UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROFESSORA: ÉLLEN SOARES

O que é LIBRAS?

Sigla: Língua Braileira de Sinais; Teve sua origem na Língua de Sinais Francesa; As Línguas de Sinais não são universais;

Cada país possui a sua própria língua de sinais, que sofre

as influências da cultura nacional. Como qualquer outra

língua, ela também possui expressões que diferem de

região para região (os regionalismos), o que a legitima

ainda mais como língua. Por exemplo: VERDE; MAIO; IRMÃO; CUNHADO; ETC

Reconhecida pela Linguística (semântica, pragmática, sintaxe, fonologia, morfologia entre outros) Stokoe, 1960; A Língua de Sinais apresenta uma organização neural semelhante à língua oral, pois se organiza no cérebro da mesma maneira que as línguas faladas.

PORQUE LIBRAS É UMA LÍNGUA?

Pesquisas sobre a Libras vem sendo desenvolvidas,

mostrando que esta língua é comparável em complexidade,

expressividade e possui uma estrutura gramatical própria

como qualquer outra língua oral. Porém, utiliza-se de outro

canal comunicativo, isto é, a visão ao invés da audição. A

LIBRAS é capaz de expressar idéias sutis, complexas,

abstratas, pensamentos, poesias e humor. A LIBRAS enriquece

seu vocabulário com novos sinais introduzidos pela

comunidade surda em resposta às mudanças culturais e aos

modos de uso que sofrem mudanças com o passar dos

tempos. Os seus usuários podem discutir filosofia, literatura,

política, esportes, trabalho, etc.

A LIBRAS é a língua brasileira de sinais utilizada pelos

surdos que vivem nos grandes centros do Brasil onde

existe comunidades surdas, mas, além dela, há

registros de uma outra língua de sinais que é utilizada

pelo índios Urubus-Kaapor, na floresta Amazônica.

A LIBRAS, como toda língua de sinais, é uma língua

de modalidade gestual-visual, porque utiliza como

canal ou meio de comunicação movimentos gestuais e

expressões faciais que são percebidas pela visão.

Portanto, diferencia-se da Língua Portuguesa, que é

uma língua de modalidade oral-auditiva, por utilizar

como canal ou meio de comunicação sons articulados

que são percebidos pelos ouvidos. Mas as diferenças

não estão somente na utilização de canais diferentes,

mas, também nas estruturas gramaticais de cada

língua.

A LÍNGUA DE SINAIS É ARTIFICIAL?

A língua de sinais dos surdos é natural não é

artificial, pois evoluiu como parte do grupo

cultural do povo surdo. É uma língua construída

e estabelecida por um grupo de indivíduos com

algum propósito específico.

O esperanto (língua oral) e o gestuno (sinais

internacionais) são os exemplos de línguas

“artificiais”, cujo objetivo maior é estabelecer a

comunicação internacional.

A LÍNGUA DE SINAIS TEM GRAMÁTICA?

O reconhecimento linguístico tem marca nos

estudos descritivos do linguística americano

William Stokoe em 1960. Ao descrever os níveis

fonológicos e morfológicos, o pesquisador apontou

três parâmetros:

-Configuração de mãos( CM)

-Ponto de articulação( PA) ou locação(L)

- Movimento (M)

A partir da década 1970, os linguistas

acrescentaram mais outros parâmetros como a

orientação da palma das mãos e, mais tarde, a

expressão facial.

5 PARÂMETROS

1. Configuração de mãos (CM)

2. Ponto de articulação (PA) ou locação (L)

3. Orientação da mão (OM)

4. Movimento (M)

5. Expressão facial e corporal (EFC) ou Expressões

não-manuais (ENM)

Pares mínimos:

- Na língua oral : pata e rata

- Na língua de sinais: GRÁTIS e AMARELO; TER

e ALEMANHA;

Flexão verbal:

- RESPEITAR, RESPONDER, TELEFONAR,

AVISAR

Marcação de negação

- QUERER E NAO-QUERER, SABER E NAO-

SABER, GOSTAR E NAO-GOSTAR..

Os sinais podem ser realizados com uma mão ou

duas mãos. Exemplos:

- AMOR, CONHECER

- AJUDAR, BRINCAR, NAMORAR

As mãos não são o único veículo usados nas

línguas de sinais para produzir informação

linguística. Os surdos fazem o uso extensivo de

marcadores não manuais, ou seja, expressões

faciais. As expressões faciais são elementos

gramaticais que compõem a estrutura da língua.

Por exemplo:

- Chata: CHATINHA e CHATONA

- Gorda: GORDINHA e GORDONA

A LÍNGUA DOS SURDOS É MÍMICA?

É falsa tal afirmação. A língua dos surdos não é

mímica e nem pantomima. Porque os estudiosos e

pesquisadores observaram que a pantomima é

mais estreito e mais amplo do que especifico e

mais variedade legitimada e convencionada pelo

grupo de usuários de língua de sinais . Por

exemplo:

- Pantomima de ovos;

- Sinal de ovos.

A língua de sinais tem todas as características

linguísticas de qualquer língua humana.

É POSSÍVEL EXPRESSAR CONCEITOS

ABSTRATOS NA LÍNGUA DE SINAIS?

Óbvio que sim. É correto afirmar que as pessoas

que falam línguas de sinais expressam

sentimentos, emoções e quaisquer ideias ou

conceitos abstratos.

É UMA LÍNGUA EXCLUSIVAMENTE

ICÔNICA?

Não, pois conforme Ferreira Brito - a iconicidade

é utilizada na língua de sinais de forma

convencional e sistemática. Exemplo de sinais

icônicos:

BEBER, ÁRVORE, AVIÃO,CASA.

Na língua oral também tem iconicidade como é o

caso da onomatopéias como: pingue-pongue,

zigue-zague, tique-taque e outros.

A LÍNGUA DE SINAIS É UM CÓDIGO

SECRETO DOS SURDOS?

Não. Essa ideia surgiu quando nas escolas e

instituições, os alunos eram proibidos de usar a

comunicação em língua de sinais mesmo que

escondidos eram castigados. Por isso, criaram

seus “códigos secretos”. Mesmo com essa

proibição, a língua de sinais não morreu e nunca

morrerá porque mesmo dois surdos

compartilharão os sinais.

A LÍNGUA DE SINAIS É O ALFABETO MANUAL?

O alfabeto manual é somente para soletrar

manualmente que é utilizado para nome da

pessoa, alguns nome de lugares, objetos e

animais caso não tiver os sinais

convencionalizados. E esse alfabeto manual é um

código de representação das letras alfabéticas.

Alfabeto manual para surdos-cegos é o mesmo

formato do alfabeto brasileiro.

ALFABETO DO BRASIL

ALFABETO AMERICANO

A LÍNGUA DE SINAIS É UMA VERSÃO

SINALIZADA DA LÍNGUA ORAL

Não. A língua de sinais tem estrutura própria e é

autônoma, ou seja, independente de qualquer

língua oral em sua concepção linguística.

O uso do português sinalizado tem uma filosofia

do bimodalismo.

A LIBRAS “FALADA”NO BRASIL APRESENTA

UMA UNIDADE?

Não. Assim como a língua portuguesa é uma

unidade que se constitui de muitas variedades,

ou seja, é impossível dizer que todos os

brasileiros falam o mesmo português. Da mesma

forma acontece com a Libras. A variedade de uma

língua pode ocorrer nos níveis fonológicos,

morfológicos e sintático.

Por exemplo:

PALAVRA PORTA: PORTA OU PORRRTA.

PALAVRA TIA: TIA OU TCHIA.

SINAL VERDE: SUL E NORDESTE

SINAL MÃE: SUL E NORDESTE

A LÍNGUA DE SINAIS É UMA LÍNGUA ÁGRAFA?

A escrita de qualquer língua é um sistema de

representação, uma convenção da realidade

extremamente sofisticada, que se constitui num

conjunto de símbolo de segunda ordem, sejam as

línguas verbais ou de sinais. Exemplo:

VEJA A ESCRITA DE SINAIS

CONVENÇÕES DA LIBRAS A grafia: os sinais em LIBRAS, para simplificar a demonstração, serão

representados na língua portuguesa em letra maiúscula. Por exemplo, os

sinais: CASA, CARRO, TELEVISÃO, ETC.

A datilologia (alfabeto manual): usada para expressar nomes de pessoas,

lugares e outras palavras que não possuem sinal, estará representada pelas

palavras separadas por hífen. Por exemplo: É-L-L-E-N

Os verbos: serão apresentados no infinitivo. Todas as concordâncias e

conjugações estão incorporadas na sinalização. Por exemplo, os sinais: VOCÊ

GOSTAR DE SORVETE? (Você gosta de sorvete) VOCÊ IDADE? (Quantos anos

você tem?) As frases obedecerão à estrutura da LIBRAS, e não a da Língua

Portuguesa.

Os pronomes pessoais: EU, VOCÊ, EL@, NÓS, VOCÊS, serão representados

pelo sistema de apontação. Apontar em LIBRAS é culturalmente e

gramaticalmente aceito.

Os gêneros: EL@, ME@, NAMORAD@, IRM@.

BIBLIOGRAFIA

Gesser, Audrei. LIBRAS: Que língua é essa? :

crenças e preconceitos em torno da língua de

sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola

Editorial,2009.

Quadros, Ronice Muller de. Língua Brasileira de

Sinais: estudos linguisticos / Ronice Muller de

Quadros e Lodenir Becker Karnopp. – Porto

Alegre: Artmed, 2004.