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Leitura e Produção de Textos Profa. Fábia Marucci Gênero: texto jornalístico de opinião Tema, tese e parágrafo POR QUE AS COTAS RACIAIS DERAM CERTO NO BRASIL Política de inclusão de negros nas universidades melhorou a qualidade do ensino e reduziu os índices de evasão. Acima de tudo, está transformando a vida de milhares de brasileiros

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Leitura e Produo de Textos Profa. Fbia Marucci

Gnero: texto jornalstico de opinio

Tema, tese e pargrafo

POR QUE AS COTAS RACIAIS DERAM CERTO NO BRASIL

Poltica de incluso de negros nas universidades melhorou a qualidade do ensino e reduziu os ndices de evaso. Acima de tudo, est transformando a vida de milhares de brasileiros

Antes de pedalar pelas ruas de Amsterd com uma bicicleta vermelha e um sorriso largo, como fez na tarde da quarta-feira da semana passada, caro Lus Vidal dos Santos, 25 anos, percorreu um caminho duro, mas que poderia ter sido bem mais tortuoso. Talvez instransponvel. Ele foi o primeiro cotista negro a entrar na Faculdade de Medicina da Federal da Bahia. Formando da turma de 2011, caro trabalha como clnico geral em um hospital de Salvador. A foto acima celebra a alegria de algum que tinha tudo para no estar ali. que, no Brasil, a cor da pele determina as chances de uma pessoa chegar universidade. Para pobres e alunos de escolas pblicas, tambm so poucas as rotas disponveis. Como tantos outros, caro rene vrias barreiras numa s pessoa: sempre frequentou colgio gratuito, sempre foi pobre e negro. Mesmo assim, sua histria diferente. Contra todas as probabilidades, tornou-se doutor diplomado, com dinheiro suficiente para cruzar o Atlntico e saborear a primeira viagem internacional. Sem a poltica de cotas, ele teria passado os ltimos dias pedalando nas pontes erguidas sobre os canais de Amsterd? Impossvel dizer com certeza, mas a resposta lgica seria no.

Desde que o primeiro aluno negro ingressou em uma universidade pblica pelo sistema de cotas, h dez anos, muita bobagem foi dita por a. Os crticos ferozes afirmaram que o modelo rebaixaria o nvel educacional e degradaria as universidades. Eles tambm disseram que os cotistas jamais acompanhariam o ritmo de seus colegas mais iluminados e isso resultaria na desistncia dos negros e pobres beneficiados pelos programas de incluso. Os arautos do pessimismo profetizaram discrepncias do prprio vestibular, pois os cotistas seriam aprovados com notas vexatrias se comparadas com o desempenho da turma considerada mais capaz. Para os apocalpticos, o sistema de cotas culminaria numa decrepitude completa: o dio racial seria instalado nas salas de aula universitrias, enquanto negros e brancos construiriam muros imaginrios entre si. A segregao venceria e a mediocridade dos cotistas acabaria de vez com o mundo acadmico brasileiro. Mas, surpresa: nada disso aconteceu. Um por um, todos os argumentos foram derrotados pela simples constatao da realidade. At agora, nenhuma das justificativas das pessoas contrrias s cotas se mostrou verdadeira, diz Ricardo Vieiralves de Castro, reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

As cotas raciais deram certo porque seus beneficiados so, sim, competentes. Merecem, sim, frequentar uma universidade pblica e de qualidade. No vestibular, que o princpio de tudo, os cotistas esto s um pouco atrs. Segundo dados do Sistema de Seleo Unificada, a nota de corte para os candidatos convencionais a vagas de medicina nas federais foi de 787,56 pontos. Para os cotistas, foi de 761,67 pontos. A diferena entre eles, portanto, ficou prxima de 3%. ISTO entrevistou educadores e todos disseram que essa distncia mais do que razovel. Na verdade, quase nada. Se em uma disciplina to concorrida quanto medicina um coeficiente de apenas 3% separa os privilegiados, que estudaram em colgios privados, dos negros e pobres, que frequentaram escolas pblicas, ento justo supor que a diferena mnima pode, perfeitamente, ser igualada ou superada no decorrer dos cursos. Depende s da disposio do aluno. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma das mais conceituadas do Pas, os resultados do ltimo vestibular surpreenderam. A maior diferena entre as notas de ingresso de cotistas e no cotistas foi observada no curso de economia, diz ngela Rocha, pr-reitora da UFRJ. Mesmo assim, essa distncia foi de 11%, o que, estatisticamente, no significativo. (http://www.istoe.com.br/reportagens. Acessado em 10 de abril de 2013)

Tema, Assunto e Pargrafo

No cotidiano, as pessoas expem pontos de vista, defendem ideias, questionam diversos assuntos, seja oralmente, seja por meio da escrita, procurando convencer o interlocutor ou leitor de seu ponto de vista. Para isso importante a organizao das ideias na elaborao de um texto coeso e coerente. Tambm se deve observar a definio do tema, a articulao adequada entre os pargrafos e a estruturao do texto em partes relacionadas entre si.

Leia o texto a seguir e veja como distinguir melhor TEMA de ASSUNTO.

A tica brasileira:

A questo do bom gosto, a meu ver, tanto de ordem esttica quanto tica. O drama no Brasil que a sociedade funciona reprimindo qualquer comportamento tico. A moral, os escrpulos, sofrem contnuos colapsos no ntimo de cada um de ns, nos pequenos acontecimentos da vida diria. [...] Uma regra de boa educao, de convivialidade, de simpatia, no Brasil atual, um ser mal-educado, violento, escandaloso. Esta bela sociedade em que vivemos parece impelir tudo brutalidade e esculhambao.

MARCELO COELHO.

Folha de S.Paulo, So Paulo, 3 novo 2003. (Fragmento.)

Tema: A tica Brasileira

Assunto: O comportamento inescrupuloso do brasileiro

Voc pde observar que o TEMA e o ASSUNTO so diferentes. O TEMA geral, amplo. O ASSUNTO constitui uma especificao do tema, um desdobramento deste. Para ser definido, necessria uma ou mais oraes.

Quanto ao ttulo, criado pelo autor, e deve ser coerente com o que principal no texto, por isso curto e, normalmente, no possui verbo. Ele uma "moldura" do texto e delimita o tema, com uma breve referncia ao que vai ser exposto.

Se, em uma atividade de produo textual, lhe fosse dado, por exemplo, como tema NOVAS TECNOLOGIAS, teria-se, por exemplo, a possibilidade de desdobramentos ou assuntos como:

ASSUNTO 1: A influncia dos recursos tecnolgicos no cotidiano do brasileiro.

ASSUNTO 2: A relao evidente entre o consumismo e a obsolescncia dos aparelhos tecnolgicos.

ASSUNTO 3: A incluso digital como tarefa relevante para evoluo da sociedade brasileira.

Observe o texto que abre esta aula, e responda:

1. Qual o seu ttulo?

2. E seu subttulo ou lide?

3. Diga o tema tratado.

4. Explique o assunto abordado.

5. Explicite a opinio defendida no texto acerca do assunto tratado.

Leia o texto a seguir:

Bomba na meia-idade

Em julho, a bomba atmica fez cinqenta anos. A primeira arma nuclear da histria foi testada s 5h29min45s do dia 16 de julho de 1945, em Alamogordo, Novo Mxico, Estados Unidos.

Libertou energia equivalente a 18 toneladas de TNT e encheu de alegria cientistas e engenheiros que haviam trabalhado duro durante trs anos para construir a bomba.

Menos de um ms depois, quando uma exploso semelhante dizimou as cidades de Hiroshima e Nagasaki no Japo, a alegria deu lugar vergonha.

Superinteressante, So Paulo, fev. 2003

1 pargrafo: Aniversrio e surgimento da bomba.

2 pargrafo: Alegria na sua criao.

3 pargrafo: Vergonha na sua utilizao.

A construo do pargrafo

O pargrafo indicado por um pequeno espao que se deixa na margem esquerda da folha, ao se iniciar uma nova idia.

Voc observou que esse texto formado por trs pargrafos: cada um desenvolve ideias diferentes, mas interligadas, sobre o m

esmo assunto. A primeira frase do primeiro pargrafo - "Em julho, a bomba atmica fez cinqenta anos" - constitui a ideia-ncleo ou o tpico frasal, pois o assunto do texto so os cinqenta anos de criao da bomba atmica. Dessa forma, a ideia ncleo representa somente a primeira frase do texto e no todo o primeiro pargrafo.

Observando-se a diviso dos pargrafos, no texto lido, conclui-se que h trs partes fundamentais em sua composio:

1 pargrafo: a introduo, sendo a primeira frase chamada de ideia-ncleo.

2 pargrafo: o desenvolvimento, que pode ser formado por mais de um pargrafo (normalmente at trs).

3 pargrafo: a concluso, que o arremate das ideias.

Essa a construo de um texto-padro que se deve ter como modelo, ao escrever. Entretanto, h textos mais extensos, ou em que uma dessas partes est ausente. Seja como for, o importante distribuir as nossas ideias pelos pargrafos, numa seqncia lgica e coerente.

Pargrafo uma unidade de texto de tamanho varivel em que, a partir de uma ideia principal, desenvolvem-se ideias secundrias relacionadas entre si. indicado pela mudana de linha e por um pequeno espao deixado na margem esquerda do texto.

Praticando...

1. Produza um pargrafo a partir dos temas e assuntos dados:

TEMA: PRECONCEITO

ASSUNTO: O desafio de conviver com as diferenas

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TEMA: TRABALHO

ASSUNTO: O trabalho na construo da dignidade humana

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OFICINA DE PRODUO:

Leia os textos a seguir.

TEXTO I

TEXTO II

Fumac

(Folha de So Paulo 01/04/2009 - Eliane Cantanhde)

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Eu no me chamo Manoel, no moro em Niteri nem em So Paulo, mas acho esse projeto do governo Jos Serra de proibir radicalmente o fumo no Estado muito esquisito.

Ok. A inteno boa e combina com a condi