A Grande Conquista de Ceuta
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A GRANDE CONQUISTADE CEUTA
NOME: Inês Silva Marques
TURMA: G
A CONQUISTA DE CEUTA (1383 – 1385)
O interregno de 1383-1385 terminou com a entronização de D. João I, fundador da
dinastia de Avis. O reino iniciava um novo período político caracterizado pela constelação de
poderes em torno de um soberano prestigiado pelas vitórias sobre os Castelhanos, temido pela
capacidade pessoal que tinha relevado e conhecido por inspirar algumas das opções
fundamentais do devir português da época.
O seu longo reinado – lembrando neste aspecto o de D. Afonso Henriques –
consolidou os triunfos militares e as alterações sociais assumidas após a derrota da facção
castelhana. A principal ameaça à independência portuguesa foi durante quase meio século (até
à paz assinalada em 1432) o desafio político e militar do reino do vizinho. A viabilidade do reino
português e a manutenção da dinastia de Avis no poder exigia a existência da força necessária
ao equilíbrio peninsular e a autoridade e o prestígio indispensável no interior do reino e
reconhecido em termo internacionais. A sociedade do final da Idade Média impunha a
aceitação do novo regime por parte do papado e dos principais reinos cristãos, atendendo à
deficiência da dinastia em matéria de legitimidade (o rei era bastardo) e à dimensão exígua do
território e dos recursos. Gomes Eanes de Zurara resumiu de forma lapidar o “problema”
português: “Ca nós de uma parte nos cerca o mar de outra temos muro no reino de Castela”.
O desafio a que a monarquia tinha de responder era, pois, o de assegurar a
sobrevivência como poder e a do país enquanto reino independente. Quaisquer considerações
de natureza diferentes seriam sempre secundárias perante o espectro da invasão castelhana
que persistia em manter a situação de guerra e da reivindicação de outrem ao trono português.
A conquista de Ceuta é um dos temas controversos da história portuguesa. Que
razões estiveram na origem do empreendimento? Qual era a situação económica do reino e
quais eram os produtos magrebinos cobiçados pelos invasores? Se seriam o trigo das planícies
atlânticas de Marrocos (António Sérgio) e o ouro do Sudão Ocidental (Jaime Cortesão),
escoados pelos portos norte-africanos, uma atracção irresistível para os povos da ibéria
ocidental? O corso e a pirataria praticada pelos mouros (cardeal Saraiva e David Lopes) teriam
atingido, no alvor do século XV, uma dimensão insustentável? A pressão social da nobreza
portuguesa (Veiga Simões) exigiria rendas acrescidas que só a conquista de novos territórios
permitiria satisfazer? O desejo de aperfeiçoamento moral e religioso (Mário de Albuquerque)
impunha a prossecução da obra da reconquista e da cruzada contra os mouros? Ou, como
pretendia Zurara poucas décadas após o evento, tudo se resumiu ao desejo dos infantes de
serem armados cavaleiros no campo de batalha em vez de receberem a ordem no decorrer de
um simples torneio?
Em nada ficava diminuído o mérito da sugestão de Afonso de Alenquer, vedor da
Fazenda, ao indicar Ceuta como alvo preferencial do desejo expansionista de D. João I e dos
seus principais conselheiros. Com efeito, deve-se ao clarividente ministro a demonstração das
vantagens da posse da cidade do estreito de Gibraltar, bem como o estudo estratégico do local
pelo envio oportuno de agentes encarregados do exame dos acessos e das fortificações. Deve-
se, igualmente, ao mesmo ministro algumas medidas que asseguraram o pagamento dos fretes
dos navios contratados para permitir a passagem das rotas até Ceuta. Mandou comprar todo o
sal disponível, pelo que os fretes foram pagos com esse produto que Portugal possuía em
abundância contrariamente à escassez de moeda.
A mobilização dos efectivos necessários à conquista de Ceuta produziu dois efeitos
de maior importância para a futura evolução da política dos descobrimentos portugueses:
exigiu a preparação e a manutenção de um grande exército para atacar e depois defender
Ceuta, e impôs a necessidade de uma frota de transporte que assegurasse a substituição das
tropas, garantisse o abastecimento regular em víveres e armas e, ainda, mantivesse a
supremacia nos mares para impedir ataques marítimos e a asfixia dos defensores da praça no
caso de cerco. O exército e a marinha portugueses durante o século XV actuaram
frequentemente no território e no litoral do Magrebe, onde desenvolvera, tácticas apuradas de
combates de surpresa (a “cilada”), de exame do terreno de manobra, de escolha e
aperfeiçoamento do armamento e dos navios (a taforeia, por exemplo) que foram decisivos nas
épocas subsequentes da expansão portuguesa em África e, sobretudo, no Oriente.
O efeito militar teve a maior repercussão no país e no estrangeiro. D. João I
acrescentou ao título que usava de “rei de Portugal e do Algarve” o de “senhor de Ceuta”. É
evidente a oportunidade política de tal decisão. A igreja e os restantes reis cristão
consideravam, doravante, a monarquia portuguesa com outra atenção, devida a quem detinha
o poder na única cidade africana que comungava na fé e nos católicos.
Na metrópole, houve que assumir medidas consentâneas com a grandiosidade do
feito. À chegada a Tavira, criavam-se os primeiros duques: o infante D. Pedro foi feito duque de
Coimbra e o infante D. Henrique tornou-se duque de Viseu e senhor da Covilhã. Este mostra-se
particularmente activo na expansão a Ceuta. Quisera ser o primeiro a desembarcar e o zelo
com acudia ao trabalho militar levara o rei D. João I a escolhê-lo para orientar as obras de
fortificação de Ceuta, como fica referido. Na Primavera do ano seguinte, o rei encarregou-o de
tratar dos rendimentos “apropriados” ao abastecimento e socorro de Ceuta, isto é, à
“governança” da cidade. Torna-se assim, no “governador” de Ceuta, embora não surja,
normalmente, com esse título por ser designado de “infante”, tal como D. Pedro de Meneses
não se tornou conhecido por “capitão”, mas antes pelo seu título de conde – como é natural as
escala nobiliárquica preferia à do cargo desempenhado.
A “governança” de Ceuta exigia avultados recursos para abastecer em víveres e
em armas um tão elevado número de homens, pelo que foi necessário destinar-lhe rendas em
todo o país. As avargas do Tejo, destinadas à pesca do sável, “dez reais para Ceuta”, que os
habitantes das comarcas do Norte (que se considerava terem sido menos afectadas pelo
esforço da guerra ultramarina) foram obrigados a pagar, são um exemplo desses meios
“apropriados” à governança de Ceuta. Com o evoluir da situação, foi necessário criar uma
vedoria da fazenda de Ceuta, repartição onde se centraliza a administração ultramarina,
tornou-se o exemplo mais conhecido da determinação portuguesa de permanecer na cidade,
apesar das despesas e guerras que a sua posse envolvia.
BIOGRAFIAS DE PERSONAGENS IMPORTANTES NA EXPANSÃO DE PORTUGAL
Gomes Eanes de Zurara
Foi guarda-conservador da Livraria Real por volta do ano de 1451. Foi, depois de Fernão
Lopes, em 1454, Guarda-Mor da Torre do Tombo. Nas suas crónicas, fixa-se nas descrições
das grandes figuras, espelhando o heroísmo e feitos, exaltando o valor das personagens de
que se ocupa.
Rui de Pina
Rui de Pina (1440-1522) nasceu e faleceu na Guarda. Foi cronista oficial de D. João II e de D.
Manuel I. D. João II nomeou-o diplomata, participando em várias embaixadas à corte de
Espanha e ao Vaticano. Foi o embaixador enviado por D. João II a Espanha para negociar o
tratado de Tordesilhas, assinado em 1494. Em 1497 é nomeado por D. Manuel cronista-mor e
guarda da Torre do Tombo.
Duarte Pacheco Pereira
Cosmógrafo, navegador, guerreiro, Duarte Pacheco Pereira, nascido cerca de 1460, teve uma
actividade variada ao serviço dos reis D. João II, D. Manuel e D. João III. Na sua qualidade de
cosmógrafo, foi escolhido por D. João II para fazer parte das testemunhas nas negociações e
posterior assinatura do Tratado de Tordesilhas. Como navegador, tem sido considerado
precursor de Pedro Álvares Cabral na descoberta do Brasil, durante uma viagem pelo Atlântico,
que teria realizado em 1498. No Oriente, distinguiu-se em vários feitos militares, o que lhe
mereceu ser recebido como herói, por D. Manuel I, no seu regresso da Índia.
Pêro Vaz de Caminha
Pêro Vaz de Caminha (1437-1500) nasceu no Porto e faleceu em Calecut, na Índia. Exerceu o
cargo de mestre da balança no Porto e foi escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral. Terá
sido assassinado pelos mouros em Calecut. Ficou conhecido pela carta que dirigiu ao rei D.
Manuel datada de 1 de maio de 1500, onde relata o «achamento» do Brasil.
Gil Vicente
Gil Vicente (1465?-1537?). Desconhece-se o local e a data exactos do nascimento e morte.
Alguns documentos dão-no como, além de dramaturgo, ourives. É provável que tenha nascido
na província (Guimarães), cedo se fixando em Lisboa. Na capital, a sua principal ocupação
parece ter sido a de escrever e representar autos nas cortes do rei D. Manuel e do rei D. João
III. É considerado o pai do teatro português.
Nuno Gonçalves
Nuno Gonçalves ( 1450-72), pintor português reconhecido como um dos grandes mestres do
século XV. Depois da descoberta em 1882 do seu único trabalho conhecido, a pintura do altar
do convento de São Vicente, e depois de 400 anos de anonimato, Nuno Gonçalves foi
finalmente reconhecido como o fundador da escola de pintura portuguesa e um artista de
importância universal. Aparentemente Gonçalves foi pintor de D. Afonso V em 1450.
D. João de Castro
D. João de Castro (1500 — 1548), era filho de D. Álvaro de Castro, senhor do Paul de
Boquilobo, governador da Casa do Cível e vedor da fazenda do rei D. João II de Portugal e de
D. Manuel I de Portugal, e de D. Leonor de Noronha. É uma das maiores figuras da expansão
portuguesa. Navegador e investigador, deu um valioso contributo à cartografia com a
elaboração de três célebres roteiros, exemplos eminentes dos métodos científicos de
observação e de experimentação. É uma figura cimeira no estudo da astronomia náutica e da
geografia física. Foi vice-rei da Índia. Defendeu aguerridamente os interesses portugueses no
Oriente.
João de Barros
João de Barros (1496?-1570?) terá nascido em Viseu e falecido em Pombal. Órfão ainda muito
novo, foi acolhido nos Paços da Ribeira, exercendo funções de moço de guarda-roupa do
futuro D. João III. Em 1525 é nomeado tesoureiro da Casa da Índia, Mina e Ceuta, dando-lhe
este cargo a experiência necessária para escrever as suas Décadas da Ásia.
Padre Bento de Góis
Bento de Góis (Vila Franca do Campo, fins de Julho de 1562 — Suzhou, 11 de Abril de 1607)
foi um religioso e explorador português. Foi o primeiro europeu a percorrer o caminho terrestre
da Índia para a China, através da Ásia Central. A sua viagem, uma das maiores explorações da
história da humanidade, demonstrou que o reino de Cataio e o da China eram afinal o mesmo,
o que alterou significativamente a concepção do mundo à época.
Padre Manuel da Nóbrega
Missionário jesuíta português, Padre Manuel da Nóbrega nasceu em 1517 e morreu no Rio de
Janeiro em 1570. Os escritos do Padre Manuel da Nóbrega formam um marco literário
genuinamente produzido no Brasil. Nas suas cartas encontra-se o início da história do povo
brasileiro do ponto de vista de um catequizador. Está ali, por exemplo, a luta entre cristãos e
índios.
Fernão Mendes Pinto
Fernão Mendes Pinto (1510?-1583) nasceu em Montemor-o-Velho e faleceu em Almada.
Pouco se sabe da vida real deste autor. Pensa-se que era um comerciante que negociava no
Índico, entre o Japão, a Índia e a China. Regressou a Portugal por volta de 1557 e casou com
D. Maria Correia Brito, instalando-se numa quinta do Pragal. Aí escreveu a Peregrinação,
publicada postumamente em Lisboa em 1614.
TRABALHO REALIZADO POR : Inês Silva Marques
Da turma e do ano 5º G