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129Empreendedorismo
5.1 Contextualizando
A velocidade em que as informações estão processando as mudanças
organizacionais e socioculturais na atual conjuntura talvez seja mais
preocupante que as próprias mudanças do mercado financeiro, pois se impõem,
a cada momento, novos desafios e aprendizados para as pessoas e para as
empresas, os quais precisam ser enfrentados pelo novo mundo corporativo.
O processo de mudança no comportamento das pessoas — incluindo
os valores, princípios, cultura e a própria formação profissional — leva
as organizações a reconstruírem o perfil do profissional coorporativo,
onde ele passa de coadjuvante a agente de transformação do ambiente
organizacional.
O sucesso das organizações está nas pessoas, no capital intelectual, e em
muitas situações, nos empreendedores que lá estão. Essas ideias de que na
empresa não há lugar para mais de um empreendedor e que na nossa sociedade
não encontramos pessoas criativas e inovadoras estão totalmente equivocadas.
Em uma organização, podem caber tantos empreendedores quanto o número
de funcionários que a empresa precisa para seu desenvolvimento. Ou seja,
precisamos de pessoas empreendedoras nas nossas organizações.
Neste contexto, o capítulo 5 tem por objetivo apresentar a abrangência do
tema empreendedorismo no ambiente corporativo, destacando alguns pontos
importantes, como estratégia de gestão e técnicas de agregar valor ao cliente.
Então, existe empreendedorismo corporativo?
EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO
CAPÍTULO 5
Capítulo 5
130 Empreendedorismo
Figura 1 - Empreendedorismo corporativo
Fonte: <www.sxc.hu>.
Ao final deste capítulo, esperamos que você:
• compreenda o empreendedor no ambiente corporativo;
• defina o empreendedorismo nas organizações;
• saiba definir o empreendedorismo como estratégia de gestão;
• identifique o empreendedorismo como estratégia de valor agregado
ao cliente.
5.2 Conhecendo a teoria
5.2.1 A abrangência do termo empreendedorismo corporativo
Iniciamos o estudo com a frase do Dolabela: “Formar empreendedores,
e não somente empresas”, razões que levam à construção da cultura
empreendedora e ao desenvolvimento do arranjo produtivo local.
O empreendedor é aquele indivíduo que vive pensando em inovar e
criar, prosperando mudanças, criando novos métodos para posicionar o seu
produto/serviço no mercado. É alguém que imagina, desenvolve e realiza
uma visão, além de ser um indivíduo que pode mudar o ambiente no qual
está inserido.
Mas você pode estar se perguntando: como tornar a organização
receptiva ao empreendedorismo?
Capítulo 5
131Empreendedorismo
A organização é a imagem do seu criador, assim é importante que o
empreendedor se conheça para tornar a empresa receptiva às características
do empreendedorismo. A avaliação das áreas de interesse leva a saber como
desenvolver a inovação e identificar oportunidades.
A organização precisa aprender a aceitar o empreendedor, e não excluí-
lo do ambiente, pois o perfil de funcionário empreendedor é aquele que
geralmente propicia a inovação e as oportunidades à empresa e, por outro lado,
ele precisa dos recursos da média e grande empresa para colocar as suas ideias,
técnicas, inovações em prática, ou seja, o perfil funcionário empreendedor
gosta da independência para poder criar e inovar. E, além disso, o mercado
hoje busca o profissional “funcionário empreendedor”, aquele que cria, inova,
trabalha em equipe e enxerga a sua atividade profissional como um campo de
negócios. O empreendedorismo é um processo. Mas afinal, o que é inovação?
CONCEITOCONCEITO
A palavra inovar vem do latim e significa
renovar, enquanto inovação traduz-se pelo ato
de inovar. Coisa introduzida de novo.
No empreendedorismo, a inovação pode ser definida como uma nova
ideia, uma nova prática ou ainda uma nova técnica a ser desenvolvida na
organização. Alguns autores, como Kotter e Heskett (1994), classificam a
inovação em: inovações administrativas e técnicas; inovação do trabalho
organizacional; inovações em produtos; inovações de processos.
Para uma empresa ser receptiva ao empreendedorismo, deve ser
necessário o desempenho inovador ou, pelo menos, ter o julgamento de
desempenho empreendedor e inovador. Drucker (2002) apresenta três passos
da avaliação do desempenho inovador no ambiente corporativo:
1) O primeiro passo inclui em cada projeto inovador um feedback dos
resultados face às expectativas e metas projetadas. O feedback é necessário
para todos os projetos ou tentativas de inovações, principalmente
quando se trata de uma nova proposta ou um novo plano, avaliando,
principalmente, os indicadores de progressos e resultados.
Capítulo 5
132 Empreendedorismo
2) O próximo passo é desenvolver uma revisão sistemática dos esforços
inovadores em conjunto, realizando perguntas que avaliem a
administração empreendedora, como: este desenvolvimento está
no caminho certo? Está nos levando a resultados que quereremos
implantar nos nossos negócios? Quais estratégias e ações devem
receber mais apoio? Além destas, pode-se acrescentar outras perguntas
que a organização considerar importantes e oportunas ao seu perfil
de empreendedorismo.
3) E, por fim, a administração empreendedora desenvolve a avaliação do
desempenho inovador da organização em relação a seus objetivos, face
ao seu desempenho e posição de mercado. O resultado da avaliação
vai possibilitar agir com deliberação, baseado em conhecimento, e
não em opinião ou “achismo”.
Além de inovação, o tema liderança também tem um significado
importante no empreendedorismo coorporativo. Para o processo de inovação
se completar com perfeição, é necessário que o empreendedor tenha uma
visão da organização e do gerenciamento, melhor dizendo, uma visão de
liderança, que corresponde ao meio para auferir os resultados previstos.
Em nossa atual sociedade, criou-se uma ideia distorcida, dúbia e patética
referente à imagem de ser líder e até mesmo da própria definição de liderança
(OLIVEIRA e MARINHO, 2004).
Oliveira e Marinho (2004), em suas
colocações, fazem uma crítica à forma
como a temática liderança virou algo
comum em todas as empresas e até
mesmo na sociedade. Como se liderar
correspondesse a uma característica
comum e fácil de encontrar no mundo
coorporativo. Mas não, corresponde
justamente a um perfil difícil de encontrar
e de executar, principalmente quando
tratamos de organizações, não sendo uma
característica comum a qualquer gestor,
mas necessária no empreendedorismo
corporativo.
Beck
Figura 2 - Liderança
Capítulo 5
133Empreendedorismo
Para Hunter (2006), liderança é a habilidade de influenciar pessoas para
trabalhar entusiasticamente, visando atingir aos objetivos identificados para
o bem comum. Liderar está bem longe de ser um exercício de poder. É, antes
de tudo, um tremendo exercício de autoridade, e isso faz toda a diferença.
Vamos saber o que é poder e autoridade?
CONCEITOCONCEITO
Poder é a autoridade de forças ou coagir alguém
a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou
força, mesmo que a pessoa preferisse não fazê-
lo (HUNTER, 2006).
Autoridade é a habilidade de levar as pessoas
a fazerem de boa vontade o que você quer por
causa da sua influência pessoal (HUNTER, 2006).
Ser líder é conduzir um grupo de pessoas, influenciando seus
comportamentos e ações, para atingir objetivos e metas de interesse comum
deste grupo, de acordo com uma visão do futuro baseada em um conjunto
coerente de ideias e princípios (HEILBORN; LACOMBE, 2007).
Liderança é um tema amplo de direcionamento e abrangência do
empreendedorismo corporativo. Destaca-se a diferença entre gerenciamento
e liderança. Gerenciamento diz respeito a lidar com a complexidade, enquanto
liderança, por outro lado, refere-se a lidar com a mudança.
Vamos conhecer o que os autores Heilborn e Lacombe (2007) destacam
sobre essa diferença no estudo da direção, alinhamento, relacionamentos,
qualidades pessoais e resultados.
Capítulo 5
134 Empreendedorismo
GERENCIAMENTO LIDERANÇA
DIREÇÃO Planejamento e
orçamento; manter os
olhos nos resultados.
Criação de visão e estratégia;
manter os olhos no horizonte.
ALINHAMENTO
Organização e
contratação; direção
e controle; criação de
barreiras.
Criação de cultura e valores
comuns; ajudar no crescimento de
outros; redução de barreiras.
RELACIONAMENTOS
Foco em objetos –
produção, venda de
bens e serviços; baseado
no poder da posição;
agir como chefe.
Foco nas pessoas – inspirar e
motivar seguidores; baseado em
poder pessoal; agir como instrutor
ou facilitador.
QUALIDADES
PESSOAIS
Mente de especialista;
falante; conformidade;
visão da organização.
Ligações emocionais (coração);
mente aberta (consciência);
ouvinte (comunicação); não
conformismo (coragem); visão do
eu (integridade).
RESULTADOS Mantém a estabilidade. Cria mudança, geralmente radical.
Quadro1 - Estudo da liderança
Fonte: Adaptado de Heilborn e Lacombe (2007).
O empreendedor líder difere dos gerentes e dos empreendedores
comuns no ambiente corporativo, sendo uma combinação de funções do
empreendedor e do líder. Este profissional geralmente tem expectativas
grandes e otimistas em relação à performance de suas atividades na
organização e em relação aos seus superiores.
Analisando o empreendedorismo corporativo, podemos dizer que
os conceitos fundamentais correspondem a empreendedorismo,
inovação e liderança, voltados ao perfil empreendedor dos
funcionários no desenvolvimento de projetos e negócios
corporativos, a fim de agregar valor ao cliente e à organização.
No próximo capítulo, vamos estudar com mais detalhes a temática
liderança, conhecendo os tipos de liderança e o processo visionário no perfil
do empreendedor.
Capítulo 5
135Empreendedorismo
5.2.2 O empreendedorismo nas organizações
A definição de empreendedorismo corresponde a uma área da
administração que busca entender as oportunidades e ideias para o
desenvolvimento de algo novo, que pode ser um novo negócio, novo produto,
novo processo e até mesmo novas formas de organizar as tecnologias e
ferramentas existentes.
Assim, pergunto: podemos encontrar empreendedores dentro de
organizações como hospitais, universidades, organizações militares?
Baron e Shane (2007) apresentam alguns exemplos de empreendedores
e locais onde encontrá-los. Vamos ao estudo?
• Uma mulher, que gosta de fazer aperitivos para as festas que realiza
em sua casa e é sempre elogiada pela família e amigos, abre uma
empresa para fazer e vender esses aperitivos.
• Um pesquisador universitário envolvido em pesquisas sobre a bioquímica
da vida faz importantes estudos que ultrapassam as fronteiras da sua
área; no entanto, ele não possui o interesse em evidenciar, na prática,
esses estudos e não faz nenhuma tentativa de prática a esse respeito,
mas continua os estudos e a identificação de oportunidades.
• Após ser demitido do seu emprego de gerente, um homem, com idade
de 50 anos, tem a ideia de processar pneus velhos de uma maneira
diferente para desenvolver cercados para jardins.
• Uma jovem cientista da computação desenvolve um novo software
muito melhor do que os disponíveis atualmente na sua empresa; ela
busca capital para desenvolver e vender o produto.
Agora, responda: quais dessas pessoas são empreendedoras? No primeiro
momento, você pode pensar que somente a mulher dos aperitivos e o gerente
demitido são empreendedores porque abriram um negócio próprio, mas não,
todos os exemplos apresentados correspondem ao empreendedorismo. E por
quê? Todos os casos identificaram uma oportunidade ou tiveram uma ideia,
mas não necessariamente colocaram em prática.
Capítulo 5
136 Empreendedorismo
Assim avaliamos o empreendedorismo nas organizações. O
empreendedorismo requer a criação ou o reconhecimento de uma aplicação ou
processo novo, que pode assumir diferentes formas para o desenvolvimento,
em muitos casos, sendo inovadora a ideia, o produto, o serviço, o processo e até
mesmo as tecnologias utilizadas. Ou seja, o ato de reconhecer a oportunidade
para a criação de algo novo pode acontecer tanto dentro das organizações já
existentes quanto fora delas.
Muitas empresas estão preocupadas em desenvolver
o empreendedorismo e começam a tomar
medidas, como a criação de uma área de inovação
e criação, para oferecer um ambiente de geração
de ideias e oportunidades aos seus funcionários. O
objetivo maior corresponde ao pensar no futuro e
permanência da empresa no mercado.
Viste o site: <http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?id=6082>
e leia o artigo “Conheça o empreendedorismo nas empresas”.
SAIBA QUE
Muitas empresas já oferecem participação de lucro e até mesmo um valor
de bonificação aos funcionários que apresentam ideias inovadoras. Segundo
Baron e Shane (2007), a empresa General Electric (GE), desde 2005, já tem um
programa de recompensa de ideias inovadores a seus funcionários, levando a
empresa aumentar o seu número de patentes (lançamento de novos produtos
e serviços) nos Estados Unidos.
Vamos conhecer o conceito de patentes?
CONCEITOCONCEITO
Patente é o título oficial de privilégio que se dá para
um inventor que inscreve a sua invenção no órgão
de registro da propriedade industrial, do qual
emana um direito que lhe permite o monopólio
temporário para a sua exploração. “É, portanto,
uma figura jurídica, um instrumento de garantia da propriedade”
(PIMENTEL, 1999, p. 87). Conheça a Lei n. 9.279, de 14 de maio de
1996, e saiba mais sobre marcas e patentes.
Capítulo 5
137Empreendedorismo
O empreendedorismo nas organizações é o motor do desenvolvimento
econômico. Há mudanças importantes a respeito do empreendedorismo
interno, principalmente no que se refere à relação de trabalho entre
empregado e empregador, aos valores sobre a relação trabalho e
emprego, à busca em relacionar a carreira profissional com o prazer de
estar trabalhando e, por último, ao número de empreendedores internos
de sucesso apresentados na mídia e revistas, como Você S/A, Exame e
Empreendedorismo, que relatam números expressivos de crescimento das
empresas e dos intraempreendedores.
Você sabe o que é intraempreendedor?
5.2.3 O intraempreendedor
O termo intraempreendedor
corresponde ao empreendedor interno
de uma organização. Remete àqueles
funcionários que, a partir de uma ideia
ou oportunidade identificada, e com a
liberdade e apoio da empresa, criam ou
desenvolvem um determinado produto,
serviço, projeto, processo ou até mesmo
alguma ferramenta de tecnologia. O
funcionário não precisa deixar a empresa
para empreender; ele pode inovar e
criar dentro do seu próprio ambiente de
trabalho, além de não assumir os riscos
sozinho do ato de empreender. Na empresa, o intraempreendedor tem a
organização como apoio financeiro, estrutural e psicológico.
Sabemos que as empresas precisam inovar. Um exemplo dessa
necessidade pode ser notado no resultado de grandes companhias de aviação
e fabricantes de aviões e outras empresas de segmentos diferenciados
que se originaram de outros empreendimentos. Você conhece o caso da
empresa de aviação Gol?
Figura 3 - Intraempreendedor
Fonte: <www.analiseempresarial.com/blog>.
Capítulo 5
138 Empreendedorismo
Existe uma história muito interessante sobre
um dos filhos do grupo mineiro Áurea, um dos
maiores grupos de transporte de passageiros
do Brasil. Constantino de Oliveira Junior,
presidente da empresa Gol, conta que a sua
história de empreendedorismo nasceu quando
trabalhava com o seu pai como funcionário da transportadora.
Envolvido no segmento de transporte e sempre atento ao mercado
de automobilismo, motivado pelo seu pai, começou a acompanhar
o mercado de aviação e lá identificou uma grande oportunidade de
negócio. Visite o site da revista HSM Management e conheça mais
sobre essa história:
<http://br.hsmglobal.com/adjuntos/14/documentos/000/061/
0000061497.pdf>
CURIOSIDADE
Drucker (2002), em seu livro Inovação e espírito empreendedor, afirma que
o que leva uma empresa a desenvolver e estimular o intraempreendedorismo
não é o porte ou a atividade fim do seu negócio, mas a cultura e, especialmente,
a atividade em andamento bem sucedida. Ou seja, a empresa deve ser
receptiva à inovação e predisposta a ver a mudança como uma oportunidade,
e não como uma ameaça. Diretrizes e práticas são necessárias para criar o
clima empreendedor dentro da organização.
Pinchot (1989), o papa do intraempreendedorismo, descreve em seus
livros que o empreendedor interno (intraempreendedor) é a pessoa que vai
levar a inovação para dentro das empresas, sendo o integrador que combina
os talentos técnicos e os elementos de marketing, estabelecendo novos
produtos, processos e serviços. Os intraempreendedores são todos aqueles
sonhadores que assumem a responsabilidade de inovação e criação dentro de
uma organização, e transformam uma ideia em resultados financeiros.
Vamos conhecer o quadro que Pinchot (1989) apresenta sobre as
principais diferenças entre o empreendedor e o intraempreendedor.
Capítulo 5
139Empreendedorismo
EMPREENDEDOR INTRAEMPREENDEDOR
O capital utilizado no negócio é próprio. O capital utilizado é da empresa.
Cria toda a estrutura operacional. Usa a estrutura operacional da empresa.
Tem maior poder de ações sobre a empresa,
especificamente a estrutura.
Maior dependência das características da
cultura organizacional da empresa.
Fracasso parcial significa perda de dinheiro
investido.
Fracasso parcial significa apenas erro e
realinhamento do projeto.
Fracasso total significa falência do negócio. Fracasso total significa término do projeto e,
no máximo, a sua demissão.
Ele é chefe, responsável pela empresa. Reporta-se a um ou mais chefes.
Monta sua própria equipe. A equipe já está estruturada e ele precisa se
adaptar àquela equipe.
Salário? Depende. Salário? Líquido e certo.
Quadro 2 - Diferença entre empreendedor e intraempreendedor
Fonte: adaptado de Pinchot (1989).
Avaliando as diferenças apresentadas por Pinchot, podemos identificar
que realmente há uma diferença entre o empreendedor e o intraempreendedor.
O empreendedor depende somente da sua criação e oportunidades por ele
construídas, já o intraempreendedor depende das condições oferecidas por
terceiros para inovar, criar e desenvolver novas ideias, produtos, serviços,
processos e outras tecnologias.
Você já conhece os 10 mandamentos do intraempreendedor? Vamos
conhecer as recomendações apresentadas por Pinchot (1989):
• vá para o trabalho a cada dia disposto a ser demitido;
• evite quaisquer ordens que visem interromper seu sonho;
• execute qualquer tarefa necessária a fazer seu projeto funcionar,
principalmente aquelas relacionadas ao seu trabalho;
• busque pessoas para ajudá-lo na sua realização;
• siga sua intuição a respeito das pessoas que escolher para trabalhar;
• trabalhe de forma clandestina o máximo que puder – a publicidade
aciona o mecanismo de imunidade da corporação;
• nunca aposte em uma corrida, a menos que esteja correndo nela;
• lembre-se de que é mais fácil pedir perdão do que pedir permissão;
• seja leal às suas metas, mas realista quanto às maneiras de alcançá-las;
• honre seus patrocinadores.
Capítulo 5
140 Empreendedorismo
A evolução das escolas e modelos de administração implica no estudo
do empreendedorismo sobre os vários elementos que compõem um
empreendedor, entre os quais, o intraempreendedor, ou seja, o funcionário
interno que propicia a inovação e a criação no ambiente organizacional.
Assim, surge a pergunta: como incentivar o intraempreendedorismo nos
funcionários de uma empresa?
Para que essa mudança ocorra na organização, é necessário uma gestão
de liderança, uma liderança que liberte os funcionários para que eles possam
criar e também errar, porque errar também leva a novas ideias e oportunidades.
Assim, verificamos que liderar e empreender são ações que nos levam a lidar
com a mudança e a inovação, e esse deve ser o perfil da empresa que pensa
em incentivar o intraempreendedorismo em seus funcionários, exigindo do
líder postura diferenciada perante a sua equipe. Afinal, precisa-se de um líder
estratégico, e não somente um gerente.
EXPLORANDOEXPLORANDO
Uma reportagem sobre intraempreendedorismo
do Jornal Gazeta do Povo apresenta as principais
características para você mudar e inovar dentro
da empresa. A reportagem também apresenta
um caso da indústria Metalesp, empresa de 150
funcionários instalada em Rio Branco do Sul,
região metropolitana de Curitiba. Visite o site
do Jornal e conheça a reportagem na íntegra:
<http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.
phtml?tl=1&id=774967&tit=Vale-a-pena-mudar-e-inovar-dentro-
da-propria-empresa>
Vamos conhecer os seis pontos fundamentais para se tornar um
intraempreendedor. Segundo Pinchot (1989), é preciso:
• encontrar algo em que você realmente acredite, que esteja alinhado
com seus valores e que você queira empreender;
• fazer um plano de negócio para ajudá-lo a transformar sua ideia
em realidade;
Capítulo 5
141Empreendedorismo
• tirar suas dúvidas com outros empreendedores;
• estar pronto para fazer qualquer trabalho necessário para sua ideia
dar certo e consiguir colocá-la em prática;
• montar uma equipe. Você precisa vender bem sua ideia para deixá-la clara
e entusiasmada. E não esqueça: precisamos ouvir as ideias dos outros;
• encontrar alguém para “apadrinhar” sua ideia, para lhe dar suporte e
até mesmo protegê-lo. Geralmente, essa pessoa não é seu chefe, ela
pode estar em outro local da empresa.
5.2.4 O empreendedor corporativo
O empreendedorismo corporativo tem por objetivo introduzir os
conceitos de empreendedorismo e da inovação na organização, propiciando,
dessa forma, o desenvolvimento de características empreendedoras nos
funcionários, executivos, gerentes e líderes na criação de negócios corporativos.
Como o empreendedor corporativo pode tornar a organização receptiva
à inovação, alcançá-la e trabalhar para ela?
Iniciamos esse tópico com uma boa pergunta, não? Sim, esse tipo de
pergunta costuma ser realizado dia a dia pelos empreendedores corporativos,
aqueles que também chamamos de líderes estratégicos e que possuem
como objetivo influenciar funcionários a tomar, voluntariamente, decisões
que ajudem a organização no alcance de seus resultados. O empreendedor
corporativo enfatiza o comportamento ético e decisões baseadas em valores de
seus funcionários, formulam estratégias para impacto imediato e manutenção
de metas em longo prazo, pensando na sobrevivência e crescimento da
empresa. Utilizam o uso de conhecimento tácito e explícito em relação ao
indivíduo e à organização na qual estão inseridos.
Você sabe o que é conhecimento tácito e explícito? Vamos conhecer os
conceitos?
Capítulo 5
142 Empreendedorismo
CONCEITOCONCEITO
Nonaka e Takeuchi (1997) classificaram dois tipos
de conhecimentos – o conhecimento tácito e o
conhecimento explícito. O conhecimento explícito
é aquele formal e sistemático, expresso por números
e palavras, comunicado e compartilhado em dados,
informações e modelos. Esse tipo de conhecimento
é transmitido em textos, livros, apostilas e por computadores. Já o
conhecimento tácito é pessoal e complexo, oriundo da experiência e
tem uma dimensão contextual. Esse conhecimento é construído por
vivências e vai sendo interiorizado pelo indivíduo perante as suas
experiências, estudos e troca de informações desenvolvidas durante
a sua caminhada pessoal e profissional.
O estudo do conhecimento tácito e explícito é importante para o
empreendedor corporativo, pois gerenciar é lidar com a complexidade, o
que exige do empreendedor posturas diferenciadas, em razão das diferentes
situações e perfis dos funcionários.
Segundo Bernardi (2003, p. 133), as características genéricas de um
gerente constituem diferenciais, e, simultaneamente, são complementares à
personalidade típica do empreendedor, tais como:
• objetividade;
• sociabilidade;
• cooperatividade e atenção;
• capacidade de ouvir;
• persuasão;
• capacidade de viabilização e hábito de leitura;
• controle emocional mais acentuado;
• envolvimento dos subordinados nas decisões;
• delegação de atividades que envolvam processos técnicos,
concentração e rotinas;
• menor atenção aos detalhes;
• comportamentos racionais.
As características separadas ou em conjunto, aliadas à cultura
organizacional de um ambiente empresarial e ao estudo da liderança,
que já comentamos nesse capítulo, além dos fatores econômicos, sociais,
Capítulo 5
143Empreendedorismo
ambientais, políticos e tecnológicos, complementam o perfil de um
empreendedor coorporativo.
A habilidade do empreendedor corporativo inclui, também, a capacidade
de negociar e operacionalizar estratégias entre todos os atores interessados
no negócio, como o cliente externo, fornecedores, concorrentes, comunidade,
organizações de fomento, entre outros que podem ser inseridos de acordo
com a situação em análise, a fim de manter relações bem sucedidas.
O empreendedor corporativo é visto como aquele líder ou gestor que
busca a melhor combinação de resultados para a empresa que administra,
propiciando uma linha produtiva em melhores condições de negociação ao
mercado e à empresa, ou seja, é um indivíduo capaz de transformar conceitos
em modelo de negócios lucrativos com valor agregado.
Para a organização em atividade, seja de produtos ou serviços, o termo
administração empreendedora é o principal fator estratégico para o sucesso
da empresa. O empreendedor estratégico ou empreendedor corporativo
costuma ter expectativas otimistas em relação à performance de seus
superiores, parceiros, subordinados e dele próprio, sendo a autonomia a
chave desse sucesso.
O empreendedorismo corporativo
pode ser desenvolvido em organizações
de médio e grande porte, por meio
de treinamentos, dinâmicas, palestras,
seminários, workshops e consultorias.
Este tipo de empreendedorismo vem
tendo uma grande repercussão nas
organizações, sobretudo naquelas
que já introduziram a inovação ao
seu posicionamento estratégico,
considerando as ações empreendedoras
o caminho para o desenvolvimento de
indivíduos orientados a mudanças.
Vamos conhecer algumas diretrizes para o empreendedorismo
corporativo:
Figura 4 - Empreendedor corporativo
Fonte: <www.gettyimages.com>.
Capítulo 5
144 Empreendedorismo
• aspectos técnicos do negócio em estudo;
• escolaridade;
• experiência empresarial;
• formação complementar em criatividade, inovação, tecnologia,
empreendedorismo e outras importantes ao segmento;
• vivência de situações novas.
5.2.5 O empreendedorismo como estratégia de gestão
Uma estratégia que não fale explicitamente sobre os clientes e o ambiente
competitivo certamente não conseguirá gerar e manter um nível adequado
de conhecimento da concorrência e do cliente na empresa, principalmente
quanto aos detalhes importantes, onde o verdadeiro trabalho é realizado
– repensando na forma de gerenciar, ou seja, a estratégia de marketing de
relacionamento na gestão (McKENNA, 1994).
Às vezes, o empreendedor concentra-se em como desenvolver ou realizar
o seu produto/serviço da melhor forma, perguntando-se sobre qual estratégia
adotar para conseguir o objetivo e resultado proposto. Com certeza, essa não
é uma pergunta fácil de responder e nem mesmo difícil de aparecer no dia-a-
dia do empreendedor, mas as características do empreendedorismo precisam
ser o caminho correto e promissor para atender o cliente.
E qual será esse caminho?
Figura 5 - Estratégia
Fonte: <http//mundosebrae.fi les.wordpress.com>.
Capítulo 5
145Empreendedorismo
Vejamos se você concorda com a minha afirmação: “o cliente é a principal razão
da existência de um empreendimento e, por consequência, do sucesso do negócio”.
Espero que sim, pois é essencial que o empreendedor se aproxime dos seus clientes.
Empresas orientadas para o cliente visam a alcançar objetivos desenvolvendo
valor superior para o cliente. Os princípios que levam a tal afirmação correspondem
ao foco na necessidade e desejo do cliente, foco no negócio, conhecimento do
mercado, conhecimento do produto ou serviço que será ofertado, bem como
uma linha de serviço e atendimento muito bem planejados.
Assim, o caminho para o empreendedorismo como estratégia de gestão
está no estudo de mercado, mais especificamente na pesquisa de mercado,
que, segundo Mattar (2001, p. 15), corresponde à investigação sistemática,
controlada, empírica e crítica de dados com o objetivo de descobrir e (ou)
descrever fatos e (ou) de verificar a existência de relações presumidas entre
fatos (ou variáveis) referentes ao marketing de bens, serviços e ideias, e ao
marketing como área de conhecimento.
O estudo de mercado, geralmente, é uma questão complicada para os
gestores. Por outro lado, os gestores precisam de informações do mercado para
tomar decisões antes de iniciar o seu negócio e também durante o desenvolvimento
do negócio, como o objetivo de estar sempre atualizado e conhecer o mercado.
Além disso, pesquisas sobre casos de sucesso relatam que empresas em constante
estudo de mercado são melhor sucedidas do que aquelas que não focam no
estudo de mercado. As informações essenciais do seu futuro negócio podem ser
coletadas por meio de pesquisas, mapeamentos por região e discussão de grupo.
Ter o empreendedorismo como estratégia de gestão significa se aproximar dos
clientes e falar a sua língua para identificar suas necessidades e desejos, saber quais
fatores são considerados na tomada de decisão e por que são considerados, além
da importância de também conhecer as estratégias adotadas pelos concorrentes.
São perguntas importantes para empresas orientadas ao cliente, segundo
Malheiros, Ferla e Cunha (2005):
• Quem são os meus clientes?
• O que esses clientes esperam do meu produto ou serviço?
• Que preços estão dispostos a pagar?
• Que níveis de qualidade eles exigem?
Capítulo 5
146 Empreendedorismo
Essas e outras perguntas que o empreendedor
deve identificar oportunas ao seu negócio e
realizar sempre antes de definir uma estratégia de
gestão. Os empreendedores precisam reunir vários
tipos de informações antes de tomar uma decisão.
SAIBA QUE
Antigamente, era possível observar uma separação entre
empreendedores e gestores, e esta distinção definia também papéis
diferenciados no ato de administrar uma organização. Hoje, espera-se
que o empreendedorismo seja uma estratégia de gestão para profissionais
liberais ou gestores, ações que efetivamente possam ser traduzidas em novos
produtos, serviços, projetos, processos e atividades que, principalmente,
gerem resultados positivos.
5.2.6 O empreendedorismo como estratégia de agregar valor ao
cliente
Você sabia que manter um cliente custa cinco vezes menos do que conquistar
um cliente novo? Esse dado já justifica o porquê da atenção especial ao cliente.
Além dessa informação, Malheiros, Ferla e Cunha (2005) também
apresentam outras razões para estabelecer um bom relacionamento com o cliente:
• Quanto mais os clientes o conhecerem, mais comprarão de você.
• Quanto melhor você conhecer os seus clientes, melhor poderá atendê-los.
• Clientes satisfeitos costumam fazer propaganda boca a boca positiva.
Para uma empresa sobreviver ao mercado competitivo que vivenciamos
hoje, é indispensável o estudo do marketing, ou seja, é impossível não se
aproximar do cliente. E o empreendedorismo pode justamente estabelecer
esse laço com o cliente, propiciando um vínculo positivo e derrubando barreiras
que, em muitas situações de relacionamento, são criadas.
O empreendedorismo como estratégia de agregar valor ao cliente, nos
últimos anos, se tornou muito mais do que uma forma de administrar um
Capítulo 5
147Empreendedorismo
negócio; tornou-se a receita de sucesso de muitos empreendimentos que vêm
inovando em suas ações de marketing, ao propiciar um relacionamento de
longo prazo com seus clientes.
Mas vamos conhecer o conceito de marketing para melhor entender as
estratégias de agregar valor ao cliente?
CONCEITOCONCEITO
Definimos marketing simplesmente como a
intenção de entender e atender o cliente...
mercado... empresas... Marketing corresponde
às atividades de uma organização, voltada para
a busca e realização de trocas com seu meio
ambiente, visando alcançar os seus objetivos e resultados (RICHERS,
2000). Na visão de Kotler (2000), marketing é o conjunto de atividades
humanas que tem por objetivo facilitar e consumar relações de troca.
Hoje, para uma empresa construir e firmar o seu espaço de mercado,
precisa desenvolver uma identificação de imagem e credibilidade com seus
clientes, por meio dos seus produtos e serviços. E para isso, é necessário a
mudança comportamental dos gestores, adotando o empreendedorismo
como estratégia de agregar valor ao cliente. Desse modo, atuará na empresa
o profissional que aborda os problemas de forma criativa e que sabe bem a
necessidade do cliente e momento do mercado.
Com essa nova mudança de mercado, o marketing de relacionamento,
assim como o empreendedorismo, passou a ser o diferencial de cada
organização perante o seu concorrente e também a estratégia principal
para garantir a sobrevivência e o sucesso do seu produto ou serviço, além
de maximizar a retenção dos clientes. Marketing de relacionamento
corresponde ao “entender para atender”, ou seja, é preciso conhecer muito
bem o cliente, o concorrente, o produto e o mercado para conseguir atender
as suas necessidades e desejos.
O marketing de relacionamento enfatiza a necessidade de um
relacionamento em longo prazo com o mercado, em detrimento das práticas
de transações com objetivos de curto prazo, buscando a fidelização dos clientes
(GORDON, 2002).
Capítulo 5
148 Empreendedorismo
Para muitos autores (MCKENNA, 1993; KOTLER, 2005, dentre outros), o
sucesso do relacionamento corresponde a alguns quesitos:
• compreender as necessidades dos clientes;
• tratar os clientes como parceiros;
• assegurar que os funcionários satisfaçam as necessidades dos
consumidores;
• prover os consumidores com a melhor qualidade possível relativa às
necessidades individuais.
A prática do empreendedorismo como estratégia de agregar valor ao cliente
ocorre em organizações que estimulam e incentivam o intraempreendedorismo
com seus funcionários. Os funcionários se tornam parceiros da empresa, tendo
a autonomia para realizar o estudo de mercado e, principalmente, a liberdade
para conhecer o seu cliente. A empresa precisa investir em capacitação dos seus
colaboradores em áreas como marketing, finanças, estratégias, relacionamento
com os clientes, trabalho em equipe e, sobretudo, estimular o compartilhamento
do conhecimento entre a equipe, uma forma de inovação e troca de experiências.
Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), em seus livros sobre estratégia,
destacam a importância do empreendedorismo para as empresas do futuro,
caracterizando como uma escola de pensamento, pois o empreendedor
tem pensamentos, atitudes e comportamentos proativos quanto à sua
responsabilidade em relação à visão de futuro de sua organização.
As organizações que aplicam o
empreendedorismo como estratégia de agregar
valor aos clientes se caracterizam como empresas
de aprendizagem, uma vez que favorecem o
relacionamento empresa e cliente. Agregar valor
não significa realizar promoções ou estratégias
que todos já fazem, e sim realizar algo diferente
que os outros ainda não desenvolvem. A
empresa que pretende diferenciar-se agregando valor precisa, antes
de tudo, conhecer o que seus clientes necessitam e, mais do que
isso, identificar quais são os atributos dos produtos e serviços que,
de fato, são determinantes no processo de compra. Leia um artigo
interessante sobre o assunto acessando o site do Sebrae.
Site: <http://www2.rj.sebrae.com.br/boletim/agregar-valor-mas-como>
SAIBA QUE
Capítulo 5
149Empreendedorismo
A proposta do empreendedorismo como estratégia de agregar valor ao
cliente é caracterizada por vários princípios e pressupostos sobre o cliente.
Assim, podemos concluir que esta perspectiva determina que, para alcançar os
objetivos de uma organização, esta deve desenvolver valores superiores para
atender os desejos e necessidades de seus clientes.
Valor agregado ao cliente concentra-se em compreender os clientes
e ambiente no qual está inserido, avaliando o produto/serviço, estudo do
concorrente, estudo dos fornecedores e distribuidores, estudo das estratégias
de relacionamento adotadas e ferramentas utilizadas para posicionamento
do produto/serviço. Ou seja, corresponde a criar um valor superior para os
clientes e, quando apropriado, construir relacionamentos duradouros,
chamado de fidelização ao cliente. Um estudo inteiramente novo que oferece
aos profissionais de marketing e aos empreendedores líderes oportunidades
para romper limites e criar novos valores para sua empresa e seus clientes.
5.3 Aplicando a teoria na prática
Vamos analisar um caso que apresenta a forma de um “empreendedor”
gerenciar o seu estabelecimento e, sobretudo a forma como se relaciona com
os seus funcionários. Gostaria que você analisasse a forma de gerenciar de
Roger: se tem algum perfil de empreendedor corporativo, desenvolvendo
características de liderança e inovação junto a sua equipe. Será que Roger
estimula o intraempreendedorismo na sua equipe? Vamos verificar?
O talento gerencial
“Acho que você vai achar esta loja um lugar muito agradável para
trabalhar, Susan. Aquilo que não podemos oferecer em termos de
salário é compensado por um ambiente de trabalho de cooperação e
contentamento. Somos bastante flexíveis com o horário e encorajamos
todos a terem atitudes de participação. Eu serei seu supervisor direto
e vou tentar interferir o mínimo possível. Venha comigo, vou lhe
apresentar Sharon e Debbie. Elas vão lhe ensinar o trabalho”.
Roger estava satisfeito com a nova funcionária. Susan parecia ser do
tipo que ficaria algum tempo, e não os dois ou três meses de praxe.
Ele estava ansioso para que ela começasse a trabalhar. Susan estava
contente por ter encontrado uma boa loja para trabalhar, próxima de
sua casa. Roger pareceu sincero e ela achava que tudo ia dar certo.
Capítulo 5
150 Empreendedorismo
Sharon e Debbie foram cordiais, embora um pouco reservadas. Elas
lhe ensinaram os procedimentos do caixa e o sistema de controle de
estoque. Depois de duas semanas, Susan sentia-se à vontade com suas
atribuições, porém ainda se sentia um pouco estranha com as outras
garotas. Ela descobriu que, embora gostassem da loja e dos clientes,
tinham medo do humor de Roger. Alguns dias ele estava ótimo, em
outros era temperamental e muito impulsivo em seu comportamento.
O primeiro contato de Susan com a inconstância de Roger foi na caixa
registradora, enquanto fazia um reembolso para um cliente. “Quem
foi que falou para fazer desse jeito?”, falou Roger.
“Debbie” – respondeu Susan.
“Bem, está tudo errado. Debbie não sabe nada. Vou falar com ela;
enquanto isso, por favor, pegue aquele papel do chão. Este lugar parece
um chiqueiro”. Roger pegou bruscamente o recibo e foi diretamente
falar com Debbie, dando-lhe uma bronca em frente ao cliente.
O resultado desse incidente foi a aceitação de Susan pelas outras
garotas. Elas começaram a reclamar juntas do comportamento instável
de seu chefe. Debbie insistia – “Eu não vou ser tratada assim. Quando
ele estiver mal humorado desaparecerei da sua frente, passarei o dia no
estoque ou então direi que estou doente e sairei mais cedo”.
Não demorou muito tempo para Roger perder a paciência com Debbie
e demiti-la. Sua substituta durou menos de duas semanas antes que
Roger a mandasse embora em um de seus dias ruins. Sharon e Susan
começaram a procurar outros empregos, pois ninguém sabia quem era
a próxima. Susan não queria sair, mas viver naquela incerteza estava
acabando com ela.
Texto extraído de: HALLORAN, J. W. Por que os empreendedores falham. São Paulo: Makron Books, 1994.
5.3.1 Resolvendo
O que você analisou no caso? Neste capítulo, podemos observar que
o empreendedor corporativo é aquele que busca aplicar uma combinação
de ferramentas e formas de liderar pessoas, ou seja, a liderança estratégica
pressupõe a habilidade de influenciar seus subordinados, pares e superiores,
propiciando uma linha produtiva em melhores condições de negociação
ao mercado e a empresa, um indivíduo capaz de transformar conceitos em
modelo de negócios lucrativos com valor agregado.
Capítulo 5
151Empreendedorismo
Agora, avaliando o caso “Talento gerencial”, podemos notar que
Roger não possui as características que estudamos em todo o capítulo, certo?
Roger tem um perfil não muito comunicativo, além de não saber explicar
as atividades que a empresa desenvolve, sendo explosivo e rude com a
sua equipe de funcionários. Sobre estimular o intraempreendedorismo na
organização, também não corresponde a uma característica de Roger, pois
não propicia aos seus funcionários a liberdade de inovar e mudar; muito pelo
contrário, todos têm medo da sua pessoa e forma de gerenciar, intimidando
a equipe na tomada de decisão e estratégias de atendimento ao cliente.
Assim, podemos concluir que realmente existe uma diferença entre o gestor
e o empreendedor líder. Afinal, Roger não possui a característica de líder e
empreendedor estratégico.
5.4 Para saber mais
Estamos chegando ao final do nosso capítulo 5 e quero deixar algumas
sugestões de livros e filmes para estudo do empreendedorismo coorporativo.
Confira!
Livros:
DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo na prática: mitos e verdades do
empreendedor de sucesso. Rio de Janeiro: Campus, 2008.
Um livro indicado para os intraempreendedores que têm vontade de
inovar e mudar no seu ambiente de trabalho como funcionários. Como já
descrevemos em outros capítulos, um aspecto interessante nessa leitura
são os exemplos e técnicas apresentadas, que correspondem ao perfil do
empreendedorismo no Brasil.
BARON, R. A.; SHANE, S. A. Empreendedorismo: uma visão do processo. São
Paulo: Thomson, 2007.
Esse livro apresenta uma visão do empreendedorismo, tratando das
diversas fases que compõem o processo de empreender. Um livro de fácil
leitura e compreensão, apresentando a teoria e diversos recursos pedagógicos
para entendimento dos capítulos, além de diversos relatos de empreendedores
sobre o sucesso e percalços na prática do empreender.
Capítulo 5
152 Empreendedorismo
HUNTER, J. C. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da
liderança. São Paulo: Sextante, 2006.
Um livro que todo administrador e futuro administrador precisa ler.
Conta a história de um famoso empresário que deixou a carreira brilhante
para se tornar monge em um mosteiro beneditino. O personagem central da
história envolve outros personagens e apresenta, de forma clara e agradável,
os princípios da liderança. Você não pode deixar de ler este livro.
Filmes:
O filme O Diabo veste Prada (2006), dirigido por David Frankel, é muito
interessante para todos aqueles que trabalham em alguma organização,
pois apresenta o papel de um chefe que tem o comportamento de chefe
general ou até mesmo de um diabo. Miranda é uma chefe competente,
visionária, organizada, detalhista, exigente no que faz, editora de uma
revista famosa de moda, é comprometida com o seu trabalho e suas
ideias, mas não tem uma característica importantíssima do empreendedor
corporativo: o carisma e o relacionamento da equipe. Por quê? Assista ao
filme para saber a resposta.
Outro filme interessante para o assunto aqui abordado é A batalha
de Mary Kay (2002). Conta a ascensão de Mary Kay ao topo da indústria
de cosméticos, fazendo venda direta ao consumidor A história apresenta a
ameaça que Mary começa a sofrer perante o seu cargo com Jinger Heath,
uma rival que trabalha na Beauty Control e está conquistando o mercado de
cosméticos. Esse filme, dirigido por Ed Gernon, trata do empreendedorismo
corporativo, de liderança e estratégia, temáticas importantes do capítulo 5.
5.5 Relembrando
Neste capítulo, tratamos do empreendedorismo nas organizações,
destacando o intraempreendedor, o empreendedor corporativo, o
empreendedorismo como uma estratégia de gestão e liderança, chamando
atenção para a liderança estratégica. Você conheceu as características do
intraempreendedor e aprendeu como motivá-lo dentro da organização, bem
como conheceu as características do empreendedorismo como estratégia de
agregar valor ao cliente.
Capítulo 5
153Empreendedorismo
Principais pontos abordados neste capítulo:
• a abrangência do termo empreendedorismo corporativo;
• o empreendedorismo nas organizações;
• as características do intraempreendedor;
• como se tonar um intraempreendedor;
• o empreendedor corporativo;
• a inovação e liderança como estratégia de empreendedorismo corporativo;
• o empreendedorismo como estratégia de agregar valor ao cliente;
• o marketing de relacionamento e o empreendedorismo.
5.6 Testando os seus conhecimentos
1) O gerente geral do Hospital Coração de Ouro descreveu a um entrevistador
o seu estilo de liderança como uma mistura de todos os estilos. “Em alguns
momentos, sou um ditador, digo aos meus subordinados o que fazer. Em outros,
sou um modelo de função, lidero pelo exemplo. Nesse ambiente, geralmente
deixo que as pessoas participem ... Gosto muito da ideia da participação, mas
numa situação crítica, automaticamente me torno autocrático.” Este chefe
defende a abordagem situacional da liderança. A justificativa correta para
defender essa abordagem é a seguinte: (Questão retirada do Provão 2000 do
Curso de Administração)
a) O líder que tem poder de competência é respeitado porque possui
conhecimentos ou certas habilidades nas quais as pessoas acreditam.
b) A liderança através do poder de referência e de coerção exige fazer
com que as tarefas sejam desempenhadas para garantir que a unidade
de trabalho ou a organização atinjam suas metas.
c) As características pessoais definem o poder legítimo de um líder e
são consideradas mais importantes que o seu real comportamento na
tomada de decisão.
d) As características de personalidade de fato distinguem os líderes
eficazes das outras pessoas pelo seu empenho, motivação, integridade,
autoconfiança e conhecimento do negócio.
Capítulo 5
154 Empreendedorismo
e) Não existem traços e comportamentos universalmente importantes,
pois comportamentos eficazes variam de uma situação para outra e
o líder deve primeiro analisar a situação e depois decidir o que fazer.
2) O intraempreendedorismo é uma característica interna ou externa da
organização? E qual a sua contribuição para a organização?
Onde encontrar
BARON, R. A.; SHANE, S. A. Empreendedorismo: uma visão do processo. São
Paulo: Thomson, 2007.
BERNARDI, L. A. Manual de empreendedorismo e gestão: fundamentos,
estratégias e dinâmicas. São Paulo: Atlas, 2005.
DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor: prática e princípios. São
Paulo: Pioneira Thomson, 2002.
GORDON, I. Marketing de relacionamento: estratégias, técnicas e tecnologias
para conquistar clientes e mantê-los para sempre. São Paulo: Futura, 2002.
Capítulo 5
155Empreendedorismo
LACOMBE, F. J. M.; HEILBORN, G. L. J. Administração: princípios e tendências.
São Paulo: Saraiva, 2007.
HUNTER, J. C. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da
liderança. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.
KOTLER, P. Administração de marketing. 10. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000.
______. KELLER, K. Administração de marketing. 11. ed. São Paulo: Pearson, 2005.
KOTTER, J.; HESKETT, J. A cultura corporativa e o desempenho empresarial.
São Paulo: Makron Books do Brasil, 1994.
MALHEIROS, R. de C. da C.; FERLA, L. A.; CUNHA, C. J. C. de A. Viagem ao
mundo do empreendedorismo. Florianópolis: Instituto de Estudos Avançados,
2005.
MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing. São Paulo: Atlas, 2001.
MCKENNA, R. Marketing de relacionamento: estratégias bem-sucedidas para
a era do cliente. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J. Safári de estratégias: um roteiro pela
selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000.
NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as
empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus,
1997.
OLIVEIRA, J. F. de; MARINHO, R. M. Liderança: uma questão de competência.
São Paulo: Saraiva, 2004.
PIMENTEL, L. O. As funções do direito de patentes. São Paulo: Síntese, 1999.
PINCHOT, G. Intrapreneuring: por que você não precisa deixar a empresa para
tornar-se um empreendedor. São Paulo: Harbra, 1989.
RICHERS, R. Marketing: uma visão brasileira. São Paulo: Negócio Editora, 2000.