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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULFACULDADE DE FARMCIA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS FARMACUTICAS
Avaliao da fotoestabilidade do cetoconazol e determinao da atividade
antifngica e da segurana biolgica in vivoe in vitrodo xampu de
cetoconazol
Tese de Doutorado
Inara Staub
Porto Alegre, 2005.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULFACULDADE DE FARMCIA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS FARMACUTICAS
Avaliao da fotoestabilidade do cetoconazol e determinao da atividade
antifngica e da segurana biolgica in vivoe in vitrodo xampu de
cetoconazol
INARA STAUB
Porto Alegre, 2005.
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Agradecimentos a CAPES, rgo que financiou
a bolsa de estudos para o desenvolvimento deste trabalho,
e aos Laboratrios de Qumica Farmacutica e Controle
de Qualidade que disponibilizaram todos equipamentos
e materiais necessrios para a realizao dos experimentos.
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A vida pode florescer
numa existncia inteira.
Mas tem de ser buscada, tem de ser
conquistada.
Lya Luft
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Agradecimentos
Profa. Dra. Ana Maria Bergold meu agradecimento pela convivncia,
amizade, incentivo, conhecimento cientfico e ajuda de quem foi fundamental para a
realizao deste trabalho.
Profa. Dra. Elfrides Eva Scherman Schapoval pela receptividade,
esclarecimentos e incentivo durante o desenvolvimento deste trabalho.
Ao Auro pelo amor, carinho, compreenso e constante incentivo.
A minha famlia pelo carinho e apoio em mais esta etapa da minha vida.
Aos Laboratrios de Qumica Farmacutica e Controle de Qualidade pela
disponibilizao dos equipamentos e materiais necessrios para o desenvolvimento
do trabalho.
Aos professores do Laboratrio de Qumica Farmacutica: Dr. Pedro
Eduardo Frehlich, Dr. Jarbas Alves Montanha e Dra. Grace Gosmann pelosesclarecimentos.
Profa. Dra. Adriana Pohlman pela receptividade e pelo auxlio na
interpretao dos dados dos mtodos espectroscpicos.
Profa. Dra. Terezinha de Jesus Andreoli Pinto e Dra. urea Silveira Cruz,
do Instituto Adolfo Lutz, pelo auxlio na execuo e interpretao dos dados da
avaliao da segurana biolgica.
Aos Laboratrios de Ressonncia Magntica Nuclear do Instituto de Qumica
(UFRGS) e Ressonncia Magntica Nuclear do Departamento de Qumica (UFSM)
pela execuo das anlises de RMN.
Ao Dr. Pascal Sonnet da Facult de Pharmacie, Universit Picardie Jules
Verne (Amiens-Frana) pela execuo das anlises de RMN.
Ao Centro Bioanaltico de Medicamentos (CBIM-UFRGS) pela execuo
das anlises de espectrometria de massas.
Aos amigos e colegas do Laboratrio de Qumica Farmacutica: Eliane,
Carolina, Vanessa, Alexandre, Sirlei, Andra, Marins, Lidiane, Liliana, Rochele,
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SUMRIO
AGRADECIMENTOS..........................................................................................................vi
SUMRIO..........................................................................................................................viii
LISTA DE TABELAS........................................................................................................xvi
LISTA DE FIGURAS..........................................................................................................xx
LISTA DE ABREVIATURAS........................................................................................xxvii
RESUMO..........................................................................................................................xxixABSTRACT......................................................................................................................xxxi
1. INTRODUO...........................................................................................................01
2. OBJETIVOS................................................................................................................05
2.1. Objetivos gerais.............................................................................................................07
2.2. Objetivos especficos.....................................................................................................07
3. REVISO BIBLIOGRFICA...................................................................................09
3.1. Infeces fngicas.........................................................................................................11
3.2. Pele e anexos cutneos..................................................................................................12
3.3. Pitriase versicolor e dermatite seborrica.....................................................................14
3.4. Xampus..........................................................................................................................15
3.5. Antifngicos..................................................................................................................19
3.5.1. Histrico.....................................................................................................................19
3.5.2. Cetoconazol................................................................................................................22
3.5.2.1. Uso oral...................................................................................................................23
3.5.2.2. Uso tpico................................................................................................................25
3.5.2.3. Mtodos para determinao do cetoconazol...........................................................27
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4.7.2. Degradao alcalina...................................................................................................63
A) Matria-prima.................................................................................................................63
B) Formas farmacuticas.....................................................................................................64
4.7.3. Degradao com perxido de hidrognio...................................................................64
A) Matria-prima.................................................................................................................64
B) Formas farmacuticas.....................................................................................................64
4.8. ISOLAMENTO E IDENTIFICAO DOS PRODUTOS DE DEGRADAO.......65
4.8.1. Espectroscopia de ressonncia magntica nuclear (RMN)........................................65
4.8.1.1. Degradao das amostras........................................................................................65
4.8.1.2. Cromatografia lquida de alta eficincia semipreparativa.......................................65
4.8.1.2.1. Equipamento.........................................................................................................66
4.8.1.2.2. Fase mvel............................................................................................................66
4.8.1.2.3. Condies cromatogrficas..................................................................................66
4.8.1.3. Determinao da pureza..........................................................................................664.8.1.4. Concentrao das fraes........................................................................................67
4.8.1.5. Espectroscopia de ressonncia magntica nuclear de 1H e 13C...............................67
4.8.2. Espectrometria de massas (MS).................................................................................68
4.8.2.1. Degradao das amostras........................................................................................68
4.8.2.2. Equipamento e condies cromatogrficas.............................................................68
4.8.2.3. Condies da espectrometria de massas - ionizao eletrospray............................69
4.9. AVALIAO DA SEGURANA BIOLGICA........................................................69
4.9.1. Avaliao da toxicidade aguda com efeito local........................................................69
4.9.1.1. Teste de irritao ocular..........................................................................................70
4.9.2. Avaliao in vitro.......................................................................................................72
4.9.2.1. Avaliao do potencial de citotoxicidade in vitro...................................................72
4.9.2.1.1. Culturas celulares.................................................................................................73
4.9.2.1.2. Mtodo de difuso em gar..................................................................................73
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5.6.1. Cromatografia lquida de alta eficincia semipreparativa........................................145
5.6.2. Determinao da pureza...........................................................................................145
5.6.3. Anlise do cetoconazol.............................................................................................149
5.6.4. Anlise do produto de degradao denominado Fr1................................................156
5.6.5. Anlise do produto isolado denominado Fr2...........................................................163
5.7. AVALIAO DA SEGURANA BIOLGICA......................................................170
5.7.1. Avaliao da toxicidade aguda com efeito local......................................................171
5.7.2. Avaliao in vitro.....................................................................................................173
6. CONCLUSES.....................................................................................................177
7. CONSIDERAES FINAIS...............................................................................183
8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS...............................................................187
ANEXO 1...........................................................................................................................199
ANEXO 2...........................................................................................................................203
ANEXO 3...........................................................................................................................213CURRICULUM VITAE..................................................................................................219
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utilizando coluna de fase reversa C-8 e monoisopropilamina-metanol (2:500, V/V)/acetatode amnio-gua (1:200, p/V) (7:3, V/V) pH 5,5 como fase mvel......................................98
Figura 17- Cromatograma do placebo (Xb), obtido por CLAE com comprimento de ondade 225 nm, utilizando coluna de fase reversa C-8 e monoisopropilamina-metanol(2:500, V/V)/acetato de amnio-gua (1:200, p/V) (7:3, V/V) pH 5,5 como fasemvel..................................................................................................................................101
Figura 18- Curva de pureza apresentada para Form1, indicando a pureza total do pico docetoconazol de 0,999993, obtido por CLAE com comprimento de onda de 225 nm,utilizando coluna de fase reversa C-8 e monoisopropilamina-metanol (2:500, V/V)/acetatode amnio-gua (1:200, p/V) (7:3, V/V) pH 5,5 como fase mvel....................................101
Figura 19- Curva de pureza apresentada para Form2, indicando a pureza total do pico do
cetoconazol de 0,999997, obtido por CLAE com comprimento de onda de 225 nm,utilizando coluna de fase reversa C-8 e monoisopropilamina-metanol (2:500, V/V)/acetatode amnio-gua (1:200, p/V) (7:3, V/V) pH 5,5 como fase mvel....................................102
Figura 20- Cromatograma da soluo de cetoconazol SQR (300 g/ml), obtido por CLAEcom comprimento de onda de 225 nm, utilizando coluna de fase reversa C-8 e fase mvelcom diferente proporo de metanol e gua (6,5:3,5 v/v) pH 5,5......................................104
Figura 21- Cromatograma da soluo de cetoconazol SQR (300 g/ml), obtido por CLAEcom comprimento de onda de 225 nm, utilizando coluna de fase reversa C-8 emonoisopropilamina-metanol (2:500, V/V)/acetato de amnio-gua (1:200, p/V) (7:3,
V/V) pH 4,5 como fase mvel............................................................................................105
Figura 22 Doseamento microbiolgico (mtodo de difuso em gar- cilindros emplacas), utilizando Candida albicans ATCC 10231 como microrganismo teste, meio decultura gar Sabouraud-dextrose 2%, tempo de incubao de 18 horas e temperatura de 35 2 C. Cetoconazol SQR com concentraes de 20 (P1); 100 (P2) e 500 (P3) g/ml exampu de cetoconazol (Xb-ceto) com concentraes de 20 (A1); 100 (A2) e 500 (A3)g/ml..................................................................................................................................110
Figura 23 - Representao grfica da curva padro de cetoconazol e sua respectivaequao da reta, obtida atravs de ensaio microbiolgico - mtodo de difuso em gar-
cilindros em placas utilizando meio de cultura gar Sabouraud-dextrose 2%, Candidaalbicanscomo microrganismo teste, tempo de incubao de 18 horas e temperatura de 35 2 C.....................................................................................................................................111
Figura 24 Representao grfica dos teores de cetoconazol matria-prima obtidos porCLAE, aps exposio lmpada UV-C (Light express LEUV (254 nm)) por um perodode 8 horas............................................................................................................................118
Figura 25 - Cromatograma do cetoconazol matria-prima (concentrao terica de400 g/ml), aps exposio lmpada UV-C por 8 horas, obtido atravs de CLAE comcomprimento de onda de 225 nm, utilizando coluna de fase reversa C-8 e
monoisopropilamina-metanol (2:500, V/V) /acetato de amnio-gua (1:200, p/V) (7:3,V/V) pH 5,5 como fase mvel............................................................................................119
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Figura 26 - Representao grfica dos teores da soluo metanlica de cetoconazolobtidos por CLAE, aps exposio lmpada UV-C (Light express LEUV (254 nm)) eUV-A (Blacklight blue lamp Orion(352 nm)) por um perodo de 24 horas...................120
Figura 27- Cromatograma da soluo metanlica de cetoconazol (concentrao terica de400 g/ml), aps exposio lmpada UV-A por 8 horas, obtidos atravs de CLAE comcomprimento de onda de 225 nm, utilizando coluna de fase reversa C-8 emonoisopropilamina-metanol (2:500, V/V)/acetato de amnio-gua (1:200, p/V) (7:3,V/V) pH 5,5 como fase mvel............................................................................................121
Figura 28 -Cromatograma da soluo metanlica de cetoconazol (concentrao terica de400 g/ml), aps exposio lmpada UV-C por 4 horas, obtidos atravs de CLAE comcomprimento de onda de 225 nm, utilizando coluna de fase reversa C-8 emonoisopropilamina-metanol (2:500, V/V)/acetato de amnio-gua (1:200, p/V) (7:3,
V/V) pH 5,5 como fase mvel............................................................................................122
Figura29- Cromatograma da soluo metanlica de cetoconazol (concentrao terica de400 g/ml), aps exposio lmpada UV-C por 24 horas, obtidos atravs de CLAE comcomprimento de onda de 225 nm, utilizando coluna de fase reversa C-8 emonoisopropilamina-metanol (2:500, V/V)/acetato de amnio-gua (1:200, p/V) (7:3,V/V) pH 5,5 como fase mvel............................................................................................122
Figura 30- Representao grfica dos teores de xampu de cetoconazol obtidos por CLAE,aps exposio lmpada UV-C (Light express LE UV (254 nm)) e lmpada UV-A(Blacklight blue lamp Orion(352 nm)) por um perodo de 24 horas..............................123
Figura 31 -Cromatograma do Xb-ceto (concentrao terica 320 g/ml), aps exposio lmpada UV-A por 24 horas, obtidos atravs de CLAE com comprimento de onda de225 nm, utilizando coluna de fase reversa C-8 e monoisopropilamina-metanol(2:500, V/V)/acetato de amnio-gua (1:200, p/V) (7:3, V/V) pH 5,5 como fasemvel..................................................................................................................................125
Figura 32-Cromatograma do Xb-ceto (concentrao terica 320 g/ml), aps exposio lmpada UV-C por 24 horas, obtidos atravs de CLAE com comprimento de onda de225 nm, utilizando coluna de fase reversa C-8 e monoisopropilamina-metanol(2:500, V/V)/acetato de amnio-gua (1:200, p/V) (7:3, V/V) pH 5,5 como fase
mvel..................................................................................................................................125
Figura 33Doseamento microbiolgico (mtodo de difuso em gar- cilindros em placas),utilizando Candida albicans ATCC 10231 como microrganismo teste, meio de culturagar Sabouraud-dextrose 2%, tempo de incubao de 18 horas e temperatura de 35 2 C.Cetoconazol SQR com concentraes de 20 (P1); 100 (P2) e 500 (P3) g/ml e xampu decetoconazol (Xb-ceto), aps exposio lmpada UV-C por 22 horas, com concentraesde 20 (D1); 100 (D2) e 500 (D3) g/ml.............................................................................127
Figura 34 - Representao grfica dos teores da soluo metanlica de cetoconazolobtidos por CLAE. Amostras armazenadas em frasco transparente e em frasco opacoexpostas luz natural por um perodo de 26 meses...........................................................130
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NCCLS National Committee for Clinical Laboratory Standards
NCTC National Collection for Type Culture
Rf fator de reteno
RMN ressonncia magntica nuclear
SFB - soro fetal bovino
Sol-ceto soluo metanlica de cetoconazol 2 %
SQR substncia qumica de referncia
UV ultravioleta
VIH vrus da imunodeficincia humana
Vis - visvel
VMNA volumetria em meio no-aquoso
Xb xampu base
Xb-ceto xampu de cetoconazol 2 % preparado no laboratrio
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RESUMO
Cetoconazol um agente antifngico que possui ao tpica e sistmica,
podendo ser incorporado em diferentes formas farmacuticas. Como exemplo,
pode-se citar o xampu de cetoconazol, que efetivo no tratamento da dermatite
seborrica e pitirase versicolor. reconhecido que o cetoconazol, nas formas
farmacuticas xampu e soluo, rapidamente altera a colorao se tornando
avermelhado. A exposio de frmacos radiao pode influenciar a estabilidade da
formulao, levando a modificaes nas propriedades fsico-qumicas do produto. Oobjetivo deste trabalho foi avaliar a fotoestabilidade do cetoconazol em xampu e
soluo. As formulaes foram expostas radiao UV-A (352 nm), UV-C
(254 nm) e luz diurna. Mtodos foram desenvolvidos e validados para a
determinao quantitativa do cetoconazol: cromatografia lquida de alta eficincia e
ensaio microbiolgico utilizando o mtodo de cilindros em placa. Estudos
comparativos entre xampu de cetoconazol e xampu de cetoconazol contendo
produtos de degradao foram feitos para avaliar a atividade antifngica e a
segurana biolgica in vivo (teste de Draize) e in vitro (teste de citotoxicidade). Os
resultados demonstraram diminuio na atividade antifngica, mas no
demonstraram alterao na segurana biolgica. Os mtodos utilizados para anlise
do cetoconazol (ensaio microbiolgico e CLAE) demonstraram ser lineares,
precisos e exatos, sendo teis no controle de qualidade do frmaco. Os resultados
indicam alterao do cetoconazol em presena da luz. Dois produtos de degradaoforam isolados e identificados: 1-acetil-4-{4-[2-(2-clorofenil)-2-(1H-imidazolil-1-
metil)-1,3-dioxolanil-4-metoxi]fenil}piperazina e 1-acetil-4-{4-[2-(4-clorofenil)-2-
(1H-imidazolil-1-metil)-1,3-dioxolanil-4-metoxi]fenil}piperazina. Conseqentemente,
adequada proteo da luz deve ser adotada durante armazenamento das duas formas
farmacuticas contendo o frmaco.
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Palavras-chave: cetoconazol, xampu, cromatografia lquida de alta
eficincia, ensaio microbiolgico, estudos de fotoestabilidade, segurana
biolgica.
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piperazine. Consequently, adequate light protection should be adopted for storage
of these two dosage forms containing the drug.
Key words: ketoconazole, shampoo, high performance liquid
chromatography, microbiological assay, photostability studies, biological
reactivity.
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INTRODUO
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Introduo 4
Frmacos sensveis luz freqentemente aumentam os problemas de uma
formulao farmacutica. Reaes fotoqumicas so complexas e um bom
entendimento do processo de fotodecomposio necessrio a fim de otimizar a
estabilidade do produto.
Sendo assim, justifica-se o desenvolvimento, validao e utilizao de
mtodos fsico-qumicos e microbiolgicos para caracterizao, identificao e
doseamento do frmaco, visando obteno de dados para o estudo da estabilidade
fotoqumica do cetoconazol em formulaes farmacuticas, em especial o xampu,
com avaliao dos possveis produtos de degradao formados. Apesar do frmacoter sido sintetizado na dcada de 70, no foram encontrados estudos publicados
sobre seus produtos de degradao.
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Reviso bibliogrfica 11
3.1. Infeces fngicas
As micoses humanas podem ser causadas por fungos patognicos primrios
ou por fungos oportunistas. Patognicos primrios so aqueles que tm capacidade
de invadir os tecidos de um hospedeiro normal; os oportunistas, no entanto, somente
so invasores de tecidos de indivduos com alteraes do sistema imunolgico do
organismo (VERONESI e FOCACCIA, 1998). Nos ltimos anos, a incidncia de
infeces fngicas tem aumentado em funo do vrus da imunodeficincia humana
(VIH), cncer e transplantes. importante salientar, que tanto os fungos
patognicos como os oportunistas so conhecidos como causadores de micosesseveras e algumas vezes fatais em pacientes imunocomprometidos (ESPINEL-
INGROF,1996).
As doenas por fungos podem ser classificadas em trs grupos
(FREEDBERG et al., 2003):
Micoses sistmicas
As micoses sistmicas so caracterizadas por serem adquiridas, geralmente
por inalao de fungos patgenos dimrficos, dando origem, na maioria das vezes, a
uma leso pulmonar primria que tem tendncia regresso espontnea. As leses
extrapulmonares resultam da disseminao hematognica do fungo. As micoses
sistmicas esto apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1 Micoses sistmicas e fungos causadores.
Micoses Fungos
Histoplasmose Histoplasma capsulatum (capsulatum, duboisii)Blastomicose Blastomyces dermatitidis
Coccidioidomicose Coccidioides immitisParacoccidioidomicose Paracoccidioides brasiliensis
Peniciliose Penicillium marneffei
Criptococose Cryptococcus neoformans
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Reviso bibliogrfica 14
3.3. Pitirase versicolor e dermatite seborrica
Pitirase versicolor e dermatite seborrica so doenas da pele muito comuns.
Pitirase versicolor uma doena fngica superfcial crnica, usualmente localizada
na parte superior do tronco e braos, e no pescoo (FAERGEMANN, 2000).
A leso caracterizada por uma descamao, entretanto uma leso extensa
pode ser evidenciada como uma mancha hipopigmentada ou hiperpigmentada.
reconhecido que o microrganismo causador da pitirase versicolor a Malassezia
spp, que um comensal da pele humana normal (GUPTA et al., 2002).
A Malassezia apresenta sete espcies da levedura lipoflica: Malassezia
furfur (Pityrosporum orbiculare, Pityrosporum ovale e Malassezia ovalis), M.
pachydermatis,M. sympodialis,M. globosa,M. restricta, M. slooffiae eM. obtusa.
M. furfur h muito tempo tem sido identificada como causador da pitirase
versicolor, entretanto estudos recentes indicam queM. globosapode estar envolvida
na patogenia da doena (ERCHIGA et al., 2000).
Fatores endgenos e exgenos esto relacionados ao aparecimento da
doena. Entre os fatores exgenos pode-se citar alta temperatura e umidade, por isso
mais comum nos pases tropicais. Entre os fatores endgenos pode-se citar
hiperidrose, imunodeficincia, fatores hereditrios e pele muito oleosa; por isso a
doena mais comum em adolescentes e adultos jovens (FAERGEMANN, 2000).
A dermatite seborrica uma desordem dermatolgica comum. A etiologiada doena pouco conhecida. Alguns autores focalizam o papel da Malassezia
furfur no desenvolvimento da dermatite seborrica (GUPTA et al., 2004).
Entretanto, muitos fatores tm sido citados como possveis contribuintes para o
desenvolvimento da doena: fatores hormonais (nvel de sebo), nutricionais e
imunolgicos (GUPTA e BLUHM, 2004).
O nome dermatite seborrica significa uma inflamao oleosa da pele. Noentanto, a doena muito mais complexa do que o nome sugere, pois estudos
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Tabela 2 Relao das principais categorias de matrias-primas e respectiva ao predominanteem formulaes de xampu.
Categoria Exemplos Ao predominante
Estabilizadoresde espuma
alcanolamidas de cido graxo(monoetanolamida e dietanolamida do
cido lurico), polmeros (metilcelulose)
aumentar o volume e aqualidade da espuma e
estabilizar a mesma
Espessantes derivados da celulose (metilcelulose),eletrlitos (cloreto de sdio), polmeros
carboxivinlicos (carbopol), gomas naturais,alcanolamidas de cido graxo
alterar a viscosidade
Conservantes imidazolidiniluria, metil e propilparabeno,formaldedo, dimetilidantona
proteger dacontaminao
microbiolgica
Condicionadores silicone, protenas hidrolisadas (queratina,colgeno), derivados da lanolina, lcoois
graxos (lurico, mirstico e olico)
doador de maciez esuavidade ao cabelo eredutor da eletricidade
esttica
Opacificantes eclarificantes
lcoois graxos (cetlico e estearlico),alcanolamidas de cidos graxos (esterico),steres (monoestearato de glicerila), xido
de zinco ou dixido de titnio
melhorar a apresentaodo produto final
Quelantes EDTA e seus sais,cido tartrico
capturarons presentes na gua
Acidulantes cido ctrico, cido clordrico, cido ltico diminuir pH
Fonte: BOUILLON, 1996, WILKINSON e MOORE, 1982.
Produtos aromatizantes e corantes tambm podem ser adicionados em
formulaes de xampu. Os aromatizantes auxiliam a mascarar odores dos
tensoativos, transmitindo ao produto acabado um aroma agradvel. Os corantes so
utilizados para melhorar o aspecto de apresentao do produto. Algumas vezes,
estes produtos so adicionados para mascarar alguma alterao que o produto sofre
com o passar do tempo como precipitao e alterao de cor (FERREIRA, 2002).
Alm das matrias-primas j citadas, muitos agentes podem ser adicionados
a formulaes de xampu por possurem ao especfica, destinados a casos
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particulares do cabelo e couro cabeludo. Existem xampus para combater a caspa,
dermatite seborrica, pitirase versicolor, infeces bacterianas causadas por
Staphylococcus aureus, psorase, entre outros. Segundo SHAPIRO e MADDIN
(1996), os frmacos antifngicos, dentre eles o cetoconazol, so amplamente
empregados em formulaes de xampu, pois esses frmacos possuem mecanismo de
ao especfico, sendo capazes de controlar alteraes no couro cabeludo.
3.5. Antifngicos
3.5.1. Histrico
At 1945, terapias no especficas como queratolticos (cido saliclico) e
anti-spticos (violeta de genciana) eram a base do tratamento tpico de infeces
causadas por fungos. Em 1945, surgiu o cido undecilnico, um composto
insaturado com 11 carbonos, com ao fungisttica. Entretanto, esse agente
apresentava odor ranoso desagradvel e necessidade do uso prolongado
(FREEDBERG et al., 2003).
Em 1950, a descoberta dos antibiticos polinicos (anfotericina B e nistatina)
representou um avano na micologia mdica. Apesar da anfotericina B ter
rapidamente se tornado o principal suporte na terapia de infeces sistmicas srias,
o seu uso foi associado a diversos efeitos colaterais como nefrotoxicidade, por
exemplo. Um terceiro agente antifngico, a griseofulvina, foi descoberto em 1958 e
desenvolvido a partir do Penicillium griseofulvum(ESPINEL-INGROF,1996).
A flucitosina, anlogo pirimidnico, foi sintetizada em 1957 e apresentou
limitada atividade contra determinados fungos. O tolnaftato (1964), pertencente
classe dos tiocarbamatos, utilizado topicamente, teve seu uso essencialmente restrito
a infeces causadas por dermatfitos (VANDEN-BOSSCHE et al., 2003).
A descoberta da atividade antifngica da naftidina, prottipo das alilaminas,
foi o ponto inicial para os estudos de relao estrutura-atividade resultando no
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desenvolvimento da terbinafina, uma alilamina com considervel melhora das
propriedades antimicticas (VANDEN-BOSSCHE et al., 2003).
A procura por novos antifngicos menos txicos conduziu descoberta dos
derivados imidazlicos. Em 1960, trs novos compostos de uso tpico foram
introduzidos: clotrimazol, desenvolvido pela Bayer (Alemanha), miconazol e
econazol, ambos desenvolvidos pela Janssen Pharmaceutica (Blgica)
(MAERTENS, 2004).
Em 1981, o FDA aprovou o cetoconazol, desenvolvido pela Janssen
Pharmaceutica, o primeiro composto imidazlico disponvel para tratamento oral de
infeces fngicas sistmicas. Por quase uma dcada, o cetoconazol foi considerado
o frmaco de escolha e nico disponvel para tratamento oral de infeces
sistmicas (ESPINEL-INGROF,1996).
A introduo da primeira gerao de triazis (fluconazol e itraconazol)
representou o segundo maior avano no tratamento de infeces fngicas. Apesar
do uso difundido, esses agentes tm importantes limitaes clnicas relatadas como
o surgimento de resistncia e toxicidade. A fim de superar essas limitaes,
diferentes anlogos tm sido desenvolvidos. Pode-se citar a segunda gerao de
triazis (voriconazol, pozaconazol e ravuconazol) que possuem grande potncia,
maior atividade contra resistncia e atividade contra Aspergillus spp.
(LAVERDIERE et al., 2002; MAERTENS, 2004).
Atualmente existem muitos agentes tpicos empregados no tratamento de
micoses superficiais. A terapia tpica apresenta grandes vantagens sobre a
sistmica, dentre elas pode-se destacar a falta de efeitos adversos severos e de
interaes medicamentosas, facilidade do uso e o no monitoramento do paciente
com exames laboratoriais. Na Tabela 3 esto apresentados alguns agentes tpicos
disponveis para o tratamento de infeces fngicas superficiais e o seu mecanismo
de ao.
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colaboradores (1982) o frmaco apresentou grande potencial teraputico na
dermatomicose.
Alguns artigos relataram que o cetoconazol tem atividade sobre outras
doenas que no so causadas por fungos. Baixa dose de cetoconazol mostrou ser
efetiva no tratamento do hirsutismo, apresentando pequeno nmero de efeitos
colaterais, mas ainda ficando reservado como alternativa de escolha devido
hepatotoxicidade (GOKMEN et al., 1996). O frmaco tambm mostrou ser efetivo
no tratamento de cncer de prstata, pois em altas doses pode diminuir rapidamente
o nvel de testosterona (TRACHTENBERG et al., 1983).
Estudos que compararam a carga viral do VIH em pacientes tratados com
saquinavir isolado ou associado com cetoconazol mostraram que pacientes que
receberam o regime combinado apresentaram maior queda na carga viral. Os
resultados indicaram que a combinao cetoconazol mais saquinavir requer maiores
estudos (JORDAN, 1998).
A adio de baixas doses de cetoconazol ciclosporina no tratamento de
pacientes renais e cardacos transplantados produziu efeitos favorveis na funo do
rgo transplantado, diminuindo o nmero de infeces cutneas fngicas, as taxas
de rejeio e as necessidades de ciclosporina. O frmaco interage com ciclosporina
atravs do citocromo P450, conduzindo inibio do metabolismo de ciclosporina
aumentando o seu nvel no sangue (KEOGH et al., 1995; SOBH et al., 1995;
GERNTHOLTZ et al., 2004).
importante salientar que, em 1983, HENNING e colaboradores
descreveram um caso importante de efeito colateral do cetoconazol, quando o
frmaco induziu hepatite em um paciente. Atualmente, recomenda-se que o mdico
solicite exames clnicos da funo heptica durante o tratamento (2 semanas aps o
incio do tratamento e aps com intervalos mensais).
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Segundo a USP 28 (2005), a determinao do teor de cetoconazol matria-
prima feita atravs de volumetria em meio no-aquoso com determinao
potenciomtrica do ponto final. Para comprimidos contendo cetoconazol a
determinao feita atravs de CLAE com fase mvel diisopropilamina-metanol
(1:500) / acetato de amnio (1:200) (7:3) e detector em 225 nm. A suspenso oral
de cetoconazol avaliada por CLAE com a seguinte fase mvel: 2,55g de sulfato de
tetrabutilamnio em 750 ml de gua e 250 ml de acetonitrila.
Diferentes mtodos analticos para quantificao do cetoconazol,
principalmente em fluidos biolgicos e comprimidos foram citados na literatura.
Mtodos espectrofotomtricos na regio do visvel foram descritos para o
doseamento do cetoconazol. SADEGHI e SHAMSIPUR (1998) desenvolveram um
mtodo para determinao do cetoconazol em comprimidos, creme e amostras de
soro. O mtodo consiste na extrao do frmaco com cido pcrico pH 2,5 e
clorofrmio, seguido de deteco a 410 nm. Segundo KELANI e colaboradores
(1997), a quantificao de derivados piperaznicos, entre eles o cetoconazol naforma de comprimidos, foi aplicada com sucesso. Fez-se reao do frmaco com
2,3-dicloro-5,6-diciano-p-benzoquinona e determinao da absorvncia do produto
colorido formado em 588 nm. Os resultados foram comparados com a metodologia
oficial.
O doseamento do cetoconazol, atravs de espectrofotometria na regio do
ultravioleta, tambm foi descrito. Os autores desenvolveram, para a determinaodo frmaco em comprimidos e cremes, um mtodo onde a amostra foi dissolvida em
cido clordrico 0,01Me detectada em comprimentos de onda de 222 nm e 269 nm
(KEDOR-HACKMANN et al., 1994). Mtodo baseado na formao de um
complexo do frmaco com iodo foi desenvolvido. O produto formado apresentou
duas absores mximas a 290 e a 377 nm. As leituras foram feitas a 290 nm. O
mtodo mostrou-se rpido, simples e sensvel (EL-SHABOURI et al., 1998).
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Aps a preparao do xampu de cetoconazol, observa-se que o produto sofre
algum tipo de alterao, pois o mesmo adquire colorao avermelhada muito
rapidamente (STAUB et al., 2002). Essa alterao sugere que o produto no
estvel e que o mesmo forma produtos de degradao. Um grande problema da
instabilidade de uma formulao a diminuio no teor da substncia ativa e a
possvel formao de produtos txicos de degradao.
Aps reviso de literatura sobre a estabilidade do frmaco, foi possvel
encontrar alguns artigos sugerindo a instabilidade do produto frente luz.
Segundo KUMMER e colaboradores (1991), solues etanlicas de
cetoconazol (2,5 e 5,0 g/ml) mostraram-se estveis por um perodo de 28 dias.
Foram analisadas solues armazenadas em presena da luz ou ao abrigo da luz
assim como a ao da temperatura sobre as solues (temperatura ambiente e
refrigerao a 8 C). Os resultados apresentados no demonstraram diferena
significativa, indicando estabilidade do cetoconazol em soluo etanlica.
Entretanto, THOMA e KBLER (1996c) compararam a fotoestabilidade de
antimicticos azlicos. Apesar de suas estruturas serem semelhantes, os
pesquisadores relataram que existem diferenas na estabilidade fotoqumica. Em
particular, cetoconazol e terconazol mostraram-se fotolbeis. A instabilidade
fotoqumica foi considerada em soluo metanlica e tambm com o frmaco no
estado slido. Por outro lado, clotrimazol, nitrato de econazol e miconazol
resistiram degradao fotoltica.
ALLEN e ERICKSON (1996) avaliaram a estabilidade do cetoconazol em
lquidos orais (20 mg/ml). Seis frascos foram preparados, sendo que trs foram
armazenados a 5 C e trs a 25 C, todos no escuro. As amostras foram analisadas
por um perodo de 60 dias, utilizando cromatografia lquida de alta eficincia. O
frmaco mostrou ser estvel por 60 dias, armazenado ao abrigo da luz, a 5 C e a
25 C nos lquidos orais analisados.
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4.1. DESCRIO GERAL
Nome genrico: cetoconazol (Figura 1)
Nome qumico: 1-acetil-4-{4-[2-(2,4-diclorofenil)-2-(1H-imidazolil-1-metil)-
1,3-dioxolanil-4-metoxi]fenil}piperazina
CAS: 65277-42-1
Frmula qumica: C26H28Cl2N4O4
Massa molecular: 531,43
Faixa de fuso: 148 152 C (USP 28, 2005)
Propriedades fsico-qumicas: p branco ou quase branco. Praticamente
insolvel em gua, parcialmente solvel em lcool, solvel em lcool metlico,
bastante solvel em diclorometano ( REYNOLDS, 1996).
Categoria: antifngico
Classe: imidazol
pKa: 2,9 e 6,5 (FOYE et al., 2002)
4.2. SUBSTNCIA QUMICA DE REFERNCIA (SQR)
Foi utilizado cetoconazol, substncia qumica de referncia, com teor
estimado em 98,8 % e identificado pelo nmero de lote 0100005564, cedido pelo
laboratrio Stiefel (So Paulo, Brasil).
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4.3.1.5. Espectrofotometria de absoro na regio do infravermelho
Os espectros foram obtidos, com auxlio de espectrofotmetro de
infravermelho SHIMADZU FTIR, modelo 8001, pesando 1,5 mg de cetoconazol
SQR e cetoconazol matriaprima (Ceto1 e Ceto2), em pastilhas de 150 mg de
brometo de potssio dessecado.
4.3.1.6. Espectrofotometria na regio do ultravioleta
Foram traados espectros de absoro na regio de 200-400 nm, utilizando-se
equipamento SHIMADZU UV-1601 PC, empregando cubetas de quartzo de 1 cm
de percurso ptico. As amostras e o padro foram solubilizados em metanol com
concentrao final de 10 g/ml.
4.3.1.7. Perda por dessecao
Foi dessecado 1 g de cada matria-prima (Ceto1 e Ceto2), em pesa-filtro, em
estufa vcuo, por um perodo de 4 h e com temperatura de 80 C (USP 28, 2005).
4.3.2. Anlise quantitativa da matria-prima
4.3.2.1. Volumetria em meio no-aquoso
Ceto1 e Ceto2 foram quantificadas por volumetria em meio no-aquoso,
segundo USP 28 (2005). Dissolveram-se exatamente cerca de 200 mg de
cetoconazol previamente dessecado, em 40 ml de cido actico glacial. Titulou-se
com cido perclrico 0,1 M SV e o ponto de equivalncia foi determinado
potenciometricamente. Cada ml de cido perclrico 0,1 MSV equivale a 26,57 mg
de C26H28Cl2N4O4. Procedeu-se ensaio em branco.
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Material e mtodos 40
Dietanolamida de cido graxo de coco 2%
Metilparabeno 0,2 %
Cloreto de sdio 2%
gua qsp
Adicionou-se, mediante agitao, lauril ter sulfato de sdio, dietanolamida
de cido graxo de coco e metilparabeno (solubilizado em lcool etlico) at
obteno de um produto homogneo. Dissolveu-se o cloreto de sdio na gua e
adicionou-se mistura anteriormente obtida. A formulao foi feita com agitao
at obter um produto final homogneo.
4.4.1.2. Preparo do xampu de cetoconazol 2 % (Xb-Ceto)
Pesaram-se 2 g de cetoconazol, seguindo-se a solubilizao do frmaco em
HCl M e adio de 100 ml de xampu base (item 4.4.1.1.). Aps, fez-se a
homogeneizao da formulao, com auxlio de um basto. O pH final do xampu
foi ajustado com NaOHMat 5,5, medido em potencimetro DIGIMED DMPH-2.
A formulao foi preparada ao abrigo da luz.
A formulao utilizada para desenvolvimento e validao dos mtodos, foi
armazenada em frasco plstico opaco, e mantida ao abrigo da luz.
4.4.2. Xampu comercial de cetoconazol 2% (Form1 e Form2)
Foram adquiridas duas formulaes de diferentes indstrias farmacuticas
que foram denominadas Form1 e Form2. As amostras foram escolhidas, pois a
Form1 o medicamento de referncia e a Form2 medicamento genrico. Os
constituintes das formulaes esto descritos abaixo:
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Material e mtodos 41
Form1
Concentrao: cetoconazol 20 mg/g
Quantidade de xampu no frasco: 100 ml
Frasco de comercializao: branco opaco
Fabricao: abril/03
Validade: abril/05
Obs: conservar protegido da luz
Composio: sulfato sdico de lauril-poliglicol-ter, lauril-poliglicol-ter
sulfosuccinato sdico, dietanolamida de cido lurico, mirstico, palmtico,
esterico e olico, laurdimnio de colgeno hidrolisado, dioleato de macrogol-120
metil glicose, perfume buqu, imiduria, cido clordrico, eritrosina sdica e gua
purificada.
Form2
Concentrao: cetoconazol 20 mg/g
Quantidade de xampu no frasco: 110 ml
Frasco de comercializao: branco opaco
Fabricao: agosto/03
Validade: agosto/05
Obs: conservar protegido da luz
Composio: lauril ter sulfato de sdio, lauril ter sulfosuccinato de
sdio, dietanolamida do cido graxo de coco, trioleato de metil glicose, hidroxi-
propillaurildiamnio de colgeno hidrolisado, cloreto de sdio, imidazolinidil uria,
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A. Preparo da soluo de cetoconazol SQR
Foram pesados, analiticamente, 15,0 mg de SQR em balo volumtrico
mbar de 50 ml; adicionaram-se 2 ml de HCl M e completou-se o volume com a
fase mvel.
B. Preparo das solues amostra
Para as trs formulaes avaliadas (Xb-ceto, Form1 e Form2) foram pesados
exatamente cerca de 400 mg de xampu (equivalentes a 8,0 mg de cetoconazol) em
balo volumtrico mbar de 25 ml. Aps, completou-se o volume com a fase mvel,
obtendo-se concentrao de 320 g/ml.
Para a formulao desenvolvida no laboratrio (Xb-ceto), foi necessrio
fazer a correo da densidade, para os clculos de teor, pois a concentrao da
mesma era expressa em mg/ml. Para as formulaes comerciais, a correo no foi
necessria (concentrao mg/g).
C. Clculos
Foram calculadas as reas mdias correspondentes a trs injees, para as
amostras Xb-ceto, Form1, Form2 e para a soluo de SQR. Aps, procedeu-se a
quantificao de cetoconazol em cada formulao, utilizando-se a equao 3:
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a 2,2 mg/ml. A essas alquotas foram acrescentados 1,0; 2,0 e 3,0 ml de soluo
estoque de cetoconazol SQR (1,1 mg/ml); aps completou-se o volume com a fase
mvel. As concentraes obtidas foram de 264,0; 308,0; 352,0 g/ml, sendo estas
denominadas R1, R2 e R3, respectivamente.
Para quantificar o teor recuperado de cetoconazol SQR, adicionado nas
solues, procedeu-se o clculo de percentagem recuperada atravs da equao 4
descrita pelo AOAC (ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL
CHEMISTS, 1990).
onde: Cf = concentrao encontrada na amostra adicionada da SQR (g/ml)
Ca = concentrao encontrada na amostra no adicionada da SQR (g/ml)
CSQR
= concentrao da SQR adicionada amostra (g/ml)
4.5.2.1.5.5. Robustez
Para a determinao da robustez do mtodo foi avaliada a estabilidade da
soluo e realizados testes com alteraes na fase mvel conforme descrito a seguir.
A.Estabilidade da soluo
Avaliou-se durante trs dias a estabilidade de uma soluo SQR. Para tanto,
preparou-se a soluo, em balo volumtrico mbar, no diluente contendo
300 g/ml de cetoconazol. A soluo foi armazenada temperatura ambiente e foi
analisada no momento do preparo, no segundo e terceiro dias. Calculou-se o desvio
R % = (Cf Ca) .100CSQR Equao 4
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Microrganismo: Candida albicans ATCC 10231
Concentrao do inculo: 0,5 %
Soluo diluente inicial: lcool metlico
Soluo diluente final: Soluo tampo fosfato potssio 1 % pH 6,0
Concentrao das solues: 20,0; 100,0; 500 g/ml
Mtodo: Cilindros em placa
Meio de cultura: gar Sabouraud-dextrose 2 %
Tempo de incubao: 18 horas
Temperatura de incubao: 35 2 C
4.5.2.2.1. Material
Foram empregadas placas de Petri (20 mm x 100 mm) e cilindros de ao
inoxidvel (8 mm x 6 mm x 10 mm). Esses materiais, assim como vidraria no
volumtrica, utilizados no ensaio microbiolgico, foram esterilizados em estufa
temperatura de 180 C, durante duas horas.
Aps a execuo do ensaio, a medida dos halos de inibio formados foi feitaem leitor de placas BIOMATIC com auxlio de paqumetro digital STARRET, com
graduao de 0,01 mm.
4.5.2.2.2. Preparo do meio de cultura
No doseamento microbiolgico foi utilizado gar Sabouraud-dextrose 2 %(Merck), para manuteno e repique do microrganismo, assim como para o preparo
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da camada base e inculo. O meio de cultura, Sabouraud-dextrose 2 %, foi
preparado atravs de reconstituio do meio dessecado em gua. Fez-se o
aquecimento do meio at total dissoluo e aps esterilizou-se em autoclave a
121 C, durante 15 minutos.
4.5.2.2.3. Preparo da soluo tampo fosfato de potssio 1 % pH 6,0
Dissolveram-se 2 g de fosfato de potssio dibsico e 8 g de fosfato de
potssio monobsico em 1000 ml de gua. Aps procedeu-se a determinao do pH,
com auxlio de potencimetro, e esterilizao em autoclave a 121 C, durante 15
minutos (USP 28, 2005).
4.5.2.2.4. Preparo da soluo salina
Pesou-se 0,9 g de cloreto de sdio e diluiu-se em 100 ml de gua. Aps, fez-
se a esterilizao em autoclave a 121 C, durante 15 minutos.
4.5.2.2.5. Preparo do inculo
O microrganismo foi mantido em refrigerador, em tubo contendo gar
Sabouraud-dextrose 2 % inclinado, e repicado para outro tubo, 48 horas antes do
ensaio, permanecendo temperatura de 25 C. No momento do ensaio, o
microrganismo foi transferido para soluo salina, at obter-se uma suspenso a
25 % 2 % de transmitncia, a 580 nm. A partir desta suspenso, preparou-se o
inculo a 0,5 % em gar Sabouraud-dextrose 2 %, mantido em banho-maria a 47 C
1 C at ser distribudo nas placas.
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Material e mtodos 54
4.5.2.2.6. Validao
Para a validao do mtodo alguns parmetros foram avaliados:
Linearidade: foram desenvolvidas duas curvas padro, em dias diferentes,
com trs concentraes cada uma. A equao da reta e o coeficiente de correlao
(r) foram calculados.
Preciso: foi avaliada atravs do desvio padro relativo (DPR) obtido na
repetibilidade (mesmo dia) e na preciso intermediria (diferentes dias) das
amostras com a mesma concentrao.
Exatido: avaliada atravs do percentual de recuperao de uma
quantidade conhecida de SQR adicionada amostra.
4.5.2.2.6.1. Preparo das solues de cetoconazol SQR
Foram transferidos 25,0 mg de cetoconazol substncia qumica de referncia,
exatamente pesados, para balo volumtrico mbar de 25 ml. Solubilizou-se em
2 ml de HCl M, e aps adicionaram-se 1,25 g de xampu base (descrito no item
4.4.1.1.), 0,25 ml de polissorbato 80 e 10 ml de lcool metlico. O balo
volumtrico foi agitado durante 20 minutos em agitador mecnico e aps
completou-se o volume com lcool metlico. Aps filtrao com papel de filtro
comum, foram transferidos, analiticamente, 1,0; 1,0 e 5,0 ml da soluo comconcentrao de 1000 g/ml, para bales volumtricos mbar de 50, 10 e 10 ml e
adicionados de soluo tampo fosfato de potssio 1 % pH 6,0, obtendo
concentraes finais de 20,0; 100,0 e 500,0 g/ml (P1, P2 e P3).
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Material e mtodos 56
4.5.2.2.6.4. Clculos
Os ensaios foram realizados em dois dias, sendo que, em cada dia utilizaram-
se 24 placas, finalizando 48 placas avaliadas. Para efeito de clculo, foram
realizadas mdias de cada 8 placas, totalizando seis resultados mdios que foram
submetidos anlise estatstica.
A reta foi construda plotando no grfico os valores mdios dos halos de
inibio versus o logaritmo da concentrao. A equao da reta foi determinada
atravs do estudo de regresso linear pelo mtodo dos mnimos quadrados. O ensaio
foi avaliado atravs de anlise de varincia (ANOVA), conforme preconizado pela
F. Bras. IV (1988). A determinao da potncia do cetoconazol na amostra foi
calculada pela equao de HEWITT (1977).
4.5.2.2.6.5. Exatido
A exatido do mtodo foi verificada pela adio de quantidades conhecidas
da SQR na soluo amostra.
Para realizao do ensaio preparou-se uma soluo estoque da SQR,
denominada Soluo estoque 1. Para tanto, foram transferidos 100 mg de
cetoconazol SQR, exatamente pesados, para balo volumtrico mbar de 50 ml.
Solubilizou-se em HCl M, e aps adicionaram-se 5 g de xampu base (descrito no
item 4.4.1.1.), 0,5 ml de polissorbato 80 e 10 ml de lcool metlico. O balo
volumtrico foi agitado durante 20 minutos em agitador mecnico e aps
completou-se o volume com metanol. Procedeu-se filtrao com papel de filtro
comum.A concentrao final obtida foi de 2000 g/ml.
A partir da Soluo estoque 1 fez-se uma nova diluio em metanol,
denominada Soluo estoque 2,obtendo concentrao final de 500 g/ml.
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Material e mtodos 57
Preparou-se, da mesma forma, uma soluo estoque da amostra. Foram
transferidos 5,0 g de xampu de cetoconazol (descrito no item 4.4.1.2.), exatamente
pesados, para balo volumtrico mbar de 50 ml. Adicionaram-se 0,5 ml de
polissorbato 80 e 10 ml de lcool metlico. O balo volumtrico foi agitado durante
20 minutos em agitador mecnico e aps completou-se o volume com metanol.
Procedeu-se filtrao com papel de filtro comum. A concentrao final obtida foi de
2000 g/ml.
A. Preparo das solues de cetoconazol SQR
Transferiram-se, analiticamente, 1,0; 1,5 e 1,8 ml da Soluo estoque 1
(2000 g/ml), para bales volumtricos mbar de 50, 25 e 10 ml e adicionou-se
soluo tampo fosfato de potssio 1 % pH 6,0, obtendo concentraes finais de
40,0; 120,0 e 360,0 g/ml (P1, P2 e P3).
B. Preparo das solues amostra
Transferiram-se, analiticamente, 1,0; 1,5 e 1,8 ml da soluo estoque amostra
(2000 g/ml), para bales volumtricos mbar de 50, 25 e 10 ml e adicionou-se
soluo tampo fosfato de potssio 1 % pH 6,0, obtendo concentraes finais de
40,0; 120,0 e 360,0 g/ml (A1, A2 e A3).
C. Preparo das solues R1, R2 e R3
Transferiram-se, analiticamente, 1,0; 1,5 e 1,8 ml da soluo estoque da
amostra (2000 g/ml) e adicionaram-se 1,0; 1,5 e 1,8 ml da Soluo estoque 2
(500 g/ml), para bales volumtricos mbar de 50, 25 e 10 ml. Aps adicionou-se
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Material e mtodos 58
soluo tampo fosfato de potssio 1 % pH 6,0, obtendo concentraes finais de
50,0; 150,0 e 450,0 g/ml (R1, R2 e R3).
Para quantificar o teor recuperado de cetoconazol SQR adicionado na
soluo amostra, procedeu-se execuo do mtodo sendo utilizadas 15 placas de
Petri, adicionadas, aleatoriamente com 200 l das solues de cetoconazol SQR,
solues amostra e solues R1, R2 e R3.
Com a mdia dos valores de halos de inibio obtidos e com a equao da
reta foi possvel calcular a percentagem recuperada atravs da equao 4 descrita noitem 4.5.2.1.5.4 pela AOAC (ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL
CHEMISTS, 1990).
4.6. ESTUDOS DE FOTOESTABILIDADE
4.6.1. Avaliao do cetoconazol frente luz UV-C e luz UV-A
Para avaliao da fotoestabilidade do cetoconazol, amostras contendo o
frmaco foram expostas lmpadaLight express LEUV (254 nm), 30 W (UV-C) e
lmpada Blacklight blue lamp Orion (352 nm) 30 W, 130 V (UV-A). As
lmpadas foram colocadas em cmara, espelhada internamente, com 100 x 16 x 16
cm.
4.6.1.1. Amostras expostas luz UV
A. Matria-prima
Alquotas de 1,0 ml de uma soluo metanlica de cetoconazol 2 % foram
transferidas para vidro de relgio. Aguardou-se at a evaporao total do solvente
orgnico, obtendo a formao de um filme no vidro. As amostras foram colocadas
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Material e mtodos 62
4.6.2.2. Deteco dos produtos de degradao
As pastilhas de brometo de potssio foram submetidas diretamente anlise
por espectroscopia na regio do infravermelho. A soluo metanlica e as
formulaes de xampu foram avaliadas por cromatografia em camada delgada (item
4.5.1.4.) e cromatografia lquida de alta eficincia (item 4.5.2.1.).
4.6.2.3. Determinao do teor de cetoconazol
Para a determinao do teor do frmaco as amostras (Sol-ceto, Xb-ceto,
Form1 e Form2) foram avaliadas atravs de CLAE (item 4.5.2.1.). As formulaes
de Xb-ceto, expostas luz visvel, por um perodo de 17 meses, foram avaliadas
atravs de ensaio microbiolgico (item 4.5.2.2.) para avaliao da atividade
antifngica do frmaco.
4.6.2.4. Determinao da densidade
Durante os estudos de estabilidade das formulaes fez-se a determinao da
densidade do Xb-ceto, Form1 e Form2, atravs de picnmetro, para observar
possvel modificao na massa do produto. Para tanto, utilizou-se metodologia
descrita no item 4.5.1.2.
4.6.2.5. Determinao do pH
Durante os estudos de estabilidade das formulaes, fez-se a determinao do
pH das formulaes comerciais (Form1 e Form2) e da Xb-ceto, com auxlio de
potencimetro DIGIMED DMPH-2, para verificar possvel alterao no pH das
mesmas.
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Material e mtodos 63
4.7. ESTABILIDADE QUMICA
4.7.1. Degradao cida
A. Matria-prima
Adicionaram-se a 15,0 mg de cetoconazol (matria-prima) 4 ml de HCl M
em balo volumtrico mbar de 50 ml, aguardouse por 4 horas e aps a soluo foi
neutralizada com 4 ml de NaOHM. Completou-se o volume com a fase mvel. As
amostras foram avaliadas atravs de CLAE (item 4.5.2.1.).
B. Formas farmacuticas
Para as trs formulaes avaliadas (Xb-ceto, Form1 e Form2) foram pesados,
analiticamente, 400 mg de xampu (equivalentes a 8,0 mg de cetoconazol) em balo
volumtrico mbar de 25 ml. Adicionaram-se 4 ml de HCl M, aguardouse por
4 horas, e aps a soluo foi neutralizada com 4 ml de NaOH M. Completou-se ovolume com a fase mvel. As amostras foram avaliadas atravs de CLAE (item
4.5.2.1.).
4.7.2. Degradao alcalina
A. Matria-prima
Pesaram-se 15,0 mg de cetoconazol (matria-prima) em balo volumtrico
mbar de 50 ml, solubilizou-se em lcool metlico e a esta soluo foram
adicionados 4 ml de NaOH M. Aguardouse por 4 horas e aps a soluo foi
neutralizada com 4 ml de HCl M. Completou-se o volume com a fase mvel. As
amostras foram avaliadas atravs de CLAE (item 4.5.2.1.).
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Material e mtodos 64
B. Formas farmacuticas
Para as trs formulaes avaliadas (Xb-ceto, Form1 e Form2) foram pesados,
analiticamente, 400 mg de xampu (equivalentes a 8,0 mg de cetoconazol) em balo
volumtrico mbar de 25 ml. Adicionaram-se 4 ml de NaOH M, aguardouse por
4 horas, e aps a soluo foi neutralizada com 4 ml de HCl M. Completou-se o
volume com a fase mvel. As amostras foram avaliadas atravs de CLAE (item
4.5.2.1.).
4.7.3. Degradao com perxido de hidrognio
A. Matria-prima
Pesaram-se 200,0 mg de cetoconazol (matria-prima) em balo volumtrico
mbar de 50 ml, solubilizou-se em lcool metlico e a estes foram adicionados
30 ml de perxido de hidrognio 30 %. Agitou-se durante 30 minutos, e aps
completou-se o volume com perxido de hidrognio. Alquota de 2,0 ml foi
transferida para balo volumtrico mbar de 25 ml e completou-se o volume com a
fase mvel. Fez-se um branco. As amostras foram avaliadas atravs de CLAE (item
4.5.2.1.), logo aps a preparao e aps 4 horas sob repouso.
B. Formas farmacuticas
Para as trs formulaes avaliadas (Xb-ceto, Form1 e Form2) foram pesados,
analiticamente, 5 g de xampu (equivalentes a 200 mg de cetoconazol) em balo
volumtrico mbar de 50 ml e a estes foram adicionados 30 ml de perxido de
hidrognio 30 %. Agitou-se durante 30 minutos, e aps completou-se o volume com
perxido de hidrognio. Alquotas de 2,0 ml foram transferidas para balo
volumtrico mbar de 25 ml e completou-se o volume com a fase mvel. Fez-se um
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Material e mtodos 67
de arranjo de diodos SPD-M10A VP, central de controle SCL-10A, desgaseificador
DGU-14A. A fase mvel e as condies cromatogrficas utilizadas na determinao
da pureza das amostras foram as mesmas descritas nos itens 4.5.2.1.3. e 4.5.2.1.4.,
respectivamente.
4.8.1.4. Concentrao das fraes
As fraes foram levadas secura em evaporador rotatrio com temperatura
inferior a 50 C sob presso reduzida. Primeiramente, aguardou-se a evaporao do
metanol e aps fez-se extrao do produto de degradao, em funil de separao,
com auxlio de clorofrmio. O produto de degradao, em maior concentrao na
fase orgnica, foi novamente colocado em evaporador rotatrio para evaporao do
solvente.
Aps, as amostras foram colocadas em dessecador sob vcuo, protegidas da
luz.
4.8.1.5. Espectroscopia de ressonncia magntica nuclear de 1H e 13C
O espectro de RMN de 1H do cetoconazol SQR foi obtido em espectrmetro
BRUKER (200 MHz), utilizando clorofrmio deuterado como solvente. A anlise
foi feita no laboratrio de Ressonncia Magntica Nuclear, Departamento deQumica, Universidade Federal de Santa Maria. O espectro de 13C do cetoconazol
SQR foi obtido em espectrmetro VARIAN (300 MHz), utilizando clorofrmio
deuterado como solvente e tetrametilsilano (TMS) como referncia interna. A
anlise foi feita no laboratrio de Ressonncia Magntica Nuclear, Instituto de
Qumica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Os dois produtos de degradao isolados foram enviados para Facult dePharmacie, Universit Picardie Jules Verne(Amiens - Frana) onde foi realizada a
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Material e mtodos 68
espectroscopia de RMN de 1H e 13C. Os espectros dos produtos isolados (Fr1 e Fr2)
foram obtidos em espectrmetro BRUKER AMX 500 (500 MHz), utilizando
clorofrmio deuterado como solvente e TMS como referncia interna.
4.8.2. Espectrometria de massas (MS)
Para obteno dos espectros de massas de Fr1, Fr2 e cetoconazol foi utilizada
a cromatografia lquida de alta eficincia acoplada a espectrometria de massas (LC-
MS).
4.8.2.1. Degradao das amostras
Alquotas de 1,0 ml da soluo metanlica de cetoconazol 2 % foram
acondicionadas em cubetas de plstico descartveis Plastibrand. Fecharam-se as
cubetas, com auxlio de Parafilme colocaram-se as amostras na cmara. O tempo
de exposio lmpada UV-C foi de 30 horas.
4.8.2.2. Equipamento e condies cromatogrficas
As anlises foram realizadas em cromatgrafo a lquido de alta eficincia
SHIMADZU LC-10AD VP, detector de UV SPD-10AV VP e desgaseificador
DGU-14A. A fase mvel foi constituda de metanol-gua-acetato de amnio
(7:3:0,0025, V/V/p). Aps a mistura foi desgaseificada durante 12 minutos, em
banho de ultra-som sob vcuo.
Os parmetros utilizados foram os seguintes: fluxo: 2 ml/min, coluna: Waters
SpherisorbS5 C8 (10 x 250 mm) e comprimento de onda: 225 nm.
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Material e mtodos 70
Os ensaios foram realizados em So Paulo, em laboratrio conveniado com a
Fundao Instituto de Pesquisas Farmacuticas da Universidade de So Paulo
(USP), sendo o laboratrio habilitado para trabalhar com animais.
O procedimento, a seguir descrito, foi baseado no trabalho desenvolvido por
DRAIZE e colaboradores (1944).
4.9.1.1. Teste de irritao ocular
Este mtodo foi utilizado para avaliar as amostras de xampu (Xb-ceto)
contendo os produtos de degradao. Para tanto avaliaram-se uma formulao com
teor de 103,3 % (amostra no degradada) e uma formulao com teor de 41,4 %
(amostra degradada aps exposio lmpada UV-C).
Utilizaram-se cinco coelhos albinos para cada amostra e as amostras de
xampu foram utilizadas sem diluio.
Para aplicao da amostra a plpebra inferior do olho direito foi
cuidadosamente tracionada, formando o saco conjuntival, onde, com auxlio de uma
seringa, foi aplicado 0,1 ml do xampu. Em seguida as plpebras foram mantidas
unidas por 30 segundos, massageando-se o olho do animal para permitir o contato
uniforme com o produto. O olho esquerdo serviu de controle.
Os efeitos causados conjuntiva, crnea e ris foram observados depois dedecorridas 24, 48, 72 horas e no final do stimo dia, aps aplicao do produto. As
avaliaes das reaes oculares foram baseadas na escala de Draize, onde esto
descriminadas as graduaes atribudas s reaes oculares, como: hiperemia
(superabundncia de sangue), quemose (edema), secreo, irite e opacidade (Tabela
6) (DRAIZE et al., 1944).
Aps as leituras, o valor total de cada animal foi obtido e a mdia dos cincocoelhos, por perodo de leitura, foi calculada, resultando no ndice de irritao
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Material e mtodos 73
sistema de filtro absoluto e presso positiva. Todo trabalho foi desenvolvido
empregando material esterilizado e tcnicas asspticas.
4.9.2.1.1. Culturas celulares
Foi utilizada a seguinte linhagem celular: NCTC Clone 929, clula de tecido
conjuntivo de camundongo (ATCC CCL-1). A linhagem foi cultivada em meio
mnimo de Eagle, suplementado com 0,1 mMde aminocidos no essenciais, 1 mM
de piruvato de sdio e 10 % de soro fetal bovino, sem antibitico (MEM com 10 %
SFB).
A manuteno da linhagem foi feita a 36 C, em garrafa de 250 ml e repiques
com intervalos mdios de 72 horas. A disperso da monocamada celular foi
efetuada utilizando uma associao de tripsina 0,2 % e versene 0,02 % (ATV).
Aps a disperso, as clulas foram novamente suspensas no meio de cultura e
distribudas, na garrafa destinada manuteno e nas placas de Petri que foramutilizadas para a realizao dos ensaios.
4.9.2.1.2. Mtodo de difuso em gar
As clulas foram semeadas em volumes de 5 ml em placas de Petri (60 x
15 mm), na concentrao de 3 x 105cls/ml. A incubao foi realizada por 48 horas
a 37 C em atmosfera mida contendo 5 % de CO2. Aps este perodo, com a
monocamada de clulas j formada, o meio de cultura foi desprezado e adicionado
volume de 5 ml de overlay, em cada placa de Petri. Este meio composto de partes
iguais de MEM duas vezes concentrado e gar (BBL-Becton Dickinson) a 1,8 %
contendo 0,01 % de vermelho neutro (Merck), como corante vital. No momento do
uso o gar foi fundido e misturado com o MEM, ambos temperatura de 44 1 C.
Discos de 0,5 cm de dimetro, de papel de filtro atxico, foram embebidos na
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Material e mtodos 74
amostra e posicionados sobre a camada de gar, antes da solidificao completa. As
placas foram incubadas novamente em estufa a 37 C com 5 % de CO2 por 24
horas.
Foram utilizados fragmentos de ltex como controle positivo e discos de
papel atxico como controle negativo. Para a determinao de cada amostra
utilizaram-se quatro placas.
As placas foram observadas macroscpica e microscopicamente e a
citotoxicidade foi constatada pela presena de halo claro ao redor da amostra
testada. Fez-se a determinao do tamanho do halo formado, com auxlio de
paqumetro. A mdia das leituras das quatro placas foi calculada.
A partir das medidas dos halos formados, os ndices de zona (IZ) foram
graduados segundo a USP 28 (2005) (Tabela 8).
Tabela 8 ndice de zona e descrio da reatividade para a avaliao do potencial decitotoxicidade in vitro mtodo de difuso em gar.
ndice de zona (IZ) Descrio da reatividade Classificao
0 ausncia de efeito sob a amostra nenhuma
1 alterao ou degenerao celular sob a amostra fraca
2 halo claro somente sob a amostra leve
3 halo entre 0,5 e 1,0 cm ao redor da amostra moderada
4 halo claro maior que 1,0 cm severaFonte: USP 28, (2005).
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RESULTADOS E DISCUSSO
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Resultados e discusso 77
5.1. MATRIA-PRIMA
As matrias-primas e a SQR utilizadas no desenvolvimento deste trabalho,
foram armazenadas em recipientes ao abrigo da luz. A manipulao das mesmas
sempre foi realizada em ambiente escuro.
5.1.1. Anlise qualitativa da matria-prima
5.1.1.1. Caractersticas organolpticas
As duas amostras de cetoconazol foram comparadas com a substncia
qumica de referncia. Ambas apresentaram-se como p branco.
5.1.1.2. Determinao do ponto de fuso
Determinou-se o ponto de fuso de Ceto1 e Ceto2, e aps fez-se a
comparao com os dados da literatura.
Para a determinao do ponto de fuso, o equipamento, METTLER
TOLEDO modelo FP90, utiliza trs capilares contendo as amostras. Estes so
aquecidos com faixa de aquecimento definida enquanto os capilares so iluminados,
por uma lmpada, via um tubo de luz. Trs fotossensores medem continuamente a
intensidade da luz transmitida atravs das amostras. Os sensores ficam situados na
parede exterior e transformam a luz transmitida em um sinal eltrico proporcional.
Os valores encontrados para as matrias-primas e a especificao
farmacopica encontram-se na Tabela 9.
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Resultados e discusso 79
5.1.1.4. Cromatografia em camada delgada (CCD)
A cromatografia em camada delgada consiste na separao dos componentes
de uma mistura atravs da migrao diferencial sobre uma camada delgada de
adsorvente retido sobre uma superfcie plana (COLLINS et al., 1997). Para o
cetoconazol, o eluente escolhido, preconizado na USP 28 (2005), foi constitudo de
n-hexano, acetato de etila, metanol, gua e cido actico glacial (42:40:15:2:1
V/V/V/V/V).
Aps o desenvolvimento do cromatograma, as placas foram secas e
reveladas. As manchas nas placas (extino de fluorescncia) foram visualizadas
atravs de luz ultravioleta (254 nm), pois o adsorvente da placa estava impregnado
com reagentes fluorescentes. Alm disso, as placas foram expostas a vapores de
iodo em recipiente fechado, onde os compostos orgnicos se tornaram visveis
(manchas marrons).
O resultado obtido demonstrou similaridade das manchas entre amostra e
SQR. O valor de Rf encontrado para Soluo teste 1 e 2, Soluo padroe Soluo
padro diludafoi de 0,33. Nenhuma mancha secundria foi observada.
5.1.1.5. Espectrofotometria de absoro na regio do infravermelho
A radiao no infravermelho corresponde parte do espectro
eletromagntico situada entre as regies do visvel e das microondas. Embora o
espectro no infravermelho seja caracterstico da molcula como um todo, certos
grupos de tomos do origem a bandas que ocorrem mais ou menos na mesma
freqncia, independentemente da estrutura da molcula. justamente a presena
destas bandas caractersticas de grupos que permite, atravs de simples exame do
espectro e consulta a tabelas, a identificao de estruturas (SILVERSTEIN e
WEBSTER, 2000).
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Resultados e discusso 80
As matrias-primas e a SQR apresentaram as mesmas bandas de absoro na
regio do infravermelho, como pode ser observado na Tabela 10, com suas devidas
atribuies. O espectro na regio do infravermelho para o cetoconazol SQR, Ceto1
e Ceto2 encontram-se representados nas Figuras 2, 3 e 4, respectivamente.
%T
90.00 90.00
80.00 80.00
60.00 60.00
40.00 40.00
20.00 20.00
10.00 10.00
4000.0 2000.0 1500.0 1000.0 600.0
Figura 2- Espectro na regio do infravermelho do cetoconazol SQR.
%T
90.00 90.00
80.00 80.00
60.00 60.00
40.00 40.00
20.00 20.00
10.00 10.00
4000.0 2000.0 1500.0 1000.0 600.0
Figura 3- Espectro na regio do infravermelho da matria-prima denominada Ceto1.
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Resultados e discusso 82
5.1.1.6. Espectrofotometria na regio do ultravioleta
Aps a obteno dos espectros de absoro na regio do ultravioleta para
SQR (Figura 5), Ceto1 (Figura 6) e Ceto2 (Figura 7), pde-se observar que as
matrias-primas apresentaram os mximos de absoro nos mesmos comprimentos
de onda que a SQR. Alm disso os espectros obtidos apresentaram o mesmo perfil
de absoro.
Figura 5 Espectro de absoro na regio do ultravioleta para SQR, utilizando equipamentoSHIMADZU UV-1601 PC e cubetas de quartzo de 1 cm de percurso ptico.
Figura 6 Espectro de absoro na regio do ultravioleta para Ceto1, utilizando equipamentoSHIMADZU UV-1601 PC e cubetas de quartzo de 1 cm de percurso ptico.
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Resultados e discusso 83
Figura 7 Espectro de absoro na regio do ultravioleta para Ceto2, utilizando equipamentoSHIMADZU UV-1601 PC e cubetas de quartzo de 1 cm de percurso ptico.
5.1.1.7. Perda por dessecao
Os valores de umidade encontrados foram de 0,008 % para Ceto1 e 0 % paraCeto2. Os valores encontram-se dentro da faixa especificada pela USP 28 (2005)
que deve ser inferior a 0,5 % de umidade.
5.1.2. Anlise quantitativa
5.1.2.1. Volumetria em meio no-aquoso (VMNA)
Ceto1 e Ceto2 foram quantificados por volumetria em meio no-aquoso,
segundo USP 28 (2005). Foram feitas trs determinaes de cada matria-prima. Na
Tabela 11 encontram-se os teores e a especificao farmacopica.
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Resultados e discusso 84
Tabela 11 Valores obtidos na determinao do teor de Ceto1 e Ceto2 atravs de mtodo deVMNA descrito no item 4.3.2.1.
Especificao Farmacopica(%) (USP 28)
Teor (%)Ceto1
Teor (%)Ceto2
99,9 101,1
98,0-102,0 99,9 99,0
100,1 99,7
Mdia 100,0 99,9
DPR 0,1 1,1
Aps as anlises qualitativas e quantitativas das matrias-primas (Ceto1 e 2)
concluiu-se que as mesmas encontravam-se de acordo com as especificaes
farmacopicas (USP 28, 2005).
A matria-prima denominada Ceto1 foi utilizada para o preparo da
formulao (Xb-ceto) que foi utilizada para o desenvolvimento e validao dos dois
mtodos de anlise quantitativa: cromatografia lquida de alta eficincia e ensaio
microbiolgico. A matria-prima Ceto2 foi empregada nos estudos de estabilidade
do frmaco e avaliao da segurana biolgica do xampu de cetoconazol.
5.2. FORMAS FARMACUTICAS
5.2.1. Xampu de cetoconazol 2 % preparado no laboratrio (Xb-Ceto)
Segundo THOMA e KBLER (1997), os excipientes podem influenciar
fortemente a fotoestabilidade de substncias, portanto a escolha da formulao de
Xb-ceto foi feita tentando utilizar o menor nmero de excipientes possveis, para
diminuir a possvel interferncia dos mesmos. Adicionou-se formulao os
excipientes necessrios para o desenvolvimento do xampu.
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Resultados e discusso 85
Como tensoativo para o Xb-ceto, optou-se pelo lauril ter sulfato de sdio
(Figura 8) que um tensoativo aninico. Os mecanismos fsico-qumicos que
caracterizam a detergncia so (WOLF et al., 2001):
diminuio da fora de ligao entre a queratina e as sujidades atravs da
diminuio da tenso superficial, de modo a facilitar a remoo das
partculas,
transferncia da oleosidade para o veculo aquoso,
disperso/suspenso do leo e das partculas de sujidades na espuma.
Figura 8 - Estrutura qumica do lauril ter sulfato de sdio
Como agente estabilizador de espuma foi empregada a dietanolamida de
cido graxo de coco. Algumas vezes estes compostos tambm contribuem para
aumentar a viscosidade do produto final. Para a preparao de xampus comum a
adio de estabilizadores de espuma, pois freqente a associao da detergncia
ao poder de espuma, entretanto estas propriedades nem sempre so concomitantes,
j que existem tensoativos eficazes na detergncia e que possuem fraco poder de
espuma (BOUILLON, 1996).
A viscosidade do Xb-ceto 2 % foi aumentada atravs da adio de cloreto de
sdio, que teve como conseqncia um aumento na resistncia ao movimento.
Adicionou-se, tambm, formulao, metilparabeno que um conservante da
classe dos hidroxibenzoatos. Sua estrutura qumica est representada na Figura 9.
R uma mistura de grupos alquila C12-14 e n = 1 a 4
R-O(CH2CH2O)nCH2CH2-O-SO3-Na+
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diclorometano e agitao ocorreu a formao de duas fases, sendo que a substncia
passou em maior parte da fase aquosa para o solvente.
Optou-se pela extrao com trs pores de solvente, apesar de K
(coeficiente de partio) ser grande, uma poro significativa do soluto ficaria
presente em ambas as fases aps uma extrao simples. Sendo assim, fez-se a
extrao do soluto com trs pores de diclorometano; desta forma a extrao foi
praticamente total.
Para as amostras de cetoconazol extradas do xampu, optou-se pelo mesmo
eluente escolhido para a matria-prima (item 4.3.1.4.), pois, aps vrias tentativas, o
melhor resultado foi encontrado com o mesmo.
Aps o desenvolvimento do cromatograma, as placas foram secas e
reveladas. Da mesma forma que para a matria-prima, as manchas nas placas foram
visualizadas atravs de luz ultravioleta (254 nm) e expostas a vapores de iodo em
recipiente fechado.
O resultado obtido (Figura 10) demonstra a similaridade das manchas entre
amostras e padro. O valor de Rf encontrado foi de 0,33. Observou-se uma mancha
secundria na amostra Xb-ceto com Rf de 0,75, sendo a mancha atribuda ao
conservante -metilparabeno- constituinte da formulao, uma vez que foi feito um
branco (formulao sem o cetoconazol) e observou-se a presena da mancha. Para
as outras amostras no foram observadas manchas secundrias.
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Resultados e discusso 91
Figura 10 Representao do cromatograma em camada delgada, utilizando n-hexano, acetato deetila, metanol, gua e cido actico (42:40:15:2:1 V/V/V/V/V) como eluente. Valor de Rf docetoconazol de 0,33. Soluo padro(1), Soluo padro diluda(2), Form1(3), Form2(4),Xb-ceto(5) e Sol-ceto(6)
5.3.2. Anlise quantitativa
No existem metodologias oficiais para o doseamento de cetoconazol em
xampu. Para o desenvolvimento deste trabalho, foi necessrio o desenvolvimento e
a validao de mtodos que tornassem possvel a determinao do teor do frmaconas formulaes, para posterior estudo da estabilidade do mesmo. Para tanto, dois
mtodos foram desenvolvidos e validados: a cromatografia lquida de alta eficincia
e o ensaio microbiolgico.
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Resultados e discusso 92
5.3.2.1. Cromatografia lquida de alta eficincia (CLAE)
A cromatografia lquida de alta eficincia uma tcnica freqentemente
empregada na quantificao de frmacos em formulaes farmacuticas
(WATSON, 1999).
As condies cromatogrficas utilizadas no desenvolvimento e validao do
mtodo por CLAE foram adaptadas de trabalhos descritos na literatura. Algumas
modificaes foram realizadas com o objetivo de otimizar a quantificao do
frmaco na forma farmacutica xampu. A proposta foi desenvolver um mtodo
rpido e sensvel, validando os parmetros que do confiabilidade ao mesmo.
Para a anlise de muitos frmacos empregam-se detectores UV/Vis,
fornecendo assim um mtodo de anlise exato, preciso e robusto. A cromatografia
juntamente com a deteco UV/Vis capaz de monitorar a estabilidade de frmacos
e formulaes, detectando produtos de degradao. Portanto, o mtodo foi escolhido
para determinar o teor do cetoconazol durante o estudo de estabilidade, assim como
a deteco de produtos de degradao formados.
Segundo a USP 28 (2005) para a quantificao do frmaco em suspenso
oral e comprimidos, os comprimentos de onda empregados so 223 e 225 nm,
respectivamente. Optou-se em desenvolver o mtodo em de 225 nm, onde o
frmaco apresenta uma boa absoro.
A partir dos dados relatados na literatura, foram experimentalmente testadasdiferentes composies de fases mveis, variando-se, basicamente, a proporo da
fase orgnica. Sendo assim, optou-se pela seguinte fase mvel:
monoisopropilamina-metanol 2:500 / acetato de amnio-gua 1:200 (7:3).
O acetato de amnio foi utilizado, pois melhorou os parmetros
cromatogrficos do pico relativo ao cetoconazol. O on amnio comporta-se como
cido fraco e a dissoluo de seus sais resulta em solues cidas ou neutras(DISCHER, 1966).
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Minutes
0 2 4 6 8
mAU
0
200
400
600
Figura 14- Cromatograma da amostra Form1 (320 g/ml), obtido por CLAE com comprimento deonda de 225 nm, utilizando coluna de fase reversa C-8 e monoisopropilamina-metanol(2:500, V/V)/acetato de amnio-gua (1:200, p/V) (7:3, V/V) pH 5,5 como fase mvel.
Minutes
0 2 4 6 8
mAU
0
200
400
600
Figura 15- Cromatograma da amostra Form2 (320 g/ml), obtido por CLAE com comprimento deonda de 225 nm, utilizando coluna de fase reversa C-8 e monoisopropilamina-metanol(2:500, V/V)/acetato de amnio-gua (1:200, p/V) (7:3, V/V) pH 5,5 como fase mvel.
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Resultados e discusso 97
5.3.2.1.1. Linearidade
A linearidade de um procedimento analtico a capacidade de obter
resultados diretamente proporcionais concentrao da substncia em anlise. A
linearidade pode ser determinada atravs da elaborao de curvas padro com no
mnimo cinco nveis de concentrao (ICH, 1996b).
Na Tabela 13 esto apresentados os valores das reas obtidas na elaborao
da curva padro, atravs de cromatografia lquida de alta eficincia.
Tabela 13 -Valores das reas obtidas na elaborao da curva padro do cetoconazol por CLAEcom comprimento de onda de 225 nm, utilizando coluna de fase reversa C-8 emonoisopropilamina-metanol (2:500, V/V)/acetato de amnio-gua (1:200, p/V) (7:3, V/V) pH 5,5como fase mvel.
ConcentraoSQR (g/ml) Dia 1* Dia 2* Dia 3* Mdia DPR
60,0 3605365 3490946 3566009 3554107 1,6
120,0 7095180 6914808 6936409 6982132 1,4
240,0 13754679 13729973 13816348 13767000 0,3
360,0 20659315 20930560 20603896 20731257 0,8
480,0 27409143 27319381 27139266 27289263 0,5*cada valor representa a mdia de trs injees
A Figura 16 indica a representao grfica da curva padro com a sua
respectiva equao da reta, obtida por regresso linear atravs do mtodo dos
mnimos quadrados.
A Tabela 39 (Anexo 1) apresenta os resultados dos tratamentos estatsticos
sobre os valores das reas encontradas na obteno da curva padro por
cromatografia lquida de alta eficincia.
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Resultados e discusso 98
y = 56671x + 183697
r = 0,9999
0,00E+00
5,00E+06
1,00E+07
1,50E+07
2,00E+072,50E+07
3,00E+07
0 100 200 300 400 500
Concentrao (g/ml)
rea
Figura 16 -Representao grfica da mdia das trs curvas padro de cetoconazol e sua respectiva
equao da reta, obtidas por CLAE com comprimento de onda de 225 nm, utilizando coluna de fasereversa C-8 e monoisopropilamina-metanol (2:500, V/V)/acetato de amnio-gua (1:200, p/V)(7:3, V/V) pH 5,5 como fase mvel.
5.3.2.1.2. Preciso
A preciso do mtodo analtico representa o grau de concordncia entre os
resultados de anlises individuais quando o procedimento aplicado repetidamente
a mltiplas alquotas de uma amostra homognea (ICH, 1996b).
Os valores experimentais encontrados na determinao das amostras Xb-
ceto, Form1 e Form2 pelo mtodo de cromatografia lquida de alta eficincia esto
apresentados nas Tabelas 14, 15 e 16, respectivamente.
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Resultados e discusso 99
Tabela 14 Valores experimentais obtidos na determinao de cetoconazol em xampu (Xb-Ceto)por CLAE com comprimento de onda de 225 nm, utilizando coluna de fase reversa C-8 emonoisopropilamina-metanol (2:500, V/V)/acetato de amnio-gua (1:200, p/V) (7:3, V/V) pH 5,5
como fase mvel.
Dias Teor (mg/ml)* Teor (%)* Mdia (%) DPR
120,1; 19,920,3; 20,020,3; 20,1
100,4; 99,3101,5; 100,1101,3; 100,7
100,6 0,8
220,5; 20,620,6; 20,720,1; 20,7
102,6; 102,8102,9; 103,3100,6; 103,3
102,6 1,0
3
20,6; 20,9
20,9; 21,121,1; 21,1
103,0; 104,6
104,5; 105,3105,3; 105,4
104,7 0,9
Mdia entre dias
102,6
DPR entre dias 0,4*cada valor representa a mdia de trs injees
Tabela 15 Valores experimentais obtidos na determinao de cetoconazol em xampu (Form1)por CLAE com comprimento de onda de 225 nm, utilizando coluna de fase reversa C-8 emonoisopropilamina-metanol (2:500, V/V)/acetato de amnio-gua (1:200, p/V) (7:3, V/V) pH 5,5como fase mvel.
Dias Teor (mg/ml)* Teor (%)* Mdia (%) DPR
119,8; 20,120,1; 20,120,0; 20,0
99,1; 100,3100,7; 100,5100,1; 100,0
100,1 0,5
219,3; 19,619,5; 19,519,6; 19,6
96,3; 97,997,7; 97,697,9; 97,8
97,5 0,6
320,0; 20,119,9; 19,920,0; 19,9
100,2; 100,599,3; 99,6
100,2; 99,599,9 0,5
Mdia entre dias
99,2
DPR entre dias 0,3* cada valor representa a mdia de trs injees
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Resultados e discusso 100
Tabela 16 Valores experimentais obtidos na determinao de cetoconazol em xampu (Form2)por CLAE com comprimento de onda de 225 nm, utilizando coluna de fase reversa C-8 emonoisopropilamina-metanol (2:500, V/V)/acetato de amnio-gua (1:200, p/V) (7:3, V/V) pH 5,5
como fase mvel.
Dias Teor (mg/ml)* Teor (%)* Mdia (%) DPR
120,4; 20,420,0; 20,320,1; 20,5
101,8; 102,099,8; 101,7
100,6; 102,5101,4 1,0
220,0; 20,120,1; 20,020,3; 20,1
100,2; 100,6100,5; 99,8
101,4; 100,4100,5 0,5
3
20,3; 20,5
20,2; 20,120,2; 20,2
101,7; 102,5
100,8; 100,6101,0; 101,2 101,3 0,7
Mdia entre dias
101,1
DPR entre dias 0,5* cada valor representa a mdia de trs injees
5.3.2.1.3. Especificidade
A especificidade de um mtodo definida como a habilidade de avaliar de
forma inequvoca a substncia de interesse na presena de componentes que
poderiam interferir com a sua determinao numa mistura complexa. Aps a anlise
do cromatograma do Xb (item 4.4.1.1.) verificou-se que os excipientes no
interferem no pico relativo a