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    Cadeia(s) de Agronegcio: Objeto, Fenmeno e Abordagens Tericas

    Autoria:Eugnio vila Pedrozo, Vania de Ftima B. Estivalete, Heron S. M. Begnis

    ResumoEste ensaio tem o objetivo de discutir o enfoque de cadeia(s) de agronegciosenquanto objeto, fenmeno e abordagem terica, bem como aprofundar o debate sobre asabordagens mesoanalticas: Commodity System Approach, Filire, Cadeias Produtivas,Sistema Agroalimentar, Supply Chain Managemen, Canais de Distribuio, AlianasEstratgicas e Redes Verticalizadas, de forma a realar a multidimensionalidade doconceito de cadeia(s). A realizao do mesmo deve-se a existncia de confuses semnticasentre alguns destes conceitos, alm de revelar a sobreposio de termos, expresses e dealgumas abordagens. Algumas proposies so feitas, dentre elas, a de que o termo cadeia(s),isoladamente, pode ser considerado uma abordagem fenomenolgica e, quando acompanhadode um ou mais enfoque analtico, geralmente usando uma expresso (cadeia de), passa a ser

    considerado como uma abordagem terica no campo da mesoanlise. No entanto, cadaorganizao integrante da cadeia, isoladamente constitui-se num objeto de anlise, luz doenfoque positivista. Por fim, o desafio que se coloca refere-se ao arcabouo metodolgicomais adequado para estudar estas abordagens, assim como a sua adequao a uma realidadeque ser analisada, quando da aplicao de uma (ou algumas) das abordagens tericas.

    1. IntroduoO momento atual caracteriza-se por uma srie de descontinuidades que representam

    desafios a serem superados pelas organizaes e pela sociedade como um todo,potencializadas pela exploso do conhecimento, pela elevada competio e pela crescenteglobalizao (PRANGE, 2001). Essa situao que, juntamente com discusses a respeito dosurgimento de novos arranjos organizacionais, tem impulsionado o rompimento de uma visode mundo linear, determinado para incorporar uma nova viso de mundo e de homem capazde saber conviver com a diversidade, a complexidade e o antagonismo.

    medida que novas vises se formam e se constroem, ocorre o rompimento com osparadigmas convencionais e novas foras e configuraes vo se desenvolvendo no mundo.Esta mudana paradigmtica conduziu a era ps-moderna marcada pela descontinuidade,indeterminao e pelo avano da tecnologia e da cincia. Embora alguns tenham questionadoa influncia da ps-modernidade, poucos deixariam de reconhecer o surgimento de novasformas de organizao. Externamente, as fronteiras que antes delimitavam as organizaesesto sendo derrubadas, descaracterizadas, passando a formar cadeias com vrias

    denominaes, conglomerados, redes e alianas estratgicas. Internamente, as fronteiras queantes delineavam a burocracia esto tambm desaparecendo, tornando as organizaes maisgeis e flexveis, com menor nmero de nveis hierrquicos e, menos formatadas. Comoresultado destas emergncias, a colaborao entre as organizaes tem-se tornado cada vezmais interessante para os pesquisadores e tem assumido crescente significado como umaforma especial de soluo dos problemas empresariais (CLEGG e HARDY, 1998). Em outrasreas do conhecimento a lgica de cadeias tem recebido outras denominaes como: arranjosinterorganizacionais, interempresariais e mesoanlise.

    Em consonncia com essas emergncias, as novas configuraes organizacionais quese formaram na ps-modernidade representam importantes implicaes para as empresas,tanto em termos de formas organizacionais como em termos de relaes e de gesto

    estratgica (LWENDAHL & REVANG, 1998). Essas relaes interorganizacionais tmforado as organizaes a formarem novos arranjos que possibilitem conviver com um duplodesafio: competio x cooperao.

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    As novas formas e arranjos organizacionais, no presente estudo, sero denominadasabordagens mesoanalticas e buscam combinar as duas lgicas paradoxais expostas acima.Estas abordagens, por sua vez, necessitam de discusses que remetam a um maioraprofundamento fenomenolgico-terico-conceitual-metodolgico como forma de

    contribuio para a consolidao destes temas.No presente artigo, o foco ser sobre o uso do termo cadeias centrando-se sobre osfluxos e os relacionamentos seqenciais ou verticais (verticalizados) entre atividades,operaes, produtos, processos e servios. Esse foco reala o uso generalizado do termocadeia, tanto na academia como nas empresas que, cada vez mais, reconhecem a necessidadede atuarem ou considerarem uma lgica de cadeias nas suas decises e estratgias, tanto decooperao como de competio.

    Diante do exposto, este trabalho uma tentativa de responder aos seguintesquestionamentos: A abordagem de cadeias considerada um objeto, ou pode ser consideradacomo um fenmeno ou, ainda, uma abordagem terica? As abordagens mesoanalticasconsideradas neste estudo so nomes diferentes para configuraes similares? Existe

    diferena entre essas configuraes?Especificamente, no presente artigo, ser dada nfase a abordagem de cadeias em

    funo da diversidade de entendimentos encontrados na literatura e da percepo que se teveem relao a este conceito que pode parecer, em algumas situaes, difuso, incompleto e, emoutras, se sobrepondo a outras abordagens mesoanalticas. Nessa perspectiva, este estudotem como objetivo promover uma discusso sobre o enfoque de cadeia(s) enquanto objeto,fenmeno e abordagem terica, bem como aprofundar o debate sobre as abordagensmesoanalticas procurando-se estabelecer distines e inter-relaes de forma a realar amultidimensionalidade deste conceito, quando pertinente.

    Apresentadas estas consideraes iniciais, este trabalho est organizado da seguinteforma: a prxima seo apresenta uma discusso sobre a abordagem de cadeias enquantoobjeto, fenmeno e abordagem terica; a seo trs contempla um debate sobre as abordagensmeso-analticas dando nfase ao Commodity System Approach (CSA), filire, cadeias

    produtivas, Sistema Agroalimentar (SAG), Supply Chain Management (SCM), canais dedistribuio, alianas estratgicas e redes verticalizadas e; por fim apresentam-se asconsideraes finais do estudo.

    2. A abordagem de cadeias: Objeto, Fenmeno ou Abordagem Terica?Optou-se por iniciar o debate terico tratando-se de cadeias em funo da diversidade

    de entendimentos encontrados na literatura e por ser o recorte mesoanaltico mais usado,difundido e aceito no agronegcio contemporneo. Tal opo no deve ser compreendida

    como uma forma de hierarquizao dos temas que sero discutidos, nem de simplificao desuas definies, mas sim com a inteno de evidenciar as inter-relaes e complementaridadesexistentes, bem como para proporcionar novos debates e novas reflexes sobre o assunto.

    Tomando o conceito de Bueno (1996, p. 113), cadeia significa corrente; srie dequalquer coisa; cadeia de montanhas; etc.. No seu sentido mais amplo, este conceito remete idia de seqncia, de elos que estabelecem entre si uma interdependncia. Trazendo-se parao meio acadmico, especialmente ao se abordar estudos relacionados s organizaes deagronegcios, a abordagem sobre cadeias conhecida, aceita e faz parte da prxis dos atoresenvolvidos nessas atividades.

    No entanto, cada organizao (elo, agente ou empresa) pertencente cadeia,isoladamente, pode ser considerada objeto de anlise, visto que, como mencionam Bruyne,

    Herman e Schoutheete (1977) se limita a observar os fenmenos e a estabelecer ligaesregulares, renunciando a descoberta das causas dos fatos se contentando em estabelecer as leisque os dirigem.

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    Este tipo de anlise corrobora com as caractersticas principais do positivismo que,segundo Trivios (1987) no aceita outra realidade que no sejam os fatos que possam serobservados, considerando a realidade como formada por partes isoladas, separadas, fixas. Paraeste autor, este conhecimento estuda os fatos, estabelece relaes entre eles, mas no est

    interessado em conhecer as conseqncias de seus achados.J a fenomenologia, segundo Trivios (1987) que menciona Husserl como um de seusdefensores, centra-se no questionamento do conhecimento, o que significa a suspenso, acolocao entre parnteses das crenas e proposies sobre o mundo natural. Na viso doautor, no existem contedos da conscincia, mas exclusivamente fenmenos e o dado conscincia intencional perante o objeto.

    Aranha e Martins (1993, p.123) corroboram com este pensamento, ao observarem queo postulado bsico da fenomenologia a noo de intencionalidade que se contrape filosofia positivista presa viso objetiva do mundo. Sob este aspecto, os autores abordamque a fenomenologia pretende realizar a superao da dicotomia razo-experincia no

    processo de conhecimento, visto que os fenomenolgos afirmam que no h objeto em si, j

    que o objeto s existe para um sujeito que lhe d significado.Em consonncia com estes elementos, Trivios (1987) postula que, no enfoque

    positivista, a viso de contexto artificial e limitada, e na pesquisa apoiada numa concepofenomenolgica estabelecem-se relaes contextuais do assunto que se investiga. Outroaspecto apresentado por Trivios (1987) refere-se s diferenas entre o enfoque positivista e oenfoque fenomenolgico. O primeiro coloca a nfase nas relaes entre as variveis quedevem ser objetivamente medidas. O segundo pe em relevo as percepes dos sujeitos esalienta o significado que os fenmenos tm para as pessoas.

    Com base no exposto, considerando-se o enfoque de cadeias como um fenmeno,apresenta-se a linha de pensamento francesa, denominada filire (MORVAN, 1985) que adefine como uma seqncia de operaes que levam produo de bens, cuja articulao influenciada pela fronteira de possibilidades ditadas pela tecnologia e definida pelasestratgias dos agentes que buscam a maximizao dos seus resultados. Esses fluxos deoperaes podem ser analisados sob a tica da mesoanlise, pois esto relacionados tanto aonvel micro (operaes elementares) quanto ao nvel macro vinculado as polticas pblicas,

    por exemplo.Para Zylbersztajn (2000), o conceito de cadeias pode ser utilizado para analisar e

    descrever o sistema, servindo adicionalmente como uma ferramenta de gesto, seja aplicada definio de estratgias da empresa ou ao apoio e desenho de polticas governamentais.Vrios elementos so considerados ao tratar-se de cadeias, especialmente a variveltecnolgica pelo seu potencial em modificar o produto e a estrutura dos mercados. Outro

    aspecto, apontado por Zylbersztajn (2000), tem a ver com a porosidade e instabilidade,referindo-se as interaes de cadeias de produtos diferentes e as relaes entre duas ou maiscadeias. Este enfoque considera que as cadeias podem se modificar ao longo do tempo.

    Ao se examinar o conceito de cadeias pode-se perceber que existem interaesexistentes entre os diversos elos que a compem. Estas interaes estabelecem relaes decomplementaridades e de interdependncia entre os atores envolvidos, numa lgica seqenciale dinmica, ou seja, os elos podem se modificar e serem substitudos ao longo do tempo.

    Nesta lgica de pensamento, em agronegcios, percebe-se que as publicaes e os trabalhosempricos desenvolvidos caracterizam as cadeias como fenmeno, atravs de recortes que

    permitem observar a realidade e considerar as relaes e interaes existentes entre os agentesenvolvidos.

    Retomando-se o questionamento proposto, estritamente sob a lgica positivista,entende-se que uma cadeia no pode ser considerada como objeto, pois falta-lhematerialidade. Cada organizao (agente ou empresa), isoladamente, pode ser considerada

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    objeto de estudo. Porm, estas organizaes envolvidas numa construo interorganizacionalsobre bases relacionais passam a constituir uma estrutura que transcende a unidade/objeto,

    passando a configurar um fenmeno. Sob esta tica, o termo cadeia(s), analisado de maneiraisolada, pode ser considerado uma abordagem fenomenolgica, visto que passa a ampliar a

    anlise atravs da incorporao das ligaes e relaes que se estabelecem entre os seus elos.Beers, Beulens e Dalen (1998) atuam nessa mesma lgica ao considerarem que acadeia, enquanto objeto emprico, descrita simultaneamente sob trs perspectivas:

    performance, processo e instituio. Mas ao acrescentar a necessidade de uma avaliaomultidisciplinar das cadeias, os autores concluem que estas trs dimenses auxiliam nadescrio de cadeia enquanto fenmeno em si mesma.

    A discusso apresentada at o momento preocupou-se em entender o termo cadeia(s)do agronegcio enquanto objeto ou fenmeno. No entanto, convm destacar que a discussosobre o tema proposto tambm deve contemplar o que se entende por abordagem terica outeoria das cadeias. Assim, apresenta-se, inicialmente, a contribuio de Trivios (1987, p.103) ao mencionar que:

    No possvel conceber uma teoria que no tenha tido suas razes na observao dealgum fenmeno da realidade ou da intuio da existncia de fatos no mundo real oudas relaes dos mesmos. Esta observao ou intuio transforma-se num conjuntode conceitos muito amplo, constructos, especialmente, que fazem da teoria umaexpresso hipottico-dedutiva. [...] a teoria um esquema geral de naturezaconceitual. Os fenmenos aos quais ela se refere, tratando de explicar, compreendere dar significado s suas dimenses, podem escapar, em parte, ou totalmente, s suasafirmaes.

    Em sntese, este autor coloca que cabe aos pesquisadores a responsabilidade deconstruir o prprio conhecimento, luz dos traos da realidade observada, ou caso contrrio,

    elaborar uma soma de conceitos para explicar, compreender e dar significado aos fenmenosque estuda.Neste sentido, o termo cadeia entendido como fenmeno a ser analisado, quando

    tratado de forma sistemtica e em conjuno com um ferramental multi, inter outransdisciplinar, ou seja, associado a outros termos ou expresses, pode vir a constituir uma

    base terica com suas prprias especificidades e metodologias utilizadas. Pode-se, ento, falarem uma abordagem terica de cadeias, mas pode ser ainda um tanto prematuro falar em umacincia das cadeias enquanto disciplina em si.

    Este entendimento est respaldado nas constataes de Beers, Beulens e Dalen (1998),em que uma cincia de cadeias ainda no muito aceita pela comunidade cientfica comodisciplina em separado por duas razes bsicas: a sua pouca maturidade enquanto campo

    disciplinar e pelo prprio carter reducionista que a cincia geral ainda carrega da sua origempositivista.

    Com base no exposto, ressalta-se que este um debate que merece ser aprofundado e,para isso, inicia-se uma discusso sobre as abordagens meso-analticas que servem de suportepara a anlise do fenmeno cadeias segundo perspectivas tericas prprias. Estasabordagens sero apresentadas a seguir.

    3. Abordagens Meso-analticas: Um debate inicial3.1. Commodity System Approach(CSA): uma abordagem sistmica do agronegcio

    Davis e Goldeberg (1957) definem o agribusiness como "a soma de todas as operaesenvolvidas no processo produo e distribuio dos insumos agropecurios, as operaes de

    produo na fazenda; e o armazenamento, processamento e a distribuio dos produtosagrcolas e seus derivados".

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    Desta primeira definio de "agribusiness" derivaram-se vrias outras para explicar acrescente inter-relao setorial entre agricultura, indstria e servios. Os trabalhos da escolade Havard tiveram o grande mrito de deslocar o centro da anlise "de dentro para fora dafazenda", evitando tratar o setor agrcola como isolado do resto da economia. A idia do

    "agribusiness"coloca a produo agrcola como parte de um "sistema de commodities" muitomais amplo, enfatizando as suas relaes com o mundo dos grandes negcios. O conceito de"agribusiness", fiel tradio neoclssica do enfoque sistmico, nada mais do que umagregado de subsistemas interrelacionados por fluxos de troca.

    Mais tarde, Goldberg (1968) empregou uma nova forma de estudar os sistemasagrcolas em anlises sobre a produo norte-americana de laranja, trigo e soja que ficouconhecida como commodity system approach - CSA. Segundo Batalha (1997) e Zylberstajn(2000), o CSA tem sua base terica derivada da teoria econmica neoclssica e maisespecificamente no conceito de matriz insumo-produto de Leontief. No entanto, aodesenvolver os primeiros estudos do agronegcio com base no CSA, Golberg abandonou oreferencia terico da matriz insumo-produto e passa a utilizar os conceitos oriundos da

    economia industrial, enfocando seu paradigma clssico da Estrutura Conduta Desempenho(BATALHA, 1997). O carter dinmico do CSA dado pelas mudanas tecnolgicas queocorrem ao longo do tempo e os estudos com base nesta abordagem obedecem a seqnciadas transformaes que passam os produtos at chegarem ao consumidor final, reforando ocarter sistmico. Neste aspecto, o CSA sugere uma lgica de encadeamento de atividadessimilar noo de filire, porm difere em relao ao ponto de partida da anlise.

    Por fim, Zylberstajn (2000) destaca que apesar do CSA no ser caracterizado comouma anlise institucional, os estudos com base nesta abordagem no ignoram este aspecto,

    pois os trabalhos de Harvard consideram dois nveis de agregao: o primeiro no nvel dafirma e o segundo levando em conta os ambientes macroeconmico e institucional queinterferem na capacidade de coordenao do sistema.

    3.2. Filire: Uma multiplicidade de vises

    As vises diferenciadas sobre filirese manifestam na literatura abordando aspectosque envolvem o desenvolvimento e o surgimento dos estudos sobre esta abordagem at sua

    prpria conceituao. Fvero (1996), por exemplo, aborda em seu estudo as contribuies deValceschini (1995), Ghersi & Bencharif (1992) e vrios outros autores que revelam osurgimento dos primeiros estudos de filire de produo realizados nos Estados Unidos, nofinal dos anos 50, tendo como preocupao inicial a filire avcola. Alguns anos mais tarde,mantendo esta mesma perspectiva analtica, foram estudadas vrias outras filires, como as defrutas e legumes, de cereais e de leite.

    Aps os anos 60, de acordo com Allaire & Boyer (1995 apud FVERO, 1996), com amultiplicao de estudos empricos realizados nos Estados Unidos e na Europa, emergiu umconjunto de novas concepes que acentuavam as idias de pluralidade de agentes e decomplexidade de dispositivos de coordenao.

    Destaca-se, porm, que muitos dos autores pesquisados abordam que o aparecimentoda noo de anlise de filire desenvolveu-se no mbito da escola industrial francesa nadcada de 60, remetendo ao modo como eram estudados os fenmenos de integrao ou semi-integrao no segmento agroalimentar (MONTIGAUD, 1992; LABONNE, 1985; entreoutros).

    Para definir filire, os autores utilizam-se de diferentes abordagens e influnciastericas constatando-se, dessa forma, uma multiplicidade de entendimentos a respeito de seu

    conceito. Dentre asdiversas perspectivas apresentadas para defini-la, destacam-se: cadeia deproduo, cadeia de produo agroindustrial, commodity system approach, entre outras.

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    Para iniciar o debate terico sobre a conceituao defilire apresenta-se, inicialmente,a contribuio de Morvan (1985, p. 244) que assim a define:

    Afilire uma sucesso de operaes de transformao produo de bens (ou deconjuntos de bens); a articulao destas operaes largamente influenciada peloestado das tcnicas e das tecnologias em curso e definida pelas estratgias prpriasdos agentes que buscam valorizar da melhor maneira seu capital. As relaes entreas atividades e os agentes revelam as interdependncias e as complementaridades eso amplamente determinadas por foras hierrquicas. Utilizada em vrios nveis deanlise, afilire aparece como um sistema, mais ou menos capaz, conforme o caso,de garantir sua prpria transformao.

    O autor destaca trs sries de elementos ao abordar a noo de filire: a)a filire deproduo como uma sucesso de operaes de transformaes dissociveis, separveis eligadas entre elas pelas tcnicas; b)um conjunto de relaes comerciais e financeiras que seestabelece entre todos os estados da transformao; c) um conjunto de aes econmicas queasseguram as articulaes das operaes (BATALHA, 2001).

    Morvan (1991) reconhece que afilireaplicada ao sistema industrial apresenta pontosfortes interessantes: uma noo que transcende os cortes correntes da economia, em setor

    primrio, secundrio e tercirio, permitindo se desprender das abordagens tradicionais darealidade industrial e permite ainda, a elaborao de uma anlise mesoeconmica prpria,que no micro nem macroeconmica. Segundo o autor, a anlise de filirepossibilita fazerinter-relaes articulando todos os elementos (atividades e aes) em um sistema que pode

    permitir apreciar as performances do conjunto e compreender a dinmica do sistemacapitalista.

    J Labonne (1985) elaborou um novo conceito de filire entendendo-a como umaabordagem que no se concretiza apenas pelo conjunto de ligaes que envolvem as

    organizaes na produo de um determinado bem de origem agrcola. Masfundamentalmente, compreende as razes que levaram ao estabelecimento destas ligaes, oque extrapola a anlise limitada nas caractersticas dos agentes envolvidos, transferindo ocentro da anlise para a contextualizao da complexa realidade na qual estas ligaesocorrem.

    Apresentando outras contribuies da escola francesa a respeito da conceituao defilire,destaca-se, a abordagem de Rainelli et al.(1991) que defende a interpretao defilirede inmeras maneiras, agrupando-as em torno de cinco grandes concepes: a) dimensotcnicadas operaes envolvidas; b)as estratgias dos agentes econmicos; c)a utilizaodafilirecomo uma forma de pesquisade coerncia do sistema produtivo; d)a abordagemmonogrfica que estuda as relaes entre os diversos estados de produo a fim de localizar

    os segmentos mais expostos as estratgias dos decisores e os atores que controlam melhor omercado final e; e)a filirecomo uma modalidade de corte do sistema produtivo fazendoreferncia as relaes matriciais do sistema econmico.

    Segundo a concepo de Montigaud (1992, p. 62) a filire conceituada como oconjunto de atividades estreitamente imbricadas, ligadas verticalmente por pertencer a ummesmo produto (ou a alguns produtos muito prximos), cuja finalidade a de satisfazer aosconsumidores. Para o autor, a filire no um instrumento de anlise econmica nemtampouco uma metodologia para observar o comportamento das empresas. Constitui, naverdade, o campo de observao multidisciplinar das empresas, das instituies e dosmecanismos que as ligam.

    Neste contexto, na viso de Fvero (1996), cada filire comporta uma pluralidade de

    atores, de estratgias e de dinmicas, engendrando assim uma diversidade de dispositivos e deformas de regulao sendo as mesmas coordenadas pelas grandes firmas. Com base nessas

    premissas, o autor defende a concepo de que os diferentes atores participantes de uma

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    filire organizam-se de forma hierrquica e suas relaes traduzem-se em relaes desubordinao/dominao. Essas relaes do lugar desigualdade quanto participao nadiviso do produto social no interior das filires. Por outro lado, o autor enfatiza que acooperao existente no interior de cadafilirepode engendrar mecanismos de controle destes

    problemas, traduzindo-se em relaes de parceria. Sob esta tica, cada ator (parceiro) sente-seresponsvel pela performance dafilire como um todo, dando lugar a uma construo coletiva(FVERO, 1996).

    Com relao aos conceitos apresentados constata-se a falta de unanimidade e amultiplicidade de entendimentos existentes sobre a noo defilire. Destaca-se, entretanto, asespecificidades que envolvem esta abordagem dando-se nfase aos seguintes pontos: a filirecaracteriza-se por um corte vertical da cadeia; considerada uma abordagem mesoanaltica,

    pois no estuda a unidade (micro) e nem o global (macro); no considera somente os elos deligao entre os agentes, mas as relaes que se estabelecem que so complexas eheterogneas e; permite uma anlise mais clnica, do detalhe tendo como limite os dados e acapacidade de anlise e, finalmente, orienta-se por uma lgica de jusante a montante.

    Valendo-se das perspectivas apresentadas, entende-se que o enfoque de filirerepresenta umavano alm de uma descrio fenomenolgica e apresenta as bases para construo de umcorpo terico mais elaborado em direo ao enfoque mesoanaltico.

    3.3. Cadeias Produtivas: Um esforo de conceituao

    Segundo Batalha (2001) a anlise de cadeias de produo uma das ferramentasprivilegiadas da escola francesa de economia industrial. O autor ressalta que, apesar dosesforos de conceituao empreendidos pelos economistas franceses, a noo de cadeia de

    produo continua vaga quanto ao seu enunciado. Destaca-se que, este mesmo autor, no itemque trata desta temtica utilizou o seguinte ttulo anlise de f i l ires (ou cadeias deproduo) reforando as consideraes pontuadas anteriormente. Isto posto, o autor ressaltaque, apesar do sacrifcio de algumas nuanas semnticas a palavra filire(que originou-se nombito da escola industrial francesa), traduz-se para o portugus pela expresso cadeia de

    produo. Este fato, de um lado, revela as diversas possibilidades de uso do conceito decadeias produtivas, a partir da noo de filire e, por outro lado, nos incita a aprofundar a

    pesquisa e o debate sobre estas questes.No contexto brasileiro, segundo Batalha (2001), as aplicaes recentes da noo de

    cadeia produtiva podem ser divididas em dois grupos. Um que trata de estudos situados noespao analtico delimitado pelos contornos externos da cadeia produtiva buscando identificareventuais disfunes que comprometam o funcionamento eficiente da cadeia. O outro grupo,considerado uma faceta menos explorada, o emprego da noo de cadeia como ferramenta

    de gesto nas organizaes. Na viso do autor, os agentes que compem o agronegciobrasileiro devem trabalhar de forma sistmica, ou seja, todo o sistema no qual eles estoinseridos deve ser eficiente.

    Dessa forma, Batalha (2001) destaca que o conjunto de idias vinculado s noes decadeia produtiva til na elaborao de polticas setoriais pblicas e privadas, porm menoseficiente em apontar s empresas ferramentas gerenciais que permitam operacionalizar aesconjuntas que aumentem o nvel de coordenao e eficincia da cadeia. Nesse contexto, torna-se necessrio repensar os modelos de gesto tradicionais luz dessas novas formas derelaes interorganizacionais que exigem flexibilidade, compartilhamento de informaes econhecimento, aes conjuntas e relaes de cooperao entre os diversos agentes.

    Na concepo de Dantas, Kertsntzky Prochnik (2002), do ponto de vista terico

    observa-se uma progresso em vrias correntes do pensamento econmico na direo de umamelhor formatao do conceito de cadeia produtiva. Para os autores, cadeia produtiva um

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    conjunto de etapas consecutivas pelas quais passam e vo sendo transformados e transferidosos diversos insumos.

    Segundo Castro, Cobbe e Goedert (1995, p.12), por exemplo, as cadeias produtivasso conjuntos de componentes interativos, tais como sistemas produtivos agropecurios e

    agroflorestais, fornecedores de servios e insumos, indstrias de processamento etransformao, distribuio e comercializao, alm de consumidores finais do produto esubprodutos da cadeia. Nessa abordagem terica, busca-se, por intermdio da prospecotecnolgica, produzir pesquisa que leve em conta todos os elos da cadeia, mas, que possa

    beneficiar, mais especificamente, o elo do produtor rural, que, muitas vezes, mais frgil queos demais da cadeia produtiva.

    Batalha (2001), baseado na pesquisa de sua tese, trabalha com o conceito de cadeia deproduo agroindustrial, que pode ser segmentada de jusante montante, em trsmacrosegmentos: a comercializao, a industrializao e a produo de matrias primas,tendo focado seus esforos, principalmente, na agroindustrializao.

    Retomando Dantas, Kertsntzky Prochnik (2002), ao utilizar um conceito mais

    abrangente de cadeia produtiva, os autores salientam que pode-se incorporar outras formas decadeias. Considerando-se longitudinalmente, pode-se ter uma cadeia produtiva empresarialonde cada etapa representa uma empresa, cujo desenho encontrado, por exemplo, emsupplychain management. Em um nvel mais agregado, encontram-se as cadeias produtivas

    setoriais, nas quais as etapas so setores econmicos e os intervalos so os mercados entresetores consecutivos (DANTAS, KERTSNTZKY e PROCHNIK, 2002).

    Ainda, segundo Dantas, Kertsntzky Prochnik(2002) pode-se obter cadeias mais oumenos agregadas dependendo da variao da amplitude do leque de produtos consideradoscomo o caso dos complexos industriais. Tambm existem cadeias concorrentes quando seus

    produtos finais servem a um mesmo mercado e as cadeias so relativamente independentesentre si. O entrelaamento de cadeias comum, sendo que muitas cadeias se repartem e outrasse juntam. Retomando-se as concepes dos autores, percebe-se que a lgica de cadeiaenvolve um conjunto de atores (elos) conectados entre si envolvendo todos os estados detransformao de um insumo, situado de montante a jusante, no se preocupando com aquesto do detalhamento e com uma anlise mais clnica das relaes que se estabelecem.

    Em linhas gerais, corrobora-se, em parte, com a concepo de Dantas, KertsntzkyProchnik (2002) no sentido de se observar busca de uma melhor sistematizao econsolidao do conceito de cadeias produtivas nos estudos organizacionais. Por outro lado,vale salientar que estes esforos caminham no sentido de que se possa considerar as diferentesformas de analisar o fenmeno cadeia, configurando abordagens prprias e na direo daformao de uma corrente terica de pensamento que permita interpretar, explicar e

    compreender a realidade observada.3.4. Sistema Agroalimentar (SAG): Uma introduo de novos elementos

    Uma outra vertente terica refere-se ao SAG Sistema Agroalimentar, desenvolvidapor pesquisadores do PENSA Programa dos Estudos de Negcios do Sistema Agroalimentarda Universidade de So Paulo. Esta abordagem aderente ao conceito de cadeias produtivas,

    porm envolve outros elementos alm da cadeia vertical como o ambiente institucional eorganizacional (CASTRO, 2001).

    Os agentes que atuam nos SAGs mantm uma relao de cooperao e de competio,cujas relaes mudam ao longo do tempo, seja por aspectos externos ou por mudanas natecnologia. Para Zylbersztajn (2000), esta rede de relaes no pode ser entendida como

    linear, mas como uma rede de relaes composta de vrios agentes que mantm contatos entresi, sendo que o aperfeioamento dessas relaes poder tornar a arquitetura do sistemaagroalimentar mais ou menos eficiente.

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    Zylbersztajn (2000) ressalta as eventuais distines entre cadeias e sistemaagroalimentar considerando este ltimo como um conceito mais amplo, que envolve oambiente institucional e as organizaes de suporte. Sob esta tica, o autor revela que o SAG visto como um conjunto de relaes contratuais entre empresas, cujo objetivo a disputa do

    consumidor de determinado produto. De acordo com este autor, o SAG pode ser visto comoum fluxo, amparado pelo ambiente institucional que so as regras da sociedade representadaspelas leis, tradies e costumes e, pelo ambiente organizacional que so estruturas criadaspara dar suporte ao funcionamento dos SAGs.

    Nesta lgica de pensamento, percebe-se um esforo na definio de uma propostaconceitual para o Sistema Agroalimentar, incorporando a incluso de elementos que

    possibilitem uma melhor compreenso e anlise das organizaes agronegociais. O sistemaagroalimentar representa uma proposta ampliada do conceito de cadeias produtivas,obedecendo a mesma lgica seqencial exposta anteriormente.

    3.5. Supply Chain Management (SCM): Um conceito em construo

    Autores como Figueiredo e Arkarder (2003) postulam que o conceito de SCM surgiucomo uma evoluo natural do conceito de Logstica Integrada. De acordo com a viso dessesautores, a gesto da cadeia como um todo pode proporcionar uma srie de maneiras pelasquais possvel aumentar a produtividade e, em conseqncia, contribuir significativamente

    para a reduo de custos, assim como identificar formas de agregar valor aos produtos.Os autores Wood Jr e Zuffo (1998) procuram sintetizar a evoluo do conceito de

    logstica, enfatizando a presena do contedo estratgico e evidenciando a formao dealianas estratgicas e de parcerias que ocorrem atravs de esforos sistmicos e integradosque passam a incluir os fornecedores, os canais de distribuio e os consumidores.

    Em linhas gerais, as diversas concepes encontradas na literatura sinalizam aevoluo do conceito de logstica chegando ao conceito de SCM. Porm, deixa-se claro,atravs desta evoluo, a diferena conceitual existente entre as duas abordagens.

    Cooper, Lambert e Pagh (1997) defendem a idia de que existe diferena entre alogstica integrada e o SCM no que se refere aos relacionamentos e a integrao dos processosao longo da cadeia envolvendo um nmero maior de processos e funes do que no caso dalogstica integrada.

    Lambert, Cooper e Pagh (1998) aponta para a necessidade de integrao de vriasfunes e processos-chaves dentro das empresas e entre as empresas que compem umacadeia de suprimentos. Para o autor, o desafio reside na adequada integrao dessas funes,visto que a gesto dos negcios atuais entrou na era da competio entre redes de empresas aoinvs da competio tradicional entre marcas. A gesto dessas mltiplas relaes ao longo da

    cadeia de suprimentos se insere, cada vez mais, ao SCM, uma rede de mltiplos negcios erelaes. Atravs do SCM possvel capturar as sinergias da integrao e da gesto intra eentre firmas. O autor aponta para a necessidade de se construir uma teoria e de se desenvolverinstrumentos e mtodos normativos para a prtica do SCM.

    Um dos aspectos salientados por Lambert, Cooper e Pagh (1998) relaciona-se com asconfuses existentes entre as definies e o uso da logstica e o SCM. Para o autor, esteltimo era visto como a logstica para fora da firma incluindo fornecedores e consumidores. Aabordagem de SCM ultrapassa o conceito de logstica ao longo da cadeia de suprimentos

    para o estudo da integrao e gesto de processos-chave ao longo da cadeia de suprimentos.J Ching (1999, p. 67) salienta que a gesto do SCM uma forma integrada de

    planejar e controlar o fluxo de mercadorias, informaes e recursos, desde os fornecedores at

    o cliente final, procurando administrar as relaes na cadeia logstica de forma cooperativa epara o benefcio de todos os envolvidos.

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    As questes apontadas pelo autor reforam a necessidade de estender a integrao dacadeia logstica para fora das fronteiras da empresa, envolvendo esforos nos mais diferentes

    processos e atividades que agregam valor aos produtos e servios para o consumidor final.Os desafios colocados abordagem do SCM remetem idia de viso sistmica, visto

    que no suficiente a organizao buscar excelncia operacional interna atravs da melhoriade seus processos e atividades se os demais elos da cadeia, como os fornecedores,distribuidores, atacadistas, varejistas no operam nestas condies. Nesse sentido, entende-seque a abordagem de SCM apresenta um conjunto de conhecimentos sistematizado econsolidado que possibilita repensar todo o processo na medida em que fortalece as relaesde parcerias com os diversos agentes na busca de um melhor desempenho empresarial, apesarde depender, talvez, excessivamente, das definies e padronizaes, geralmente, impostas

    por uma empresa focal. Porm, ressalta-se a sugesto de Lambert, Cooper e Pagh (1998)sobre a necessidade de se desenvolver instrumentos e mecanismos que permitam facilitar suaanlise e operacionalizao. Zylberztajn trabalha com o conceito de cadeias estritamentecoordenadas que se aproxima da idia de SCM.

    3.6. Canais de Distribuio ou Canais de Marketing: Um elemento para busca de vantagem

    competitiva sustentvel

    A busca de vantagem competitiva pelas organizaes dos mais variados segmentostraz uma preocupao que extrapola aspectos que envolvem o desenvolvimento e a criao de

    produtos e a definio de seus preos. As empresas desenvolvem esforos permanentes nosentido de buscar elementos que a diferenciem de seus concorrentes. Isto implica nadistribuio adequada dos produtos e servios que a empresa oferece aos consumidores eclientes.

    Oliveira (2003, p.2), considera canal de distribuio como o sistema de organizaesem que os fluxos de produtos, recursos, informaes e/ou propriedade se direcionam do

    produtor para o consumidor final. Para efetuar o mapeamento e diagnstico do processo dedistribuio o autor encontrou respaldo em aspectos da estratgia, estrutura e processos decanais de distribuio, alm do marketing de relacionamento.

    J segundo Neves (2000) os canais de distribuio localizam-se na parte final e naspartes iniciais do SAG. Na parte final encontram-se os agentes que compram os produtos daindstria at chegar ao consumidor final. Nas partes iniciais encontram-se os agentes quecompram os insumos e os levam at os produtores rurais.

    Acrescenta-se a estes aspectos, a contribuio de Rosembloon et al. (2001) aomencionarem que os canais de distribuio possibilitam a construo de vantagenscompetitivas sustentveis por possurem como base as pessoas e as relaes que se

    estabelecem, bem como pelas caractersticas de longo prazo tanto em termos de planejamentoquanto em termos de implementao. Este mesmo autor discute a lgica de fluxos de canalconsiderando-o como uma estrutura para se compreender o escopo e a complexidade doscanais de distribuio.

    Para Neves (2000) as principais funes dos canais de distribuio ou de marketingenvolvem os cuidados com os seguintes fluxos: posse fsica, propriedade, promoo,negociao, financiamentos, risco, pedidos, informaes e pagamentos. Este mesmo autorentende que os agentes podem ser eliminados ou substitudos dos canais, no entanto asfunes desempenhadas no podem ser eliminadas, mas repassadas para frente ou para trs dosistema.

    Os membros dos canais de distribuio so agentes que realizam funes de

    negociao e os que no fazem parte deste fluxo so consideradas empresas facilitadoras docanal (NEVES, 2000). As empresas que fazem parte do eixo central do canal envolvem-sediretamente com as decises de distribuio de produtos e as empresas facilitadoras do canal

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    responsabilizam-se apenas pelo transporte, estocagem dos produtos, seguros das cargas,propaganda, promoes, entre outras atividades.

    A pesquisa na literatura permitiu observar a existncia de um conjunto deconhecimentos sistematizados envolvendo as estratgias de canais de distribuio, as

    estruturas e os processos envolvidos, podendo consider-lo uma abordagem terica de cadeiasque se efetiva no campo da mesoanlise.

    3.7. Alianas Estratgicas e Redes Verticalizadas: Tramando a complexidade dos

    fenmenos interorganizacionais

    No mundo dos negcios, a formao de alianas estratgicas e redes considerada derelevante importncia enquanto arranjos organizacionais, em funo dos benefcios sociais eeconmicos que proporcionam aos diversos agentes, dadas as caractersticas de colaborao,associao e parcerias que se estabelecem. Esta relao de cooperao, por sua vez, representaum paradoxo no mundo dos negcios onde a nfase ao discurso sobre competitividade, cadavez mais, encontra-se presente. No entanto, percebe-se a interface existente entre

    concorrncia e cooperao atravs do incremento de organizaes operando de formaconjunta por meio da formao de alianas estratgicas e redes. No presente artigo, o foco sobre as alianas estratgicas e redes que possuam relacionamentos verticalizados, dois adois ou entre vrias organizaes.

    Osborn e Hagedoorn (1997) fazem uma alerta de que a academia deveria reconhecerque o mundo tambm est dominado pelas conexes entre entidades especializadas e, os

    pesquisadores deveriam estar analisando as redes e alianas numa perspectivamultidisciplinar, reconhecendo que as mesmas so instituies evolucionrias emultifacetadas voltadas para a cooperao. Para os autores, esta passagem do campodisciplinar para uma teoria integrada atualmente est passando por um perodo de caos. Nestecaso, o caos est representado pelas mltiplas teorias e metodologias utilizadas pelos maisdiversos autores para entender a formao, evoluo, operao e resultados das alianas eredes interorganizacionais.

    As alianas estratgicas, que, normalmente, envolve relacionamentos didicos,segundo a apreciao de Das e Teng (1999) so consideradas acordos de cooperao entreempresas visando vantagem competitiva para os scios que firmaram a aliana. Ainda, deacordo com estes autores, as alianas estratgicas so geralmente estratgias arriscadas cujosucesso, muitas vezes, no depende apenas do esforo individual dos parceiros. Enfatizam queo gerenciamento de alianas um processo bem mais difcil e complexo do que ogerenciamento de firmas individuais.

    Gulati (1998) define alianas estratgicas como arranjos voluntrios entre empresas

    envolvendo trocas, compartilhamento ou co-desenvolvimento de produtos, tecnologias ouservios, podendo ocorrer como resultado de vrios motivos e de vrias formas atravs delimites verticais e horizontais. Analisando-se sob o ponto de vista estratgico, Gulati (1998)aponta alguns aspectos fundamentais sobre o comportamento das empresas e como elasrelacionam-se em alianas. Para isso, sugere a compreenso de uma seqncia de eventos queinclui: a) a deciso para entrar em uma aliana; b) a escolha de um parceiro apropriado; c) aescolha de uma estrutura para a aliana; d) a evoluo dinmica para a aliana e; e) como essarelao se desenvolve ao longo do tempo. Este mesmo autor sugeriu que as redes sociais

    previamente estabelecidas entre componentes de firmas podem servir de base para levar asempresas a formarem alianas.

    Osborn e Hagedoorn (1997) complementando a discusso apresentada at aqui,

    acrescentam a perspectiva institucional, onde alianas e redes podem ser vistas comoexperimentos da construo institucional. Esta abordagem sugere como e porque prticascomuns de aliana emergiriam, so copiadas ao longo do tempo e eventualmente se tornam

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    prticas aceitas. De forma mais especfica, a perspectiva institucional sugere que alianas eredes podem ser mais do que um modelo de adaptao e cooperao de seus propositores.Elas podem ser tambm construes sociais dos agentes, voltadas soluo dos problemaseconmicos, tcnicos e estratgicos dos seus propositores.

    As redes podem assumir formas diferentes, variando de formal informal, podemexistir simplesmente para a troca de informaes ou para serem envolvidas em um processode atividades conjuntas. Neste estudo, ser dada nfase s redes verticais, que segundo Santoset al. (apud AMADO NETO, 2000) so relaes de cooperao que ocorrem entre empresas eos componentes dos diferentes elos ao longo de uma cadeia produtiva. A cooperao ocorreenvolvendo os parceiros comerciais da empresa como produtores, fornecedores, distribuidorese prestadores de servios. As redes verticais de cooperao equivalem-se as redes topdownapresentadas por Casarotto e Pires (1999).

    A rede topdown formada por uma empresa-me que coordena a cadeia defornecedores ou subfornecedores em vrios nveis. Neste tipo de rede, os fornecedores soaltamente dependentes das estratgias da empresa-me, no tem influncia ou poder sobre a

    rede e atuam de forma complementar numa cadeia de valor. Um conjunto de fornecedores edistribuidores dirige suas operaes para atender a uma organizao (empresa me), a qualcoordena as aes das diversas organizaes que formam parte da cadeia. Esta relao baseia-se na idia de que cada membro tem suas competncias especializadas, o que significaagregao de valor e reduo de custos para todos os membros da cadeia (OLIVARES, 2002;BAUM e INGRAM, 2000).

    Em linhas gerais, percebe-se que o conceito de cadeias produtivas est inserido naabordagem de alianas estratgicas e de redes verticais, visto que estes arranjosinterorganizacionais privilegiam a interdependncia e a complementaridade como forma deassegurar a sobrevivncia das organizaes e dos agentes inseridos. Consultando a literatura,verificou-se a existncia de um arcabouo terico-conceitual sistematizado sobre alianas eredes, configurando-se como uma abordagem terica que possibilita iluminar, explicar einterpretar os fatos observados. Porm, vale ressaltar que foram encontradas lacunas no que serefere ao surgimento, desenvolvimento, crescimento e dissoluo desses tipos deconfiguraes.

    4. Consideraes FinaisO propsito deste trabalho foi o de promover uma discusso sobre o enfoque de

    cadeia(s) enquanto objeto, fenmeno e abordagem terica, bem como aprofundar o debatesobre as abordagens mesoanalticas analisadas estabelecendo distines e inter-relaes deforma a realar a multidimensionalidade deste conceito.

    A realizao deste estudo revelou a existncia de confuses semnticas entre algunsdos conceitos estudados, alm de revelar a sobreposio de algumas abordagens aquianalisadas. Tais confuses semnticas se materializaram ao considerar filire como cadeia de

    produo, supply chain management como logstica, alianas estratgicas como redes, entreoutras. Em consonncia com esses resultados, este ensaio terico permite evidenciar que:

    ! O enfoque de cadeia(s) pode ser considerado uma abordagem fenomenolgica,pois as bases relacionais que se estabelecem entre os agentes constituem umaestrutura que transcende a unidade/objeto de anlise. Assim, entende-se que otermo cadeia(s), isoladamente, no pode ser considerada como objeto,

    passando a configurar um fenmeno;! Cada organizao, elo, agente ou empresa integrante da cadeia, quando

    analisada em particular, pode ser considerada um objeto;! O termo cadeia(s), quando acompanhado de um ou mais enfoque analtico,

    pode ser considerado como uma abordagem terica que se efetiva no campo da

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    mesoanlise. Esta abordagem, por sua vez, apresenta suas prpriasespecificidades e deve constituir-se de metodologias apropriadas para anlise eestudo;

    ! Apesar da existncia de sobreposies de algumas abordagens

    mesoanalticas estudadas, o desenvolvimento deste estudo revelou asdiferenas e similaridades existentes entre elas.

    Em consonncia com esses resultados, a Figura 01 apresenta um esquema analticoque ilustra as abordagens consideradas neste estudo, como auxlio na compreenso econsolidao do termo cadeia(s) de agronegcio.

    Todos, exceto as alianas e redes, procuram abranger todos os elos de uma cadeia,representado na figura pelos traos pontilhados, mas, apresentam algumas caractersticasespecficas, indicados em cada abordagem terica, na Figura 01.

    ABORDAGEM TERICA

    C A D E I A (S)

    OBJETO 1 OBJETO 2 OBJETO 3 OBJETO 4 OBJETO 5 OBJETO 6

    FENMENO

    Fornecedorde Insumos

    ProdutorRural

    Agroindstria Dist. Atacado Dist. Varejo Consumidor

    Alianas: relaes didicas

    Redes: igualdade, flexibilidade

    Alianas e RedesVerticalizadas

    Foco no suprimento e na distribuio.Empresa focal: otimizao de processos,

    concentrada em alguns elos.

    Supply ChainManagement

    Foco na distribuio, logstica,trajetria em direo ao

    consumidor, comprimento docanal, incentiva parcerias

    Ambiente Institucional

    Ambiente Organizacional

    Canais deDistribuio

    Foco no

    produtor rural.

    Foco na agroindstria.

    Recortes "cirrgicosAnlise dos fluxos diversos.

    Passagem da anlisetcnico-operacional,

    para econmica e estratgica.

    Base na

    Matria-prima.

    Cadeias deProduo

    F il lireCommodi ty System

    AproachSistema

    Agroalimentar

    F igura 01 Cadeia(s) enquanto Objeto, F enmeno e Abordagem Teri ca.Fonte: Elaborado pelos autores.

    Face ao exposto, lanam-se alguns questionamentos que nos inquietam e que podemsuscitar o desenvolvimento de novos estudos relacionados complexidade deste tema.Entendendo-se a abordagem de cadeia(s), de forma isolada, como um fenmeno e,

    acompanhada de um ou mais enfoque analtico como uma abordagem terica, qual o

    arcabouo metodolgico mais adequado para estud-la? Pode-se considerar a cadeia como

    um estudo de caso? O que um estudo de caso em cadeias?

    Fica aqui o desafio para a academia de refletir e buscar respostas a estas indagaessuscitando, desta forma, o desenvolvimento de novos estudos que possibilitem (re)pensar,(re)ver e (re)discutir estas questes de uma forma mais ampla e complexa, possibilitando umnovo olhar sobre os arcabouos metodolgicos utilizados para estudar as abordagensmesoanalticas.

    5. Referncias Bibliogrficas

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