A CONJUNTURA ECONÔMICA DE FOZ DO IGUAÇU: 1990 … · 2 APRESENTAÇÃO A tomada de decisões no...

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___________________________________________________________________ ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE FOZ DO IGUAÇU ACIFI A CONJUNTURA ECONÔMICA DE FOZ DO IGUAÇU: 1990-2004 Relatório de pesquisa apresentado à ACIFI – Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu visando atender a objetivos do planejamento estratégico da Gestão 2004-2005. FOZ DO IGUAÇU 2005 _________________________________________________________________________________ Rua Padre Montoya, 490 – Fone/Fax: (045)3521-3300, Cep: 85851-080 – Foz do Iguaçu – Pr. sítio: http://www.acifi.org.br - correio eletrônico: [email protected]

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___________________________________________________________________

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE FOZ DO IGUAÇU ACIFI

A CONJUNTURA ECONÔMICA DE FOZ DO IGUAÇU: 1990-2004

Relatório de pesquisa apresentado à

ACIFI – Associação Comercial e

Industrial de Foz do Iguaçu visando

atender a objetivos do planejamento

estratégico da Gestão 2004-2005.

FOZ DO IGUAÇU 2005

_________________________________________________________________________________

Rua Padre Montoya, 490 – Fone/Fax: (045)3521-3300, Cep: 85851-080 – Foz do Iguaçu – Pr.

sítio: http://www.acifi.org.br - correio eletrônico: [email protected]

1

DIRETORIA DA ACIFI – GESTÃO 2004-2005

Presidente – Wanderley Bertolucci Teixeira

Vice-Presidente – Walter Venson

Vice-Presidente – Valentin Nadal da Silva

Vice-Presidente de Finanças e Patrimônio – Ivone Barofaldi da Silva

Vice-Presidente Administrativo – Antonio Derseu C. de Paula

Vice-Presidente de Comércio – Laudelino Antônio Pacagnan

Vice-Presidente de Indústria e Turismo – Adelar Guilherme Matté

Vice-Presidente de Serviços/SCPC – Paulo Pulcinelli Filho

Vice-Presidente de Comércio Exterior – Mario Alberto Chaise de Camargo

Vice-Presidente Mulher Empresária – Maria Salet Freitag

Vice-Presidente Jovem Empreendedor – Roni Carlos Temp

Núcleo Setorial Automecânicas – Luiz Cláudio C. Campos

Núcleo Setorial Contabilidade, Auditoria e Perícia – Antonio Luiz Breda

Câmara de Mediação e Arbitragem – ARBITRAFI – Pedro Tenerello

EQUIPE TÉCNICA

Empresa de consultoria contratada: TMS Lins e Cia Ltda.

Economista Responsável – José Maria Reganhan – Corecon/PR 6.686-9

Denis Donizetti Negrão – Estagiário de Administração de Empresas – Habilitação em Finanças

Marcelo Schneider – Estagiário de Administração - Habilitação em Marketing Internacional

Todas as informações e opiniões deste trabalho vinculam-se ao exercício profissional dos

contratados e não necessariamente representam posicionamentos da Associação Comercial

e Industrial de Foz do Iguaçu - ACIFI.

2

APRESENTAÇÃO

A tomada de decisões no mundo empresarial constantemente está recebendo

influencias da mudanças pela quais passa a vida econômica do local onde as

mesmas estão inseridas. Mudanças relativas às alterações ocorrem nos mercados

onde as firmas operam, às mudanças de política econômica e setorial em matéria

econômica praticada nos níveis federal, estadual e municipal.

Uma das formas de visualizar para onde se encaminham tais mudanças é

acompanhar a conjuntura econômica no que se refere aos vários aspectos da vida

econômica de cada local.

Este estudo procura contribuir com o município com subsídios para o

fortalecimento do CODEM – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Estratégico

de Foz do Iguaçu, por meio de esforços conjugados com outras instituições para a

alocação de recursos do orçamento municipal anual visando fomentar a indústria, o

comércio e os serviços, visando justamente o aumento dos empregos gerados e dos

impostos arrecadados. Procura também colaborar com a discussão a respeito da

criação do Fundo e da Agência de Desenvolvimento.

Este texto procurando atender tais premissas avança em uma dimensão até

agora não estudada no município de Foz do Iguaçu. Acompanhar a evolução da

conjuntura econômica em uma cidade de interior e inserida em uma tríplice fronteira.

Nesse estudo – a partir de entender a inserção da economia de Foz do Iguaçu em

seu entorno - serão analisados o comportamento da produção, do emprego e do

consumo da energia.

Serão também diagnosticados a situação sócio-econômica da população

residente no município, a evolução dos alunos matriculados nos vários

estabelecimentos educacionais e nos vários níveis de ensino e a condição da

3

segurança a partir dos números das ocorrências e das apreensões realizadas na

fronteira.

De igual importância nessa análise o papel da evolução da construção civil,

dos depósitos no setor bancário e situação das finanças públicas do setor público

municipal.

Um estudo desse tipo e com o volume de estatísticas econômicas utilizadas,

não seria possível sem o apoio institucional de vários órgãos governamentais dos

níveis municipal e estadual. Em função disso a equipe de pesquisa da ACIFI tiveram

acesso à várias fontes de informações e foram muito bem atendidos e dessa

maneira agora vem agradecer .às essas várias contribuições.

Inicialmente ainda na fase de definição e levantamento das fontes a serem

utilizadas, foi de fundamental importância o apoio dado pelos técnicos do IPARDES

responsáveis pelo Banco de Dados do Estado que forneceram as estatísticas

relativas ao PIB municipal.

Em relação às estatísticas de emprego e renda do Sistema RAIS, contou-se

com a colaboração do Sr. Odival Antunes, técnico de suporte que atende as

necessidades parciais de informações estatísticas de emprego do Ministério do

Trabalho e Emprego. Ainda em relação aos procedimentos de deflacionamento das

séries de renda utilizadas na análise contou-se com o apoio do economista Sandro

Silva do DIEESE – Escritório de Curitiba.

Em relação às estatísticas de consumo de combustíveis de Foz do Iguaçu as

análises não seriam possíveis sem o apoio dos técnicos da área de planejamento da

ANP – Agência Nacional do Petróleo no Rio de Janeiro. Por outro, em relação às

estatísticas de consumo de energia elétrica do município, contou-se também com o

apoio do escritório local da COPEL e com a Superintendência de Regulação e

Preços da citada empresa paranaense de energia elétrica.

4

Em relação às estatísticas de ocorrências policiais e de apreensões, o apoio

imprescindível da Guarda Municipal, do Batalhão da Polícia Militar e da Delegacia da

Receita Federal, permitiu acesso às várias estatísticas utilizadas na análise da

segurança de Foz do Iguaçu.

No poder executivo do município também foram importantes as contribuições

dos Secretários Municipais da Administração o Sr. Emerson Roberto Castilha

(anterior) e Adevilson Gonçalves (atual), para o acesso às estatísticas do setor da

construção civil, da Secretária Municipal da Fazenda a Sra. Elenice Nurnberg, dos

técnicos da Contabilidade do município, especificamente os Srs. Aparecido da Silva

Dantas e Cleto Fank, no esclarecimento da estrutura dos anexos dos balanços

utilizados na análise das finanças públicas.

Já o acesso às estatísticas de depósitos da área bancária do município, só foi

com o apoio do economista Newton Ferreira da Silva Marques, economista do

Banco Central e que ajudou no contato com o setor responsável pelo fornecimento

das estatísticas analisadas.

E finalmente não poderíamos de esquecer o apoio incondicional de toda a

equipe da ACIFI que em vários momentos produziram uma ótima sinergia para que

os estudos e a produção desse relatório fossem possíveis.

5

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES .........................................................................................6

LISTA DE SIGLAS......................................................................................................8

RESUMO...................................................................................................................10

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................12

2 A ECONOMIA DE FOZ DO IGUAÇU E SEU CONTEXTO....................................17

3. PRODUÇÃO, EMPREGO E ENERGIA ................................................................28 3.1 PRODUÇÃO: O PRODUTO INTERNO BRUTO MUNICIPAL .............................28

3.2 EMPREGO E RENDA DO SETOR FORMAL DO MERCADO DE TRABALHO..37

3.3 O CONSUMO DE ENERGIA...............................................................................50

3.3.1 O consumo de energia elétrica.........................................................................50

3.3.2 O Consumo de Combustíveis Derivados de Petróleo ......................................55

4. A SITUAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA DA POPULAÇÃO ......................................60

5. EDUCAÇÃO: A EVOLUÇÃO DOS ALUNOS MATRICULADOS.........................71

6 A SEGURANÇA: OCORRÊNCIAS POLICIAIS E APREENSÕES........................80

7 A EVOLUÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL.............................................................94

8 O SETOR BANCÁRIO.........................................................................................100

9 O SETOR PÚBLICO – O GRAU DE DEPENDÊNCIA DE SUAS FINANÇAS: 1989-2004 ........................................................................................................................109

OBSERVAÇÕES FINAIS........................................................................................114

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................120

6

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

A economia de Foz do Iguaçu e seu contexto.................................................. 27

Tabela 2.1.1 ..................................................................................................... 30

Gráfico 2.1.1..................................................................................................... 33

Tabela 3.1.2 ..................................................................................................... 36

Tabela 3.2.1.2 .................................................................................................. 39

Gráfico 3.2.1.2.................................................................................................. 43

Tabela 3.2.2.2 .................................................................................................. 46

Gráfico 3.2.2.2.................................................................................................. 49

Tabela 3.3.1.1 .................................................................................................. 52

Tabela 3.3.1.2 .................................................................................................. 54

Tabela 3.3.2.1 .................................................................................................. 56

Tabela 3.3.2.2 .................................................................................................. 59

Tabela 4.1.1 ..................................................................................................... 53

Tabela 4.1.2 ..................................................................................................... 76

Tabela 4.2.1 ..................................................................................................... 64

Tabela 4.2.2 ..................................................................................................... 65

Tabela 4.2.3 ..................................................................................................... 66

Tabela 4.2.4 ..................................................................................................... 67

Tabela 4.2.5 ..................................................................................................... 68

Tabela 4.2.6 ..................................................................................................... 69

Tabela 4.2.7 ..................................................................................................... 70

Tabela 5.1 ........................................................................................................ 72

Tabela 5.3 ........................................................................................................ 78

Tabela 6.1.1 ..................................................................................................... 81

Tabela 6.2.1 ..................................................................................................... 81

7

Tabela 6.2.2 ..................................................................................................... 82

Tabela 6.2.3 ..................................................................................................... 83

Tabela 6.3.1 ..................................................................................................... 85

Tabela 6.3.2 ..................................................................................................... 86

Tabela 6.3.3 ..................................................................................................... 89

Tabela 6.3.4 ..................................................................................................... 92

Gráfico 7.1........................................................................................................ 97

Gráfico 7.2........................................................................................................ 99

Tabela 8.1 ........................................................................................................ 103

Gráfico 8.1........................................................................................................ 105

Gráfico 8.2........................................................................................................ 108

Tabela 9.1 ........................................................................................................ 111

Gráfico 9.2........................................................................................................ 113

8

LISTA DE SIGLAS

ACIFI – Associação Comercial e Industrial De Foz De Iguaçu

ANP – Agência Nacional do Petróleo

CDB – Certificado de Depósito Bancário

CESUFOZ – Centro de Ensino Superior de Foz do Iguaçu

CC5 – Carta Circular n. 5

CDE – Ciudad del Este

CI – Consumo Intermediário

CNH – Carteira Nacional de Habilitação

CODEM – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Estratégico de Foz do

Iguaçu

COPEL – Companhia Paranaense de Energia Elétrica

CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito

CPMI – Comissão Parlamentar Mista de Inquérito

DETRAN – Departamento Nacional de Transito

DIEESE – Departamento Inter-Sindical de Estatísticas e Estudos Sócio-

Econômicos

DEGEO – Departamento de Geografia

DFC – Declaração Fisco-Contábil

EUA – Estados Unidos da América

FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FMI – Fundo Monetário Internacional

GLP – Gás Liquefeito de Petróleo

ICMS – Impostos sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

IGEO – Instituto de Geografia

IOF – Imposto sobre Operações Financeiras

9

IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e

Social

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

de Teixeira

MEC – Ministério da Educação

Mercosul – Mercado Comum do Cone Sul

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

PPGG – Programa de Pós-Graduação em Geografia

PIB – Produto Interno Bruto

RAIS – Relação Anual de Informações Sociais

RDB – Recibo de Depósito Bancário

SMDE – Secretaria Municipal de Educação

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

UDC – União Dinâmica de Faculdades Cataratas

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNIAMÉRICA – Faculdade União das Américas

UNIFOZ – Faculdades Unificadas de Foz do Iguaçu

UNIOESTE – Universidade do Oeste do Paraná

VBP – Valor Bruto da Produção

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RESUMO

REGANHAN, José Maria Reganhan. A conjuntura econômica de Foz do Iguaçu: 1990-2004. Foz do Iguaçu: ACIFI, 2005. 91 p.

Este relatório desenvolve a análise de conjuntura econômica de alguns setores de Foz do Iguaçu entre 1990 a 2004. A partir de sua formação sócio-econômica e configuração espacial, as mudanças econômicas resultaram em um aumento das atividades informais e de economia subterrânea, do desemprego, do processo de ocupação irregular de áreas verdes na cidade e de construção de domicílios sub-normais em favelas por toda a área do município. Em relação ao PIB do município a evolução do PIB de serviços representa a situação da cidade especializada nos serviços, os quais apresentam um pequeno crescimento, para após reduzir sua expansão. Os volumes de emprego e renda do setor formal do mercado de trabalho apresentam trajetórias diferentes. O emprego da construção civil, comércio atacadista, instituições de crédito, seguro e capitalização, imobiliárias e hotéis reduzem-se. Os setores que tiveram crescimento do emprego foram em um nível maior, comércio varejista e administração pública e em um nível menor, os transportes e comunicação, os serviços médico-odonto-veterinários e o setor de ensino. Em relação ao rendimento, a massa salarial real reduz-se na construção civil, no comércio atacadista, nas instituições de crédito, seguro e capitalização, nas imobiliárias e nos hotéis. Os setores onde a massa salarial real cresceu foram os serviços de utilidade pública, a administração pública, os transportes e comunicação, o setor de ensino, o comércio varejista e os serviços médico-odonto-veterinários. Quanto ao consumo de energia elétrica, destaca-se o crescimento do consumo comercial, dos poderes públicos, da iluminação pública e do serviço público. A principal queda no consumo de energia elétrica ocorreu junto ao consumidor industrial. Já no consumo de combustíveis derivados de petróleo, observou-se redução de consumo de óleo diesel, GLP, álcool hidratado e querosene de aviação. O único combustível que teve crescimento no consumo foi a gasolina automotiva. Confirmando a tendência do consumo de combustíveis derivados de petróleo, cresce a quantidade de automóveis registrados no DETRAN, seguido pelo aumento no registro em um patamar menor de motocicletas, camionetas, caminhões e motonetas. Quanto à evolução demográfica e a participação estrangeira nesta, verificou-se que a população total por pouco chega à duplicação e também ocorre um pequeno crescimento da participação da população estrangeira na população total. Por outro lado, a situação sócio-econômica da população residente no município apresenta um quadro – que apesar de Foz do Iguaçu possuir um IDH -M médio – onde o município possui grande número de pessoas com características de analfabetos funcionais, com redução da renda proveniente do trabalho e possuindo também uma alta concentração de renda entre ricos e pobres, resultando assim em um aumento consecutivo nos índices de pobreza e indigência. Já em relação à educação, cresce o número de alunos matriculados em cursos universitários privados de Administração, Direito, Normal Superior, Ciências e Engenharias. Outrossim, os níveis de ensino fundamental e médio são na maioria de responsabilidade de instituições de ensino públicas municipal e estadual, tendo nestas um crescimento considerável de alunos matriculados. Quanto à área de segurança, cresce de participação no total, roubos, furtos de todo o tipo,

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contrabando e descaminho e tráfico de entorpecentes. A construção civil de Foz do Iguaçu, apresenta um crescimento até o meio da década de 90 do século XX, em termos de emissões de alvarás de construção e habite-ses e de áreas declaradas de construção para depois conhecer uma queda generalizada nesses indicadores. O estoque de moeda nas agências bancárias do município apresentou crescimento mediano dos financiamentos até o meio da década de 90 para depois reduzir-se. Em paralelo conheceu um crescimento tímido dos depósitos a prazo e de poupança. E finalizando, o setor público municipal apresentou acentuado grau de dependência de transferências financeiras do governo do estado do Paraná, da Itaipu e do governo federal. Ocorreu também uma redução das despesas de capital, de investimento e de comprometimento com empréstimos. Algumas sugestões são encaminhadas: a) criação de incubadoras de empresas, empresas júnior e escritórios de relações com a comunidade nas faculdades; b) inclusão das disciplinas de Criação de Empresas, Formação de Empreendedores e Elaboração de Planos de Negócios nos vários cursos universitários das áreas de Ciências, Administração e Engenharias; c) ações mais efetivas dos governos municipal, estadual e federal em termos de política industrial e de apoio ao setor de serviços em temos de aumento do nível de investimento, da geração de emprego, treinamento e qualificação da força de trabalho, de capacitação gerencial e tecnológica; d) criação de uma industria farmacêutica visando aproveitar, com o apoio da ITAIPU o processamento de plantas medicinais da região, procurando relacionar ao mesmo tempo biodiversidade e biotecnologia, sendo para isso necessário um estudo de classificação, separação do princípio ativo dessas plantas e um estudo de valoração econômica ambiental para subsidiar a escolha de quais plantas poderão ser utilizadas. Palavras chaves: Conjuntura econômica, população, PIB, emprego, renda, mercado de trabalho, energia elétrica, combustíveis, educação, segurança, construção civil, setor bancário, setor público, Foz do Iguaçu.

12

1 INTRODUÇÃO

Esse texto vem apresentar os resultados parciais de uma pesquisa proposta1

e desenvolvida para a ACIFI – Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu,

visando atender os interesses de seus associados e refletir as premissas do

planejamento estratégico da gestão 2004-2005, trazendo informações que

contribuam para o seguinte objetivo do citado planejamento:

Fortalecer o Conselho de Desenvolvimento Econômico e

Estratégico de Foz do Iguaçu – CODEM, mediante a

conjugação de esforços com outras entidades, para a

alocação de recursos no orçamento municipal anual para

fomentar a indústria, o comércio e os serviços, de forma

justa e proporcional à geração de empregos e à

arrecadação de impostos com que esses setores

contribuem para a receita do município.

O objetivo da pesquisa efetuada passa pela necessidade de se conhecer a

conjuntura econômica2 de Foz do Iguaçu nos seus principais aspectos – pib

municipal, emprego, energia, população, educação, segurança, construção civil,

setor financeiro e setor público - e qual a tendência apresentada pelos mesmos no

período de 1990-2004.

1REGANHAN, José Maria. A mensuração da evolução econômica municipal e análise das finanças públicas de Foz do Iguaçu: uma proposta de trabalho. Foz do Iguaçu: ACIFI, novembro de 2004. 7 p. + Anexos. Um esclarecimento adicional deve ser feito tanto sobre o formato da proposta como da pesquisa e do relatório aqui apresentado. Uma boa parte do que foi desenvolvido não seria possível sem a visão de conjunto do funcionamento da economia de Foz do Iguaçu que tem o economista Walter Venson, vice-presidente da gestão 2004-2005 da ACIFI, o qual por delegação do presidente da entidade o Sr. Wanderlei Betolucci Teixeira, supervisionou e discutiu várias análises desenvolvidas. Tal enriquecimento do estudo só foi possível dado o conhecimento de que esse profissional, sendo empresário de vários setores da economia do município, tem da economia do município, pois é filho de família pioneira da micro-região de Foz do Iguaçu. 2Conjuntura refere-se ao conjunto de elementos constitutivos da situação econômica de um setor, de um ramo de atividade, de uma região ou de um país em um determinado momento.

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Para dar conta do objetivo acima citado, a problemática assumida para que a

pesquisa fosse desenvolvida refere-se às seguintes questões3:

a) Que desempenho apresentou o pib municipal durante o período de 1997

a 2002?

b) Qual o desempenho do setor formal do mercado de trabalho de Foz do

Iguaçu no período de 1990 a 2000?

c) Qual foi o comportamento do consumo de energia elétrica dos setores

comercial, industrial, de serviços, residencial, rural, poderes públicos,

iluminação pública, serviço público e total da cidade de Foz do Iguaçu

no período de 1990 a 2003?

d) Que comportamento que a cidade de Foz do Iguaçu apresentou em

relação ao consumo de combustíveis por tipo de combustível e

percapita no período de 1990 a 2003?

e) Qual foi a evolução da frota de veículos automotores de Foz do Iguaçu

registrados no DETRAN no período de 1990 a 2004?

f) Qual foi a evolução da população total residente, a da população

estrangeira e sua participação da população total?

g) Qual é a situação sócio-econômica da população residente em Foz do

Iguaçu, no período de 1991 a 2000?

h) Qual foi a evolução dos alunos matriculados nos vários níveis de ensino

das instituições educacionais de Foz do Iguaçu no período de 1990 a

2004?

3 As questões relacionadas nesse texto foram, no desenrolar do estudo foram reorganizadas principalmente em função das possibilidades das respostas que as fontes de informações utilizadas permitiram e do tempo disponível para o horizonte de tomada de decisão que a diretoria da ACIFI estabeleceu. É claro que o próprio desenrolar dos fatos ocorridos na cidade influenciaram para que a pesquisa tomasse o formato final que em que agora se apresenta. É necessário esclarecer também que a proposta de pesquisa anteriormente citada previa uma questão relativa à evolução das importações e das exportações do município de Foz do Iguaçu, representando a análise do setor externo da cidade. Porém o não atendimento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio a uma solicitação de informações realizada pelo Vice-Presidente de Comércio Exterior, o Sr. Mário Alberto Chaise de Camargo ao citado ministério.

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i) Qual foi a evolução da ocorrências policiais relativas aos três níveis de

governo no município no período de 1990 a 20044?

j) Qual foi a evolução das apreensões do descaminho e do contrabando

efetuadas pela Delegacia da Receita Federal de Foz do Iguaçu no

período de 1990 a 2004?

k) Qual foi a evolução das emissões das guias de alvarás de construção,

das cartas de habitação e das áreas declaradas nas mesmas realizadas

pela Secretaria Municipal de Obras de Foz do Iguaçu, no período de 1990

a 2004?

l) Que comportamento tiveram as séries de estoque de moeda nas

agências bancárias de Foz do Iguaçu no período de 1990 a 2003?

m) Qual foi o comportamento do grau de dependência das finanças do

setor público municipal de Foz do Iguaçu no período de 1989 a 2004?

A abordagem metodológica procurou emular os estudos de conjuntura

econômica desenvolvidos nos grandes centros urbanos, onde as variáveis

econômicas utilizadas são mais agregadas e existem com uma maior disponibilidade

e periodicidade.

Como na maior parte dos casos, o Brasil por possuir uma heterogeneidade

estrutural herdada de seu processo de formação econômica, tal característica acaba

influenciando inclusive no acesso às estatísticas sócio-econômicas. Isto é, como a

produção de todos os bens e serviços em grande variedade estão concentrados na

capitais e cidades médias, é sempre maior a dificuldade de se possuir informação

estatística de relevância em qualquer estudo que se desenvolva no interior do país.

4 Não foi possível contar com as informações estatísticas de ocorrências policiais da Polícia Civil do Estado do Paraná relativas à jurisdição da cidade de Foz do Iguaçu, pois a 6a Subdivisão da Policia Civil não atendeu a solicitação de informações feitas pela ACIFI por intermédio do ofício CT 042/05 de 12 de janeiro de 2005. Por outro lado, a Delegacia de Polícia Federal de Foz do Iguaçu só atendeu a solicitação das estatísticas de estrangeiros registrados no município, deixando de atender as informações de apreensões realizadas por essa delegacia.

15

Procurou-se então em discussão permanente com a diretoria usar estatísticas

que fossem mais representativas da evolução da conjuntura econômica da cidade e

que tivessem significado para representar a sua realidade.

Procurando atender a problemática proposta o presente relatório está

estruturado em mais oito seções além dessa introdução, onde cada uma delas

procurará responder as várias questões da problemática enunciada.

A segunda seção procura por meio de uma síntese, descrever um contexto

histórico e uma configuração espacial onde se insere a economia de Foz do Iguaçu.

A terceira seção apresentará a análise da evolução do pib municipal no

período de 1997 a 2002 (3.1), do consumo de energia elétrica e da energia relativa

aos combustíveis derivados de petróleo entre 1990 a 2004 (3.2) e do evolução do

setor formal do mercado de trabalho do município de Foz do Iguaçu no período de

1990 a 2003 (3.3).

A quarta seção cuidará de descrever a evolução quantitativa da população

total residente, da população estrangeira residente e a análise da situação sócio-

econômica dessa população.

A quinta seção cuidará de analisar a evolução dos alunos matriculados nos

vários níveis de ensino das instituições educacionais do município.

A dimensão da segurança será abordada pela seção seis. Nela serão

analisadas as ocorrências policiais atendidas pela Guarda Municipal e Polícia Militar.

Adicionalmente serão apresentadas as apreensões de descaminho, contrabando e

tráfico realizadas pela Delegacia da Receita Federal em Foz do Iguaçu.

Normalmente a construção civil é um setor que tem os seus números

considerados como indicadores antecedentes em conjuntura econômica. Isto é, o

comportamento desse setor é observado, pois ele é um dos que mostram a

tendência para onde caminha a economia, ou para um ritmo de crescimento ou para

uma variante da recessão. A seção sete procurará apresentar a evolução do número

16

de guias de alvarás de construção e de cartas de habitação e das áreas de

construção declaradas nas citadas guias.

A dimensão financeira da conjuntura analisada é apresentada pela seção oito

que ilustrará com a evolução do estoque de moeda por tipo de depósitos nas

agências bancárias de Foz do Iguaçu.

Em relação ao setor público municipal, a nona seção irá apresentar a

conjuntura do grau de dependência de suas finanças.

Finalizando esse texto seguem as observações finais que procurarão

sintetizar os principais pontos das seções que lhe antecederam.

17

2 A ECONOMIA DE FOZ DO IGUAÇU E SEU CONTEXTO5

Em termos de conjuntura econômica de uma cidade de características tão

peculiares como a de Foz do Iguaçu, antes de se adentrar na análise da própria

conjuntura, é necessário descrever o contexto histórico mais geral onde a sua

formação se insere e a configuração espacial derivada dessa formação histórica

O contexto mais geral onde se move este texto refere-se ao processo de

inserção do Brasil em um conjunto de transformações estruturais pelas quais passa

a economia mundial desde a década de setenta do século XX6. Fazem parte dessas

transformações: a) um processo de mundialização chamado por alguns autores de

globalização, como um aprofundamento da internacionalização dos mercados e dos

fluxos de bens e serviços; b) o auge e exaustão de um processo de acumulação

ancorado na química, na metalmecânica e uma reestruturação produtiva

implementada por meio do advento da difusão da microeletrônica e das mudanças

nos processos de produção e de trabalho industriais; e c) uma mundialização

financeira marcada pela possibilidade de grandes agente econômicos ampliarem

sua renda e sua riqueza financeira por intermédio dos mercados de câmbio, de

ações de títulos públicos 24 horas por dia, alguns autores denominam tal processo

como financeirização onde o capital financeiro procura reproduzir-se a si próprio sem

necessariamente passar pelo mundo da produção física.

O Brasil já inserido nesses três processos a partir da recessão do período

1990-92, derivada e/ou produzida pelos Planos Collor 1 e 2, sentirá o impacto das

crises financeiras do México (final de 1994 e início de 1995), da Ásia (entre junho e

5 Esta seção é uma tentativa de pensar um pouco mais as relações da economia da cidade de Foz do Iguaçu com o seu entorno está baseado na leitura que é possível a partir de bibliografias selecionadas e de relatos de pessoas mais antigas da cidade. O autor desse relatório entendeu ser necessário assim fazê-la para poder analisar a conjuntura econômica do município no período solicitado pela ACIFI. 6 LOURENÇO, Gilmar Mendes. O Brasil e as transformações estruturais recentes da economia mundial. Análise Conjuntural, Curitiba, v. 24, n.11-12, p. 2-4. nov./dez. 2002. Disponível em:<http://www.pr.gov.br/ipardes/pdf/bol_24_6a.pdf>. Acesso realizado em 16 abril 2005.

18

outubro de 1997), da Rússia (entre agosto e outubro de 1998), do Brasil em

dezembro de 1998 e janeiro de 1999), da Turquia (em 2001) e da Argentina (de

1999 até os dias de hoje). Buscando demonstrar aos banqueiros internacionais a

melhoria da situação da economia brasileira, as autoridades econômicas adotaram a

manutenção de reduzidas taxas de crescimento da estrutura produtiva e a crescente

obtenção dos superávits primários7 acordados como o FMI voltados ao pagamento

das dívidas externa e interna. Em paralelo, essas autoridades promovem também

um processo de privatização o qual resultou em profunda desnacionalização da

indústria brasileira, um processo de abertura da economia brasileira à economia

mundial e um processo de integração econômica ao conjunto das economias do

cone sul chamada de Mercosul.

Em síntese é nesse conjunto de transformações por quais passou a economia

mundial e pela situação subordinada de contínuos ajustes sob a tutela do FMI que a

economia brasileira chega ao século XXI.

Por outro lado, a economia de Foz do Iguaçu em função de seu processo de

formação e ocupação irá apresentar no período de 1990 a 2004 uma determinada

configuração espacial8 resultante de suas relações com a economia brasileira e a

economia mundial.

Foz do Iguaçu tem sua origem na instalação de uma Colônia Militar, que tinha

como função salvaguardar os interesses do Brasil no extremo-oeste paranaense. A

sugestão da citada Colônia partiu do Ministério da Guerra, logo após a Guerra da

Tríplice Aliança (1865-1870). Porém a idéia de sua instalação só saiu do papel a

partir de 1888. Em 23 de novembro de 1889, o município conheceu a instalação da

Colônia Militar que permaneceu até assim até 1912, sendo a mesma extinta e a

região passou a integrar o território de Guarapuava. 7 É um dos conceitos utilizados pela contabilidade pública brasileira e que basicamente, refere-se ao resultado das contas do governo, excluídos encargos financeiros e ajustes de correção monetária e cambial nas receitas e despesas. 8 Uma síntese diagramática das descrições sobre a configuração espacial da economia de Foz do Iguaçu e as relações com seu entorno pode ser observada no diagrama ao final dessa seção.

19

A criação do município ocorreu em 1914 por meio da lei n. 383, onde

anteriormente existia a referida Colônia Militar9. A cidade se organizava como o

abrigo de um núcleo colonizador, ponto inicial ao povoamento e colonização da

região, junto à margem do Rio Paraná. Além desse núcleo inicial existiam outros

núcleos urbanos, a saber: Vilas de Gaúcha, Matelândia e Medianeira, com 300, 350,

e 400 habitantes, respectivamente.

Em 1950, a população total correspondia a 12.010 habitantes incluindo os

distritos de Cruzeiro do Oeste, Guaíra e Toledo, que naquela data não eram mais do

que pequenos povoados. Sendo que a área do núcleo inicial de Foz do Iguaçu

contava segundo o Recenseamento Geral do Brasil com 3.000 habitantes.

A partir da década de 50 do século XX até 1995, Foz do Iguaçu vem a

conhecer um processo de perda territorial por conta da emancipação de diversos

municípios, cujo inicio ocorre em 1951 com a criação dos municípios de Cascavel,

Toledo e Guaíra. Paralelamente conhece também um crescimento populacional

excepcional: 1950 (12.010), 1960 (28.212), 1970 (33.966), 1980 (136.231), 1991

(190.123), 1996 (231.627) e 2000 (258.368). Atualmente é a cidade da Meso-região

Oeste de maior contingente populacional.

Do ponto de vista econômico, a cidade de Foz do Iguaçu, desde a sua

instalação como Colônia Militar, conhece uma série de quatro ciclos de

desenvolvimento econômico10:

a) extração da madeira e cultivo da erva-mate (1870 – 1970);

b) construção da hidrelétrica de Itaipu (1970 – 1983);

c) exportação, comércio fronteiriço e turismo de compras (1976 – 1995); e

d) globalização e criação do Mercosul (1995 – 2001)

9 PIERUCCINI, Mariângela Alice et alii. Criação dos municípios e processos emancipatórios. In: PERIS, Alfredo Fonceca. (org.) Estratégias de desenvolvimento regional: Região Oeste do Paraná. Cascavel: Edunoieste, 2003. p. 112-115. 10 Ver ZARATE, José. A dinâmica da formação econômica do município de Foz do Iguaçu 1914-2001. Foz do Iguaçu: FEPI, Curso de Ciências Econômicas, 2002. 68 p. (Monografia)

20

Os aspectos mais importantes que impulsionaram o desenvolvimento

econômico do município foram: a) a construção da usina hidrelétrica de Itaipu, que

atraiu milhares de trabalhadores, b) o comércio fronteiriço e o turismo de compras

que desenvolveu a atividade dos sacoleiros e que transformou a região da Ponte da

Amizade em uma região exportadora de mercadorias brasileiras para a Argentina e o

Paraguai e c) a abertura comercial do Brasil, a criação do Mercosul (Brasil,

Argentina, Paraguai e Uruguai inicialmente) e a implementação de um plano de

estabilização econômica (Real).

Com a abertura do Brasil para a economia mundial, a derradeira criação do

Mercosul e a implementação do Plano Real, o município no período de 1997 a 2000

tem – dentre outros fatos importantes – a redução do número de visitantes na

cidade11, no período de 1994 a 1998 que passa de 4.200.000 para 2.000.000.

Por outro lado, os acontecimentos já citados fazem com que o setor

exportador localizado na região da Ponte da Amizade e adjacências se reduza

sensivelmente, principalmente em função da abertura da economia brasileira e da

criação do Mercosul, fazendo com que as vendas efetuadas por esse setor fossem

todas realizadas diretamente pelas indústrias no Brasil.

Existe um aspecto fundamental sobre a formação da economia de Foz do

Iguaçu que normalmente não é citado nos estudos feitos até agora. É o fato de que

a configuração econômica e espacial formada até então está ligada a constituição de

um enclave12, que antes da instalação da Colônia Militar, esteve relacionado às

“obrages” empresas de capital argentino e com força de trabalho paraguaia, tinham

as suas atividades econômicas assentadas no extrativismo vegetal do mate e na

extração da madeira. Num momento posterior esteve ligado ao movimento turístico 11 Ver PERIS, Alfredo Fonceca. Trilhas rodovias e eixos: um estudo sobre desenvolvimento regional. Cascavel: Edunioeste, 2002, p. 104-107. 12 Um enclave em economia regional e urbana, pode ser formado por uma empresa, um conjunto de empresas ou um setor de atividade econômica inteiro que tenham a sua operação em um determinado território, mantenham as relações econômicas de compra e venda e outra qualquer com outros territórios, não mantendo relações econômicas com o local de operação, ou mantendo em um nível mínimo.

21

estrangeiro do Parque Nacional do Iguaçu (Cataratas). Mais recentemente esse

enclave está relacionado à construção e operação da Binacional Itaipu que gera

energia elétrica e envia por intermédio de Furnas para os grandes centros industriais

do Brasil como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

A característica acima citada ao se agrupar com as outras características que

a economia de Foz do Iguaçu formou anteriormente e apresentou no período de

1990 a 2004 pode ser visualizado no diagrama relacionado no final dessa seção,

que mostra dentre outras coisas:

a) relações de compra e venda e de troca de fluxos financeiros entre Ciudad

del Este e Foz do Iguaçu e Puerto Iguazu, formados pela histórica relação

econômica de tríplice fronteira movidas principalmente pelo ciclo de

extrativismo vegetal (mate) e extração da madeira;

b) relações de visitas de turistas estrangeiros e brasileiros desde a criação do

Parque Nacional do Iguaçu (1937);

c) relações de fluxos financeiros sustentados pelas CC513, inseridas em um

processo de lavagem de dinheiro junto a paraísos fiscais e financeiros que

se aprofundaram desde a existência da Carta Circular n. 5 de 27/02/1969

do Banco Central14;

d) relações de produção e distribuição de energia envolvendo a Binacional

Itaipu e Furnas com grandes centros industriais tais como São Paulo, Rio

de Janeiro e Minas Gerais;

e) suporte às relações de importação, compra e venda de produtos

estrangeiros realizadas por Ciudad del Este ligando no resto do mundo,

13 Carta Circular BCB n. 5 de 27/02/1969, que define regras para as contas de depósito no Brasil, de pessoas físicas ou residentes domiciliadas ou com sede no exterior mantidas exclusivamente em bancos autorizados a operar em câmbio. 14 A análise do uso da CC5 como um dos mecanismos de lavagem de dinheiro é realizada em MACHADO, Lia Osório. O comércio ilícito de drogas e a geografia da integração financeira: uma simbiose? Rio de Janeiro: UFRJ/IGEO/DEGEO – Grupo de Pesquisa RETIS, 2002. 37 p. Disponível em:<http://www.igeo.fronteira/pesquisa/droga/p01pub02.htm.> Acesso realizado em 19 abril de 2005.

22

vários países e mais recentemente Estados Unidos da América e Ásia e

no Brasil à rota Paranaguá-Foz do Iguaçu-Ciudad del Este;

f) e como resultante dessas características, uma maior relação da economia

de Foz do Iguaçu com a economia brasileira do que com a economia

paranaense.

As mudanças econômicas anteriormente mencionadas trouxeram os

seguintes efeitos: um aumento das atividades informais e de economia

subterrânea, do desemprego, do crescente processo de ocupação irregular de

áreas verdes na cidade e de construção de domicílios sub-normais e a

formação de aglomerados sub-normais – favelas- por toda a área do município.

Como resultante dos citados ciclos de desenvolvimento econômico o

município apresenta as seguintes características de sua economia urbana:

a) Possui uma especialização nas atividades de geração de energia elétrica, do

comércio e serviços, dentre os quais os serviços turísticos, pessoais, de

transporte e comunicação, serviços educacionais, médicos, odontológicos e

veterinários;

b) É um grande centro financeiro onde circulam quatro moedas15;

c) Apresenta a maior concentração de pobreza e exclusão social da

mesorregião Oeste do Paraná16.

A configuração espacial de Foz do Iguaçu foi formada a partir de sua ocupação

e formação sócio-econômica17. Sendo assim o movimento de sua economia é

15 O real, o dólar americano, o peso argentino e o guarani paraguaio. Mais recentemente com o fortalecimento da União Européia o euro começou a fazer parte das relações cambiais da tríplice fronteira. 16 Em maio de 2004, segundo a HABITAFOZ, em Foz do Iguaçu existem 4.583 casas (barracos ou domicílios subnormais) em áreas de favelas, dentre existem favelas “urbanizadas” e não urbanizadas. Se em cada um desses domicílios possa morar no mínimo duas famílias de 3 a 5 membros, pode-se estimar que residam nos mesmos de 9.166 famílias e 27.498 e 45.830 pessoas. 17 Parte das descrições realizadas sobre a configuração espacial tiveram como fontes de informações, entrevistas com várias pessoas sexagenárias e octogenárias pertencentes às antigas famílias e empresas tradicionais do município. Foram também complementadas com leituras de bibliografias que retratam a cidade no período citado.

23

reflexo da flutuação da economia brasileira – do ponto de vista interno – e do

movimento da economia mundial - do ponto de vista externo.

Internamente, por ser uma economia que não teve um processo de

industrialização que fosse o seu motor de desenvolvimento econômico, o seu

movimento é resultante de uma caracterização muito especifica. Possui uma

economia com um grau acentuado de especialização, uma economia formada e

dominada18 por atividades terciárias de baixo, médio e alto nível de complexidade do

ponto de vista tecnológico: comércio varejista, comércio atacadista, serviços públicos

nos três níveis de governo, serviços turísticos, serviços industriais de utilidade

pública, serviços médico-odonto-veterinários, educacionais, de transporte e

comunicação.

Ao mesmo tempo que é uma economia com este tipo de especialização,

apresenta uma característica dual com: a) determinados setores mais modernos

com atividades que requerem um conteúdo de conhecimento mais elevado, i) os

serviços públicos principalmente os voltados à fiscalização de fronteira, ii) os

serviços de utilidade pública de geração e distribuição de energia elétrica,

produzidos ou prestados pela Binacional Itaipu e por Furnas, iii) os serviços

educacionais prestados por um setor privado novo e moderno ligando atividades

educacionais da pré-escola ao ensino universitário, com serviços educacionais de

nível médio e superiores ou só de ensino superior, iv) os serviços médico-odonto-

veterinários, alguns deles ligados às redes19 de empresas prestadoras de serviços

articuladas pela Santa Casa e pelo Hospital Costa Cavalcanti20 ou por eles 18 Existem com participações muito pequenas, algumas serralherias, um pequeno setor agropecuário, um setor de serviços de manutenção mecânica para veículos automotores. Adicionalmente fazem parte também da economia urbana de Foz do Iguaçu um conjunto de empresas da indústria da construção civil e do setor imobiliário. 19 O conceito de rede de empresas é originário da área da Economia Industrial e tem uma conotação bem específica que utiliza um nível de análise mesoeconômico, procurando entender o funcionamento dos mercados a partir da articulação de empresas lideres e que articulam um extensa divisão do trabalho entre si e empresas subcontratadas. Muitas vezes essa articulação é muito perceptível pois a rede de empresas apresenta uma proximidade geográfica muito visível. 20 O Hospital Costa Cavalcanti se instala no município de Foz do Iguaçu no início do período de construção da barragem da Binacional Itaipu.

24

subcontratados como serviços de exames clínicos, tomografia e etc ; e b) setores de

baixa e média complexidade do ponto de vista tecnológico - boa parte dos serviços

turísticos que configuram uma cadeia de prestação de serviços que possuem elos

muito fortes representados por alguns grandes hotéis e poucos hotéis de médio

porte – que atendem a demanda de turistas estrangeiros e brasileiros de razoável

poder de consumo e com elos muito fracos representados por hotéis pequenos com

serviços de baixa qualidade que até agora atenderam os sacoleiros. A esses hotéis

(pequenos) estão articulados serviços de transporte e comunicação a grande maioria

com baixa capacitação e qualificação, do qual fazem parte uma parte dos taxistas,

motoristas de vans e micro-ônibus e motoqueiros. Aos grandes hotéis estão

articuladas empresas e agências de serviços turísticos algumas delas certificadas

com ISO 9000 – 2000 que atendem os turistas de maior poder aquisitivo,

estrangeiros e brasileiros.

As articulações que a economia de Foz do Iguaçu possui com a economia

brasileira, de um lado, relacionam os serviços públicos federais com Brasília, os

serviços industriais de utilidade pública, com os grandes centros consumidores de

energia elétrica como os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais do

sudeste, configurando assim um enclave e de outro lado, serviços de transporte e

comunicação, permitindo e dando suporte, às importações21 que Ciudad del Este

faz do resto do mundo - atualmente muito concentradas nos EUA e na Ásia – que

usando na maior parte dos casos a área franca do Porto de Paranaguá para receber

um volume extenso de containers transporta para Ciudad del Este utilizando a rota

Paranaguá-Curitiba-Foz do Iguaçu-Ciudad del Este22.

21 De comerciantes vinculados às várias etnias de estrangeiros, residentes uma boa parte em Foz do Iguaçu, mas com seus negócios em Ciudad del Este. 22 Uma análise interessante das articulações espaciais (geográficas) entre a mesorregião oeste no Paraná (Brasil) e o Departamento de Alto Paraná (Paraguai) como “cidades-gêmeas” pode ser observada em: RIBEIRO, Letícia Ribeiro. As cidades gêmeas Foz do Iguaçu e Ciudad del Este: interações espaciais na fronteira Brasil-Paraguai. Rio de Janeiro: UFRJ/IGEO/PPGG, 2001. 98 p. (Dissertação de Mestrado em Geografia).

25

Existem articulações do setor importador paraguaio de Ciudad del Este

diretamente relacionado por suas “exportações” com o setor comercial varejista e

atacadista paulistano, e que provavelmente utiliza-se e utilizava intensamente no

período analisado, dos sacoleiros para se abastecer a um custo mais baixo em

Ciudad del Este. Existe também relações de compra e venda de grande

contingentes de autônomos que compravam produtos importados em Ciudad del

Este para vender nas grandes e médias cidades brasileiras. Estas são as principais

articulações com a economia brasileira.

Os serviços industriais de utilidade pública que são em parte determinantes

de seu movimento interno, são serviços caracterizados como atividades de um

enclave, como já explicado anteriormente, representados pela produção e

distribuição de energia elétrica. A outra parte dominante são todos os serviços de

baixa complexidade do ponto de vista tecnológico e de baixa qualificação da sua

força de trabalho que estão articulados para atender os sacoleiros e operam nas

adjacências da economia subterrânea ou de atividades com alto grau de

informalidade.

Nessas atividades de alto grau de informalidade e da economia subterrânea,

é onde ocorreu a lavagem de dinheiro por intermédio das contas CC5, a qual

envolveu vários doleiros, políticos e empresários brasileiros que desviaram recursos

financeiros para paraísos fiscais e financeiros por intermédio de casas de câmbio,

brasileiras e paraguaias e várias agências bancárias de Foz do Iguaçu e Ciudad del

Este23.

23 Para informações mais detalhadas recomendasse a leitura de: a) dois relatórios, o da CPI do BANESTADO realizado pela Assembléia Legislativa do Paraná finalizado em dezembro de 2003, ver CORREIA, Elza. CPI Banestado: relatório final. Curitiba: Assembléia Legislativa do Paraná, nov. 2003. 1142 p.; e o da CPMI do BANESTADO, realizado pela comissão mista de deputados federais e senadores da república finalizado em dezembro de 2004 e editado e divulgado em fevereiro de 2005, ver MENTOR, José. Relatório final da comissão parlamentar mista de inquérito com a finalidade de apurar as responsabilidades sobre a evasão de divisas do Brasil: CPMI do Banestado. Brasília: Congresso Federal, fev. 2005; 796 p.; e b) um número especial da Revista Carta Capital, ler BRASIL: a maior lavagem de dinheiro do mundo. Carta Capital - Edição Extra, São Paulo, 30/05/1998. 34 p.

26

Externamente, a economia de Foz do Iguaçu mantém relações com o

mercado mundial de serviços turísticos. São setores prestadores de serviços com

médio grau de complexidade tecnológica e de média qualificação de sua força de

trabalho. Estão inseridos nesses setores os grandes hotéis, as agências de turismo

que operam no mercado do turismo internacional. A eles se articulam empresas de

turismo receptivo (guias) algumas delas como já mencionado anteriormente,

certificadas com ISO 9000-2000.

Adicionalmente e fechando o circuito no qual a economia de Foz do Iguaçu se

insere é interessante destacar que historicamente em função das relações que essa

cidade mantém com as duas outras cidades da tríplice fronteira, permitiram

estabelecer outros fluxos de moeda e de intercâmbio de bens e serviços entre Foz

do Iguaçu, Ciudad del Este e Puerto Iguazu24.

24 Tais relações permitiram existir intermediação de moedas dos três países no mercado local de divisas não contabilizadas, proporcionando atividades informais também não contabilizadas por serem clandestinas, ilegais e até ilícitas. Pode-se levantar uma hipótese de que as saídas e entradas financeiras sejam no período analisado mais que proporcionais às próprias atividades econômicas envolvendo as três cidades fronteiriças.

28

Fonte: Elaboração própria.

MG

RJ

SP

PR FOZ

TODO O MUNDO

CDE

PARAÍSOS FISCAIS E FI-NANCEIROS EUA ÁSIA

COMÉRCIO $

TURISMO

DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA PUERTO IGUAZU

A ECONOMIA DE FOZ DO IGUAÇU E O SEU CONTEXTO

P N I

PGA

28

3. PRODUÇÃO, EMPREGO E ENERGIA

Esta seção apresentará: a) a evolução do PIB municipal no período 1997 a

2002 e um dos fatores que determina o crescimento dessa variável, a produção de

energia pela Binacional ITAIPU no período 1990-2004 (3.1); b) o emprego e a renda

do setor formal do mercado de trabalho (3.2); e c) o consumo de energia composto

por i) consumo de energia elétrica e a evolução da quantidade de consumidores de

1990 a 2004 e ii) o consumo de combustíveis no mesmo período e os seus fatores

explicativos – evolução da frota de veículos automotores registrados no DETRAN do

Paraná (3.3).

3.1 PRODUÇÃO: O PRODUTO INTERNO BRUTO MUNICIPAL

A tendência de curto prazo das estatísticas do PIB municipal estimadas pelo

IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social para o

período de 1997-2002 serão apresentadas pela tabela 3.1.1 e pelo gráfico 3.1.1.

Apesar dos dados do PIB municipal do IPARDES não terem sido

deflacionados, mostram comportamentos interessantes. Um primeiro setor que

surpreende é a agropecuária que mesmo pequena é na maior parte voltada para o

drive exportador, dado que produz soja e milho. Possui também algumas

propriedades com gado leiteiro que fornecem leite para as famílias locais. No

período o PIB da agropecuária cresceu 196,66%, passando de R$ 5.813.863,74

(1997) para R$ 17.247.214,26 (2002).

Na análise do PIB da indústria localizada em Foz do Iguaçu é necessário um

pouco de cuidado, pois ele está em sua maioria concentrado na produção de

29

energia elétrica25, e assim sendo a estimativa é só contábil, pois não representa

necessariamente renda gerada, pelo fato de a Itaipu não recolher o ICMS. Mesmo

porque quem se apropria dos benefícios da produção da Binacional Itaipu são os

principais centros do sudeste brasileiro, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A

variação do PIB industrial foi de 83,38% entre 1997 e 2002.

25 A base de dados para o cálculo do PIB pelo IPARDES é relativa às séries de valor adicionado que tem como base as DFC’s, declarações fisco-contábeis da Binacional Itaipu, porém a citada empresa não arrecada ICMS. Esse PIB ele vem para o município de forma indireta pelos repasses da cota parte do ICMS, e entregue à Prefeitura, a qual tem sido a principal receita.

30

1997 1998 1999 2000 2001 2002AGROPECUÁRIA 5.813.863,74 6.350.061,54 8.379.901,31 6.868.021,29 8.630.602,87 17.247.214,26INDÚSTRIA 1.525.702.131,37 1.641.924.889,51 1.979.678.823,78 2.154.096.846,45 2.422.282.699,17 2.797.780.865,33SERVIÇOS 952.240.198,61 1.159.509.239,08 1.324.153.210,26 1.312.978.466,08 884.835.073,18 773.931.102,92BRUTO TOTAL 2.483.756.193,72 2.807.784.190,13 3.312.211.935,36 3.473.943.333,82 3.315.748.375,22 3.588.959.182,52PER CAPITA 11.001,27 12.088,45 13.993,39 14.329,05 13.535,48 14.430,23

TABELA 2.1.1 PRODUTO INTERNO BRUTO AGROPECUÁRIA, INDÚSTRIA, SERVIÇOS, BRUTO TOTAL E PER CAPITA - FOZ DO IGUAÇU - 1997-2002

NOTA: (¹) A Preços Básicos: Valor Adicionado = VBP-CI a preços na porta da fábrica, da porteira, etc., ou seja, sem incidência de impostos

Fonte: IPARDES/Base de dados do Estado

31

Por outro lado, a representatividade do PIB municipal bruto está mais ligada

ao comportamento da variação do PIB dos serviços, dado o perfil da economia de

Foz do Iguaçu como já foi visto ser muito especializada em serviços. A evolução do

PIB setorial dos serviços mostra que a economia da cidade no período recente está

em trajetória recessiva, tendo sua variação negativa no período, -18,73% entre 1997

(R$ 952.240.198,61) e 2002 (R$ 773.931.102,92).

E finalizando percebe-se que o PIB total cresce 44,50% e o PIB percapita

teve uma variação de 31,17 no período. Esses números merecem um comentário

adicional. Ora se o PIB municipal da indústria é de certa forma virtual, pois a

estimativa não é relativa a riqueza financeira gerada, nesse sentido se retirar essa

cifra do PIB total ele provavelmente mostrará um queda ou uma redução, dado que

o PIB dos serviços apresentar um decréscimo e por ser a economia da cidade toda

ela ser especializada nos serviços.

O gráfico 3.1.1 ilustra o comportamento do PIB municipal em todo o período

analisado. Alguns aspectos são interessantes serem ressaltados. Abstraindo a

“evolução virtual”26 do PIB da indústria que contabilmente cresce sustentado pela

produção de energia elétrica da Binacional Itaipu, é necessário entender um pouco

mais como evolui o comportamento do pib da agropecuária e do setor de serviços.

Em relação à agropecuária, percebe-se um pequeno crescimento no sub-período de

1997 a 2001 passando de R$ 5.813.863,74 em 1997 para R$ 6.868.021,29 em 2001

(48,45%) e mais que triplica a evolução do PIB setorial para o ano seguinte (R$ 26 Denomina-se evolução virtual do PIB da indústria, pois, conforme já assinalado, o seu comportamento é só contábil, isto é, a ITAIPU declara o faturamento advindo de sua produção, para fornecer o volume financeiro assumido para a contagem do PIB industrial, mas esses recursos são internalizados parcialmente na economia de Foz do Iguaçu na demanda de alguns bens e serviços locais e nos salários pagos aos funcionários residentes no município, não agregando o restante da renda do ponto de vista das contas nacionais (juros, lucros e aluguéis).

32

17.247.214,26). Esse crescimento está ligado ao comportamento favorável no

período dos preços do soja no mercado internacional.

42

Fonte: Tabela 2.1.1

GRAFICO 2.1.1 PIB A PREÇOS DE MERCADO FOZ DO IGUAÇU 1997 à 2002

5.813.863,74 6.350.061,54 8.379.901,31 6.868.021,29 8.630.602,87 17.247.214,26

1.525.702.131,371.641.924.889,51

1.979.678.823,782.154.096.846,45

2.422.282.699,17

2.797.780.865,33

952.240.198,611.159.509.239,08

1.324.153.210,26 1.312.978.466,08

884.835.073,18773.931.102,92

2.483.756.193,72

2.807.784.190,13

3.312.211.935,363.473.943.333,82

3.315.748.375,22

3.588.959.182,52

0,00

500.000.000,00

1.000.000.000,00

1.500.000.000,00

2.000.000.000,00

2.500.000.000,00

3.000.000.000,00

3.500.000.000,00

4.000.000.000,00

1997 1998 1999 2000 2001 2002AGROPECUÁRIA INDÚSTRIA SERVIÇOS BRUTO TOTAL

34

A estrutura da economia de Foz do Iguaçu explica o comportamento do PIB

setorial dos serviços. Esse PIB setorial representa a especialização da economia do

município. O crescimento nele ocorrido entre 1997 (R$ 5.813.863,74) e 2000 (R$

1.312.978.466,08) refere-se, de um lado, ao crescimento do estoque de emprego e

da massa salarial principalmente do setor público, do setor de transporte e do

comércio varejista, e de outro lado, ao investimento ocorrido na expansão do setor

educacional privado novo e nos serviços médico-odonto-veterinários. A análise do

emprego e da renda nos setores de atividade econômica do município mais adiante

ajudará confirmar parcialmente tais afirmações.

Já o decréscimo ocorrido entre 2000 (R$ 1.312.978.466,08) e 2002 (R$

773.931.102,92) relaciona-se de maneira defasada a um determinado aspecto. Ao

aumento da fiscalização da Delegacia da Receita Federal e da Polícia Federal sobre

o contrabando principalmente, pois parte da população de Ciudad del Este e parte

da população brasileira que trabalha no micro-centro comercial dessa cidade,

depende direta e indiretamente das compras que os sacoleiros brasileiros fazem na

vizinha cidade paraguaia. Ora com o aumento da fiscalização brasileira reduziu-se

as compras na cidade paraguaia. Isso fez com que em parte reduzisse a renda

auferida pelos paraguaios e pelos brasileiros e gasta em Foz do Iguaçu, no comércio

varejista. Uma confirmação parcial dessa afirmação pode ser realizada com as

informações da participação da arrecadação do ICMS do comércio nas

transferências correntes que passa de 37,19% em 1994, para 18,42% em 2000 e

reduz mais ainda para 14,36% em 200427.

Em relação à variação da produção industrial da cidade a tabela 3.1.2 a

seguir mostra o comportamento da produção de energia elétrica no período 1990-

2004. Tem-se um crescimento de 69,36% entre 1990(53.090 mhw) e 2004 (89.911

mhw), com uma infra-estrutura de geração de energia passando de 15 a 16 turbinas

27 Ver tabela 3.2.2 em REGANHAN, José Maria. Participação dos impostos nas receitas públicas municipais de Foz do Iguaçu: 1989-2004. Foz do Iguaçu: ACIFI, p. 45.

35

no primeiro ano da série e 18 turbinas no ano de fim de série. É claro que esse

número é representativo do esforço de produção do PIB industrial municipal

verificado no período.

Uma observação um pouco mais detalhada ira perceber que a partir da

instalação da 18a turbina a produção cresce de 52.268 mhw em 1992 para 89.237

mhw em 1997 e tendo seu pico de produção em 2000 com 93.428 mhw, reduzindo

sua produção para 79. 307 mhw em 2001, principalmente derivada de uma estiagem

ocorrida nesse ano e recuperando novamente a produção em 2004 com 89.911

mhw.

45

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004Unidades Instaladas 15_16 16_18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18 18Produção de Energia 53.090 57.517 52.268 59.997 69.394 77.212 81.654 89.237 87.845 90.001 93.428 79.307 82.914 89.151 89.911Fonte: ITAIPU

TABELA 3.1.2 PRODUÇÃO DE ENERGIA E UNIDADES - FOZ DO IGUAÇU - 1984-2004

37

3.2 EMPREGO E RENDA DO SETOR FORMAL DO MERCADO DE TRABALHO28

Análise da evolução do emprego e renda dos vários setores de atividade da

economia de Foz do Iguaçu explicará em quais setores a recessão afetou de maneira

mais acentuada.

As estatísticas da RAIS sobre estoque de emprego e massa salarial real ilustram

como a década foi afetada pelas transformações econômicas que atingiram a economia

de Foz do Iguaçu.

A tabela 3.2.1.2 mostra a evolução do estoque de emprego29 distribuídos pelos

vários setores de atividade econômica. Os efeitos da recessão entre 1990 a 2003

foram sentidos principalmente nos seguintes setores: construção civil (-60,08%),

comércio atacadista (-41,05%), instituições de crédito, seguro e capitalização (-44,81),

Imobiliárias (-0,17%), Hotéis (-10,58).

São necessários alguns comentários para se entender: a) os efeitos recessivos

sobre os setores acima citados, e b) os efeitos resultantes do crescimento do estoque

de emprego em determinados setores de atividade econômica. 28 No decorrer dos trabalhos que resultaram nesse relatório, várias pessoas – empresários, profissionais liberais e outros – perguntaram se a pesquisa traria resultados sobre o setor informal do mercado de trabalho (todas as atividades econômicas lícitas e legais, que não arrecadam impostos, não registram empregados e não cumprem legislações regulamentadoras do mercado de produtos). Um esclarecimento aqui é necessário a pesquisa não analisará esse setor do mercado de trabalho. Por outro lado, o setor informal do mercado de trabalho necessita de uma pesquisa própria e no tamanho de um censo, a qual possui um custo considerável para a sua realização. 29 Número de vínculos ativos que os trabalhadores tiveram no período analisado, um trabalhador pode apresentar mais de um vínculo de emprego.

38

Convém lembrar que tais efeitos geraram comportamentos específicos no

estoque de emprego do município, intimamente relacionados a inserção da economia

de Foz do Iguaçu, tendo o seu movimento como reflexo do comportamento da

economia brasileira e da economia mundial.

48

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003Serv industriais de utilidade pública 349 243 242 241 1.780 1.373 1.602 1.630 1.385 1.364 1.379 1.653 1.738 1.808Construçao civil 4.051 1.676 2.392 1.757 2.191 1.709 1.647 1.749 1.903 1.947 2.163 2.227 1.541 1.617Comércio varejista 5.370 5.211 5.059 5.203 6.570 6.661 6.352 7.025 6.996 7.486 8.453 9.303 8.769 9.546Comércio atacadista 1.759 1.872 2.132 2.436 1.932 1.622 1.487 1.476 1.252 1.284 1.488 1.272 1.212 1.037Inst de crédito, seguros e capitaliz 848 781 627 597 551 486 429 529 580 543 510 470 485 468Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 1.783 1.829 1.640 1.691 1.348 1.482 1.461 1.618 1.567 2.189 1.574 1.772 1.870 1.780

Transportes e comunicaçoes 2.084 1.671 1.521 1.683 2.683 3.086 2.967 2.846 2.754 2.828 2.802 3.060 2.805 2.973Serv. de aloj, alimen, reparaçao, manut, redaçao 7.279 6.967 6.727 6.702 6.328 6.460 6.113 5.833 6.367 6.675 6.232 6.349 6.036 6.509

Serv médicos, odonto. e veterinários 190 168 188 220 802 964 1.030 1.096 1.102 872 1.191 1.302 2.097 1.925Ensino 571 514 559 512 608 1.120 1.333 1.257 1.188 1.249 1.092 1.317 1.511 1.909Administraçao pública direta e autárquica 2.180 2.589 3.260 145 3.603 4.029 3.789 4.112 4.426 4.285 3.963 5.243 5.260 4.746

Outros 2.504 2.713 3.321 8.638 2.039 1.419 1.134 1.394 1.441 1.467 1.482 1.525 1.566 1.708Total 28.968 26.234 27.668 29.825 30.435 30.411 29.344 30.565 30.961 32.189 32.329 35.493 34.890 36.026Fonte: MTE/RAIS

TABELA 3.2.1.2 ESTOQUE DE EMPREGO POR SETORES DE ATIVIDADE ECONOMICA NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU 1990-2003

Nota: Outros representa: Extrativa mineral, Indústria de produtos minerais nao metálicos; Indústria metalúrgica; Indústria mecânica; Indústria do material elétrico e de comunicaçoes; Indústria do material de transporte; Indústria da madeira e do mobiliário; Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica; Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas; Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria; Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos; Indústria de calçados; Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico; Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrativismo vegetal; Outros / ignorado.

40

Em relação à indústria da construção civil, ela vem de um crescimento

impulsionado diretamente pela construção da represa da Binacional Itaipu que interfere

de forma defasada até o início da década de 1990. As estatísticas relativas às emissões

de guias de alvarás de construção e cartas de habitação (habite-se) confirmam tal

afirmação. A partir de 1992 há um ponto de inflexão onde na declaração de áreas a

serem construídas e inicia-se a partir daí a redução das áreas construídas. Em relação

à quantidade de guias emitidas principalmente de alvarás de construção há um

aumento até 1996 para a partir desse ano decresce até 2004.

Quanto à redução da atividade do setor de imobiliárias, a mesma é

complementar ao setor de construção civil, isto é, quando o setor de construção civil

cresce, o setor de imobiliárias tende a crescer também aquecido pela demanda de mais

residências. Quando o comportamento caminha em direção contrária, isto é, reduz-se a

demanda de residências, aumenta a quantidade de imóveis para alugar e vender e

reduzem-se então as atividades do setor, refletindo na evolução do emprego e da renda

auferida pelo mesmo.

Em relação à redução do estoque de emprego do comércio atacadista, ela está

ligada à redução da importação que o Paraguai fazia junto às exportadoras após a

abertura da economia brasileira ao resto do mundo e à criação do Mercosul (1991), que

permitiu os importadores paraguaios comprarem diretamente das filiais das indústrias

brasileiras e multinacionais localizadas no Brasil, principalmente em São Paulo. As

empresas exportadoras na maioria estão enquadradas como empresas atacadistas, e

foi justamente esse setor que teve redução do estoque de emprego, após tais eventos.

A redução do estoque de emprego das instituições de crédito, seguro e

capitalização no período analisado refere-se à redução do uso dos serviços bancários

pelos sacoleiros e ao aumento da fiscalização em cima do uso das contas CC5 pela

41

polícia federal, banco central e ministério público federal. Um outro efeito que

provavelmente deve também ter atingido o estoque de emprego desse setor refere-se

aos impactos da automação bancária altamente poupadora de mão de obra.

Já o decréscimo do estoque de emprego dos hotéis está relacionado em parte

com à redução do movimento dos sacoleiros, pois com o aumento da fiscalização de

um lado, pelo aumento da importação de produtos que as grandes cidades como São

Paulo, Rio de Janeiro etc, fizeram do Leste Europeu e da Ásia, concorreram com os

produtos vendidos em Ciudad del Este, reduzindo a demanda por estes. O outro fator

explicativo é que muitos hotéis médios e pequenos são inadimplentes perante o fisco e

portadores de um considerável passivo trabalhistas. Provavelmente vários deles faliram

e/ou fecharam e fez com que reduzisse a manutenção dos empregos nesse ramo.

Uma outra dimensão pode ser observada com todos os anos do período

constante na tabela 3.2.1.2 já citada e no gráfico 3.2.1.2 que se segue adiante.

Na tabela acima citada pode ser visualizado três tipos de comportamentos do

estoque de emprego30: a) setores de atividade econômica que tiveram um grande

aumento do estoque de empregos; b) setores que tiveram crescimentos menores do

estoque de empregos; e c) setores que apresentaram redução do estoque de emprego.

Os setores campeões na geração e manutenção de empregos e que tiveram um

crescimento considerável no período foram comércio varejista e administração pública.

Os setores que tiveram um crescimento do emprego mas em um nível menor

foram os de transporte e comunicação, os serviços médicos, odontológicos e

veterinários e o setor de ensino.

30 Os motivos pelos quais ocorreram esses três tipos de comportamento do estoque de emprego foram explicados a partir da análise da tabela anterior.

42

O gráfico 3.2.1.2 ilustrará com apenas quatro setores de atividade econômica

previamente selecionados, como ocorre essa evolução de crescimento do estoque de

emprego do principais setores em patamares diferenciados.

De início é necessário separar os quatro setores em dois patamares de evolução

e crescimento ou decréscimo do estoque de emprego: um de crescimento maior (e até

de decréscimo) do estoque de emprego (comércio varejista e hotéis) e outro de

crescimento menor ou até de manutenção do estoque de emprego (administração

pública e transportes e comunicações).

Em relação ao comércio varejista o crescimento do estoque de emprego

apresenta uma evolução em escada. O estoque de emprego cresce de 5.370 em 1990

para 5.203 em 1993, para 6.661 em 1995 e 7.025 em 1997. O último degrau dessa

evolução é observado em 2000 (8.453), em 2001 (9.303) e 9.546 em 2003. Uma

provável explicação são as relações que esse setor tem no âmbito do comércio

fronteiriço que liga Foz do Iguaçu a Ciudad del Este, no Paraguai e Puerto Iguazu na

Argentina. Uma das vantagens que o comércio varejista de Foz do Iguaçu apresenta

refere-se a grande diversidade de produtos, com uma qualidade crescente e com uma

grande diferenciação de faixas de preços. A outra vantagem no período principalmente

após a abertura da economia brasileira à economia mundial e ao Mercosul é a

ampliação de bens e serviços oferecidos. Tudo leva a crer que os vizinhos argentinos e

paraguaios prefiram os produtos e serviços do mercado varejista do município. Tais

argumentos validam o comportamento do crescimento do estoque de emprego no

comércio varejista.

52

GRÁFICO 3.2.1.2 ESTOQUE DE EMPREGO DE SETORES DE ATIVIDADE ECONÔMICA SELECIONADOS DE FOZ DO IGUAÇU - 1990/2003

5.370

6.6617.025

8.453

9.303 9.546

1.683

7.2796.702

6.349 6.509

3.260

4.0294.426

3.963

4.7465.203

2.9733.0602.7543.086

2.084

5.833

6.6756.460

5.243

2.180

145

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Comércio varejista Transportes e comunicaçoesServ. de aloj, alimen, reparaçao, manut, redaçao Administraçao pública direta e autárquica

Fonte: Tabela 3.2.1.2

44

No mesmo patamar de evolução do estoque de emprego, o setor de hotelaria e

correlatos (Serviços de alojamento, alimentação reparação, manutenção, etc) apresenta

um comportamento de queda do estoque de emprego com uma variação gradativa e

leve para baixo entre 1990 a 1997, de 7.279 (1990), 6.702 (19912), 6.460 (1995) e

5.833 (1997), para então voltar a crescer para 6.675 (1999), 6.349 (2001) e 6509

(2003).

Um segundo patamar de crescimento do estoque de emprego é observado em

dois setores, o de administração pública e o de transportes e comunicação. Em relação

à evolução do estoque e emprego da administração pública, observa-se que excluindo

um erro da captação da informação em 1993, o setor contribuiu com uma variação

crescente do emprego de 2.084 em 1990 para 4.426 em 1997, tendo um decréscimo

em 2000 (3.963) e voltando a crescer o período restante (5.243 em 2001 e 4.746 em

2003)31.

Em relação à evolução do rendimento do mercado de trabalho no município, a

tabela 3.2.2.2 ilustra que a massa salarial real sentiu o vendaval recessivo

principalmente em: construção civil (-81,54%), comércio atacadista (-49,26%),

instituições de crédito, seguro e capitalização (-55,30%), Imobiliárias (-46,60%), Hotéis

(-27,21%).

31 Uma sugestão em relação à essa evolução do estoque de emprego é aprofundar a discussão dos efeitos tanto da recessão como das transformações pelas quais passaram a economia de Foz do Iguaçu em aspectos relativos ao grau de instrução, qualificações e idade, ao gênero (masculino e feminino), ao tamanho dos estabelecimentos que ofertam e mantiveram crescimento ou decréscimo de empregos e no período.

45

A tabela acima citada também mostra que no período ocorre crescimento do

emprego: nos serviços industriais de utilidade pública, na administração pública, em

transportes e comunicação, no setor de ensino, nos serviços médicos, odontológicos e

veterinários e no comércio varejista.

53

continua

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997Serviços industriais de utilidade pública 2.078.557,24 1.701.883,70 1.346.113,97 1.515.736,55 3.132.579,65 10.246.320,97 11.547.646,36 11.467.137,12

Construçao civil 9.889.827,31 3.483.829,50 3.262.308,42 2.719.469,41 2.649.349,38 1.748.653,88 1.860.553,23 2.108.434,17Comércio varejista 5.467.571,41 5.786.643,75 4.088.420,00 4.325.024,63 5.308.506,56 5.268.535,05 5.285.656,60 5.786.493,73Comércio atacadista 1.666.198,81 1.960.064,91 1.725.605,53 1.940.025,91 1.743.752,59 1.570.318,45 1.458.940,07 1.512.040,19Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao

3.194.524,77 3.278.918,51 2.521.927,43 2.814.843,14 2.249.406,67 2.218.703,90 1.963.124,76 2.182.083,46

Com. e adm de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico...

2.776.309,21 2.855.049,85 1.917.023,50 1.914.964,66 1.319.907,62 1.448.694,67 1.506.752,16 1.622.969,80

Transportes e comunicaçoes 3.202.678,67 2.993.311,09 2.437.210,47 2.574.805,05 3.677.774,34 4.305.261,15 4.499.142,23 4.326.275,99

Serv. de alojamento, alimen, reparaçao, manutençao, redaçao

6.933.189,83 7.424.502,57 5.706.726,98 6.134.312,61 5.574.810,79 5.349.235,90 5.513.175,98 5.473.566,28

Serviços médicos, odontol e veterinários 154.690,26 143.102,66 118.576,84 147.815,53 840.904,50 1.035.777,22 1.181.533,06 1.267.126,84

Ensino 980.080,81 1.181.277,75 1.032.756,02 1.020.711,75 845.039,43 1.569.008,61 2.032.365,11 2.142.974,36Administraçao pública direta e autárquica 3.436.806,64 4.125.234,04 3.984.534,65 278.588,70 6.258.486,89 267.310,35 7.928.157,42 9.348.103,95

Outros 2.227.016,89 2.468.268,37 2.650.650,03 8.663.108,59 1.622.816,37 1.119.662,89 984.701,11 1.204.632,48Total 42.007.451,85 37.402.086,70 30.791.853,83 34.049.406,53 35.223.334,77 36.147.483,04 45.761.748,09 48.441.838,35

TABELA 3.2.2.2 MASSA SALARIAL POR SETORES DE ATIVIDADE ECONOMICA NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU 1990-2003

54

conclusão

1998 1999 2000 2001 2002 2003Serviços industriais de utilidade pública 10.762.730,37 9.597.622,82 10.185.375,18 10.646.058,32 11.543.188,70 10.392.748,93

Construçao civil 2.477.496,38 2.345.989,17 2.392.912,04 2.379.296,88 2.074.341,96 1.825.522,61Comércio varejista 5.864.639,07 6.034.449,46 6.697.354,46 7.174.731,21 6.683.712,14 6.578.061,38Comércio atacadista 1.304.860,36 1.315.374,95 1.477.527,89 1.306.591,57 1.158.708,53 845.457,83Institu. de crédito, seguros e capitalizaçao 2.669.266,10 2.292.202,37 2.166.581,85 1.926.461,95 1.710.179,99 1.427.937,57

Com. e adm de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico...

1.561.495,14 2.344.093,36 1.513.724,61 1.669.345,51 1.672.195,29 1.482.459,42

Transportes e comunicaçoes 4.387.287,27 4.263.613,51 3.838.596,21 4.052.865,38 3.607.955,62 3.276.833,73

Serv. de alojamento, alimen, reparaçao, manutençao, redaçao

5.526.476,20 5.947.170,76 5.289.518,81 5.256.774,23 5.279.189,13 5.046.729,31

Serviços médicos, odontol e veterinários 1.321.988,45 921.382,78 1.367.080,80 1.324.080,36 1.896.604,26 1.649.823,12

Ensino 1.992.217,27 1.993.540,67 1.666.448,09 1.899.044,44 1.945.406,84 2.219.706,81Administraçao pública direta e autárquica 10.737.568,60 10.174.700,82 8.538.759,43 11.344.582,35 11.319.715,08 9.842.494,58

Outros 1.249.886,07 1.171.151,23 1.102.025,74 1.157.554,99 1.161.082,52 1.128.366,28Total 49.855.911,27 48.401.291,91 46.235.905,12 50.137.387,19 50.052.280,04 45.716.141,57Fonte: MTE/RAIS

Nota: Outros representa: Extrativa mineral, Indústria de produtos minerais nao metálicos; Indústria metalúrgica; Indústria mecânica; Indústria do material elétrico e de comunicaçoes; Indústria do material de transporte; Indústria da madeira e do mobiliário; Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica; Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas; Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria; Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos; Indústria de calçados; Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico; Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrativismo vegetal; Outros / ignorado.

48

Dos setores que tiveram manutenção e crescimento da massa salarial real no

gráfico 3.2.2.2 quatro setores são ilustrados.

Os setores que apresentaram um crescimento do estoque de emprego

mantiveram ou tiveram uma pequena queda na massa salarial foram os serviços

industriais de utilidade pública, administração pública, hotéis e comércio varejista, entre

1990 a 2003.

Dos setores que tiverem crescimento da massa salarial real, a administração

pública, provavelmente por erros de processamento e resposta das informações de

salário, apresentou queda somente em 1993 e 1995. No restante do período

apresentou e manteve crescimento da massa salarial real entre 1996 (R$

7.928.157,420 e 2003 (R$ 9.842.494,58).

Por ouro lado, os serviços industriais de utilidade pública apresentaram

crescimento do rendimento do emprego entre 1990 (R$2.078.557,24) e 1997 (R$

11.547.646,36) e uma queda para R$ 10.392.748,93 em 2003.

O setor hoteleiro mostrou um crescimento de massa salarial entre 1990 (R$

5.467.571,41) e 2003 (R$ 6.578.061,38). Já o comércio varejista um dos responsáveis

pelo aumento do estoque de emprego no período, teve uma pequena variação para

baixo de sua massa salarial entre 1990 (R$6.933.189,83) e 2003 (R$ 5.046.729,31).

56

Fonte: Tabela 3.2.2.2

GRÁFICO 3.2.2.2 MASSA SALARIAL REAL DE SETORES DE ATIVIDADE ECONÔMICA SELECIONADOS DE FOZ DO IGUAÇU 1990/2003

3.132.579,65

11.547.646,36

9.597.622,82

10.392.748,93

2.078.557,24

5.786.493,736.578.061,38

7.174.731,21

5.467.571,415.046.729,31

6.134.312,616.933.189,83

5.947.170,76

10.737.568,60

267.310,35278.588,70

6.258.486,89

3.436.806,64

7.928.157,428.538.759,43

9.842.494,58

0,00

2.000.000,00

4.000.000,00

6.000.000,00

8.000.000,00

10.000.000,00

12.000.000,00

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Serv ind de utilidade pública Comércio varejistaServ. de aloja, alimen, repar Adm pública direta e autárquica

50

3.3 O CONSUMO DE ENERGIA

A análise da dimensão energética de Foz do Iguaçu trará o comportamento do

consumo de energia elétrica no item 3.3.1 e do consumo de combustíveis derivados de

petróleo em 3.3.2.

3.3.1 O consumo de energia elétrica

O consumo de energia elétrica que a tabela 3.3.1.1 descreve quais tipos de

consumidores aumentam ou diminuem a quantia em megawatts consumida.

Com o processo de urbanização e terciarização32 da economia de Foz do Iguaçu,

aumenta de importância o consumo de energia do comércio varejista (82.121 mhw em

1990 para 140.713 mhw em 2004), dos poderes públicos (7.222 mhw em 1990 e 13.157

mhw em 2004), da iluminação pública (11.670 em 1990 e 20.920 mhw em 2004) e do

serviço público (5.804 mhw em 1990 e 10.169 mhw em 2004).

Outros destaques na tabela citada são vistos: a) pelo aumento no consumo total

que representou 55,17% entre 1990 e 2004, b) no consumo residencial que apresentou

92,27%, c) no consumo comercial que representou 71,35%. Em relação à redução, o

consumidor industrial mostra uma queda de (-74,68). O que se pode levantar como

32 Define-se como terceirização da economia, o processo de crescimento do setor de serviços no total dos setores de atividade econômica, muito ligado à difusão das tecnologias de informação tanto no setor industrial como no setor de serviços. O que ocorre de específico é que a economia de Foz do Iguaçu apresenta no período após a construção da Binacional Itaipu, um aumento da participação do setor de serviços dada a especialização que a economia do município acaba apresentando muito ligada ao turismo, transporte e comunicação, serviços educacionais, serviços médico-odontológico-veterninários, serviços industriais de utilidade pública, administração pública, comércio varejista e atacadista.

51

hipótese para tal redução é o provável esforço de economia de energia que a própria

Itaipu e Furnas podem estar fazendo.

57

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004Residencial 83.932 95.984 102.540 113.567 120.091 143.390 159.619 161.476 167.103 165.125 176.052 167.609 163.481 162.381 161.380Industrial 38.431 12.516 11.764 10.682 10.452 11.483 12.775 12.650 11.195 10.255 10.468 10.940 9.856 8.964 9.732Comercial 82.121 88.760 89.164 100.154 107.492 115.277 116.741 121.640 120.926 124.791 137.065 135.214 127.606 130.331 140.713Rural 2.550 2.992 3.044 3.222 3.455 3.897 3.911 4.122 4.074 4.410 4.272 4.303 3.732 2.986 3.476Poderes Públicos 7.222 8.171 8.502 9.946 9.904 10.502 11.626 13.584 14.366 14.245 16.197 13.113 13.496 13.385 13.157

Iluminação Pública 11.670 12.122 13.161 14.088 15.742 17.068 18.258 19.227 19.259 19.895 20.505 20.296 20.440 20.580 20.920

Serviço Público 5.804 6.813 7.835 7.740 7.833 7.832 8.397 9.238 9.716 9.756 9.172 9.519 9.435 10.558 10.169

Próprio 197 286 283 287 316 333 366 388 394 365 372 340 371 329 331Total 231.931 227.648 236.298 259.690 275.289 309.785 331.697 342.325 347.033 348.842 374.103 361.334 348.417 349.514 359.878

VALOR (MWH)

Fonte: Companhia Paranaense de Energia-COPEL

TABELA 3.3.1.1 CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA POR TIPO DE COSUMIDOR DE FOZ DO IGUAÇU E PARANÁ - 1990-2004

53

Quanto à análise sobre o consumo de energia elétrica a tabela 3.3.1.2 mostra a

evolução da quantidade de consumidores de energia por tipo de consumidor.

Dois tipos de comportamento se destacam: a) o crescimento dos consumidores

iluminação pública, dos consumidores comerciais, dos consumidores residenciais, dos

consumidores industriais, dos consumidores rurais, dos consumidores poderes

públicos; e b) a diminuição de consumidores próprios.

Dos comportamentos acima citados, dois se destacam derivados como já

argumentado anteriormente do processo de urbanização e terciarização pelo qual

passou Foz do Iguaçu.

O processo de urbanização pode ser denotado pelo crescimento dos

consumidores residenciais que passam 32. 347 em 19900 para 72.239 em 2004. Esse

processo pode também ser representado pelo crescimento: a) dos consumidores

comerciais que passa de 5.110 em 1990 para 9.086 em 2004, b) dos poderes públicos

que passam de 191 em 1990 para 395 em 2004 e c) dos serviços públicos que passam

de 8 em 1990 para 32 em 2004.

58

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004Consumidores Residenciais 32.347 37.592 41.072 44.413 49.040 53.032 56.955 60.422 62.528 64.943 67.022 70.178 70.258 71.532 72.239

Industriais 702 870 744 786 763 868 958 867 847 819 847 852 728 733 803Comerciais 5.110 5.640 6.000 6.358 6.785 7.094 7.449 7.548 7.568 7.656 7.859 8.223 8.065 8.358 9.086Rurais 475 490 503 540 538 543 584 598 699 713 730 760 597 589 631Poderes Públicos 191 208 220 241 255 274 293 309 354 375 358 358 369 377 395Iluminação Pública 4 3 3 3 5 5 5 5 5 5 5 5 10 10 111

Serviços Públicos 8 13 16 16 18 19 17 18 26 27 32 33 36 32 32Próprios 6 9 9 9 9 9 9 11 9 9 8 5 6 6 5Total 38.843 44.825 48.567 52.366 57.413 61.844 66.270 69.778 72.036 74.547 76.861 80.414 80.069 81.637 83.302

MWH TABELA 3.3.1.2 CONSUMIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA POR TIPO DE CONSUMIDOR DE FOZ DO IGUAÇU - 1990-2004

FONTE: Companhia Paranaense de Energia-COPEL

55

3.3.2 O Consumo de Combustíveis Derivados de Petróleo

Em relação ao consumo de combustíveis derivados de petróleo, a análise

separou o consumo total por tipo de combustível e a evolução da frota de veículos

automotores.

A inclusão na análise da evolução da frota de veículos automotores registrados

no DETRAN, é necessário para entender melhor as mudanças ocorridas no consumo

de combustíveis derivados de petróleo.

A tabela 3.3.2.1 mostra como os principais tipos de combustíveis apresentam

queda em seu consumo, mantendo somente o crescimento de consumo da gasolina

automotiva que no período 1990 a 2004 de 76,62%. Tal comportamento pode estar

ligado ao crescimento da frota de automóveis ocorrido no município no período citado,

resultante do crescimento populacional no município.

Para se ter uma idéia do que isso representa uma análise da evolução do

consumo de óleo diesel, GLP, álcool hidratado e querosene para aviação. Em relação

ao óleo diesel a queda no consumo verifica-se quando a venda desse combustível

passa de 79.817.784 litros em 1990 para 51.383.127 litros em 2004.

A queda no GLP é verificada pela redução no de seu consumo que passa de

20.054.497 kg em 1990 para 10.325.630 kg em 2004. Já a redução do consumo de

álcool hidratado pode ser observada em 1990 (22.103.311 litros) e em 2004

(13.202.484 litros). E finalmente observa-se redução no consumo do querosene de

aviação quando se passa de 15.751524 litros em 1990 para 10.261.819 litros em 2004.

60

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998OLEO DIESEL(1) 79.817.784 99.533.595 74.353.546 48.188.119 51.774.577 56.203.023 58.555.639 59.992.747 53.860.123GASOLINA AUTOMOTIVA(1) 26.199.497 32.079.437 33.426.010 32.758.754 34.595.773 39.685.599 44.750.904 46.764.952 43.958.474

GLP(2) 20.054.556 19.969.168 27.639.588 25.535.337 25.151.994 23.592.105 19.939.837 19.652.110 13.457.069ALCOOL HIDRATADO(1) 22.103.311 17.044.902 18.569.124 15.815.034 16.134.357 15.726.133 14.937.508 12.269.244 9.587.617

QUEROSENE AVIAÇÃO(1) 15.751.524 11.802.894 16.155.794 13.909.384 14.426.956 14.097.046 15.187.641 11.338.012 11.003.366

TOTAL 163.926.672 180.429.996 170.144.062 136.206.628 142.083.657 149.303.906 153.371.529 150.017.065 131.866.649

conclusão

1999 2000 2001 2002 2003 2004OLEO DIESEL(1) 50.260.300 59.700.366 63.320.074 49.335.012 41.737.296 51.383.127GASOLINA AUTOMOTIVA(1) 38.995.900 40.986.689 40.994.233 36.334.377 39.248.973 46.273.299

GLP(2) 12.211.841 13.900.616 13.414.179 11.407.146 9.684.166 10.325.630ALCOOL HIDRATADO(1) 8.044.700 7.632.151 11.911.638 8.061.448 8.478.858 13.202.484

QUEROSENE AVIAÇÃO(1) 9.259.402 9.804.376 11.088.210 9.189.001 9.259.133 10.261.819

TOTAL 118.772.143 132.024.198 140.728.334 114.326.984 108.408.426 131.446.359

(2) Dados em Kg

Fonte: ANP/SAB, conforme a Portaria CNP n.º 221/81

TABELA 3.3.2.1 CONSUMO DE ALCOOL HIDRATADO, GLP, GASOLINA AUTOMOTIVA, QUEROSENE AVIAÇÃO E OLEO DIESEL NO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU -1990-2004

CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS

CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS

Nota: (1) Dados em Litros

57

Exceto no caso de gasolina automotiva, todos os outros tipos de combustíveis

apresentam queda no município de Foz do Iguaçu. Tudo leva a crer que tal queda no

consumo pode estar indicando redução da atividade econômica no setor de transporte

de carga, de passageiros, de turistas e de sacoleiros (diesel), no transporte de turistas

feito por táxis (álcool hidratado), no transporte aéreo de turistas (querosene de aviação)

e no consumo doméstico de gás liquefeito de petróleo.

Um dos prováveis fatores dessa redução provavelmente está ligado ao processo

de estagnação pela qual passa a economia brasileira33 e recessão na qual a economia

de Foz do Iguaçu se insere e pela consequente redução da renda da população

brasileira e da população de Foz do Iguaçu que sobrevive de atividades informais

ligadas ao transporte dos sacoleiros e de suas mercadorias. Em período mais recente

pode-se levantar a hipótese que o aumento da fiscalização da Delegacia da Receita

Federal contribuiu indiretamente para a redução do consumo de óleo diesel.

Para corroborar a análise acima encaminhada a tabela 3.3.2.2 apresenta a

evolução da frota de veículos, por tipo de veículo em Foz do Iguaçu, registrados no

DETRAN do Paraná, no período de 1990 a 2004.

Percebe-se que o crescimento do consumo de gasolina automotiva pode ser

explicado complementarmente, pela evolução do crescimento da frota de automóveis

que passa de 31.334 em 1990 para 52.032 em 2004. Adicionalmente cresce também a

frota de motocicletas que passam de 3.489 em 1990 para 9.762 em 2004. Outros

veículos que devem consumir gasolina automotiva que também aumentam a sua

33 Antônio Delfim Netto em um estudo sobre as relações entre desenvolvimento econômico e restrição externa na economia brasileira mostra que as taxas de crescimento do PIB real no Brasil apresentaram estagnação entre 1994 a 2002, as mesmas passando de 4,2% em 1994 para 0,1% em 1997 e crescendo de 0,8% em 1998 passando para 4,4% em 2000 e voltando a cair para –0,2% em 2002. Ver NETTO DELFIM, Antônio. Meio século de economia brasileira: desenvolvimento econômico e restrição externa. In: GIAMBIAGI, Fábio et alii (orgs.) Economia brasileira contemporânea (1945-2004). Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. P. 235.

58

participação no total da frota são as motonetas, os caminhões-trator e os microônibus.

Porém destes somente as motonetas usam gasolina automotiva.

63

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004AUTOMÓVEL 31.334 34.002 37.190 38.868 40.856 37.789 39.595 42.173 44.001 45.930 41.420 44.251 46.832 49.455 52.032CAMIONETA 5.239 5.596 6.004 6.399 6.872 5.029 5.293 5.531 5.711 5.902 5.854 6.027 5.682 5.502 5.495MOTOCICLETA 3.489 3.800 4.119 4.374 4.587 4.377 4.717 5.295 6.112 6.825 6.167 6.958 7.561 8.489 9.762CAMINHÃO 2.245 2.383 2.602 2.667 2.828 2.426 2.441 2.486 2.537 2.569 2.161 2.194 2.222 2.257 2.274CAMINHÃO-TRATOR 188 245 339 398 477 546 601 669 723 772 773 798 847 1.054 1.169ÔNIBUS 568 550 592 594 657 613 664 662 670 688 554 652 648 659 705CAMINHONETE - - - - - - - - - - 129 378 839 1.324 1.760REBOQUE 339 378 417 446 541 596 687 756 853 938 844 912 981 1.065 1.150SEMI-REBOQUE 226 301 439 527 604 719 796 922 1.046 1.104 1.101 1.158 1.159 1.376 1.492MOTONETA 53 60 63 81 118 148 209 306 525 788 1.090 1.418 1.609 1.768 1.909CICLOMOTOR 43 48 49 51 50 23 27 28 32 46 47 62 77 75 78MICROÔNIBUS 58 68 73 70 86 184 191 216 278 363 423 475 529 587 658OUTROS(1) 196 190 191 189 15 14 14 15 15 43 8 15 17 26 41TOTAL 43.978 47.621 52.078 54.664 57.691 52.464 55.235 59.059 62.503 65.968 60.571 65.298 69.003 73.637 78.525FONTE: DETRANNota:

(1) Se Compoem de Trator de Esteiras, Trator de Rodas, Trator Misto, Triciclo, Utilitário

TABELA 3.3.2.2 EVOLUÇÃO DA FROTA DE VEÍCULOS POR TIPO EM FOZ DO IGUAÇU - 1990-2004

VEÍCULOS

- Valor numérico igual a zero

60

4. A SITUAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA DA POPULAÇÃO

Esta seção procurará mostrar: a) a evolução quantitativa da população total

residente, a população estrangeira registrada na Delegacia da Polícia Federal e a

sua participação na população total residente; e b) a atual condição sócio-econômica

da população do município, a partir dos dados do Atlas do Desenvolvimento

Humano do Brasil.

A evolução quantitativa da população total residente, da população

estrangeira e sua participação na população total em Foz do Iguaçu34 será analisada

relativa ao período de 1990 a 2004.

A tabela 4.1.1 apresenta a evolução da população total residente município e

a população estrangeira registrada na Delegacia de Polícia Federal de Foz do

Iguaçu.

A variação percentual da população total residente no município de Foz do

Iguaçu entre 1990 a 2004 representou um crescimento percentual de 155,84%.

Provavelmente contribuíram para isso a vinda das pessoas atraídas para a cidade

com a perspectiva de ganhar dinheiro de maneira muito fácil e sem nenhuma

qualificação, no período do ciclo do turismo de compras e dos sacoleiros.

Em parte foi o próprio processo de ajuste da economia brasileira à

mundialização e às políticas de encolhimento do setor público e de suas empresas.

E de outra parte à própria política macroeconômica que invariavelmente produz o

ajuste sobre o setor do trabalho e dos salários. Em função disso muitos viram na

perspectiva do trabalho de formiguinha transportando as mercadorias do Paraguai

para os sacoleiros uma perspectiva de vida e para o município se dirigiram

provavelmente da região sudoeste paranaense, de outros municípios da região 34 As estatísticas utilizadas foram as do DATASUS – ver http://www.datasus.gov.br. A justificativa para o uso de tais informações prende-se ao fato de as mesmas apresentarem estimativas durante todo o período e não somente para os anos do censo demográfico, 1991 e 2000. Outro motivo refere-se a possibilidade de comparar tal evolução com a dos estrangeiros registrados na Delegacia da Polícia Federal de Foz do Iguaçu.

61

oeste paranaense. Principalmente, pode-se levantar a hipótese de que no período

muitos grandes comerciantes da cidade de São Paulo vieram se abastecer com o

trabalho autônomo dos sacoleiros35, principalmente produtos eletrônicos e de

informática.

Para esse crescimento contribuíram também vários outros fatores, como por

exemplo, novos funcionários públicos federais concursados no período, novos

professores e funcionários para trabalhar no novo setor educacional, dos quais

fazem parte várias instituições educacionais privadas que prestam serviços nos

níveis fundamental, médio e superior e novos profissionais da área da saúde –

médicos, dentistas e médicos veterinários - que vieram para Foz do Iguaçu atraídos

com o crescimento populacional e pelos fluxos financeiros realizados com a venda

dos produtos de Ciudad del Este36. As estatísticas de emprego e rendimentos do

item 3.3 já analisadas confirmam tais afirmativas.

Alguns desses brasileiros ficaram conhecidos na mídia brasileira como

brasiguaios, pois resolveram adotar também a nacionalidade paraguaia, possuindo

até grandes áreas de terra onde plantam várias commodíties37, dentre as quais soja

e milho, as quais exportam para o exterior utilizando o porto de Paranaguá.

Um aspecto deve considerar-se para o futuro crescimento populacional do

município, é o retorno desses brasileiros que no momento passam por pressões de

toda a sociedade paraguaia, por conta do aumento da fiscalização que a Receita

Federal e a Polícia Federal vem empreendendo nessa fronteira visando reduzir o

35 Tal hipótese foi elaborada a partir de consultas com vários funcionários brasileiros que trabalham em lojas localizadas no micro-centro comercial de Ciudad del Este. Muitos balconistas consultados confirmaram tal possibilidade. 36 Não se pode esquecer que uma parte das pessoas que moram em Foz do Iguaçu são proprietários de empresas em Ciudad de Este, incluídos ai os empresários árabes, asiáticos. Existem também pequenos médios e grandes empresários brasileiros oriundos de várias cidades da região oeste paranaense e de outros estados do Brasil e atuam não somente em Ciudad del Este como em várias cidades paraguaias a 200 a 300 quilômetros distantes de Foz do Iguaçu. 37 É o plural de commodity, que quer dizer mercadoria em inglês. “Nas relações comerciais internacionais, o termo designa um tipo particular de mercadoria em estado bruto primário de importância comercial, como é o caso do café, do chá, da lã, do algodão, da juta, do estanho, do cobre, etc.“ SANDRONI (1996: 82)

62

contrabando, o descaminho e tráfico de entorpecentes. Tal retorno poderá fazer que

a cidade em futuro próximo um crescimento populacional para o qual não está

preparada para os próximos dez anos.

72

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999População total 183.701 190.123 197.646 201.223 202.703 204.146 231.627 241.977 250.694 259.427População estrangeira 3.788 3.988 4.274 4.548 4.686 4.973 5.350 5.781 6.826 8.559Participação percentual da população estrangeira sobre a população geral 2,06 2,10 2,16 2,26 2,31 2,44 2,31 2,39 2,72 3,30

2000 2001 2002 2003 2004População total 258.543 266.769 272.941 279.620 286.285População estrangeira 8.795 9.130 9.537 9.922 10.228Participação percentual da população estrangeira sobre a população geral 3,40 3,42 3,49 3,55 3,57

Fonte: DATA SUS(http:www.datasus.gov.br)/Delegacia da Policia Federal de Foz do Iguaçu

TABELA 4.1.1 POPULAÇÃO TOTAL RESIDENTE, POPULAÇÃO ESTRANGEIRA E PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DA POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU - 1980-2004

64

Em relação à condição sócio-econômica da população, a utilização de

estatísticas38 utilizadas pelo Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil poderá

descrever um perfil do município.

Os sub-índices que compõe o IDHM de Foz do Iguaçu e o próprio índice

sintético, da tabela 4.2.1 a seguir, mostram que o município se encontra no nível de

desenvolvimento humano médio. Pelo comportamento da década de noventa do

século passado, descrito pelos dados do censo demográfico do IBGE (1991-2000),

percebe-se que a dimensão Educação é mais desenvolvida que a dimensão Renda,

sendo esta última mais desenvolvida que a dimensão Longevidade.

Indiciadores1991 2000

IDM-M 0,722 0,788Educação 0,801 0,905Longevidade 0,647 0,721Renda 0,719 0,739Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

Valores em (%)

Tabela 4.2.1 O ÍDH-M e seus sub-índices, Foz do Iguaçu - 1991-2000

Por outro lado, a tabela 4.2.2 em relação às dimensões acima citadas da

Educação em Foz do Iguaçu que mostra um comportamento de município de alto

desenvolvimento humano, em função dos seguintes aspectos: a) a taxa de

alfabetização39 (de 88,88 para 92,52); e b) o crescimento superior das taxas brutas

de freqüência40 no ensino fundamental (104,14 para 120,12) e no ensino médio

(36,61 para 100,71).

38 Tais informações se referem ao Censo Demográfico, a partir de uma amostra, na qual o IBGE em todo o Brasil - e em Foz do Iguaçu também - aplica de dez em dez domicílios urbanos e rurais, questionários bastante detalhados, contendo aspectos demográficos e sócio-econômicos das famílias brasileiras. 39 O aumento da percentagem de pessoas alfabetizadas entre os residentes na cidade com mais de 15 anos. Possui um peso de 2/3 na formação do IDH - Educação. 40 As taxas brutas de freqüência no ensino fundamental, ensino médio (e ensino superior) formam a taxa bruta de freqüência à escola, que é o outro indicador componente do sub-índice do IDH – Educação, no qual entra com peso de 1/3.

65

1991 2000Taxa de alfabetização 88,88 92,52Taxa bruta de freqüência à escola 62,44 86,46Taxa bruta de freqüência ao fundamental 104,24 120,12Taxa bruta de freqüência ao ensino médio 33,61 100,71Taxa bruta de freqüência ao superior 5,14 17,9

TABELA 4.2.2 TAXA DE ALFABETIZAÇÃO E TAXA DE FREQÜÊNCIA POR NÍVEL DE ENSINO, FOZ DO IGUAÇU 1991-2000

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

VALORES EM (%)

Tais crescimentos se devem dentre outras coisas ao aumento da população

residente em idade escolar e no aumento de pessoas que estudam fora idade

escolar. A difusão do progresso tecnológico das tecnologias da informação leva as

empresas exigirem cada vez mais as pessoas a estudarem para poder usar tais

tecnologias. O próprio processo de urbanização faz com que as pessoas venham a

desempenhar em atividades terciárias com um conteúdo de conhecimento cada vez

maior, tais tendências levam as pessoas a estudar mais e obter um nível de

escolaridade maior.

É necessário também esclarecer que o crescimento dessas variáveis em

parte é devido ao fato de o governo brasileiro nos níveis de ensino fundamental e

médio induzirem os professores a não repetirem de série mais os alunos, instituindo

a progressão continuada. Esse procedimento só ajuda a melhorar as estatísticas

educacionais brasileiras, enviadas para as instituições multilaterais como Banco

Mundial, ONU, UNESCO, etc., pois na prática transfere para o nível universitário os

problemas de analfabetismo funcional41, de dislexia discursiva e outros problemas

relacionados ao aprendizado. Tal condição traz problemas para o desenvolvimento

41 Analfabeto funcional do ponto de vista educacional é aquela pessoa que lê e não gosta de ler, que lê e não sabe interpretar. Tal dimensão pode ser notada em vários níveis de idade e de ensino no Brasil.

66

científico e tecnológico, dado que se o aluno vai para o ensino superior com

problemas de aprendizado em níveis anteriores pode apresentar dificuldades no

nível universitário.

Se por um lado, a dimensão Educação apresenta quantitativamente uma

evolução favorável na década de noventa, o mesmo não se pode afirmar das

dimensões Longevidade e Renda. Por outro lado, se houve crescimento admirável

das variáveis educacionais anteriormente citadas, outros aspectos da dimensão

Educação apresentam-se em níveis problemáticos42.

A análise adicional dos dados selecionados demográficos, educacionais, de

renda, de desigualdade de renda e de pobreza complementa e justifica a razão do

município ainda não ter alcançado o nível de alto desenvolvimento humano, em

termos de IDHM.

O fato de o IDHM - Longevidade apresentar comportamento de

desenvolvimento médio, pode ser melhor compreendido ao se observar a evolução

das taxas de esperança de vida ao nascer, de mortalidade até um ano de idade e da

probabilidade de sobrevivência até os 60 anos, apresentada na tabela 4.2.3.

1991 2000Esperança de vida ao nascer 63,79 68,28Mortalidade até um ano de idade 44,76 22,5Probabilidade de sobrevivência até 60 anos 69,21 77,47Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

TABELA 4.2.3 INDICADORES DEMOGRÁFICOS SELECIONADO, FOZ DO IGUAÇU 1991-2000

VALORES EM (%)

O melhor comportamento percebido é a redução pela metade da taxa de

mortalidade até um ano43. Já as taxas de esperança de vida ao nascer44 e da

42 Ver tabela 3.2.3 a seguir. 43 Refere-se ao número de crianças que não irão sobreviver ao primeiro ano de vida em cada mil crianças nascidas vivas. 44 É relativa ao número médio de anos que as pessoas viveriam a partir do nascimento.

67

probabilidade de sobrevivência aos 60 anos45 crescendo pouco pode estar

denotando baixo nível de saneamento básico na cidade e de falta de efetividade da

política municipal de saúde preventiva.

Os dados complementares de Educação apresentados pela tabela 4.2.4

mostram três tipos de indicadores: o percentual de pessoas de 25 anos ou mais com

menos de quatro anos de estudo46, com menos de oito anos de estudo47 e a média

de anos de estudos das pessoas de 25 anos ou mais de idade.

1991 2000Percentual de pessoas de 25 anos ou mais com menos de quatro anos de estudo

34,85 26,36

Percentual de pessoas de 25 anos ou mais com menos de oito anos de estudo 69,05 58,92

Média de anos de estudo das pessoas de 25 anos ou mais de idade 5,32 6,41

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

VALORES EM (%)

TABELA 4.2.4 INDICADORES EDUCACIONAIS SELECIONADOS, FOZ DO IGUAÇU 1991-2000

Mesmo que o IDHM – Educação mostre que o município apresenta alto grau

desenvolvimento humano nessa dimensão, a quantidade de adultos que se

encontram em torno da condição de analfabetos funcionais ainda é grande. Isso

pode ser visualizado pela evolução dos percentuais de adultos com 4 anos e com

mesmo de oito anos de estudo, os quais reduzem pouco na década de noventa. A

média de anos de estudo de adultos na faixa etária citada situou-se entre 5,32 e

45 Tal variável significa a vulnerabilidade à morte numa idade relativamente precoce: a probabilidade de uma criança recém-nascida viver até aos 60 anos se os padrões de mortalidade específicos prevalecentes na época do nascimento permanecerem os mesmo ao longo da vida da criança. 46 Percentual de pessoas nessa faixa etária que não completaram a oitava série do ensino fundamental, ou seja, que pode ser classificadas como analfabetos funcionais. 47 Percentual de pessoas nessa faixa etária que não completaram a oitava série do ensino fundamental. Implica que abandonaram a escola ou que apresentam um grau elevado de atraso escolar.

68

6,41 nos anos de 1991 e 2000, quantidade de anos de estudo próxima a de

analfabetos funcionais.

Em relação aos dados complementares de Renda as tabelas 4.2.5 e 4.2.6

mostram indicadores selecionados de renda e de desigualdade de renda.

1991 2000Percentual da renda proveniente de rendimentos do trabalho 89,76 78,94

Percentual da renda proveniente de transferências governamentais 3,21 7,51

Renda per Capita 289,61 326,19Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

TABELA 4.2.5 INDICADORES SELECIONADOS DE RENDA, FOZ DO IGUAÇU 1991-2000

VALORES EM (%)

Percebe-se que a parte da renda proveniente do trabalho48 se reduz de

89,76% em 1991 para 78,94%. Em contrapartida a parte renda relativa às

transferências governamentais49 cresce muito pouco de 3,21% para 7,51%. Já a

renda per capita50 evolui de R$ 289,61 em 1991 para R$ 326,19. Tais números

mostram que apesar da renda per capita ter aumentado um pouco, o desemprego e

as atividades informais de baixo nível de renda aumentaram na cidade.

As informações que a tabela 3.2.6 a seguir complementam o quadro de

análise da situação da renda no município. Apesar de o índice de Gini51 não

apresentar uma alta desigualdade, o percentual de renda apropriado pelos 10%

48 Equivale a participação percentual das rendas provenientes do trabalho (principal e outros) na renda total do município. 49 Refere-se à participação percentual das rendas provenientes de transferências governamentais (aposentadorias, pensões e programas oficiais de auxílio, como renda mínima, bolsa-escola e seguro-desemprego, etc.) na renda total do município. 50 É a razão entre o somatório da renda per capita de todos os indivíduos e o número total desses indivíduos. A renda per capita de cada indivíduo é definida como a razão entre a soma da renda de todos os membros da família e o número de membros da mesma. Os dados se expressam em reais de 1o de agosto de 2000. 51 Mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de 0, quando não há desigualdade (a renda de todos os indivíduos tem o mesmo valor), a 1, quando a desigualdade é máxima (apenas um indivíduo detém toda a renda da sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula)

69

mais ricos52 e o percentual de renda apropriado pelos 60% mais pobres53 mostram

um quadro preocupante.

1991 2000Índice de Gini 0,58 0,58Percentual da renda apropriada pelos 10% mais ricos da população 46,62 46,31Percentual da renda apropriada pelos 60% mais pobres da população 19,94 19,37

TABELA 4.2.6 INDICADORES DE DESIGUALDADE DE RENDA, FOZ DO IGUAÇU 1991-2000

Valores em (%)

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

Em relação ao índice de Gini e os percentuais de renda apropriados pelos

10% mais ricos (46,62 em 1991 e 46,31 em 2000) e dos 60% mais pobres (19,94 em

1991 e 19,37 em 2000), é necessário esclarecer que são indicadores aplicados à

renda declarada no censo demográfico que na maior parte das vezes não reflete

necessariamente o volume de renda total que as famílias entrevistadas recebem. Na

maioria dos casos deduz-se que a renda declarada seja proveniente da atividade de

trabalho, ou próximo dessa condição, Para se ter uma idéia da renda total dever-se-

ia contar com a declaração de imposto de renda das famílias e das empresas.

Quanto à apropriação de renda pelos 10% mais ricos e pelos 60% mais

pobres estes dados sim mostram como desigual é a apropriação da renda gerada

pelas atividades econômicas formais e informais de Foz do Iguaçu. Mesmo que os

indicadores não terem apresentado grande crescimento dos dois grupos entre 1991

e 2000, a proporção mostrada é que visualiza a concentração de renda onde os 10%

de famílias mais ricas detém em torno de 46% da renda gerada pelo município e os

60% das famílias mais pobres detém só 19% da renda do município.

52 É a proporção da renda do município apropriada pelos indivíduos pertencentes ao décimo mais rico da distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. 53 É a proporção da renda do município apropriada pelos indivíduos pertencentes aos três quintos mais pobres da distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita.

70

A síntese da condição sócio-econômica de Foz do Iguaçu pode ser percebida

pela análise da tabela 4.2.7, onde se apresentam os indicadores de intensidade de

indigência54 e de intensidade de pobreza55.

1991 2000Intensidade da indigência 48,79 60,66Intensidade da pobreza 40,2 44,33

VALORES EM (%)

TABELA 4.2.7 INDICADORES DE INTENSIDADE DE POBREZA, FOZ DO IGUAÇU 1991-2000

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

O que se percebe nesses dados são os níveis de exclusão social, dado que

os percentuais de Intensidade da Indigência (de 48,79% para 60,66%) na década de

noventa cresce mais que os percentuais da Intensidade da Pobreza (40,2% para

44,33%).

Tais números mostram que aumentou muito mais o nível de indigência na

cidade principalmente pelo fato de todo aquele contingente que tinha sua renda

advinda do trabalho de formiguinha na região da Ponte da Amizade diminuiu

sensivelmente após a redução da cota de importação definida pela Delegacia da

Receita Federal em 1997 e também pelos efeitos da abertura da economia brasileira

para o exterior e para o Mercosul nas pessoas que trabalhavam nos

estabelecimentos comerciais da citada região. Por outro lado pela cidade carecer de

programas de combate à pobreza na década citada.

54 Distância que separa a renda domiciliar per capita média dos indivíduos indigentes (ou seja, dos indivíduos com renda domiciliar per capita inferior a R$ 37,75) do valor da linha de indigência, medida em percentual do valor dessa linha de indigência. O indicador aponta quanto falta para um indivíduo deixar de ser considerado indigente. 55 Distância que separa a renda domiciliar per capita média dos indivíduos pobres (ou seja, dos indivíduos com renda domiciliar per capita inferior à linha de pobreza de R$ 75,50) do valor da linha de pobreza, medida em termos de percentual do valor dessa linha de pobreza.

71

5. EDUCAÇÃO: A EVOLUÇÃO DOS ALUNOS MATRICULADOS

Como já analisado no item 3.2 o setor educacional privado desponta como um

dos novos setores de atividade econômica. Porém é a partir de 1995 e de 1999/2000

que o mesmo tem a sua a importância observada quando amplia as ofertas de

cursos principalmente no nível universitário.

Uma avaliação mais ampla das tendências do setor educacional como

alavanca do crescimento econômico exigiria uma análise mais profunda do próprio

setor.

Nessa seção, visando atender a problemática enunciada na primeira seção,

procurar-se-á desenvolver uma análise da expansão do número dos alunos

matriculados nas instituições de ensino superior no período de 1990 a 2004.

Dada a dificuldade de se obter no município séries estatísticas completas56 de

alunos matriculados nos níveis do ensino fundamental e/ou primeiro grau e do

56 Em levantamento na Biblioteca Pública Municipal de Foz do Iguaçu, encontrou-se várias bibliografias contendo estatísticas educacionais, porém nenhuma delas apresentavam séries completas referentes a alunos matriculados em todos os níveis de ensino. Um contato telefônico com o setor de estatísticas educacionais do próprio INEP – Instituto nacional de Estudos e pesquisas Educacionais Anísio Teixeira do MEC – Ministério da Educação, observou-se que não existiam estatísticas de alunos matriculados no município em todos os níveis cobrindo no período de 1990 a 2004. Segundo a consulta efetuada existem estatísticas de alunos matriculados para 1991 e de 1996 até 2004. Porém demoraria muito tempo para o fornecimento de tais estatísticas. Tais números seriam prontamente atendidos se fossem solicitados por uma instituição pública. Por outro lado, segundo consultas locais efetuadas mostrou que tal levantamento também demoraria pois as várias instituições ligadas ao ensino não possuem tais estatísticas de uma forma mais completa e sistematizada.

72

ensino médio e/ou segundo grau, procurou-se analisar a tendência nos anos mais

recentes (2000 a 2003) disponíveis no sítio do município de Foz do Iguaçu.

A evolução do total de alunos matriculados no ensino superior, no período de

1990 a 2004 pode ser visualizada a partir da tabela 5.1.

73

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004Administração(1) 632 526 428 430 373 493 768 557 ... 675 503 915 1.199 1.335 1.558Arquitetura e Urbanismo ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 80 183 212 201 262Biomedicina ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... - 39 68 107Ciências(2) 346 298 268 293 238 172 442 298 ... 683 703 729 783 898 878Direito ... ... ... ... ... 294 861 527 ... 648 687 710 899 1.273 1.450Educação Fisica ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 194 298 352 181Enfermagem ... ... ... ... ... ... ... ... ... 40 39 73 187 283 389Engenharia(3) ... ... ... ... ... ... ... ... ... 80 547 170 228 463 666Fisioterapia ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 50 98 262 368Geografia ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 57História ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... - 47 113 176Hotelaria ... ... ... ... ... ... ... ... ... 40 80 110 109 185 159Jornalismo ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 50 164 193 185 195Letras 491 438 360 320 341 286 266 239 ... 152 159 155 158 282 430Matemática ... ... ... ... ... ... ... ... ... 82 122 139 145 177 135Normal Superior ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 180 180 132 1.398Nutrição ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... - 60 158 243Pedagogia ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 100 245 332 391 236Processamento de Dados ... ... ... ... ... ... 245 ... ... 304 255 211 196 160 94Psicologia ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... - - 67 119Public. e Propaganda ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 50 74 103 165 213Relações Públicas ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... - - 28 22Secretariado ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... - 27 68 128Serviço Social ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... - 50 119 165Sistema de Informação ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 90 127 150 201Tec. Hot e Tec Com Ext ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 63 147 62 82Turismo 260 220 158 159 165 162 157 146 ... 152 166 251 302 371 381Total 1.729 1.482 1.214 1.202 1.117 1.407 2.739 1.767 ... 2.856 3.541 4.706 6.119 7.948 10.293

ALUNOS MATRICULADOS

FONTE: Prefeitura Municipal da Foz do Iguaçu

TABELA 5.1 ALUNOS MATRICULADOS NO ENSINO SUPERIOR POR CURSO EM FOZ DO IGUAÇU - 1990-2004

74

:NOTA

- Dado numérico igual a zero, não resultante de arredondamento

... Dado não disponível

(1) Agrupados valores de Administração, Adm. Com. Exterior, Gestão de Negócios , Gestão da Qualidade, Marketing Internacional, Pública e Finanças

(2) Agrupados valores de Ciências Biológicas, Contábeis, Computação e Econômicas

(3) Agrupados valores de Engenharia Ambiental, Civil, Elétrica e Mecânica

75

Na tabela anteriormente citada percebe-se que o crescimento do número de

alunos matriculados, apresenta-se na seguinte seqüência: Administração, Direito,

Normal Superior, Ciências, Engenharia, e Letras.

O curso universitário de Administração junto com o de Letras, Ciências

Contábeis e Turismo, é um dos mais antigos no município. O número de alunos

matriculados se mantém relativamente entre 1990 (632) e 2000 (503). Com a

abertura de novos cursos de Administração com várias opções de ênfases57, a

quantidade de alunos matriculados passa de 915 em 2001 para 1558 em 2004.

Em seguida o curso de mais cresceu em termos de números de alunos

matriculados é o de Direito que passa de 294 alunos em 1995 para 1.450 em 2004.

Já em função de uma demanda do setor educacional de profissionalizar professores

para ensino fundamental, o MEC autorizou a abertura de vagas do curso de Normal

Superior que passa de 180 alunos em 2001 para 1.398 em 2004.

A quantidade de alunos matriculados em Ciências58 mantém-se relativamente

em um mesmo patamar entre 1990 (346) e 1997 (298), crescendo entre 1999 (683)

e 2004 (878). Por outro lado os cursos de engenharias59 são opções mais recentes

em termos de vagas para os alunos universitários, principalmente em função da

influência da Binacional Itaipu e de suas necessidades. A quantidade de alunos

matriculados nessa modalidade passa de 80 em 1999 para 666 em 2004.

Já em relação ao curso de Letras, observa-se uma queda em termos do

numero de alunos matriculados entre 1990 (491) e 2002 (158), voltando apenas a

crescer entre 2003 (282) e 2004 (430)60.

57 Administração com Comércio Exterior, Gestão de Negócios, Gestão da Qualidade, Marketing Internacional, Pública e Finanças. 58 Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Ciência da Computação e Ciências Biológicas. 59 Engenharia Elétrica, Mecânica, Civil e Ambiental. 60 Tal crescimento se observa pois uma das instituições privadas de ensino universitário abre vagas para o curso de Letras junto às existentes em uma instituição pública.

76

Os cursos anteriormente analisados representam a maior parte do número de

alunos matriculados. Existem, porém uma gama variada de outras formações

universitárias disponíveis como mostra a tabela 5.1 já citada.

Uma outra percepção sobre a evolução de alunos matriculados no ensino

universitário pode ser vista na tabela 5.2. O ranking da quantidade de alunos

matriculados pode ser assim apresentado: UDC, Uniamérica, Unioeste, Unifoz e

Cesufoz61.

A instituição que mais alunos matriculados possui é a UDC – União Dinâmica

de Faculdade Cataratas, que apresenta 280 alunos em 2000 e 2.836 alunos em

2004. A segunda instituição em termos de alunos matriculados é a UNIAMÉRICA –

Faculdade União das Américas. A quantidade de alunos matriculados nessa

instituição passa de 274 em 2001 para 2.572 em 2004. A terceira instituição a

manter alunos matriculados é a UNIOESTE. Essa universidade pública no período

analisado passa de 1729 alunos em 1990 para 1776 em 2004. A quarta instituição

a manter alunos matriculados é a UNIFOZ. De 1995 a 2004 a instituição apresenta

469 e 1.002 alunos respectivamente. A quinta e última instituição universitária é o

CESUFOZ e no período analisado possui 405 alunos em 1996 e 955 em 2004.

61 Existem três outras instituições universitárias (Faculdade Anglo-Americano, CENINTER e IESDE), mas que possuem durante o período analisado um valor reduzido de alunos matriculados.

77

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004Anglo Americano ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 177 263Cesufoz ... ... ... ... ... ... 405 ... ... 781 794 967 1.037 1.016 944CENINTER ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 25IESDE ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 1.181UDC ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 280 933 1.351 2.140 2.836Uniamérica ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 274 882 1.625 2.572Unifoz ... ... ... ... ... 469 694 810 ... 943 986 1.064 1.351 1.091 1.002Unioeste 1.729 1.482 1.214 1.202 1.117 938 923 967 ... 1.128 1.327 1.468 1.498 1.916 1.776TOTAL 1.729 1.482 1.214 1.202 1.117 1.407 2.022 1.777 ... 2.852 3.387 4.706 6.119 7.965 10.599

... Dado não disponívelNOTA: - Dado numérico igual a zero, não resultante de arredondamento

TABELA 4.1.2 ALUNOS MATRICULADOS NO ENSINO SUPERIOR POR INSTITUIÇÃO DO MUNICIPIO DE FOZ DO IGUAÇU - 1990-2003

INSTITUIÇÃO ALUNOS POR INSTITUIÇÃO

Fonte: Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu

78

Além do nível universitário o município de Foz do Iguaçu possui muitos alunos

matriculados nos níveis anteriores de ensino (fundamental e médio) no período

estudado. A tabela 5.3 ilustra a evolução dos alunos matriculado de 2000 a 2003.

O que se pode enxergar no curto período analisado é que há uma divisão

institucional do trabalho na oferta e manutenção das vagas nos níveis fundamental e

médio ora entre município e o setor privado (ensino fundamental), ora entre o estado

e o setor privado (ensino médio).

Porém para o que se propõe nessa seção serão analisados em que tipo de

instituição se verifica a maior quantidade de alunos matriculados por nível de ensino.

No ensino fundamental de primeira a quarta série nas escolas municipais a

quantidade de alunos passa de 25.520 em 2000 para 104.463 em 2003.

COLÉGIOS ESCOLAS2000 2001 2002 2003 TOTAL

E. Fundamental 1ª à 4ªParticular 1ª à 4ª 2.933 2.875 2.792 2.943 11.543Municipal 1ª à 4ª 25.520 26.645 26.730 25.568 104.463Estadual 1ª à 4ª 95 30 ... ... 125Outros(1) 370 98 ... 80 548

E. Fundamental 5ª à 8ªParticular 5ª à 8ª 2.739 2.739 2.760 2.721 10.959Municipal 5ª à 8ª ... ... ... ... ...Estadual 5ª à 8ª 20.005 21.426 21.801 22.879 86.111Outros(2) ... 764 2977 2500 6.241

Ensino MédioParticular Médio 2.014 2.014 2.154 2.457 8.639Municipal Médio ... ... ... ... ...Estadual Médio 11.666 21.426 21.801 22.879 77.772

Outros(2) ... 907 1.570 1.800 4.277

NOTA: ... Dado não disponivel (1) Entidades Filantrópicas, CEEBJA (2) Senai, Senac, CEEBJA

TABELA 5.3 ALUNOS MATRICULADOS NO ENSINO FUNDAMENTAL, 1ª À 4ª, 5ª À 8ª SÉRIES E ENSINO MÉDIO - FOZ DO IGUAÇU - 2001-2003

Nº DE ALUNOS

FONTE: Secretaria Municipal da Educação - SMDE

Já no ensino fundamental de quinta à oitava séries a maior quantidade alunos

matriculados se observa em instituições de ensino de responsabilidade do governo

79

do Estado do Paraná, onde em 2000 estão 20.005 alunos matriculados e 86.111

alunos em 2003.

E finalmente no ensino médio a maior quantidade de alunos matriculados

está localizada em colégios do governo do estado. Neles encontram-se 11.666

alunos em 2000 passando para 77.772 alunos em 2003.

Tais números podem estar mostrando que parte da classe média pode estar

deixando de matricular seus filhos em escolas e colégios particulares para matriculá-

los em instituições de ensino do município e do estado do Paraná.

80

6 A SEGURANÇA: OCORRÊNCIAS POLICIAIS E APREENSÕES

Essa seção desse relatório de conjuntura econômica apresentará a evolução

das ocorrências policiais da Guarda Municipal, da Polícia Militar e das apreensões

de contrabando e descaminho realizadas pela Delegacia da Receita Federal62.

Convém esclarecer que o objetivo inicial da análise da evolução das

ocorrências policiais previa a inclusão de estatísticas da resolução das referidas

ocorrências. Mas ao se estabelecer os contatos com as várias instâncias de polícia

percebeu-se a impossibilidade de realizar tal tarefa, pois na realidade ocorrem

superposição de registros de ocorrências que em alguns momentos tanto a Guarda

Municipal como a Policia Militar efetuam. Tal situação ocorre também quando a

Polícia Civil se insere no processo da ocorrência policial. Porém é com a Policia Civil

que ocorre a finalização da ocorrência, onde por meio de suas várias instâncias a

ocorrência transformasse em processo e é encaminhado para o poder judiciário.

Uma entrevista realizada com um superintendente da Polícia Civil de Foz do Iguaçu,

permitiu saber que não existe estatísticas sistematizadas desde 1990 sobre todo

esse encaminhamento.

Na realidade o que existe são estatísticas de ocorrências atendidas pela

Polícia Civil e enviadas para a Secretaria de Segurança Pública em Curitiba e que

não são disponíveis para consulta em Foz do Iguaçu. Essa pelo menos a justificativa

apresentada.

O que se fará nessa seção, em função do que se explicou anteriormente, é

uma análise das estatísticas fornecidas pela Guarda Municipal, Polícia Civil e

Delegacia da Receita Federal.

62 Inicialmente estavam previstas análises sobre a evolução das ocorrências policiais realizadas pela Polícia Civil e pela Delegacia da Polícia Federal. A primeira não foi possível pois a 6a Divisão de Polícia Civil da Foz do Iguaçu não respondeu a solicitação feita em janeiro de 2005, conforme já citado na primeira seção. Já em relação à Delegacia da Polícia Federal, a resposta apresentada referia-se ao fato de a delegacia consultada não possuir estatísticas de todos os processos e que levaria muito tempo para levantá-las.

81

A evolução das ocorrências policiais atendidas pela Guarda Municipal refere-

se ao período de 1994 a 2004 e pode ser ilustrada pela tabela 6.1.1.

A análise da cita tabela mostra que as ocorrências atendidas pela Guarda

Municipal de Foz do Iguaçu apresentam um crescimento no período de 1991 (361) a

1999 (17.417). Desse ano em diante até 2002 (8.837), ocorre uma queda acentuada

de metade das ocorrências atendidas naquele ano. Após esse período observasse

de novo um crescimento das ocorrências, chegando a 11.443 em 2004.

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

FF

OZ DO IGUAÇU 361 1.604 2.736 6.745 11.416 17.417 16.636 10.064 8.837 11.246 11.443onte: PMFI/Secretaria Municipal de Cooperação para Assuntos de Segurança Pública/Departamento Guarda Municipal

NUMERO DE OCORRÊNCIAS

ABELA 6.1.1 OCORRÊNCIAS POLICIAIS ATENDIDAS PELA GUARDA MUNICIAPAL EM FOZ DO GUAÇU - 1994-2004TI

da

Em relação à Policia Militar a análise será realizada em relação à quantidade

de pessoas detidas, aos atendimentos policiais e principais delitos levantados por

essa polícia em suas atividades no período de 1998 a 2004.

A tabela 6.2.1 mostra que em relação à quantidade de pessoas detidas pela

Polícia Militar a mesma evoluiu de 6.068 em 1998 para 570 em 2004, ocorrendo uma

redução sensível na quantidade de pessoas detidas. O que se questiona qual o

motivo de haver uma redução tão grande nesse número, quando se sabe que no

período ocorreu um aumento da marginalidade.

P

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

PFessoas Detidas 6.068 5.307 4.289 3.717 2.706 2.706 570

TABELA 6.2.1 PESSOAS DETIDAS PELO 14º BATALHÃO DE OLICIA MILITAR DE FOZ DO IGUAÇU - 1998-2004

onte: Polícia Militar, 14º Batalhão

82

Repetindo a mesma tendência apresentada pela tabela anterior, a tabela

6.2.2 ilustra os atendimentos policiais – ocorrências policiais, ocorrências sociais,

acidentes de trânsito e serviços policiais - realizados pelo 14o Batalhão de Policia

Militar durante 1998 a 2004. Mesmo que ocorram oscilações nos números, onde em

alguns anos ocorrem aumentos das ocorrências, a tendência no período todo é de

queda. O que está faltando, viaturas, pessoal, investimentos em infra-estrutura por

parte do estado do Paraná e do município?

Finalizando a análise sobre as ocorrências de responsabilidade da Polícia

Militar, a tabela 6.2.3 mostra os principais delitos por natureza do delito cobertos por

essa corporação policial.

Da referida tabela pode-se destacar: a) crescimento de homicídios, furtos a

residências e roubos de todo o tipo (residência, estabelecimentos e a veículos); e b)

redução de briga familiar (maus tratos), embriagues e outros delitos63. Desses

números, destacam-se furtos a residências que passam de 982 em 1998 para 1.239

em 2004, e roubos que passam de 706 em 1998 para 1.036 em 2004. Um outro

comportamento dos números que também se destaca é o crescimento anual de

homicídios (mortes) que passam de 99 em 1998 para 219 em 2004.

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004otal de Atendimentos 19.407 24.794 23.307 16.601 12.427 13.474 16.279correncias Policiais 13.752 16.781 15.575 13.405 8.566 9.462 12.503correncias Sociais 571 835 636 264 163 155 148cidente de Trânsito 2.719 3.129 2.945 2.828 2.148 1.961 2.314erviços Policiais 2.365 4.049 4.151 1.458 1.550 1.896 1.314onte: Policia Militar, 14º Batalhão

TABELA 6.2.2 ATENDIMENTOS POLICIAIS REALIZADOS PELA POLICIA LITAR EM FOZ DO IGUAÇU - 1998-2004

63 Inclui-se vários tipo de delitos em outros delitos, pois o volume de cada um deles era muito pequeno e tornava o tamanho da tabela muito grande, para incluir em uma página.

TOOASF

MI

83

DELITOS1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Homicídio 99 91 122 143 208 194 219Lesão Corporal 709 795 916 539 484 481 485Briga Família (Maus Tratos) 961 692 130 36 19 21 22Vias de Fatos (Brigas) 1.246 2.014 2.586 1.308 775 801 1.276Ameaça 810 1.212 1.067 539 403 473 480Danos 479 616 688 489 357 411 511Furtos 1.835 2.044 2.143 1.165 916 727 714Furto a Residências 982 1.320 1.344 1.453 1.002 1.222 1.239Furto a Estabelecimentos 545 493 537 733 443 678 473Furto a Veículos 411 478 507 393 339 260 504Roubos 706 1.141 1.198 1.102 1.155 935 1.036Roubo a Residências 128 159 142 255 255 168 281Roubo a Estabelecimentos 237 228 303 358 316 355 296Roubo a Veículos 127 142 191 154 150 207 377Tóxicos 198 266 205 153 120 158 175Falta de CNH 308 289 350 124 68 38 42Embriagues 1.049 997 689 145 67 56 50Outros Delitos(1) 8.577 11.817 11.553 7.512 1.489 2.277 4.323Total 19.407 24.794 24.671 16.601 8.566 9.462 12.503Fonte: Polícia Militar, 14º Batalhão

TABELA 6.2.3 PRINCIPAIS DELITOS POR NATUREZA DO DELITO COBERTOS PELA POLICIA MILITAR EM FOZ DO IGUAÇU - 1998-2004

NÚMERO DE DELITOS

NOTA: (1) representa, achado de cadáver, suicídio, violação do domicilio, calote, invasão de propriedade, perturbação de serviço, porte de arma, estupro, direção perigosa, contrabando/descaminho, desacato, comunicação falsa, disparo de arma de fogo, perturbação do sossego, recuperação de veiculos

84

As tabelas 6.3.1, 6.3.2, 6.3.3 e 6.3.4 a seguir ilustram uma parcela do que

representa aspectos das atividades ilícitas que ocorrem no município no que se refere

ao movimento dos fluxos de bens importados ilegalmente e do tráfico de entorpecentes.

A parcela relativa às apreensões realizadas pela Delegacia da Receita Federal de Foz

do Iguaçu em uma amostra de veículos que passam pela fiscalização da mesma na

Zona Primária (Ponte Internacional da Amizade e Ponte Presidente Garrastazu Médici)

e na Zona Secundária (todo o espaço fiscalizado, incluindo toda a cidade de Foz do

Iguaçu e o trecho da BR-277 entre Foz do Iguaçu e o posto da aduana brasileira em

Medianeira).

Em relação às tabelas 6.3.1 e 6.3.2 as mesmas mostram a evolução da

apreensão de mercadorias importadas ilegalmente do provenientes de Ciudad del Este,

incluindo as apreensões realizadas pela Policia Federal.

O que se percebe é o maior volume de apreensões localizasse na Zona Primária

e especificamente na Ponte Internacional da Amizade. O volume menor apresentado

pela tabela 6.3.2 referem-se a apreensões realizadas em hotéis onde os sacoleiros

ficam hospedados e no trajeto entre Foz do Iguaçu e a citada aduana brasileira em

Medianeira.

O que é interessante é que o volume de apreensões é crescente no período de

1995 a 2003, sendo que os dados fornecidos de 2004, tudo leva a crer que quando

foram fornecidos eram ainda preliminares.

85

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004Informática ... ... ... ... 8.899 49.356 4.256 7.292 2.513 2.705Eletrônicos ... ... ... ... 54.580 35.888 4.567 7.060 707 3.171Brinquedos ... ... ... ... 37.981 12.105 510 4.745 1.225 734Bebidas ... ... ... ... 38.285 17.101 3.188 1.679 591 709Cd Gravado ... ... ... ... ... ... ... ... 4.149 5.135Cd Virgem ... ... ... ... ... ... ... ... 670 2.308Cigarros ... ... ... ... 319.025 416.206 112.005 249.873 84.811 179.586Outras(PF) ... ... ... ... 104.455 155.176 15.260 33.451 9.761 9.187Veículos ... ... ... ... ... ... ... ... ... 700Total 17.602.439 8.420.755 10.728.826 9.158.612 616.295 893.920 578.567 733.120 981.908 654.190Fonte: Equipes da Delegacia Federal e da Polícia Federal

... Dado não disponível

TABELA 6.3.1 APREENSÕES DE MERCADORIAS REALIZADAS PELA DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL NA ZONA PRIMÁRIA, FOZ DO IGUAÇU 1995-2004

VALORES DAS MERCADORIAS EM DÓLARES AMERICANOS DE CADA ANO

NOTA: Zona Primária corresponde a Ponte da Amizade

86

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004Informática ... ... ... ... 57.788 75.417 329.156 98.283 191.742 105Eletrônicos ... ... ... ... 145.398 62.692 352.211 38.165 244.198 6.941Brinquedos ... ... ... ... 76.546 30.275 294.076 23.293 88.999 21.053Bebidas ... ... ... ... 72.610 12.540 47.923 2.343 9.240 ...Cd Gravado ... ... ... ... ... ... ... ... 6.971 ...Cd Virgem ... ... ... ... ... ... ... ... 43.827 ...Cigarros ... ... ... ... 715.740 143.776 1.198.041 ... 312.423 ...Outras(PF) ... ... ... ... 286.222 122.832 1.513.838 132.217 401.868 3.177Veículos ... ... ... ... ... ... ... ... 447.200 ...Total 21.940.632 21.098.767 22.240.443 20.426.953 1.354.304 447.532 3.735.214 294.301 1.746.468 31.276Fonte: Equipes da Delegacia Federal e da Polícia FederalNOTA: Zona Secundária corresponde as apreensões fora da Ponte da Amizade até o Posto de Medianeira, exclusive. ... Dado não disponível

TABELA 6.3.2 APREENSÕES DE MERCADORIAS REALIZADAS PELA DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL NA ZONA SECUNDÁRIA - FOZ DO IGUAÇU 1995-2004

VALORES DAS MERCADORIAS EM DÓLARES AMERICANOS DE CADA ANO

87

Pelas informações veiculadas na imprensa, mesmo que os contingentes de

fiscais, da Delegacia da Receita Federal e de policiais da Policia Federal, sejam ainda

em um número menor que o necessário para a efetiva fiscalização, do contrabando e

do descaminho realmente ocorrido, o volume de mercadorias apreendidas mostra que o

efeito real desses fluxos de mercadorias pode estar tirando emprego de muitos

brasileiros que trabalham no setor formal do mercado de trabalho onde estão

localizadas as indústrias nacionais e estrangeiras localizadas no território brasileiro,

expondo também muitos brasileiros com ou sem opção de sobrevivência nas grandes

capitais e cidades médias, às situações constrangedoras nas várias apreensões

ocorridas.

Isso mostra a necessidade de Foz do Iguaçu e suas lideranças repensarem o

futuro do desenvolvimento sócio-econômico amparado em atividades econômicas que

tragam mais turistas estrangeiros e brasileiros, que venham apreciar as amenidades

ambientais (recreações e serviços ambientais prestados junto aos bens ambientais

contidos dentro e fora do Parque Nacional do Iguaçu)64.

E a necessidade de repensarem e reconstruírem novas vocações econômicas (p.

ex. a instalação de indústrias não poluentes) que agregadas à vocação natural do

turismo ecológico, assim possam aumentar a renda e a qualidade de vida dos

moradores de Foz Iguaçu e cidades do entorno imediato do município.

64 Se forem incluídas na análise as tendências globais da atual crise ambiental global (efeito estufa, degelo das calotas polares, redução da camada de ozônio, etc), necessariamente muitas pessoas refletirão até quando os brasileiros e outros povos poderão desfrutar de tais amenidades ambientais. Um dos efeitos previstos pelo cientistas é que o continuo degelo das calotas polares elevarão aproximadamente em 70 metros o nível dos mares em 50 anos. Se isso realmente vira a acontecer essas águas poderão chegar pela bacia platina até Foz do Iguaçu pelo Rio Paraná, subindo os acidentes geográficos como fazem os peixes para desovar.

88

O contrabando, o tráfico e o descaminho é apenas uma das dimensões das

atividades ilícitas praticadas, a tabela 6.3.3 a seguir mostra a quantidade de veículos

que eram usados nessas atividades.

89

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004Automóvel 91 89 93 47 72 92 47 34 27 48Caminhão 17 21 24 5 2 10 3 - - 1Onibus 16 25 10 4 12 12 7 7 46 386Motocicleta 23 3 4 5 14 10 4 4 17 18Caminhonete ... ... ... ... ... 79 32 9 - 3Outros(¹) ... ... ... ... ... ... 46 20 63 408Total 147 138 131 61 100 203 139 74 153 864

NOTA: (¹) Agrupam-se os dados de Trator, Carreta e Cavalo ... Dado não disponivel

TABELA 6.3.3 APREENSÕES DE VEÍCULOS - FOZ DO IGUAÇU - 1995-2004NÚMERO DE APREENSÕESVEÍCULOS

FONTE: Delegacia da Receita Federal

90

A tabela anteriormente citada mostra que tendencialmente que reduzem-se o

volume de automóveis, caminhões e caminhonetes apreendidas no período de 1995

(91,17 e 7965) e 2004 (48, 1 e 3). Mostra também que tem aumentado a quantidade

ônibus e motocicletas, apreendidos entre 1995 (91 e 16) e 2004 (386 e 18). Isso

pode estar mostrando que uma boa parte dessas atividades ilícitas estão sendo

realizadas utilizando mais ônibus e motocicletas.

Os dados sobre apreensões realizadas pela Delegacia da Receita Federal

mostram que uma boa parte das pessoas que trabalham em Foz do Iguaçu dando

suporte aos sacoleiros são do município e de outras cidades do trajeto Foz do

Iguaçu a Medianeira. Uma parte dessas pessoas trabalham no transporte de

sacoleiros entre Ciudad del Este e Foz e outros locais até Medianeira.

E de novo pensando em alternativas é necessário que, as lideranças das

cidades que estão no trajeto de Foz do Iguaçu a Medianeira e de Foz a Guaíra,

pensem e discutam com a sociedade regional, alternativas legais e lícitas que

reempreguem esse contingente populacional em projetos de desenvolvimento

amparados em novas vocações de desenvolvimento regional, pois os problemas que

ocorre em Foz do Iguaçu não são problemas locais e sim regionais pois envolvem

pessoas e cidades de boa parte da mesorregião Oeste do Paraná.

O Brasil possui muitas experiências exitosas em termos de planejamento

participativo e da implantação participativa de políticas de desenvolvimento regional

e local, para citar apenas uma delas menciona-se a da Câmara Regional do ABC,

que mesmo tendo uma história própria e a criação de uma cultura participativa com

forte densidade institucional, passou por um processo de desindustrialização e

reestruturação das atividades econômicas amparadas largamente no setor de

serviços. Uma das cidades que fazem parte desse contexto regional citado é a

65 Valor referente ao ano de 2000.

91

cidade de Santo André a qual possui os melhores índices de desenvolvimento sócio-

econômico local do Brasil.

92

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004Lança Perfume 2.456 7.192 5.565 15.503 4.564 3.834 1.720 631 611 2.030Maconha (g) 164.035 447.360 1.059.760 331.700 758.480 1.209.425 1.044 997,56 314,04 2.171,68Cocaína (g) 18.400 9.060 7.370 6.220 482 17.450 - 20.045 19.929 19.471Haxixe (g) ... ... ... ... ... 220 784 665 - 5Crack em Pedra ... ... ... ... 3.000 3.910 - 650 - 23,02Armas ... ... ... ... ... ... 2 - 29 2Munições (cx) ... ... ... ... ... ... 13 1.172 2.777 1.664

TABELA 6.3.4 APREENSÃO DE ENTORPECENTES - FOZ DO IGUAÇU - 1995-2004

NOTA: - Dado numérico igual a zero, não resultante de arredondamento ... Dado não disponivel

ENTORPECENTES NÚMERO DE APREENSÕES

Fonte: Delegacia da Receita Federal

93

E finalizando essa seção a tabela 6.3.4 traz o volume dos fluxos de

entorpecentes que passam e são apreendidos na Zona Primária e Secundária da

Delegacia da Receita Federal de Foz do Iguaçu.

A citada tabela ilustra que a maior parte das apreensões de entorpecentes

referem-se à maconha e à cocaína, pois essas drogas são as campeãs em termos de

apreensões. Mostra também que munições de armas algumas delas de uso das forças

armadas vem crescendo muito.

O problema do tráfico da droga nessas fronteiras é antigo e requer dentre outras

ações uma política de melhor gestão das fronteiras por conta do governo federal, uma

política educacional que acabe com o analfabetismo e uma política de emprego e renda

que reduza sensivelmente as atividades informais no país.

Porém nada disso pode funcionar se a implementação de tais políticas não

envolverem governo federal, governo do Estado do Paraná e municípios que estão no

entorno de Foz do Iguaçu incluindo nesse esforço as lideranças políticas, econômicas e

sociais do município de Foz do Iguaçu.

94

7 A EVOLUÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A importância de se utilizar o setor da construção civil em uma análise de

conjuntura refere-se à importância que esse setor industrial tem em uma recuperação

econômica ao longo do ciclo econômico de um país.

Com a vinda de John Maynard Keynes, as relações entre gastos na construção

civil e sua influência no acionamento da demanda de insumos, bens e serviços nas

outras indústrias e empresas, a partir dos estudos de Khan, economista do circulo

imediato de Keynes da Universidade de Cambridge na Inglaterra, desaguou na

construção do multiplicador keynesiano, item de suma importância da análise

macroeconômica contemporânea.

Porém uma das dificuldades encontradas ao se analisar a conjuntura econômica

em uma cidade é achar informações estatísticas dos investimentos realizados pelos

empresários da construção civil. Todos os sítios dos vários sinduscons na Internet

consultados nesse trabalho, da cidade de São Paulo à de Cascavel, mostrou que no

máximo eles possuem informações estatísticas necessárias à condução de seus

negócios, como por exemplo séries estatísticas de salários das profissões que

trabalham nesse setor, de determinados curtos que são necessários para a elaboração

de orçamentos de obras em concorrências, e outras informações estatísticas de uso

generalizado por esses empresários.

Para uma análise mais profunda do setor da construção em cidades industriais

seriam necessárias informações complementares somente existentes nos governos

estaduais e nas prefeituras, quando os mesmos são organizados do ponto de vista de

suas informações gerenciais e sócio-econômicas.

95

Uma das alternativas que restam é a utilização das estatísticas de emissões de

guias de alvarás de construção e de cartas de habitação (habite-se), como informações

indiretas que podem mostrar a tendência e a intenção de construir habitações e imóveis

para a instalação de empresas.

Nessa seção serão utilizados relatórios gerenciais de emissão de guias de

alvarás de construção e “habite-ses” fornecidos pela Secretaria Municipal de Obras de

Foz do Iguaçu66.

Dos relatórios recebidos, separou a evolução das emissões de guias já

mencionadas e das informações de áreas de construção declaradas nesses

documentos.

Tendo o setor da construção civil como indicador da tendência de urbanização e

crescimento do município de Foz do Iguaçu, o gráfico 6.1 a seguir apresenta a

evolução da quantidade dos alvarás de construção e dos habite-se emitidos pela

Secretaria Municipal de Obras de Foz do Iguaçu no período de 1990 a 2004.

Tais números mostram a intenção das pessoas e das empresas edificarem

novas construções para fins de moradias e operação das várias atividades econômicas

que a cidade possui.

Uma tendência interessante é a apresentada é a da quantidade de alvarás de

construção que apresenta um crescimento entre 1990 (808) e 1996 (1769) e uma

inflexão a partir de 1997 (1595) que mantém-se até 2004 (602). O mais interessante é

que o comportamento acima mencionado pode estar confirmando a tendência da

redução da atividade econômica no município.

66 Convém lembrar que a análise aqui desenvolvida não necessariamente avalia a qualidade do sistema de informações utilizado. A qualidade desses números depende do tipo de fiscalização da Secretaria Municipal de Obra e da utilidades dos mesmos na gestão pública.

96

Um outro comportamento que o referido gráfico apresenta é que há um

descompasso entre quantidade de emissões de habite-se e alvará de construção. A

quantidade de emissões de habite-se é muito menor que a de alvarás de construção.

Percebe-se também que os movimentos entre as duas séries apresentam um

comportamento diferente. Há uma visível redução da quantidade de emissões de

habite-se entre 1990 (808) e 1996 (163) e um crescimento entre 1997 (246) e 2000

(329) para depois uma nova queda entre 2001(212) a 2004 (195).

97

GRÁFICO 6.1 EMISSÕES DE ALVARÁS DE CONSTRUÇÃO E DE HABITE-SES EM FOZ DO IGUAÇU 1990/2004

808

717

651 74

3

961

1060

1769

1595

1327

939

891

781 809

565 60

2

334

233

217

182

164

168

163 24

6 318

326

329

212 27

0

198

195

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Quantidade de Alvarás Quantidade de Habite-se2 por méd móv (Quantidade de Alvarás) 2 por méd móv (Quantidade de Habite-se)

Fonte: PMFI/Secretaria Municipal de Obras

98

Se a evolução do número das emissões de alvará de construção e de habite-

se mostra a tendência da construção civil no município de Foz do Iguaçu, a evolução

do volume das áreas declaradas dos dois tipos de documentos ilustra a intensidade

da tendência da construção civil. O gráfico 6.2 objetiva justamente apresentar como

evolui a intensidade da intenção de quanto construir.

Observando o volume das áreas declaradas nos alvarás de construção

verifica-se que ocorreu um aumento durante os anos de 1990(330.285,4) e 1991

(561.796,31) para daí em diante uma tendência de queda se firmar durante 1992

(440.736,48) e 2004 (184.036,82).

Um aspecto interessante observado é que existe uma relação entre a

evolução das áreas declaradas de alvarás e habite-ses, mesmo que o volume das

áreas declaradas dos habite-ses seja bem menor. É a tendência de redução nas

áreas declaradas que passam de 160.980,03 em 1990 para 561.796,31 em 1991 e

reduzindo-se durante o período de 1992 (129.173,54) a 2004 (55.526,10).

Um comentário aqui é necessário após a análise dessas tendências. É o caso

de a economia de Foz do Iguaçu ser muito especializada no setor de serviços. O

efeito multiplicador do acionamento das atividades da construção civil

necessariamente deve passar induzindo inicialmente empresas e criando empregos

em Foz do Iguaçu, e/ou induzindo a criação de pequenas e médias empresas locais

que possam vir a produzir e fornecer insumos para um esforço de construção dentre

outras coisas, baseado em uma política habitacional para um contigente muito

grande de famílias, residentes em favelas urbanizadas e não urbanizadas.

99

GRÁFICO 6.2 EVOLUÇÃO DAS ÁREAS DECLARADAS (m2) EM ALVARÁS DE CONSTRUÇÃO E CARTAS DE HABITAÇÃO EM FOZ DO IGUAÇU 1990/2004

330.

285,

54

561.

796,

31

440.

736,

48

317.

520,

51

425.

224,

48

373.

673,

29

356.

999,

26

228.

361,

74

199.

348,

89

173.

122,

59

274.

212,

27

174.

982,

54

140.

034,

40

118.

030,

41 184.

036,

82

160.

980,

03

253.

047,

54

129.

173,

54

12.7

79,3

0

148.

019,

56

140.

219,

75

82.3

26,2

6 145.

570,

33

132.

259,

40

117.

695,

33

110.

194,

20

71.8

30,1

3

99.6

25,2

8

52.6

14,9

6

55.5

26,1

0

0,00

100.000,00

200.000,00

300.000,00

400.000,00

500.000,00

600.000,00

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Alvarás Cartas de habitação 2 por. méd. móv. (Alvarás) 2 por. méd. móv. (Cartas de habitação)

Fonte: PMFI/Secretaria Municipal de Obras

100

8 O SETOR BANCÁRIO

Em uma cidade uma das formas de se ver a capacidade da sociedade da mesma

mobilizar poupança comunitária é analisando as estatísticas do estoque de moeda por

tipos de depósito no setor bancário municipal.

Esta seção procurará analisar como evolui o estoque de moeda por tipo de

depósito nas agências bancárias de Foz do Iguaçu no período de 1988 a 2003.

Desde que foram recebidas as informações do Banco Central, procurou verificar

a melhor forma de apresentar as informações dado que eram referentes ao estoque de

moeda em alguns momentos em fim de mês, em outros momentos em fim de trimestre.

Visando facilitar análise decidiu-se utilizar os dados de estoque de moeda em fins de

período (por exemplo em dezembro de cada ano).

Uma outra preocupação referiu-se em não deflacionar tais informações, pois da

maneira que elas forma agregadas (por município) poderia introduzir distorções na

análise. As cifras de depósitos estão sendo apresentadas na moeda corrente que

estavam no período que foram coletadas.

Após agrupar as informações em fim de ano durante o período de 1988 a 2003,

procurou verificar a maneira de apresentar tais dados. Em uma primeira abordagem

percebeu-se que o gráfico de linhas mostrou que as estatísticas de depósitos referentes

a dezembro de 1992 apresentaram uma variação muito grande em relação à variação

ocorridas nos outros anos da série. Consultando a divisão do Banco Central que

forneceu os dados estatísticos sobre tal variação, a resposta recebida explica em

estando os dados em cada ano na moeda corrente da época, o que ocorreu foi que

entre 1991 e 1992 a TR (Taxa Referencial) que regulava contratos na época variou

101

aproximadamente 1.500% e a moeda era a mesma – Cruzeiro. Em 1993 passou a ser o

Cruzeiro Real. Por isso houve uma variação tão grande verificada.

Em função das dificuldades em analisar as informações estatísticas de depósitos

bancários com os problemas anteriormente citados, procurou-se apresentá-las em

tabela com as cifras originais, isto é, em valores absolutos, e tabela com valores

relativos em participação percentual de cada tipo de depósito sobre os depósitos totais.

Acompanhando cada tabela colocou-se um gráfico apresentando a participação

percentual dos valores absolutos e um gráfico que trouxesse a evolução percentual de

alguns tipos de depósitos.

Para entender as estatísticas analisadas é necessário explicar o que

compreende o conceito de cada um dos tipos de depósitos a serem analisados. Os

tipos de depósitos analisados são seis, os quais são definidos a seguir:

a) aplicações: referem-se a operações de crédito (p. ex. empréstimos e títulos

descontados, financiamentos e outros tipos de crédito);

b) depósitos à vista governo: referem-se a recursos relacionados a serviços públicos

e atividades empresariais estatais;

c) depósitos à vista privado: são depósitos de pessoas físicas, jurídicas,

obrigatórios, vinculados. Judiciais até julho de 2000 e demais depósitos;

d) poupança: depósitos de poupança captados pelas agências bancárias de todos os

depositantes que querem abrir um caderneta de poupança;

e) depósitos à prazo: depósitos a prazo captados pelas agencias bancárias, como por

exemplo, CDB, RDB, e outros tipos de depósitos à prazo;

f) obrigações por recebimento: inclui IOF (imposto sobre operações financeiras),

contribuição sindical, contribuições providenciarias, tributos federais, tributos

102

estaduais, FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e Proagro (adicional e

multas).

A tabela 8.1 a seguir mostra a evolução dos estoques de moeda nas agências

bancárias de Foz do Iguaçu no período de 1988 a 2003. Ao se comparar o volume de

depósito por tipo de depósito, entre anos de 1988 e 2003, procurando conhecer a

evolução percentual entre o início e fim da série utilizada, observa-se que houve uma

redução sensível do estoque de moeda para aplicações (-98,44%), depósitos à vista

governo (-98,59), depósitos à vista privado (-99,13%), poupança (-97,01%), depósito à

prazo (-44,15%) e obrigação por recebimento (-100,00%).

Em parte essa redução está relacionada aos efeitos das várias reformas

monetárias vinculadas aos vários planos de estabilização monetária do Cruzado ao

Real, onde foram feitos vários cortes de zeros nos volumes das milhares de cada

moeda.

Mesmo assim tais informações serão de muita utilidade para os vários bancos e

instituições assemelhadas - como por exemplo cooperativa de crédito - que possuem

agências no município, pois permitem visualizar os estoques totais de moeda. Cada

agência poderá calcular qual a sua participação nesse estoque total e assim saber a

sua participação no mercado financeiro de Foz do Iguaçu e assim saber qual política de

competividade pode adotar para aumentar o seu market-share (participação de

mercado).

Por outro lado, os estoques de moeda por tipo de depósito, pode mostrar às

lideranças econômicas, sociais e políticas da cidade, qual a evolução dos esforços de

poupança comunitária e assim procurar promover a utilização dessa poupança

comunitária nos projetos de novos empreendimentos inovadores que gerem emprego e

renda.

103

continua

1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994Aplicações 841660052145 23717104248 261924911205 1838370715137 28939062003097 1297049197829 6666655775Depositos à vista governo 19190820337 480744203 8432114465 52965958418 86993712141 5600477789 75870780Depósitos à vista privado 506022052841 4936649589 169679772143 626638735325 6982969211588 148051077407 1743929476Poupança 425149657513 5574002786 37093027968 275077534639 8247854144015 363258863666 2127095552Depósito à prazo 28445817321 2107439640 16186106185 374214921292 8505139608159 276391117718 1416162974Obrigações por recebimento 82802729501 854593034 3411050852 6399142584 281318640623 743968953 53572097

VALORES EM MOEDA CORRENTE DA ÉPOCA1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Aplicações 12139676563 19902436860 24879745201 17613438735 13913843752 19841120389 7602244520Depositos à vista governo 124576680 205711099 246839947 178906079 191015832 661060712 152745588Depósitos à vista privado 2083647898 2715011216 3039980954 2741886951 2870219064 3395766949 1365871984Poupança 4182391193 4412402475 6460592517 6749428797 7305552746 8246528916 7649493747Depósito à prazo 2048295291 2361370403 2394017003 6574502644 8495212369 8597719785 6897003958Obrigações por recebimento 10944307 536350581 75636807 18429344 7182514 5681617 757391

conclusão2002 2003

Aplicações 8042531186 13122966154Depositos à vista governo 238560545 270491877Depósitos à vista privado 3781600259 4425546651Poupança 11258926135 12728828442Depósito à prazo 9759540289 15885806999Obrigações por recebimento 7759887 3347104Fonte: Banco Central do Brasil/Decad/Deinfo

VALORES EM MOEDA CORRENTE DA ÉPOCA

TABELA 8.1 MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE FOZ DO IGUAÇU - 1988-2003

104

Uma das formas de se conhecer a evolução dos estoques de moeda das

agências bancárias está ilustrada pelo gráfico 8.1 o qual apresenta a sua posição em

termos percentuais no total dos estoques de moeda.

Em termos de participação em relação ao estoque total de moeda, destacam-se

as aplicações (operações de crédito p. ex. empréstimos e títulos descontados,

financiamentos e outros tipos de crédito) que no período crescem de 40% em 1988

para um pouco mais de 80% em 1997 e decaem para um pouco mais de 20% em 2003.

Outros tipos de depósito que se destacam em termos de participação em relação

do estoque total de moeda são os depósitos a prazo (CDB, RDB, e outros tipos de

depósitos à prazo) e a poupança (depósitos de poupança captados pelas agências

bancárias de todos os depositantes que querem abrir um caderneta de poupança) que

comparados com depósitos à vista privado (são depósitos de pessoas físicas, jurídicas,

obrigatórios, vinculados, judiciais até julho de 2000 e demais depósitos) apresentam um

comportamento assimétrico, isto é enquanto que no início do período (1988), a segunda

maior participação sobre o estoque total era a dos depósitos à vista privado, a

poupança e os depósitos a prazo são menos representativos. Gradativamente crescem

de importância a poupança (esta mais representativa) e os depósitos à prazo até o fim

do período(2003).

75

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

GRÁFICO 8.1 MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE FOZ DO IGUAÇU - 1988-2003

Aplicações Depositos à vista governo Depósitos à vista privado Poupança Depósito à prazo Obrigações por recebimento

Fonte: Tabela 8.1.

106

O gráfico 8.2 ilustra a seguir destacar a evolução relativa (percentual) de

selecionados tipos de depósitos. Referem-se basicamente ao comportamento

assimétrico entre aplicações, depósitos à prazo e depósitos de poupança.

Os estoques de moeda referentes às aplicações (operações de crédito) no

período analisado passam de 44,22% (1988) para 67,07% em 1997 para terem uma

redução na participação percentual de 48,69% (2000) e 28,26% em 2003. Tal

comportamento pode estar mostrando uma mudança na tendência de pessoas físicas e

jurídicas reduzirem a tomada de financiamento para todos os fins. Pode representar

também uma tendência recessiva no que toca à redução do financiamento de vendas

de bens e serviços em Foz do Iguaçu.

Por outro lado, provavelmente como uma tendência de tomada de precaução

ante a um comportamento recessivo, de crise ou dificuldades, cresceram de

participação os estoques de moeda relativos aos depósitos de poupança e aos

depósitos à prazo. Keynes em seu livro Teoria Geral do Emprego, do Juro e da

Moeda67, ao estudar os fatores subjetivos da propensão a consumir identifica quatro

motivos dos indivíduos para guardar recursos financeiros líquidos:

a) o motivo de empresa: manter ou conseguir recursos para realizar um novo

investimento de capital sem contrair dívidas;

b) o motivo de liquidez: manter recursos líquidos para enfrentar as emergências,

dificuldades e crises;

c) o motivo de melhoria: visando manter um aumento gradual de renda que isentará os

dirigentes de crítica, haja visto que no aumento de rendas é difícil distinguir em tal

aumento o que resulta de acumulação do que provém da eficiência; e

67 KEYNES, John Maynard. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo: Atlas, 1982. p. 97.

107

d) o motivo da prudência financeira: visando sentir-se seguro à liquidação de débitos e

da amortização de financiamento em investimento de capital.

Como prováveis resultantes desses motivos ou de motivos assemelhados os

depósitos a prazo cresceram de 1,49% em 1988 para 16,03% em 1992, para

reduzirem-se para 6,45% em 1997 e crescerem novamente em 25,91% em 1999 e

34,31% em 2003.

Por outro lado, os depósitos de poupança em um primeiro momento

apresentaram uma queda entre 1988 (22,34%) e 1990 (7,44%) para posteriormente

crescerem entre 2001 (32,32%) e 2003 (27,41%).

73

G rá fic o 8 .2 M O VIM E NT A Ç Ã O B A NC Á R IA E M % D E F O Z D O IG UA Ç U - 1 9 8 8 -2 0 0 3

4 4 ,2 2

6 2 ,9 65 7 ,9 3

6 2 ,0 35 8 ,9 6

6 7 ,0 7

4 8 ,6 9

2 2 ,3 4

7 ,4 7

2 0 ,3 12 9 ,1 4

2 8 ,2 6

1 5 ,5 5 2 7 ,4 1

3 2 ,3 2

2 2 ,2 8

3 4 ,2 1

2 5 ,9 1

1 ,4 91 6 ,0 3

6 ,4 50 ,0 0

1 0 ,0 0

2 0 ,0 0

3 0 ,0 0

4 0 ,0 0

5 0 ,0 0

6 0 ,0 0

7 0 ,0 0

8 0 ,0 0

1 9 8 8 1 9 8 9 1 9 9 0 1 9 9 1 1 9 9 2 1 9 9 3 1 9 9 4 1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3

A p lic a ç õ e s P o up a nça D e p ó s ito à p ra zo

Fonte: Tabela 8.1

109

9 O SETOR PÚBLICO – O GRAU DE DEPENDÊNCIA DE SUAS FINANÇAS: 1989-

200468

A análise do grau de dependência da finanças públicas municipais de Foz do

Iguaçu se ampara no seguinte conjunto de indicadores: a) grau de dependência de

transferências; b) grau de dependência de empréstimos; c) geração de recursos

próprios; d) participação das despesas correntes; e) participação das despesas de

capital.

A condição das finanças públicas municipais de Foz do Iguaçu mostra o

seguinte quadro no período de 1989 a 2004:

a) acentuado grau de dependência de transferências primeiro do governo do estado

do Paraná, segundo da Itaipu e em terceiro do governo federal;

b) como conseqüência da situação anterior uma redução da performance

arrecadatória de receitas tributárias próprias, como IPTU, ISSQN, ITBI e taxas

municipais;

c) redução na participação das despesas de capital, isto quer dizer, redução dos

investimentos na planta de capital, isto é, na infra-estrutura urbana de Foz do

Iguaçu.

A tabela 9.1 mostra os indicadores do grau de dependência das finanças

públicas. O grau de dependência de transferências é o indicador que mais cresce

passando de 51,03 em 1989 para 67,23 em 2004. Tudo leva a crer que a cidade por

outro lado por depender muito de transferências dos governos estadual e federal irá

apresentar um baixo grau de dependência de empréstimos, o qual passa de 0,04 em

1989 para 2,58 em 2004. Com um resultado do alto grau de dependência de

transferências, pode-se levantar a hipótese de que os vários administradores que

passaram pela prefeitura não se preocuparam em melhorar a capacidade de

68 Utilizou-se o mesmo texto constante no item 2.3 em ACIFI. A participaçãodos impostos das receitas públicas municipais de Foz do Iguaçu: 1989-2004. Foz do Iguaçu: ACIFI, 2005. p. 25-29.

110

arrecadação própria, o indicador de geração de recursos próprios cai de 37,11 em

1989 para 15,60 em 2004.

28

1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004Grau de Dependência de Transferências 51,03 48,82 45,42 50,43 49,96 52,41 50,83 49,63 49,34 53,37 54,50 55,93 54,64 68,19 66,09 67,23

Grau de Dependência de Empréstimos 0,04 - 1,36 1,88 1,51 1,38 3,28 - 0,88 0,60 3,01 3,61 1,30 2,76 1,54 2,58

Geração de Recursos Próprios 37,11 44,79 35,87 24,69 14,67 19,84 22,75 19,66 18,51 15,49 10,31 11,61 10,47 12,88 15,11 15,60Participação das Despesas Correntes 0,05 - 1,82 1,96 2,15 1,63 4,49 - 1,00 0,65 3,46 4,14 1,50 3,40 1,75 3,19Participação das Despesas de Capital 21,78 25,09 24,84 25,95 31,07 46,08 24,55 22,04 10,07 9,70 11,26 12,18 14,04 14,15 11,42 12,77

Nota:

TABELA 9.1 INDICADORES DE GRAU DE DEPENDÊNCIA DAS FINANÇAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE FOZ DO IGUAÇU - 1989-2004INDICADORES DO GRAU DE DEPENDÊNCIA (EM %)

- Valor igual a zero não resultante de arredondamento

Fonte: ACIFI. Participação dos impostos nas receitas públicas municipais de Foz do Iguaçu: 1989-2004. Foz do Iguaçu: ACIFI, 2005. p. 27, Tabela 2.3.1.

112

O gráfico 9.1 apresenta como tais indicadores podem evoluir em termos de

curvas e visualizar as diferenças de comportamento das várias curvas.

Em relação ao grau de dependência de transferências intergovernamentais

(Cota parte ICMS, IPVA, FPM) e de royalties da ITAIPU (energia elétrica), pode-se

levantar como hipótese que desde a gestão Álvaro Neuman, o mesmo fez com que

os gestores municipais deixassem de lado os esforços necessários para a ampliação

da arrecadação de tributos municipais (IPTU, ISSQN).

A redução de despesas de capital mostra que desde a citada gestão não se

investe na planta de capital da cidade, o que se pode levantar como hipótese é que:

“o não investimento na planta da cidade pode estar contribuindo para a

desvalorização dos ativos que as empresas e as famílias já tem na cidade

(imóveis)”.

Secundariamente e como uma decorrência é que a redução da despesa de

capital pode também não ajudar a atrair investimentos empresariais, porque antes

de ser uma cidade para se ganhar dinheiro o município precisa ser uma cidade

bonita do ponto de vista paisagístico, funcional do ponto de vista urbanístico, com

baixo custo de locomoção para se viver bem e com segurança.

Por outro lado, a cidade apresenta um aspecto favorável, isto é, ela tem um

nível mínimo de dependências de empréstimos. Porém se os seus administradores

não sabem aproveitar esse ponto favorável não conseguem transformá-la no médio

e longo prazo em uma cidade boa para se viver.

Uma das alternativas é tornar a gestão transparente e promover a

participação da sociedade civil organizada e não-organizada na gestão da cidade

em todas as suas dimensões: social, econômica, cultural, política, ambiental,

geográfica, urbana, rural.

72

GRÁFICO 9.1 - INDICADORES DE GRAU DE DEPENDÊNCIA DAS FINANÇAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE FOZ DO IGUAÇU 1989/2004 (EM %)

51,03

45,42

52,4149,34

55,93

68,19 67,23

37,11

24,69

19,66

25,9522,04

11,26

10,31

19,8415,60

21,78

46,08

12,77

-10,00

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Grau de Dependência de Transferências Grau de Dependência de EmpréstimosGeração de Recursos Próprios Participação das Despesas CorrentesParticipação das Despesas de Capital

Grau de dependência de transferências

Geração de recursos próprios

Participação das despesas de capital

Participação das despesas correntes Grau de dependência de empréstimos

ALVARO NEUMANN: 1989-1992 DOBRANDINO DA SILVA 1993-1996 HARRY DAYJÓ 1997-2000 SAMIS DA SILVA 2001-2004

Fonte: ACIFI. Op. cit. p. 29, Gráfico 2.3.1.

114

OBSERVAÇÕES FINAIS

Este relatório aqui concluído, teve como objetivo atender os propósitos do

planejamento estratégico da ACIFI – Associação Comercial e Industrial de Foz do

Iguaçu – Gestão 2004-2005.

O objeto da pesquisa que é ponto final, teve como meta conhecer a

conjuntura econômica de Foz do Iguaçu relativamente aos aspectos da produção,

emprego e energia, situação sócio-econômica da população residente, da situação

da educação, da segurança, da evolução da construção civil, do setor bancário e do

setor público.

Para atender tais objetivos, a problemática desenvolvida para a definição da

delimitação do estudo esteve relacionada as questões que procurassem saber qual

o comportamento do PIB municipal, do setor formal do mercado de trabalho, do

consumo de energia elétrica, do consumo de combustíveis derivados de petróleo, da

evolução da frota de veículos automotores, da evolução da população residente e de

sua situação sócio-econômica, da evolução dos alunos matriculados, da evolução da

construção civil, dos estoques de moeda nas agências bancárias e do

comportamento do grau de dependência das finanças do setor público municipal, no

período de 1990 a 2004.

A metodologia utilizada procurou emular os estudos de conjuntura econômica

desenvolvidos nos grandes centros, mas com a disponibilidade de informação

estatística possível de acesso no interior do estado do Paraná. Procurou-se em

comum acordo com a diretoria buscar as estatísticas que pudessem retratar a

realidade municipal..

Para atender os objetivos, a problemática e a metodologia proposta, esse

relatório apresentou os resultados em nove partes. Uma parte introdutória e oito

outras seções que cuidaram de apresentar a conjuntura econômica do município.

115

Nessa seqüência, as observações finais recuperará os pontos principais de

todo o trabalho e os aspectos problemáticos que precisarão ser resolvidos a médio e

longo prazo pelo município.

Em relação à sua formação sócio econômica e configuração espacial

resultante, as mudanças econômicas trouxeram um aumento das atividades

informais e de economia subterrânea, do desemprego, do processo de ocupação

irregular de áreas verdes na cidade e de construção de domicílios sub-normais em

favelas por toda a área do município.

Em relação ao comportamento do PIB municipal mesmo que contabilmente a

produção de energia elétrica não represente necessariamente riqueza apropriada

pelo município, a dinâmica da economia de Foz do Iguaçu está mais relacionada ao

comportamento do setor de serviços o qual teve um pequeno crescimento para

depois reduzir a expansão.

Quanto ao comportamento do emprego e renda do setor formal do mercado

de trabalho, pode-se afirmar quanto ao estoque de emprego no período analisado

que os setores mais impactados da cidade como comércio atacadista, setor

financeiro, imobiliárias e hotéis tiveram seus estoques de emprego reduzidos ao

longo dos anos observados. Os setores que conseguiram manter e aumentar os

estoques de emprego foram o comércio varejista, transporte e comunicação, a

administração pública e autárquica, o setor educacional e os serviços médico-

odonto-veterinários.

Em relação à renda do setor formal, pode-se confirmar que em alguns

setores, a massa salarial real reduziu-se (construção civil, comércio atacadista,

instituições de crédito, seguro e capitalização, imobiliárias e hotéis). Por outro lado, a

administração pública, os serviços industriais de utilidade pública, os setores de

transportes e comunicação, de ensino, os serviços médico-odonto-veterinários e o

comércio varejista, tiveram de forma diferenciada um aumento considerável.

Os maiores consumidores de energia elétrica no período foram os

consumidores residenciais, os comerciais no topo da lista e em um menor nível, a

116

iluminação pública, os poderes públicos e o serviço público. Em termos de

quantidade de consumidores se destacam os consumidores residenciais e

comerciais seguidos também em um nível bem menor os consumidores industriais, e

rurais.

Como os números indicaram a tendência no período quanto ao consumo de

combustíveis derivados de petróleo, foi de queda em quase todos os combustíveis

(óleo diesel, GLP, álcool hidratado e querosene de aviação). O único que manteve o

crescimento no consumo foi a gasolina automotiva. Como os combustíveis derivados

de petróleo são um dos insumos principais para um grande conjunto de atividades

econômicas de Foz do Iguaçu, entende-se que a redução no consumo da maioria

deles pode estar mostrando que o município esteja em tendência recessiva no

período analisado.

A confirmação parcial da tendência anteriormente assinalada pode ser

confirmada pela evolução observada da frota de veículos registrada no DETRAN,

nela o automóvel foi o rei do crescimento seguido pelos seus súditos menores, a

motocicleta, a camioneta, o caminhão e a motoneta. Observe-se que a evolução da

frota de caminhão cresceu muito pouco, e isso pode configurar uma redução da

atividade econômica dos setores que usam muito esse insumo de produção.

Quanto a evolução demográfica e a participação estrangeira na população

total, percebe-se que a população total tende ao limite da duplicação no período,

apresentando também um pequena participação da população estrangeira na

população total.

O que mais impressionou na situação sócio-econômica da população

residente de Foz do Iguaçu foi que mesmo apresentando um IDH-M de nível médio

em relação ao desenvolvimento humano (principalmente pelo crescimento da

escolaridade e da melhoria dos indicadores de qualidade de vida), o município no

período pessoas com as características de analfabetos funcionais (pequena

quantidade de anos de estudo, pessoas que sabem ler, mas não sabem escrever ou

que sabem ler e não sabem interpretar ou não gostam de ler), trazendo problemas

117

sérios de aprendizagem para o nível universitário. Percebeu também que reduziu a

renda proveniente do trabalho para a população da cidade, mesmo tendo um

pequeno crescimento na sua renda percapita. Porém o que mais chamou a atenção

foi a manutenção de uma alta concentração de renda entre pobres e ricos e por

conseguinte um aumento consecutivo nos índices de pobreza e indigência.

Os resultados da dimensão nova da economia da cidade – o setor

educacional privado – mostram que houve um crescimento acentuado de alunos

matriculados em cursos de Administração com várias ênfases, de Direito, de Normal

Superior, de Ciências (Ciências Biológicas, Contábeis, Econômicas e da

Computação) e das Engenharias (Engenharia Ambiental, Civil, Elétrica e Mecânica).

Parte desse crescimento deve ser creditado também pelas oferta de vagas nos

cursos da única instituição pública de ensino universitário na cidade, a Unioeste.

Além disso destacam-se que nos níveis inferiores de ensino a grande

responsabilidade pelos ensino fundamental e médio é ainda de instituições públicas

do município e do governo do estado.

Mesmo com uma visão incompleta da situação da segurança, seus números

mostram que mesmo essa questão apresenta uma relevância que ultrapassa a

atenção municipal e estadual, passando a exigir um efetivo cuidado federal em

muitos itens, pela condição do município estar situado em uma tríplice fronteira. Os

itens de maior atenção são roubos, furtos de todo o tipo, contrabando e descaminho

e um volume grande de tráfico de entorpecentes.

A construção civil, setor tão importante em cidades com alta densidade

industrial, no município apresentou um crescimento até o meio da década de 90

para mostrar uma queda em termos de emissões de alvarás de construção e de

habite-ses que junto com a redução das áreas declaradas de construção pode estar

ilustrando um das dimensões da recessão em Foz do Iguaçu.

O comportamento do volume do estoque de moeda disponível nas agências

bancárias no período mostrou que o volume dos financiamentos manteve-se um

118

patamar mediano até o meio das década de 90 para então reduzir-se. Em paralelo

ocorre um crescimento tímido dos depósitos a prazo e de poupança.

E em relação às finanças do setor público municipal, os indicadores mostram

acentuado grau de dependência de transferências primeiro do governo do estado do

Paraná (da cota parte do ICMS), segundo da ITAIPU por causa dos royalties e em

terceiro lugar do governo federal (do FPM). Em função disso observou-se uma

redução da performance arrecadatória de receitas próprias como IPTU, ISSQN, ITBI

e taxas municipais. Por outro lado, ocorreu uma redução da participação das

despesas de capital e dentro delas as de investimento o que pode estar denotando

redução dos investimento na planta de capital, isto é, na infra-estrutura urbana de

Foz do Iguaçu.

E agora o que fazer para enfrentar a situação até então sintetizada nessas

observações finais. Sem querer trazer e mostrar a receita do bolo, porque um bom

bolo depende para quem o bolo vai ser feito, da receita e de quem faz o bolo e com

quais recursos, cuidado, amor e vontade se faz esse bolo.

Foz está assistindo a um fim de um grande ciclo que foi a construção de

Itaipu, ao fim de um movimento de compras voltado ao turismo e depois ao

contrabando e tráfico. Possui também a construção de um setor novo que pode

trazer se bem cuidado - sem guerras de preços predatórias e com a definição

acordada de uma divisão inter-institucional do trabalho - poderá dar suporte para

incubadoras de empresas, empresas-junior e escritórios de relações com a

comunidade visando criar novas empresas inovadoras e de base tecnológica e que

dentro do paradigma do desenvolvimento sustentável. Uma outra sugestão é a

inclusão de disciplinas de Criação de Empresas, Formação de Empreendedores e

Elaboração de Plano de Negócios, nos vários cursos das áreas de ciências,

administração e engenharias.

Do ponto de vista do governo em seus vários níveis – municipal, estadual e

federal – espera-se ações mais efetivas para o desenvolvimento em bases mais

estáveis do município. Propostas de políticas para o setor industrial podem ser

119

desenvolvidas principalmente para aquelas que de início ocupem insumos da região

ou de regiões noroeste e norte do estado do Paraná, como por exemplo aqueles

insumos produzidos pela agricultura. Uma outra alternativa é levantar as

necessidades de insumos do próprio setor terciário (serviços) e verificar quais

insumos podem ser fabricados no município.

Outras alternativas para o próprio setor terciário são: a) aumentar o nível de

investimento no setor, b) acelerar a difusão das novas tecnologias microeletrônicas,

c) ampliar o apoio às micro, pequenas e médias empresas. Porém para que tais

objetivos se implementem no terciário, serão necessários: geração de emprego,

treinamento e qualificação da força de trabalho e capacitação gerencial e

tecnológica.

Outra proposta é aproveitar o apoio que a ITAIPU pode dar a partir de seu

projeto de plantas medicinais, visando implantar uma indústria farmacêutica, essa

sim poderá unir biodiversidade e biotecnologia do ponto de vista sustentável. E esta

proposta é bem plausível pois as faculdades possuem profissionais e professores

que podem a médio prazo contribuir com o desenvolvimento das classificações

dessas plantas medicinais e com a separação dos vários princípios ativos que

servirão se insumos para essa indústria. Necessário é também realizar um estudo de

valoração econômica dessas plantas para em função disso verificar a viabilidade

econômico-financeira de quais delas para servir de insumos para a citada indústria.

Nessa proposta poder-se-á resolver dois problemas que podem ocorrer, redução da

biopirataria e a conseqüente manutenção do conhecimento da cultura dos povos que

aqui habitam.

120

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