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Portal Entre Irmãos www.entreirmaos.net 1 A Maçonaria e a Mulher Ivan Barbosa de Oliveira Uma loja Maçônica perfeita é a representação simbólica do Universo e suas Leis. Todos devem estar devotados à obra de Deus Espírito Santo, que maçonicamente corresponde ao Grande Arquiteto do Universo. Em seus trabalhos ritualísticos, desde a abertura até o encerramento, ela executa simbolicamente as atividades cíclicas do plano evolutivo traçado pelo Grande Arquiteto. Seus Oficiais exercem simbolicamente funções similares às que nos níveis superiores do Universo desempenham os excelsos Oficiais da Perfeitíssima Ordem Branca, de que nos fala o Apocalipse em alegoria em seu Capítulo IV. "João às sete Igrejas que se encontram na Ásia: Graça e Paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante de seu trono". Em Número & vers. 1 e 2, temos: Disse o Senhor a Moisés: - Fala a Arão, e dize-lhe; quando colocares as lâmpadas, seja de tal maneira que venham as sete a alumiar defronte do candelabro." Da abertura ao encerramento dos trabalhos de uma Loja Maçônica, se faz a criação, o desenvolvimento e a extinção de um Universo e cada ato tem um significado cósmico muito além de nossas concepções. Por alguns momentos, somos mais que humanos somos divinos. Estas realidades cósmicas erm de conhecimento dos povos cultos e representados em antigas escolas filosóficas e iniciáticas, de maneira imponente e profunda dos antigos Mistérios da Índia, Egito, Grécia, Samotrácia, Roma e no Cristianismo primitivo. Os fatos eram demonstrados ao vivo nos ensinamentos esotéricos, nas criptas ou câmaras secretas, por meio de provas e experiências práticas, mas somente aos que já haviam assimilado os conhecimentos exotéricos (externos). A Renascença nos séculos XV e XVI, a reforma religiosa de Martinho Lutero no século XVII, e o chamado Iluminismo, que inclui os Rosacruzes, exercem grande influência na evolução da Maçonaria, de operativa para especulativa, abrindo-lhe horizontes mais amplos. As origens da Maçonaria se perdem nas brumas do tempo, penetrando na antiguidade. mas, escreve o Ir.. Leadbeater : "Os escritores especularam a história e cronologia do Antigo Testamento e nas lendas do Artesanato". O Dr. Anderson em seu primeiro livro de Constituições chegou a dizer que "Adão, nosso primeiro pai, criado à imagem de Deus, possuía as Ciências Liberais, particularmente a Geometria", ao passo que outros escritores menos fantasistas, atribuíram sua origem a Abraão, Moisés ou Salomão. A par de tudo isto, devemos levar em conta que os escritores seguem Escolas diferentes. Temos a Escola Autêntica, que tem a tendência de fazer a Maçonaria derivar das Lojas e Corporações Operativas da Idade Média. Entre seus defensores, temos D. Murray-Lyon, que escreveu a história da Loja de Edinburgo. A Escola Antropológica aplica as descobertas da antropologia aos estudos da história Maçônica. São coligidos dados de muitos povos antigos e seus costumes religiosos e iniciáticos, onde são encontrados muitos de nossos símbolos, tanto na Ordem, como de Graus Superiores, em murais, gravuras, esculturas e edifícios das principais raças do mundo. A Escola antropológica dá à maçonaria uma antiguidade muito maior que a defendida pela Escola Autêntica e mostra analogias claras com os antigos Mistérios de nações que possuíram claramente nossos símbolos e sinais, com probabillidades de cerimônias semelhantes às

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A Maçonaria e a Mulher Ivan Barbosa de Oliveira Uma loja Maçônica perfeita é a representação simbólica do Universo e suas Leis. Todos devem estar devotados à obra de Deus Espírito Santo, que maçonicamente corresponde ao Grande Arquiteto do Universo. Em seus trabalhos ritualísticos, desde a abertura até o encerramento, ela executa simbolicamente as atividades cíclicas do plano evolutivo traçado pelo Grande Arquiteto. Seus Oficiais exercem simbolicamente funções similares às que nos níveis superiores do Universo desempenham os excelsos Oficiais da Perfeitíssima Ordem Branca, de que nos fala o Apocalipse em alegoria em seu Capítulo IV. "João às sete Igrejas que se encontram na Ásia: Graça e Paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante de seu trono". Em Número & vers. 1 e 2, temos: Disse o Senhor a Moisés: - Fala a Arão, e dize-lhe; quando colocares as lâmpadas, seja de tal maneira que venham as sete a alumiar defronte do candelabro." Da abertura ao encerramento dos trabalhos de uma Loja Maçônica, se faz a criação, o desenvolvimento e a extinção de um Universo e cada ato tem um significado cósmico muito além de nossas concepções. Por alguns momentos, somos mais que humanos somos divinos. Estas realidades cósmicas erm de conhecimento dos povos cultos e representados em antigas escolas filosóficas e iniciáticas, de maneira imponente e profunda dos antigos Mistérios da Índia, Egito, Grécia, Samotrácia, Roma e no Cristianismo primitivo. Os fatos eram demonstrados ao vivo nos ensinamentos esotéricos, nas criptas ou câmaras secretas, por meio de provas e experiências práticas, mas somente aos que já haviam assimilado os conhecimentos exotéricos (externos). A Renascença nos séculos XV e XVI, a reforma religiosa de Martinho Lutero no século XVII, e o chamado Iluminismo, que inclui os Rosacruzes, exercem grande influência na evolução da Maçonaria, de operativa para especulativa, abrindo-lhe horizontes mais amplos. As origens da Maçonaria se perdem nas brumas do tempo, penetrando na antiguidade. mas, escreve o Ir.. Leadbeater : "Os escritores especularam a história e cronologia do Antigo Testamento e nas lendas do Artesanato". O Dr. Anderson em seu primeiro livro de Constituições chegou a dizer que "Adão, nosso primeiro pai, criado à imagem de Deus, possuía as Ciências Liberais, particularmente a Geometria", ao passo que outros escritores menos fantasistas, atribuíram sua origem a Abraão, Moisés ou Salomão. A par de tudo isto, devemos levar em conta que os escritores seguem Escolas diferentes. Temos a Escola Autêntica, que tem a tendência de fazer a Maçonaria derivar das Lojas e Corporações Operativas da Idade Média. Entre seus defensores, temos D. Murray-Lyon, que escreveu a história da Loja de Edinburgo. A Escola Antropológica aplica as descobertas da antropologia aos estudos da história Maçônica. São coligidos dados de muitos povos antigos e seus costumes religiosos e iniciáticos, onde são encontrados muitos de nossos símbolos, tanto na Ordem, como de Graus Superiores, em murais, gravuras, esculturas e edifícios das principais raças do mundo. A Escola antropológica dá à maçonaria uma antiguidade muito maior que a defendida pela Escola Autêntica e mostra analogias claras com os antigos Mistérios de nações que possuíram claramente nossos símbolos e sinais, com probabillidades de cerimônias semelhantes às

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executadas atualmente em nossas Lojas. Dentre os pioneiros neste campo, temos J.S. Ward e Bernard H. Springett. Segundo, temos a Escola Mística, que olha os mistérios da Ordem por outro ângulo, como um plano para despertar espiritualmente o homem em seu desenvolvimento interno. Seus estudiosos estão mais interessados em interpretações do que em pesquisas históricas. Um conhecido representante desta Escola é o Ir. W.L.Wilmhurst, que tem produzido profundas interpretações espirituais do simbolismo. Esta Escola tem buscado espiritualizar a Maçonaria, o que a leva às portas do conceito de religião. Finalmente, temos a Escola Oculta. Esta Escla, como a mística, busca a união da consciência do homem como Criador. A diferença é que a Escola Oculta segue uma série de etapas a serem cumpridas com iniciações, dando a cada uma delas uma expansão de consciência gradual. O ocultista busca através da magia cerimonial criar um veículo pelo qual ele atrai a luz Divina e a espalha em benefício de todos, invocando em sua ajuda a assistência dos Anjos, Espíritos da Natureza, e outros habitantes de mundos invisíveis. Notem que enquanto os místicos usam a oração, os ocultistas recorrem à magia, com a convocação de grandes forças invisíveis. Esta Escol é representada por uma corporação sempre crescente de estudiosos da Ordem Maçônica Mista Internacional chamada "os Dirietos Humanos", com sede em Paris e dirigida por um Supremo Conselho de âmbito mundial. Ela se distingue do resto do mundo maçônico pela admissão de mulheres, com iniciação no mesmo nível de igualdade com os homens e evoluindo também, segundo o seu mérito pessoal. Aqui, encontramos a Escola de Pitágoras, a Filosofia Secreta de Henrique Cornélio Agrippa, a Filosofia de Paracelso, a Ordem Rosa-Cruz e a Maçonaria Egípcia de Cagliostro. Antes, homens e mulheres de qualquer posição social e cultural podiam solicitar iniciação nos diversos mistérios, que se dividiam em Exotéricos e Esotéricos (Menores e Maiores). E todos que fossem achdos puros e de conduta nobre podiam participar dos Mistérios que destruíam todo o temor da morte e recebiam a certeza de imortalidade. A exclusão da mulher da Maçonaria deu-se muito depois do século XVIII, na Inglaterra, por influência dos mistérios Judaico-Mítrico-Romano e algumas agremiações operativa da idade média, que viviam na clandestinidade. Para escapar das cruéis perseguições eclesiásticas e políticas. Porém, essa exclusão não foi total, como examinaremos adiante. Vendo o lado místico-filosófico, tal qual os Antigos Mistérios, a Maçonaria pertence ao homem e à mulher, pois ambos visam atingir a mesma meta evolutiva e constituir a família com base de uma sociedade organizada. Em nenhuma das Escolas estudadas e citadas anteriormente, encontramos algo que proibisse o ingresso da mulher na Ordem. Isto só aconteceu a partir de Landmarks, contrariando as tradições das sociedades secretas antigas. Esta proibição foi introduzida pelo Presbítero James Anderson, no art. 18 de sua Constituição, em 1723, após a mudança da Maçonaria Operativa para Especulativa, em 1717. Inclusive, sobre as reformas de 1717, o Ir. Miguel André Ramsey diz: "Muitos de nossos ritos e costumes, quando contrários aos reformadores, foram mudados, disfarçados ou suprimidos, e desta forma, muitos irmãos lhe esqueceram o âmago, restando apenas a parte externa". Segundo o erudito, e alto Maçom e Rosa-Cruz Charles Sotseram, "As Constituições de 1723 e 1738, do falso Maçom James Anderson foram adaptadas para a recém emplumada primeira Grande Loja de Livres e Aceitos Maçons da Inglaterra. Anderson compilou estas adulteradas Constituições e para fazê-las atuar, teve a audácia de declarar que quase todos os documentos relativos à Maçonaria havia sido destruídos pelos reformadores em 1717". Continua o Ir. Charles: - A Maçonaria Especulativa tem muitas tarefas e uma delas é

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admitir a mulher como colaboradora do homem nas atuações da vida como fizeram os húngaros com a Condessa Haiderik." Continuando nossas pesquisas, encontrei uma citação de que no Magazine Freemason, publicado em 1815, aparece o texto de um pequeno livro chamado Manuscrito Régio, descoberto por um antiquário, com 794 versos que fala em sua primeira parte, da tradição da Corporação e a Segunda parte, de teor legal Maçom, não revela que a Ordem seja restrita aos homens. Pelo contrário, prova a presença da mulher, quando diz em seu item 10º, versos 203 e 204 : "Que nenhum Mestre suplante outro, senão que procedam todos entre si como irmão e irmã." No item 9º, versos 351 e 352. encontramos: "Amavelmente, servindo-nos a todos, como se fossemos irmão e irmã." Somente no verso 154 existe uma proibição, que é a de admitir servo como Aprendiz. Temos também uma citação das Ordenações da Loja Corporação de Corpus Christi, em York, de 1408, que diz: "Nenhum leigo será admitido na corporação, exceto apenas aqueles que exercem uma profissão honesta, mas todos sejam cléricos ou leigos e de ambos os sexos, serão recebidos se forem de boa reputação e de bons costumes." No mesmo manuscrito, se indica que os irmãos e irmãs deverão prestar juramento sobre o livro e várias vezes se faz alusão à Dama, particularmente no Juramento do Aprendiz, onde ele jura obedecer ao "Mestre" ou à "Dama". A proibição da mulher na Maçonaria deve-se, portanto, a um Presbítero não provavelmente, Maçom, que, seguindo os costumes clericais e sua própria inclinação, tirou da mulher um direito que foi seu durante centenas de anos. No entanto, a reação foi imediata. A Maçonaria Continental nunca se conformou com esta discriminação. Em 1730, sete anos após a Constituição de Anderson, criou-se na França, a Maçonaria de Adoção, destina-se à mulher, em 4 graus. Surgiram depois, a Ordem de Moisés, na Alemanha, em 1738; e, a dos Lenhadores, em 1747, criada pelos Caronários da Itália. Vieram outras associações, como a Ordem do Machado, na França, onde o Grande Oriente criou um novo rito chamado de Adoção, em 1774, com regulamentos próprios. Em 1786, o Conde Cagliostro, inciado em 1770, na antiga Maçonaria Egípcia, pelo Conde Saint Germain, fundava a Loja Sabedoria Triunfante, no rito da chamada Maçonaria Egípcia, para homens e mulheres. Dizia que se as mulheres foram admitidas nos antigos Mistérios, não havia razão para excluí-las das Ordens Modernas. Hoje, as Lojas de Adoção estão nos 5 Continentes. A Ordem de Moisés se espalhou pela Alemanha. O Rei Frederico I, o "Rei Sangrento"-querendo proteger as mulheres-pôs a Ordem sob a sua proteção. A Ordem cresceu, transpôs fronteiras, chegou à França, onde entrou sob a forma de Maçonaria de Adoção, sem qualquer ligação com a Maçonaria dos homens. Usava termos náuticos,como "Grumete", "Patrão", "Cabo de esquadra" e "Vice-almirante". O grau de "Almirante" correspondia ao de V.M.