5 a Importancia Do Brincar Na Educação Infantil 1

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  1 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL Thaisy Lomenso Aluna do curso de Pedagogia do Instituto Superior de Educação Vera Cruz  Lucia Vinci de Moraes Orientadora RESUMO Este artigo tem por fi nalidade discutir o tema do brincar na Educação Infantil, visando acompanhar na prática a aplicação de alguns dos seus elementos: tempo, espaço e o  papel do educador nas atividades lúdicas. A criança brinca para entender o mundo, assim aprende a falar, ouvir, representar, inventar, imitar, negociar, imaginar, ou seja, aprende a respeitar as opiniões do outro, a expor suas ideias, tomar decisões, fazer escolhas e resolver conflitos. Diante da importância do brincar para o desenvolvime nto das crianças, o artigo apresenta como o brincar de qualidade pode ser concretizado numa escola de Educação Infantil. Para isso, foi selecionada uma instituição que valoriza o brincar em seu currículo como uma atividade primordial da  primeira infância e por meio da observação direta foram descritos como ocorrem os elementos tempo, espaço e papel do professor. Palavras-chav e: Brincar. Criança. Educação Infantil. 1 INTRODUÇÃO Este artigo tem por objetivo discutir a importância do brincar na Educação Infantil, por meio de elementos da brincadeira que garantem a aprendizagem, nos diversos âmbitos, das crianças. Para isso, serão abord ados os aspectos que c onstituem o brincar: o tempo, o espaço e o papel do educador.

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TCC sobre a importância do brincar na Educação.Este trabalho auxiliará na pesquisa sobre a importância do brincar.

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    A IMPORTNCIA DO BRINCAR NA EDUCAO INFANTIL

    Thaisy Lomenso Aluna do curso de Pedagogia do Instituto Superior de Educao Vera Cruz Lucia Vinci de Moraes Orientadora

    RESUMO

    Este artigo tem por finalidade discutir o tema do brincar na Educao Infantil, visando

    acompanhar na prtica a aplicao de alguns dos seus elementos: tempo, espao e o

    papel do educador nas atividades ldicas. A criana brinca para entender o mundo,

    assim aprende a falar, ouvir, representar, inventar, imitar, negociar, imaginar, ou seja,

    aprende a respeitar as opinies do outro, a expor suas ideias, tomar decises, fazer

    escolhas e resolver conflitos. Diante da importncia do brincar para o

    desenvolvimento das crianas, o artigo apresenta como o brincar de qualidade pode ser

    concretizado numa escola de Educao Infantil. Para isso, foi selecionada uma

    instituio que valoriza o brincar em seu currculo como uma atividade primordial da

    primeira infncia e por meio da observao direta foram descritos como ocorrem os

    elementos tempo, espao e papel do professor.

    Palavras-chave: Brincar. Criana. Educao Infantil.

    1 INTRODUO

    Este artigo tem por objetivo discutir a importncia do brincar na Educao Infantil, por

    meio de elementos da brincadeira que garantem a aprendizagem, nos diversos mbitos, das

    crianas. Para isso, sero abordados os aspectos que constituem o brincar: o tempo, o espao

    e o papel do educador.

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    O artigo, inicialmente apresentar a concepo de infncia e de criana, seguida da

    concepo do brincar, bem como apresentar a relevncia do brincar para o desenvolvimento

    infantil.

    Em seguida, ao fazer uso de dados colhidos numa instituio de educao infantil, o

    artigo destacar os elementos do brincar, que devem fazer parte do planejamento do professor,

    e, desse modo, garantir a presena de um brincar de qualidade.

    A instituio foi escolhida justamente por desenvolver um trabalho pedaggico de

    qualidade reconhecida e dar ao brincar a importncia que tal atividade deve ter na escola de

    educao infantil.

    Tendo em vista um ambiente educacional voltado para as crianas, muitos so os

    princpios, os fundamentos e as preocupaes envolvidas no desenvolvimento infantil. A

    escola o primeiro meio social que insere a criana no mundo, tendo como funo formar seu

    aluno um sujeito ativo, crtico, reflexivo, autnomo e tico. Ou seja, o papel da escola de

    educao infantil antes de tudo promover a socializao das crianas, tendo o brinquedo e a

    brincadeira como formas mais precisas para essa socializao. Alm disso, o brincar

    desenvolve capacidades como a construo de identidade, autonomia e resoluo de conflitos,

    e habilidades de origens cognitivas, motoras, fsicas, sociais, afetivas e tnicas.

    Assim, ao referir-se cultura do brincar preciso pensar, em primeira instncia, em

    transpor os discursos existentes nos estudos e pesquisas para a ao cotidiana, de modo que

    haja dilogo entre teoria e prtica, sendo necessrio trazer o brincar de qualidade para rotina

    da escola. Para isso, o trabalho com o grupo de professores deve pautar-se numa viso ampla

    do brincar, que contemple no planejamento o espao, o tempo e o seu papel na atividade

    ldica.

    Desse modo, considerando que o brincar fundamental para o desenvolvimento de

    competncias e habilidades infantis, o presente artigo traz o brincar e a brincadeira na

    educao infantil, considerando as caractersticas e os seus elementos na construo das

    atividades ldicas.

    2 METODOLOGIA

    Sero abordados os aspectos que constituem o brincar: o tempo, o espao e o papel do

    educador, uma vez que esse artigo visa verificar como os elementos do brincar so

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    contemplados dentro de uma instituio que tem o ldico como atividade fundamental para a

    criana.

    Por meio dos estgios e prticas curriculares realizadas durante o curso de Pedagogia,

    essa questo do brincar sempre esteve presente. O interesse nas propostas ldicas na educao

    infantil torna-se fundamental para o professor e o presente artigo pretende abordar a relao

    que se estabelecesse entre a teoria e a prtica.

    Para compreender melhor essa relao sob o ponto de vista das brincadeiras e

    aprofundar o assunto, esse artigo pretende refletir sobre como o ldico est contemplado

    dentro do planejamento da rotina escolar. Portanto, com o intuito de ver como a teoria

    acontece na prtica, procurou-se por uma escola modelo que considera o brincar uma

    atividade relevante no seu currculo.

    A instituio de educao infantil escolhida faz parte da rede particular do municpio

    de So Paulo, localizada na zona Oeste de So Paulo. Atende uma faixa etria que vai de

    crianas desde 1 at 4 anos de idade. Estima-se em torno de 200 alunos matriculados entre os

    perodos manh e tarde e no funciona em perodo integral. Tem como pblico alvo a classe

    mdia alta. Existem trs professoras nas salas e as turmas variam entre 12 e 22 alunos.

    Os dados foram coletados por meio de observao direta durante uma semana de

    jornada integral e esto organizados em tabelas que contm as seguintes informaes: rotina,

    descrio do brincar e tempo, tendo assim, para cada dia da semana, uma tabela.

    Segundo Trivins (2009, p.153) observar destacar de um conjunto (objetos, pessoas,

    animais, etc.) algo especfico e, portanto, a observao direta faz-se uso em uma pesquisa

    qualitativa, na qual busca-se evidenciar a existncia, ou a possibilidade de existir, alguns

    traos exclusivos do fenmeno em estudo, constatando assim, a verificao de hipteses. No

    caso desse artigo, procura-se comprovar que a teoria pode ser aplicada na prtica com

    qualidade.

    Seguida dessa parte, vem uma anlise desses dados, na qual ser possvel refletir sobre

    como a teoria est presente na prtica, buscando uma forma de constatar como os elementos

    do brincar devem ser arranjados para garantir a qualidade do brincar em um ambiente escolar.

    3 CONCEPO DE INFNCIA

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    Antes do sculo XVI, a ideia que se tem hoje de criana era inexistente. No havia

    clareza em relao ao perodo que caracterizava a infncia, pois muitos a determinavam como

    o perodo que vai do nascimento dos dentes at os sete anos de idade, segundo Aris (1978).

    A partir dessa idade as crianas eram consideradas como miniadultos, se vestiam como gente

    grande e comeavam a trabalhar para ajudar os adultos com o que pudessem fazer, como, por

    exemplo, as meninas em artesanatos e os meninos em atividades de caa, fazendo com que a

    criana assumisse funes de responsabilidade muito cedo, ultrapassando etapas do seu

    desenvolvimento.

    Deste modo, se por sculos a criana era vista como um ser sem importncia, quase

    invisvel, hoje ela considerada em todas as suas especificidades, com identidade pessoal e

    histrica. Atravs dessa mudana de paradigma constata-se que a viso que se tem da criana

    algo historicamente construdo.

    O Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil (RCNEI) apresenta a

    criana como um ser um nico que possui identidade e subjetividade prpria. A criana tem

    desejos, sentimentos, curiosidades, hipteses, o que a torna protagonista de cada ao,

    descoberta, investigao, pesquisa que realiza ao longo de seu crescimento. por meio de

    uma natureza singular que ela v o mundo e de um modo peculiar que procura entend-lo,

    pois ao estabelecer interaes com outras crianas e com os adultos ela vai revelando o que

    compreende da realidade em que vive.

    Desse modo, tem-se a criana como um ser atuante e que possui uma cultura, um jeito

    prprio de ser. Com isto, a prtica educativa deve buscar compreender um ensino que

    aproxime-se desse sujeito, em que valoriza-se os aspectos da infncia sobre uma perspectiva

    de reconhecer a criana como produtora de conhecimento e no como aquela que recebe um

    conhecimento organizado segundo a perspectiva do adulto.

    A criana, produtora de seu conhecimento, no recebe as informaes tal como lhe so

    apresentadas. Essas so construdas a partir das ressignificaes que fazem das aes dos

    adultos, tornando assim sujeitos que criam seu modo e sua forma de entender e compreender

    aspectos do mundo, sujeitos construtores de uma cultura prpria. Deste modo, a criana

    vista como um ser que possui culturas, e, portanto, brincar uma atividade aprendida na

    cultura que possibilita que elas se constituam como sujeitos em um ambiente em contnua

    mudana, onde ocorre constante aquisio de conhecimentos e valores, uma vez que brincar

    inerente ao nascimento.

    Assim, menciona Almeida (2012, p. 33), dentre as inmeras possibilidades de

    produzir cultura, um dos meios mais presentes na vida da criana o brincar. brincando que

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    a criana recria o que entende do mundo e transforma em cultura ldica. Complementa as

    Diretrizes Curriculares para a Educao Infantil:

    A criana, centro do planejamento curricular, sujeito histrico e de direitos que se desenvolve nas interaes, relaes e prticas cotidianas a ela disponibilizadas e por ela estabelecidas com adultos e crianas de diferentes idades nos grupos e contextos culturais nos quais se insere. Nessas condies ela faz amizades, brinca com gua ou terra, faz-de-conta, deseja, aprende, observa, conversa, experimenta, questiona, constri sentidos sobre o mundo e sua identidade pessoal e coletiva, produzindo cultura. (BRASIL, 2009, p.06)

    Essa concepo traz a criana como um sujeito em processo de desenvolvimento, um

    ser capaz de protagonizar suas aes e produzir significados a partir delas. Portanto, uma

    escola que tem em sua proposta pedaggica a criana como foco na sua concepo, parte do

    princpio de que ela se torna um indivduo participante do seu processo de aprendizagem.

    Assim, a escola visa formar o seu aluno como um indivduo ativo, reflexivo e autnomo nas

    suas prticas cotidianas.

    4 O BRINCAR

    Tem-se a brincadeira como uma atividade que a criana comea desde o seu

    nascimento no mbito familiar, em um primeiro contato com a me at se ampliar para os

    demais. A criana no nasce sabendo brincar, nessa relao com os outros que ela vai

    constituindo esse entendimento, e assim comea a compreender o brincar como forma de

    linguagem.

    As crianas pequenas esto envolvidas em um universo da fantasia, no qual o mundo

    imaginrio e o mundo real muitas vezes se misturam. Ao falar de algo caracterstico da idade

    entende-se por algo que tem familiaridade criana, portanto, nesse caso, uma linguagem que

    ela domina: o faz de conta, a imaginao.

    Vygotsky (1991) ao tratar do papel do brinquedo no desenvolvimento, expe a

    presena de um mundo ilusrio e imaginrio no qual os desejos no realizveis se tornam

    possveis de se realizar, denominando esse mundo como: brinquedo. Tal relao brinquedo-

    desenvolvimento se d por meio de:

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    (...) o brinquedo fornece ampla estrutura bsica para mudanas das necessidades e da conscincia. A ao da esfera imaginativa, numa situao imaginria, a criao das intenes voluntrias e a formao dos planos da vida real e motivaes volitivas tudo aparece no brinquedo, que se constitui assim, no mais alto nvel de desenvolvimento pr-escolar. A criana desenvolve-se, essencialmente, atravs da atividade de brinquedo. Somente neste sentido o brinquedo pode ser considerado uma atividade condutora que determina o desenvolvimento da criana. (VYGOTSKY, 1991, p.117).

    Assim, Vygotsky traz a brincadeira como um fator relevante para o desenvolvimento

    da criana, a qual alm de ampliar a sua comunicao via linguagem, tambm capaz de, por

    meio de uma situao imaginria, desenvolver o pensamento abstrato, ou seja, a essncia do

    brincar a criao de uma nova relao entre situaes no pensamento e situaes reais.

    O brinquedo traz a possibilidade da criana conhecer o mundo e estabelecer relaes

    no universo da fantasia. Isso se torna relevante no processo de conhecimento de si e do outro

    quando a criana imita, inventa, representa e cria ao brincar. por esse caminho que

    Vygotsky estabelece que uma situao imaginria far com que a criana desenvolva a

    aprendizagem atravs do brinquedo, auxiliando assim o seu processo de desenvolvimento.

    O faz de conta, tambm chamado de jogo simblico, a primeira oportunidade de

    contato das crianas com as regras, sendo tambm um aprendizado fundamental sobre qual

    o seu papel na sociedade. Alm disso, nesse tipo de brincadeira, as crianas tm a

    oportunidade de desenvolver a imaginao, o que vai permitir que concretizem um

    pensamento sem a necessidade da ao.

    Ao construir histrias, as crianas expressam vontades, reforando sua identidade. O

    faz de conta promove o encontro entre um mundo imaginrio e o mundo em que vive,

    propiciando a ela a oportunidade de ser protagonista das suas prprias aes, por exemplo, ao

    experimentar papis, criar novos temas para seus jogos, resolver seus conflitos e aprender a

    dominar as regras. Dessa forma, compreende o mundo que a cerca, contribuindo para a

    construo do seu processo de subjetividade, autonomia e socializao.

    Segundo o Referencial Curricular Nacional da Educao Infantil, o fato de a criana

    desde muito cedo poder se comunicar por meio de gestos, sons, e mais tarde representar

    determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginao.

    Esse jogo que a criana faz, de vai e vem entre o real e a imaginao, constitui para ela

    o processo de internalizao do mundo em que vive. Isto , segundo Vygotsky, ela constri

    conhecimento do mundo que a rodeia e vai reconhecer aos poucos a juno entre o mundo

    interno e externo, o mundo da fantasia e o da realidade.

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    A situao imaginria de qualquer forma de brinquedo j contm regras de comportamento, embora possa no ser um jogo com regras formais estabelecidas a priori. A criana imagina-se como me e a boneca como criana, e dessa forma, deve obedecer s regras do comportamento maternal (...), crianas pequenas podem fazer coincidir a situao de brinquedo e realidade. (VYGOTSKY, 1991, p.108).

    Ao brincar, a criana internaliza os diferentes papis sociais que assume na relao

    com os outros. Por exemplo, a criana, na brincadeira, tenta ser o que pensa que uma irm

    deveria ser, enquanto na vida real ela comporta-se sem pensar que ela a irm de sua irm.

    Desta forma, a brincadeira faz com que ela entenda e perceba que as irms tm entre elas uma

    relao diferente daquela que tem com outras pessoas. O que na vida real passa

    desapercebido pela criana, torna-se uma regra de comportamento no brinquedo

    (VYGOTSKY, 1991, p.108).

    Portanto, segundo Vygotsky, no ato de brincar que a criana aprende a atuar no

    mbito cognitivo, dependendo das motivaes e tendncias internas, ao invs dos incentivos

    fornecidos pelos objetos externos, ou seja, ao se inserir no meio social, a criana est

    mergulhada em um contexto cultural, facilitando a explorao da imaginao, memria e de

    suas experincias vividas.

    Alm disso, o brincar carrega consigo inmeras aprendizagens ao longo do

    desenvolvimento pessoal, social e cultural das crianas. Assim, as aprendizagens so de

    diversos mbitos: cognitivos, motores, construo de autonomia e identidade,

    desenvolvimento da linguagem, como meio de comunicao e socializao, construo de

    conhecimento, ampliao de repertrio de experincias, estmulo de criatividade e

    imaginao.

    Brincar uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. (...) Nas brincadeiras, as crianas podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a ateno, a imitao, a memria, a imaginao. Amadurecem tambm algumas capacidades de socializao, por meio da interao, da utilizao e da experimentao de regras e papis sociais. (LOPES, 2006, p.110).

    4.1 O Brincar na Educao Infantil

    O Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil (RCNEI) considera a

    brincadeira como uma linguagem infantil que se apropria de uma articulao entre a

    imaginao e a imitao da realidade, ou seja, toda brincadeira uma imitao transformada,

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    no plano das emoes e das ideias de uma realidade anteriormente vivenciada (BRASIL,

    1998, p. 27).

    Tem-se, segundo o Referencial, o principal elemento da brincadeira: o papel que as

    crianas assumem enquanto brincam, tendo os sinais, os gestos, os objetos e os espaos como

    importantes fatores nos atos de criar e de imaginar, pois assim as crianas podem

    proporcionar aos seus pensamentos a resoluo de problemas que lhes so relevantes e

    significativos. Por esse motivo, muitos autores, aqui j citados, defendem que o brincar no

    s um passatempo, mas sim um momento de aprendizagem e desenvolvimento.

    A brincadeira favorece a autoestima das crianas nos diversos grupos sociais,

    possibilitando que experimentem o mundo e internalizem uma compreenso particular sobre

    as pessoas, os sentimentos e os diferentes conhecimentos. Desta forma, segundo Wajskop

    (2005) o brincar uma atividade humana na qual as crianas so introduzidas, constituindo-se

    em um modo de assimilar e recriar a experincia scio-cultural dos adultos.

    Nas Orientaes Curriculares para a Educao Infantil, o brincar concebido como

    principal modo de expresso da infncia, sendo ele a ferramenta por excelncia para a criana

    aprender a viver, revolucionar seu desenvolvimento e criar cultura. Alm disso, por meio da

    brincadeira, a criana se apropria da cultura da qual faz parte e, simultaneamente, constri

    novas possibilidades de ao e interao, alm de formas inditas de arranjar os elementos do

    ambiente e de sua prpria experincia.

    Nesse contexto, as situaes de faz de conta que as crianas esto frequentemente

    emersas na Educao Infantil, possibilitam a experimentao de diferentes papis sociais, e

    medida que recriam e imitam diversos personagens aprendem mais sobre a relao entre as

    pessoas, sobre os outros e sobre si mesmas.

    Isso porque, as brincadeiras de faz de conta, por exemplo, permitem que a criana

    invente uma situao imaginria na qual ela pode atuar alm de sua idade real, favorecendo o

    estabelecimento de uma zona de desenvolvimento proximal (ZDP), conforme afirma

    Vygotsky (1991). A ZDP definida pela distncia entre dois nveis: nvel de desenvolvimento

    real, que abrange tudo aquilo que a criana consegue realizar de forma autnoma, todo o

    conhecimento j adquirido por ela, e o nvel de desenvolvimento potencial, que so as

    aprendizagens que esto em andamento. Portanto, a soluo de alguns problemas se d sob a

    orientao de um adulto ou um colega que j domina aquele repertrio. Sendo assim, aquilo

    que est no nvel de desenvolvimento potencial hoje, estar no nvel de desenvolvimento real

    amanh.

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    O brincar em sua essncia uma ao que coordena as experincias das crianas com

    aquilo que os objetos evocam como sentimentos num determinado momento, uma vez que

    permite que as crianas imaginem, representem e expressem os seus conhecimentos prvios e

    do margens para a absoro de novas aprendizagens. Quando elas tm a oportunidade de

    repetir o que j conhecem, ativam a memria, atualizam seus conhecimentos, ampliando-os e

    transformando-os por meio de criao de novas situaes imaginrias. O brincar dessa forma

    torna-se uma atividade interna, na qual as crianas desenvolvem a imaginao e interpretam a

    realidade, expressando suas fantasias, prazeres e saberes, podendo pensar e solucionar

    problemas diversos.

    Ao considerar o brincar na Educao Infantil de extrema relevncia ter em vista a

    criana como um sujeito histrico e social, pois a brincadeira traz para as crianas uma

    necessidade de se organizar internamente dentro de um ambiente em que se promove a

    interao entre elas. Deste modo, para que o brincar, nessa primeira etapa escolar, ocorra de

    maneira satisfatria preciso que se ampliem os conhecimentos socialmente constitudos,

    partindo daquilo que as crianas j sabem para uma perspectiva de novas aprendizagens; que

    haja um espao onde possam compartilhar, confrontar e constatar suas hipteses e ideias com

    outras crianas e adultos atravs da interao entre si, a natureza e a sociedade; que garanta-se

    situaes de interao e aprendizagem para que as crianas possam desenvolver a autonomia

    do ponto de vista cognitivo, afetivo e social; que sejam organizados em um espao de

    socializao para as crianas.

    O brincar ganha essa configurao quando, nas escolas de educao infantil, h uma

    organizao desse ldico que supe vrios aspectos, tais como tempo, espao e papel do

    professor.

    A organizao do tempo deve ser pensada no planejamento da rotina. Nele, est

    contido alguns fatores que so importantes considerar: a regularidade, a flexibilidade, e a

    interao entre diferentes faixas etrias.

    Conjuntamente ao tempo, devem ser planejados na rotina, os espaos. Nele,

    apresentam-se os cenrios que promovem diferentes interaes entre as crianas, entre as

    crianas e os objetos e entre as crianas e o desenvolvimento. Alm de garantir espaos que

    possibilitam a realizao de atividades coletivas, individuais ou em pequenos grupos. A

    organizao desses cenrios deve se dar de modo convidativo e acolhedor para as crianas, de

    modo que desperte nelas a vontade de estar ali brincando e que provoque questes e estimule

    curiosidades para a resignificao de antigas e novas aprendizagens nas situaes ldicas.

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    Pensar tambm nos objetos a serem disponibilizados para as crianas faz parte do

    planejamento do brincar, pois aumenta a probabilidade do desenvolvimento amplo, criativo e

    voluntrio da brincadeira. Alm de acessveis s crianas, os materiais devem ser variados

    para possibilitar uma diversidade de aes e movimentos e consequentemente de tipos de

    brincadeira, como: brinquedos simblicos, jogos de exerccio, jogos de construo, jogos de

    regras, materiais no estruturados que propiciem diversos usos e diferentes aes sobre eles,

    como tecidos, caixas, sucatas, tbuas, bancos, etc.

    visvel nesses trs aspectos (planejamento do tempo, espao/cenrio e material) o

    papel do educador. As situaes orientadas favorecem aprendizagens que permitem que as

    crianas trabalhem com diversos conhecimentos. Deste modo, o professor o mediador entre

    as crianas e os objetos de conhecimento, cuja funo garantir e adequar um ambiente rico,

    prazeroso, saudvel e no discriminatrio de experincias educativas e sociais variadas.

    Os educadores tambm devem promover situaes de interao, nas quais se considera

    que as diferentes formas de sentir, expressar e comunicar a realidade pelas crianas resultam

    em diversas respostas que so trocadas entre elas e que garantem parte significativa de suas

    aprendizagens.

    As instituies de educao infantil devem entender o ldico como uma atividade

    subjetiva e intrnseca da criana, cuja aprendizagem est relacionada s suas prprias

    caractersticas: participao voluntria e ativa, envolvimento de regras da imaginao,

    relacionada s experincias vividas por cada participante, ausncia de finalidades externas,

    entre outros. Tendo assim, o brincar como um instrumento de aprendizagem, no qual as

    escolas devem considerar a criana como sujeito central do seu trabalho pedaggico, e,

    portanto, construir um currculo que cada vez mais leva em conta as situaes de

    aprendizagem por meio do brincar, fazendo com que os educadores possam refletir e

    considerar o brincar em seu planejamento nas trs vias de trabalho, o seu papel na brincadeira,

    os cenrios dando contextos ao brincar e o tempo considerado para a atividade ldica.

    Assim, as crianas se desenvolvem em situaes de interao social, nas quais

    conflitos e negociao de sentimentos, ideias e solues so elementos indispensveis,

    possibilitando a ampliao das hipteses infantis.

    Portanto, diante dessa perspectiva, a brincadeira uma importante atividade para as

    crianas, uma vez que elas esto em desenvolvimento. A escola faz parte desse crescimento,

    de modo que a insere no meio social e a coloca para conviver em grupo desde pequenas,

    colocando em prtica as suas experincias adquiridas ao longo da sua histria costurada pelas

    brincadeiras e pelas suas aprendizagens.

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    4.2 O Brincar e os seus elementos: espao, tempo, papel do educador

    As Orientaes Curriculares da Educao Infantil ancoram-se na ideia de que o tempo

    e o espao nesse segmento escolar devem ser vividos e organizados de modo que se leve em

    considerao as demandas das crianas e suas prticas do dia-a-dia, alm de que cabe a

    instituio de educao infantil proporcionar de forma intencional oportunidades para

    aprendizagens e desenvolvimento da criana, que so alimentados pela iniciativa e

    curiosidade infantil conhecendo e dando significado ao mundo.

    necessrio que as escolas tenham um espao adequado e tempo suficiente para que

    as crianas tenham a liberdade de mudarem de local, de brincadeira, de parceiros quando

    quiserem, possam se organizar de diversas maneiras e vrias vezes e expor suas ideias, suas

    vontades e seus desconfortos.

    O espao do brincar nas escolas de educao infantil deve assegurar a educao numa

    perspectiva criadora, em que a brincadeira possibilite o estabelecimento de formas de relao

    com o outro, de apropriao e produo de cultura, do exerccio da deciso e da criao.

    Sempre que as crianas mostram interesse em brincar somente entre elas, o professor tem uma

    excelente oportunidade para observar e registrar como elas se organizam no grupo, suas

    competncias na brincadeira e como acontece esse brincar.

    Contudo, como afirma Heaslip (apud Moyles, 2006, p. 122), para criar um ambiente

    de aprendizagem em que as necessidades desenvolvimentais das crianas possam ser

    satisfatrias, em que possa ocorrer uma aprendizagem ativa, o brincar parece ser o meio de

    aprendizagem natural e mais apropriado. Isso pelo fato de que o brincar funciona como um

    cenrio em que se criam condies para que as crianas atuem a partir de experincias

    prprias que vo dando formas ao brincar, tendo a a importncia de um planejamento para

    que a brincadeira evolua de modo a ampliar e a diversificar o repertrio.

    O espao deve, portanto, ser considerado como um campo de vivncias e exploraes,

    de modo que promova s crianas experincias, expresses e aes, que possibilite a

    ampliao de sensaes e percepes do mundo que a rodeia, que estimule os interesses dos

    alunos. Para isso, o professor deve preocupar-se com a funcionalidade e a esttica dos

    cenrios, de maneira que instigue a curiosidade e a vontade de estar em um ambiente

    acolhedor e provocativo em relao s pesquisas e descobertas feitas pelas crianas.

    Ao considerar o tempo nas situaes ldicas, a escola deve partir do princpio de que

    brincar uma atividade fundamental da infncia, pois auxilia no desenvolvimento de aes

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    cognitivas, motoras, fsicas, afetivas verbais, e principalmente sociais. Portanto, o tempo

    destinado ao ldico deve ser estruturado no currculo da escola e colocado em prtica atravs

    do planejamento dos professores ao longo da rotina.

    Muitas escolas veem o brincar como uma funo de intervalo entre uma atividade e

    outra, e acabam no destinando tempo suficiente para garantir uma brincadeira de qualidade

    para os alunos, como por exemplo, planejar situaes de faz de conta que ampliem o

    repertrio das crianas para novas possibilidades de brincadeira. Alm disso, muitas so as

    crianas que atualmente esto repletas de atividades extracurriculares, como natao, ingls,

    balett, futebol, jud, entre outras, que tomam o lugar e o tempo de brincar fora da escola.

    Entretanto, garantir o tempo do brincar na escola relevante para que as crianas possam se

    desenvolver e aprender por meio de situaes ldicas oferecidas a elas.

    Em segundo plano, o professor deve planejar esse tempo e garantir que se mantenha

    uma regularidade dos momentos de brincar na rotina das crianas, mas que possa tambm ser

    um tempo flexvel capaz de ser replanejado, por exemplo, quando as crianas deslancham

    numa brincadeira e o professor permite um tempo maior para que continuem. Ou, ento, o

    contrrio, quando a brincadeira no est fluindo e o professor pode pensar em outra que seja

    mais interessante naquele momento.

    Dessa forma, o tempo do brincar na escola se torna ainda mais prazeroso e requerido

    pelas crianas. Uma vez que em casa elas no possuem esse tempo e/ou dentro da prpria

    escola no h tempo para que possam usufruir de um brincar com qualidade e com um tempo

    planejado para ele.

    Sobretudo, Brougre (apud Almeida 2012, p.34) afirma que a brincadeira uma

    atividade que se distingue das outras no sentido de que no deve ser considerada de modo

    literal. Nela se faz de conta, ou melhor, o que se faz de conta s tem sentido e valor num

    espao e em um tempo delimitado. Portanto, deve-se considerar as competncias e

    habilidades aprendidas nas situaes ldicas como modo de formao do desenvolvimento

    dos pequenos sujeitos envolvidos ao serem planejados cenrios e tempos determinados para

    as brincadeiras.

    Outra importante questo a ser considerada no planejamento do tempo e espao a

    interao entre as crianas. Por meio do brincar, elas conhecem mais sobre si e sobre o outro.

    Ao se relacionarem com os demais, so capazes de aprender a respeitar decises e vontades,

    controlar seus impulsos, ampliar vocabulrio e dividir opinies e escutar, explicar, ajudar,

    questionar e argumentar as suas prprias atitudes e as atitudes dos demais envolvidos, a

    resolver conflitos e a compartilhar experincias. Assim, viver em sociedade requer regras de

  • 13

    convivncias que so construdas ao longo do desenvolvimento infantil. Essas interaes

    acontecem entre criana-criana (da mesma faixa etria e com faixas etrias diferentes, tanto

    mais velhas como mais novas), entre criana-adulto e criana-ambiente.

    Assim, ressalta Almeida (2012, p. 37) preciso garantir tempo e espao para a

    brincadeira na escola, no como prmio de bom comportamento: s vai brincar quem se

    comportou, mas porque o ldico suscita, desperta, condio do humano.

    Com relao ao papel do educador, os professores devem, primeiramente, ter a crena

    de que o aluno a figura central do seu trabalho e acreditar na concepo que traz o brincar

    como uma atividade essencial da infncia. Para isso preciso que pensem nos ambientes de

    brincadeiras, pois assim sero maiores as possibilidades das crianas manifestarem seus

    sentimentos, ideias e aes. Desse modo o RCNEI afirma:

    (...) cabe ao professor organizar situaes para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada para propiciar s crianas a possibilidade de escolherem os temas, papis, objetos e companheiros com quem brincar ou os jogos de regras e de construo, e assim elaborarem de forma pessoal e independente suas emoes, sentimentos, conhecimentos e regras sociais. (BRASIL, 1998, p.29, v.1)

    Existem dois tipos de intervenes do professor no brincar, direta e indiretamente. Na

    primeira situao, a sua participao como um sujeito ativo na brincadeira, por exemplo,

    quando ele est sentado brincando com as crianas de fazer bolos de areia ou quando se torna

    o doente em uma brincadeira de mdico. Na segunda ocasio, o professor est por trs do

    brincar, quando o planeja e quando pauta-se na escuta e na observao, assumindo outros

    papis para que possa ampliar, diversificar e/ou inovar as atividades ldicas.

    Alm disso, ao organizar situaes para a brincadeira das crianas, o professor deve

    levar em conta os conhecimentos prvios de seus alunos, possveis de se perceber a partir da

    observao das vivncias das crianas. Por exemplo, saber quais brincadeiras seus alunos

    aprenderam fora da escola e de que maneira poder utiliz-las como um recurso pedaggico

    dentro da sala de aula e como ampliar o repertrio e propor novas brincadeiras para seus

    alunos.

    Outra forma da presena do educador nas brincadeiras est centrada em estimular a

    imaginao das crianas, o qual deve oportunizar situaes em que elas possam despertar as

    suas prprias ideias e dar maior autonomia em tomada de decises e resolues de conflitos.

    Assim, o papel do adulto est contido, tambm, em saber quais os conceitos, procedimentos e

    atitudes as crianas esto lindando por meio das hipteses que vivenciam simbolicamente.

  • 14

    Em suma, as caractersticas do brincar, segundo Wajskop (2009, p.51), implicam na

    elaborao de um planejamento objetivo e organizao da rotina diria, do espao, do tempo,

    das atividades e dos materiais que so propostos aos alunos, apontando para as funes dos

    educadores no situaes ldicas.

    5 O BRINCAR EM UMA ESCOLA DE EDUCAO INANTIL

    A instituio selecionada para a realizao da coleta de dados tem o brincar includo

    no seu currculo. uma escola localizada na regio Oeste de So Paulo, da rede particular. O

    objetivo verificar o quanto os elementos esto presentes na elaborao de um brincar de

    qualidade.

    Essa pesquisa foi realizada por meio de observao direta. Os dados foram coletados

    durante uma semana no perodo matutino, quando foi acompanhada a jornada integral. Para a

    observao, foram considerados os elementos do brincar: o tempo, o espao e o papel do

    educador na atividade ldica. A coleta de dados est organizada em uma tabela para cada dia

    da semana e contempla a rotina, a descrio do brincar e o tempo.

    Acompanhou-se uma turma de crianas com 2 anos e meio/3 anos de idade. A sala

    conta com 17 crianas e 3 adultos, sendo nomeados aqui por: professora A, professora B e

    professora C.

    Segunda-feira das 13h s 17h15min

    Rotina Brincar descrio Tempo

    Chegada

    Atividade Diversificada (AD)

    A classe estava organizada em 3 cantos: mesa com quebra-cabea, casinha com caminhas e banheiras para os bebs e pistas de carrinhos. As crianas foram chegando e sendo recebidas pelas professoras (A e B) e logo se encaminhavam para as brincadeiras de suas prprias escolhas. No cantinho dos bebs, a professora A estava brincando com as crianas, intervindo diretamente ao cuidar dos bebs juntamente com os alunos que l estavam, dando banho, comida, colocando para dormir, cantando msicas para as bonecas pararem

    13:00 s 14:30

  • 15

    de chorar. Outras crianas estavam na mesa do quebra-cabea e outras pegaram a pista de trem para montar e colocar junto ao cantinho dos carrinhos. A professora B estava mais observando as crianas brincarem e se revezava entre os dois cantinhos, auxiliando as crianas que precisavam de ajuda para resolver algum conflito que surgia entre eles. A professora C tem sua entrada na sala as 13h15 e auxilia as crianas quando querem ir ao banheiro.

    Transio AD para Roda

    Arrumao da sala. 14:30 s 14:45

    Roda A professora B sentou na roda e comeou a cantar senta na roda tindolel e algumas crianas foram sentando junto a ela, enquanto a professora A foi ajudando os outros, que estavam pulando num cantinho da sala, a irem para a roda. As professoras iniciaram uma msica de boa tarde que canta o nome de todas as crianas ali presentes (boa tarde fulano como vai?). Conversaram sobre estarem todos os alunos hoje e no ter faltado ningum. O ajudante do dia ajudou a professora C a servir gua para as crianas. Depois a professora A conversou com elas sobre o projeto de cincias que esto vivendo (conceito de transformao). Discutiram sobre cor da gua e a cor da argila.

    14:45 as 15:05

    Transio Roda para Lanche

    A professora B ficou na porta para ir chamando as crianas de 4 em 4 para irem lavar as mos. A professora C ficou no banheiro para ajuda-los, e a professora A permaneceu na roda cantando algumas msicas.

    15:05 as 15:10

    Lanche A professora C foi tomar caf (15 minutos). E cada uma das outras professoras (A e B) sentaram em uma mesa com as crianas.

    15:10 as 15:30

    Espao externo (areia)

    A professora C voltou do caf e foi arrumar um cenrio na areia. Colocou alguns materiais como ps, baldes, peneiras em cima de um caixote. Quando a maioria do grupo terminou o lanche as professoras disseram que podiam ir para a areia. A professora A foi com eles e a professora B ficou com aqueles que terminavam. Algumas crianas foram para esse espao arrumado e outro grupo procurou pela professora B para ela ser o lobo, que logo correram para a floresta fugindo e procurando lugares para se esconder. Correram (a professora e as crianas) por toda a escola e ora algumas crianas viraram lobo com a professora e correram atrs de outras e ora viraram caadores e foram atrs do lobo. Essa brincadeira durou em torno de 10 a 15 minutos e quando cansaram a professora sugeriu que tomassem

    15:30 as 16:05

  • 16

    gua. A professora A foi para seu caf (15 minutos). E a professora C estava com os que ficaram brincando na areia. A professora B sugeriu que descansassem um pouco com uma brincadeira mais calma, juntaram-se ento com os que estavam brincado na areia e com uma bacia bem grande que encontraram foram fazendo bolos de sabores escolhidos pelas crianas e cantando parabns para os que estavam ali participando da brincadeira. Colocavam os ingredientes (areia) como farinha, fermento, chocolate, morango, banana, ovos, entre outros, que surgiam das crianas. A vela era uma p.

    Transio Areia para Descanso

    As crianas guardaram os brinquedos e foram sentando na frente da sala para tirar areia do sapato e entrar para o descanso.

    16:05 as 16:10

    Descanso Com um pano grande estendido no cho e com almofadas, as crianas deitaram e/ou sentaram. A professora B foi tomar caf (15 minutos), a professora C trocava fraldas e a professora A cantava msicas escolhidas pelos alunos. Foi um momento calmo, sem agitao.

    16:10 as 16:30

    Histria A professora A contou a histria do Titot e todas as crianas estavam atentas e interessadas.

    16:30 as 16:50

    Transio Histria para Roda de sada

    Guardaram as almofadas e o pano e pegaram cadeiras para fazer a roda de sada.

    16:50 as 17:00

    Sada Ao fazer a roda de cadeiras as crianas logo pediram a brincadeira do Roda Pio. As professoras tambm sentaram na roda e comearam com o roda pio, onde uma criana de cada vez escolhe um amigo e juntos entram na roda ao som da msica cantada pelos amigos o Fulano e o Ciclano entraram na roda pio, roda pio, bambeia pio.

    17:00 as 17:15

    Tera-feira das 13h s 17h15min

    Rotina Brincar descrio Tempo

    Chegada

    Atividade

    A classe estava organizada em 3 cantos: mesa de massinha, lego, fantasias. As crianas foram chegando e sendo recebidas pelas professoras (A e B) e logo se

    13:00 s 14:00

  • 17

    Diversificada (AD)

    encaminhavam para as brincadeiras de suas prprias escolhas. A professora A sentou-se com as crianas que estavam brincando na mesa de massinha e fizeram minhocas, cantaram msicas, fizeram comidinhas, bolos e cantaram parabns para vrias crianas. Outras crianas pediam ajuda das professoras para colocarem ou trocarem as fantasias. Algumas procuraram pela professora B para que ela fizesse desenhos no rosto; o combinado feito por ela era de que hoje poderiam ser desenhos na mo e no no rosto; (o lpis prprio para desenhar no corpo). As crianas que estavam brincando com lego, empilhavam-os, dizendo ser torres e castelos e montavam at cair. A professora C tem sua entrada na sala as 13h15 e auxilia as crianas quando querem ir ao banheiro.

    Transio AD para Roda

    Arrumao da sala. 14:00 s 14:15

    Roda A professora B sentou na roda e comeou a cantar senta na roda tindolel e algumas crianas foram sentando junto a ela, enquanto a professora A foi ajudando os outros a irem para a roda. Cantaram o Boa Tarde. Conversaram sobre quem faltou hoje (uma criana) e o ajudante do dia serviu gua para as crianas. E a professora C foi arrumar um cenrio na areia.

    14:15 as 14:30

    Espao externo (areia)

    A professora C arrumou o seguinte cenrio: pegou uma mesa e colocou na areia, e nela colocou uma toalha e materiais como: pratos, copos de sucatas, ps e baldes; colocou algumas cadeiras, montando um cenrio de casinha na areia. A princpio as crianas se dirigiram a esse espao, porm uma turma logo procurou pela professora B para brincarem de lobo e caador. As professoras A e C ficaram no cenrio montado com as crianas que permaneceram brincando de fazer comidinhas e ofereciam aos adultos, enquanto a professora B estava na mesma dinmica do dia anterior, correndo atrs das crianas, dizendo ser um lobo faminto e com vontade de comer barrigas. As crianas que ela pegava se tornavam lobo com ela at que os alunos resolvessem virar caadores e correr atrs dela para peg-la. Quando cansaram foram para o brinquedo (uma casinha de madeira com um escorregador, que se encontra no meio da areia). L as crianas brincaram de escorregar de trem (de duas ou trs crianas), e de subir pelo escorregador e descer pela escada. A professora B se manteve ao lado para auxiliar os que precisavam de ajuda para subir e/ou escorregar.

    14:30 as 15:00

  • 18

    Transio Areia para Lanche

    As professoras chamaram para guardar os brinquedos e a professora B sentou-se prxima ao banheiro com algumas crianas e a professora A e C foram chamando quem faltava para juntar-se ao grupo. Enquanto esperavam para lavar as mos e ir ao banheiro, fizeram uma roda e cantaram algumas msicas escolhidas pelas crianas. A professora C estava ajudando-os no banheiro e a lavar as mos.

    15:00 as 15:10

    Lanche A professora C foi tomar caf. E cada uma das outras professoras (A e B) sentaram em uma mesa com as crianas.

    15:10 as 15:30

    Descanso Conforme a maioria do grupo terminou o lanche, a professora A entrou para o descanso com eles e a professora B ficou com quem terminava. Com um pano grande estendido no cho e com almofadas, as crianas deitaram e/ou sentaram. A professora A foi tomar caf, a professora C trocava fraldas e a professora B cantava msicas escolhidas pelos alunos. Foi um momento calmo, sem agitao.

    15:30 as 15:55

    Transio Descanso para aula de Msica

    Guardaram as almofadas e o pano e fizeram uma roda para esperar o professor de msica chegar.

    15:55 as 16:00

    Aula de Msica

    O professor passou alguns vdeos para apreciao das crianas, que permaneceram atentas. A professora B foi para o caf.

    16:00 as 16:30

    Histria A professora A contou a histria do livro A casa sonolenta. Antes de comear a leitura, ela perguntou se algum lembrava dos personagens e as crianas se mostraram interessadas na conversa e o grupo ouviu com ateno a histria.

    16:30 as 16:45

    Coletiva Desenho dentro da sala com papel Kraft no cho, canetinhas e giz pastel oleoso. As professoras (A, B e C) sentaram junto e tambm fizeram desenhos.

    16:45 as 17:00

    Transio Coletiva para Roda de sada

    Guardaram os materiais e pegaram as cadeiras para fazer a roda. 17:00 as 17:05

    Sada Ao fazer a roda de cadeira as crianas logo pediram a brincadeira do Roda Pio. A professora B sugeriu a brincadeira do Joo roubou po e combinaram de que o roda pio no daria tempo de ir todas as crianas e ficaria para amanh.

    17:05 as 17:15

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    Quarta-feira das 13h s 17h15min

    Rotina Brincar descrio Tempo

    Chegada

    Atividade Diversificada (AD)

    A classe estava organizada em 4 cantos: dedoches com bloquinhos de madeira; salo de beleza com kits de cabeleireiros (secadores, chapinhas, escovas de cabelo, espelhos, e colares); mesa com comidinhas, pratos, talheres e ao lado o fogo e a geladeira; e um pano estendido com algumas almofadas para tornar o canto de livros mais aconchegante. As crianas foram chegando e sendo recebidas pelas professoras (A e B) e logo se encaminhavam para as brincadeiras de suas prprias escolhas. A professora A sentou-se com as crianas que estavam brincando com os dedoches e montou casinhas e as crianas recontaram algumas histrias. A professora B ficou no cantinho dos livros com alguns alunos que queriam ouvir histrias; a professora lia os livros escolhidos pelas prprias crianas. Enquanto isso, algumas crianas se penteavam no canto dos cabeleireiros e ora iam atrs das professoras para tambm pente-las e colocar tiaras, coroas, colares e passar perfume nelas. A professora C tem sua entrada na sala as 13h15 e auxilia as crianas quando querem ir ao banheiro; ela sentou-se na mesa de comidinhas para brincar com os que estavam por l, fizerem sopas, salada de frutas, macarro, etc.

    13:00 s 14:00

    Transio AD para Roda

    Arrumao da sala. 14:00 s 14:10

    Roda A professora B sentou na roda e comeou a cantar senta na roda tindolel e algumas crianas foram sentando junto a ela, enquanto a professora A foi ajudando os outros irem para a roda. Cantaram o Boa Tarde. Conversaram sobre quem faltou hoje (quatro crianas) e o ajudante do dia serviu gua para as crianas. Aguardaram a professora de Educao Corporal chegar.

    14:10 as 14:20

    Aula de Educao Corporal (Educa)

    A professora de Educa props atividades com bambols, nas quais as crianas se tornavam determinados animais e quando a msica parava elas tinham que procurar uma casa. As professoras A, B e C participaram da aula.

    14:20 as 14:50

    Transio Educa para Lanche

    Quando a professora de Educa foi embora, as professoras A e B fizeram uma roda e cantaram a parlenda Uni duni t,conforme a criana era sorteada ia para o banheiro lavar as mos com a professora C.

    14:50as 15:00

  • 20

    Lanche A professora C foi tomar caf. E cada uma das outras professoras (A e B) sentaram em uma mesa com as crianas.

    15:00 as 15:20

    Espao externo (areia)

    A professora C voltou do caf e foi arrumar um cenrio na areia. Um circuito com 3 caixotes, uma mesa e um puff de bolinhas para as crianas pularem. Quando a maioria do grupo terminou o lanche as professoras disseram que podiam ir para a areia. A professora B foi com eles e a professora A ficou com aqueles que terminavam. A princpio ficaram por um tempo em torno de 10 a 15 minutos no circuito montado, mais logo o grupo que est envolvido com a brincadeira de faz de conta de lobo e caadores procuraram pela professora B para ela ir brincar com eles. Porm, ela disse que no momento teria que ficar perto do circuito, pois a professora A foi tomar caf e a professora C estava com algumas crianas que quiseram ir ao banheiro. Quando a professora C voltou, a professora B foi brincar com eles; as crianas se escondiam por partes da escola e quando o lobo as achava, elas saiam gritando e fugindo para no serem pegas. Essa brincadeira durou menos tempo hoje porque logo quiseram voltar para o circuito.

    15:20 as 16:00

    Transio Areia para Descanso

    As crianas guardaram os brinquedos e foram sentando na frente da sala para tirar areia do sapato e entrar para o descanso.

    16:00 as 16:05

    Descanso Com um pano grande estendido no cho e com almofadas, as crianas deitaram e/ou sentaram. A professora B foi tomar caf, a professora C trocava fraldas e a professora A cantava msicas escolhidas pelos alunos. Foi um momento calmo, sem agitao.

    16:05 as 16:25

    Histria A professora A contou a histria O grande rabanete. Fez uma conversa de antecipao, relembrando com as crianas o que iria acontecer e quais eram os seus personagens.

    16:25 as 16:35

    Coletiva Trs tipos de blocos de construo. Um de encaixe, com peas grandes, um outro de encaixe com peas menores e um de empilhar. Um grupo de 5 crianas fez torres grandes at carem, outras fizeram casas e pegaram os fantoches, criando histrias recontadas por elas, como por exemplo a dos trs porquinhos.

    16:35 as 16:55

    Transio Coletiva para Roda de sada

    Guardaram os blocos e os fantoches e pegaram as cadeiras para fazer a roda.

    16:55 as 17:05

  • 21

    Sada Ao fazer a roda de cadeira as crianas logo pediram o Roda Pio. Como combinado com a professora B no dia anterior fizeram essa brincadeira.

    17:05 as 17:15

    Quinta-feira das 13h s 17h15min

    Rotina Brincar descrio Tempo

    Chegada

    Atividade Diversificada (AD)

    A classe estava organizada em 3 cantos: mesa com massinha e pratos de aniversrios, velas e palitos; nens com banheirinhas, sucatas de shampoo, paninhos, esponjas e mamadeiras; bichos grandes de borrachas com blocos de construo. As crianas foram chegando e sendo recebidas pelas professoras (A e B) e logo se encaminhavam para as brincadeiras de suas prprias escolhas. Um grupo de crianas estava brincando com os bichos, com a seguinte narrativa: Vamos amigos, temos que salvar o outro amigo que est na floresta. Ele est escondido do lobo, E fugindo dos caadores. So as mesmas crianas que procuram pela professora para brincar de lobo na areia. Ainda nesse cantinho a professora A estava sentada e brincando com algumas meninas de construir um zoolgico. A professora B estava com outras meninas dando banho e cuidando dos bebs, lavando o cabelo, o p, a barriga e outras partes do corpo sugeridas pelas crianas. A professora C tem sua entrada na sala as 13h15 e auxilia as crianas quando querem ir ao banheiro; sentou-se para brincar na mesa de massinha cantando parabns e fazendo bolos e docinhos com as crianas.

    13:00 s 14:30

    Transio AD para Roda

    Arrumao da sala. 14:30 s 14:45

  • 22

    Roda A professora A sentou na roda e comeou a cantar senta na roda tindolel e algumas crianas foram sentando junto a ela, enquanto a professora B foi ajudando os outros a irem para a roda. As professoras iniciaram a msica do Boa Tarde. Conversaram sobre estarem todos os alunos hoje e no ter faltado ningum. O ajudante do dia ajudou a professora C a servir gua para as crianas. Como havia outra turma lavando as mos, as professoras fizeram algumas brincadeiras culturais: pulguinha, Ana Maria ficou de catapora e caranguejo no peixe.

    14:45 as 15:10

    Transio Roda para Lanche

    A professora B ficou na porta para ir chamando as crianas de 4 em 4 para irem lavar as mos. A professora C ficou no banheiro para ajud-los, e a professora A continuou com as brincadeiras.

    15:10 as 15:15

    Lanche A professora C foi tomar caf. Cada uma das outras professoras (A e B) sentaram em uma mesa com as crianas.

    15:15 as 15:30

    Espao externo (areia)

    A professora C ainda no tinha voltado do caf e ento a professora A sugeriu que as crianas fossem junto arrumar um cenrio na areia. Durante uma conversa no lanche, combinaram de fazer uma cabana para se esconderem do lobo. A professora B ficou com aqueles que terminavam. Quando terminaram foram tambm ajudar o restante do grupo a montar a cabana. Logo procuraram pela professora B para ela ser o lobo. Algumas crianas tambm quiseram ser o lobo e ento ela sugeriu que contassem at 10 para que as outras crianas pudessem se esconder. A professora A foi tomar caf e a professora C foi com eles se esconder. Os lobos foram a procura deles e quando acharam foi uma gritaria e correria de lobos atrs dos caadores. A brincadeira se inverteu e os caadores quiseram pegar os lobos. Quando cansaram, foram para debaixo da cabana e brincaram de fazer buracos na areia, esconder os ps , e outras crianas foram em busca de materiais como baldes e ps para fazerem bolos. A professora B estava na cabana com eles enquanto a professora C estava observando as crianas que estavam circulando pelo espao externo, brincando ou no brinquedo ou na floresta.

    15:30 as 16:10

    Transio Areia para Descanso

    As crianas guardaram os brinquedos e foram sentando na frente da sala para tirar areia do sapato e entrar para o descanso.

    16:10 as 16:15

    Descanso Com um pano grande estendido no cho e com almofadas, as crianas deitaram e/ou sentaram. A professora B foi tomar caf, a professora C trocava

    16:15 as 16:35

  • 23

    fraldas e a professora A cantava msicas escolhidas pelos alunos. Foi um momento calmo, sem agitao.

    Histria A professora A contou a histria dos Trs Porquinhos e todas as crianas estavam atentas e interessadas.

    16:35 as 16:50

    Transio Histria para Roda de sada

    Guardaram as almofadas e o pano, pegaram cadeiras para fazer a roda de sada.

    16:50 as 17:00

    Sada Ao fazer a roda de cadeiras, as crianas logo pediram a brincadeira do Roda Pio. Fizeram essa e em seguida a da Comida Brasileira.

    17:00 as 17:15

    Sexta-feira das 13h s 17h15min

    Rotina Brincar descrio Tempo

    Chegada

    Atividade Diversificada (AD)

    A classe estava organizada em 3 cantos: uma cabana dentro na sala com fantasias penduradas em um varal, pistas de carrinhos e canto de ferramentas. As crianas foram chegando e sendo recebidas pelas professoras (A e B) e logo se encaminhavam para as brincadeiras de suas prprias escolhas. Inicialmente, as crianas brincaram de se esconder nas cabanas e dar susto nas professoras. As crianas procuravam pelos adultos para colocar e tirar fantasias. Ao vestir-se de princesa, uma criana fingiu estar desmaiada esperando pelo prncipe encantado, um menino que viu a cena logo procurou por uma capa de prncipe, pediu para a professora B colocar e foi at ela para dar um beijo e despert-la. Apareceram outras crianas tambm vestidas de princesas que entraram nessa brincadeira tambm. Algumas crianas que estavam brincando de carrinhos fizeram pistas bem grandes e enfileiraram os carrinhos no posto de gasolina e outras criavam caminhos pela estante de livros e em cima da estante de brinquedos. Os que estavam com ferramentas estavam consertando carros, mesas e estantes, com martelos, serrotes, furadeiras e chapus de trabalhadores.

    13:00 s 14:30

    Transio AD para Roda

    Arrumao da sala. 14:30 s 14:45

  • 24

    Roda A professora B sentou na roda e comeou a cantar senta na roda tindolel e algumas crianas foram sentando junto a ela, enquanto a professora A foi ajudando os outros a irem para a roda. As professoras iniciaram a msica do Boa Tarde Conversaram sobre estarem todos os alunos hoje e no ter faltado ningum. O ajudante do dia ajudou a professora C a servir gua para as crianas. A professora A pegou o calendrio e mostrou que no final de semana o porto da escola ficaria fechado e no teria aula, conversaram que eram dias para passear, ir no parque, na pracinha, no teatro, etc.

    14:45 as 15:05

    Transio Roda para Lanche

    A professora B ficou na porta para ir chamando as crianas de 4 em 4 para irem lavar as mos. A professora C ficou no banheiro para ajud-los, e a professora A cantou algumas msicas escolhidas pelas crianas.

    15:05 as 15:10

    Lanche A professora C foi tomar caf. Cada uma das outras professoras (A e B) sentaram em uma mesa com as crianas.

    15:10 as 15:30

    Espao externo (areia)

    A professora C voltou do caf e foi arrumar um cenrio na areia. Colocou alguns materiais como ps, baldes, peneiras em cima de um caixote. Quando a maioria do grupo terminou o lanche as professoras disseram que podiam ir para a areia. A professora B foi com eles e a professora A ficou com aqueles que terminavam. Algumas crianas foram para esse espao arrumado e outro grupo procurou pela professora B para ela ser o lobo, mas hoje ela combinou com eles que essa brincadeira poderia ser feita entre eles ou que poderiam brincar de outras coisas, pois ela acha que por um lado interessante manter essa brincadeira que se repete todos os dias, mais que tambm eles precisam ampliar o repertrio de brincadeiras, podendo combinar alguns dias de brincar de lobo e outros para eles inventarem outras brincadeiras. Ento, esse grupo foi para um canto da areia e comeam uma brincadeira de capito. Vassouras que se transformam em espadas, ps que viram armas (como as prprias crianas nomearam). Em certo momento, cada um se encostava na parede e dizia estou preso, me ajuda!, para que ento outro capito pudesse peg-lo pela mo e salv-lo dos malvados (os viles que eram personagens imaginrios, no tinha uma criana para concretizar esse papel). Quando eram salvos, saiam correndo dizendo Vamos capito, vamos! Vamos correr e prender eles e atirar para eles morrerem!. A professora A foi para o caf e a professora C estava com as crianas que estavam no brinquedo, pulando do murinho da floresta e com

    15:30 as 16:05

  • 25

    aqueles que preparavam festas de aniversrios com bolos de areia e velas de p, cantando parabns. A professora B estava apenas acompanhando, observando e intervindo o menos possvel na brincadeira de capito.

    Transio Areia para Descanso

    As crianas guardaram os brinquedos e foram sentando na frente da sala para tirar areia do sapato e entrar para o descanso.

    16:05 as 16:10

    Descanso Com um pano grande estendido no cho e com almofadas, as crianas deitaram e/ou sentaram. A professora B foi tomar caf, a professora C trocava fraldas e a professora A cantava msicas escolhidas pelos alunos. Foi um momento calmo, sem agitao.

    16:10 as 16:30

    Histria A professora A contou a histria do Joo e Maria e todas as crianas estavam atentas e interessadas. E as professoras colocaram a caixa de livros para as crianas lerem.

    16:30 as 16:50

    Transio Histria para Roda de sada

    Guardaram as almofadas, o pano, e os livros. Pegaram cadeiras para fazer a roda de sada

    16:50 as 17:00

    Sada Ao fazer a roda de cadeiras as crianas logo pediram a brincadeira do Roda Pio. Fizeram essa e em seguida a da Comida Brasileira.

    17:00 as 17:15

    6 ANLISE DOS DADOS COLETADOS

    Diante da questo apresentada acima, possvel verificar, por meio dos dados

    coletados, que de fato, na escola em questo, o brincar aparece em diversas situaes da rotina

    como uma atividade organizada para que sejam levados em considerao os critrios que lhe

    garantem qualidade.

    possvel entender que as atividades diversificadas contemplam um brincar com sua

    principal configurao. As instituies de educao infantil devem compreender o ldico

    como uma atividade subjetiva e intrnseca, cuja aprendizagem est relacionada s suas

    prprias caractersticas: participao voluntria e ativa, envolvimento de regras da

    imaginao, relacionada s experincias vividas por cada participante e ausncia de

    finalidades externas.

  • 26

    Deste modo, verifica-se o brincar de qualidade logo no primeiro momento da rotina,

    quando os cantos, na hora da chegada, so organizados para receber as crianas.

    As atividades diversificadas so uma forma de englobar os trs elementos estudados

    nesse artigo, pois por meio da AD, a professora prepara cenrios com brincadeiras propostas

    aos seus alunos, tem um tempo destinado a ela com fundamentos prprios para promover

    situaes do ldico e atravs do planejamento dos cantinhos a serem montados est posto, de

    maneira indireta, um dos papis do educador. Ainda, sobre esse momento de atividades

    diversificadas, Oliveira descreve:

    Tem sido muito valorizada a organizao de reas de atividade diversificada, os cantinhos da casinha, do cabeleireiro, do mdico ou dentista, do supermercado, da leitura, do descanso que permitem a cada criana interagir com pequeno nmero de companheiros, possibilitando-lhe melhor coordenao de suas aes e a criao de um enredo comum na brincadeira, o que aumenta a troca e aperfeioamento da linguagem. (OLIVEIRA, 2002, p. 195).

    Por meio das observaes realizadas, percebe-se que durante a AD, as crianas se

    agrupam por centros de interesses e constroem a brincadeira com narrativas complementares,

    quando, por exemplo, os meninos esto brincando com os bichos de borrachas como mostra o

    trecho das anotaes da tabela de quinta-feira: vamos amigos, temos que salvar o outro

    amigo que est na floresta, ele est escondido do lobo, e fugindo dos caadores.

    Alm disso, esses dois momentos, um em que a professora planeja os cantinhos de

    brincadeiras no seu semanrio e outro, em que ela deixa com que as crianas possam fazer

    tambm as escolhas do que querem brincar, so situaes relevantes ao contemplar o brincar,

    pois o educador pensa em brincadeiras, mas tambm oportuniza ocasies de decises para

    serem tomadas pelas prprias crianas. Por exemplo, na tabela de quinta-feira, no momento

    da areia, no trecho a professora C ainda no tinha voltado do caf e ento a professora A

    sugeriu que as crianas fossem juntos arrumar um cenrio na areia. Durante uma conversa

    no lanche, combinaram de fazer uma cabana na areia para se esconderem do lobo. Situao

    em que a professora montou o cenrio atravs de uma escolha dos alunos.

    Sendo assim, fica claro como as teorias sobre o espao do brincar so colocadas em

    prtica, uma vez que se tem um modelo de como a professora planeja e reflete sobre como

    aumentar as possibilidades de atividades ldicas atravs da observao e da escuta, como uma

    das formas de assumir o seu papel na brincadeira, como exemplificado pelas tabelas de

    segunda-feira, no momento da AD onde a professora B estava mais observando as crianas

    brincarem e se revezava entre os dois cantinhos, auxiliando as crianas que precisavam de

  • 27

    ajuda para resolver algum conflito que surgia entre eles; e na sexta-feira, no momento da

    areia, onde a professora B estava apenas acompanhando, observando e intervindo o menos

    possvel na brincadeira de capito.

    Dessa maneira, uma das funes do educador a de observador, pois como diz Arce:

    (...) Froebel explica que, se o adulto observar, por exemplo, o jogo e a fala de uma criana, poder compreender o nvel de desenvolvimento no qual ela se encontra. Isso significa que a observao das atividades espontneas da criana, como a brincadeira e a fala, de grande importncia para o xito da atividade educativa. (ARCE, 2004, p.13).

    A observao auxilia o professor no saber interpretar as situaes de brincadeiras,

    levantando elementos que o ajudaro na continuao das suas propostas ldicas e atividades

    dirigidas, tais como: os principais interesses das crianas, as dificuldades encontradas, as

    competncias demonstradas na brincadeira, etc. Alm disso, ajuda o professor a alimentar a

    brincadeira dos alunos com a ampliao de repertrios, possibilitando que ele traga novos

    elementos para complementar as brincadeiras, por meio de cenrios, histrias, materiais, entre

    outros.

    A brincadeira de lobo das crianas com a professora B surgiu de um interesse muito

    grande do grupo por esse personagem atravs das histrias contadas e lidas pelas professoras.

    Por isso, vinda dessa escuta, elas planejaram cenrios em que havia cabanas, fantasias e

    espadas de jornais, confeccionadas nos momentos de AD junto com as crianas, para que elas

    pudessem virar lobos e as demais se esconder ou virarem porquinhos. Essas situaes foram

    planejadas para a brincadeira acontecer dentro da sala, entretanto, esse faz de conta se

    expandiu para o espao externo da areia, possibilitando melhores aes, como correr, pular,

    gritar e permitir que outros personagens tambm apaream como, os caadores, ou bichos

    bravos prontos para espantar o lobo. Desse modo, essa brincadeira tornou-se de grande

    significado para as crianas, e tambm foi planejada para alguns momentos da areia, onde as

    crianas simbolizam os materiais como ps e vassourinhas como objetos para caar o lobo.

    Portanto, a observao das atividades ldicas faz parte do papel do professor, pois, por

    exemplo, ao observar o interesse das crianas pela brincadeira de lobo, as professoras A e B

    puderam pensar em planejamentos para alimentar, ampliar e diversificar o contexto dessa

    brincadeira, atravs de montagem de cenrios e cabanas, construes de espadas ou

    disponibilizao de outros objetos para se tornarem armas (como nomeiam os prprios

    alunos). A contao de histrias que tem esse personagem to querido por essa turma

  • 28

    possibilitou s crianas ora se tornarem porquinhos, ora chapeuzinho vermelho, ora

    caadores, ora cabritinhos, entre diversos outros personagens da literatura infantil.

    Em relao ao tempo, percebe-se que no currculo dessa escola h uma concepo

    forte sobre o brincar. Pois acreditam na importncia do brincar para o desenvolvimento

    infantil e por isso apresenta a sua rotina baseada no tempo destinado para as atividades

    ldicas, para que assim se possa garantir na Educao Infantil um brincar com qualidade.

    Como mostra a coleta de dados, o tempo de brincadeiras est proposto nas ADs, nos

    momentos de areia e nas propostas coletivas, cujos horrios so permanentes e flexveis para

    que mudanas das e nas brincadeiras possam acontecer.

    O tempo um importante fator para que se possa garantir um brincar de qualidade

    uma vez que se destinado um planejamento para ele. Isso porque no no intervalo de uma

    atividade ou outra que acontecem as situaes ldicas. H diversos momentos para que as

    brincadeiras ocorram de forma livre pelas crianas, mesmo que haja um planejamento e um

    cenrio montado. Isto , por exemplo, nas ADs quando j tem os cantinhos organizados para

    receber as crianas e a escolha delas de onde vo brincar, nos momentos de coletiva quando

    a brincadeira acontece de forma mais dirigida, e inclusive na hora destinada a areia, quando as

    professoras organizam um cenrio mas que nem sempre usado pelas crianas, que tem livre

    arbtrio para explorarem a escola inteira nesse momento.

    Aps a coleta de dados, possvel constatar que na Educao Infantil, o brincar tem

    um papel de suma importncia. atravs dele que as crianas aprendem por meio de

    oportunidades que lhes so oferecidas em repetir o que j conhecem, de modo que ativam a

    memria, atualizam seus conhecimentos, ampliando-os e transformando-os por meio da

    criao de novas situaes imaginrias. Assim, o brincar interpreta a realidade expressando

    suas fantasias, prazeres e saberes, dando chance para elas refletirem e solucionarem

    problemas diversos. A atividade ldica , ento, uma das aes contribuintes para o

    desenvolvimento da autonomia, da identidade e da sociabilidade.

    7 CONSIDERAES FINAIS

    Nesta pesquisa, constata-se que possvel e bastante relevante considerar o brincar no

    currculo de Educao Infantil, pois o ldico deve ganhar um espao e um tempo planejados

    para seus prprios fins. Garantir um espao de brincadeira na instituio garantir a educao

  • 29

    numa perspectiva de um lugar de socializao, de construo de relao com o outro, de

    apropriao e produo da cultura, de exerccio de deciso e escolhas e de ampliao de

    imaginao e criatividade.

    Desse modo, a recriao de significados elemento integrante da brincadeira e d

    condies para que o indivduo se constitua e se desenvolva em um ambiente de contnua

    mudana. Uma vez que a criana produtora do seu prprio conhecimento e para isso

    fundamental que o espao e o tempo permitam esse desenvolvimento por meio de aes

    observadas, registradas e planejadas pelo professor, sendo ele o responsvel por construir

    cenrios, considerar o tempo e disponibilizar os materiais adequados para cada brincadeira.

    As crianas tm o direito de ter um brincar de qualidade dentro das instituies de

    educao bsica, considerando os espaos planejados para elas, os objetos e materiais

    propostos e disponibilizados e o tempo proporcionado para as situaes ldicas, dando aos

    alunos a liberdade de expresso para ir e vir nas suas brincadeiras, de forma a ajud-las a

    desenvolver identidade, autonomia e conhecimento.

    Alm disso, a importncia do brincar na educao infantil est relacionada ao

    favorecimento do desenvolvimento fsico, cognitivo, moral, motor e afetivo das crianas. Por

    isso, ele deve ser contemplado na rotina das crianas de 0 a 6 anos.

    Portanto, o brincar inerente a cultura da infncia e para que seja garantido com

    qualidade, necessrio, primeiro de tudo, que a escola tenha em sua concepo as atividades

    ldicas como principais fundamentos para o desenvolvimento infantil. Depois de partir de

    uma viso da escola, os professores devem acreditar no brincar como uma atividade que

    possibilita a resignificao de antigos e novos conhecimentos, a construo de identidade e

    autonomia, e resoluo de conflitos. Dessa forma, necessrio que o educador planeje as

    situaes de brincar e, sobretudo os cenrios e o tempo delimitado para que se possa oferecer

    um brincar de qualidade para seus alunos, alm de estar ciente dos diversos papis que

    assume nas atividades ldicas e ciente sobre a importncia do brincar para o desenvolvimento

    de capacidades e habilidades construdas enquanto as crianas brincam.

    REFERNCIAS

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