A ler aprendemos
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“A LER APRENDEMOS A ESCREVER!”
TURMA 4.3
A ler conheço outros mundos. (Catarina)
A escrever partilho o que imagino em palavras! (Cristina)
A ler viajo no reino da fantasia e voo pelas folhas de papel!
(Carolina)
A escrever percorro os caminhos da minha imaginação.
(Gabriela)
A ler descubro sentimentos e emoções. (António)
A escrever construo personagens e lugares inesquecíveis. (Margarida)
A escrever compreendo a alegria, o amor, a paz, a tolerância... (Adriana)
Quando escrevo, aprendo a escrever. (Paulo)
Descobri a importância de ler escrever. (Dalila)
A ler parto para mil aventuras. (Miguel)
A escrever preencho bibliotecas cheias de
sabedoria. (André)
A escrever mergulho nas palavras. (Teresa)
Para ler bem, preciso ler todos os dias. (Mafalda Sofia)
A ler dou cor à minha vida. (Mafalda)
A ler aprecio a magia da vida, em palavras. (Mariana)
A escrever compus uma história. (João)
“A ler aprendemos a escrever, por isso partilhamos convosco estas histórias que adoramos fazer!
Ler é um prazer quando tudo queremos saber.
Não se esqueçam de ler, ler, ler...”
TEXTOS PREMIADOS NO CONCURSO LITERÁRIO
1º Prémio
Ser escritor
Gosto muito de ler. Já li muitos livros.
Para mim ler é uma aventura! Entro no enredo
e perco a noção da realidade, aprendo, brinco,
divirto-me, riu e choro, encontro ideias,
personagens, visito lugares...
Numa manhã, estava na biblioteca da
minha escola, lia o livro “O conto da Mata dos
Medos” de Álvaro Magalhães e trauteava
muito baixinho a canção do ouriço, minha
preferida:
“A ouriçar de barriga para o ar
sem ter nada que fazer
a não ser ouriçar
de barriga para o ar”...
De repente, pisco os olhos, esfrego-os
com as mãos e...Nem acredito no que vejo!
Como por magia, vejo um reboliço nas
prateleiras cheias de livros. Estes mexem-se
com delicadeza e os autores silenciosamente deslizam das capas dos livros e aparecem na sala.
De bem longe, chegam Eça de Queiroz e Óscar Wilde. Ambos vieram de Paris, a cidade luz,
com as suas obras. Eça de Queiroz, de monóculo no olho, traz “ Os Maias” e Óscar Wilde, vestido
com elegância, segura “O Gigante Egoísta e o Príncipe Feliz”.
Sophia de Mello Bryner de braço dado com o seu filho Miguel Sousa Tavares, observam o
ambiente que os rodeia e comentam:
-Está bonita esta biblioteca! Um lugar muito agradável e acolhedor para ler!
Júlio Dinis sentou-se, confortavelmente no sofá azul, faz algumas anotações no seu último
livro “As Pupilas do Senhor Reitor”. José Jorge Letria conversa com Luísa Ducla Soares sobre
poesia. João de Araújo Correia traz crónicas da região do Douro, sua querida terra. Álvaro
Magalhães, no computador portátil, vê as imagens da narrativa “Enquanto a cidade dorme”. Havia
outros escritores mas não os reconheci.
Eça, Óscar e Júlio estavam espantados, tudo era diferente da sua época, os trajes, as canetas,
os móveis, a biblioteca e as tecnologias...Nem se fala, os computadores, a televisão, os telemóveis...
-Agora é mais fácil escrever, corrigir e fazer a revisão de textos - diziam eles.
Estavam ali porque receberam um convite especial, escrever uma narrativa coletiva, para
crianças e ao mesmo tempo discutirem o novo acordo ortográfico! O tempo passava mas nada
acontecia, apenas conversavam, conversavam...Esperavam por alguém...
Senti que ninguém reparava em mim. Percebi que era invisível, então aproximei-me para
ouvir as conversas. Descobri o mistério! Esperavam pelo maior poeta português, Luís de Camões.
Ele partira para uma longa viagem, de caravela, pelos mares do mundo e regressaria a qualquer
momento... Enquanto esperavam, conversavam sobre as ideias para a sua história coletiva, mas
parecia difícil! Ouviram-se passos e fez-se silêncio...Alguém se dirigia para a biblioteca...
Entra apressado Luís de Camões e diz:
-Peço desculpa pelo atraso. Houve uma grande tempestade no mar. Não trouxe os lusíadas,
ando muito apaixonado, escrevi este soneto, “Amor é fogo que arde sem se ver...”
-Calma, caro amigo, vamos escrever uma história para crianças, elas não entendem frases
tão complicadas – acrescentou Oscar Wilde habituado a escrever lindas histórias infantis.
Álvaro Magalhães propôs o início dos trabalhos. Como todos eram bons escritores, de
épocas e estilos diferentes, foi uma grande confusão encaixar tantas ideias numa só história e ainda
com as novas regras do novo acordo ortográfico, a situação piorou!
-Não estou de acordo com estas modernices, sou de uma época diferente, escrevo como
aprendi - disse Luís de Camões.
Tive de arranjar uma solução!
Peguei num lápis, uma folha e alguns livros que já tinha lido na sala de aula. Escrevi num
papel algumas ideias minhas e outras de livros e discretamente deixei-o cair para os escritores
repararem. Pegaram nas sugestões, a imaginação e as ideias ordenaram-se e uma história
maravilhosa construíram...
“Era uma vez uma princesa que vivia num castelo...”
Uma história de encantar nasceu! Todas as crianças a leram e adoraram. Ela fazia-as
participar no enredo e decidir o desenrolar do conto! As personagens “saltavam” das páginas
impressas e viviam fabulosas aventuras com os brinquedos dos seus quartos.
Quanto ao acordo ortográfico, o problema foi resolvido facilmente. Álvaro Magalhães
escreveu no computador e fez a conversão.
-No meu tempo era tudo mais demorado, se vivesse nesta época tinha escrito mais livros –
comentou João de Araújo Correia.
-Francisca estás distraída, são horas de fechar a biblioteca - disse a menina Catarina.
-Estava mesmo muito distraída, não senti as horas passar! Pensei que estava reunida com
todos os escritores, destes livros, que estão na biblioteca!
- Gostas tanto de ler, que te perdes!
-Sim é verdade, descobri que para ser um bom escritor é preciso ser um bom leitor! Quando
for grande quero ser escritora!!!
Autor/Ilustrador
Cristina Bao (Francisca Carvalho)
2º Prémio
O velho avarento
Evaristo Papa Livros era um velho avarento. A sua maior ambição era comprar todos os
livros...Um dia lá conseguiu! Foi à internet, a um site e encomendou todos os livros do mundo.
Agora a sabedoria seria apenas para ele!
Um mês depois, os livros chegaram, ele
guardou-os numa grande biblioteca! Dia e noite,
durante meses, arrumou os livros como se fossem um
tesouro muito valioso e de seguida deitou-se na cama
muito cansado, mas inteiramente satisfeito: o seu
desejo estava realizado!
Lá fora as pessoas que gostavam de livros
começaram a ficar preocupadas.
-Não há livros!?
-Quem fez tal coisa!?
-Os livros são o espelho do mundo!
-Os livros contam histórias, ensinam,
divertem...
As pessoas sentiam-se inúteis, com o cérebro
parado, vazio. Os rostos mostravam tristeza, desânimo,
na escola os meninos não aprendiam...
Pelo contrário o velho avarento passava os dias e as noites “enfiado” no meio da sua riqueza
a ler, a ler, a ler... Os dias da sua vida não chegariam para tantas leituras....
O menino que morava na casa ao lado, reparou que o jardim estava maltratado, coisa muito
estranha! O seu vizinho tratava com esmero aquele pequeno recanto da natureza. Lá fora, a
primavera já tinha regressado e ali continuava a ser inverno! Notou também que durante a noite, a
luz de um compartimento da casa, estava sempre acesa. Isto significava que alguém continuava a
morar lá.
Numa noite de lua nova, o menino pegou numa escada, encostou-a à parede, subiu e
espreitou pela janela. Olhou lá para dentro e viu muitos, muitos, muitos, muitos livros. Com
péssimo aspeto, no seu cadeirão, o velho lia, esquecido de tudo o que o rodeava. O menino ficou
sem palavras, quase caia da escada abaixo com o espanto!!!
No dia seguinte, chegou à escola e com grande ansiedade, comunicou à turma a sua
descoberta. Os livros desaparecidos estavam bem
perto da sua casa!
Como os livros faziam parte das suas vidas,
teriam que os recuperar o mais breve possível.
Discutiram várias soluções e entenderam que tinham
que falar com o velho avarento. Decididos, foram a
casa do velho que os recebeu de mau humor e sem
paciência. O tempo era pouco para tão árdua tarefa, ler
todos os livros da sua gigantesca biblioteca. A
conversa foi difícil, mas chegaram a um acordo: eles
faziam a primavera regressar ao jardim e como
recompensa teria que devolver os livros ao mundo...
O velho aceitou. Percebeu que estava a ser
muito egoísta, os livros são um tesouro que deve ser
partilhado e todos podem enriquecer através do
conhecimento. A primavera desabrochou no jardim e a
sabedoria foi repartida por todos os que quiseram saber, aprender, descobrir, conhecer, crescer,
imaginar, estudar, cultivar, escrever e ler...
Ler é um prazer quando tudo queremos saber!
Autor/Ilustrador
António Monteiro (Sérgio Ferreira)
3º Prémio
Cor à Vida
O Urso Branquinho vivia com a
sua mãe e o seu pai no Pólo Norte. Ali
tudo era branco e embora achasse a neve
fria, bonita, sentia que era uma monotonia
viver assim, com tanta brancura!
- Preciso dar cor à minha vida!
Estou sem ideias, por isso vou precisar de
ajuda. Talvez…Já sei, vou fazer cartazes a
dizer " Vamos dar cor à vida".
Um dia, quando espalhava os
cartazes, viu um enorme livro, coberto de
neve álgida. Em redor dele, com ar
pensativo e interrogativo, lá estavam o
Pinguim, o Toirão, a Raposa Peneco e a Lebre Americana. Foi ter com eles e perguntou:
- Mas que estão vocês aqui a fazer?
- Estamos a tentar descobrir o que é esta coisa grossa, cheia destas coisas fininhas, com
rabiscos muito seguidinhos… - diziam enquanto tiravam a neve e folheavam lentamente com muito
cuidado “a coisa”.
- Ah,ah,ah… vocês não sabem o que é isso?- riu-se ele dos seus amigos.
- Tu sabes? Então diz lá! Anda diz!- diziam em coro.
- Ok! Eu digo-vos como se chama “a coisa”. “A coisa” chama-se livro, estas coisas fininhas
são as folhas, os rabiscos são as letras - respondeu o Urso Branquinho todo orgulhoso.
- Mas para que serve essa coisa? Quer dizer o livro!
- Isso serve para ler!- respondeu ele- Mas isso não me importa. O que me importa é ...
- Olá amigos!- disse de repente o Arminho.
- Que susto nos pregaste! - disseram todos.
- Desculpem, não queria assustar, só queria pregar-vos um susto –disse em tom de gozo-
desculpem…
- Ok, ok, parem lá com as gracinhas!! Estou com um problema... Quero, bem…eu quero dar
cor à vida- disse o Urso muito entusiasmado.
- Ha, ha, ha, isso não é possível e nunca será, se aqui é tudo branco, branquinho...até nós nos
confundimos com a neve…Só se usarmos tinta, mas aqui não há!
- Sim. Vocês têm razão, não me parece possível, mas vou para casa pensar bem no assunto-
afirmou o Urso, decidido.
E lá foi o Urso com o livro às costas para o seu iglu. Pousou o estranho objeto, na mesa e foi
para a cama. Teria que arranjar solução!
No dia seguinte pegou no livro, saiu de casa e foi ter com os seus amigos. Ele era o único
que sabia o que queriam dizer aqueles rabiscos, as letras, é claro! Sentados em círculo, muito
concentrados, observavam o Urso Branquinho…Com cuidado abriu o livro e ….Para espanto de
todos, as belas imagens coloridas, eram bem diferentes da cor branca da neve! Lia animado e os
amigos com os olhos esbugalhados observaram os desenhos.
-Tantas cores!
-Fala de outros animais, de pessoas, piratas, príncipes, rainhas, magia, dos bons e dos
maus…
-De outros sítios…Da terra, do espaço, do sol, da lua, da galáxia…
A sua imaginação levou-os para lugares bem distantes onde nada era branco, mas sim azul
como o mar e o céu, verde como a relva e a floresta, castanho como a terra, amarelo como o sol ou
um campo de girassóis...
Descobriram o que dava cor à vida: os livros!!
De repente apareceu um menino esquimó muito aflito e preocupado. Procurava o seu maior
tesouro: um livro, o melhor que já tivera. Alguém o tinha tirado da sua enorme biblioteca.
O Urso perguntou-lhe porque estava assim tão aflito.
Ele respondeu:
- Ando à procura de um livro! Por acaso não o viste?
- Será este livro que nós encontramos?- perguntou o Toirão.
O menino esquimó ficou aliviado!
-Sim é esse o meu livro, preciso dele para a minha coleção, sem ele, fica incompleta. Por
favor podem devolver-mo?
- Não! Este livro é meu, só meu e de mais ninguém! Só eu sei ler e o mais importante é que
ele deu cor à nossa vida - disse o Urso agarrado ao livro.
- Mas preciso dele para a minha biblioteca, sem ele a coleção fica imperfeita...Já sei vamos
fazer um acordo – disse o menino.
- Que acordo?- perguntou o Arminho.
- Esta semana vocês ficam com este livro. Na semana seguinte eu empresto-vos outro diferente,
assim terão leituras para todos os gostos...
-Assunto encerrado!
-Negócio fechado!-Concordaram todos.
A partir desse dia, no Pólo Norte, todos aprenderam a ler e a escrever. Sempre que liam um
livro, um arco-íris aparecia, matizava o céu e a neve ficava de muitas cores devido à cultura que os
livros transmitiam.
E ficaram coloridos para sempre…
Autor/Ilustrador
Mafalda Sousa (Ana Monteiro)
2º Prémio / Poesia
Sonhar
Sonhar é imaginar
Cantar, dançar e brincar
É o que vou fazer
Podes crer!
Vem comigo participar
Neste sonho de encantar
Sonho que estou no norte
Muito forte
Ou no sul
Com o mar azul
A minha imaginação
Vai num foguetão
De Saturno a Neptuno
Princesas e bruxas malvadas
Vou ver
Mas um príncipe encantado
Desejo ter
A minha imaginação
Não tem fronteiras
A galopar num cavalo
Parto para mil brincadeiras
Sonhar é…
Autora
Adriana Teixeira (Ana Clara
OUTROS TEXTOS
A máquina do tempo
Ano 2013.
Foi inventada a primeira máquina do tempo. O seu inventor, Drinner Sponch Pon, nasceu no
dia 1 de Outubro de 1981.Vivia numa casa branca, à beira mar, com um jardim onde os seus filhos
brincavam. Era um sítio calmo e isolado, assim podia trabalhar nas suas invenções.
A sua criação mais recente foi uma máquina do tempo...
De metal dourado, com um lugar para se sentar, de cor vermelha, feito de penas de ganso
macias, um corrimão de ferro prateado, à frente, para se segurar, uma alavanca preta com a pega
vermelha e uma lâmpada que dava uma luzinha roxa, no exterior.
A notícia da invenção apareceu no jornal, na televisão, na net... As pessoas mais ricas, os
reis e as rainhas pediram um exemplar, mas
Drinner Sponch Pon só construíra uma
e...ninguém acreditava que poderia viajar no
tempo.
Eles protestaram e reclamaram durante
43 minutos e 36 segundos, até que já sem alguns
dentes e com muitas negras pararam e foram-se
embora.
Drinner decidiu fazer algumas viagens. A
primeira foi ao futuro. O futuro era todo
metalizado, com carros voadores… As casas
eram altas, esguias e cheias de pessoas
esquisitas...
Drinner descobriu os seus filhos e a si mesmo,
mas com 94 anos. Ficou lá algum tempo mas
não gostou do que viu, ficou farto do futuro, era
tudo muito cinzento e sentia-se muito velho.
Então sentou-se na sua obra-prima, programou-a para o passado, mas retrocedeu tempo demais!
Viajou até à época dos dinossauros. Chegou à selva, mal pôs um pé no chão, começou a ser
perseguido pelo rei dos dinossauros, o T-Rex.
Correu, correu e escondeu-se num arbusto muito
espesso. Tinha despistado o seu perseguidor.
Drinner voltou para a máquina do tempo. Afinal
aquele lugar era perigoso e demasiado inseguro
para um humano habitar. Tentou ligar a máquina,
mas era preciso energia. Não funcionava, furioso,
pegou na ficha, de repente...Um relâmpago atingiu
o seu cérebro genial. A energia atravessou-lhe o
corpo e deu potência à máquina, que começou a
mover-se. Aliviado por não ser a refeição do
dinossauro, voltou ao presente. Ninguém
acreditaria no que viu. Lembrou-se que talvez uma
máquina fotográfica o pudesse ajudar, assim teria
provas do que viu e mostraria às pessoas da cidade
as fotografias das suas viagens no tempo.
Já em casa, procurou a máquina
fotográfica. Não a encontrou, mas também não
tinha dinheiro na conta, gastou-o na sua fabulosa invenção: a máquina do tempo.
- Como hei de resolver isto?- perguntou a si mesmo.
Programou novamente a máquina, a 3000 anos a.C..
Estava agora numa caverna, à sua volta figuras rupestres enfeitavam as paredes da gruta...
O homem que encontrou (chamado por muitos, homem das cavernas) fazia retratos da pré-história.
O inventor olhava atentamente para o trabalho do Homem e reparou: pegar em lama, pô-la em cima
de uma pedra, meter a cara, deixar a marca e secar. No fim, voilá, uma fotografia da pré-história.
Esperou que outro relâmpago acertasse na máquina, lhe desse energia e assim poderia regressar ao
presente. Foi o que aconteceu!
No presente, mostrou à Comunidade Cientifica o seu vestígio do passado. Ficou reconhecido
como cientista e tornou-se famoso em todo o mundo. Ganhou o prémio “Nobel do Tempo” pelas
viagens feitas.
No dia em que a sua invenção festejava 95 anos, morreu e a sua existência parou no tempo!!
Autor/Ilustrador
André Sousa (José Pedro Mota)
A greve das letras
As letras Maiúsculas estavam de mau humor. Estavam muito cansadas, todos dias era “A”
para ali, “B” para acolá, “Ç ou C” aqui…
Reuniram-se e decidiram:
-Temos que fazer greve!
-Usam-nos sem pedir autorização…
-Colocam-nos incorretamente nas
palavras…
-Estou farta de estar sempre a mudar
de livro!
Reclamavam de tudo e de todos! No
meio da confusão, ouviu-se uma voz
fininha, era o “i” minúsculo, muito
medroso:
-Não podemos deixar de fazer livros,
porque as crianças querem aprender! Não
podemos abandonar as nossas obrigações e
responsabilidades…
-Mas queremos revoltar-nos contra
as pessoas! Cada palavra, seu erro…
-Não queremos ser culpadas de
transmitir informações falsas!
O “G” grande e gordo abriu a goela
e de repente, fez-se um enorme silêncio!
- Está resolvido…
As Maiúsculas, decidiram assaltar a biblioteca para roubar as restantes letras e poderem
manifestar-se contra as pessoas. Entraram muito devagar e discretamente, mas o capitão ”K”
sussurrou:
-Atenção, não podemos fazer barulho, se acordamos o porta-lápis, a esferográfica, o lápis, a
borracha-comandante e a afia-alarme, estamos tramados!
Puseram mãos à obra, mas a letra “D” a mais descuidada, tropeçou na afia e o alarme soou.
Então começou a guerra! Os lápis, e as esferográficas escreviam palavras, enquanto as letras
prontamente as roubavam. O “S” levava um saco, o “C” um caixote, o “M” a mochila, o “P”, muito
poderoso, arrancou as folhas de alguns livros e transformou-as em lindos papagaios de papel que
voaram no céu azul.
A guerra terminou porque ouviram um barulho. Viram que eram os humanos, se as vissem
naquela situação achariam estranho e publicariam no jornal. Mas, como a letra “E” era esperta e
experiente disse:
-Tive uma ideia genialíssima!
-Uuuuui, quando a letra “E” tem uma ideia é de fugir!!!- disse a letra “C”.
-Se inventarmos e escrevermos uma história, as minúsculas são obrigadas a juntarem-se a
nós!
A letra “I” exclamou:
-Elas são suficientemente inteligentes para descobrirem que nós estamos a mentir!
-Mas com esta história não se apercebem da mentira. EH, EH, EH - disse a letra “E” com
uma risada maléfica.
As letras grandes concordaram com o plano genial. Chegaram junto das minúsculas e a letra
“R” que sabe representar disse a chorar:
-Oh letrinhas, nós precisamos urgentemente de vocês!
-Porquê? Há algum problema???- disseram aflitas, em coro.
-Queremos que vocês vão à biblioteca ver o que aconteceu, os livros ficaram com páginas
em branco! Precisamos de inventar umas histórias e encher as páginas novamente!!
Sem darem por isso, como eram mazinhas, levaram-nas para uma sala e fecharam-nas a sete
chaves. Lá havia imensas máquinas e uma delas era terrível, a “Apaga-letras”!
Como eram espertas protestaram:
-Isto não é a biblioteca!
Num abrir e fechar de olhos, sem qualquer explicação, ataram-nas, levaram-nas para a
“Apaga-letras” e programaram-na. Maiúsculas e minúsculas dentro da máquina apertadinhas e às
escuras ouviram...
-Clic, clic, 4-5-6, mais dois minutos e zás, traz, traz, apagado!!!!!
Mas a letra “T” que era tola e trapalhona caiu no caixote do lixo.
Na biblioteca, uma turma foi fazer um trabalho importante. Com grande espanto repararam
que os livros estavam em branco. A Catarina e a Margarida retorquiram:
-Como é possível?
-Como é que as letras desapareceram!?- disse a Margarida.
-Alguma traça esfomeada as comeu ao pequeno-almoço...
O mundo ficou pasmado! Como era possível tal atitude?
As letras desapareceram, como por magia, dos livros!
Algumas minúsculas, como eram minúsculas, esconderam-se nas imagens dos livros, para
fugir à maldade das outras...
O “T” maiúsculo, sozinho no caixote do lixo, choramingava de solidão! Algumas
minúsculas, ouviram o choro do “T” e resolveram ajudar. O “c” arranjou uma corda, o “l” fez um
laço e lançou, o “s” segurou, o “d” desceu, o “a” atou, o “p” puxou e o “T” estava salvo. Mesmo
assim a sua tristeza não passava, faltava a companhia das suas colegas maiúsculas. O “i” e o “g”
que eram inteligentes e geniais, conheciam o código da “Apaga-letras” e...
-Traz, traz, zás, menos dois minutos, 6-5-4, clic, clic, reativado!!!
Regressaram amarrotadas, com cara de poucos amigos, continuavam teimosas e diziam
repetidamente:
-“ESTAMOS EM GREVE, NINGUÉM MANDA EM NÓS!”
-“ESTAMOS EM GREVE, NINGUÉM MANDA EM NÓS!”
-“ESTAMOS EM GREVE, NINGUÉM MANDA EM NÓS!”
E agora?
Vitória, vitória, continua tu, a história..
Autor/Ilustrador
Carolina Cardoso (Ana Isabel)
Acabaram as histórias
As letras estavam muito cansadas, andavam sempre numa roda-viva. As pessoas pegavam
nelas e escreviam continuadamente, principalmente na
aldeia Sorridente, do Planeta Mágico. Lá havia
concursos de histórias.
Uma das letras revoltada, que por acaso era o R,
resmungou:
- Comigo só escrevem Roma, rodela, roda,
ratazana e muitas outras palavras sem importância, que
falta de imaginação!
O L sem hesitar respondeu:
- Olha se tu dizes isso, repara em mim! Comigo
escrevem latas com lulas, que são a comida que mais
detesto!
A letra C muito contrariada disse chateada:
- Cá eu não gosto de participar em contos,
histórias, fábulas e ver personagens a dramatizar...Então
detesto!
A letra A concordou com a C.
Um menino escolheu um livro para ler, abriu-o e qual foi a sua surpresa…apenas b g B g b
G…as outras letras tinham desaparecido…
Na escola cada vez que a professora escrevia as letras do abecedário estas abalavam
rapidamente, exceto o B e o G.
O F ficou tão feioso e fininho, por ter fugido que resolveu juntar-se à brigada do B e do G. A
brigada do B, do G e do F chamava-se “Contra letras” que não querem escrever.
Foram a um rio e disseram ao peixe se falava com a letra P e lhe pedia para se juntar à
brigada. O peixe proferiu:
- Só com uma condição!
- Qual? – Perguntou o B.
- Olha…-foi novamente para debaixo de água, respirou e voltou a subir - preciso que me
arranjes comida!
- Está bem- exclamou o B.
Prepararam-lhe um excelente patê de sardinha e o Peixe pomposo, de barriguinha cheia
deu-lhes o P de Peixe, que se juntou à brigada.
Mas não eram suficientes, o Planeta Mágico estava quase a desaparecer com a falta da sopa
de letras.
Chegou o SH, super-herói das letras... vestia uma camisola vermelha com riscas douradas, a
enfeitar, calças cor-de-rosa, capa azul e trazia os pés descalços. Por ter os pés descalços queimou-se,
parecia que nada resultava...
-Eiou!Eiou!Dd!Mno!- gritava ele aflito.
Este grito atrapalhado, estridente, tão forte, assustou as letras revoltadas e fugitivas, que
decidiram regressar, muito envergonhadas e arrependidas. Até o grito do SH era gago, pois
faltavam-lhe imensas letras!
Em filinha, muito silenciosas, cabisbaixas, procuraram o seu lugar no abecedário e entraram
nas palavras e construíram frases, com as frases fabricaram textos, com os textos completaram
histórias, com histórias criaram livros, muitos livros formaram uma biblioteca, bibliotecas que
causaram sorrisos, sorrisos que aumentaram a sabedoria, sabedoria transformada em felicidade...
nas pessoas.
Autor/Ilustrador
Catarina Campos (Inês Freitas)
Um dia cheio de aventuras
Numa manhã acordei deitado num tapete fofo, não sabia onde estava. Dei uma cabeçada na
porta, esta abriu-se e vi bonecos que andavam, falavam, brincavam...Ficámos amigos. Os meus
amigos eram o Batata, o Cão Elástico, um Pónei, uma Cowboy…
Uma bela manhã saímos de casa sem destino, até que chegámos a uma floresta e…apareceu
um terrível, malvado e enorme lobo com dentes bem afiadinhos, muito barrigudo, era o “Lobo
Mau”!
Perguntamos ao Lobo:
-Tu vais comer-nos?
-Não, hoje já
comi um bom
almoço!
-Ainda bem,
porque nós queremos
é brincar e não ser a
tua refeição!
O lobo achou
tanta graça que
começou a correr
atrás de nós. A
brincadeira ficou
animada! Por muito que a brincadeira fosse divertida, tínhamos que continuar a aventura. Um
cavaleiro passou. Era o Cavaleiro da Dinamarca. Forte, musculoso, ideal e muito valente. Seguimos
o Cavaleiro e chegámos à casinha de chocolate.
À janela estava a bruxa má e o Gigante egoísta. Ele era gordo, malvado, invejoso, orelhudo
e muito egoísta. Subimos para os seus cabelos gigantescos, parecia que estávamos a voar pela
paisagem fora, até que num dado momento caímos nas montanhas feiticeiras. Aparece um monstro
com três cabelos verdes, três pernas, três olhos e três braços era um marciano, acabou por nos salvar
das montanhas terríveis.
Estávamos perdidos. Caminhámos, caminhámos e vimos uma sombra…Aproximámo-nos … Com
uma varinha de condão, um vestido verde água, apareceu uma linda, lindíssima, bela, belíssima
fada, era Oriana. Considerada a magnífica rainha das fadas e da natureza. Ficámos encantados e
parámos pasmados, esquecidos de tudo.
Continuámos, chegámos ao mar. Pensámos que poderíamos fazer uma viagem marítima pelo
Oceano, para vermos as espécies marinhas, mas para isso precisávamos de um submarino. Oriana
pegou na varinha de condão disse palavras mágicas e o minúsculo submarino, que estava nas mãos
do Batata, cresceu, cresceu, era agora um submarino verdadeiro. No mar havia salmão, tamboril,
cachalotes, tubarões, baleias, tubarões-martelo, tubarões-azuis, tubarões-touro, etc. Chegámos à foz
de um rio. Subimos pelo rio e vimos a piranha preta, a piranha vermelha, piranga e outros
peixinhos, peixes, peixões!!!
Passado algum tempo saímos do leito do rio e voltámos à floresta, mas desta vez não
encontramos o lobo mau, mas sim joaninhas, borboletas, pica-paus que eram nossos amigos. De
repente aparecem três ursos, correm atrás de nós e logo o lobo mau aparece e salva-nos. O lobo mau
indicou-nos o caminho secreto para a biblioteca, precisávamos de encontrar um livro especial.
Estava numa gaveta, para o irmos buscar teríamos de descobrir a chave que estava guardada no
casaco preto do proprietário. Saltámos de prateleira em prateleira, chegámos ao casaco, sem o
proprietário dar conta, pegámos na chave e abrimos a gaveta. Tirámos o livro secreto, como éramos
pequenos, ninguém nos viu. O proprietário olhou para a mesa, viu o livro, achou estranho estar na
mesa e principalmente a mexer-se sozinho. Fugimos a correr, vimos a cidade lá ao longe, isso
queria dizer que já estávamos perto da nossa casa, grande e alta.
Pelo caminho dois cães cercaram-nos, ficámos encurralados rapidamente passámos pelo
meio das patas dos cães e fugimos a sete pés! Chegámos a nossa casa, rapidamente saltámos para as
prateleiras e para as caixas, o nosso dono não daria por falta de nós.
Mas como era muito cedo, passámos no Pólo Norte, lá havia várias espécies de animais,
todos pensaram na mesma coisa e todos disseram em conjunto:
-Vamos visitar estes animais gelados!
Então lá fomos nós descobrir a fantástica vida animal. Vimos o Boi Almiscarado, parecia
uma pequena vaca, mas ele é parente próximo do carneiro, o Caribu, a Morsa-macho que tem o
dobro do peso da fêmea e alimenta-se no mar. Os Ursos polares vão à terra comer bagas, as Baleias
são arrastadas para a costa, a Lebre do Ártico e o Arminho têm pelagem castanha no verão, mas
tornam-se brancas no inverno para se confundirem com a neve. Ao Toirão, ao Arminho, às Raposas
Peneco, às Raposas vermelhas, às Raposas do Ártico, às Lebres Americanas, às Lebres e ás Lebres
do Ártico, aos Pinguins de Adélia, acontece a mesma transformação.
Reparámos nas horas, o nosso dono já devia de estar a sair da escola, ele sai às dezasseis e
trinta e já são dezasseis e vinte !
Tomámos o caminho de casa. Num dado momento ficamos perdidos. Um pinguim simpático
mostrou-nos o caminho até ao rio. Na margem do rio, demos vinte passos para a esquerda e aparece
um polvo gigante, em vez de ter oito braços tinha 18 braços!
Corremos como setas! Mas o pior estava para vir!
Um dragão malvado, roxo e laranja, pegava num dragão bebé verde e vermelho. Olhamos
para trás, vimos a mãe dragão, pois era tal e qual o dragão bebé, “tal mãe, tal filho!”A mãe
procurava-o aflita! O bebé chorava, estava a sofrer muito, ela preparava-se para lutar, então
decidimos ajudar. Pegámos num pau e batemos com muita força no dragão, que com o susto soltou
o dragãozinho. Ele correu em direção à sua mãe e o dragão transformou-se numa grande rocha a
fumegar. O pau era mágico e todos os malvados onde tocasse eram transformados em pedra!
Estava na hora, entrámos pela janela, fomos imediatamente para as caixas e ficámos muito
quietinhos, para que o nosso dono não desse pela nossa falta.
Assim terminaram as nossas aventuras, por hoje…Mas haverá outras!!
FIM
Autor/ Ilustrador
João Rodrigues(Pedro Pinto
A Bailarina
É hora de deitar. A mãe aconchega a menina com os lençóis macios e suaves. Pega num livro e
começa a ler:
“ Era uma vez … “, mas lembra-se que falta alguma coisa. Vai à prateleira dos peluches e
retira uma caixa cor-de-rosa com estrelinhas amarelas. Roda a corda e abre a caixa. Aparece uma
bailarina, muito bonita, que dança em bicos de pés ao som de uma suave música, perfeita para
acompanhar histórias de encantar e adormecer. Com a sua voz calma e ternurenta, a mãe lê:
“- Era uma vez uma bela bailarina chamada Carolina. Ela vivia numa casa na Dinamarca.
O seu melhor amigo era o Einstein que lhe ensinava fantásticos algoritmos, até aprendeu a fórmula
que o tornou famoso, E = mc2 “.
Como era aventureira, decidiu partir para mais uma aventura. Montada no seu cavalo
Basílio, voava pelo céu azul, bem perto das nuvens. Com ele fez imensas viagens, conheceu muitos
sítios e descobriu novas amizades. A cidade que mais lhe agradou foi Veneza, com as gôndolas e os
seus festejos carnavalescos.
Sentados num banco de jardim, estava o menino chamado Menino com o seu autor, Álvaro
Magalhães. A Bailarina ajudou-os a criar uma nova história " O homem que não queria sonhar” e
esta teve grande sucesso!
A sua aventura continuou.
Junto ao rio Douro encontrou a fada Oriana a falar com o seu amigo peixe. Juntou-se a eles.
A carpa elogiou-a tanto, tanto, que se esqueceu de tudo que a rodeava. Passados 15 dias continuava
a olhar para a sua imagem refletida no rio. Parecia hipnotizada! De repente começou a chover, foge
para a floresta onde encontrou dois esquilos a conversar:
- Ouvi dizer que morreu o mandarim mais rico do mundo. Só não sei para quem ficou a
herança.
- A herança ficou para o senhor Teodoro, mas eu preferia que o dinheiro fosse meu, assim
ficava rico e mudava de floresta!
Os dois esquilos continuavam em animada cavaqueira. A bailarina ficou muito triste com a
morte do mandarim, ele era seu amigo, tinha-o conhecido na última viagem que fez à China. Foi ao
funeral e voltou.
Passou na Mata dos Medos. Visitou e lanchou com o seu amigo predileto, o ouriço, que a
recebeu cantarolando:
“A ouriçar
De barriga para o ar
Sem ter nada que fazer
A não ser ouriçar
De barriga para o ar “
A Fada Palavrinha”, que era sua irmã, foi a próxima visita. Esta tinha uma missão muito
importante, ajudava os pais a adormecer as crianças mais agitadas, como a sua amiga Glória.”
A mãe parou de contar a história. Olhou para a sua filha, já dormia um sono tranquilo.
Desligou as luzes e saiu do quarto silenciosamente.
A Bailarina dançava e a maravilhosa música continuava a embalar os sonhos da menina. A
menina sonhava que era bailarina, dançava, dançava e vivia novas aventuras...
Cada noite que chegava, uma bailarina dançava, uma história voltava e sonos tranquilos
viajavam…
Autor/Ilustrador
Margarida Carvalho (Diana Monteiro)
A LER APRENDEMOS A ESCREVER!