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Qualquer probitico capaz de produzir efeitos benficos?

O termo probitico deve ser empregado para bactrias no patognicas que, quando consumidas emquantidades adequadas, so capazes de sobreviver passagem pelo trato gastrintestinal e estaremmetabolicamente ativas exercendo efeitos benficos para o hospedeiro (1,2). Assim, o termoprobitico faz referncia a bactrias com benefcios ao organismo. No entanto, as bactriasprobiticas possuem efeitos benficos distintos, principalmente de acordo com o gnero, espcie esubspcie (cepa) aos quais pertencem.

Os probiticos permitidos para emprego em alimentos mais comumente utilizados e estudados so osgneros Bifidobacterium, Lactobacillus e, em menor escala, Streptococcus thermophilus eEnterococcus faecium (3-5).

Dentre as bactrias pertencentes ao gnero Bifidobacterium, a B. longum a mais resistente aoscidos gstricos. J a B. animalis tem a maior taxa de sobrevivncia durante o trnsito intestinal (6).Estudos in vitro em clulas murine de macrfagos demonstraram efeitos diferentes de acordo com a

subespcie: B. bifidum, B. breve e B. infantis estimularam mais (fator de necrose tumorala produoda citocina IL-10 e menos de IL-12 e TNF- alfa) do que B. adolescentis (7). Em clulas dendrticascultivadas com diferentes probiticos, B. longum reduziu em 46% a produo da citocina pr-inflamatria IFN-gama (interferon-gama) de clulas T e B. infantis em 62% (8).

Estudo de Jacobsen e colaboradores avaliou 47 tipos de Lactobacillus para verificar diferentescaractersticas entre as subespcies (9). Atividade antimicrobiana: L. acidophilus, L. reuteri, L.rhamnosus, L. casei e L. paracasei conseguiram inibir o crescimento de bactrias patognicas e asdemais espcies demonstraram fraca ou nenhuma atividade. Resistncia: de 44 espcies testadas,todas sobreviveram incubao em ambiente com 0,3% de oxignio e somente 29 sobreviveram aps4 horas de incubao em pH = 2,5 e sais biliares, dentre as quais L. acidophilus, L. paracasei subsp.paracasei, L. reuteri, L. rhamnosus e L. plantarum (9).

Outro estudo verificou se a administrao oral de diferentes Lactobacillus poderia modular de maneiradistinta a resposta imune e perfil citocnico (dose dependente) da mucosa colnica de camundongos.Os pesquisadores encontraram que L. casei e L. delbrueckii bulgaricus aumentaram a expresso de IL-10 e IL-4, enquanto que L. acidophilus induziu aumento em IL-2 e IL-12 (10).

Alm da comparao entre bactrias de mesmo gnero, outros estudos foram conduzidos para secomparar gneros distintos. Weizman e colaboradores em estudo duplo cego, placebo controle, em200 crianas (4 a 10 meses de idade) comparou o efeito de Bifidobacterium Lactis versus Lactobacillusreuteri. Quando comparado ao grupo controle, os grupos com suplementao de probiticosapresentaram menos episdios de febre e de diarria, alm de menor tempo de durao dos episdiosde diarria. Ainda, ao comparar um probitico com o outro, o efeito de L. reuteri foi mais proeminentee apresentou parmetros significativamente melhores de morbidade (1).

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Para exemplificar que os efeitos para a sade humana dos probiticos no so iguais, pesquisadoresinternacionais observaram que os L. bulgaricus, S. thermophilus e B. animalis esto associados reduo significativa do trnsito intestinal. Por outro lado, L. acidophilus demonstrou aumentar otrnsito intestinal e o nmero de defecaes. Assim, o efeito de diferentes bactrias probiticas sobre

o trnsito intestinal parece diretamente relacionado s subespcies utilizadas (6).

At o momento, podemos concluir que todas as bactrias probiticas possuem efeitosbenficos ao organismo humano. No entanto, estes benefcios podem ser distintos e deacordo com o gnero e subespcie (cepa) de bactria. Existem diversas espcies de bactriasprobiticas aprovadas para uso humano, mas ainda no h consenso sobre seu uso isolado ouem conjunto com outras bactrias e uso especfico de determinada espcie a uma patologiaespecfica.

Letcia De Nardi Campos

Nutricionista do Ganep Nutrio Humana. Mestre pelo Programa de Ps-graduao em Gastroenterologia daFMUSP. Pesquisadora do Laboratrio de Metabologia e Nutrio em Cirurgia (METANUTRI - LIM 35 - FMUSP).Especialista em Nutrio Clnica pelo GANEP.

Referncias:1. Weizman Z, Asli G, Alsheikh A. Effect of a Probiotic Infant Formula on Infections in Child Care Centers:Comparison of Two Probiotic Agents. Pediatrics. 2005;115:5-9.

2. Food and Agriculture Organization of the United Nations; World Health Organization. Evaluation of health andnutritional properties of probiotics in food including powder milk with live lactic acid bacteria. [Report of a jointFAO/WHO Expert Consultation].

3. Minelli EB, Benini A, Marzotto M, Sbarbati A, Ruzzenente O, Ferrario R, Hendriks H, Dellaglio F. Assessment ofnovel probiotic Lactobacillus casei strains for the production of functional dairy foods. Int Dairy J. 004;14:723-36.

4. Saarela M, Mogensen G, Fonden R, Matto J, Mattila-Sandholm T. Probiotic bacteria:safety, functional andtechnological properties. J Biotech. 2000;84:197-215.

5. Corra SBM. Desenvolvimento de manjar branco potencialmente probitico (Dissertao). Faculdade deCincias Farmacuticas Universidade de So Paulo. 2006: 92p.

6. Adolfsson O, Meydani SN, Russell RM. Yogurt and gut function. Am J Clin Nutr 2004;80:24556.

7. He F, Morita H, Ouwehand AC, Hosoda M, Hiramatsu M, Kurisaki J, Isolauri E, Benno Y, Salminen S. Stimulationof the secretion of pro-inflammatory cytokines by Bifidobacterium strains. Microbiol Immunol. 2002;46(11):781-5.

8. Hart AL, Lammers K, Brigidi P, Vitali B, Rizzello F, Gionchetti P, Campieri M, Kamm MA, Knight SC, Stagg AJ.Modulation of human dendritic cell phenotype and function by probiotic bacteria. Gut. 2004;53(11):1602-9.

9. Jacobsen CN, Rosenfeldt Nielsen V, Hayford AE, Mller PL, Michaelsen KF, Paerregaard A, Sandstrm B, Tvede

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M, Jakobsen M. Screening of probiotic activities of forty-seven strains of Lactobacillus spp. by in vitro techniquesand evaluation of the colonization ability of five selected strains in humans. Appl Environ Microbiol.1999;65(11):4949-56.

10. Perdigon G, Maldonado Galdeano C, Valdez JC, Medici M. Interaction of lactic acid bacteria with the gutimmune system. Eur J Clin Nutr. 2002;56(S4):S21-6.

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