14.8 O Autoconhecimento e a Identidade Docente Histórias de Vida de Professores

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Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders O autoconhecimento e a identidade docente: histórias de vida de professores Eixo temático 2: Formação de professores e cultura digital Renata Lemos Crisóstomo 1 Nathalia Beatriz Fontes Silva 2 Helena de Onellas SivieriPereira³. Agências Financiadoras: Fapemig A formação docente se funda na construção de uma identidade profissional que além de desenvolver competências e habilidades, abarca também o desenvolvimento da criatividade, da criticidade, da internacionalidade e da autonomia, baseadas em conteúdos que levam à reflexão (AGUIAR, 2006). Para Erikson (1976, apud Aguiar, 2006) mudem os outros a identidade é construída nas relações entre o psicológico e o social, entre o desenvolvimento pessoal do indivíduo e a história da comunidade. Por isso, a identidade se constrói em conjunto com a ideia que o indivíduo tem de si próprio, tendo como referência os seus julgamentos sobre os outros, os julgamentos dos outros sobre ele próprio, como também o contexto social em que está inserido. Na concepção de Lipiansky (1998, apud Aguiar, 2006), a identidade é percebida na relação com a representação da própria existência e com o mundo, por isso pode ser considerada como um processo complexo, que abrange a relação consigo mesmo e a relação com o outro. 1 Discente do curso de Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). [email protected] 2 Discente do curso de Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). [email protected] ³Docente do curso de Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). [email protected]

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Autoconhecimento e a Identidade de Professores

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Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders

O autoconhecimento e a identidade docente: histórias de vida

de professores

Eixo temático 2: Formação de professores e cultura digital

Renata Lemos Crisóstomo1

Nathalia Beatriz Fontes Silva2

Helena de Onellas SivieriPereira³.

Agências Financiadoras: Fapemig

A formação docente se funda na construção de uma identidade profissional que

além de desenvolver competências e habilidades, abarca também o desenvolvimento da

criatividade, da criticidade, da internacionalidade e da autonomia, baseadas em

conteúdos que levam à reflexão (AGUIAR, 2006). Para Erikson (1976, apud Aguiar,

2006) mudem os outros a identidade é construída nas relações entre o psicológico e o

social, entre o desenvolvimento pessoal do indivíduo e a história da comunidade. Por

isso, a identidade se constrói em conjunto com a ideia que o indivíduo tem de si próprio,

tendo como referência os seus julgamentos sobre os outros, os julgamentos dos outros

sobre ele próprio, como também o contexto social em que está inserido. Na concepção

de Lipiansky (1998, apud Aguiar, 2006), a identidade é percebida na relação com a

representação da própria existência e com o mundo, por isso pode ser considerada como

um processo complexo, que abrange a relação consigo mesmo e a relação com o outro.

1 Discente do curso de Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).

[email protected] 2 Discente do curso de Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).

[email protected] ³Docente do curso de Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). [email protected]

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Vale ressaltar que a identidade é compreendida como um fenômeno dinâmico que

acontece durante toda a vida e é vista como um construto. Dessa maneira, é necessário

(re)encontrar campos de interação entre as dimensões pessoais e profissionais,

possibilitando aos docentes assumir seus processos de formação e empregar-lhes um

sentido de acordo com suas histórias de vida. Assim, a formação docente se constrói por

meio de um trabalho de reflexividade crítica sobre a dinâmica e de (re)construção

permanente de uma identidade pessoal não apenas por acumulação de cursos,

conhecimentos ou técnicas (NÓVOA, 1992). Têm-se como objetivo, nesta etapa inicial,

identificar e descrever as relações entre a história de vida e as práticas docentes do

professor. Em relação a metodologia a técnica utilizada foi a entrevista de história de

vida a qual é compreendida como um recurso de investigação científica com tradição

nas ciências humanas, sobretudo nos campos da sociologia, psicologia e história

(BURNIER, CRUZ, DURÃES, PAZ, SILVA, MENDES-SILVA, 2007). Atualmente,

constitui-se como importante fonte de informação sobre a prática profissional docente

(NÓVOA, 1992). Sobre a história de vida, foi utilizada a forma de psicobiografia,

“onde o autor se situa no interior de uma trama de acontecimentos aos quais atribui uma

significação pessoal e diante dos quais assume uma posição particular” (CHIZZOTTI,

1998, p.95-96). Esta pesquisa se encontra em processo. Os resultados apresentados aqui

se referem à primeira parte de coleta de dados. Os resultados alcançados abarcam

diferentes aspectos e possibilitou o levantamento de cinco categorias: 1- Escolha da

carreira docente: percebeu-se que alguns dos entrevistados sofreram grande influência

no modo de como construíram sua identidade pelas influências vividas e experienciadas

durante a vida. Algumas falas dos professores exemplificam este dado quando se

referem à maneira como foram criadas e as influências que receberam de familiares e de

alguns professores. A literatura estudada caracteriza a identidade como uma construção

entre o psicológico, o social, o desenvolvimento pessoal e a história da comunidade, ou

seja, abarca dimensões diferentes para a construção da identidade. Esta é construída

também com o conjunto de ideias que o indivíduo tem de si, os julgamentos sobre os

outros e os julgamentos dos outros sobre ele próprio. Ainda, neste sentido, a identidade

e entendida como um processo dinâmico que é construído durante toda a vida. 2-Vida

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acadêmica: o desenvolvimento da carreira docente é considerado por alguns estudiosos

como um processo linear e por outros como um momento em que existem patamares,

regressões, momentos de arranque e descontinuidades. Podemos perceber a presença

desses momentos conflituosos em diversos trechos relatados pelos professores. 3-

Identidade e perfil profissional: muitos professores não se vêem como o responsável

pelo não aprendizado do aluno assim, se julgam competentes e justificam o fracasso nos

alunos ou no ambiente em que estão inseridos. 4-Estratégias de enfrentamento: entre os

professores é comum a estratégia de ignorar as atitudes dos alunos, de uma maneira

geral, como forma de lidar com o cansaço e seus efeitos; sendo que seria uma maneira

de evidenciar o sofrimento. No relato dos entrevistados foi possível perceber que alguns

professores utilizam dessa estratégia para não se desgastar, pois entendem que os alunos

não estão interessados na aula. Muitos professores para combater a indisciplina, os

problemas de material didático, o cansaço ou a indisposição dos alunos criam atividades

diversificadas como uma alternativa de chamar a atenção dos alunos. Apesar disso, nas

entrevistas realizadas foi possível perceber que os professores frente à indisciplina não

criam essas estratégias para estimular o aluno e sim, usam-se do autoritarismo e de

técnicas tradicionais. 5- Dimensões pessoais: os professores, de modo geral, preocupam

com seus alunos, conversam com colegas para saber a situação socioeducativa dos

educandos em outras disciplinas, trocam informações sobre o comportamento e

personalidades dos discentes. Nas entrevistas foi possível perceber que alguns

professores se preocupam com a situação de cada aluno, assumem uma postura de

mediadores de conflitos e não focam apenas no aprendizado. Vê-se, pois, que a carreira

docente constitui-se como um processo complexo, repleto de descontinuidades e

rearranjos. Nessa etapa inicial da pesquisa, com a técnica de história de vida, foi

possível perceber a presença da dimensão pessoal na construção da profissão. A

identidade mostrou-se como um construto no decorrer das entrevistas, em que durante a

trajetória de vida foi sendo edificada a partir das relações pessoais, sociais e históricas.

Vale ressaltar, que a docência foi considerada de fundamental importância, se

mostrando pertinente em várias dimensões e o professor se percebe não somente como

“transmissor de conhecimento”. Consideramos relevante também retratar questões

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pessoais que se mostraram pertinentes, apesar de não abarcar os objetivos propostos na

pesquisa.

Palavras-chave: formação; identidade; professores.

Referências:

AGUIAR, M. C. C. Implicações da formação continuada para a construção da

identidade profissional. Psicologia da Educação, v.23, 155-173, 2006.

BURNIER S., CRUZ R. M. R., DURÃES M. N., PAZ M. L., SILVA A. N., MENDES-

SILVA, I. M. Histórias de vida de professores: o caso da educação profissional. Revista

Brasileira de Educação, v. 12, n. 35, 2007.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 2. ed. São Paulo: Cortez.

1998.

NÓVOA, Antônio. Formação de professores e profissão docente. IN NÓVOA, A. (org)

Os professores e a sua formação. Lisboa, Portugal: Publicações dom Quixote, 1992, p.

15-34.