1. Introdução: histórico e contextualização - UFRJ · atender às demandas específicas do...

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. 59 Alemão para universitários: formas híbridas Paulo Oliveira Norma Wucherpfennig Anisha Vetter 1. Introdução: histórico e contextualização Desde a criação do Centro de Ensino de Línguas (CEL) da Unicamp, há pouco mais de 20 anos, uma das principais preocupações de sua área de alemão tem sido a busca por formas adequadas para atender às demandas específicas do público universitário, em consonância com os recursos disponíveis e a discussão especializada na área. Alguns pontos cardinais no percurso percorrido até o momento foram a introdução de disciplinas de alemão instrumental (voltadas para a habilidade de leitura) em 1989, o projeto de ensino a distância Alemão como língua de cultura e ciência, de 1993 a 1995, e a criação de disciplinas de alemão semipresencial (blended learning) em 2000. Característica comum dessas iniciativas é seu caráter marcadamente híbrido, em diversos sentidos. O alemão instrumental rompia com o paradigma comunicativo já hegemônico nos anos 80 em pelo menos dois aspectos. Por um lado, retirava o foco de interesse da comunicação oral do dia-a-dia, deslocando-o para a leitura de textos de interesse acadêmico-científico e, com isso, passando de um registro coloquial para outro mais elaborado, marcado por tipos de texto e estratégias discursivas condizentes com as diferentes áreas de atuação. Isso só foi possível com o abandono parcial do mono-lin-güis-mo estrito, abrindo espaço para discussões mais elaboradas, com o uso da língua materna dos aprendizes como metalinguagem. Aqui já se coloca uma importante distinção entre o que é possível, ou desejável, num contexto Cadernos de Letras - n. 24 - p. 59-84 - mai. 2008

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Alemão para universitários: formas híbridas

Paulo OliveiraNorma WucherpfennigAnisha Vetter

1. Introdução: histórico e contextualização

Desde a criação do Centro de Ensino de Línguas (CEL) daUnicamp, há pouco mais de 20 anos, uma das principais preocupaçõesde sua área de alemão tem sido a busca por formas adequadas paraatender às demandas específicas do público universitário, emconsonância com os recursos disponíveis e a discussão especializadana área. Alguns pontos cardinais no percurso percorrido até o momentoforam a introdução de disciplinas de alemão instrumental (voltadaspara a habilidade de leitura) em 1989, o projeto de ensino a distânciaAlemão como língua de cultura e ciência, de 1993 a 1995, e a criaçãode disciplinas de alemão semipresencial (blended learning) em 2000.

Característica comum dessas iniciativas é seu carátermarcadamente híbrido, em diversos sentidos. O alemão instrumentalrompia com o paradigma comunicativo já hegemônico nos anos 80 empelo menos dois aspectos. Por um lado, retirava o foco de interesse dacomunicação oral do dia-a-dia, deslocando-o para a leitura de textos deinteresse acadêmico-científico e, com isso, passando de um registrocoloquial para outro mais elaborado, marcado por tipos de texto eestratégias discursivas condizentes com as diferentes áreas de atuação.Isso só foi possível com o abandono parcial do mono-lin-güis-mo estrito,abrindo espaço para discussões mais elaboradas, com o uso da línguamaterna dos aprendizes como metalinguagem. Aqui já se coloca umaimportante distinção entre o que é possível, ou desejável, num contexto

Cadernos de Letras - n. 24 - p. 59-84 - mai. 2008

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de aprendizagem de segunda língua (L2) ou de língua estrangeira (LE).

Trata-se de explorar plenamente a capacidade cognitiva dos aprendizes,articulada em sua língua materna, para chegar à compreensão dediscursos elaborados na língua-alvo. Se ainda não há hibridismo stricto

sensu, pelo menos já convivem de modo explícito universos lingüísticos,culturais e discursivos distintos – com toda a tensão que essa mesclapossa trazer à tona.

O projeto de alemão a distância levado a cabo em colaboraçãocom a FernUniversität Hagen nos anos 90 dava continuidade ao usodo português como metalinguagem e à utilização de um registro maiselaborado, porém resgatava o ensino das quatro habilidades lingüísticas,ainda que mantendo o foco principal na leitura. Além disso, trazia comonovidade uma proposta de trabalho mais autônomo dos aprendizes,praticamente em regime de auto-estudo (num período pré-internet, tendocomo forma de comunicação sobretudo o correio e a comunicaçãotelefônica). Levando em conta as características específicas do públicobrasileiro, o projeto da Unicamp introduziu um número maior de fasesde presença, já prenunciando uma tendência que se consolidaria maistarde em cursos a distância baseados na internet, i.e. a necessidade dese mesclar o ensino presencial com o trabalho a distância, forma hojelargamente conhecida por blended learning.

A criação de disciplinas semipresenciais na virada do milênioconsolida essa tendência, formalizando-a dentro de um formatoespecífico. Ponto de partida foi a proposta de se utilizar um livro didáticocom fortes características de estudo autônomo (Die Suche) como roteirogeral de aprendizagem, complementando-o com formas de trabalhobaseadas na internet. A plataforma eletrônica utilizada foi o TelEduc,software livre desenvolvido na própria Unicamp e adotado por umgrande número de instituições no Brasil e no exterior. O advento dainternet tornou factível aquilo que era viável somente a duras penasnas fases anteriores do ensino a distância (por correspondência e viarádio/TV): uma interação mais constante e confiável entre professor ealunos, condensando o espaço/tempo e dando outro dinamismo àcomunicação. Em 2003, o método Die Suche foi substituído, em caráterexperimental, por edições internacionais de Blaue Blume (comexplicações em inglês ou espanhol), retomando a utilização de uma

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metalinguagem mais acessível aos aprendizes, como no alemãoinstrumental e no projeto conjunto com Hagen. A experiência foi bemsucedida e levou à elaboração de uma versão brasileira de Blaue Blume,produzida pela Editora da Unicamp, que hoje é utilizada não apenasnas disciplinas semipresenciais, como também naquelas que sãooficialmente apenas presenciais – mas que já incorporam, em muitoscasos, fortes elementos de ensino a distância.

Paralelamente à oferta das disciplinas destinadas especificamenteao público interno da universidade, foram criadas instâncias de apoio aaprendizes em regime de auto-estudo, usando para isso uma vez mais aplataforma TelEduc. Com o passar do tempo e a necessidade de se ganharem escala, introduzindo exercícios fechados, com auto-correção pelosistema e em formatos variados, o TelEduc deixou de ser a plataformaideal, pois tem apenas um leque limitado de recursos com essascaracterísticas. Por esse motivo, em 2007 migrou-se para a plataformaMoodle, também um software aberto, com o diferencial de ter umagrande comunidade de usuários e desenvolvedores em vários países,além de agregar as mais recentes tendências da comunidade virtual epossibilitar uma integração mais orgânica com outros programas erecursos eletrônicos de ampla utilização. Nesse meio tempo, os materiaisadicionais originalmente produzidos para uso com o TelEduc foramimportados para o Moodle e complementados com outros, num processode trabalho contínuo, ainda em curso e sem previsão de cessar.

Como resultado do itinerário sintetizado acima,1 temos hoje umplano de trabalho destinado a estudantes universitários que combinaum método com fortes componentes de auto-estudo e metalinguagemem português (versão brasileira de Blaue Blume), aliado a uma ofertade materiais e formas de trabalho complementares no ambiente virtualMoodle, possibilitando dessa forma diferentes gradações na combinaçãode estudo a distância com presencial. Ainda que o suporte principalcontinue a ser o livro didático (e o CD de áudio), o ambiente virtualpossibilita desde o complemento eventual das aulas presenciais (atravésde links e comunicação eletrônica, por exemplo), até o trabalho emsituações de auto-estudo, preparando o aprendiz para operar de formacada vez mais autônoma no espaço virtual, levando, no caso ideal, auma gradativa superação da distinção LE vs. L2, na medida em que ele

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poderá estar imerso no espaço cultural da língua-alvo mesmo estandofisicamente no espaço cultural de sua língua materna. Tal imersão, noentanto, é um alvo a ser atingido, e não um pressuposto metodológico.No itinerário, a língua materna do aprendiz continua a ser umaferramenta de valor inestimável, que só perderá sua utilidade (aindaque parcialmente) no momento em que ele estiver numa imersão de

fato (e não apenas virtual) – por exemplo, ao fazer um estágio oucomplementar seus estudos num país de língua alemã.

A possibilidade de uma tal situação de fato manteve a Unicamp,apesar de já ter uma proposta de trabalho bem delineada e com resultadospráticos muito favoráveis na modalidade do blended learning, aberta aoutras abordagens com objetivos semelhantes. Foi nesse espírito quese testou, em 2006, o curso uni-deutsch, baseado na plataforma DUO

da Universidade de Munique. O interesse por uni-deutsch se justificatambém pelo fato de ser um curso destinado a estudantes universitáriosque já tenham conhecimentos básicos em alemão (nível B1 do QuadroComum Europeu para o Ensino de Línguas), ao passo que Blaue Blume

e os materiais complementares no Moodle destinam-se exatamente aalcançar esse nível. Seria então um itinerário natural: trabalha-seprimeiramente com Blaue Blume e Moodle num contexto de LE, usandouma metodologia condizente com esse contexto, mas já se vislumbrauma possível inserção acadêmica ou profissional num contexto de L2,onde certamente haverá necessidade de aprimoramento lingüístico paraalém do nível B1. Na seqüência, trabalha-se com uni-deutsch,eventualmente ainda no Brasil, preparando-se para uma estadia naAlemanha, ou outro país de língua alemã.

Mais recentemente, surgiu a oportunidade de testar outrosmateriais destinados ao ensino a distância, em condições extremamentefavoráveis, com suporte decisivo do Serviço Alemão de IntercâmbioAcadêmico (DAAD), que já tinha colaborado na execução do projetoconjunto com Hagen nos anos 90.2 Trata-se aqui do curso basis-deutsch,também da Universidade de Munique e na plataforma DUO, porémvoltado para aprendizes iniciantes (níveis A1 e A2 do Quadro ComumEuropeu). Pré-requisitos formais para obtenção do apoio do DAADeram: a existência de um leitorado seu vinculado à universidade parceira,e de algum convênio dessa com instituição universitária alemã; a não-

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cobrança de taxas dos alunos e a formação de turmas voltadas parauma área específica do conhecimento (preferencialmente onde houvesseconvênio); a seção da infra-estrutura física necessária para os cursos.Não havia orientação específica quanto ao material e à metodologia aserem usados. De nossa parte, pesou na escolha de basis-deutsch aperspectiva de familiarização com a plataforma DUO, preparando osalunos dessa forma a darem continuidade com o curso uni-deutsch, emnível intermediário, e com os módulos de área específicos tambémdisponíveis na mesma plataforma, em nível mais avançado. Outroaspecto levado em conta foi a possibilidade de testar novas formas detrabalho com esse material, para eventualmente incorporar algumasdessas práticas à metodologia usada na combinação de Blaue Blume

com o Moodle.

Dentro desse quadro geral, foram oferecidas no CEL/Unicamp,em fevereiro de 2008, duas turmas intensivas, com 20 alunos cada,para estudantes da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação(FEEC), com apoio organizacional de seu Centro Acadêmico (Cabs).Como suporte para as aulas presenciais, que correspondem a cerca de80% do programa nos níveis iniciais, foi adotado o método Schritte

international 1, da editora Max Hueber de Munique (que também detémos direitos autorais de Blaue Blume, nas edições internacionais).3 Asconsiderações apresentadas mais abaixo refletem essa primeiraexperiência com o curso intensivo de verão, em condições, portanto,levemente atípicas. Haverá oportunidade de comprovar ou retificar ashipóteses aventadas nesse primeiro momento, tendo em vista acontinuidade dessas duas turmas, já garantida para o 1º semestre de2008 e projetada para mais quatro níveis (cursos extensivos durante ossemestres letivos 2008/2, 2009/1 e 2009/2, e curso de verão no iníciode 2009). Complementarmente às duas turmas com basis-deutsch +Schritte international, está sendo oferecida uma turma de controle dentrodo mesmo programa (DAAD / Cabs / FEEC), porém usando acombinação Blaue Blume + Moodle.

A expectativa é de que o trabalho quase paralelo usandoas duas abordagens, com o mesmo tipo de público e em condiçõessemelhantes, ajude a delinear os pontos fortes e fracos de cada umadelas, contribuindo para futuros aprimoramentos e, em alguns casos,

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para definir a opção mais adequada em contextos específicos. Do pontode vista institucional, e numa perspectiva de médio a longo prazo, trata-se de desenvolver alternativas que atendam adequadamente àsnecessidades do público universitário brasileiro, levando em conta nãosomente as habilidades e os conhecimentos necessários nas diferentesáreas do conhecimento, como também as possibilidades abertas pelasnovas mídias, na devida combinação com formas de trabalho jáconsolidadas na nossa tradição de ensino/aprendizagem: formas híbridasno ensino de alemão para universitários brasileiros.

Antes de passar à discussão mais específica, retomemosbrevemente algumas questões mais amplas, envolvendo ascaracterísticas da produção e utilização de abordagens de ensino emateriais didáticos em contextos tão diversos como L2 e LE. Tendorefletido, ainda que de forma extremamente abreviada, sobre essascondições gerais, certamente será mais fácil perceber os pontos fortese as limitações de cada abordagem, evitando assim o estabelecimentode parâmetros tidos como absolutos – mas que na verdade só fazemsentido diante do pano de fundo do contexto em que foram elaborados.As questões em pauta são de natureza diversa e dizem respeito a aspectostanto pragmáticos como metodológicos, sem hierarquizações.

Em primeiro lugar, tome-se a diferença entre o contexto de L2

ou LE na pesquisa e reflexão sobre o método. No caso do alemão, onúmero de pesquisadores e instituições envolvidas com L2, tanto noplano conceitual como no da aplicação, é infinitamente maior do quesua contrapartida como LE no Brasil, o mesmo ocorrendo com o númerode aprendizes. A escala é completamente diferente, e reflete-se tambémna possibilidade de testar novos materiais, na redução de custos ao setrabalhar com tiragens maiores etc., o que coloca a pesquisa em LE

numa enorme desvantagem inicial. Além disso, os recursos disponíveistambém são infinitamente maiores no contexto de L2. Do lado daaplicação, as condições de trabalho dos professores de alemão no Brasiltambém não são necessariamente comparáveis àquelas do contexto deL2 (carga horária não raro excessiva, infra-estrutura precária, acessomais difícil a materiais autênticos etc.). Com tal quadro de desequilíbrio,não surpreende que a abordagem e os materiais didáticospredominantemente adotados no país sejam aqueles não só produzidos

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num contexto de L2, mas também voltados para esse contexto (emboracomercializados em escala internacional). O Brasil consome abordagense materiais produzidos nos países de língua alemã – até porque nãoconsegue produzir em escala competitiva, ainda que isso seja feito emescala menor.

Essa relação de produtor/consumidor, por outro lado, traz em siuma armadilha, do ponto de vista conceitual. Nos paradigmas atuais,o pressuposto da interculturalidade é um dos preceitos básicos, não serestringindo aos conteúdos a serem tratados, mas também à forma comose tratam tais conteúdos. Em tese, busca-se apresentar a língua e a culturaalvo para um público nelas interessado, sem colocá-las num patamardiferente daquelas desse público, i.e., reconhecendo a língua e a

cultura do aprendiz (sua língua materna, suas tradições de ensino/aprendizagem etc.). O problema é que esse reconhecimento é, no limite,fictício, pois diz respeito a uma abstração, um amálgama entre todas

as culturas dos potenciais aprendizes – no caso, de tudo aquilo que nãoseja o alemão.

Aqui se inverte a posição de vantagem, pois o contexto deaprendizagem é justamente aquilo que o professor ou pesquisadorconhecem bem numa situação de LE: a língua materna do aprendiz, suaseventuais dificuldades, seus objetivos específicos etc. Adicionalmente, oobjeto de estudos também está claramente definido, e pode-se recorrer,do ponto de vista dos objetivos gerais, a grande parte da pesquisa feita nocontexto de L2. Nesse sentido, seria desejável aproveitar, sim, oconhecimento e os materiais produzidos no contexto de L2, agregando-lhes a perspectiva de uso em contexto de LE, e complementando-os comaquilo que a perspectiva de L2 não é capaz de fornecer.

De certo modo, o mesmo tipo de questão conceitual aplica-se àopção por softwares proprietários ou livres, na escolha do ambienteeletrônico. A plataforma DUO está toda em alemão, de modo condizentecom o contexto de L2 e sua condição de software proprietário. Em tese,seria desejável que ela fosse traduzida para os idiomas dos aprendizes,sobretudo quando utilizada em nível básico. Mas como fazê-lo paraum número muito grande de línguas, se o público-alvo é a comunidadeinternacional? Além disso, há também questões de gerenciamento (localvs. central), como será exposto mais adiante.

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Já a perspectiva do software livre subjacente ao uso da plataformaMoodle é completamente outra. Por ter uma comunidade internacionalde desenvolvedores, o Moodle fornece a seus usuários a possibilidadede trabalhar com interface em diferentes idiomas, dentre eles o alemãoe o português. Até mesmo os termos da interface podem ser editados,caso o professor utilizador não esteja satisfeito com as soluçõesdisponíveis. De resto, tanto os conteúdos como o próprio formato docurso na plataforma Moodle, tal como concebido na Unicamp para usocom Blaue Blume, são customizáveis. Isso, certamente, pressupõe umprofessor capaz de e disposto a assumir tal prerrogativa – o que nemsempre é dado, devido a fatores como os aludidos acima. Apesar dessadificuldade, a condição de professor como co-autor dos materiaisdidáticos é certamente algo desejável e deveria ser incentivada nosprojetos institucionais.4

Temos, assim, um certo paralelismo da relação softwareproprietário vs. software livre com aquela de L2 vs. LE. No primeirolado da equação, tem-se a infra-estrutura institucional e a disponibilidadede recursos, aliada a uma relação de produtor/consumidor. No segundolado, tem-se o caráter voluntário dos colaboradores, com poucadisponibilidade de recursos, mobilizando a filosofia de rede de trabalhocolaborativo: o que se produz é socializado com a comunidade, pordefinição. Algumas das vantagens e desvantagens dessas alternativasserão ilustradas a seguir, com base em exemplos concretos.

Por fim, há também algumas implicações de caráter financeiro.Se viável apenas com o suporte via internet na plataforma DUO, ocurso basis-deutsch teria custos razoavelmente acessíveis, embora nãonecessariamente baixos.5 A necessidade de se usar um material didáticocomplementar, sobretudo se importado, como Schritte international,traz consigo custos adicionais não desprezíveis. No caso de Blaue

Blume, a redução dos custos foi um dos fatores que levaram à produçãode uma edição brasileira, e a utilização do Moodle é livre. Por si só,esse fator não deveria ser decisivo na decisão por uma alternativa ououtra, mas ele certamente terá algum peso na equação geral, a sermontada caso a caso.

Passamos a seguir à apresentação das duas plataformas e àcomparação das possibilidades que elas oferecem. No que diz respeito

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ao Moodle, podemos recorrer a uma experiência de aproximadamenteum ano em cursos de vários níveis (além dos vários anos de experiênciaanterior com o TelEduc), ao passo que a análise de basis-deutsch +Schritte international remete apenas à experiência inicial nos cursosde verão oferecidos em fevereiro de 2008 no CEL/Unicamp. Oaprofundamento dessas questões será feito à medida que o projetoavançar.6

2. Deutsch-Uni Online

Deutsch-Uni Online – DUO – é um portal interativo deaprendizagem de alemão para estrangeiros com apoio de tutores,desenvolvido pelo Laboratório Multimídia da Ludwig-Maximilians-Universität de Munique e do Instituto TestDaF de Hagen. O portal visapreparar estudantes para uma estadia na Alemanha ou em umauniversidade alemã. Os diferentes cursos oferecidos dirigem-se a umpúblico-alvo dos estudantes, pesquisadores ou aprendizes de alemãoque buscam um acesso específico à língua. Os cursos existentescontemplam níveis e focos diversos: basis-deutsch (apresentaconhecimentos básicos da língua, do cotidiano e da cultura alemães(níveis A1 e A2), uni-deutsch (prepara estudantes para uma estadia naAlemanha; níveis B1 e B2), fach-deutsch (trabalha a linguagem técnico-científica em várias áreas; níveis C1 e C2), profi-deutsch (visa o uso dalinguagem em contexto empresarial e econômico) e reading-german

(enfatiza competências de leitura).Existem três modos de aprendizagem distintos com os cursos da

plataforma DUO: (1) o auto-estudo, em que a pessoa estuda sozinha esem apoio de monitores; (2) o estudo a distância, no qual há apoio ecorreções de tarefas orais e escritas por monitores a distância; e (3) oblended learning, numa combinação entre aula presencial e estudo adistância. Paralelamente, o Laboratório Multimídia oferece cursos comduração de um dia, destinados a preparar o professor para atuar como“tutor online”.7 Os cursos em questão contemplam os seguintes itens: aplena apresentação de todos os módulos e seus objetivos, o acesso comomonitor e o manuseio de todas as vias de comunicação entre monitor ealunos, sendo elas Chat, Fórum e E-Mail. Outro ponto abordado pelo

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curso são as correções da produção oral e escrita dos alunos. Aprende-se como enviar feedback e corrigir textos, ouvir gravações de voz dealunos distantes e mandar mensagens em áudio.

O curso basis-deutsch apresenta os fundamentos da língua (níveisA1 e A2) norteando-se pelo livro Schritte international, do qual seguea progressão temática e gramatical. Sendo assim, encontram-se no cursoA1/1 as sete lições do livro: Guten Tag (Bom dia), Familie und Freunde

(Família e amigos), Essen und Trinken (Comidas e bebidas), Meine

Wohnung (Minha casa), Mein Tag (Meu dia), Freizeit (Lazer) e Lernen

(Aprender). Ao entrar na página eletrônica de basis-deutsch A1/1,aparece um índice do curso (Inhaltsverzeichnis) na parte central, ondese definem os objetivos de aprendizagem (Lernziele), a gramática e ovocabulário de cada lição. Diferentemente de uni-deutsch (níveis B1 eB2), onde os módulos correspondem às diferentes habilidades, em basis-

deutsch a barra de módulos (Bausteinleiste) à esquerda contém os nomesdas lições (vide tela no Anexo 1).8

O acesso a um capítulo pode ser feito tanto pela barra de módulosquanto pelo índice do meio. A barra de constantes (Konstantenleiste),na parte de cima, possibilita um acesso aos itens Inhalt (Conteúdo),que mostra o índice do curso e permite o acesso pelo índice ou pelabarra de módulos, Lexik (Léxico), que possibilita o acesso ao glossáriodos cursos e a dicionários monolíngües, Tipps (Dicas), que apresentadicas e estratégias de aprendizagem monolíngües, Links, que lista Links

informativos, Chat, Fórum, E-mail e Hilfe (Ajuda), que proporcionaajuda técnica, manual, descrições, explicações e FAQs (perguntas maisfreqüentes), assim como Admin (Administração), que possibilitaadministrar correções e dados pessoais.

Ao abrir um capítulo (pela barra de módulos ou pelo índice nomeio), aparecem vários exercícios. Eles geralmente são ligados a sites

alemães, trechos de gravações da televisão alemã (p.ex. noticiários) oupequenas gravações em áudio, que fornecem as informações necessáriaspara executar os exercícios. Existem aproximadamente 15 tiposdiferentes de exercícios, a maioria deles fechados: Completar Lacunas(Einsetzübungen), Múltipla Escolha (Multiple Choice), MúltiplaEscolha com Registro (Multiple Choice mit Eingabe), Drag & Drop

(Ziehübungen), Drag & Drop com Vários Elementos (Ziehübungen mit

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verschiedenen Elementen), Drag & Drop com Tabela (Ziehübungen mit

Tabelle), Exercícios de Associação (Zuordnungsübungen), Exercícios deGrifar (Markierübungen), Grifar com Cores Diferentes (Mehrfarbig

markieren), Exercícios de Lacunas com Drop Down (Lückentext mit drop

down), Palavras Cruzadas (Kreuzworträtsel), Jogo da Memória (Memory)e Adivinhação de Palavras (Wörter raten). Além disso, no primeironível há também exercícios abertos, como texto livre com correçãodo monitor (Freie Texteingabe mit Korrektur durch Tutor). A comunicaçãoentre os alunos e professores ocorre por várias vias, tais como Chat, Fórume E-Mail. Existem Chats e Fóruns para todos os usuários de DUO

e outros cujo acesso é restrito a estudantes e monitores de cursosfechados.

As principais vantagens de DUO e basis-deutsch residem noacesso a material autêntico, pré-selecionado segundo os tópicos tratados,e na grande variedade de tipos de exercícios. Tanto os sites alemães dainternet quanto as gravações em áudio e de programas de TV alemãessão originais. Outros pontos fortes são seu caráter multimídia (texto,vídeo e áudio) e as explicações de gramática, apresentadas atravésde pequenas animações (com a possibilidade de repeti-las),o que facilita a compreensão e memorização. O vocabuláriofreqüentemente recebe apoio visual de fotos e ilustrações, e os exercíciospara o Fórum contam com recursos de língua – o que, sobretudo nocomeço, diminui um possível bloqueio inicial nas atividades escritas.Há simulações que explicam o tipo de exercício a ser executado; nomais, o aprendiz pode refazer os exercícios quantas vezes quiser, semquaisquer limitações.

Para que o curso seja explorado em seu potencial máximo, épreciso, entretanto, levar em consideração que todo o site está em alemão– o que, para o nível básico, tem se mostrado difícil. Por outro lado,esse mesmo fator poderia constituir-se em ponto positivo, ao fazer comque o aluno esteja totalmente exposto à metalinguagem em língua-alvo.9

Logout, por sua vez, termo em inglês freqüentemente usado emprogramas brasileiros ou mesmo alemães, também está em alemão naplataforma DUO (“Abmelden”). Existem também problemas com ainserção de caracteres especiais do alemão nos exercícios, como letra“ß” e algumas vogais com trema. Por ser baseado em Schritte

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international, é difícil combinar o material disponibilizado no ambientevirtual com outros livros, dado que esses costumam apresentar umaprogressão temática ou gramatical em ordem diversa. Há dois acessosdiferentes para o curso basis-deutsch, sendo o primeiro www.uni-

deutsch.de, para os monitores, e o segundo www.deutsch-uni.com, paraos alunos, o que pode confundir os usuários, caso eles não sejamdevidamente informados ou já estejam familiarizados com seu uso. Hátambém de se levar em conta a necessidade de ter alguns programas desuporte instalados no computador local (p.ex. Java e QuickTime). Nessesentido, o uso efetivo da plataforma exige um bom equipamento por partedos alunos, por conter páginas pesadas, em termos de informática, o quepode tornar o processo demorado.

A exemplo de outras plataformas da internet, sobretudo de pesquisaacadêmica em periódicos e proceedings, a plataforma DUO exige, paraalguns exercícios, a abertura de até quatro janelas diferentes ao mesmotempo. Isso, de certa forma, “polui” um pouco o ambiente visual,sobrecarregando o usuário com informações a serem consultadas. Domesmo modo, em alguns momentos, vários links devem ser consultadospara que apenas um exercício seja respondido.10 A falta de atualizaçãodos links para sites autênticos pode causar certo transtorno ao aprendiz.11

Outro incômodo é que, em caso de dificuldades técnicas, é preciso entrarem contato com a administração em Munique, na Alemanha, o que podevir a retardar a solução imediata (como, por exemplo, nos problemas deacesso individual à plataforma).

No tocante à avaliação, as respostas do aluno são salvas apenasaté que se clique no botão Neustart (reiniciar). O programa não forneceporcentagens em termos de número de tentativas e notas. Para verificaros resultados do aluno, é preciso clicar em cada exercício, o que consomemuito tempo e, dependendo do computador e da velocidade de conexão,pode causar atrasos no acesso à página do exercício individual de cadaaluno.

3. Moodle12

O ambiente Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic

Learning Environment) é um software aberto e gratuito (Open Source),

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não restrito apenas ao ensino-aprendizagem de línguas, e dotado deferramentas para uso nos mais variados contextos temáticos, tanto emcursos a distância quanto como complemento de cursos presenciais. Aestrutura do ambiente é flexível, podendo ser adaptada pelo professorresponsável às necessidades e prioridades de seu curso. Basicamente,a plataforma compõe-se de três partes, tendo a estrutura do curso naparte central, cujo visual é definido pelo professor-editor. As colunasmais estreitas da direita e da esquerda podem ser organizadasindividualmente com diferentes blocos (opcionais), na ordem que oprofessor julgar melhor, dando-lhe uma certa autonomia de estruturaçãovisual do próprio ambiente eletrônico. O leque de opções contemplaum calendário para visualizar os prazos e eventos do curso, uma listados cursos em que o respectivo usuário está inscrito, ferramentas deadministração (com itens visíveis apenas para professores, salvo Notas),registro dos usuários online, últimas notícias, um sumário com asatividades recentes desde o último acesso etc.

O Moodle oferece diversos tipos de atividades, tais como Tarefas(Questionários), Chats, Pesquisas de Opinião, Wikis ou Fóruns. Existemdiferentes tipos de Fóruns, como o Fórum padrão reservado aosprofessores, com registro adicional no bloco “Últimas notícias”, alémde Fóruns configuráveis para uso geral ou Grupos de Trabalho (GTs)etc. Os possíveis tipos de tarefas fechadas contemplam: Questionáriosde múltipla escolha com resposta única ou respostas múltiplas; Questõesde resposta breve (palavras ou frases); Questões Verdadeiro-Falso;Questões de associação; Questões aleatórias; Questões numéricas (comescalas permissíveis); Questões com resposta embutida (estilo fechado),para preenchimento de lacunas – p.ex. dentro de passagens do texto(close test); Texto e gráficos descritivos embutidos. Pode-se trabalharcom base em um banco de dados que possibilita o embaralhamento dasquestões e das respostas de um exercício, reduzindo assim o efeito deautomatismo quando se refaz uma tarefa várias vezes. Os resultadossão armazenados pelo sistema, que pode calcular a nota por diferentesmétodos, p.ex. com ou sem limite de tentativas, com base no primeiro,no último ou na média dos resultados etc.

Uma outra característica de grande potencial no ambiente é suacapacidade de integrar tarefas elaboradas com programas externos, tais

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como o Hot Potatoes, um software de ampla utilização no ensino delínguas, inclusive do alemão, e que é disponibilizado gratuitamentepara professores de instituições públicas, ou para qualquer outro usuário,desde que as tarefas nele elaboradas tenham acesso aberto. Tanto nosmódulos internos como no Hot Potatoes, os exercícios podem serprogramados como seqüência, i.e., ao terminar uma tarefa, o aluno nãoprecisa voltar para o menu principal, sendo encaminhadoautomaticamente para a próxima.

Há também várias ferramentas de trabalho colaborativo dentrodo Moodle, das quais destacamos aqui o Wiki, que pode ser configuradopara redação em pequenos grupos (GTs) ou por todos os participantesdo curso.13 Os membros do curso ou do GT escrevem textos sobre umdeterminado tema, de livre escolha ou seguindo orientação do professor,com revisão mútua por parte dos alunos. Ao contrário das tarefas fechadas,que são corrigidas automaticamente pelo sistema, os Wikis demandamuma correção final por parte do professor responsável. Não está previstano ambiente a atribuição de notas para os trabalhos feitos no Wiki, masisso pode ser feito através de uma outra ferramenta, a Tarefa Offline (queserve também para registrar qualquer outro tipo de trabalho feito fora doambiente e integrá-lo no sistema de cálculo automático das notas).

Na condição de software aberto, o Moodle pode ser copiado,utilizado e desenvolvido, desde que a licença original não seja mudada.O seu uso e a edição em si não requerem conhecimentos especializadosde informática (como p.ex. html). A administração ocorre de maneiradireta, i.e. o próprio professor responsável coordena a inscrição dosusuários, resolve problemas de acesso, adiciona novos recursos, corrigeerros de programação nos exercícios, atualiza as atividades, pode tornarvisível ou esconder elementos e exercícios conforme achar convenientedo ponto de vista didático etc. Ícones ajudam a se orientar e modificar oambiente.

Antes de acessar a plataforma, cada usuário pode escolher oidioma do menu (português, alemão, inglês etc.), o que, especialmentepara os alunos de nível básico, facilita a navegação. À medida queavançam na aprendizagem da língua e ganham mais familiaridade como ambiente, os alunos podem passar a usar também a língua-alvo nainterface – mas isso também pode ser definido como obrigatório pelo

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professor, através das Configurações do ambiente. Uma vez inscritosno Moodle, os alunos podem ser registrados manualmente (peloProfessor ou Administrador) em qualquer outro curso, não havendonecessidade de novo cadastro. Todos os usuários acessam o Moodle

pelo mesmo endereço, mas há diferentes níveis de privilégios de acesso,sendo a edição restrita a usuários com privilégios de Administrador,Professor ou outras categorias semelhantes, que podem ser criadas peloAdministrador local.

A opção “Mudar função para...” permite aos professores assumirpapéis diferentes, ferramenta que possibilita p.ex. ver o ambiente daperspectiva do aluno, para verificar se o curso aparece e funciona daforma desejada. Quem está inscrito em mais de um curso no Moodle

não precisa fazer o logoff para mudar de um curso para o outro, havendoacesso rápido via Menu principal ou bloco Meus Cursos (opcional). Acomunicação entre os participantes é facilitada através dos Fóruns e dapossibilidade de enviar mensagens individuais ou coletivas (se umparticipante não está online, a mensagem será encaminhadaautomaticamente para a sua caixa de e-mail). O Professor ouCoordenador do curso tem a autonomia de estruturar seu(s) curso(s)segundo o respectivo currículo, considerando as necessidadesespecíficas de seus alunos. Ele mesmo é responsável pela elaboração ea atualização dos exercícios, ele determina o período em que uma tarefafica disponível, a quantidade de tentativas possíveis e os critérios deavaliação.

O sistema grava todos os dados de acesso e os resultados detodas as tentativas dos exercícios, e possui vários modos de visualização(acessos por usuário em diagrama ou em lista de todos os logs, acesso/tentativas por exercício; performance dos alunos por exercício ou poraluno). A partir da versão 1.9, a ferramenta Notas do Moodle permiteinclusive a visualização das notas médias por tarefa e dá ao aluno apossibilidade de comparar seu desempenho com a média da turma.Graças a esse conjunto de características, o Moodle, diferentemente debasis-deutsch (i.e. da plataforma DUO), revela-se como instrumentode avaliação valioso e diferenciado. Como já aludido acima, o Professor-Coordenador pode definir o número de tentativas possíveis para osexercícios ou permitir tentativas ilimitadas, tem como decidir a nota

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que entra na avaliação, p.ex., a média de todas as tentativas, a notamais alta ou a nota da última tentativa etc. A atribuição de pontos porexercício é feita pelo professor e pode ser adequada ao foco do curso.Uma vez definidos os elementos relevantes para a avaliação, bem comoo peso de cada exercício, o sistema calcula as notas automaticamente.Na eventualidade de erros ou inadequações na elaboração das tarefas,também é possível revisar os critérios de avaliação a posteriori. Comoo sistema grava tudo, os ajustes nas notas são feitos de acordo com asatualizações, sem alterar os dados brutos.

Os próprios alunos podem contribuir para melhorar a qualidadedas atividades, através de feedback sobre o (não-)funcionamento decertos elementos, sejam eles erros de programação das respostas,questões e soluções técnicas ou até sugestões de atividades,possibilitando assim o constante aperfeiçoamento do ambiente. Levandoem conta que muitos dos nossos alunos na Unicamp fazem computaçãoou cursos afins, abrem-se caminhos para um processo de aprendizagembilateral, estudando a forma por um lado e o conteúdo por outro.

Um dos princípios basilares da pedagogia de línguascontemporânea é o respeito às características individuais dos aprendizes,com seus vários estilos cognitivos e interesses específicos. Para darconta disso, o curso pode ter componentes centrais e outros acessórios.Dentro do Moodle, a parte acessória pode ser feita através do diálogocom recursos externos, de modo ainda mais flexível do que a integraçãode tarefas do Hot Potatoes citada acima. Uma maneira muito efetivade fazer isso são links para páginas na internet ou materiaiscomplementares acessíveis em repositórios externos ao ambiente. Nouso combinado com Blaue Blume, essa possibilidade foi utilizada paradisponibilizar flashcards de vocabulário através do site WordChamp.Essas fichas, destinadas sobretudo para repassar o vocabulário de cadaunidade do livro, servem também como base para a ferramenta de leituraonline WebReader, que funciona como um dicionário com definiçõesem janelas de popup. Aqui também, o princípio é o trabalho colaborativosubjacente ao software livre: os usuários cadastrados podem editar suaspróprias fichas, inclusive através da ferramenta de leitura online. Comisso, tudo aquilo que é feito por um aprendiz pode ser usado pelosoutros. Nesse sentido, o Moodle possibilita uma passagem direta para

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aplicações do dia-a-dia, induzindo o aprendiz a explorar o universo dainternet de uma maneira aberta, sem o fechamento monolítico de outrasplataformas.14

É certo que os pontos positivos mencionados acima também têmseus custos. O Moodle fornece as ferramentas para o curso online, masé uma tabula rasa no que diz respeito ao conteúdo. Cabe ao professorusar os instrumentos disponíveis para preencher esse “vazio” – desde odesenvolvimento da estrutura básica do curso até a elaboração dosexercícios e a definição dos critérios de avaliação etc. A navegação éfácil e intuitiva, porém trabalhosa no tocante à inclusão de novosmateriais, porque tudo acontece em passos separados.Conseqüentemente, gasta-se muito tempo na edição dos cursos,sobretudo quando se tem vários em andamento, ou quando se criamnovos. Como toda administração é feita pelo professor, este precisainvestir muito tempo e paciência na criação da estrutura, na elaboraçãodos exercícios e na atualização do ambiente. Quem está começando atrabalhar com o Moodle precisa também acostumar-se a ele. Nesseprocesso de aprendizagem, descobrem-se cada vez mais funções egradativamente aumenta-se a compreensão de seu funcionamento. Éassim que o trabalho, pouco a pouco, tornar-se-á mais eficiente. Comuma certa experiência, a complexidade e a qualidade dos exercícios, osistema de avaliação etc. passam a ser cada vez mais elaborados. Aintegração de recursos adicionais, como links para outros sites, fotos,vídeos e áudios etc. depende da capacidade técnica do professor, dasua experiência de trabalho com a plataforma ou plataformas parecidas.

Se o progresso e o desenvolvimento de um curso dependerem deum único professor, ele terá que cuidar sozinho de todo o trabalhoadministrativo e de conteúdo, o que pode ser extremamente trabalhoso.Por isso, recomenda-se o trabalho de vários professores em conjuntopara originar mais idéias, para criar exercícios melhores, maiscomplexos e ao mesmo tempo reduzir erros, enfim, para garantir aqualidade do curso. No caso do uso combinado do ambiente Moodle

com o método Blaue Blume na Unicamp, grande parte do trabalho deprodução de materiais para o ambiente virtual já foi feita, o que porcerto facilitará enormemente o trabalho de outros professoresinteressados em adotar essa abordagem no Brasil. Trata-se agora de

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revisar e complementar o que já existe, dentro do espírito de trabalhocoletivo aludido acima. Até o final do projeto de utilização paralela debasis-deutsch + Schritte international e Moodle + Blaue Blume, dentroda colaboração CEL / DAAD / FEEC, previsto para o final de 2009,certamente já haverá material testado e retestado para todas as unidadesde Blaue Blume, levando do nível inicial (A1) ao patamar dointermediário (B1).15

4. Conclusões preliminares

Respondendo às exigências dos processos de ensino-aprendizagem do século XXI, temos que dar atenção a novas formasde trabalho, aproveitando os recursos multimídia e pensando emformatos para além dos já existentes e aprovados. Criam-se cada vezmais cursos a distância, sejam eles de aperfeiçoamento profissional ouaté mesmo cursos superiores completos, e aumenta-se constantementeo número de participantes e interessados nesses cursos. O paradigmade buscar o aluno onde ele está é um dos mais citados na didáticacontemporânea. Mas onde estão os nossos alunos? Quais são seus pré-requisitos e suas necessidades específicas? E como podemos atendê-los com os recursos disponíveis? De fato, a grande maioria dos nossosalunos passa muito tempo à frente do computador, seja para estudar etrabalhar, seja para se divertir. Por que, então, não partir desses hábitose realmente buscá-los onde eles estão – sentados frente à máquina? Porque não aproveitar o interesse e as competências que eles têm nomanuseio do equipamento de informática e da internet? Por que nãoacostumá-los com formas de trabalho que serão adotadas também emsua vida profissional e assim cumprir o objetivo de não somente ensinara matéria pura, senão também as tão citadas competências-chave?

Apresentaram-se aqui duas plataformas eletrônicas quecontribuem para satisfazer essas necessidades, cada uma com suascaracterísticas específicas, mas ambas em uso combinado com materialdidático em suportes convencionais. Para o curso basis-deutsch, oLaboratório Multimídia da Universidade de Munique propõe umaparcela de 80% em aulas presenciais e 20% no modo online – naplataforma DUO. Nesse primeiro momento, tendo em vista que os

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cursos foram intensivos, decidimos ministrá-los em aula 100%presencial, servindo a parte online como complemento em forma delição de casa. Essa decisão foi tomada porque havia muita matéria acumprir em pouco tempo (Schritte international 1; sete unidades em13 dias de aula, quatro aulas diárias). O fato de toda a metalinguagemda plataforma e do livro estar em alemão fez com que o processo deaprendizagem se retardasse um pouco em comparação com o uso deBlaue Blume e Moodle – no contexto das disciplinas regulares daUnicamp. Outra dificuldade inicial foi a falta de Java, software essencialpara basis-deutsch, em parte dos computadores do Laboratório deInformática. Uma vez sanadas as dificuldades técnicas, o curso passoua fluir mais facilmente.16

No tocante à distinção entre abordagens calcadas na aquisiçãode LE ou L2, ficaram evidentes as diferenças na concepção das duasplataformas. Nossa própria experiência com o Moodle já está muitomais consolidada do que aquela com a plataforma DUO. Portanto, omomento não se mostra oportuno para arriscar quaisquer conclusões,servindo antes para levantar perguntas de trabalho que servirão de basepara a continuação do projeto. O que se mostrou mais difícil no uso deDUO foi o fato de o ambiente estar completamente em alemão. Comonossos alunos têm muito pouco contato com a língua alemã(praticamente só no próprio curso), isso significa um esforço enormepara orientar-se sozinho num ambiente exclusivamente na língua-alvo.Levando em conta, ainda, que os estudantes de engenharia da Unicampdispõem de muito pouco tempo para atividades extras fora de seuscursos, frustrações estão quase pré-programadas: mesmo liberando umespaço para trabalhar com a plataforma, em muitos casos não houvenem a satisfação de uma aprendizagem bem-sucedida, muito menosenxergou-se no contato com a metalinguagem em alemão um desafio.

Uma alternativa para evitar tal desmotivação poderia ser atradução da plataforma DUO para o português. Porém é precisocontemplar o projeto de uma perspectiva mais ampla: como mencionadomais acima, os cursos basis-deutsch estão diretamente ligados ao livrodidático Schritte international. Nos cursos ministrados até o momento,ficou evidente que esse método não é o mais apropriado para o nossocontexto. O livro trata de situações comunicativas básicas por meio de

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diálogos-modelo, dentro do paradigma comunicativo clássico – o que,como já discutido no início deste trabalho, não é mais adequado parauma clientela universitária, que inclusive não se prepara para umaestadia imediata na Alemanha. Raramente encontram-se textos ouassuntos mais complexos, que permitam um diálogo autêntico oureflexões mais aprofundadas sobre aspectos culturais. Tanto o livroquanto a plataforma refletem uma forte ligação com a teoria de aquisiçãode L2, e seria difícil que isso fosse diferente, dado o contexto daelaboração dos materiais, voltados para uso internacional – sem nuançaras diferenças entre nações subjacentes a esse conceito.

Tais constatações tornam questionável a própria proposta detraduzir a plataforma DUO para o português, a não ser que seja testadaa sua compatibilidade com um material para ensino presencial maisadequado e – se possível – voltado especificamente para o ensino deLE. Isso por sua vez, traz em seu bojo a dificuldade, mencionada maisacima, de coordenar a progressão temática, gramatical, de vocabulárioetc. entre o ambiente virtual e o material didático em suporte tradicional.A essa luz, a combinação Moodle + Blaue Blume (na edição brasileira)pode eventualmente revelar-se mais praticável no nosso contexto, porser mais flexível no tocante ao conteúdo, e por estar clara edeliberadamente formatada para vir ao encontro das necessidadesespecíficas do público-alvo. Por outro lado, também não são pequenasas dificuldades de elaboração de material nessa última perspectiva,ainda que muito trabalho já tenha sido feito e os resultados sejampromissores.

De todo modo, estamos apenas no início de um projeto quepermitirá um cotejo mais fino entre os prós e contras das duasalternativas colocadas em pauta. As vantagens e desvantagens de cadauma, do ponto de vista conceitual, já foram caracterizadas no início dopresente texto. Até que ponto aquilo que se revela ponto forte ou fraco,em termos conceituais, também o será na execução prática, é o que umlevantamento de dados ao longo do processo poderá registrar. Esperamospoder traçar um quadro mais claro no futuro, mas estamos certos deque, quaisquer que sejam as conclusões finais, teremos avançadobastante na busca por alternativas adequadas para o públicouniversitário que deseja aprender alemão no Brasil – com formas

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híbridas que preservam as vantagens da tradição e nos preparam paradar conta do futuro.

Paulo Oliveira

Norma Wucherpfennig

Anisha Vetter

Universidade Estadual de Campinas

Notas1 Para maior aprofundamento e uma visão dos contextos que marcaramo percurso, vide FISCHER ET AL.(1993), SARTINGEN (1992), SARTINGEN ET

AL (1996) e OLIVEIRA (2000, 2001, 2003a, 2003b, 2007a, 2007b), dentreoutros.2 O CEL/Unicamp conta com leitores do DAAD desde 1992. O projeto ora empauta teria sido impossível sem o grande empenho do leitor atual, nosso colegaDr. Thomas Johnen, que coordenou toda a tramitação junto ao DAAD e aosoutros parceiros dentro da própria Unicamp.3 Destaque-se também que o DAAD deu apoio financeiro tanto à produção daedição brasileira de Blaue Blume como ao desenvolvimento da plataformaDUO, com seus diversos cursos: uni-deutsch, basis-deutsch e módulosespecíficos por área. Nesse sentido, há uma convergência de parcerias, compresença dos mesmos atores (DAAD, Unicamp, editora Max Hueber) nosdiferentes cenários. No uso da plataforma DUO, tem-se a Universidade deMunique como parceiro adicional.4 No tocante à técnica propriamente dita, também o Moodle demandagerenciamento. Mas isso não precisa ser feito necessariamente de modo central,podendo-se instalar o programa na instituição usuária, recorrer a provedoresalternativos ou mesmo do próprio professor – desde que ele tenha osconhecimentos técnicos para tanto.5 No caso da Unicamp, a taxa de utilização por usuário, para cada um dosníveis (A1, A2), foi de • 45,00. Os custos variam de acordo com o número delicenças compradas pela instituição.6 No tocante ao material didático usado em combinação com essas plataformas,vide informações no site da editora Max Hueber (cf. referências bibliográficas).Sobre a edição brasileira de Blaue Blume e seu uso na Unicamp, videOLIVEIRA(2007b) e OLIVEIRA ET AL.(2007). O papel da consciência lingüística,

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com implicações para a distinção L2 vs. LE no ensino de línguas, é discutidotambém em OLIVEIRA(1991, 2004).7 Uma das docentes responsáveis pelo projeto na Unicamp participou dessesseminários preparatórios in loco na Universidade de Munique e repassou osconhecimentos lá adquiridos ao resto da equipe.8 Outras telas da plataforma DUO podem ser visualizadas em FEIST (2007). Hátambém um site em inglês com informações gerais sobre o projeto (http://www.deutsch-uni.com/duo_webshop/en/index.jsp).9 Tal avaliação positiva da “imersão lingüística” na plataforma de ensino/aprendizagem corresponde, evidentemente, à perspectiva L2. O risco deenfatizá-la por demais é apagar a diferença real com o contexto LE, no qual umatradução da metalinguagem revela-se não só aconselhável (notadamente no nívelbásico), como também factível, dada a homogeneidade do grupo-alvo.10 A Unidade 5 é um exemplo de onde isso ocorre.11 No período do curso de verão, isso ocorria p.ex. com a ligação de Freizeit

com o site do Deutscher Wetterdienst, na Unidade 6.12 Note-se que as observações feitas neste tópico não dizem respeito a umaaplicação direta nos cursos de verão citados acima, mas sim ao usoconcomitante da plataforma em outros projetos.13 O princípio é o mesmo que subjaz à redação da enciclopédia online

Wikipedia, na qual qualquer pessoa com acesso à internet pode escrever sobreos mais variados assuntos, num grande número de línguas (cf. http://

pt.wikipedia.org). A correção é feita pela comunidade de usuários, havendoalguns com privilégios adicionais, responsáveis pela manutenção da qualidadedos verbetes. Vide número temático da revista eletrônica Zeitschrift für den

interkulturellen Unterricht 13/1 (http://zif.spz.tu-darmstadt.de), sobretudoPLATEN (2008).14 O endereço do WordChamp consta das referências bibliográficas e de listaonline com outros recursos disponíveis no Moodle através de links (http://

www.unicamp.br/~paulocel/mat-apoio.htm).15 Sobre os recursos do Moodle e sua aplicação no ensino de línguas, vide tambémo já citado trabalho de OLIVEIRA (2007b: vídeo online com palestra e discussão[1 h 27 min]). Pré-requisitos técnicos são computador com multimídia, softwareRealPlayer (10.5 ou superior) e conexão rápida com a internet.16 De todo modo, permanece a questão de que os pré-requisitos básicos não sãonecessariamente baixos, exigindo da instituição um bom grau de padronizaçãonos seus equipamentos, o que se aplica também ao usuário individual, qualquerque seja seu contexto de acesso ao curso – da residência ou da empresa em quetrabalha, por exemplo.

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Referências

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(São Paulo), n.5, p.28-33, 1991.. Auch Zwerge haben klein angefangen: Großes und Kleines rund um denComputer im DaF-Bereich. DAF-Brücke, Buenos Aires - Argentina, v.2, n.2,p.15-18, 2000.. Lokale Antworten auf globale Fragen. In: Germanistentreffen 2001, São Paulo.Germanistentreffen - Tagunsbeiträge. Bonn - Alemanha : DeutscherAkademischer Austauschdienst (DAAD), 2002, p.107-129.. Uso do TelEduc no Ensino de Línguas. Palestra no CUEC/Unicamp.Disponível em http://www.ccuec.unicamp.br/treinamentos/index_html?foco2=Palestras/ead/768458&focomenu=Palestras), acessoem 28/05/2003. 2003a.. Alemão semipresencial com TelEduc. I Encontro de Professores

Usuários do Ambiente TelEduc. Comunicação no Centro de Computação(CCUEC) da Unicamp. Disponível em http://www.ccuec.unicamp.br/ead/index_html?foco2=Eventos/75574/943135&focomenu=Eventos, acessso em26/11/2003. 2003b.. Implicações do Pensamento de Wittgenstein para o Ensino de Línguas. Cadernos

de História e Filosofia da Ciência (UNICAMP), n.14, p.335-363, 2004.. À procura da flor azul no ensino da língua alemã. Projekt (Curitiba), n.44,p.13-23, 2006.. Aprendizagem Autônoma e Ensino Colaborativo de Alemão. In: II Colóquiode Estudos Germânicos Mito e Magia, 2006, Araraquara. Anais do II Colóquio

de Estudos Germânicos, 2007a.. Integrando recursos e demandas com o Moodle. (Palestra proferida no Centrode Computação da Unicamp, aos 05/09/2007. Vídeo online disponívelem http://www.cameraweb.unicamp.br/acervo/2007.html, acesso em 13/04/2008.OLIVEIRA, Paulo, JOHNEN, Thomas, AQUINO, Maria Salette, SCHWEIGER, Kathrin.Blaue Blume: Ein differenziertes Lehrwerk über den kommunikativen Ansatz

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Plataformas e outros recursos online

DUO: www.deutsch-uni.com. Hot Potatoes: http://hotpot.uvic.ca. Moodle: http://docs.moodle.org/pt/Sobre_o_Moodle (em português). Moodle: http://moodle.org ou http://docs.moodle.org (em inglês). Moodle CCUEC: http://woodstock.unicamp.br/moodle183/course/index.php

TelEduc: http://www.teleduc.org.br. Wordchamp: http://www.wordchamp.com/lingua2/Home.do

Sobre o material didático em suporte convencional. Blaue Blume: http://www.hueber.de/blaue-blume. Schritte international:http://www.hueber.de/sixcms/list.php?page=pg_index_sit

Resumo

Discutimos aqui duas plataformas eletrônicas usadas para o ensino de alemão,em combinação com materiais didáticos em suporte convencional (livro e CD).O projeto dá continuidade a uma longa tradição de pesquisa por soluções queatendam adequadamente às necessidades específicas de um públicouniversitário, em contexto de aprendizagem de língua estrangeira (e não desegunda língua). A análise concreta remete a dois cursos intensivos oferecidosem fevereiro de 2008, com continuidade prevista até o final de 2009.Averiguamos os prós e contras de cada abordagem como hipóteses de trabalhoa serem confirmadas ao longo do processo em curso.

Abstract

We discuss the use of two different electronic platforms for teaching German,in combination with didactic materials on conventional support (book andCD). The project is in line with the continuity of a long research tradition that

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searches for suitable solutions for the specific needs of an academic public inthe context of foreign language acquisition (as opposed to second languageacquisition). The concrete analysis is based on two intensive courses that tookplace in February 2008 and shall be continued until the end of 2009. We raisethe pros and cons of each approach, in terms of working hypotheses to beconfirmed as the process goes along.

Anexo

Anexo 1: Página inicial da plataforma DUO

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Anexo 2: Página inicial do Moodle (modo edição, visão do professor)