considerou regular (aproximadamente

40%). Contrário, então, das opiniões abaixo:

F45: “Acho que os médicos deveriam explicar melhor o que acontece

com os pacientes explicar para a família o que significa os diagnósticos e os

procedimentos realizados.”

F50: “Gostaria que os médicos respondessem as perguntas com

clareza”

O processo comunicativo é um recurso fundamental para o cuidado

humanizado que envolve a compreensão da comunicação verbal, comunicação

não verbal e linguagem adequada. Nesse sentido, a comunicação aumenta a

adesão ao tratamento e viabiliza a promoção da saúde (DIAS & VIEIRA, 2008).

6.3 Atendimento da equipe de enfermagem

Salienta-se, que os resultados encontrados na avaliação da parte

quantitativa apontaram classificações positivas em relação ao atendimento

prestado pela equipe de enfermagem em controvérsia com as negativas

opiniões coletadas.

Essa controvérsia foi verificada nos seguintes eixos temáticos – cortesia

dos técnicos e auxiliares de enfermagem; tempo de atendimento ao chamado;

qualidade das explicações dos procedimentos de enfermagem; e atenção dada

pelo enfermeiro(a) responsável pela clínica.

No eixo que avaliou a cortesia dos técnicos e auxiliares de enfermagem

foi classificado como “ótimo” por 45,5%, no geral, exceto pela unidade F que foi

avaliada como “regular” por 42,9%. Alguns depoimentos relataram a falta de

43

cordialidade de alguns profissionais da equipe de enfermagem, a seguir

encontra-se um marcante depoimento:

F183: “Algumas enfermeiras tratam os pacientes mal...”

O tempo de atendimento ao chamado da equipe de enfermagem, no

geral, foi classificado como “bom” por 35,1%. Entretanto, na mesma unidade de

internação, F, novamente foi classificada “regular” por 35,7%. Além disso,

houve algumas opiniões negativas em relação à demora do atendimento

prestado pela equipe.

F5: “O tempo de espera para atendimento pelos técnicos de

enfermagem é demorado, sempre há uma desculpa, principalmente pelo

número insuficiente de pessoal para atender o andar. À noite principalmente o

serviço é mais demorado.”

O último eixo refere-se à atenção dada pelo enfermeiro responsável pela

clínica o qual foi classificada como “ótimo” por 45,7%, no entanto, a unidade de

internação B foi avaliada como “regular” por 35%. Acrescenta-se que um dos

formulários sugere que a equipe de enfermagem melhore a atenção.

F91: “Melhorar mais a atenção das enfermeiras e alguns médicos.”

Acrescenta-se ainda a observação encontrada em um dos questionários

a qual afirma sobre a necessidade de melhorar a qualificação da equipe de

enfermagem.

44

F39: “OBS: Precisamos de maior qualificação do parte da enfermaria

(equipe de enfermagem)”

Nesse contexto enfatiza-se a necessidade da humanização no serviço

considerando a existência de situações “desumanizadas”. Nesse sentido,

Casete e Correia (2005, p. 17) discutem que o trabalhador é o:

...elemento fundamental para a humanização do

atendimento, devendo ser implementadas ações de

investimento em termos de número suficiente de pessoal,

salário e condições de trabalho adequadas, bem como

atividade educativas que permitam o desenvolvimento de

competência para o cuidar.

6.4 Nutrição e dietética hospitalar

A avaliação do atendimento da equipe de nutrição e dietética hospitalar

aponta, de forma geral, o resultado positivo em seus cinco eixos temáticos –

Orientação da nutricionista (“ótimo” - 54,3%); cumprimento dos horários das

refeições (“ótimo” - 52,1%); apresentação das refeições (“ótimo” - 43,6%);

atendimento das copeiras (“ótimo” - 47,9%); e serviço de copa para

acompanhantes (“ótimo” - 35,6%). Entretanto, algumas opiniões divergentes

foram encontradas em relação à maioria dos eixos investigados.

Em relação ao cumprimento dos horários das refeições houve uma

manifestação indagando que as refeições não eram servidas no horário em

contradição com a classificação desse requisito como “ótimo”.

F169: “As refeições não era servido no horário.”

45

Além disso, houve depoimentos relacionados à apresentação das

refeições ofertadas um dos quais sugeriu melhorar o cardápio. Esse requisito

foi avaliado como “ótimo”.

F121: “Melhorar a comida e o cardápio”.

Outros depoimentos encontrados abordaram a respeito da não

cordialidade de algumas copeiras. Em contraponto, a avaliação do atendimento

das copeiras considerado “ótimo”.

F139: “...por parte dos funcionários (copeiras) há uma má vontade de

nos dá café...”

Por último, foi abordado a respeito do serviço de copa para os

acompanhantes o qual foi classificado como “ótimo”, entretanto, houve citações

contrarias, como:

F182: “O serviço de copa para acompanhantes é muito ruim.”

Percebe-se que a humanização do atendimento envolve um trabalho

multidisciplinar para aperfeiçoar a atenção dada ao usuário no seu processo de

saúde-doença fundamentado no princípio da integralidade da assistência

(BERTOLINO, 2011). Ressalta-se, que o trabalho multidisciplinar pode superar

a fragmentação da atenção e garantir o cuidado mais humanizado.

6.5 Avaliação do questionário

46

Em relação ao formulário utilizado pode-se perceber que falta a

identificação do indivíduo com pelo menos sexo, idade e escolaridade para

estabelecer o perfil dos usuários que respondem a Pesquisa de Satisfação.

Além disso, sugerimos que incluam um item referente à classificação

geral do atendimento do HBDF para contemplar a experiência subjetiva dos

sujeitos visando considerar, dessa forma, a qualidade do atendimento integral.

Além disso, pode-se comparar avaliação da qualidade do atendimento geral

com o resultado de cada categoria profissional. Por fim, faltou a inclusão dos

fisioterapeutas, fonoaudiólogos, assistentes sociais e dos ouvidores como pode

ser identificado na observação do usuário, a seguir:

F161: “Não tem nenhuma menção sobre a fisioterapia.”

Acrescenta-se ainda, a necessidade de sensibilizar os usuários a

respeito da importância de preencher e depositar o formulário na urna central,

pois o percentual de entrega dos questionários é considerado baixo (12,8%).

Este estudo sugere disponibilizar urnas nas unidades de internação e

sensibilizar os profissionais a respeito da importância do desenvolvimento da

pesquisa.

47

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se que a humanização requer a revisão das práticas cotidianas e a

criação de canais democráticos de comunicação. A pesquisa desenvolvia pela

Ouvidoria do HBDF possibilita ampliar o dialogo entre os profissionais, gestores

e usuários visando à mudança na atenção prestada e na administração

hospitalar. Nessa perspectiva, quanto maior a articulação e integração da

gestão hospitalar com a comunidade maior será a garantia de um serviço de

saúde equânime e de qualidade.

A Pesquisa de Satisfação do Usuário desenvolvida pela Ouvidoria é uma

estratégia de fortalecimento da participação social, a qual avalia a dimensão

subjetiva da percepção do usuário sobre os serviços prestados pela atenção

hospitalar. Contribui de forma significativa para a avaliação da qualidade da

atenção prestada pelos profissionais da área da saúde (médicos, equipe de

enfermagem, equipe de nutrição e dietética hospitalar) o que pode promover a

valorização do potencial humano e da desestabilização das estruturas

tradicionais. Desta maneira, contribui para a transformação da gestão do

processo de trabalho em saúde e a humanização.

Diante da análise documental estudada, pode-se perceber que a

qualidade do atendimento pelos profissionais da área de saúde que atuam no

setor de internação do Hospital de Base do Distrito Federal foi conceituada

como ótimo, de modo geral. Entretanto, na parte subjetiva houve

manifestações tanto positivas quanto negativas. O que sugere a necessidade

de aprofundar a respeito desse tema.

O estudo disponibiliza informações uteis a respeito da qualidade dos

serviços prestados pelo HBDF, o que pode contribuir para o aperfeiçoamento

da qualidade do atendimento prestado, sendo então, de suma importância a

criação/o incentivo de programas que valorizem a humanização:

Criação e instituição do Centro Integrado de Humanização no

Hospital de Base do Distrito Federal formado por uma equipe

multiprofissional e usuários;

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Incentivar a divulgação bimestral do resultado da coleta de dados

da pesquisa de satisfação realizada pela ouvidoria no Conselho

Gestor;

Estabelecer metas de avaliações, a cada 4 ou 6 meses, a respeito

da qualidade da atenção prestada pelos profissionais de saúde por

unidade de internação, tendo em vista o reconhecimento

profissional;

Valorizar o trabalhador de saúde, este trabalho propõe selecionar

algumas frases positivas a respeito dos trabalhadores nos

questionários e divulga-las em murais espalhados pelo Hospital;

Registrar formalmente os elogios e criticas no campo de sugestões

e observações dando prosseguimento a manifestação;

Capacitar os trabalhadores da área da saúde para aprimorarem a

comunicação entre os profissionais de saúde com pacientes e

acompanhantes;

Além disso, identificou-se a necessidade da realização de estudos

posteriores, como por exemplo: a respeito da construção da história da

ouvidoria do HBDF, a avaliação do usuário a respeito da qualidade da estrutura

do HBDF, entre outros.

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ANEXO