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A dinâmica da inovação em empresas catarinenses: uma análise comparativa entre SC, o sul do Brasil e o Brasil, com base nos dados da PINTEC.
Autor: Rafael Ricardo Jacomossi1 - PUC – São Paulo / NPDR-FURB.
e-mail: [email protected]
Co-autor: Diego Boelhke Vargas2 - FURB/NPDR e-mail: [email protected]
Co-autor: Flávio Henrique dos Santos Foguel3 – FGV/EAESP
e-mail: [email protected]
RESUMO:
Este trabalho tem como proposta analisar o desempenho das empresas catarinenses em suas atividades inovativas com base nos dados da coleta da Pintec, comparando esses resultados com a média desses no Brasil e no sul do país, recortando temporalmente os períodos de 2001 a 2003 e 2003 a 2005. A atividade inovativa nas empresas desempenha importante papel como elemento alavancador de crescimento econômico, de geração de empregos, de melhoria de competitividade e sobretudo, por possibilitar acesso a mercados cada vez mais exigentes e restritos. A literatura sobre inovação já apresentava em Schumpeter a importância dessa como fator necessário para mergulhar economias estagnadas em períodos de crescimento econômico, resultado de uma ruptura com a situação tecnológica anterior. A inovação se dá basicamente em novos produtos que pode ser incremental ou radical e em novos processos produtivos, que basicamente buscam melhorar a produtividade das firmas. O propósito central do estudo é analisar diversos índices de inovação que compõe as variáveis fornecidas pela Pintec para as empresas catarinenses. Os objetivos específicos pretendem dar conta de: a) dimensionar os impactos dos investimentos em inovação na receita das firmas; b) Comparar as diversas variáveis que compõe os índices de inovação das empresas catarinenses com a média das empresas no sul do país e Brasil.. Entre os métodos de procedimentos utilizados neste trabalho estão o levantamento bibliográfico sobre a temática da inovação, materiais em revistas e dados estatísticos. As técnicas utilizadas foram a revisão bibliográfica e pesquisa exploratória. O universo da pesquisa abrange as empresas no sul do país e Brasil que responderam o questionário da Pintec. A inovação tecnológica impulsiona as empresas a conseguirem ótimos produtivos e competitivos a fim de ampliarem suas fatias de mercado e nesse sentido, esse estudo se justifica por analisar o impacto da difusão das inovações tecnológicas em empresas catarinenses e como essas se situam quando comparadas com as médias desses resultados no sul do país e Brasil.
Palavras-chave: Inovação tecnológica; empresas catarinenses; desenvolvimento econômico.
1. INTRODUÇÃO 1 Economista, administrador, mestre em desenvolvimento regional e doutorando em Ciências Sociais pela PUC – São Paulo e pesquisador do NPDR/FURB. 2 Bacharel em Ciências Econômicas e pesquisador do NPDR/FURB. 3 Administrador de Empresas, mestre em Administração e doutorando em Administração Pública e Governo pela EAESP/FGV.
Este trabalho tem por tema a realização de uma análise comparativa do processo de difusão
de inovações entre empresas catarinenses e as médias das empresas situadas no sul do país e
Brasil. A pergunta central é: as empresas catarinenses apresentam uma dinâmica inovativa
superior às empresas situadas no sul do país e no Brasil? Assume-se a hipótese de que o nível de
inovações que impulsionam a indústria catarinense quando comparados às médias do sul e do
Brasil são maiores, tendo em vista uma relação causal com o crescimento do PIB.
No processo de competição empresarial se faz importante o papel das organizações como
agentes de transferência e difusão de inovações e novas tecnologias, sejam elas a fim de criar
novos produtos, novos processos, ou mesmo, de enxergar oportunidades em novos mercados.
Quando tratado o espectro da inovação, permeiam também essa discussão os tipos de
inovações existentes, sendo elas radicais e incrementais. A primeira é uma verdadeira ruptura
com padrões pré-estabelecidos; já a segunda diz respeito às melhorias contínuas que vão sendo
introduzidas em linhas de produto ou nos processos (JONES e GEORGE, 2008).
No caso brasileiro, a inovação na indústria é muito incipiente ou quando existe, é muito
fragmentada geograficamente, dada a extensão do território nacional somado as desigualdades de
participação do PIB, concentrado principalmente nas regiões sul e sudeste (IBGE, 2009).
Esse processo de transferência e difusão de tecnologias não ocorre no vácuo, mas sim pela
motivação econômica dos agentes em ampliar seus ganhos, impelidos pela concorrência
capitalista que determina no espaço uma hierarquia competitiva. O problema reside no fato de
que esse quadro de motivação para a inovação só ocorre quando o retorno sobre o investimento é
garantido, levando então, muitos empresários a não investirem em inovação, devido a incerteza
que permeia o mundo dos negócios, gerando assim um círculo vicioso. Por outro lado, as
indústrias desenvolvem-se porque são exercidas sobre as mesmas algumas pressões que impelem
esse processo, e porque algumas forças que estão em movimento dinâmico incentivam ou
pressionam essas mudanças. Nesse sentido, o processo evolutivo conduz as empresas a
desenvolver seus potenciais.
O propósito central do estudo visa comparar os índices da pesquisa de inovação
tecnológica (PINTEC) das empresas catarinenses com as médias das empresas do sul do Brasil e
do próprio Brasil.
Entre os métodos de procedimentos utilizados estão o levantamento bibliográfico sobre a
temática da Inovação, materiais em revistas, e dados estatísticos coletados da Pintec. As técnicas
utilizadas serão a revisão bibliográfica e análise dos dados da Pintec. O universo da pesquisa
abrange empresas industriais e de serviços coletados nessa base de dados.
Para dar conta da análise proposta, esse texto está dividido em quatro partes: a primeira
relativa a esta introdução; a segunda relativa à temática da inovação e procedimentos
metodológicos; a terceira relativa à análise de pesquisa e a quarta e última relativa a conclusão.
Uma vez entendido a dinâmica inovatória das empresas catarinense em relação às médias sul e
Brasil, poderá se propor medidas ao fortalecimento de ações focadas em políticas de inovação
que impulsione as empresas catarinenses a buscarem maiores níveis de competitividades.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
A crescente competição internacional e a necessidade de introduzir eficientemente nos
processos produtivos os avanços das tecnologias de informação e comunicações, têm levado as
empresas a centrar suas estratégia no desenvolvimento de capacidade inovativa (CASSIOLATO e
LASTRES, 2008). Esta é essencial até para permitir a elas a participação nos fluxos de
informação e conhecimentos (como os diversos arranjos cooperativos) que marcam o presente
estágio do capitalismo mundial. O foco de análise deixa de centrar-se exclusivamente na empresa
individual, e passa a incidir sobre as relações entre as empresas e as demais instituições dentro de
um espaço geograficamente definido. As condições locais são fundamentais como mecanismo de
estímulo às atividades produtivas e inovativas, onde deve predominar a proximidade entre os
agentes, a existência de complementaridades, o clima de maior confiança entre os indivíduos,
conforme destaca a abordagem de sistemas nacionais de inovação (VARGAS, 2002).
O conhecimento é mais do que informação e inclui elementos tácitos parcialmente
incorporado em indivíduos, firmas e outras organizações, através de seus hábitos e rotinas, não
sendo transferido de um espaço para outro. A inovação é um processo que se desenvolve em
sistemas complexos (modelos de ligações em cadeias) envolvendo feedback e relações entre os
diversos agentes, e no seu sentido amplo inclui não só produtos e processos tecnológicos, mas
também as mudanças organizacionais em serviços (CAMPOS, 2004).
Esses processos de aprendizagem ocorrem por intensas interações mediadas por
instituições, enraizado em condições históricas específicas. Para o autor, a inovação constitui-se
num processo de busca e seleção, no qual o aprendizado é socialmente determinado por
interações e formatos institucionais específicos e em contextos espaciais específicos, onde o local
passa a ser entendido como estruturador de um sistema cognitivo. O lugar de inovação é a própria
firma, mas a firma mergulhada em um ambiente que favoreça as interações entre as instituições.
Para Schumpeter (1988), a inovação tecnológica combina matérias e forças que seriam
perseguidas pelos capitalistas pela sua capacidade de perturbar o mercado, assegurando
temporariamente ao inovador uma posição diferenciada, de quase monopolista, lhe trazendo
lucros extraordinários, significativamente superiores aos lucros de seus concorrentes. A mesma,
portanto, seria um fenômeno essencialmente capitalista. O autor entende que, a concorrência
intercapitalista e o próprio desenvolvimento capitalista – seriam decorrentes das batalhas travadas
pelos concorrentes na busca de “lucros extraordinários”, que são garantidos pela inovação, num
esquema concorrencial que vai além da distinção de uma simples concorrência de preços, no qual
a interpretação neoclássica se restringia. Esse embate é o que caracteriza o sistema capitalista,
onde travam guerra o capital x capital, numa dimensão externa à empresa, mas também numa
dimensão interna – capital x trabalho, que se caracteriza pela resistência natural do trabalhador
em assegurar seus postos de trabalho, uma vez que emprego de tecnologia, significa num
primeiro momento, perda de emprego (MARX, 1987).
O processo de inovação, dado pela tecnologia, teria uma dimensão muito além da física,
sendo ela dimensionada, principalmente por formas de coordenação que surgem das interações
entre os atores sociais (SAMPAT, 2001 e NELSON, 2007). Para Nelson (2007), a dimensão
física está relacionada aos insumos e equipamentos utilizados no processo produtivo; já a
dimensão social é aquela relacionada ao conjunto de interações resultantes das relações entre os
diversos atores sociais, decorrentes da produção de determinado bem. Assim, toda tecnologia
embute um importante dimensional social, que normalmente é ignorado quando nos propusemos
a estudar a mesma. Importante então, entender que a complexidade das relações não pode ser
reduzida a uma perspectiva unidirecional, por conta de se incorrer no risco de haver um
reducionismo das visões de determinismo social ou até mesmo, de um determinismo puramente
técnico; resultando a visão de uma abordagem sociotécnica (DIAS e NOVAES, 2009).
Soma-se a dimensão sociotécnica as idéias de Winner (1987) apud Dias e Novaes (2009),
que preconiza a tecnologia envolvendo três dimensões distintas; a primeira correspondente ao
artefato em si, a segunda referente ao conhecimento relacionado a ele, e a terceira referente à
organização social que se desenvolve em consonância a ele.
O início do processo de desenvolvimento se inicia com a ruptura do "fluxo circular" e isso
se verifica precisamente no lado da produção com a alteração dos velhos sistemas de produção. É
aqui que entra em cena o empresário com as características de ousadia e criatividade. As
oportunidades para a introdução de inovações são percebidas pelo empresário, que logo são
seguidos por outros inovadores e o equilíbrio estacionário é rompido. Os preços e as rendas
monetárias se elevam quando o gasto empresarial se infiltra no sistema econômico
(SCHUMPETER apud MORICOCHI, 2004).
As indústrias desenvolvem-se porque são exercidas sobre as mesmas algumas pressões que
impele esse processo, e porque algumas forças que estão em movimento dinâmico incentivam ou
pressionam essas mudanças. Nesse sentido, o processo evolutivo conduz as empresas a
desenvolver seus potenciais. Esse processo dinâmico de evolução pode abranger algumas
variáveis, que segundo Porter (1986), são: Mudanças a longo prazo no crescimento; mudanças
nos segmentos de compradores atendidos; aprendizagem dos compradores; redução da incerteza;
difusão do conhecimento patenteado; acúmulo de experiência; expansão (ou retração) na escala;
aterações nos custos da moeda e dos insumos; inovação no produto; inovação no marketing;
inovação no processo; mudança estrutural nas indústrias adjacentes; mudanças na política
governamental; entradas e saídas. Tratar-se-á especificamente neste trabalho do conhecimento
patenteado; da inovação no produto; inovação no marketing e a inovação no processo.
a) Difusão de conhecimento patenteado: a difusão de tecnologias de produtos e processos tendem
a se tornar menos patenteados, tendo em vista que o conhecimento é mais difundido.
Fornecedores, clientes, técnicos são fontes de transmissão do conhecimento (PORTER, 1986).
A menos que as empresas na indústria produzam seus próprios bens de capital ou protejam a informação que eles dão aos fornecedores, a tecnologia pode ser adquirível pelos concorrentes. [...] o pessoal especializado e perito na tecnologia invariavelmente se torna mais numeroso, e procede de firmas de consultoria, fornecedores, clientes, pessoal saído de cursos técnicos universitários, etc (PORTER, 1986, p. 170).
O índice de difusão da tecnologia patenteada dependerá da indústria em particular, sendo
que, sendo mais complexa a tecnologia, mais especializado o pessoal técnico necessário. Outro
fato, é que quando os imitadores se defrontam com grandes exigências de capital e economias de
escala em P&D, a tecnologia patenteada pode proporcionar uma barreira de mobilidade durável.
No início, a tecnologia patenteada fornecia uma barreira de mobilidade, mas logo foi desgastada
pela difusão (PORTER, 1986).
b) Inovação em produto: é uma inovação importante para se ampliar mercados via diferenciação
de produtos. Essas modificações podem demandar novos processos de fabricação, distribuição e
marketing que alterem economias de escala (PORTER, 1986).
Segundo o manual da Pintec (Pesquisa de Inovação Tecnológica), nas inovações de produto
englobam-se produtos tecnologicamente novos e produtos tecnologicamente aperfeiçoados. Um
produto tecnologicamente novo (bem ou serviço) apresenta características fundamentais
(especificações técnicas, matérias-primas, componentes, software incorporado, user friendliness,
funções ou usos pretendidos) substancialmente diferentes em relação aos produtos anteriormente
produzidos pela empresa e, que tem sua performance melhorada.
Um serviço também pode ser aperfeiçoado através da inclusão de nova função ou de
mudanças nas características de como ele é oferecido, necessariamente, resultando em maior
eficiência, rapidez de entrega ou facilidade de uso do produto.
c) Inovação no marketing: podem influenciar a estrutura da indústria através do aumento da
demanda, provocando rupturas no uso de meios de publicidade, novos temas ou canais de
marketing. A descoberta de novos canais de distribuição pode ampliar a demanda ou aumentar a
diferenciação do produto (PORTER, 1986).
d) Inovação no processo: são as inovações que aumentam as economias de escala e estendem a
curva de experiência para além dos limites dos mercados. Essas inovações nos processos podem
ser tanto endógenas quanto exógenas (PORTER, 1986). Ela refere-se à implementação de um
novo ou substancialmente aperfeiçoado método de produção ou de entrega de produtos. Uma
inovação tecnológica de processo pode ter por objetivo produzir ou entregar produtos novos ou
substancialmente melhorados, os quais não podem ser produzidos ou distribuídos através de
métodos convencionais já utilizados pela empresa, ou pode visar ao aumento da eficiência
produtiva ou da entrega de produtos existentes. Sua eficácia deve estar comprovada para serem
consideradas, ou seja, deve ser significativo em termos da elevação do nível de produção, do
aumento da qualidade dos bens ou serviços ou da diminuição dos custos unitários de produção e
entrega (PORTER, 1986). Significa também dizer que, novos métodos de entrega ou
substancialmente aperfeiçoados referem-se à mudanças na forma de preservar e acondicionar
produtos, bem como também à mudanças na logística da empresa, englobando equipamentos,
software e técnicas de suprimento de insumos, estocagem e venda de bens ou serviços – Manual
da Pintec – (IBGE, 2009). Por outro lado, métodos de produção novos ou significativamente
aperfeiçoados, na indústria, englobam mudanças nas máquinas, equipamentos, software ou nos
procedimentos de organização do processo de produção (desde que acompanhados de mudanças
no processo técnico de transformação do produto).
Portanto, o termo inovação tecnológica apresenta um leque de opções que visam
principalmente introduzir no mercado novos produtos ou, internamente às empresas, novos
processos, objetando maiores ganhos, representados por ganho de economia de escalas ou ganhos
representados pela ampliação de lucros, decorrentes da introdução no mercado de produtos
diferenciados. Tanto que para Schumpeter apud Moricochi (2004), "inovação" significa fazer as
coisas diferentemente no reino da vida econômica.
Para Quadros (2008), inovar é um processo de interação com clientes, fornecedores,
instituições de pesquisa, empresas de serviços de engenharia, sejam de maneiras informais ou
mais formais, que geram um ambiente cooperativo.
Conforme a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCED, 2009, p. 32):
a empresa inovadora tem determinadas características que podem ser agrupadas em duas categorias principais de competências: competências estratégicas: visão de longo prazo, capacidade de identificar e, até, antecipar tendências de mercado, disponibilidade e capacidade de coligir, processar e assimilar informações tecnológicas e econômicas; competências organizacionais: disposição para o risco e capacidade de gerenciá-lo, cooperação interna entre os vários departamentos operacionais e cooperação externa com consultorias, pesquisas de público, clientes e fornecedores, envolvimento de toda a empresa no processo de mudança e investimento em recursos humanos.
O aumento da capacidade inovativa se dá através do nível de esforço para implementação
de atividades inovativas, que segundo Pintec (2009), são definidas como o esforço executado pela
empresa para o desenvolvimento e implementação de produtos (bens ou serviços) e processos
tecnologicamente novos ou aperfeiçoados.
Ao se conceber o processo de planejamento visando a inovação, se torna impreterível
entender os mecanismos de inovação e desenvolvimento tecnológico que atuam nesse processo,
objetivando sempre o crescimento econômico e o aumento do emprego. Segundo o manual de
Oslo:
O conhecimento, em todas as suas formas, desempenha hoje um papel crucial em processos econômicos. As nações que desenvolvem e gerenciam efetivamente seus ativos de conhecimento têm melhor desempenho que as outras. Os indivíduos com maior conhecimento obtêm empregos mais bem remunerados [...] (OCED, 2009, p. 31).
A inovação pode decorrer de pesquisas e desenvolvimentos tecnológicos realizados no
interior das empresas (P&D), de novas combinações de tecnologias existentes, da aplicação de
tecnologias existentes em novos usos ou da utilização de novos conhecimentos adquiridos pela
empresa – Manual da Pintec (IBGE, 2009). As inovações de produto e processo podem ser
diferenciadas de acordo com o seu grau de novidade:
- inovação para a empresa, mas já existente no mercado/setor;
- inovação para a empresa e para o mercado/setor;
- inovação para o mundo.
Um conceito fundamental e que normalmente é utilizado, ademais, permeia várias
definições básicas é o de Inovação tecnológica, que segundo a Pintec, pode ser definida pela
introdução no mercado de um produto (bem ou serviço) tecnologicamente novo ou
substancialmente aprimorado ou pela introdução na empresa de um processo produtivo
tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado. Assim, ao se falar de inovação
tecnológica, estamos nos referindo à inovação de produto ou processo.
Na próxima sessão, será tratado da dinâmica específica de inovação das empresas
catarinenses.
3. RESULTADO DA PESQUISA
No Brasil, o investimento em C&T é pouco significativo se comparado com a riqueza
produzida, conforme verificado na tabela 3, a seguir:
TABELA 1: Investimentos Totais em C&T no Brasil
Ano PIB em
milhões de R$ correntes
Investimentos totais em C&T % em relação ao total % em relação ao PIB
Públicos Empresariais Total Públicos
Empresa- Públicos
Empresa- Total Total Total riais riais
2000 1.179.482,00 8.649,70 6.638,80 15.288,50 56,58 43,42 0,73 0,56 1,3 2001 1.302.136,00 9.553,10 7.709,60 17.262,60 55,34 44,66 0,73 0,59 1,33 2002 1.477.822,00 9.995,40 9.281,80 19.277,20 51,85 48,15 0,68 0,63 1,3 2003 1.699.948,00 11.098,20 10.295,60 21.393,90 51,88 48,12 0,65 0,61 1,26 2004 1.941.498,00 12.588,60 11.451,60 24.040,20 52,36 47,64 0,65 0,59 1,24 2005 2.147.239,00 13.597,40 13.679,60 27.277,10 49,85 50,15 0,63 0,64 1,27 2006 2.369.797,00 15.758,60 14.624,60 30.383,20 51,87 48,13 0,66 0,62 1,28 2007 2.597.611,40 19.770,90 17.700,30 37.471,20 52,76 47,24 0,76 0,68 1,44
2008(6) 2.889.719,00 22.599,20 19.989,80 42.589,00 53,06 46,94 0,78 0,69 1,47 Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia (2009).
Analisando a tabela 1, o investimento em C&T é incipiente, não chegando a 1,5 % do PIB,
embora apresente crescimento gradativo e progressivo nos últimos anos. Os investimentos
públicos ainda superam os empresarias, representando 0,78% do PIB contra 0,69% desses
últimos no ano de 2008. Isso posto, revela-se uma lacuna existente entre essa relação, onde os
investimentos empresariais, além de incipientes, imprimem um ritmo de crescimento
insatisfatório para a indústria brasileira.
Se compararmos o perfil de investimento em inovação do Brasil com outros países, temos o
seguinte quadro, representado através do gráfico 1.
Gráfico 1: Distribuição percentual dos dispêndios nacionais em pesquisa e desenvolvimento (P&D), segundo setor de financiamento, países selecionados, em anos mais recentes disponíveis. Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia (2009).
No gráfico acima, o empresariado brasileiro não apresenta situação de destaque, quando
comparado o nível de investimento em inovação das empresas brasileiras em comparação com o
nível de inovação de empresas estrangeiras, ficando em vantagem somente em relação a Itália,
Argentina e Rússia.
Isso posto, nos traz uma conclusão abreviada, a de que o empresário brasileiro não investe
em inovação o quanto deveria. Com tal consideração, torna-se questionável identificar no atual
quadro catarinense como se apresenta a dinâmica da inovação das empresas e como essas se
situam quando comparadas com a média Sul e a média Brasil. É esse estudo que tratar-se-á de
elaborar de aqui em diante.
As tabelas abaixo tratam de comparar diversas escalas que pode-se considerar ao realizar
uma aferição do nível de inovações implantados pelas empresas. Nesse espectro, foi considerado
o Brasil, o sul do país e o estado de Santa Catarina que demonstra o nível de implantação de
inovações nos períodos de 2001 a 2003 e de 2003 a 2005. Assim, consegue-se também verificar a
evolução desses índices em períodos subseqüentes, além de se ter em específico uma leitura mais
clara da dinâmica inovatória das empresas catarinenses. Cabe lembrar aqui que são contemplados
na PINTEC (Pesquisa de Inovação Tecnológica) os dados das indústrias extrativistas e
industriais, além de empresas de serviços do ramo de telecomunicações.
A tabela 2 compara o número de empresas que realizaram inovações nesses períodos, tendo
como recorte territorial o Brasil, o sul do país e o estado de Santa Catarina.
TABELA 2: Implantação de Inovações de Produto e/ou Processos – 2001 a 2003 / 2003 a 2005
Recorte territorial por ano
Total da base
Número de empresas que implementaram Inovação de produto e/ou processo
% Total de Empresas
Evolução % empresas que implementaram
inovações
Brasil – 2001 a 2003 84.262 28.036 33% Brasil – 2003 a 2005 95.301 32.796 34% 14,51% Sul – 2001 a 2003 22.245 8.391 38% Sul – 2003 a 2005 24.217 9.028 37% 7,06% SC – 2001 a 2003 6.915 2.480 36%
SC – 2003 a 2005 7.585 2.648 35% 6,34% Fonte: Elaborado pelo autor a partir da Pintec (IBGE, 2009).
Através dessa análise comparativa, podemos registrar o número de empresas que
implementaram inovações de produtos e/ou processos nos períodos sob investigação. No caso
brasileiro, há uma evolução de 14,51% de 2001-2003 para 2003-2005 dessas empresas, todavia,
há somente 1% de aumento no total de empresas que as implementam, já que houve aumento no
total da base. No caso do sul, houve um aumento no total da base, no entanto, ao considerar esta
base, há uma diminuição de 1% do total das empresas que implementaram inovações e, ao
considerar o número absoluto, tem-se uma evolução de 7,06% no número de empresas que
implementaram algum tipo de inovação. No caso de Santa Catarina, houve uma evolução do
número absoluto na ordem de 6,34% das empresas que implemetaram inovações, todavia, ao
considerar o total da base, houve uma diminuição de 36 para 35% das empresas que as
implemetaram. Ao se analisar de forma abrangente esses inidicadores, Santa Catarina, apresentou
uma certa desvantagem em relação ao Brasil e a região sul.
Os fatores citados na pesquisa que seriam impeditivos para implementação de inovações
segundo o manual da Pintec - 2005 são os seguintes:
• Riscos econômicos excessivos – quando as perspectivas futuras não eram favoráveis ou se
foi identificado um ambiente econômico muito instável com um horizonte pouco otimista para
gastos com a inovação para a empresa;
• Elevados custos da inovação – quando o custo para criar um novo produto ou introduzir
um novo processo foi prejudicado pela taxa de juro alta, câmbio desfavorável para importação de
máquinas e equipamentos, elevados preços das máquinas e altos salários de pessoal qualificado;
• Escassez de fontes apropriadas de financiamento – dificuldade de se obter crédito
necessário para desenvolver a inovação no sistema financeiro, nas instituições governamentais,
ou com os próprios fabricantes de máquinas e equipamentos;
• Rigidez organizacional – quando a forma na qual a empresa está organizada através dos
diversos graus de gerência e departamentos, que dificultam o avanço da idéia inovativa, ou
quando existe resistência interna na empresa às mudanças;
• Falta de pessoal qualificado – quando da realização do projeto idealizado, houve falta de
pessoal qualificado para o desenvolvê-lo;
• Falta de informação sobre tecnologia – quando houve falta de informação tecno-
científicas, informação dos fornecedores de máquinas ou insumos para desenvolver as idéias
inovativas;
• Falta de informação sobre mercados – quando faltou uma definição clara dos possíveis
mercados de direcionamento da inovação (dimensão do mercado, concorrentes, aceitação, por
parte dos consumidores, outros fatores...);
• Escassas possibilidades de cooperação com outras empresas/instituições – quando para o
desenvolvimento do projeto havia necessidade de cooperação direta e integrada (com
fornecedores de máquinas ou insumos, instituições de pesquisa ou universidades etc.) e não foi
possível estabelecer uma parceria;
• Dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações – quando no mercado
de atuação da empresa existia um alto grau de compromisso com o respeito às normas de
segurança, principalmente por parte do governo, que são difíceis de atender;
• Fraca resposta dos consumidores quanto a novos produtos - quando no mercado de
atuação da empresa houve uma certa resistência por parte dos consumidores à novidades;
• Escassez de serviços técnicos externos adequados – quando para o desenvolvimento dos
projetos houve deficiência nos serviços de apoio como assistência técnica, de tecnologia
industrial básica, de P&D que desestimularam ou não permitiram solucionar determinados
problemas;
• Centralização da atividade inovativa e outra empresa do grupo – quando o
desenvolvimento dos projetos é sempre realizado pela matriz.
Além de ser importante considerar o número de empresas que implementaram inovações,
se torna imperativo considerar também o número de empresas que não completaram e/ou que
abandonaram projetos de inovação nos períodos de análise. A tabela 3, abaixo, demonstra a
dinâmica desses números.
TABELA 3: Número de empresas que não completaram e/ou abandonaram projetos de inovação – 2001 a 2003 / 2003 a 2005
Recorte territorial por ano
Total da base
Número de empresas que não completaram e/ou
abandonaram projetos de inovação
% total de empresas
Evolução % empresas que não completaram
e/ou abandonaram projetos de inovação
Brasil – 2001 a 2003 84.262 2.315 2,75%
Brasil – 2003 a 2005 95.301 2.200 2,31% -5,23%
Sul – 2001 a 2003 22.245 427 1,92%
Sul – 2003 a 2005 24.217 553 2,28% 22,78%
SC – 2001 a 2003 6.915 156 2,26%
SC – 2003 a 2005 7.585 213 2,81% 26,76% Fonte: Elaborado pelo autor a partir da Pintec (IBGE,2009).
Com essa análise comparativa, podemos verificar que o Brasil apresenta uma queda de
5,23% do número de empresas que abandonaram e/ou que abandonaram projetos de inovação. O
sul apresentou um aumento de 22,78% nesse índice e o estado de Santa Catarina apresentou um
aumento de 26,76% nesse quesito. Considerando o índice relativo dessa variável, o Brasil
diminui de 2,75 para 2,31% de 2001-2003 para 2003-2005, o sul aumenta de 1,92 para 2,26% e,
Santa Catarina, de 2,26 para 2,81%. Portanto, nessa variável, Santa Catarina apresenta
desvantagem em relação às médias Brasil e Sul.
Outro fator importante também diz respeito às mudanças estratégicas e organizacionais
implementadas pelas empresas, sendo essas elementos que podem ser traduzidos em ferramentas
de gestão para adequar as firmas que as implantam aos padrões competitivos dos mercados de
atuação. A tabela 4, abaixo, demonstra a evolução desses números.
TABELA 4: Número de empresas que implementaram mudanças estratégicas e organizacionais – 2001 a 2005
Recorte territorial por ano
Total da base
Número de empresas que implementaram mudanças
estratégicas e organizacionais
% das empresas que implemetaram mudanças
estratégicas e organizacionais
Evolução % empresas que implementaram mudanças
estratégicas e organizacionais
Brasil – 2001 a 2003 84.262 30.972 36,76% Brasil – 2003 a 2005 95.301 34.403 36,10% 9,97% Sul – 2001 a 2003 22.245 7.587 34,11% Sul – 2003 a 2005 24.217 8.715 35,99% 12,94% SC – 2001 a 2003 6.915 2.411 34,87%
SC – 2003 a 2005 7.585 3.001 39,56% 19,66% Fonte: Elaborado pelo autor a partir da Pintec (IBGE, 2009).
A tabela acima apresenta o número de empresas que implemetaram mudanças estratégicas e
organizacionais, que segundo a Pintec (2005), podem ser definidas como: mudanças na estratégia
corporativa; na estrutura organizacional; nos conceitos/estratégias de marketing; nas técnicas de
gestão; na estética, desenho ou outras mudanças subjetivas dos produtos. Nesse sentido, o Brasil
apresentou evolução de 9,97% no número absoluto de empresas que implemetaram essas
mudanças, no entanto, quase permaneceu com o mesmo % relativo de 36,76 para 36,10% de
2001-2003 para 2003-2005. Já na média Sul, houve um aumento absoluto de 12,94% no número
dessas empresas e um pequeno aumento no número relativo, evoluindo de 34,11 para 35,99%. Já
Santa Catarina apresentou evolução significativa nas duas escalas de análise, tanto no número
absoluto, que saltou 19,66% de 2001-2003 para 2003-2005 e no número relativo, indo de 34,87
para 39,56%. Portanto, nesse aspecto específico de mudanças implementadas em estratégias
organizacionais, Santa Catarina apresentou vantagem em relação às médias Brasil e Sul.
Importante também se faz tentar estabelecer uma relação entre os investimentos em
atividades inovativas e a evolução da receita líquida dessas empresas. Atividades inovativas,
segundo o manual da Pintec (IBGE, 2009), são todas aquelas etapas científicas, tecnológicas,
organizacionais e comerciais, incluindo investimento em novas formas de conhecimento, que
visam à inovação de produtos e/ou processos. Isto é, são todas as atividades necessárias para o
desenvolvimento e implementação de produtos e processos tecnologicamente novos ou
aperfeiçoados. Estas atividades, de maneira geral, podem se desenvolver tanto dentro como fora
da empresa (e internalizadas através da aquisição de um serviço). A tabela abaixo retrata essa
evolução:
TABELA 5: Dispêndios em atividades inovativas e evolução da receita líquida – 2001 a 2005
Recorte territorial por ano
Total de dispêndios realizados pelas empresas em atividades inovativas
em R$ 1.000
Receita líquida em R$ 1.000
Evolução % da receita líquida em empresas inovadoras
% do total de dispêndios realizados em relação a
receita líquida
Evolução % do investimento realizado
pelas empresas em atividades inovativas
Brasil – 2001 a 2003 23.419.227 953.705.414 2,46% Brasil – 2003 a 2005 41.289.212 1.357.329.945 29,74% 3,04% 43,28% Sul – 2001 a 2003 4.331.230 165.689.337 2,61% Sul – 2003 a 2005 4.847.669 216.814.282 23,58% 2,24% 10,65% SC – 2001 a 2003 1.045.415 50.101.737 2,09% SC – 2003 a 2005 1.381.570 67.652.645 25,94% 2,04% 24,33%
Fonte: Elaborado pelo autor a partir da Pintec (IBGE , 2009).
Considerando a média Brasil, de 2001 – 2003 para 2003 - 2005, há uma evolução de
29,74% na receita líquida, enquanto os investimentos em atividades inovativas cresceram
43,28%. Na média Sul, a receita cresce 23,58%, enquanto os investimentos em atividades
inovativas cresceram 10,65%. Para Santa Catarina, o acréscimo da receita líquida é da ordem de
25,94%, enquanto os investimentos em atividades inovativas cresceram 24,33%. Em relação ao
total de dispêndios realizados sobre a receita líquida, o Brasil aumenta os mesmos de 2,46 para
3,04%, o Sul como um todo, diminui de 2,61 para 2,24% e Santa Catarina praticamente mantém
o patamar de investimento quando comparado com a receita líquida. Ainda com relação a Santa
Catarina, percebe-se uma maior efetividade do retorno dos investimentos realizados em
atividades inovativas, pois a adição de receita líquida é proporcionalmente maior que a adição do
investimento.
Ao se comparar a evolução % dos índices de inovação contemplados na tabela 5 e,
compararmos com a tabela a seguir, que trata da evolução do PIB (Produto Interno Bruto),
constar-se-á que , o crescimento % do PIB, acompanha proporcionalmente os investimentos em
atividades inovativas, ou seja, as médias Brasil e SC que apresentam a maior evolução de
investimentos em atividades inovativas, são as que apresentam maior crescimento do Produto
Industrial Bruto.
TABELA 6: Evolução 2003 – 2007 do PIB (Produto Interno Bruto) Em valores correntes (R$ 1.000)
Variação
Região 2003 2005 2007 2003-2007 Brasil 1.699.947.694 2.147.239.292 2.661.344.525 56,55% Sul 300.858.677 356.211.309 442.819.864 47,19% SC 66.848.534 85.316.275 104.622.947 56,51%
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de IBGE (2010).
Um fator relevante para a difusão de inovações das empresas no tocante a investimentos,
diz respeito aos gastos em Pesquisa e Desenvolvimento conforme pode ser visto na tabela
abaixo.
TABELA 7: Empresas que realizaram atividades internas de P&D
Recorte territorial por ano Número de empresas que
realizaram atividades internas de pesquisa e desenvolvimento (P&D)
Evolução % do número de empresas que
realizaram atividades internas de pesquisa e
desenvolvimento
Investimento realizado pelas empresas nas
atividades internas de pesquisa e
desenvolvimento (P&D) em R$ 1.000
Evolução % do investimento realizado pelas empresas em atividades internas de P&D
Brasil - 2003 4.941 5.098.811 Brasil - 2005 6.168 24,83% 10.387.490 103,72% Sul - 2003 1.570 657.647 Sul - 2005 1.399 -10,89% 884.098 34,43% Santa Catarina - 2003 480 161.001
Santa Catarina - 2005 354 -26,25% 310.163 92,64% Fonte: Elaborado pelo autor a partir da Pintec (IBGE , 2009).
Antes de analisar a tabela 7, importante se faz entender as definições de P&D, que que
segundo o manual da Pintec, compreende o trabalho criativo, empreendido de maneira
sistemática, com o propósito de aumentar o acervo de conhecimentos da empresa, assim como a
utilização destes conhecimentos para criar novas aplicações (IBGE, 2009). Essa atividade
engloba:
• a pesquisa básica (trabalho experimental ou teórico voltado para a aquisição de novo
conhecimento, sem ter por objetivo qualquer aplicação ou uso específico);
• a pesquisa aplicada (trabalho experimental ou teórico dirigido para um objetivo prático
específico);
• o desenvolvimento experimental (trabalho sistemático com base no conhecimento existente,
obtido através da pesquisa e experiência prática e dirigido para a produção de novos materiais e
produtos, para instalação de novos processos, sistemas e serviços, ou para melhorar
substancialmente aqueles já produzidos ou em operação).
O Brasil, de 2003 para 2005 teve um acréscimo de 24,83% no número de empresas que
realizaram atividades internas de P&D, enquanto o Sul diminuiu esse número em 10,89% e Santa
Catarina em 26,25%. Ao conferir o investimento financeiro realizado em atividades de P&D, o
Brasil acresceu 103,72% em 2005 quando comparado com 2003; o sul em 34,43% e Santa
Catarina em 92,64%.
A próxima tabela retratará a maneira de como as empresas utilizam mecanismos de
proteção às inovações.
TABELA 8: Métodos de proteção das inovações
Recorte territorial por ano
Empresas que implementaram
inovações
Registro de
Patentes
% do total
Registro de
Marcas
% do total
Complexidade no desenho
% do total Segredo Industrial
% do total
Brasil - 2005 32.796 2.033 6,20% 7.145 21,79% 475 1,45% 2.505 7,64% Sul - 2005 9.028 722 8,00% 2.131 23,60% 177 1,96% 796 8,82%
SC - 2005 2.648 115 4,34% 676 25,53% 72 2,72% 231 8,72% Fonte: Elaborado pelo autor a partir da Pintec (IBGE , 2009).
A base da Pintec utiliza basicamente quatro formas de proteção às inovações; a primeira se
refere ao registro de patentes, sendo que o Brasil registra 6,20% das inovações, o Sul, registra 8%
e Santa Catarina registra 4,34% das inovações. A segunda se refere ao registro de marcas,
havendo 21,79% de registro pelo Brasil, 23,60% pelo Sul e 25,53% por SC. A terceira se refere a
complexidade no desenho, sendo que o Brasil apresenta 1,45% desse índice, o Sul apresenta
1,96% e Santa Catarina apresenta 2,72%. A quarta e não menos importante se refere a segredos
industriais, sendo que o Brasil apresenta índice de 7,64%, o Sul de 8,82% e Santa Catarina,
8,72% Portanto, ao se analisar esses índices, os números não apresentam variações relevantes,
havendo uma certa semelhança no perfil do país, do sul e de Santa Catarina na maneira de como
as empresas protegem suas inovações.
A próxima tabela versará sobre a quantidade de pessoas ocupadas nas atividades de P&D,
haja visto a importância da alocação de pessoal nessas atividades que tem como objetivo
principal a pesquisa aplicada.
Tabela 9: Pessoal ocupado em P&D
Recorte territorial por
ano
Empresas que implementaram
inovações
Empresas que
ocuparam pessoal em
P&D
% das empresas
inovadoras que ocuparam pessoal em
P&D
Pessoas ocupadas em
P&D
Relação pessoal ocupado /
empresas que ocupam pessoal
em P&D
Brasil - 2005 32.796 5.046 15,39% 47.628 9,44 Sul - 2005 9.028 1.399 15,50% 10.053 7,19
SC - 2005 2.648 354 13,37% 3.636 10,27 Fonte: Elaborado pelo autor a partir da Pintec (IBGE , 2009).
Das empresas que mantiveram oficialmente departamentos de P&D, o Brasil responde com
15,39% desse universo, enquanto o Sul responde com 15,50% e Santa Catarina com 13,37%,
estando portanto, abaixo das médias Brasil e Sul. Se for analisado a taxa de pessoal ocupado com
P&D nas empresas, tem-se 9,44 pessoas ocupadas por empresas no Brasil, 7,19 pessoas ocupadas
por empresa no Sul e 10,27 pessoas ocupadas por empresas em Santa Catarina.
A próxima tabela retrata um fator primordial para a gestão de conhecimento das empresas
que é o nível de qualificação dos profissionais envolvidos em atividades de pesquisa e
desenvolvimento, como segue abaixo.
Tabela 10: Nível de qualificação do pessoal ocupado em atividades de P&D
Recorte territorial por
ano
Total de pessoal
ocupado em P&D
Pessoal ocupado com Pós-graduação
% de pessoal ocupado com pós
graduação
Pessoal ocupado
com graduação
% de pessoal ocupado
com graduação
Pessoal ocupado
com nível médio
% de pessoal ocupado
com nível médio
Pessoal ocupado
com outros níveis
% de pessoal ocupado
com outros níveis
Brasil - 2005 47.628 4.330 9,09% 23.269 48,86% 14.812 31,10% 5.217 10,95% Sul - 2005 10.053 778 7,74% 4.330 43,07% 3.641 36,22% 1.604 15,96%
SC - 2005 3.636 333 9,16% 1.553 42,71% 1.184 32,56% 567 15,59% Fonte: Elaborado pelo autor a partir da Pintec (IBGE , 2009).
Do pessoal ocupado em atividades de P&D no Brasil, 9,09% possuem pós-graduação,
48,86% com graduação, 31,10% com nível médio e 10,95% com outros níveis. No sul, 7,74%
dos profissionais apresentam pós-graduação, 43,07% possuem graduação, 36,22% possuem nível
médio e 15,96% apresentam outros níveis. Em Santa Catarina, 9,16% dos profissionais alocados
em P&D possuem pós graduação, 42,71% possuem graduação, 32,56% possuem nível médio e
15,59% possuem outros níveis.
4. CONCLUSÃO
O presente trabalho pretendeu analisar a dinâmica inovatória das empresas catarinenses em
relação à mesma dinâmica das empresas do Brasil e do sul do país, considerando para esse fim, o
desempenho de suas médias tendo-se extraído para tanto, dados da base da Pesquisa Inovação
Tecnológica do IBGE.
Inicialmente o texto traz informações a respeito dos gastos de inovação tecnológica no
Brasil e separa o que é gasto público e privado, sendo que num próximo momento, buscou-se
elementos para situar o Brasil em relação a outros países, no que tange a investimentos em
atividades inovativas. Nessa análise, ficou evidenciado que o investimento em atividades
inovativas que partem das empresas brasileiras é irrelevante, quando comparados com os
investimentos privados de outros países, se traduzindo essa como uma fragilidade em termos de
cultura inovatória, mas também de política industrial no Brasil.
A partir desse momento, o estudo se concentrou em específico na dinâmica inovatória da
indústria catarinense em relação às médias Sul e Brasil, objetando medir os níveis de desempenho
dessas três dimensões – regional, meso-regional e nacional, nos aspectos que permeiam a política
industrial de inovação.
As evidências decorrentes desse estudo não nos permitem ainda tirar conclusões tão
assertivas acerca da dinâmica inovatória das empresas catarinenses e, se as mesmas são ou não
são mais dinâmicas que outras indústrias situadas em outros estados ou regiões do território
nacional. Em relação aos índices apresentados pela Pintec, pode-se constatar que em muitos
casos, a indústria catarinense apresenta certas vantagens em relação à média Sul e Brasil, porém
são de longe ainda conclusivas. No entanto, podemos de uma certa forma, afirmar que o
investimento em atividades inovativas amplia a capacidade das empresas gerarem receita e,
consequentemente, impostos, haja visto às relações entre aumento de investimentos e aumento
da receita líquida, representado em tabela nesse texto.
No entanto, permeia no estudo, a relevância desse assunto para as questões e preocupações
do desenvolvimento regional, que pode tecer contribuições importantes para as agendas locais,
regionais e nacional de políticas industriais.
5. REFERÊNCIAS CAMPOS, R.R. et al. Especialização, localização e possibilidades para formação de sistemas produtivos locais: um estudo exploratório para a indústria catarinense. In: Anais do IX Encontro Nacional de Economia Política, Uberlândia/MG, 8-11/06/2004 [CD-ROM]. CASSIOLATTO, J.E. e LASTRES, H.M.M. Arranjos e sistemas produtivos locais na indústria brasileira. Disponível em http://www.ie.ufrj.br/revista/pdfs/arranjos_e_sistemas_produtivos_locais_na_industria_brasileira.pdf , acesso em 06.08.2008. DAGNINO. R. et al. Tecnologia social: ferramentas para construir outra sociedade. IG/Unicamp: Campinas, SP. 2009. DIAS, R.B.; NOVAES. H.T. Contribuições da economia da inovação para a reflexão acerca da tecnologia social. (in) DAGNINO. R. et al. (org.) Tecnologia social: ferramentas para construir outra sociedade. IG/Unicamp: Campinas, SP. 2009.
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