A inovação 02 - CENFIM · de trabalho e de negócio, numa acção que na globalidade nos ......

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1 A inovação emana da “inquietação” dos homens; a tecnologia é apenas um dos seus resultados inovação: a propensão e a capacidade da Organização para assumir riscos e o estímulo dos seus Colaboradores para promover a mudança, com foco no “fazer melhor”, baseando-se em três vectores capitais: É aqui, onde se assinala como peça-chave da inovação os Activos Humanos das Empresas que, organizações como o CENFIM, enquanto Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica, podem e devem cumprir o seu papel, já que têm na base da sua actuação a formação de novos profissionais, as acções de aperfeiçoamento dos activos das Empresas do sector, mas também o contacto estreito e a acção directa que importa manter com as empresas que servem, coabitando os seus contextos de trabalho e de negócio, numa acção que na global idade nos impõe o compromisso de respondermos em cada uma das três vertentes anteriormente assinaladas. A prestação mais evidente que o CENFIM pode trazer a estes processos nas Empresas advém da sua acção principal, a formação e integração de novos profissionais, assim como a actual ização e qual ificação dos seus act ivos. Posicionando-nos como o maior Centro de Gestão Participada do País, é incontestável a contribuição que temos dado ao nível da preparação dos recursos humanos, com taxas da ordem dos 10.000 formandos por ano, este sim, o maior contributo, porque baseado no aumento das competências técnicas e na inserção de profissionais com novas visões e posturas, como alavancas da inovação. Servindo um sector de base tecnológica é evidente que se trata de uma formação tendencialmente técnica, através da qual são induzidos conhecimentos em novas tecnologias, como são exemplo os casos das saídas profissionais dos técnicos especial istas na organização da produção ou de mecatrónica, ou ainda de programação de máquinas de comando numérico - CNC, que se posicionam ao nível dos cargos intermédios das empresas, uma área funcional sempre vital nestes processos de mudança. Mas para além das virtudes curriculares destes cursos, investimos e + O conhecimento das técnicas e das tecnologias que util izam (aptidões) + A percepção da real idade e da organização da empresa (contexto) + A predisposição dos seus colaboradores e da sua l iderança (atitude) Na Indústria transformadora a inovação é comummente associada a investimentos tecnológicos, sendo este um processo adit ivo que conduz a melhorias sucessivas que vão sendo incorporadas nos processos de fabrico. Mas esta é apenas uma acepção do conceito, talvez mais próxima dos cl imas de desenvolvimento do que dos ambientes mais genuínos da inovação. Há ainda uma outra aproximação, esta mais disrupt iva e criativa e que normalmente resulta em alterações signif icativas nos processos e nos produtos das organizações. Podemos presumir assim que a inovação ocorre em dois moldes, um mais evolucionário, assente principalmente no conhecimento das técnicas e dos processos da Empresa e conduzindo normalmente a estágios de incremento tecnológico e um outro, mais revolucionário, que germina de ambientes de pro-actividade estimulados pela própria cultura da Empresa e que, normalmente, gera alterações de impacto mais marcante ao nível dos seus processos de trabalho, dos seus serviços e produtos finais e até do próprio modelo de negócios. De uma coisa deveremos estar certos: independentemente das definições que aqui forem trazidas para a “inovação”, esta terá de emergir sempre do interior da empresa - não é possível melhorar ou revolucionar o que não se conhece - tendo nos seus activos humanos a principal alavanca da mudança. Por maior similitude que possam aparentar - mesmo empresas de igual dimensão e actuando no mesmo sector de actividade - nenhuma organização gere a sua l inha de produção da mesma forma que uma outra qualquer. Essas diferenças não se ficam apenas pelos seus métodos de trabal ho, mas revelam-se também na sua própria história ou mesmo no estilo de l iderança imperante. Cada organização é uma entidade com personal idade própria e comportamentos produtivos dist intos de qualquer outra, diferenças essas que podem levar a que a aquisição de uma nova tecnologia possa num caso ser um factor de sucesso e noutros um investimento fracassado. A nossa experiência diz-nos que há ainda outra condição de sucesso que advoga um pleno envolvimento dos Activos da Empresa: a natureza humana é resistente à mudança; envolver de uma forma alargada e transversal o quadro da empresa, em projectos de inovação, é também trazer para eles a noção de pertença e por conseguinte a predisposição para a aceitação da mudança. Em tudo isto há um padrão que é comum nas estratégias da

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A inovação emana da “inquietação” dos homens; a tecnologia é apenas um dos seus resultados

inovação: a propensão e a capacidade da Organização para assumir

riscos e o estímulo dos seus Colaboradores para promover a

mudança, com foco no “fazer melhor”, baseando-se em três

vectores capitais:

É aqui, onde se assinala como peça-chave da inovação os Activos

Humanos das Empresas que, organizações como o CENFIM,

enquanto Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica

e Metalomecânica, podem e devem cumprir o seu papel, já que têm

na base da sua actuação a formação de novos profissionais, as

acções de aperfeiçoamento dos activos das Empresas do sector,

mas também o contacto estreito e a acção directa que importa

manter com as empresas que servem, coabitando os seus contextos

de trabalho e de negócio, numa acção que na global idade nos

impõe o compromisso de respondermos em cada uma das três

vertentes anteriormente assinaladas.

A prestação mais evidente que o CENFIM pode trazer a estes

processos nas Empresas advém da sua acção principal, a formação e

integração de novos profissionais, assim como a actual ização e

qual ificação dos seus act ivos. Posicionando-nos como o maior

Centro de Gestão Participada do País, é incontestável a contribuição

que temos dado ao nível da preparação dos recursos humanos, com

taxas da ordem dos 10.000 formandos por ano, este sim, o maior

contributo, porque baseado no aumento das competências técnicas

e na inserção de profissionais com novas visões e posturas, como

alavancas da inovação. Servindo um sector de base tecnológica é

evidente que se trata de uma formação tendencialmente técnica,

através da qual são induzidos conhecimentos em novas tecnologias,

como são exemplo os casos das saídas profissionais dos técnicos

especial istas na organização da produção ou de mecatrónica, ou

ainda de programação de máquinas de comando numérico - CNC,

que se posicionam ao nível dos cargos intermédios das empresas,

uma área funcional sempre vital nestes processos de mudança. Mas

para além das virtudes curriculares destes cursos, investimos e

+ O conhecimento das técnicas e das tecnologias que util izam

(aptidões)

+ A percepção da real idade e da organização da empresa

(contexto)

+ A predisposição dos seus colaboradores e da sua l iderança

(atitude)

Na Indústria transformadora a inovação é comummente

associada a investimentos tecnológicos, sendo este um processo

adit ivo que conduz a melhorias sucessivas que vão sendo

incorporadas nos processos de fabrico. Mas esta é apenas uma

acepção do conceito, talvez mais próxima dos cl imas de

desenvolvimento do que dos ambientes mais genuínos da inovação.

Há ainda uma outra aproximação, esta mais disrupt iva e criativa e

que normalmente resulta em alterações signif icativas nos

processos e nos produtos das organizações. Podemos presumir

assim que a inovação ocorre em dois moldes, um mais

evolucionário, assente principalmente no conhecimento das

técnicas e dos processos da Empresa e conduzindo normalmente a

estágios de incremento tecnológico e um outro, mais

revolucionário, que germina de ambientes de pro-actividade

estimulados pela própria cultura da Empresa e que, normalmente,

gera alterações de impacto mais marcante ao nível dos seus

processos de trabalho, dos seus serviços e produtos finais e até do

próprio modelo de negócios.

De uma coisa deveremos estar certos: independentemente das

definições que aqui forem trazidas para a “inovação”, esta terá de

emergir sempre do interior da empresa - não é possível melhorar ou

revolucionar o que não se conhece - tendo nos seus activos

humanos a principal alavanca da mudança. Por maior similitude que

possam aparentar - mesmo empresas de igual dimensão e actuando

no mesmo sector de actividade - nenhuma organização gere a sua

l inha de produção da mesma forma que uma outra qualquer. Essas

diferenças não se ficam apenas pelos seus métodos de trabal ho,

mas revelam-se também na sua própria história ou mesmo no estilo

de l iderança imperante. Cada organização é uma entidade com

personal idade própria e comportamentos produtivos dist intos de

qualquer outra, diferenças essas que podem levar a que a aquisição

de uma nova tecnologia possa num caso ser um factor de sucesso e

noutros um investimento fracassado. A nossa experiência diz-nos

que há ainda outra condição de sucesso que advoga um pleno

envolvimento dos Activos da Empresa: a natureza humana é

resistente à mudança; envolver de uma forma alargada e

transversal o quadro da empresa, em projectos de inovação, é

também trazer para eles a noção de pertença e por conseguinte a

predisposição para a aceitação da mudança.

Em tudo isto há um padrão que é comum nas estratégias da

acreditamos nas nossas competências pedagógicas para fazer

destes profissionais indivíduos de índole intervent iva nas empresas

que integram.

Mas a nossa acção só estará alinhada com as expectat ivas reais

das Empresas se nos mantivermos invest idos, de forma

continuada, num contacto estreito com as mesmas, daí sorvendo a

sua própria real idade. E é essa proximidade que nos tem trazido a

visão de contexto das Empresas e que nos habil ita a poder

responder com efectividade a parte dos seus anseios de melhoria. A

descentral idade dos nossos Núcleos de Formação (13 no total,

espalhados pelo País) potencía uma maior relação local e de

proximidade com as empresas. Para além dos contactos

decorrentes da sua actividade (no ano transacto perto de 900

Empresas foram beneficiárias da Formação), o CENFIM realiza por

ano uma média de 1000 visitas a Empresas. O facto de trabalharmos

tão de perto com as Empresas favorece relações de confiança com o

tecido industrial, as quais, por si mesmas, acabam por gerar

iniciativas complementares aos modelos tradicionais da formação,

sendo aqui muito próprio assinalar aquelas que baseiam o apoio que

o CENFIM presta de forma directa à inovação e modernização das

Empresas, como é o caso das iniciativas de formação-acção. Este

tipo de intervenção baseia-se em act ividades formativas

parcialmente real izadas nas Empresas, por via de uma componente

consultiva (formação ind ividual izada), através da qual o CENFIM

apoia as Empresas em projectos concretos de melhoria

relacionados com a sua organização e contexto produtivo.

Orgulhamo-nos de já termos contabil izado acima de 250

intervenções desta natureza em Empresas do Sector.

Finalmente, e na componente tecnológica. Quem visitar o

CENFIM encontrará nas nossas instalações o mesmo complexo

tecnológico que encontra numa empresa do sector metalo-

mecânico, também aqui denotando-se investimentos em novas

tecnologias. A nossa estratégia incidiu sempre em encarnar as

mesmas condicionantes tecnológicas das Empresas e procurar

também antecipar algumas das tendências que se vão verificando

no domínio da inovação tecnológica. Esta aproximação pretende

em primeiro lugar garantir que os nossos quadros, para além das

suas capacidades pedagógicas, são também técnicos credibi-

l izados, para que a sua acção junto dos formandos se transforme

num contributo técnico real, que estes depois transportam para as

Empresas. Este investimento interno tem sido consubstanciado

através de projectos de grande envolvimento dos nossos quadros,

sejam de natureza interna, nacionais ou transnacionais. Estes

projectos têm potenciado oportunidades para absorver e

desenvolver novas competências e tecnologias, de âmbito

industrial e pedagógico. O nível de participação nestes projectos,

por si só, exalta o envolvimento do CENFIM neste propósito,

contabil izando-se até hoje a participação em mais de 100 Projectos

Europeus e relações de cooperação com cerca de 125 parceiros de

26 Países Europeus.

Para concluir: É portanto através da sua acção mais comum, no

âmbito da actividade format iva, mas também através de formas

complementares de formação desenvolvidas no terreno das

próprias Empresas, que o CENFIM tem procurado contribuir para a

inovação de um sector que, sendo de base técnica e tecnológica,

tem na mesma uma condição permanente para a sua sobrevivência.

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Para isso saímos das salas de aula, enfrentamos as mesmas

tecnologias que as Empresas, investimos em processos e projectos

de desenvolvimento e inovação e estimulamos o contacto e o

diálogo no contexto das próprias Empresas e cadeia de

fornecedores. Ao fim de 27 anos continuamos a acreditar que os

170.000 profissionais que endossámos ao mercado de trabalho

(qual ificação de jovens) e que ajudámos a evoluir (actual ização de

activos) são o factor mais determinante da capacidade das

Empresas se inovarem, não apenas porque sabem “fazer bem”, mas

porque trazem também com eles essa inquietação permanente de

querer “fazer melhor” - af inal, a ignição da inovação.

José Novais da Fonseca - Director do

Departamento de Gestão de Projectos do

CENFIM - Centro de Formação Profissional da

Indústria Metalúrgica e Metalomecânica