01 - NAVEGAÇÃO

download 01 - NAVEGAÇÃO

of 97

Transcript of 01 - NAVEGAÇÃO

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    1/294

     

    MARINHA DO BRASILDIRETORIA DE PORTOS E COSTAS

    ENSINO PROFISSIONAL MARÍTIMO

    MÓDULO DE NAVEGAÇÃO

     – NAV –

    UNIDADE DE ESTUDO AUTÔNOMO

    2a edição

    Rio de Janeiro

    2010 

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    2/294

     2

    © 2007 direitos reservados à Diretoria de Portos e Costas

    Autores: Professor Renan dos Santos Silva 

    Revisão Pedagógica: Pedagoga Maria Elisa Dutra Costa

    Revisão Ortográfica: Professor Luiz Fernando da Silva

    Diagramação: Maria da Conceição de Sousa Lima Martins

    Coordenação Geral: CMG (MSc) Luciano Filgueiras da Silva

     ______ exemplares

    Diretoria de Portos e Costas

    Rua Teófilo Otoni, no 4 – Centro

    Rio de Janeiro, RJ

    20090-070

    http://www.dpc.mar.mil.br  

    [email protected]  

    Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto no 1825, de 20 de dezembro de 1907.

    IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL 

    http://www.dpc.mar.mil.br/http://www.dpc.mar.mil.br/mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]://www.dpc.mar.mil.br/

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    3/294

    3

    NAV 01

     

    SSUUMMÁÁRRIIOO 

    AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO ............................................................................................................ 7 

    MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA – Como usar o módulo ....................................................................... 9

    UUNNIIDDAADDEE 11 – – FFuunnddaammeennttooss ddaa NNaavveeggaaççããoo ....................................................................................................................................  1133 

    1.1  –  A Arte de Navegar .............................................................................................. 131.2  –  A Terra - seus movimentos e planos...... ............................................................. 15

    1.3  –  Como se orientar na esfera terrestre....... ........................................................... 181.4  – Operações com ângulos....................... ............................................................... 211.5  –  Coordenadas Geográficas: Latitude e Longitude ................................................ 251.6  –  Principais unidades de medidas utilizadas na navegação .................................. 27Teste de auto-avaliação da unidade 1 .............................................................................. 29Chave de Respostas das Tarefas e do teste de auto-avaliação da unidade 1 ................. 31

    UUNNIIDDAADDEE 22  – –  AAgguullhhaass NNááuuttiiccaass  ..............................................................................................................................................................  3333 

    2.1  –  Classificação das agulhas náuticas ............ ........................................................ 332.2  –  Noções de magnetismo ...................................................................................... 36

    2.3  –  Agulha magnética .......................... ..................................................................... 382.4  –  Agulha Giroscópica ............................................................................................ 542.5  –  Agulha Eletrônica (Fluxgate).................... ......................................................... 57Teste de auto-avaliação da unidade 2 .............................................................................. 60Chave de Respostas das Tarefas e do teste de auto-avaliação da unidade 2 ................. 61

    UUNNIIDDAADDEE 33  – –  CCaar r ttaass NNááuuttiiccaass ......................................................................................................................................................................  6633 

    3.1  –  Sistemas de projeção ......................................................................... ............... 633.2  –  A projeção de Mercator ..................................................................................... 643.3  –  Escala e classificação das cartas náuticas ....................................................... 67

    3.4  –  Informações contidas nas cartas náuticas ......................................................... 703.5  –  Como trabalhar nas cartas náuticas ................................................................... 733.6  –  Medidas na carta ............................................................................................. 763.7  –  Resolução de problemas típicos na carta ........................................................... 793.8  –  Cartas eletrônicas digitais ................................................................................... 843.9  –  Formas submarinas ............................................................................................ 87Teste de auto-avaliação da unidade 3 ............................................................................. 90Chave de Respostas das Tarefas e do teste de auto-avaliação da unidade 3 ................. 91

    UNIDADE 4 – Rumos e Marcações  ............................................................................... 95

    4.1 – Identificação de rumos ....................................................................................... 954.2 – Identificação de marcações ............................................................................... 98

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    4/294

     4

    4.3 – Conversão de rumos de marcações................................................................. ... 103

    Teste de auto-avaliação da unidade 4............................................................................... 114Chave de Respostas das Tarefas e do teste de auto-avaliação da unidade 4.................. 118

    UNIDADE 5 – Posição no Mar ......................................................................................... 125 

    5.1 – Determinação da posição da embarcação ........................................................ 1255.2 – Conceito e tipos de linhas de posição (LDP) ...................................................... 1265.3 – Marcações simultâneas ...................................................................................... 1325.4 – Processos para obtenção da posição na navegação costeira ............................ 1345.5 – Posição por marcações sucessivas .................................................................... 1425.6 – Técnicas da navegação estimada ..................................................................... . 1465.7 – Fatores que influenciam na posição estimada ................................................... 1485.8 – Determinação de distâncias no mar ............................................................ ....... 153Teste de auto-avaliação da unidade 5 ............................................................................. 159Chave de Respostas das Tarefas e do teste de auto-avaliação da unidade 5 ................. 160

    UNIDADE 6 – Sinalização Náutica e Balizamento......................................................... 163 

    6.1 – Tipos de sinalização náutica ............................................................................... 1636.2 – Características físicas e luminosas dos sinais ................................................... 1666.3 – Luzes de auxílio à navegação ............................................................................. 1696.4 – Sistema de balizamento marítimo adotado no Brasil........................................... 1736.5 – Balizamento fluvial e lacustre ............................................................................ 181Teste de auto-avaliação da unidade 6............................................................................... 185Chave de Respostas das Tarefas e do teste de auto-avaliação da unidade 6.................. 187

    UNIDADE 7 – Equipamentos e Instrumentos Auxiliares à Navegação ...................... 189

    7.1 – Equipamentos indicadores de direções .............................................................. 1897.2 – Equipamentos indicadores de velocidade e distância navegada ........................ 1907.3 – Equipamentos indicadores de profundidade........................................................ 1957.4 – Instrumentos que aumentam o poder da visão.................................................... 2017.5 – Instrumentos meteorológicos .............................................................................. 2027.6 – Equipamentos indicadores de distâncias no mar ................................................ 208Teste de auto-avaliação da unidade 7 .............................................................................. 215Respostas das Tarefas e do teste de auto-avaliação da unidade 7 ................................. 216

    UNIDADE 8 – Sistemas Eletrônicos Auxiliares à Navegação ......................................  219 

    8.1 – GPS  – Sistema de Navegação por Satélite ................................................. 2198.2 – GMDSS  – Sistema Marítimo Global de Socorro e Segurança .......................... 2318.3 –  AIS  – Sistema Automático de Identificação................................................... 2378.4 – VTS  – Serviço de Controle de Tráfego de Navios ......................................... 2438.5 – VDR  – Registrador de Dados da Viagem .................................................... 2448.6 – GÔNIO  – Radiogoniômetro ............................................................................ 245Teste de auto-avaliação da unidade 8............................................................................... 247Chave de Respostas das Tarefas e do teste de auto-avaliação da unidade 8.................. 248

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    5/294

    5

    NAV 01

    UNIDADE 9 – Publicações de Auxílio á Navegação .................................................... 251 

    9.1 – Publicações para consulta ................................................................................... 2519.2 – Publicações de apoio ........................................................................................... 259Teste de auto-avaliação da unidade 9............................................................................... 269

    Chave de Respostas das Tarefas e do teste de auto-avaliação da unidade 9.................. 270

    UNIDADE 10 – Planejamento e execução de uma derrota ..........................................  271

    10.1 – Fases da derrota ................................................................................................. 271

    10.2 – Planejamento da derrota ..................................................................................... 273

    10.3 – Execução da derrota ........................................................................................... 275

    Teste de auto-avaliação da unidade 10............................................................................ 279Chave de Respostas das Tarefas e do teste de auto-avaliação da unidade 10............... 281

    BIBLIOGRAFIA  ............................................................................................................ 285

    ANEXOS:

     Anexo 1 – Curva de desvios da agulha magnética ........................................................... 289

     Anexo 2 – Carta náutica de exercícios .............................................................................. 291

     Anexo 3 – Tabela de alcance geográfico........................................................................... 293

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    6/294

     6

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    7/294

    7

    NAV 01

    AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO 

    Neste módulo, você conhecerá os princípios básicos da navegação.

    Lembramos que este trabalho não é um curso completo de navegação. Nele

    apresentaremos somente a parte prática da navegação estimada e costeira, as rotinas, o

    manuseio das cartas, dos manuais, das tábuas e das tabelas, e a operação dos equipamentos

    auxiliares, sem, contudo, entrarmos em detalhes desses assuntos.

    Você aprenderá “o que se faz e como se faz”. Mas, mesmo se tratando de uma obra

    prática, procuraremos, sempre que possível, explicar os “porquês”; dando-lhe a conhecer a

    base teórica que lhe permita, raciocinar e resolver os problemas que serão apresentados,

    ampliando assim o seu horizonte de conhecimentos profissionais.

     A navegação é uma ciência e uma arte; o seu conhecimento vai possibilitar a escolha

    da derrota mais segura, isto é, do caminho a ser navegado durante a travessia entre o ponto de

    partida e o ponto de chegada.

    Você conhecerá a navegação costeira, que é aquela que se faz com terra à vista, e a

    navegação estimada, que se baseia na velocidade, tempo e distância navegada e nos efeitosde ventos e correntes.

    Verificará o quanto são simples os processos e os cálculos de navegação para

    determinar, periodicamente, a posição da embarcação no mar. O emprego correto de um ou

    outro processo exige tão somente muita atenção e cuidado.

    Contudo, tenha sempre presente que navegar bem não significa simplesmente navegar

    com segurança, tampouco significa seguir pelo caminho mais curto; É o conjunto dessas

    condições e a justa avaliação de certos elementos que constituem uma boa navegação.

    Esperamos que, ao final do curso, você esteja capacitado a conduzir sua embarcação,

    com segurança, ao longo da costa brasileira.

    BOA VIAGEM E BOA SORTE.

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    8/294

     8

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    9/294

    9

    NAV 01

    MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA 

    CCOOMMOO UUSSAARR OO MMÓÓDDUULLOO 

    II – – QQuuaall oo oobb j jeettiivvoo ddeessttee mmóódduulloo?? 

    Proporcionar ao aluno conhecimentos básicos de navegação.

    IIII – – CCoommoo eessttáá oor r ggaanniizzaaddoo oo mmóódduulloo?? 

    O módulo de Navegação foi estruturado em dez unidades seqüenciais de estudo. Os

    conteúdos obedecem a uma seqüência lógica e, ao término de cada unidade, o aluno fará uma

    auto-avaliação.

    IIIIII – – CCoommoo vvooccêê ddeevvee eessttuuddaar r  ccaaddaa uunniiddaaddee?? 

      Ler a visão geral da unidade.

      Estudar os conceitos da unidade.

      Responder às questões para reflexão.

      Realizar a auto-avaliação.

      Realizar as tarefas.

      Comparar a chave de respostas do teste de avaliação.

    1. Visão geral da unidade

     A visão geral do assunto apresenta os objetivos específicos da unidade, mostrando um

    panorama do assunto a ser desenvolvido.

    2. Conteúdos da unidade

    Leia com atenção o conteúdo, procurando entender e fixar os conceitos por meio dos

    exercícios propostos. Se você não entender, refaça a leitura e os exercícios. É muito importante

    que você entenda e domine os conceitos.

    3. Questões para reflexão

    São questões que ressaltam a idéia principal do texto, levando-o a refletir sobre os temas

    mais importantes deste material.

    4. Auto-avaliação 

    São testes que o ajudarão a se auto-avaliar, evidenciando o seu progresso. Realize-os à

    medida que apareçam e, se houver qualquer dúvida, volte ao conteúdo e reestude-o.

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    10/294

     10

    5. Tarefa

    Dá a oportunidade para você colocar em prática o que já foi ensinado, testando seu

    desempenho de aprendizagem.

    6. Respostas dos testes de auto-avaliação

    Dá a oportunidade de você verificar o seu desempenho, comparando as respostas com ogabarito que se encontra no fim da apostila.

    IIVV – – OObb j jeettiivvooss ddaass uunniiddaaddeess 

    Unidade 11:Unidade  Fundamentos da navegação

     Apresentar uma revisão dos princípios básicos da navegação; a Terra e seus planos,

    tipos de navegação, como se orientar e trabalhar com ângulos e coordenadas geográficas;

    dando ao aluno o embasamento necessário à resolução dos problemas de navegação.

    Unidade 2:Unidade 2 : Agulhas náuticas

     Apresentar as agulhas náuticas, suas características, vantagens, desvantagens e como

    utilizá-las compensando seus desvios e erros.

    Unidade 3:Unidade 3: Cartas náuticas

    Discorrer sobre os diversos tipos de cartas náuticas; como são projetadas, classificação,

    escalas, informações nelas contidas, como trabalhar nesses documentos e mantê-los

    atualizados.

    Unidade 4:Unidade 4: Rumos e marcações Apresentar e definir os diversos tipos de rumos e marcações e os métodos para efetuar

    conversões entre eles e como traçar essas direções nas cartas.

    Unidade 5:Unidade 5: Posição no mar

    Discorrer sobre o conceito de linhas de posição, os diferentes métodos para determinar

    à posição no mar, as técnicas e regras para a navegação costeira e estimada e as influências

    das marés, ventos e correntes na navegação.

    Unidade 6:Unidade 6: Sinalização náutica e balizamento

     Apresentar os tipos de sinalização náutica, os sistemas de balizamento e discorrer como

    identificar os sinais pelas suas características físicas e luminosas.

    Unidade 7:Unidade 7 : Equipamentos e instrumentos auxil iares à navegação

     Apresentar os principais equipamentos, sistemas e instrumentos auxiliares à navegação.

    Unidade 8:Unidade 8 : Sistemas eletrônicos auxil iares à navegação

     Apresentar e discorrer sobre os principais equipamentos, serviços e sistemas eletrônicos

    de auxílio à navegação.

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    11/294

    11

    NAV 01

    Unidade 9:Unidade 9: Publicações de auxíl io à navegação.

     Apresentar as principais publicações de consulta e apoio à navegação, utilizadas à

    bordo e explicar como proceder para sua atualização.

    Unidade 10:Unidade 10: Planejamento e execução de uma derrota

    Discorrer sobre as fases de uma derrota e efetuar o planejamento e a execução

    de uma derrota completa.

    VV – – AAvvaalliiaaççããoo ddoo mmóódduulloo 

     Após estudar todas as Unidades de Estudo Autônomo (UEA) deste módulo, você estará

    apto a realizar uma avaliação da aprendizagem.

    VVII – – SSíímmbboollooss uuttiilliizzaaddooss 

    Existem alguns símbolos no manual para guiá-lo em seus estudos. Observe o que cadaum quer dizer ou significa.

    EEssttee llhhee ddiizz qquuee hháá uummaa vviissããoo ggeer r aall ddaa uunniiddaaddee ee ddoo qquuee eellaa ttr r aattaa.. 

    EEssttee  llhhee  ddiizz  qquuee  hháá,,  nnoo  tteexxttoo,,  uummaa  ppeer r gguunnttaa  ppaar r aa  vvooccêê  ppeennssaar r   ee  r r eessppoonnddeer r   aa 

    r r eessppeeiittoo ddoo aassssuunnttoo.. 

    EEssttee llhhee ddiizz ppaar r aa aannoottaar r  oouu lleemmbbr r aar r --ssee ddee uumm ppoonnttoo iimmppoor r ttaannttee.. 

    EEssttee llhhee ddiizz qquuee hháá uummaa ttaar r eef f aa aa sseer r  f f eeiittaa ppoor r  eessccr r iittoo.. 

    EEssttee llhhee ddiizz qquuee hháá uumm eexxeer r ccíícciioo r r eessoollvviiddoo.. 

    EEssttee llhhee ddiizz qquuee hháá uumm tteessttee ddee aauuttoo--aavvaalliiaaççããoo ppaar r aa vvooccêê f f aazzeer r .. 

    EEssttee llhhee ddiizz qquuee eessttaa éé aa cchhaavvee ddaass r r eessppoossttaass ppaar r aa ooss tteesstteess ddee aauuttoo--aavvaalliiaaççããoo.. 

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    12/294

     12

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    13/294

    13

    NAV 01

    UUNNIIDDAADDEE 11 

    FFUUNNDDAAMMEENNTTOOSS DDAA NNAAVVEEGGAAÇÇÃÃOO 

    NNeessttaa uunniiddaaddee,, vvooccêê vvaaii aappr r eennddeer r  ssoobbr r ee:: 

    A arte de navegar;Tipos de navegação;

    A terra e seus planos;

    Como se orientar na esfera terrestre;

    Operações com ângulos;

    Coordenadas geográficas; latitude e longitude

    Unidades de medida em navegação – a milha e o nó.

    “A disciplina militar prestante

    Não se aprende, Senhor, na fantasiaSonhando, imaginando ou estudando,

    Senão vendo, tratando e pelejando.”

    (Luiz de Camões, Os Lusíadas, canto X)

     Ao estudar sobre a navegação, você terá a oportunidade de aprender um assunto que

    tem fascinado o homem desde os primórdios de sua existência; mas, para ser um bom

    navegador, é necessário não só conhecer bem a arte de navegar , como também ter muita

    atenção e responsabilidade. Não se aprende a navegar “senão vendo, tratando e pelejando”.

    IInniicciiaar r eemmooss oo nnoossssoo eessttuuddoo ccoomm uummaa ppeer r gguunnttaa:: ““OO QQUUEE ÉÉ NNAAVVEEGGAARR”” ??  

     A resposta é dada a seguir. 

    11 .. 11  AA   AA RR TT EE   DD EE  NN AA VV EE GG AA RR  

    “A navegação é a ciência e a arte que ensina a conduzir com segurança a embarcação

    de um ponto a outro, sobre a superfície das águas, pelo caminho desejado”.

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    14/294

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    15/294

    Mas, antes de entramos no estudo da navegação, vamos revisar alguns conceitos e

    definições para melhor entendimento do assunto a ser tratado.

    11 .. 22   AA   TT EE RR RR AA  – –   SS EE UU SS   MM OO VV II MM EE NN TT OO SS   EE  PP LL AA NN OO SS  

    A Terra  tem uma forma própria, conhecida como geóide, sendo achatada no sentido

    vertical e, conseqüentemente, dilatada no sentido horizontal. A figura geométrica que mais se

    aproxima dessa forma é o elipsóide de revolução. Porém, para fins de navegação, considera-

    se a terra perfeitamente esférica – esfera terrestre  – sem que com isso sejam introduzidos

    erros intoleráveis. (figura 1.1)

    Figura 1.1 – Esfera terrestre. 

    15

    NAV 01

    11 .. 22 .. 11  PP r r ii nn cc ii pp aa ii ss  mm oo vv ii mm ee nn tt oo ss  dd aa   TT ee r r r r aa  

    RR oottaa ççããoo   – A Terra gira em torno de si mesma de oeste para leste. Este movimento

    que é denominado de rotação é o responsável pela sucessão dos dias e das noites.

    Na esfera terrestre é chamado de eixo a linha em torno da qual a terra executa o seu

    movimento de rotação; os extremos de eixo aparente de rotação da Terra são os pólos (pólonorte e pólo sul), motivo pelo qual o eixo aparente é também chamado de eixo polar.

    TTr r aannssllaaççããoo - A Terra, sendo um planeta, gira também em torno do Sol, como já

    sabemos, efetuando uma trajetória elíptica que é completada em 365 dias, 6 horas, 9 minutos e

    2 segundos. Esse movimento da Terra  é denominado de  translação  e é responsável pelas

    estações do ano (figura 1.2).

    QQuu aa ll   éé   oo   mmoovv ii mmeennttoo   ddaa   TTee r r r r aa   r r eessppoonnss áá vv ee ll   ppee ll ooss   dd ii aass   ee   ppee llaass  

    nnoo ii tt ee ss ??  

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    16/294

     Figura 1.2 – Os movimentos principais da terra.

    16

    11 .. 22 .. 22   PP ll aa nn oo ss   dd ee   r r ee f f ee r r êê nn cc ii aa  nn aa   ee ss f f ee r r aa   tt ee r r r r ee ss tt r r ee  

    Se cortarmos a esfera terrestre por um plano horizontal que contenha o seu centro, oupor planos verticais que contenham o eixo polar, as linhas resultantes dessas intersecções

    serão os chamados círculos máximos:  o horizontal é chamado de equador   e os verticais

    meridianos.

    Todo plano que contenha o centro da esfera terrestre determina círculos máximos  e

    quaisquer outros planos que não contenham o centro da esfera determinam círculos

    menores.

    LLeemmbbr r ee--ssee:: 

    CCíír r ccuulloo mmááxxiimmoo:: éé aa lliinnhhaa qquuee r r eessuullttaa ddaa iinntteer r sseeççããoo ccoomm aa ssuuppeer r f f íícciiee tteer r r r eessttr r ee ddee uumm ppllaannoo qquuee ccoonntteennhhaa oo CCeennttr r oo ddaa TTeer r r r aa..  ((FFiigguur r aa 11..33)) 

    CCíír r ccuulloo mmeennoor r :: éé aa lliinnhhaa qquuee r r eessuullttaa ddaa  iinntteer r sseeççããoo ccoomm aa ssuuppeer r f f íícciiee tteer r r r eessttr r ee ddee uumm ppllaannoo qquuee nnããoo ccoonntteennhhaa oo CCeennttr r oo ddaa TTeer r r r aa..  ((FFiigguur r aa 11..33)) 

     A menor linha que une dois pontos na superfície da esfera terrestre é sempre parte de

    um círculo máximo, ou seja, uma curva, e não uma reta, como veremos mais adiante.

    Círculos máximos Círculo menor

    Figura 1.3 – Círculos na esfera terrestre.

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    17/294

      Meridiano  – é o círculo máximo vertical que vai do pólo norte ao pólo sul e é

    perpendicular ao equador . Considera-se meridiano a metade de um círculo máximo, sendo a

    outra metade que lhe fica oposta o seu antimeridiano. A quantidade de meridianos é infinita e

    por cada ponto da terra passa um meridiano. Todos os meridianos convergem para os pólos e

    marcam as direções norte (N) e sul (S). (Figura 1.4) 

      Meridiano de Greenwich (GW)  – Os meridianos dividem a Terra em duas partes

    iguais, porém, por convenção, escolheu-se o meridiano que passa no Observatório Astronômico

    de Greenwich (Inglaterra) como o meridiano principal (000º), também chamado de primeiro

    meridiano, o qual divide a terra em Hemisfério Leste (E) e Hemisfério Oeste (W). (Figura 1.5) 

    O Meridiano de Greenwich é usado como origem da medida das longitudes.

    Figura 1.4 – Planos meridianos. Figura 1.5 – Meridiano de Greenwich.

      Equador   – É o círculo máximo horizontal, perpendicular ao eixo da Terra, portanto

    eqüidistante dos pólos e que divide a esfera terrestre em Hemisfério Norte (N) e Hemisfério Sul

    (S).

    O equador é a origem da medida das latitudes. (Figura1.6)

    Figura 1.6 – Equador -Círculo máximo a meio entre os pólos.

      Paralelos – Como o próprio nome está dizendo, são círculos menores paralelos ao

    plano do equador. Assim como os meridianos, o número de paralelos é infinito, e seu diâmetrovai se reduzindo gradativamente a partir do equador até anular-se, quando chegam ao pólo

    norte ou pólo sul. (Figuras 1.7 e 1.8).17

    NAV 01

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    18/294

     

    Figura 1.7 – Paralelo ou paralelo de latitude. Figura 1.8 – Paralelos.

    Que tal uma parada? Aproveite e verifique seus conhecimentos, realizando a tarefa

    abaixo.

    TT aa r r ee f f aa   11 .. 11  

    18

    CCoomm  bbaassee  nnoo  qquuee  vvooccêê  eessttuuddoouu,,  ddeessccr r eevvaa  ccoomm  ssuuaass  ppaallaavvr r aass,,  oouu  r r eessppoonnddaa  aaoo  qquuee  ssee 

    ppeeddee:: 

    1.1.1) Defina navegação costeira:

     _____________________________________________________________________________ 

     ___________________________________________________________________________

    1.1.2) Defina navegação em águas restritas: ____________________________________________________________________________ 

     ____________________________________________________________________________

    1.1.3) Como são chamados os círculos máximo que passam pelos pólos?

     ____________________________________________________________________________

    11 .. 33   CC OO MM OO   SS EE   OO RR II EE NN TT AA RR   NN AA   EE SS FF EE RR AA   TT EE RR RR EE SS TT RR EE  

    Para poder se orientar na navegação, o homem desenvolveu sua capacidade de observação,

    e a observação dos astros foi uma das primeiras coisas que o navegante usou para não perder

    o seu rumo. É com base nessas observações que surgiram os pontos cardeais.

    Preste atenção, porque este assunto é muito importante para todo bom navegante.

    11 .. 33 .. 11   PP oo nn tt oo ss   CC aa r r dd ee aa ii ss  

    Observando a natureza, o homem percebeu que o Sol nasce, todas as manhãs,

    aproximadamente, no mesmo lado do horizonte e se põe, ao entardecer, no lado oposto. Assim

    sendo, tomou este lado, ou seja, o lado no qual o Sol nasce como referência para criar os

    pontos cardeais.

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    19/294

    O lado no qual o Sol nasce foi denominado de LESTE, que tem como abreviatura a letra

    E; o lado onde o Sol se põe denominou-se de OESTE, cuja abreviatura é a letra W.

    Conhecidos esses dois pontos (onde o Sol nasce e onde ele se põe), foram criados mais

    dois outros: o NORTE, com abreviatura a N, e o SUL com abreviatura S.

    Pois bem, esses quatro pontos são denominados de pontos cardeais. Observe a figura

    1.9 e veja como é simples determinar os pontos cardeais.

    Figura 1.9 – Orientação pelo Sol.

    19

    NAV 01

    11 .. 33 .. 22   PP oo nn tt oo ss   LL aa tt ee r r aa ii ss   ee   CC oo ll aa tt ee r r aa ii ss  

    Você deve ter percebido que os pontos cardeais nos dão apenas 4 direções (Norte, Sul,

    Leste e Oeste). Entretanto, entre estas, existem outras direções. Em vista disso, foram criadas,

    entre os pontos cardeais, direções que foram denominadas de pontos laterais.

    Veja quais são os pontos laterais:

    Nordeste (NE)  – localiza-se entre o norte e o leste;

    Sudeste (SE)  – localiza-se entre o sul e o leste;

    Sudoeste (SW) – localiza-se entre o sul e o oeste; e

    Noroeste (NW) – localiza-se entre o norte e o oeste.

    E, ainda, entre os pontos laterais foram estabelecidos os pontos colaterais, de modo a

    nomear, ainda mais, as direções.

    São os seguintes os pontos colaterais:

    Nor-nordeste (NNE)  – localizado entre o N e o NE; 

    Es-nordeste (ENE)  – localizado entre o E e o NE; 

    Es-sudeste (ESE)  – localizado entre o E e o SE; 

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    20/294

    Su-sudeste (SSE)  – localizado entre o S e o SE; 

    Su-sudoeste (SSW)  – localizado entre o S e o SW; 

    Oes-sudoeste (WSW)  – localizado entre o W e o SW; 

    Oes-noroeste (WNW)  – localizado entre o W e o NW; e 

    Nor-noroeste (NNW)  – localizado entre o N e o NW. 

    Note que, na formação dos pontos colaterais, sempre o nome do ponto cardeal vem na

    frente do lateral.

    Para concluir, podemos dizer que o conjunto formado pelos pontos cardeais, laterais e

    colaterais formará a rosa dos ventos, também conhecida como rosa dos rumos,  ou ainda

    rosa circular .

    É a rosa dos ventos que fornece ao navegante as direções de que ele necessita paraexecutar a navegação. (Figura 1.10)

    Figura 1.10  –  Rosa dos ventos.

    Você deve ter percebido que entre os pontos cardeais, laterais e colaterais  existemmuitas outras direções intermediárias. Para permitir a navegação em qualquer direção,

    inclusive essas intermediárias, é que a rosa dos ventos, utilizada atualmente, apresenta-se

    graduada de 0º a 360º graus, ou seja, é dividida em ângulos, de grau em grau, conforme

    mostra a figura 1.11.

    20

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    21/294

     

    Figura 1.11 –  Graduação da rosa dos ventos.

    Pois bem, com essa rosa dos ventos qualquer direção tem sua identificação por meio de

    uma medida angular. Por exemplo: leste é 090º, sul é 180º, e assim por diante.

    Você agora, certamente, deve estar se perguntando:

    OO   qq uu ee   éé   mm ee dd ii dd aa   aa nn gg uu ll aa r r ??  

    Não se preocupe. Se você não sabe o que é ângulo e medida angular, preste atenção às

    explicações a seguir porque, certamente, você aprenderá esse importante assunto comfacilidade.

    21

    NAV 01

    11 .. 44   OO PP EE RR AA ÇÇ ÕÕ EE SS   CC OO MM   ÂÂ NN GG UU LL OO SS  

    11 .. 44 .. 11   CC oo nn cc ee ii tt oo   ee   MM ee dd ii dd aa ss   dd ee   ÂÂ nn gg uu ll oo ss  

     Ângulo é uma abertura entre dois segmentos de reta. (Figura 1.12)

    Figura 1.12 – Ângulo.

    X  ângulo

    AO e OB  segmentos de reta

     A medida de ângulo é o grau, que tem como abreviatura um pequeno círculo situado

    acima e à direita do número.

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    22/294

    Por exemplo: 30º, isto significa trinta graus. 

    Vamos dar alguns exemplos, para você entender melhor esses conceitos.

    E x e rc í c i o   r r ee ss oo ll vv ii dd oo   11 .. 1  

    Se adotarmos como referência os pontos cardeais, qual será a medida do ângulo formado entre

    o norte e o leste?

    Solução:

    Observe a figura 1.13 e verifique que o ângulo formado entre os pontos cardeais norte (N) e

    leste (E) é de 90º (ângulo reto). 

    Figura 1.13 – Ângulo entre N e E.

    Muito bem, podemos concluir com o exercício 1.1 que cada quadrante formará um ângulo

    de 90º, certo? Raciocinando dessa forma, podemos afirmar que a soma dos ângulos formadospelos quadrantes é 360º. Veja a figura 1.14.

    Figura 1.14 – Quadrantes de uma rosa dos ventos.

    Mas nós sabemos que a medida angular pode ser fracionada e, portanto, o grau tem

    como submedida o minuto, que é abreviado com uma vírgula acima e à direita do número: 30’

    = trinta minutos. Um grau corresponde a sessenta minutos.

    Por sua vez, o minuto tem como submedida o segundo, que é abreviado com duas

    vírgulas acima e a direita do número: 30”= trinta segundos. Um minuto corresponde a

    sessenta segundos.

    22

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    23/294

    23

    NAV 01

     E x e rc í c i o   r r ee ss oo ll vv ii dd oo   11 . 2  

    Como se lê: 10º 23’ 45”?

    Resposta: Dez graus, vinte e três minutos e quarenta e cinco segundos. 

    LLee mm bbr r ee -- ssee ::  

    ÉÉ ccoommuumm uussaar r --ssee vvaalloor r eess f f r r aacciioonnaaddooss ppaar r aa iinnddiiccaar r  ooss ddéécciimmooss ddee ggr r aauuss,, hhoor r aass ee 

    mmiinnuuttooss..  NNeessttee  ccaassoo,,  ddeevvee--ssee  mmuullttiipplliiccaar r   ppoor r   6600  oo  ddéécciimmoo  ddee  ggr r aauuss,,  hhoor r aass  oouu 

    mmiinnuuttooss,, ppaar r aa aacchhaar r  oo vvaalloor r  ddeessee j jaaddoo.. 

    E x e rc í c i o   r r ee ss oo ll vv ii dd oo   11 . 3  

    Converta um grau e meio (10,5)emgraueminutos.

    1º, 5  é o mesmo que 1º  + 0,5 º = 1º + (0,5º x 60) = 1º 30’. (Um grau e trinta minutos) 

     E x e rc í c i o   r r ee ss oo ll vv ii dd oo   11 . 4  

    Converta dois minutos e vinte cinco décimos de minuto (2’. 25) em minutos e segundos. 

    2’. 25 é o mesmo que 2’ + 0,25’ = 2’ + (0,25’ x 60) = 2’ 15’’. (dois minutos e quinze segundos)

    1º (um grau) = 60‘ (sessenta minutos)

    1’ (um minuto) = 60’’ (sessenta segundos)

    UUmmaa  mmaanneeiir r aa  ppr r ááttiiccaa  ddee  vvooccêê  nnuunnccaa  mmaaiiss  eessqquueecceer r   aass  mmeeddiiddaass  aanngguullaar r eess  éé 

    aassssoocciiáá--llaass  ààss  mmeeddiiddaass  ddee  tteemmppoo,,  oouu  ssee j jaa,,  aassssiimm  ccoommoo  oo  ggr r aauu,,  uummaa  hhoor r aa 

    ccoor r r r eessppoonnddee aa sseesssseennttaa mmiinnuuttooss ee uumm mmiinnuuttoo ccoor r r r eessppoonnddee aa sseesssseennttaa sseegguunnddooss.. 

    CCeer r ttoo??  MMaass  ccuuiiddaaddoo,,  uummaa  éé  mmeeddiiddaa  ddee  tteemmppoo,,  aa  oouuttr r aa  éé  mmeeddiiddaa  aanngguullaar r   ee  aass aabbr r eevviiaattuur r aass ssããoo ddiif f eer r eenntteess.. 

    CCoommppaar r aaççããoo  eenn tt r r ee  ggr r aauu  ee  tteemmppoo  

    MMEEDDIIDD A A EEMM GGRR A AUUSS  MMEEDDIIDD A A DDEE TTEEMMPPOO 

    11 ggr r aauu  ((11ºº ))  11 hhoor r aa  (( 11hh )) 

    11 mmiinnuuttoo  ((11´́ ))  11 mmiinnuuttoo  (( 11mm )) 

    11 sseegguunnddoo  ((11”” ))  11 sseegguunnddoo  ((11 sseegg )) 

     Acompanhe os exercícios na página a seguir:

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    24/294

     EE xx ee r r cc íí cc ii oo   r r ee ss oo ll vv ii dd oo   11 .. 55  

    Qual é o resultado da soma de dois ângulos que medem 30º 45’ 20” e 45º 14’ 40”?

    Solução: É uma simples operação aritmética:

    30º 45’ 20”

    + 45º 14’ 40”

    75º 59’ 60” -------------------------------------------- como 60” = 1’

     _ ___1’__ _

    75º 60’ ------------------------------------------------- como 60’ = 1º

     ___ 1º__ _

    76º 

    E x e rc í c i o   r r ee ss oo ll vv ii dd oo   11 . 66  

    Qual é o resultado da subtração do ângulo de 120º menos o ângulo de 35º 24’ 43”?

    Solução:

    Para facilitar a operação aritmética, vamos pegar o ângulo de 120º e transformá-lo em graus

    minutos e segundos.

    120º -------------------------------------  119º 59’ 60”

    - 35º 24’ 43’’

    84º 35’ 17”

    E x e rc í c i o   r r ee ss oo ll vv ii dd oo   11 . 7  

    Qual é o resultado da soma do ângulo de 320º mais o ângulo de 130º?

    Solução:

    Somando os dois ângulos, teremos:

    320º + 130º = 450º 

    Não devemos esquecer, porém, que a maior medida angular é de 360º;

    portanto, teremos que subtrair 360º do resultado obtido. Certo?

    Em navegação, não se trabalha com ângulos maiores do que 360º.

     Assim, o resultado da operação é:  450º – 360º = 90º

    Isto significa que 450º corresponde a uma volta completa mais 90º. Observe a figura

    1.15, na qual usaremos, mais uma vez, a rosa dos ventos para exemplificar.

    24

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    25/294

    25

    NAV 01

     

    Figura 1.15  – Ângulo de 450º. 

    11 .. 55   CC OO OO RR DD EE NN AA DD AA SS   GG EE OO GG RR ÁÁ FF II CC AA SS ::   LL AA TT II TT UU DD EE   EE   LL OO NN GG II TT UU DD EE  

    Este é um assunto de fundamental importância para o navegante; portanto,

    recomendamos que você o estude com muita atenção.

    11 .. 55 .. 11   LL aa tt ii tt uu dd ee   ee   LL oo nn gg ii tt uu dd ee  

    Qualquer posição na superfície da Terra é determinada pelas Coordenadas

    Geográficas, que utilizam como referência a linha do equador (00º)  e o meridiano de

    Greenwich – GW , (000º), e são chamadas de latitude e longitude, como veremos a seguir:

    LLaattiittuuddee ((ccuu j joo ssíímmbboolloo éé aa lleettr r aa ggr r eeggaa φφ ((FFII)))) éé aa ddiissttâânncciiaa eemm ggr r aauuss ((oouu oo aar r ccoo ddee 

    mmeer r iiddiiaannoo))  ccoommppr r eeeennddiiddaa  eennttr r ee  oo  eeqquuaaddoor r   ee  oo  ppaar r aalleelloo  ddaa  ppoossiiççããoo  qquuee  ssee  qquueer r  

    ddeef f iinniir r ..  A A llaattiittuuddee éé ccoonnttaaddaa ddee 0000ºº ((eeqquuaaddoor r )) aattéé 9900ºº ppaar r aa oo nnoor r ttee ((ppóólloo nnoor r ttee)) oouu 

    ppaar r aa oo ssuull ((ppóólloo ssuull))..  OObbsseer r vvee ccoomm aatteennççããoo aa f f iigguur r aa 11..1166.. 

    Figura 1.16 – Latitude.

    LLoonnggiittuuddee ((ccuu j joo ssíímmbboolloo éé aa lleettr r aa ggr r eeggaa λλ ((LLaammbbddaa)) )) éé aa ddiissttâânncciiaa,, eemm ggr r aauuss ((oouu 

    aar r ccoo ddee eeqquuaaddoor r )),, eennttr r ee oo mmeer r iiddiiaannoo ddee GGr r eeeennwwiicchh – – GGWW ee oo mmeer r iiddiiaannoo ddaa ppoossiiççããoo 

    qquuee  ssee  qquueer r   ddeef f iinniir r ..  A A  lloonnggiittuuddee  éé  ccoonnttaaddaa ddee  000000ºº  ((mmeer r iiddiiaannoo  ddee  GGr r eeeennwwiicchh – – 

    GGWW)) aattéé 118800ºº ppaar r aa LLeessttee oouu ppaar r aa OOeessttee ((aattéé oo aannttiimmeer r iiddiiaannoo ddee GGr r eeeennwwiicchh))..  VVee j jaa 

    aa f f iigguur r aa 11..1177.. 

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    26/294

     

    Figura 1.17 – Longitude.

    Lembre-se:Lembre-se: s

     26

    see ddeessee j jaammooss iir r  àà ccaassaa ddee aallgguuéémm,, éé nneecceessssáár r iioo qquuee ssaaiibbaammooss ssuuaass ““ccoooor r ddeennaaddaass””,,  oouu  ssee j jaa,,  sseeuu  eennddeer r eeççoo  ccoommppoossttoo  ddee  uumm  nnoommee  ddee  r r uuaa  ee  uumm 

    nnúúmmeer r oo..  A A  llaattiittuuddee  ee  aa  lloonnggiittuuddee  ccoonnssttiittuueemm  oo  ““eennddeer r eeççoo””  ddee  uumm  ppoonnttoo  nnaa 

    ssuuppeer r f f íícciiee tteer r r r eessttr r ee.. 

    Na informação sobre as coordenadas, sempre se indica primeiro a latitude e

    depois a longitude. 

    Muito bem, agora podemos concluir que, com as coordenadas geográficas, isto é, coma latitude e a longitude, conseguiremos determinar a posição de qualquer ponto na superfície

    da Terra e, sem dúvida, isto é de fundamental importância para o navegador.

    Mas, para você entender melhor esses conceitos, faça a alguns exercícios.

    EE xx ee r r cc íí cc ii oo   r r ee ss oo ll vv ii dd oo   11 .. 88  

    Um ponto é localizado na esfera terrestre por

    sua φ  e por sua λ. Então, na figura 1.18, quais

    serão as coordenadas dos pontos A e B? 

    Resposta:

    Observando a figura e aplicando as definições de

    latitude e longitude, concluímos que:

    Ponto A = Lat: 40º N Long: 20º W

    Ponto B = Lat: 25º S Long: 10º E.

    Figura 1.18 – Coordenadas dos pontos A e B. 

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    27/294

     

    1 .61 .6   PRINCIPAIS UNIDADES DE MEDIDAS UTILIZADAS NA NAVEGAÇÃO 

    Em navegação três são as unidades básicas: distância, velocidade e tempo. 

    Figura 1.19 –  Unidades básicas na navegação.

    27

    NAV 01

    11 .. 66 .. 11   UU nn ii dd aa dd ee   dd ee   DD ii ss tt ââ nn cc ii aa  

    É a milha náutica. Como é fácil compreender, a menor distância entre dois pontos

    quaisquer na superfície terrestre pode ser medida sobre o grande círculo que passa por esses

    pontos. É lógico, portanto, que a unidade de arco, o minuto, seja a unidade padrão para amedida de distância. Tal unidade de arco, entretanto, deve ser retificada. Para tanto, sabendo

    que a circunferência da Terra vale 40.000 km e que uma circunferência tem 360º, deduzimos

    que um grau valerá Km111360

    40.000 .

    Como um grau tem 60 minutos, um minuto de arco valerá 60

    111 1852 metros. 

    Esse valor foi adotado pelo Bureau Hidrográfico Internacional em 1929 como o valor

    padrão para a milha náutica.

    Para todos os propósitos práticos, um minuto de arco de meridiano terrestre, ou seja, um

    minuto de latitude, é igual a uma milha náutica.

    LEMBRE-SE: 1 milha = 1 minuto = 1.852 metros (isto é muito importante). 

      Outras unidades de distância: Existem outras unidades de distância, derivadas do sistema

    inglês de medidas, e, largamente usadas em navegação, sendo as mais comuns:

    ppéé ((f f tt))  00..330055  mm      uussaaddoo ccoommoo mmeeddiiddaa ddee ddiissttâânncciiaa vveer r ttiiccaall.. 

     j jaar r ddaa ((yydd))  00..991155  mm      uussaaddaa ccoommoo mmeeddiiddaa ddee ddiissttâânncciiaa hhoor r iizzoonnttaall.. 

    bbr r aaççaa ((f f hhtt))  11..883300 mm      uussaaddaa ccoommoo mmeeddiiddaa ddee ppr r oof f uunnddiiddaaddee eessppeecciif f iiccaammeennttee.. 

     A milha náutica é considerada para inúmeros fins de navegação como tendo 2.000 jardas.

    11 .. 66 .. 22   UU nn ii dd aa dd ee   dd ee   VV ee ll oo cc ii dd aa dd ee  

    É o  Nó, que é a velocidade desenvolvida pela embarcação em milhas por hora.  Ouseja, é a distância em milhas percorridas pela embarcação no intervalo de uma hora.

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    28/294

    Nó signif ica: milha por hora 

    Então, podemos afirmar que:

    1 nó = 1 milha por hora ( 1’/h)

    15 nós = 15 milhas por horas ( 15’/h ) 

     Antes de passarmos para a unidade de tempo que tal mais uma tarefa?

    TT aa r r ee f f aa   11 .. 22  

    Responda as questões abaixo.

    1.2.1) Qual é a importância das coordenadas geográficas para a navegação?

     _____________________________________________________________________________ 

     _____________________________________________________________________________

    1.2.2) Quais são as três unidades básicas de medidas na navegação?

     _____________________________________________________________________________ 

     _____________________________________________________________________________

    1.2.3) Uma milha náutica corresponde a quantos metros? _____________________________________________________________________________

    1.2.4) Qual é o resultado da operação 310º 35’ 50’’ – 160º 50’ 45’’?

     _____________________________________________________________________________

    28

    11 .. 66 .. 33   UU nn ii dd aa dd ee   dd ee   tt ee mm pp oo  

     A unidade de tempo é a hora, que, como sabemos, tem 60 minutos, e cada minuto, 60

    segundos. 

    Vejamos o que significa o termo singradura:

    Singradura: é o caminho percorrido por uma embarcação, em um determinado tempo.

     Assim, se a embarcação percorreu a distância de 300 milhas em 10 horas, sua singradura foi de

    300 milhas neste intervalo de tempo.

    Para calcularmos o Tempo de Viagem (T) entre dois pontos ( A e B ), usamos a fórmula:

    D = Distância

    V = Velocidade V

    DT    

    T = Tempo

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    29/294

     EE xx ee r r cc íí cc ii oo   r r ee ss oo ll vv ii dd oo   11 .. 11 00  

     A distância entre o ponto A e o ponto B é de 12,0 milhas. Sendo a velocidade da embarcação

    8,0 nós, quando tempo levará a viagem de A para B?

    Resposta:

    Usando a fórmula acima temos; T h1,58,0

    12,0  

    Mas temos que converter os décimos de hora em minutos, assim 1,5 h = 01 h 30 min.

    Logo, o tempo de viagem de A até B = 01h30min.

    É comum usar-se a regra do triângulo a seguir para lembrar sempre da operação

    aritmética a ser realizada:

    Faz-se assim: cobre-se com a mão a unidade que se deseja calcular; com as duas

    unidades que restarem efetua-se a operação. Se elas estiverem na mesma linha multiplica-se

    uma pela outra. Se estiverem uma em cima e a outra embaixo, divide-se.

    Resumindo:

    V

    DT    T.VD   

    T

    DV    

    29

    NAV 01

    CCoonn ss iidd ee r r aaççõõee ss  FF ii nnaa ii ss  

    Nesta unidade você teve a oportunidade de conhecer o máximo de informações sobre os

    princípios básicos da navegação. É de grande importância que você tenha entendido bem o que

    estudou para poder prosseguir no curso sem maiores dificuldades.

    Se for necessário, faça uma revisão da unidade.

    Verifique seus conhecimentos, realizando o teste a seguir.

    TT ee ss tt ee   dd ee   AA uu tt oo -- AA vv aa ll ii aa çç ãã oo   dd aa   UU nn ii dd aa dd ee   11  

    Faça o que se pede nos itens abaixo.

    1.1) Qual é a origem da contagem das latitudes e quais são os valores dos seus limites em

    graus? ____________________________________________________________________________

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    30/294

     30

    1.2) Qual é a latitude do pólo sul?

     ____________________________________________________________________________

    1.3) Qual é a finalidade do meridiano de Greenwich? Qual é o outro nome pelo qual ele é

    conhecido?

     ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________

    1.4) Quais são os dados necessários para se determinar a velocidade de uma embarcação?

     ____________________________________________________________________________

    1.5) Defina o nó.

     ____________________________________________________________________________

     ____________________________________________________________________________

    1.6) 2º 36’ correspondem a quantas milhas?

     ____________________________________________________________________________

    Assinale a opção correta:

    1.7) As direções norte, sul, leste e oeste são conhecidas como.

    (a) pontos laterais.

    (b) rosa dos ventos.

    (c) pontos cardeais.

    (d) pontos colaterais.

    1.8) A rosa dos ventos é graduada de:

    (a) 0º à 360º

    (b) 0º à 270º

    (c) 0º à 180º

    (d) 0º à 90º

    1.9) As coordenadas geográficas de um ponto são definidas.

    (a) pelo pólo norte e pólo sul.

    (b) pela latitude e longitude.(c) pelo meridiano de Greenwich.

    (d) pelo equador e paralelos.

    Resolva o problema a seguir.

    1.10) A embarcação “CIAGA” navegava com a velocidade de 8 nós. Qual foi a distância

    percorrida após 5 horas de singradura?

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    31/294

     

    C

    31

    NAV 01

     Parabéns por ter vencido esta primeira etapa da viagem.

    Ao concluir a Unidade 1, você já domina os fundamentos básicos da

    navegação, portanto continue sua viagem.

    Navegue com segurança para a Unidade 2, e estude sobre as

    “Agulhas Náuticas”.

    Chhaavvee ddee RReessppoossttaass ddaass TTaar r eef f aass ee ddoo TTeessttee ddee AAuuttoo--AAvvaalliiaaççããoo ddaa UUnniiddaaddee 11.. 

    Corrija e veja como foi seu aprendizado nesta unidade;Tarefa 1.1

    1.1.1) Navegação costeira é aquela que é realizada com terra à vista, na distância de 3 a 50

    milhas da costa, valendo-se a navegante de acidentes naturais ou artificiais, em terra,

    para determinar a posição da embarcação.

    1.1.2) Navegação em águas restritas é aquela realizada a menos de 3 milhas da costa nas

    proximidades de portos, baías, canais, rios e lagos.

    1.1.3) Meridianos.

    Tarefa 1.21.2.1)  A importância das coordenadas geográficas para a navegação é que através delas

    pode-se determinar a posição da embarcação.

    1.2.2) Distância (milha); velocidade (nó) e tempo (horas, minutos e segundos)

    1.2.3) 1852 metros

    1.2.4) 149º 45’ 05”

    Teste de Auto-Avaliação da Unidade 1

    1.1) Equador, de 00º a 90º para o norte ou sul.

    1.2) 090º S1.3) Serve como referência para a contagem das longitudes. É conhecido como primeiro

    meridiano.

    1.4) Distância percorrida e o tempo de viagem entre 2 pontos.

    1.5) Nó é a unidade de velocidade e é definido como a distância em milhas, percorrida pela

    embarcação no intervalo de 1 hora.

    1.6) 156 milhas 1.8) Letra “a” 1.10) 40 milhas

    1.7) Letra “c” 1.9) Letra “b”

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    32/294

     32

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    33/294

    33

    NAV 01

    UUNNIIDDAADDEE 22  

    AAGGUULLHHAASS NNÁÁUUTTIICCAASS 

    NNeessttaa uunniiddaaddee,, vvooccêê iir r áá aappr r eennddeer r  ssoobbr r ee:: 

    O magnetismo terrestre;

    A agulha magnética;

    A declinação magnética e o desvio da agulha;

    A compensação da agulha magnética;

    A agulha giroscópica;

    A agulha fluxgate

    “Não existem ventos favoráveis para quem não

    sabe o caminho a seguir”(Sêneca)

    Para navegar, ventos favoráveis não são suficientes, logo a embarcação para chegar ao

    porto de destino, precisa de uma boa condução, rumos bem traçados e todas as máquinas e

    equipamentos de bordo em pleno funcionamento. Nessa perspectiva, a agulha náutica é a

    bússola que aponta a direção correta do caminho a seguir.

    Os dois problemas principais da navegação, para ir de um ponto a outro através de rios e

    oceanos, são resolvidos respondendo as perguntas: “onde estou?” e “para onde vou?”.  As

    respostas para estas perguntas estão na determinação da posição e na determinação da

    direção a seguir, através da agulha.

    Nesta unidade você aprenderá sobre a importância das agulhas náuticas para o sucesso

    da navegação. 

    2 . 1 C L A S S I F I C A Ç Ã O D A S A G U L H A S N Á U T I C A S  

     A agulha náutica é o instrumento que fornece a direção da embarcação, aponta o rumo e

    soluciona um dos problemas da navegação, respondendo à pergunta “para onde vou”?

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    34/294

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    35/294

     

    Figura 2.3  – Agulha Magnética Portátil. Figura 2.4 – Agulha Magnética Esférica.

      Rumo: é o ângulo formado entre a direção de referência e a direção a ser seguida.

    Sendo a direção de referência o norte e a direção a ser seguida a indicada pela proa da

    embarcação.

      Marcação:  é a direção horizontal de um ponto com referência a outro, medida em

    relação a uma direção fixa de referência. Essa direção fixa pode ser o norte ou a proa daembarcação.

    Os rumos  e marcações, conforme o modo de medir podem ser circulares  ou

    quadrantais.  Os rumos  e marcações circulares  são medidos de 000º a 360º, no sentido

    horário, a partir do norte. Os rumos e marcações quadrantais são medidos de 00º à 90º, a

    partir do norte ou do sul, para leste e para oeste.

    Não mais se usam, hoje em dia, agulhas com graduações quadrantais, mas certas

    tábuas de navegação ainda às utilizam. Por isso, torna-se necessário o seu conhecimento.

    O

    35

    NAV 01

    O r r uummoo ddeeppeennddee ddaa ddiir r eeççããoo f f iixxaa ddee r r eef f eer r êênncciiaa ddaa aagguullhhaa..  QQuuaannddoo eessssaa ddiir r eeççããoo f f oor r  

    oo nnoor r ttee vveer r ddaaddeeiir r oo,, tteer r eemmooss oo r r uummoo vveer r ddaaddeeiir r oo.. QQuuaannddoo aa ddiir r eeççããoo ddee r r eef f eer r êênncciiaa f f oor r  

    oo  nnoor r ttee  mmaaggnnééttiiccoo,,  tteer r eemmooss  oo  r r uummoo  mmaaggnnééttiiccoo..  EE  ssee,,  ppoor r   mmoottiivvoo  qquuee  vveer r eemmooss  aa 

    sseegguuiir r ,, aa aagguullhhaa aappoonnttaar r  ppaar r aa uummaa ddiir r eeççããoo f f iixxaa qquuee llhhee éé ppr r óóppr r iiaa,,  tteer r eemmooss oo r r uummoo 

    ddaa aagguullhhaa.. 

     As agulhas náuticas se classificam de acordo com o modo de obtenção de sua força

    diretiva, que é a força que faz com que a agulha aponte para uma direção fixa.

    Quando a agulha obtém sua força diretiva do campo magnético terrestre, tem-se a“agulha magnética”. A “agulha  giroscópica”  obtém sua força diretiva do movimento de

    rotação da Terra.

     A agulha giroscópica  é uma agulha eletrônica moderna, mais precisa e de fácil

    utilização.

     A agulha magnética é um dos instrumentos mais antigos da navegação, o que viabilizou

    as grandes viagens dos descobrimentos. Apesar de ser antiga, é muito eficaz ainda hoje,

    principalmente devido à sua simplicidade, reforçado pelo fato de que seu funcionamento

    depende única e exclusivamente de um fenômeno natural: o magnetismo. 

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    36/294

    Portanto, antes de falarmos sobre agulhas magnéticas, precisamos ter noções do que

    vem a ser o magnetismo.

    2 . 2 N O Ç Õ E S D E M A G N E T I S M O  

    Desde a mais remota Antiguidade, observou-se que certos corpos têm a propriedade de

    atraírem e serem atraídos ou repelidos por outros corpos que se encontrem nas suas

    vizinhanças. Essa propriedade ficou conhecida como magnetismo. Os minerais que possuem

    essa propriedade são denominados de ímãs ou magnetos.

    Os ímãs podem ser naturais ou artificiais:

      Naturais  – quando são encontrados na natureza, sem a interferência humana.

      Artificiais  – quando necessitam de tratamento de imantação para obterempropriedades magnéticas.

    36

    22 .. 22 .. 11   EE ll ee mm ee nn tt oo ss   dd ee   uu mm   ÍÍ mm ãã  

    Se tomarmos um imã sintético, em forma de barra, conforme mostra a figura 2.5,

    verificaremos o seguinte:

      A força máxima do ímã encontra-se próxima de suas extremidades, sendo

    denominadas pólo positivo e pólo negativo. 

    Figura 2.5 – Imã e seu campo magnético regular

      Ao aproximar dele um outro ímã, haverá uma atração através dos pólos contrários

    (positivo de um e negativo do outro) e vão se repelir através dos pólos iguais (positivo de um epositivo do outro, ou negativo e negativo).

      Existe uma área em volta do ímã, onde a ação magnética exerce influência, que é

    conhecida como campo magnético. 

      O campo magnético é formado por inúmeras linhas de força nas quais o magnetismo

    atua. As linhas de força vão de um pólo a outro do ímã.

    Observado isto, devemos ressaltar que, no caso de ímãs com formas regulares e

    simétricos, serão gerados campos magnéticos homogêneos, isto é, formados por linhas de

    força magnética regulares (conforme a figura 2.5). Conseqüentemente, ímãs de forma irregularterão campos magnéticos formados por linhas de força também irregulares. Veja a figura 2.6.

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    37/294

     Figura 2.6 – Imã e seu campo magnético irregular

    Chama-se região polar norte do ímã àquela que fica voltada para o pólo norte da terra a

    região polar sul àquela que fica voltada para o pólo sul.

    Convencionou-se pintar a região polar que aponta para o pólo norte magnético, de

    vermelho e a região que aponta para o pólo sul de azul.

    A principal aplicação dos ímãs na navegação é na agulha magnética.

    A agulha magnética é, essencialmente, um ímã artificial especialmente

    construído para apontar em uma direção particular, o norte magnético.

    C

    37

    NAV 01

    Coo mmoo ssee  cc hhaammaa  aa  áá r r ee aa  oonnddee uumm  ii mmãã eexx ee r r cc ee  ssuuaa  aaççãã oo  mm aaggnn éé tt ii ccaa??  

    22 .. 22 .. 22   MM aa gg nn ee tt ii ss mm oo   TT ee r r r r ee ss tt r r ee  

     A  Terra, cuja constituição é formada por material magnético aleatoriamente distribuído,

    comporta-se como um grande ímã, tendo no hemisfério norte a polaridade negativa (Pólo NorteMagnético) e no hemisfério sul a polaridade positiva (Pólo Sul Magnético). (Veja figura 2.7a)

    Figura 2.7a – Campo magnético terrestre

    Desta forma, podemos concluir que qualquer barra imantada livremente suspensa se

    orientará pelo campo magnético da Terra. Ou seja: o pólo norte magnético (-) atrairá o pólo

    positivo da barra, assim como o pólo sul magnético (+) atrairá o pólo negativo da barra. Essa é

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    38/294

    a propriedade em que se baseiam as bússolas ou agulhas magnéticas; voltam uma das

    extremidades sempre para a mesma direção, o norte magnético.

    Entretanto, devemos saber que os pólos magnéticos da Terra não coincidem com os

    pólos geográficos (pólos verdadeiros). (Observe a figura 2.7b).

    Figura 2.7b – Pólos geográfico e magnético da Terra.

    Lembre-se: o magnetismo terrestre não se prova, constata-se. 

    Muito bem, agora que você já sabe o que é magnetismo e que o planeta Terra se

    comporta como um grande ímã vai ficar mais fácil entender o funcionamento básico de uma

    agulha magnética.

    38

    22 .. 33   AA GG UU LL HH AA   MM AA GG NN ÉÉ TT II CC AA  

    A agulha magnética nada mais é que uma haste, ou várias hastes de ferro imantadas e

    dispostas por baixo de um círculo graduado de 0º a 360º, denominado rosa-dos-ventos,

    suspensa por um estilete de forma a poder girar livremente e, portanto, dar indicações de

    direções em relação a uma referência na superfície da terra, referência essa que como vimos é

    o norte magnético. 

     As agulhas magnéticas podem ser líquidas ou secas, porém o funcionamento básico é

    sempre o mesmo.

     As agulhas para se considerarem boas devem ter duas características:

      sensibi l idade  

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    39/294

     

      estabil idade  

    Essas duas propriedades são incompatíveis, ou seja, se uma aumenta, a outra diminui.

    Pela sensibilidade,  a agulha deve indicar as mínimas variações de rumo, essa é acaracterística da agulha seca.

    Pela estabilidade  o rumo que a agulha indicar deve ser mantido a despeito de outros

    movimentos do navio: caturro, arfadas e balanços. A agulha que atende a essa característica é a

    agulha líquida.

    Não convém que a agulha de bordo seja muito sensível, por isso a agulha magnética

    líquida é a mais usada a bordo e será aqui descrita.

    39

    NAV 01

    22 .. 33 .. 11   PP aa r r tt ee ss   CC oo mm pp oo nn ee nn tt ee ss   dd aa   AA gg uu ll hh aa   MM aa gg nn éé tt ii cc aa  

    Observe as figuras; 2.8 e 2.9, que representam os mecanismos interno e externo de uma

    agulha magnética líquida de um navio, e acompanhe a descrição a seguir:

    Figura 2.8 – Agulha magnética.

    Figura 2.9 – Bitácula da agulha.

      Cuba  – é um recipiente com tampa de vidro, hermeticamente fechado, onde é

    colocada a agulha propriamente dita. Ela tem forma de calota esférica (uma espécie de bacia)

    e é pintada internamente de branco com uma linha vertical em preto, orientada na direção da

    proa do navio. Essa linha em preto é denominada linha de fé.

     As cubas são cheias de líquido, geralmente mistura de água destilada (70%) com álcool

    (30%), essa mistura permite baixar a temperatura de congelamento do liquido, permitindo seu

    uso em regiões muito frias. Algumas têm fundo de vidro para que possa ser feita a iluminação

    por baixo e permitir a leitura da rosa de um compartimento inferior (passadiço).

      Estilete  – pino fixado no fundo e no centro da cuba, verticalmente. É sobre esse

    estilete que a agulha propriamente dita se apóia. A ponta do estilete deve ser de um aço bemduro ou de irídio.

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    40/294

     40

      Capitel – é uma peça presa no centro da rosa dos ventos e que se apóia no estilete.

      Flutuador  – é uma câmara de ar, em forma de calota esférica, onde são presas as

    barrinhas imantadas (agulhas) e a rosa dos ventos, permitindo a rosa flutuar no líquido, quase

    sem atrito com o estilete.

      Agulha propriamente dita  – as agulhas de hoje não usam apenas uma barra

    imantada, usam várias. Essa divisão de uma única barra grande em diversas menores tem

    como finalidade aumentar o momento magnético, assim garantindo uma maior força diretriz

    para melhor distribuir e diminuir o peso.

      Rosa dos ventos – é um disco graduado que indica a direção do plano longitudinal do

    navio em relação ao meridiano magnético. A graduação hoje adotada universalmente é a

    circular, 0º a 360º no sentido horário. O norte — sul das rosas está alinhado com o norte — sul

    dos ímãs artificiais, que são as agulhas. Pólo norte dos ímãs na mesma direção do norte da

    rosa.

      Suspensão Cardan – é um dispositivo formado por dois anéis circulares concêntricos

    que giram entre os eixos perpendiculares entre si, e destina-se a conservar a cuba sempre no

    plano horizontal a despeito dos movimentos de balanço e caturro da embarcação.

      Bitácula  – é a base onde é instalada a agulha e sua suspensão. A bitácula possui

    alojamento onde são colocados os ímãs compensadores, as esferas quadrantais (também

    denominadas de esferas de Barlow), a barra de Flinders, o dispositivo elétrico para iluminação

    da rosa, e um inclinômetro que é destinado a indicar as inclinações transversais do navio

    (bandas).

      Tampa da bitácula  – a bitácula possui uma tampa de metal onde existe um

    dispositivo para iluminação de emergência à bateria.

      Compensadores – montados na bitácula, quer internamente, quer externamente. São

    ímãs permanentes de ferro duro e peças de ferros doces que têm como finalidade diminuir ou

    anular os desvios da agulha.

     As agulhas líquidas devem ter a cuba sempre bem cheia, sem bolhas. 

    Para eliminar as bolhas da agulha, retira-se a cuba da suspensão e ela é colocada de

    modo que o orifício lateral fique para cima. Retira-se o bujão roscado, reenche-se com águadestilada, usando uma seringa, e recoloca-se o bujão.

    Agulha com bolhas dá indicações erradas

    Desta forma, com um mecanismo bastante simples, a agulha magnética se orientará

    através das linhas de força do campo magnético da Terra, assim como uma barra livremente

    suspensa. Certo?

     As linhas de força que formam o campo magnético da Terra, em navegação, são

    denominadas de meridianos magnéticos, isto porque vão do pólo norte magnético ao pólo sulmagnético, assim como os meridianos verdadeiros (geográficos), que vão de um pólo a outro.

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    41/294

    Entretanto, sabemos que a Terra comporta-se como um grande ímã de forma irregular,

    este fato faz com que os meridianos magnéticos se apresentem também irregulares. Veja a

    figura 2.10.

    Figura 2.10 – Meridianos magnéticos.

    Como é necessário ao navegante ter direções referentes ao norte geográfico, também

    conhecido por nós como Norte Verdadeiro  – Nv, e não em relação ao norte magnético, deve-

    se corrigir a direção fornecida pela agulha magnética. Correto? Muito bem, a seguir trataremos

    desse assunto.

    LLeemmbbr r ee--ssee::  A

    41

    NAV 01

     Aoo  ssee  ttr r aabbaallhhaar r   nnaa  ccaar r ttaa  nnááuuttiiccaa,,  nneellaa  ssóó  ssããoo  ttr r aaççaaddooss  eelleemmeennttooss  vveer r ddaaddeeiir r ooss 

    ((r r uummooss  ee  mmaar r ccaaççõõeess))..  A Assssiimm,,  ssee  ssuuaa  eemmbbaar r ccaaççããoo  ssóó  ddiissppuusseer r   ddee  aagguullhhaa 

    mmaaggnnééttiiccaa,,  ooss  eelleemmeennttooss  mmaaggnnééttiiccooss  ttêêmm  qquuee  ssee  ccoonnvveer r ttiiddooss  ppaar r aa  vveer r ddaaddeeiir r ooss 

    aanntteess ddee sseer r eemm llaannççaaddooss nnaa ccaar r ttaa.. 

     Aproveite este momento e faça uma parada. A seguir, verifique seus conhecimentos,

    realizando a tarefa abaixo:

    TT aa r r ee f f aa   22 .. 11  

    Responda, agora, às seguintes questões:  

    2.1.1) Quais são os dois tipos básicos de agulhas náuticas?

     ____________________________________________________________________________ 

     ___________________________________________________________________________

    2.1.2) Por que a agulha magnética padrão de bordo é localizada no tijupá?

     ____________________________________________________________________________ 

     ____________________________________________________________________________

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    42/294

     42

    2.1.3) O que indica a linha de fé de uma agulha?

     ____________________________________________________________________________ 

     ____________________________________________________________________________

    22 .. 33 .. 22   DD ee cc ll ii nn aa çç ãã oo   MM aa gg nn éé tt ii cc aa  

    Como vimos a direção fornecida pela agulha magnética necessita de algumas correções a

    fim de que o navegante obtenha direções verdadeiras, referentes ao norte verdadeiro – Nv,

    para que possa realizar uma navegação correta e segura. 1 

    Portanto, estudaremos como corrigir as direções fornecidas pela agulha magnética e você

    verá como são simples tais correções, bastando ter atenção e aprender alguns conceitos.

    Em operação, uma agulha magnética  tende a orientar-se segundo o meridiano

    magnético que passa pelo local.

    Chama-se declinação magnética (dm)  a diferença, em direção, entre o meridianomagnético e o meridiano verdadeiro (ou geográfico).

    CCoommoo aa TTeer r r r aa nnããoo éé hhoommooggeenneeaammeennttee ccoonnssttiittuuííddaa,, éé  f f áácciill  ccoommppr r eeeennddeer r mmooss qquuee 

    eemm lluuggaar r eess ddiif f eer r eenntteess oo mmaaggnneettiissmmoo tteer r r r eessttr r ee nnããoo tteer r áá oo mmeessmmoo vvaalloor r  ee,, ppoor r ttaannttoo,, 

    aa ddeecclliinnaaççããoo mmaaggnnééttiiccaa vvaar r iiaar r áá ddee  llooccaall  ppaar r aa  llooccaall  ddaa ssuuppeer r f f íícciiee  tteer r r r eessttr r ee..  A Alléémm 

    ddiissssoo,, sseeuu vvaalloor r  eemm ccaaddaa llooccaall ttaammbbéémm nnããoo éé ccoonnssttaannttee,, aappr r eesseennttaannddoo vvaar r iiaaççõõeess 

    aannuuaaiiss.. 

    Observando a figura 2.11, você pode

    verificar que se souber a diferença angular entre

    o meridiano magnético e o meridiano verdadeiro,

    que é a própria declinação magnética, poderá

    corrigir a direção fornecida pela agulha

    magnética e obter a direção verdadeira, que é o

    que interessa ao navegante. Certo?

    Figura 2.11 – Declinação magnética.

    Veja, também, que a declinação magnética (dm)  poderá ser leste (E), ou seja, o

    meridiano magnético passará a direita do meridiano verdadeiro. Neste caso, quando somarmos

    a declinação magnética à direção fornecida pela agulha, obteremos a direção verdadeira. Veja

    a figura 2.12.

    1. Todo navio com AB (arqueação bruta) igual ou maior que 150 deve estar equipado com uma agulha magnética padrão euma agulha magnética de governo, a menos que seja claramente legível pelo timoneiro a informação do rumo pela agulhapadrão.

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    43/294

     

    Figura 2.12 – Declinação magnética para Leste.

    Mas a declinação magnética (dm) também poderá ser oeste (W), quando o meridiano

    magnético passar à esquerda do meridiano verdadeiro. Neste caso ao subtrairmos a declinação

    magnética da direção fornecida pela agulha magnética, obteremos a direção verdadeira. Veja a

    figura 2.13. 

    Figura 2.13 – Declinação magnética para Oeste.

    Bem, mas aí você perguntará:

    O n d e e n c o n t ra re i a d e c l i n a ç ã o m a g n é t i c a ?

    É simples: o valor da declinação magnética  de um determinado local é encontrado no

    interior das rosas dos ventos nas cartas náuticas e referidas a um determinado ano, assimcomo a sua variação anual.

    Importante:

    Como a declinação magnética sofre variações anuais, seu valor deve ser

    atualizado desde o ano de seu levantamento até o ano vigente.

     A declinação magnética  é expressa em graus e minutos, seguida pela letra W  ou E,

    conforme o caso, e seu valor arredondado para o número inteiro mais próximo.

     A variação anual é expressa em graus e minutos, entre parênteses, após a declinação,

    seguida das letras E ou W indicando sua direção.

    43

    NAV 01

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    44/294

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    45/294

     Acompanhe o exercício a seguir e verifique como é simples obter a declinação

    magnética (dm) atualizada para o ano em vigor.

    EE xx ee r r cc íí cc ii oo   r r ee ss oo ll vv ii dd oo   22 .. 11  

    Estando uma embarcação na área em cuja carta consta a figura 2.14, calcule a

    declinação magnética do local para o ano de 2007.

    Solução:

     A declinação magnética registrada na carta acima é de 4º 15’ W para 1990, com

    decréscimo anual de 8’ (E). Logo, como estamos navegando nesta área em 2007, precisamos

    atualizar a dm. Para tanto, basta um simples cálculo:

    2007 – 1990 = 17 anos

    Como, para cada ano que passa diminui, 8’ ; logo 17 x 8’ = 136’, que é o mesmo que 2º e

    16’, então:

    04º 15’W – 2º 16’ E = 1º 59’ W

    Para 2007, o valor da declinação magnética é: dm = 1º 59’ W, ou seja, arredondando = 2º W

    Observe que a declinação magnética (dm) para 2007, naquela área, sendo 2º para Oeste

    (W), isto significa que o meridiano magnético passa à esquerda do meridiano verdadeiro. Veja

    a figura 2.15

    Figura 2.15 – Declinação Magnética 2o W.

    Você pode verificar também que, para obter direções verdadeiras, bastará subtrair a

    declinação magnética atualizada da direção fornecida pela agulha.

    Entendeu? Se tiver dúvida não se preocupe, trataremos deste assunto, detalhadamente,

    ao longo do módulo.

    Logo, fica fácil entender que:

    45

    NAV 01

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    46/294

     

    Declinação Magnética (dm) é o ângulo formado entre o norte verdadeiroo norte magnético, contado a partir do norte verdadeiro para leste (E) oupara oeste (W).

    46

    22 .. 33 .. 33   DD ee ss vv ii oo   dd aa   AA gg uu ll hh aa  

     A agulha magnética, como você viu, deve apontar para o norte magnético  da Terra.

    Entretanto, se a levarmos para bordo ela seguramente não apontará para aquela direção. Por

    quê?

    Qualquer embarcação possui a bordo (ou para lá levamos) objetos de ferro ou aço. Tais

    materiais e os equipamentos elétricos de bordo possuem magnetismo, tendo cada um deles

    seu campo magnético próprio.

    Esses materiais – chamados em seu conjunto de ferros de bordo – vão proporcionar a

    existência de um campo magnético, que, em função da proa  da embarcação, estará se

    compondo de uma determinada maneira com o campo magnético terrestre do local.

    Essa composição do campo magnético terrestre do local com o campo magnético dos

    ferros de bordo impedirá que a agulha magnética  aponte para o norte magnético, como

    vimos anteriormente.

    A agulha magnética  estará apontando, então, para uma direção que tem como

    referência um norte imaginário,  que denominamos de norte da agulha (na), e varia de

    embarcação para embarcação.  Ao ângulo formado entre a direção que a agulha deveria

    apontar e aquela que efetivamente aponta denominamos de desvios de agulha. (da) (Figura2.16)

    Figura 2.16 – Desvio da agulha (para W).

     Assim como a declinação magnética, o desvio da agulha (da), também poderá ser para

    ser para leste (E) ou para oeste (W) em relação ao norte magnético – Nmg. 

    Perceba que, como o desvio da agulha (da) é uma variação que ocorre por influência

    dos ferros de bordo, verifica-se que para cada proa (rumo) da embarcação haverá um desvio

    correspondente.

     Agora você deve estar se perguntando:

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    47/294

     C o m o o b t e r o d e s v i o d a a g u l h a ?  

    Na verdade, existe um profissional, que denominamos de compensador, que irá a bordo

    para minimizar e determinar os desvios da agulha (da) para cada proa (rumo) da embarcação,e que, após a compensação, confeccionará uma tabela ou curva de desvios da agulha.

    Essa tabela ou curva de desvios residuais da agulha  (desvios que não se consegue

    eliminar) possibilitará ao navegante obter, a qualquer momento, o desvio da agulha magnética

    em relação à proa (rumo) da embarcação.

    O ANEXO 1 deste módulo reproduz a curva de desvios residuais da embarcação

    “CIAGA”; acompanhe o próximo exercício utilizando essa curva.

    Para usar curva de desvios, entra-se com o rumo  magnético na coluna vertical da

    esquerda e anda-se na horizontal até encontrar a curva, sobe-se na vertical e acha-se o desvioda agulha, para este rumo.

    EE xx ee r r cc íí cc ii oo   r r ee ss oo ll vv ii dd oo   22 .. 22  

    Estando a embarcação “CIAGA” com o rumo na sua agulha magnética de 90º, qual é o

    desvio da agulha (da) para esta proa?

    Solução: 

    Consultando curva de desvios do ANEXO 1 (entrando com o rumo magnético) verificamosque, para uma proa de 90º a curva indica um desvio de 3º E, o que significa que para esta proa

    os ferros de bordo alteram a direção fornecida pela agulha magnética em 3º para a direita do

    norte magnético. Veja a figura 2.17

    Figura 2.17 – Desvio da agulha (3º para E).

    Neste caso, fica fácil entender que, para corrigirmos o desvio  da agulha (da), basta

    somarmos 3º ao rumo da agulha para acharmos o rumo magnético. Entendeu?

    Podemos, assim, definir:

    47

    NAV 01

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    48/294

     48

    Desvio da agulha (da): é o ângulo formado entre o norte magnético (Nmg)

    e o norte da agulha (Na), contado a partir do norte magnético para leste

    (E) ou para oeste (W).

    Vamos verificar o que foi estudado? Realize a tarefa a seguir.

    TT aa r r ee f f aa   22 .. 22  

    Responda, agora, às seguintes questões: 

    2.2.1) Por que a agulha magnética líquida é mais usada a bordo e qual é o tipo de líquido

    usado nela?

     ____________________________________________________________________________  ____________________________________________________________________________

    2.2.2) Por que o pólo norte magnético não coincide com pólo norte verdadeiro?

     ____________________________________________________________________________ 

     ____________________________________________________________________________

    2.2.3) Como é conhecido o ângulo formado entre norte magnético e o norte da agulha?

     ____________________________________________________________________________ 

     ____________________________________________________________________________

    22 .. 33 .. 44   VV aa r r ii aa çç ãã oo   tt oo tt aa ll   dd aa   aa gg uu ll hh aa   (( VV TT ))  

     A A vvaar r iiaaççããoo  ttoottaall ddaa aagguullhhaa  ((VVTT)) nnaaddaa mmaaiiss éé ddoo qquuee aa ssoommaa aallggéébbr r iiccaa ddaass dduuaass 

    ccoor r r r eeççõõeess qquuee  ttêêmm qquuee sseer r   f f eeiittaass àà ddiir r eeççããoo  f f oor r nneecciiddaa ppeellaa aagguullhhaa mmaaggnnééttiiccaa,, oouu 

    ssee j jaa,,  aa  ddeecclliinnaaççããoo  mmaaggnnééttiiccaa  ((ddmm))  ee  oo  ddeessvviioo  ddaa  aagguullhhaa  ((ddaa)),,  aa  f f iimm  ddee  oobbtteer r   aa 

    ddiir r eeççããoo vveer r ddaaddeeiir r aa,, éé oo qquuee iinntteer r eessssaa aaoo nnaavveeggaannttee.. 

    Variação Total (VT)

    Obs.: Nomes iguais soma, nomes diferentes subtrai. 

    Vamos a um exercício para você entender melhor.

    E x e rc í c i o   r r ee ss oo ll vv ii dd oo   22 .. 3  

     A embarcação “CIAGA” esta navegando com um rumo fornecido pela sua agulha

    magnética de 090º, em uma região onde a declinação magnética é de 12º E. Qual é a  variação

    total a ser aplicada à direção fornecida pela agulha para termos a direção verdadeira?

    VT = dm ± da

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    49/294

     

    Solução:

    Basta somarmos algebricamente os 12º E, referentes à declinação magnética (dm) com

    os 3º E, referentes ao desvio da agulha (da) fornecido pelo diagrama para esta proa (90º).

    VT = dm ± da

    VT = 12ºE + 3ºE

    VT = 15º E

    Você já tomou conhecimento de que a proa de uma embarcação pode ter três nortes de

    referência: norte verdadeiro, norte magnético e o norte da agulha.

     Analise a figura 2.18, na qual aparecem três ângulos que são contados de 000º a 360º,

    partindo de cada norte, no sentido horário, até a proa e que são chamados de rumos.

    Figura 2.18 – Rumos a partir dos nortes de referência.

    ATENÇÃO:

    Este assunto será abordado com mais detalhes na unidade 4 deste modulo. 

    Observe a figura 2.19 (solução gráfica do exercício 2.3 acima) e verifique, através do 

    calunga, que é este desenho do Norte Verdadeiro (Nv), Norte Magnético (Nmg) e do Norte da

     Agulha (Na), como fica mais claro entender o que é variação total.

    49

    NAV 01

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    50/294

     

    Figura 2.19 – Calunga com VT e rumos diversos.

    Sempre que você fizer um cálculo deste tipo, faça o calunga  também, pois facilitará o

    entendimento e a compreensão da soma algébrica.

    Perceba, também, que a direção verdadeira (rumo verdadeiro) em que está navegando a

    embarcação “CIAGA” é de 105º. Correto?

    Exercício  r r ee ss oo llvv ii ddoo  22 ..4  

    Considerando que a embarcação “CIAGA” continua navegando no mesmo rumo da

    agulha do exercício anterior (090o), encontrando-se agora em uma área onde a declinação

    magnética é de 23oW, qual é a variação total a ser aplicada para se obter o rumo verdadeiro?

    Solução:

    Fazendo a soma algébrica entre a declinação magnética e o desvio da agulha, agora com

    sinais diferentes, isto é, uma é leste (E) e a outra é oeste (W). Na verdade, haverá uma

    subtração. Observe o calunga da figura 2.20.

    VT = dm ± da

    VT = 23º W – (3º E)

    VT = 20º W

    Figura 2.20 – Variação Total.

    50

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    51/294

    Concluímos que o rumo verdadeiro é de 70º (90º-20º)e que:

    Variação Total (VT) é o ângulo formado entre o norte verdadeiro (Nv)

    e o norte da agulha (Na), contada a partir do norte verdadeiro para

    leste (E) ou para oeste (W).

    51

    NAV 01

    22 .. 33 .. 55   FF oo r r çç aa ss   qq uu ee   aa tt uu aa mm   ss oo bb r r ee   uu mm aa   AA gg uu ll hh aa   MM aa gg nn éé tt ii cc aa  

    Uma agulha magnética instalada a bordo de um navio, sofre a influência das seguintes

    forças magnéticas:

      Magnetismo terrestre: que atua sobre a agulha, levando-a a orientar-se na

    direção do meridiano magnético. É o causador da Declinação Magnética. 

      Magnetismo causado pelos ferros de bordo: que pode ser classificado em duas

    categorias:

      Magnetismo permanente:  causado pelos ferros duros  (com grande quantidade

    de carbono). Tudo se passa como se o casco fosse um grande ímã inalterável.

      Magnetismo induzido: causado pelos ferros doces (com pequena quantidade de

    carbono). Imantam-se e desimantam-se rapidamente, desde que cessem as

    causas. É o mais difícil de compensar ou eliminar.

    22 .. 33 .. 66   CC oo mm pp ee nn ss aa çç ãã oo   dd aa   AA gg uu ll hh aa   MM aa gg nn éé tt ii cc aa  

     A compensação é operação que tem por fim anular ou reduzir a valores muito pequenos, osdesvios da agulha causados pelos ferros de bordo. Após a compensação, os desvios não eliminados

    passam a ser chamados desvios residuais.2 

    Por norma, uma agulha magnética deve ser compensada sempre que seus desvios

    excederem 3º. 

     A compensação é levada a efeito por meio de corretores, instalados na agulha e

    constituídos por:

    a) ímãs permanentes (barras) que se introduzem no interior da bitácula;

    b) compensadores externos de ferro doce, constituídos pelas esferas de Barlow e a barra

    de Flinders.

    22 ..33 .. 77  MMééttoo ddooss  UUtt ii ll ii zzaa ddoo ss  ppaa r r aa  aa  DD ee ttee r r mmii nn aaçç ããoo  dd ooss  DDeessvv ii ooss  dd aa  AAgguull hh aa

     

    Os métodos mais freqüentemente utilizados para determinação dos desvios e preparo da

    tabela e curva de desvios são:

      comparação com a agulha giroscópica;

    2. Toda agulha magnética deve estar devidamente compensada e sua tabela ou curva de desvios disponível para uso aqualquer tempo. 

  • 8/20/2019 01 - NAVEGAÇÃO

    52/294

     52

      alinhamentos; e

      azimutes de astros (utilização na navegação astronômica).

    Qualquer que seja o método utilizado, ao proceder à determinação dos desvios, o navio

    deve estar compassado e nas condições normais de navegação. As observações efetuam-se

    em proas eqüidistantes (15º, 30º ou 45º), geralmente no decorrer de giros completos do navio.  

    1º Método: Determinação dos desvios por comparação com a agulhagiroscópica.

    É o procedimento corrente mais utilizado nos navios para determinação dos desvios da

    agulha.

    Durante a determinação dos desvios, o navio dá um giro completo e, em cada um dos

    rumos da giroscópica navegados correspondentes aos rumos magnéticos eqüidistantes

    previamente escolhidos, anota-se o rumo da agulha. Sabendo-se a declinação magnética dolocal, compara-se o rumo magnético com o rumo da agulha anotado. Se houver diferença entre,

    os 2 rumos, ela será o desvio da