A ATIVIDADE PRÁTICA COMO FERRAMENTA PARA …

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A ATIVIDADE PRÁTICA COMO FERRAMENTA PARA ABORDAGEM

DO CICLO CELULAR NAS CÉLULAS SOMÁTICAS

Jonas Roberto Wons1

Jocicléia Thums Konerat2

RESUMO: A abordagem teórica dos conteúdos quando complementada pelas aulas práticas

transforma o processo da aprendizagem. Sendo que a importância das aulas práticas não se

restringe apenas a uma questão de metodologia, pois estas são atividades que contextualizam o

conhecimento tornando-o passível de ser aplicado na vida cotidiana. As aulas práticas ministradas

de forma complementar as aulas teóricas foram aplicadas aos alunos do 1º ano do Ensino Médio do

Colégio Estadual Carlos Zewe Coimbra, visando propiciar aos alunos um contato com o laboratório

além de criar uma rotina no mesmo, para estudar e compreender a importância do ciclo celular, bem

como entender a origem do câncer. Dessa forma, este estudo foi desenvolvido com o intuito de

investigar se a abordagem prática no conteúdo ciclo celular das células somáticas é uma ferramenta

eficaz para a compreensão dos conteúdos, facilitando o processo de aprendizagem. Através dos

resultados desse estudo, as aulas práticas podem ser consideradas ferramentas eficazes para a

abordagem do ciclo celular na disciplina de Biologia.

Palavras-chave: Ciclo celular. Atividades Práticas. Divisão celular: Mitose

1 INTRODUÇÃO

As Diretrizes Curriculares para o ensino de Biologia orientam que o

conhecimento sobre a célula como unidade básica da vida parte de uma visão

mecanicista do pensamento biológico, o que imprime uma visão macroscópica,

descritiva e fragmentada da natureza. No entanto, para se ampliar a discussão sobre

a organização dos seres vivos, há que se analisar o funcionamento dos sistemas

orgânicos partindo da organização celular para a sistêmica. Assim, considerando a

visão evolutiva da biodiversidade percebe-se a influência da organização dos seres

1 Professor PDE. Colégio Estadual Carlos Zewe Coimbra EFM. Santa Terezinha de Itaipu. NRE, Foz

do Iguaçu - PR. [email protected] 2 Professora Orientadora. Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus de Cascavel – PR.

[email protected]

vivos e da manipulação genética na construção de conhecimentos curriculares de

Biologia.

A realização do presente estudo decorre da constatação de que o

aprendizado de conhecimentos científicos na escola se faz necessário para que o

aluno possa assimilar saberes para sua formação acadêmica. A escola exerce

grande influência sobre os educandos, em especial, os adolescentes e contribui para

que formem valores e princípios. Representa também, o lugar onde os programas

curriculares devem ser desenvolvidos, atingindo alunos, pais e comunidade. Nesse

espaço de convivência escolar torna-se relevante que haja mudanças dentro dos

processos metodológicos, tendo em vista participar da construção do conhecimento

do ser humano e estimulando-o a ter atitudes participativas no sentido de aquisição

dos conhecimentos.

Assim, o uso de aulas práticas no ensino de ciências e biologia compreende a

base do estudo desta disciplina. Ao aplicar aulas práticas o professor acrescenta

conceitos que não estão claros nos livros, no entanto as práticas podem ajudar no

desenvolvimento científico e tornam o ensino mais objetivo, contribuindo para

solucionar problemas complexos.

Quando o professor desenvolve uma aula no laboratório de ciências, ele

desperta a curiosidade dos alunos o que favorece a observação dos fenômenos

estudados teoricamente. Esse tipo de atividade propicia a argumentação, oportuniza

aos alunos maior interação. Desmistifica o empírico e permite a construção do

conhecimento científico.

A importância das aulas práticas não se restringe apenas a uma questão de

método, mas são estas atividades que contextualizam o conhecimento tornando-o

passível de ser aplicado na vida cotidiana.

Desta forma, este estudo foi desenvolvido com o intuito de investigar se os

meios de abordagem prática com o ciclo celular das células somáticas tornam-se

uma ferramenta eficaz na compreensão, facilitando o processo de aprendizagem.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 DIVISÃO CELULAR: OS CONCEITOS E A APRENDIZAGEM PRÁTICA.

O ensino de biologia necessita ter como premissa o desenvolvimento de

conhecimentos que permitam aos aprendizes uma vivência cidadã pautada na ética,

na solidariedade e na promoção humana. Essa educação cidadã deve ser

fundamentada no princípio de respeito à vida e à igualdade, que garantam os

direitos fundamentais do homem, ao mesmo tempo em que haja o dever do seu

compromisso com uma nova sociedade (DCE, 2008).

O ensino das ciências deve situar e inserir o indivíduo no mundo físico

(atmosfera, biosfera, litosfera e hidrosfera), intrinsecamente visualizado através dos

aspectos históricos, científicos, tecnológicos e sociais, uma vez que a ciência não é

apenas um produto da natureza, mas também uma elaboração humana histórica,

portanto, parte da cultura. Dessa forma, o Ensino de Biologia deve se constituir num

processo de alfabetização científica que permitirá ao aluno, cada vez mais,

estabelecer conexões com os fenômenos naturais, socioculturais e, em

consequência, realizar uma leitura e uma interpretação mais elaborada da natureza

e da sociedade (KRASILCHIK, 2007).

Segundo as Diretrizes Curriculares para o Ensino de Biologia (DCE, 2008)

cabe a esta disciplina despertar a sensibilidade, respeito, valorização e desejo de

conservar a vida, suas relações e a própria espécie. O conhecimento proporcionado

pelo estudo da Biologia é fundamental para a atuação do educando no meio em que

está inserido, por enfatizar a importância das especificidades contempladas nesta

disciplina.

Krasilchik (2004) comenta que a Biologia tem como função social contribuir

para ampliar o entendimento que o indivíduo tem da própria organização biológica,

do lugar que ocupa na natureza e na sociedade e das possibilidades de interferir na

dinamicidade dos mesmos através de uma ação mais coletiva visando à melhoria da

qualidade de vida.

Deste modo, compreende-se que o ensino de Biologia pode despertar para a

responsabilidade das ações dos seres sobre o ambiente e suas respectivas reações,

garantindo o direito às gerações futuras de ver e sentir a natureza, tal qual ela é.

Deve-se entender que, para isso, é necessária uma integração entre o convívio

social e os conhecimentos científicos, gerando mudança de atitudes. Isto evidencia a

importância da educação ética em respeito à vida, interferindo na formação histórica

das pessoas para o mundo atual.

Partindo desse pressuposto, deve-se despertar no aluno o interesse para

conhecer, perceber, sensibilizar-se e intervir no ambiente em que se encontra, pois

cada ser integra o ambiente em que vive, por isso deve colocar os conhecimentos

biológicos a serviço do bem comum posicionando-se socialmente diante de temas

promovidos pelo uso de tecnologias biológicas, pelo aproveitamento de recursos

naturais e pela intervenção ética dos seres humanos sobre o ambiente.

2.2 CÉLULA: UMA UNIDADE MORFOLÓGICA

O conceito de célula define-se a partir da concepção que a célula é uma

unidade morfológica dos seres vivos, pois todo ser vivo é formado por, pelo menos

uma célula. Para Paulino (2001) a estrutura e o funcionamento dos seres vivos têm

como elemento básico a célula.

Santos (2005, p. 8) afirma:

Foi somente a partir de 1665 que as células começaram a ser vistas e estudadas. Em 1833, descobriu-se que a célula tinha no seu interior um corpúsculo diferenciado, a que se deu o nome de núcleo. Verificou-se, também, que todos os seres vivos são compostos de células, formulando-se então, a teoria celular, cujos postulados são: - Todos os seres vivos são formados de células, que se originam de outras células preexistentes; - Conjuntos de células semelhantes forma os tecidos, que constituem os órgãos; - A célula é a unidade morfológica e fisiológica do ser vivo. O bom funcionamento do organismo depende do bom funcionamento das células.

Para Amabis (2010) os seres vivos estão em constante reconstrução, pois as

células são substituídas constantemente, as células possuem a capacidade de

multiplicar a partir de uma divisão. É necessário entender que no mundo celular,

dividir é sinônimo de duplicar, pois quando as células se dividem elas se duplicam,

isso é fundamental para sobrevivência das espécies, da divisão das células e da

regulação do ciclo celular.

2.3 CICLO CELULAR: INTERFASE E DIVISÃO CELULAR

O aparecimento de seres multicelulares foi uma importante descoberta na

história da vida, pois indica que a existência de seres formados por muitas células e

que, isto resulta da multiplicação de uma célula inicial, o zigoto, estas passam a

viver juntas e a dividir as tarefas de sobrevivência, constituindo tecidos e órgãos

(ALBERTS et al, 2004).

Os fenômenos descobertos com o emprego de microscopia eletrônica e

técnicas especiais de coloração resultam de uma série de eventos e constituem o

ciclo mitótico que tem início ao final do período G2 (SILVEIRA e FINGER, 2008).

O ciclo celular é caracterizado pelo período que tem início com o surgimento

da célula a partir da divisão de uma célula preexistente e termina quando ela se

divide em duas células-filhas. Para Amabis (2010) a citologia divide o ciclo celular

em duas fases principais: a interfase e a divisão celular. A divisão celular

compreende a mitose (divisão do núcleo) e a citocinese (divisão do citoplasma).

Segundo Alberts et al. (2004) ao longo da vida durante as fase mais jovens as

divisões celulares são intensas e os diversos órgãos se formam e crescem até

atingir seu tamanho definitivo. Na fase adulta o ritmo dessa divisão diminui e passa a

ocorrer somente quando há necessidade de repor células que morrem naturalmente

ou em consequência de acidente. Porém, algumas alterações genéticas podem

danificar o sistema de controle da divisão celular levando a célula a crescer e se

multiplicar sem necessidade. Assim, caso essa tendência de multiplicação

incontrolada seja transmitida a uma célula-filha, surgirá um clone de células com

propensão a se expandir indefinidamente: um câncer.

As células cancerosas são, geralmente, menos especializadas nas suas funções que as suas correspondentes normais. Conforme as células cancerosas vão substituindo as normais, os tecidos invadidos vão perdendo suas funções; assim por exemplo, a invasão neoplásica dos pulmões gera alterações respiratórias; com isto há a disfunção orgânica que pode levar à falência do órgão ou, em casos mais graves, leva à morte do paciente. Cabe ressaltar que, na verdade, oncologia médica é a especialidade na medicina que foca o tratamento sistemático do paciente com câncer com quimioterapia e outros tipos de tratamento (ALMEIDA et al., 2005, p.180).

Desta forma, para se compreender o ciclo celular, ou seja, a fase de

crescimento celular torna-se necessário compreender essencialmente dois períodos:

a interfase e a divisão (mitose).

A sequência das fases da mitose é descrita por De Robertis (2006) da

seguinte forma:

Prófase: estágio da mitose durante o qual os cromossomas condensam-se e tornam-se visíveis dentro do núcleo, sendo seguido pela fragmentação do envoltório. Metáfase: estágio da mitose durante a qual os cromossomos ligam-se às fibras do fuso e arranjam-se no plano equatorial da célula. Anáfase: estágio da mitose durante a qual os centrômeros e os cromossomos filhos separam-se e começam a mover-se em direção aos polos opostos da célula. Telófase: estágio da mitose durante a qual os cromossomos descondensam-se e são circundados por dois novos envoltórios nucleares (DE ROBERTIS, 2006, p. 180).

Assim, a citocinese se apresenta como o processo de clivagem e separação

do citoplasma, o que representa o final da mitose.

Em cada ciclo celular ocorre apenas uma duplicação de cromossomos para

cada divisão do núcleo. Dessa maneira, uma célula-mãe transfere às duas células-

filhas todo seu patrimônio genético, representado pelos cromossomos. Isso implica

na presença, nas células recém-formadas, do mesmo número e dos mesmos tipos

de cromossomos que existiam na célula original – daí a mitose ser considerada um

processo equitativo de divisão (SANTOS, 2005).

O mecanismo mitótico permite a reprodução dos organismos unicelulares e é

responsável pela formação das inúmeras células que constituem o corpo dos

organismos pluricelulares, garantindo o crescimento do indivíduo, bem como a

renovação dos tecidos pela substituição das células velhas por outras novas, além

de permitir a regeneração de regiões eventualmente lesadas (PAULINO, 2001).

Amabis (2010) explica que o processo de divisão da célula apresenta dois

momentos: a duplicação do núcleo, em que se formam dois núcleos-filhos, e a

divisão do citoplasma, que completa a divisão celular.

Para De Robertis (2006, p. 179) “a mitose é um processo contínuo, com

duração de 30 a 60 minutos em que uma célula acaba por se transformar em duas

células-filhas”. A divisão citoplasmática é a citocinese. Apesar dessa distinção, é

comum utilizar-se o termo mitose como sinônimo do processo completo de divisão

celular das células eucarióticas.

Ao longo da mitose há eventos marcantes, que foram escolhidos pelos cientistas para caracterizar quatro fases do processo. As fases da mitose são denominadas, em sequência: prófase, metáfase, anáfase e telófase. Alguns consideram uma fase entre a prófase e a metáfase, a prometáfase, mas o uso desse termo geralmente é restrito aos especialistas (AMABIS, 2010, 168).

Neste contexto, o conhecimento sobre a divisão celular necessita ser

vivenciado em estudos práticos para que o aluno possa assimilar e compreender o

surgimento de doenças graves provocadas pela divisão celular.

Segundo Ausubel (1978) apud Prigol e Giannotti (2008) existem dois

extremos no desenvolvimento da aprendizagem: a aprendizagem mecânica, em que

o aluno lê e decora apenas memorizando conceitos desconectados e desprovidos

de significado, e, a aprendizagem significativa, quando novos conceitos são

interligados a conhecimento já existente na estrutura cognitiva do aprendiz, de uma

maneira substantiva e não arbitrária aproximando o saber da prática.

Krasilchik (2007) ao propor ações pedagógicas para o ensino de ciências

afirma:

O ensino e a divulgação de Ciências devem ser encarados pelo menos em duas dimensões: em uma delas, o aprendizado não pode pleno e completo sem considerar as implicações sociais do desenvolvimento científico e tecnológico; em outra, é imperativo analisar as relações da evolução da ciência e tecnologia e da qualidade e do modo de vida em diferentes comunidades. A educação permitirá que os participantes analisem as diferentes facetas relacionadas a causas, possibilidades, limitações e perspectivas da ciência e tecnologia como processo, como produto e como instituição social (KRASILCHIK, 2007, p.49)

Para Carvalho et al. (2010) ao realizar atividades práticas o professor

proporciona grandes espaços de ação para o aluno, contribuindo para que ele se

torne agente da sua aprendizagem, descobrindo que aprender é mais do que

adquirir conhecimento a respeito de fatos, a verdadeira aprendizagem interage com

as suas próprias dúvidas, chegando a conclusões e à aplicação dos conhecimentos

obtidos.

3 METODOLOGIA

Durante a Semana Pedagógica que ocorreu no mês de Fevereiro, o projeto

de intervenção foi apresentado aos professores do estabelecimento, utilizando

recurso áudio visual. Após a apresentação do projeto foi aberto um espaço para

ouvir comentários além de tirar dúvidas sobre o referido projeto.

O objetivo do projeto foi demonstrar a importância de conhecer o ciclo celular

na integra, ou seja, eventos importantes que ocorrem na interfase. Além de

relacionar e reconhecer a importância do que ocorre em cada fase. Para tanto o

trabalho teve como objetivos: reconhecer o papel da mitose na reprodução dos

organismos unicelulares e no crescimento e desenvolvimento de organismos

multicelulares; utilizar a atividade prática como ferramenta para que seja visualizado

o ciclo celular na prática; destacar a importância da abordagem teórica

complementada pela atividade prática no aprendizado; e oportunizar aos alunos

para realizar a comparação entre os conceitos teóricos aos obtidos com atividade

pratica.

A intervenção pedagógica foi realizada com os alunos do 1º ano turma D, do

turno vespertino no Colégio Estadual Carlos Zewe Coimbra na cidade de Santa

Terezinha de Itaipu. O projeto foi apresentado para os alunos, sendo que a

abordagem do conteúdo foi com aulas teóricas complementadas com aulas praticas,

visando permitir aos alunos compreensão do ciclo celular. Abaixo estão citadas as

atividades práticas que foram propostas e desenvolvidas:

1. A primeira atividade voltou-se para o conhecimento do material a ser utilizado no

desenvolvimento das experiências, cuja atividade se define pelo conhecimento do

laboratório de ciências.

2. A segunda atividade desenvolveu o conhecimento sobre a segurança do

laboratório.

3. A terceira atividade envolveu o conhecimento de divisão celular explicando a

mitose a partir da análise de células eucarióticas, sendo a prática realizada tomando

como objeto de análise as raízes da cebola,

4. A quarta atividade desenvolveu um estudo sobre o DNA.

5. A quinta atividade desenvolveu a apresentação de um filme sobre a ação das

células cancerígenas

6. A sexta atividade desenvolvida teve como temática a leitura e análise de texto

sobre a pesquisa do câncer.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após realizar a primeira atividade, a qual explorou a apresentação dos

materiais utilizados no desenvolvimento das aulas práticas, bem como o próprio

laboratório de ciências do estabelecimento ficou evidente que esta prática despertou

o desejo de apreender e de conhecer o funcionamento do laboratório e a curiosidade

em realizar aulas práticas, o que para os alunos demonstrou ser uma nova

perspectiva para as aulas.

A atividade 1, “Redescobrindo o laboratório” foi realizada a partir do

conhecimento e preparação do material que deveria ser utilizado nas experiências

seguindo o roteiro pré-estabelecido para a sua realização. Após preparar o material,

o mesmo foi apresentado aos alunos e durante a fixação dos conhecimentos os

alunos realizaram a confecção de cartazes e desenhos sobre os materiais do

laboratório que mais chamaram a atenção, nesta aula também enfatizou-se as

normas de uso do laboratório e do material, pois a sensibilidade do material pode

também representar um risco. Essa atividade foi fundamental para despertar o

interesse dos alunos pelo projeto, pois os alunos passaram a conhecer o laboratório

de ciências. Os alunos mostraram empolgação, pois utilizariam o espaço para

realizar atividades práticas.

Na atividade prática 2 denominada “Microscópio: a estrela do laboratório”, o

microscópio foi apresentado aos alunos. Onde foi enfatizado como utilizar este

equipamento e a necessidade do mesmo. Os alunos demonstraram bastante

interesse ao manusear o equipamento, registraram o mesmo através de desenho

esquemático denominando as partes principais do referido equipamento (Fig.1).

Na sequência, cada aluno escreveu um texto explicando os pontos mais

interessantes sobre o microscópio. Ainda, pelos comentários e questionamentos dos

mesmos, mostrou que compreenderam a importância do equipamento nas

pesquisas, onde o mesmo contribui para observar estruturas microscópicas e assim

visualizar principalmente microrganismos patogênicos.

Nessa mesma aula também foram apresentados outros materiais, que seriam

necessários para realização das outras aulas práticas. Abordado a importância e

cuidados necessários para manuseio dos mesmos.

Os alunos perceberam que o laboratório é um ambiente onde a segurança é

fundamental, principalmente por que está cheio de materiais frágeis e outros

perigosos, como algum reagentes que são ácidos e podem causar danos à saúde se

não forem manipulados adequadamente.

Figura 1 – Microscópio esquematizado por um aluno do 1ºD Fonte: Acervo do Professor PDE – Jonas Wons (2013).

A segunda atividade desenvolvida com os alunos abordou a segurança do

laboratório e contou com a explicação sobre as normas por escrito e o debate

enfatizando que o uso do material de laboratório apresenta riscos que necessitam

ser monitorados preventivamente. Além disso, foi enfatizado que a preservação do

laboratório é responsabilidade de todos e, por isso, deve ser cuidado evitando

desgaste por uso inadequado, desperdício de bem de uso comum, além de valorizar

o conhecimento construído de forma prática. Os alunos mostraram interesse e

curiosidade e a cada nova informação aumentava a participação dos alunos que

passaram a fazer perguntas relacionadas à aula. Na sequência os alunos em equipe

elaboraram um cartaz (Fig. 2) no mesmo deixaram evidente a importância e

compreensão sobre o assunto, sendo que o cartaz permanece fixado no laboratório.

Figura 2- Cartaz construído pelos alunos sobre a segurança no laboratório Fonte: Acervo do Professor PDE, Jonas Wons (2013).

A terceira atividade abordou a divisão celular onde os alunos, trabalhando em

equipe, confeccionaram lâminas utilizando raiz de Allium cepa. Para a realização

dessa atividade toda a raiz foi utilizada, mas a porção que eles observaram foi à

porção localizada acima da coifa.

Os respectivos grupos utilizaram os microscópios para observar as lâminas

produzidas. Os mesmos relataram que visualizaram uma grande quantidade de

células e que muitas estavam nas etapas da divisão (Fig. 3). Assim, os alunos

compararam diferenças na compactação e organização do material genético e

conseguiram observar todas as fases da mitose, bem como o período da interfase.

Os grupos observando as lâminas, concluíram que “prófase” é o início da

mitose quando os cromossomos condensam-se ocorre o desaparecimento dos

nucléolos e o início à formação do fuso. Na sequencia reconheceram a metáfase,

nessa fase relataram que os cromossomos estavam alinhados na placa equatorial e

reconheceram como telófase quando os cromossomos estavam mais

descondensados, sendo observados como dois núcleos filhos nos polos opostos da

célula. Para interfase, apontaram as células em que o material genético estava,

disperso no núcleo, sendo denominado cromatina interfásica, mostrando coloração

uniforme do mesmo. Quando encontravam células nos estágios de divisão

compartilhavam com os colegas e, juntos denominavam as mesmas. Sendo

persistentes para encontrar todas as fases do ciclo celular.

Figura 3 - Trabalho de um aluno representando o ciclo celular Fonte: Acervo do Professor PDE, Jonas Wons (2013).

Na aula seguinte, correspondendo à quarta atividade, se desenvolveu um

protocolo caseiro de extração do DNA (Ácido Desoxirribonucleico), do bulbo de

Allium cepa, onde os alunos realizaram todas as etapas (cortaram a cebola,

acrescentaram o sal de cozinha e o detergente, aqueceram os pedaços em água,

resfriaram, filtraram e acrescentaram o álcool gelado) sendo que à medida que iam

realizando as etapas na sequência, as mesmas eram discutidas.

Os alunos fizeram muitas perguntas sobre a escolha da cebola para ser

utilizada na realização daquele experimento, nesse caso foi explicado que outros

vegetais poderiam ser utilizados, mas que foi a cebola pela quantidade de células, e

consequentemente material genético que facilitaria a visualização. Muitas perguntas

estavam relacionadas aos produtos adicionados à cebola em cada etapa do

experimento, ficaram intrigados pela possibilidade de visualizar o material genético,

sendo trabalhado que o mesmo iria tornar-se insolúvel no meio utilizado e que não

seria apenas material genético.

Os alunos tiveram um pouco de dificuldade ao descrever no relatório a

experiência, este fato pode ser atribuído pela necessidade de conhecimentos mais

complexos da química relacionados à ação na estrutura do material genético. Mas

pode estar correlacionado com a falta de rotina de laboratório, dificultando a

realização dos registros e a organização das ideias em relação às experiências, pois

tudo ainda era muito novo para eles.

Para a quinta atividade, esta sobre as células cancerígenas foi assistindo um

filme, sendo que previamente foi esclarecido aos alunos qual era o objetivo da

atividade. Sendo que primeiramente foi explicado aos alunos a relação entre a

divisão celular e o surgimento do câncer. Na sequencia foi assistido o filme

previamente selecionado “Uma prova de amor”, que aborda não apenas a questão

científica do câncer como também os aspectos éticos da pesquisa que busca a cura

para tal doença. O filme, além de mostrar como o câncer se desenvolve e as

possibilidades de prolongar a vida de seus portadores, também demonstra como a

bioética é importante nas pesquisas científicas.

Após o filme aconteceu um debate, para verificar se os alunos haviam

compreendido a relação entre o controle do ciclo celular e o câncer. Os alunos

mostraram compreensão sobre a ocorrência da divisão celular e da dificuldade nos

tratamentos para conter esse processo. Ao discutir sobre a necessidade de estar

vigilantes em relação ao câncer, principalmente realizando exames de prevenção, os

alunos demonstraram ter compreendido que muitas pesquisas estão sendo

desenvolvidas para a preservação da vida, mas que para muitos tipos de câncer

existem registros de mortes.

Posteriormente foi conduzida a discussão para a questão da importância das

pesquisas sobre doação de medula para cura do câncer no sangue (leucemia) e

também das pesquisas com células tronco. Posteriormente o debate foi direcionado

para a questão da ética em relação aos transplantes e doadores de órgãos. Após o

debate os alunos escreveram as suas considerações sobre o filme e sobre o

assunto em forma de texto. Os alunos demonstraram nos textos a percepção dos

aspectos éticos no desenvolvimento de experiências em humanos, mesmo quando

se trata de salvar vidas é necessário respeitar a pessoa que está doente. No caso

dos transplantes e pesquisas com células tronco, há que se promover o respeito à

vida dos doadores.

Na sexta atividade foi realizada uma metodologia complementar, para a

compreensão do desenvolvimento do câncer nos organismos vivos. Essa foi

realizada através da leitura de textos científicos, após a leitura do texto, os alunos

em grupo, buscaram o significado das palavras desconhecidas, discutiram o tema do

texto, apontaram os novos conhecimentos e produziram um novo texto sobre os

conhecimentos adquiridos a partir da leitura e do debate. Os alunos fizeram muitas

perguntas a respeito do texto e procuraram saber o significado dos termos

desconhecidos utilizando dicionários, despertando nos alunos o interesse pela

pesquisa bem como o desejo de aprender mais sobre a divisão celular.

Durante a realização do Grupo de Trabalho em Rede (GTR) os professores

apresentaram várias considerações a respeito do projeto desenvolvido considerando

que a aula prática é uma das condições de materializar o conhecimento, no entanto

houve professores que manifestaram descontentamento em relação às condições

estruturais dos laboratórios das escolas. Sem um local adequado as práticas são

improvisadas nas salas e muitas vezes tornam-se impossível realizá-las. Ainda, as

experimentações científicas contribuem para questionar todos os acontecimentos

em relação à vida, mas devem ser realizadas com propriedade, conhecimento e

segurança a fim de serem verdadeiramente científicas.

Para realizar as atividades práticas do presente estudo ocorreram algumas

dificuldades, pois muitos materiais e reagentes não são substâncias comuns na

escola. Este fato faz com que estas atividades tão importantes não possam ser

realizadas com frequência na escola. Um dos participantes do GTR afirmou o

seguinte: “O sucesso do ensino aprendizado depende de aulas bem elaboradas,

mas também depende de laboratórios bem equipados e número de alunos

adequados por turma”, referindo-se à proporção entre o tamanho dos laboratórios e

o número de alunos matriculados em cada turma do Ensino Médio.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo do ciclo celular realizado de forma diferenciada, com alunos do

Ensino Médio, buscando demonstrar como às aulas praticas contribuem na

formação do conhecimento real para os alunos, superando a construção de

conhecimento a partir da leitura reflexiva e demonstrando a importância de aliar

teoria e pratica.

Às aulas praticas foram importantes para os alunos, pois os mesmos

trabalharam em equipe montaram seu próprio material e observaram utilizando um

equipamento. Nesse processo não foram meros expectadores e sim agentes

importantes para a compreensão do processo de divisão celular. Quando

visualizaram o material constataram na prática conceitos teóricos.

A atividade pratica permitiu observar as células da raiz da cebola e assim

compreender na pratica a divisão celular. Esse estudo permitiu analisar o ciclo

celular na integra, ou seja, através da observação na pratica mostrar diferenças na

compactação do material genético entre a interfase e as etapas da divisão mitose.

O reconhecimento do papel da mitose na reprodução dos organismos

unicelulares e no crescimento e desenvolvimento de organismos multicelulares, a

utilização de atividades práticas como ferramenta de visualização do ciclo celular na

prática e a busca por tornar a abordagem teórica mais próxima. Ainda, oportunizou

aos alunos a realização de uma comparação entre os processos de divisão celular

após as experiências realizadas, além de tornar mais próxima da realidade a

compreensão de como o câncer se desenvolve nos organismos vivos. Ou seja, ficou

claro para eles que a divisão celular sem controle é responsável por uma das

doenças que mais mata no mundo “o câncer”.

As aulas práticas pela sua importância no processo de ensino aprendizagem

não deveriam ser um evento esporádico e totalmente improvisado e sim, atividades

utilizadas de acordo com a necessidade de cada conteúdo abordado.

O estudo realizado colaborou na comprovação de que a atividade pratica

quando oportunizada no ambiente escolar é fundamental para os estudos de

biologia tornando o conhecimento mais próximo da realidade dos alunos e as

práticas pedagógicas dos professores mais satisfatórias e eficientes.

6 REFERÊNCIAS

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