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Inclusão digital junto a escolas de ensino fundamental Japão
Ramiro Thamay Yamane
Dissertação apresentada ao Curso de
Mestrado em Educação da Phoenix
International University como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre
em Educação, na Especialização de Didática
no Ensino.
Orientador:Professor: Daniel Dias Machado, Dr.
Porto Alegre
2009
Ficha Catalográfica
YAMANE, Ramiro Thamay. Inclusão digital junto a escolas de ensino fundamental Japão.2009. Dissertação (Mestrado em Educação) Phoenix International University –PIU/AW, Porto Alegre, 2009.Orientador: Prof. Dr Daniel Dias Machado Palavras chaves: Computador, Tecnologia, Conhecimento ,
capitulo 1.Introdução;II-As tecnologias de informação e comunicação e o ensino/aprendizagem; III - O papel do computador na educação; IV- Formação de professores para a realidade atual; V - Resultados da Discussão; VI- Considerações Finais; VII-Conclusão/reflexão pessoal; VIII – Bibliografia; Anexos.
iiComissão Examinadora
____________________________________
____________________________________
____________________________________
____________________________________
____________________________________
Ramiro Thamay Yamane
Porto Alegre, ______ de ________________________ de _______
Resultado: ________________________________________________________________
iii
D E D I C A T Ó R I A
À minha esposa por compreender em certos momentos minha ausência, por apoiar todas as
minhas decisões e pelo amor incondicional.
iv
A G R A D E C I M E N T O S
A DEUS, pela vida e sabedoria para escolher o caminho certo e concluir mais uma trajetória
da vida.
À banca examinadora, pela disponibilidade, apoio e orientação no momento da defesa dadissertação.
Ao Prof. Dr Daniel Dias Machado pelo apoio e orientação durante toda estatrajetória.
À minha esposa, Clarice pelo constante incentivo em mais uma trajetória da vida.
Ao meu filho Rennan e minha norinha Priscila pelo amor e carinho e incentivos constante das minhas realizações educacionais e profissionais.
Ao meus amigos e irmãos que sempre me apoiaram nesta jornada, meu muito obrigado.
v
S U M Á R I O
Índice ..........................................................................................................................................i
Índice de Tabelas .......................................................................................................................ii
Índice de Figuras ......................................................................................................................xi
Resumo ...................................................................................................................................vii
Abstract ...................................................................................................................................ix
I - Introdução ............................................................................................................................01
II - As tecnologias de informação e comunicação e o ensino/aprendizagem...........................19
III - O papel do computador na educação.................................................................................24
IV- Formação de professores para a realidade atual.................................................................46
V - Resultados da Discussão.....................................................................................................50
VI- Considerações Finais..........................................................................................................51
VII-Conclusão/reflexão pessoal..........................................................................................52
VIII - Bibliografia.................................................................................................
Anexos................................................................................................................
vi
Lista de abreviaturas, siglas, símbolos e sinais.
PIU/AW: Phoenix International University/ Ashwood University
TICs: Tecnologias de Informação e Comunicações
vii
RESUMO
As mudanças provocadas com o advento da tecnologia trazem a tona questionamentos em
relação à postura de qualquer profissional e, sobretudo, do profissional da educação diante do
seu compromisso frente a seus aprendizes e da sociedade a qual ele pertence, onde não basta
conhecer, mas necessita-se diversificar a forma de trabalho e as propostas pedagógicas, que
hoje têm ligação direta com o processo tecnológico emergente. Neste sentido, a pretensão
deste trabalho é a de investigar e buscar caminhos que transformem a maneira de se
apresentar os conteúdos, ligando-os com o computador, buscando diversidade e inovações na
sala de aula, promovidas com o uso da tecnologia. Esta iniciativa parte da constatação de que
a realidade de grande parte das escolas hoje consiste na sub-utilização dos laboratórios de
informática no desempenho das atividades docentes, com elevada taxa de ociosidade dos
computadores.
O trabalho conjunto de desenvolvimento de atividades baseadas principalmente em softwares,
somado ao contínuo acompanhamento e observação das atividades em sala de aula
possibilitaram não apenas verificar a efetividade de propostas baseadas na capacidade
intrínseca de manipulação de dados e informações e sua representação gráfica e apresentação,
oferecidas pelo computador, mas principalmente pela oferta, ao aluno, de um novo ambiente
de aprendizado, marcado principalmente pela interatividade e pela atratividade, e que, ao
mesmo tempo, atua no sentido de preparar o futuro cidadão a gerenciar uma tecnologia que
encontra-se no cerne de toda a atividade promovida pelas sociedades contemporâneas. Entre
as constatações amplamente vantajosas de uma prática metodológica e mesmo pedagógica
calcada nos laboratórios de informática, uma importante percepção que se extraiu foi a da
grande necessidade de estabelecimento prévio de objetivos e de estratégias de realização
destes objetivos, sob risco de desperdício e de ineficácia de todo um processo de preparação e
pesquisa realizado pelo professor.
Palavras chave: Computador, Tecnologia, Conhecimento.
viii
ABSTRACT
The changes provoked with the coming of the technology bring the surface questions in
relation to the posture of any professional and, above all, of the professional of the education
before it iscommitment front their learnigns and of the society which he belongs, where it is
not enough to know, but it is needed to diversify the work form and the pedagogic proposals,
that today have direct connection with the emerging technological process. In this sense, the
pretension of this work is the one of to investigate and to look for roads to transform the way
to present the contents, tying them with the computer, looking for diversity and innovations in
the classroom, promoted with the use of the technology. This initiative breaks of the
verification that the reality of great part of the schools today consists of the sub-use of the
computer science laboratories in the acting of the educational activities, with high tax of
idleness of the computers.
The united work of development of activities based mainly on softwares, added to the
continuous attendance and observation of the activities in classroom just made possible not to
verify the effectiveness of proposals based in the intrinsic capacity of manipulation of data
and information and his/her graphic representation and presentation, offered by the computer,
but mainly for the offer, to the student, of a new learning atmosphere, marked mainly by the
interatividade and for the attractiveness, and that, at the same time, it acts in the sense of
preparing the future citizen to manage a technology that is in the duramen of all the activity
promoted by the contemporary societies. Among the verifications thoroughly advantageous of
a methodological and same practice pedagogic stepped on at the computer science
laboratories, an important perception that she extracted was the one of the great need of
previous establishment of objectives and of strategies of accomplishment of these objectives,
under waste risk and of inefficacy of whole a preparation process and research accomplished
by the teacher.
Keywords: Computers, Technology, Knowledge.
ix
INTRODUCAO
O presente trabalho constitui uma dissertação tendo em vista a obtenção do grau de
Mestre em Educação, na Especialização de didática no Ensino.
Tendo presente que o mestrado comprova nível aprofundado de conhecimentos numa
área científica específica e capacidade para a prática de investigação, procuramos tomar parte
nas atividades de investigação no âmbito de uma nova disciplina científica, que se tem
centrado nas problemáticas emergentes da introdução das Novas Tecnologias da Informação
na Educação.
As novas tecnologias informacionais de comunicação, notadamente os computadores e
softwares têm transformado de forma radical a vida de nossa sociedade nos últimos anos. No
que tange à educação, a discussão sobre o papel das novas tecnologias educacionais no
processo de ensino-aprendizagem é de extremo interesse para se discutir os rumos que a
educação vai tomar com sua inserção. Nossa pesquisa visa principalmente analisar que tipo de
modificação está acontecendo no processo de trabalho docente com a implantação de novas
tecnologias educacionais, bem como novas posturas do profissional perante tais inovações. É
de nosso interesse averiguarmos até que ponto as novas tecnologias tem contribuído para o
ensino aprendizagem, e também fazermos um estudo minucioso em 03 escolas brasileiras
situadas na região de Saitama-ken Japão, com a finalidade de contribuímos com os
gestores, coordenadores, professores, alunos e com a comunidade educacional brasileira
instaladas no Japão; quanto a importância do uso das novas tecnologias no processo da
produção do conhecimento.
Queremos ressaltar que no Japão há 54 escolas brasileiras em pleno
funcionamento e autorizadas pelo MEC, com todos os cursos validos no Brasil;
segundo se pode observar no anexo nº 06; e deste universo tomamos como amostra
apenas 03 escolas isso devido as grandes dificuldades, que teríamos para a
locomoção, pois essas escolas encontram-se espalhadas por todo o arquipélago
japonês, e nossa pesquisa é de caráter particular, e os encargos financeiros são de
nossa inteira responsabilidade; todavia queremos deixar claro que na realidade
gostaríamos de poder visitar um numero maior dessas unidades escolares, para
termos uma idéia melhor do problema proposto em nossa pesquisa, todavia queremos
deixar claro que como pesquisadores fizemos uma cuidadosa investigação do
fenômeno nas três escolas por nós pesquisadas.
Para a obtenção dos dados necessários, na elaboração desta pesquisa cientifica,
visitamos estas escolas privadas e entrevistamos; os gestores, coordenadores, professores e
alunos; visando averiguarmos que tipo de transformação está acontecendo no trabalho docente
com todo o discurso que envolve a utilização de novas tecnologias na sala de aula. Isso é sem
duvida fundamental para uma análise das possíveis implicações na categoria docente
decorrente das novas tecnologias.
Vivemos em um mundo globalizado, onde as mudanças ocorrem a cada minuto e
percebemos como professor que o setor educacional em sua maioria continua a usar métodos
ultrapassados.
1.2 ProblemaO uso dos computadores na educação não pode mais ser questionado, porém não se
deve adotá-lo como uma solução utópica para os problemas educacionais. Se a realidade atual
mostra grandes transformações em todas as áreas da vida humana, os movimentos e as
práticas educacionais não estão, e nem poderiam estar, alheios a esses fatos. "A educação faz
parte desse tecido social e sua participação no contexto da sociedade é de grande relevância,
não só pela formação dos cidadãos que atuam nesta sociedade, mas e principalmente, pelo
potencial criativo que ao homem está destinado no seu próprio processo de desenvolvimento."
GRINSPUN (1999). 1
Trabalhar com a educação é uma experiência que proporciona um aprendizado da
transformação de informações em conhecimento, e este conhecimento em sabedoria. É isto
que dá ao ser humano o poder de saber optar refletindo e até gerenciando autonomamente
suas opções; para isso a inteligência possibilita condições de transferir os conhecimentos de
uma área para outra, fazendo assim, a inter-relação dos conhecimentos já estruturados.
Reforça-se a constatação de que a escola não pode excluir-se dessa realidade. Os
alunos precisam sentir que seus professores são atuais e atuantes. As metodologias aplicadas
pelos educadores devem corresponder às realidades vividas pelos alunos no seu dia-a-dia e,
mais do que nunca, essas tecnologias disponíveis devem ter sua função educativa,
participando da construção do conhecimento, principalmente em se tratando de alunos de
escolas públicas. Dentro desta perspectiva há questões sobre como preparar o professor para
atuar nessa nova realidade.
1 GRINSPUN, Mírian P.S. Zippin. Educação Tecnológica. In : Educação Tecnológicadesafios e perspectivas. Mírian P.S. Zippin Grinspun (org). São Paulo: Cortez, 1999.
Em nível local, questiona-se: os professores das escolas em questão na região de
Saitama-Ken Japão utilizam os recursos computacionais aplicados ao ensino? Os laboratórios
de informática são utilizados de maneira adequada, isto para uso pedagógico e com objetivos
pré-estabelecidos pelos professores?
Estas questões não são facilmente respondidas no plano teórico e nem na prática
escolar.
1.3 HipótesesAlgumas hipóteses podem ser consideradas, entre elas:
-A participação de professores em um grupo de estudos em informática aplicada ao
ensino poderá viabilizar a utilização de alguns ambientes computacionais em conexão com os
conteúdos que estão sendo trabalhados em sala de aula.
- Essa capacitação em grupo de estudos e o assessoramento nas atividades
iniciais com alunos nas escolas viabilizará e tornará mais freqüente a utilização dos
laboratórios de informática na escolas da rede pública.
-O uso de softweres educacionais, possibilitam o desenvolvimento de atividades de
maneira construtiva e permitem que o aluno interaja com o conteúdo ministrado. O aluno
deixa de ser assistente (passivo) para assumir o papel de construtor do seu conhecimento.
O computador aguça a curiosidade dos alunos? É incontestável o fascínio que o
computador provoca nos alunos, independente de suas idades segundo Nogueira (2002).2
As aulas no laboratório de informática são as mais esperadas pelos alunos. Percebe-se
como é grande a expectativa para se sentarem em frente de um
computador. As atividades são realizadas com mais entusiasmo e satisfação. É notável como
os alunos se sentem importantes e aos poucos se tornam autônomos no uso da máquina,
mesmo que os que não sabem utilizar o computador. São poucos os que não se aventuram a
descobrir como funciona, vão clicando e abrindo janelas aleatoriamente, descobrindo uma
infinidade de coisas.
O que os alunos dizem a respeito do uso do computador e sobre a pesquisa na Internet
“Gosto de escrever e desenhar no computador porque desenvolve a leitura a inteligência a
pintura e outras coisas” (Grupo - As curiosas).
“Usar o computador e pesquisar na Internet contribui para soltar a minha mente” (grupo -
Descobrindo a cada dia).
2 NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro.Pedagogia dos Projetos: uma jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências. 3 ed. São Paulo:2002.
“O computador desenvolve minhas habilidades e inteligência. É tudo que eu preciso”. (Grupo
– OS Interplanetários).
“Quando estou usando o computador eu me sinto uma ótima pessoa como se eu soubesse tudo
sobre computador” (Grupo – O Começo)).
“Pesquisando na Internet eu posso ir aonde quiser posso fazer trabalhos ver notícias e
pesquisar várias coisas, com o computador melhora a minha aprendizagem” (Grupo - As
Curiosas)
O uso do computador requer certas ações que são bastante efetivas no processo de
construção do conhecimento. Quando o aprendiz está interagindo com o computador ele está
manipulando conceitos e isso contribui para o seu desenvolvimento mental conforme Valente
(1998). 3
1.4 Objetivos
1.4.1Objetivo Geral
Identificar e descrever os fatores motivações do corpo docente e discentes e gestores
quanto ao uso de novas tecnologias ( computadores e outros). No processo de construção do
conhecimento.
1.4.2 Objetivos Específicos
- Discutir as possibilidades das Tecnologias de Informação e Comunicação como
estratégia inovadora e suas contribuições para as soluções de problemas que afetam a
Educação, buscando soluções que contribuam para o pleno desenvolvimento da educação das
escolas brasileiras na região de Saitama-Ken Japão;
- Explorar práticas pedagógicas em diversas disciplinas com o auxílio de ambientes
computacionais;
- Discutir como gestores, coordenadores, professores e alunos como implementar
alternativas de utilização dos recursos computacionais pode contribuir na melhoria da prática
docente e discente.
3VALENTE, José Armando. Organizador: Computadores e Conhecimento –Repensando a Educação 2ª ed. São Paulo. UNICAMP/NIED. 1998.
1.5 Justificativa
O interesse pelo tema desta pesquisa tem suas origens na necessidade de mudanças da
prática pedagógica, principalmente no que se refere aos novos papéis que o professor deverá
desempenhar, nos novos modos de formação que possam prepará-lo para o uso pedagógico do
computador, bem como em sua atitude frente ao conhecimento e à aprendizagem.
As mudanças provocadas com o advento da tecnologia trazem a tona questionamentos
em relação à postura de qualquer profissional e, sobretudo, do profissional da educação diante
do seu compromisso frente a seus aprendizes e da sociedade a qual ele pertence, onde não
basta conhecer, mas necessita-se diversificar a forma de trabalho e as propostas pedagógicas,
que hoje têm ligação direta com o processo tecnológico emergente.
Levantam diversos questionamentos de como proceder, como encaminhar, que
metodologias devem ser utilizadas, qual é o principal objetivo a ser atingido nesse processo
do uso das Tecnologias de Informação e Comunicações (TICs), são constantes no cotidiano
de qualquer profissional e preocupa o docente, pois esta tecnologia ainda é recente no
universo escolar, trazendo uma constante, que são os encaminhamentos para seu uso em todas
as áreas do conhecimento, principalmente com alunos da rede pública.
Conforme nossas pesquisas realizadas nas Escolas da região de sua abrangência,
observou-se que poucas escolas têm contemplado o uso da telepática em sala de aula. E que
os professores pouco utiliza o instrumental tecnológico disponível, como softwares para
trabalhar os conteúdos em sala de aula.
Um coletivo de inexperiência com o uso do computador agregado a falta de
conhecimento do professor em utilizar e criar atividades diversificadas com o instrumental
que está disponível tem levado a uma preocupação em buscar caminhos e metodologias que
modifique a realidade deste profissional.
Entendemos que essa pesquisa justifica-se ainda pelo fato de que o professor necessita
de capacitação para desenvolver novos papéis que lhe são impostos pela utilização do
computador na educação. Segundo Valente(1996). 4 “o advento do computador na educação
provocou o questionamento dos métodos e da prática educacional.
Também provocou insegurança em alguns professores menos informados que receiam
e refutam o uso do computador na sala de aula.” Ainda conforme Valente(1996) 5, “o uso do 4 VALENTE, J.A. (org.). O Professor no Ambiente Logo: Formação e Atuação. SãoPaulo: Unicamp/Nied , 1996.
5 Idem.
computador pode enriquecer ambientes de aprendizagem onde o aluno, interagindo com os
objetos desse ambiente, tem chance de construir o seu conhecimento.”
Informática e computadores provocam mudanças nos currículos e essas terão
conseqüências na capacitação de professores. Além de necessitar de elementos de ciência do
computador e informática deveremos também prepará-los para ensinar de uma nova maneira.
D’Ambrosio(1986) 6 comenta ainda sobre o relacionamento dizendo que “temos agora um
triângulo estudante – professor – computador, onde anteriormente apenas existia o
relacionamento estudante – professor. Os estudantes por sua vez, têm novas expectativas com
respeito ao ensino geral.” Observa-se, também, mudanças na dificuldade de problemas e
exercícios. O uso do computador muda a ordem de dificuldade dos exercícios e também
viabiliza a resolução de várias maneiras para o mesmo exercício. Todas essas possibilidades
apontadas pelos autores dependem da participação efetiva dos professores no processo de
ensino e aprendizagem . É necessário que o professor esteja preparado para pré-estabelecer
metas quando do uso do computador, ou seja, desde a escolha do software que irá utilizar bem
como a adequação do uso deste software aos seus objetivos pedagógicos.
A falta de preparo e informação do professor em relação aos recursos tecnológicos
contribuem para que a informática educacional se torne um processo frustrante.
Por todos esses motivos acreditamos que nossa pesquisa se justifica, pois a mesma tem
a intenção de dar uma alerta a esse tipo de docente, que insiste em usar métodos pedagógicos
ultrapassados, em suas atividades profissionais.
1.6 Escopo do estudo
É necessário deixar claro o que este trabalho não pretende abordar, o que não atinge,
ou ainda, não alcança. Neste intuito, esse estudo não apresenta e não pretende oferecer
receitas sobre a utilização do computador na educação. Apesar de buscar ser uma contribuição
para os professores, cumpre ressaltar que o envolvimento destes no processo de
implementação da tecnologia na educação é tão importante quanto sua aquisição de
informação e capacitação. Assim, não se apresenta um software e tão menos uma metodologia
milagrosa. O professor deve preestabelecer seus objetivos e metodologia a cada atividade
utilizando computadores.
6 D´AMBROSIO, Ubiratan. Da realidade à ação: reflexão sobre educação ematemática. 4 ed. São Paulo: Summus, 1986.
Este trabalho não tem o objetivo de provar que o uso das tecnologias melhora
efetivamente o processo de ensino e da aprendizagem, mas sim buscar subsídios para uma
análise sobre o tema. O simples uso de computadores não garante nenhum avanço. É preciso
que professores e alunos cumpram seus papéis para que o processo seja válido. Esses papéis
precisam ser definidos, pois diferem totalmente dos papéis já estabelecidos pela escola que
não utiliza uma metodologia de uso da tecnologia. O professor passa de informador/emissor
de conhecimento para facilitador da aprendizagem. O aluno, por sua vez, passa de
ouvinte/receptor para co-responsável pelo seu aprendizado.
1.7 Etapas de nossa pesquisa
Utilizar-se-á o histórico de nossas pesquisas realizadas em 03 escolas brasileiras
localizadas na região de Saitama-Ken Japão para um mapeamento das atividades
desenvolvidas pelos professores no período de 2009, relacionadas à utilização dos recursos
computacionais em suas atividades educacionais na região.
No desenvolvimento da dissertação é apresentada a descrição das etapas
correspondentes aos objetivos, justificativas, hipóteses, metodologia utilizada e a estruturação
do trabalho.
O Capitulo I a introdução onde aborda conceitos de contextualização do tema em discussão,
procurando apresentar elementos e aspectos que possam traçar um panorama da questão do
conhecimento nas sociedades e na escola.
O Capitulo II analisamos as tecnologias de informação e comunicação e o
ensino/aprendizagem; No Capitulo III veremos o papel do computador na educação; no
Capitulo IV enfocamos a Formação de professores para a realidade atual.
O Capítulo V checaremos os resultados da discussão dos capítulos anteriores e a
realidade verificada, através do relato e análise da proposta implantada; já neste Capitulo VI
faremos as considerações finais e proporemos algumas mudanças que entendemos serem de
grande valia para a comunidade estudantil, no Capitulo VII é onde encontraremos toda a
bibliografia consultada; e por fim teremos Os Anexos com toda a documentação referentes a
nossa pesquisa onde poderá ser observada pelo leitor.
1.8 Metodologia
Primeiramente desenvolvemos uma pesquisa bibliográfica para contribuir com a
discussão teórica sobre o uso das novas tecnologias pelos dos profissionais da educação, e
para isso buscamos várias referências que nos ajudaram a entender melhor essa temática, com
levantamento de leitura exploratória e seletiva de livros, dissertações, teses e artigos
científicos, a fim de ordenar e sumariar as informações contidas nas fontes, conferir
significado mais amplo aos resultados, relacionando o que o autor afirma com o problema
para qual em questão. Nossa pesquisa tem um cunho exploratório de caráter dedutivo.
Logo após, visitamos as escolas de Saitama-Ken, as quais selecionamos
cuidadosamente conforme os objetivos de nossa pesquisa e verificamos as que possuem
laboratório de informática, em seguida, nos deslocamos até a Assessoria Pedagógica a fim de
coletar dados sobre o número de professores e suas respectivas disciplinas existentes em cada
escola pretendida. Dessa forma, foram coletados dados de interesse da pesquisa através de
questionários, que foram utilizados, nas escolas de Saitama-Ken; por fim entrevistamos,
coordenadores, gestores, professores e alunos.
Os dados foram coletados e trabalhados por meio de questionários, com perguntas
abertas e fechadas referentes ao assunto a ser abordado no decorrer da pesquisa, bem como
dados pessoais, formação acadêmica, formação profissional, formação em informática e
utilização e visão dos professores.
Categorizando nossos dados utilizamos parte das categorias elencadas por Sena (2005)7,
são elas: descrença pedagógica, ilusão, motivação, abertura e engajamento. Dentro da
concepção inicial do professor, intentamos observar os modelos dos quais os professores mais
se aproximam, não querendo, com isso, classificá-lo, pois compreendemos que tais
concepções são pessoais, únicas e diferenciadas.
1.9 Fundamentação Teórica
Os tempos atuais são tempos de profundas transformações tecnológicas. A rápida
evolução e difusão de novas tecnologias, em particular as associadas aos computadores estão
a alterar significativamente não apenas os processos de produção de bens materiais, mas
também os processos de difusão das experiências e, conseqüentemente, os modos de viver em
7 SENA, Rebeca Moreira. Evolução das concepções de professores dematemática sobre informática educativa, a partir de um curso de capacitação.Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto deEducação, 2005.
sociedade. Este ritmo evolutivo em termos tecnológicos é acompanhado (e possibilitado) por
um volume crescente do conhecimento humano nas mais diversas áreas do saber. Nunca
como hoje, se tornou tão necessário o desenvolvimento de capacidades ao nível da gestão e
manipulação de informação, de modo a permitir uma interação eficaz com o mundo que nos
rodeia.
A sociedade de futuro será "uma sociedade que verá, provavelmente, o seu sucesso
baseado na capacidade de acesso e tratamento/organização de informação" Freitas(1992)8.
Uma sociedade em que mais do que saber, interessa aceder à informação - a aumentar em
cada dia que passa - e saber trabalhá-la formulando perguntas inteligentes.
Cada vez mais as pessoas terão necessidade de partilhar experiências, informações e
conhecimentos. Na minha perspectiva, dada a complexidade e especificidade de algum
hardware e software, esta troca de experiência entre pessoas portadoras de deficiência é
também enriquecedora. Aos mais diversos níveis - local, regional, nacional, internacional e
mundial - os desafios que se colocam à sociedade exigem competências de gestão,
organização e manipulação de informação, aliadas a um forte espírito de solidariedade e de
cooperação. Trabalhar em cooperação, ser o nó de uma rede humana, é a oportunidade de
partilhar experiências e ter acesso a novo "Know-how" sobre certos domínios. Neste sentido,
podemos quando afirmar: Que é agora largamente reconhecido que, nos domínios em rápida
transformação, como os relacionados com a educação e a formação, a informação mais útil e
atualizada não se encontra nas bases de dados, mas antes na memória coletiva dos grupos de
utilizadores que operam nesses domínios.
Neste contexto o acesso a redes de comunicação à distância poderá significar a
interação direta com especialistas de determinadas áreas do conhecimento, onde os
utilizadores dessas redes podem pedir assistência e onde podem receber, de outros
utilizadores, quer respostas que satisfaçam as suas necessidades, quer sugestões sobre o local
onde podem encontrar a informação ou parecer especializado que procuram . A este nível, e
apitando as palavras de Freitas(1992) 9, "a humanidade terá nas novas tecnologias da
8 Freitas, J. C. (1992a). As NTIC na Educação: Esboço para um Quadro Global; in J. Correia de Freitas e V. Duarte Teodoro (eds), Educação e Computadores, Lisboa: Ministério da Educação, Gabinete de Estudos e Planeamento, série: Desenvolvimento dos sistemas Educativos.
informação e comunicação um auxiliar precioso no sentido de uma verdadeira
disponibilização da informação por todos".
Viver numa sociedade cada vez mais alicerçada em poderosas redes de comunicação,
implica novas mentalidades, novas destrezas e novas exigências; permitindo estabelecer novas
conexões entre as tecnologias mais prometedoras tendo em vista as necessidades de formação
para a sociedade dos anos 90 e do próximo milênio.
Na sociedade do conhecimento, com as novas tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC), a aprendizagem se reflete em todos os ângulos da sociedade. A vida na
Sociedade do Conhecimento e da Informação, das telecomunicações, da Internet, do mundo
virtual, da reconstrução do conhecimento e da mundialização de conceitos, idéias e
tecnologias, surge a complexidade do mundo, com uma exposição a incontáveis informações.
Nos últimos anos, muito sistema de ensino tem vindo a repensar os seus objetivos e
modelos de funcionamento, procurando renovar-se e adaptar-se às novas exigências da
sociedade atual. De entre os fatores que têm tornado necessário um repensar da escola,
contam-se os rápidos desenvolvimentos tecnológicos a que estamos a assistir na sociedade e
que, por um imperativo desta, se têm repercutido, de alguma forma, na prática educativa.
II- As tecnologias de informação e comunicação e o ensino/aprendizagem
As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) invadiram as nossas escolas num
curto espaço de tempo e prometem ficar devido à importância que lhes é atribuída. Mas por
9 Freitas, J. C. (1992a). As NTIC na Educação: Esboço para um Quadro Global; in J. Correia de Freitas e V. Duarte Teodoro (eds), Educação e Computadores, Lisboa: Ministério da Educação, Gabinete de Estudos e Planeamento, série: Desenvolvimento dos sistemas Educativos.
que razões é que elas são importantes? Na verdade há quatro princípios fundamentais
princípios segundo vários autores que são:
- Razões sociais - as crianças devem ser preparadas para agir numa sociedade movida
pelas tecnologias;
- Razões vocacionais - as crianças devem ser preparadas profissionalmente
(dominarem as tecnologias) para vencerem nessa mesma sociedade tecnológica;
- Razões pedagógicas - possibilidade de melhoria dos processos de ensino -
aprendizagem;
- Razões catalisadoras - a utilização do computador pode acelerar outras inovações
educativas, com mais ênfase nos processos de ensino - aprendizagem que valorizam a
cooperação mais que a competição, a resolução de problemas e reflexão e não tanto a
memorização.
No entanto, até que a integração dos computadores com objetivos construtivistas na
escola sejam uma realidade, na maioria dos casos, há ainda um grande caminho a percorrer.
Os obstáculos são ainda muitos, conforme diversos estudiosos, depois de reverem
investigações feitas, concluíram que: o contexto social, a organização escolar, os suportes
externos e as características inovadoras do produto eram os principais entraves para uma
utilização eficiente.
- Contexto social - necessidade de investimento em equipamentos; desenvolvimento
de programas informáticos educativos; formação de professores; falta de empenhamento por
parte das hierarquias superiores ligadas à educação; reformulação de currículo, etc..
- Organização escolar - as dificuldades surgem quando não existe encorajamento por
parte da administração das escolas, principalmente, em não facilitar a participação em
formação, aquisição de equipamentos e programas, reorganização de horários, salas, etc,
quando os professores não estão receptivos às novas idéias e experiências; quando não existe
um coordenador de informática e também quando não existem contratos de manutenção de
equipamentos e programas.
- Suporte externo - os cursos de formação contínua pecam por dar quase que
unicamente relevo aos aspectos técnicos em vez de ajudar os professores com a integração
dos computadores no dia-a-dia da escola, com conhecimentos de seleção e avaliação quer de
programas informáticos, quer de desempenho dos alunos. E por último, os professores não
têm suportes que os ajude a ultrapassar os problemas criados pelas novas relações
professor/aluno.
- Características inovadoras - aqui levantam-se questões relacionadas com as
vantagens e desvantagens que os computadores trazem para o processo de ensino
aprendizagem; com a qualidade dos programas informáticos educativos; que tipo de
raciocínio é que se pode esperar quando se medem benefícios atuais versus custos em pessoal
e organização.
Todavia não só, o uso correto dos computadores na educação requer, principalmente,
uma aproximação psicológica na qual professores e alunos sejam sensibilizados para as
diferenças individuais de aprendizagem, numa nova postura quer de uns quer de outros. Os
alunos também têm de compreender a sua nova posição - responsáveis pela sua
aprendizagem.
Os professores têm que mudar as suas atitudes pedagógicas, o seu objetivo deve ser o
de construtor de conhecimento, isto é, ajudar os alunos a apropriarem-se dos seus
conhecimentos, construírem eles mesmos os seus mapas de conceitos e conduzirem as suas
próprias explorações, prepará-los para a aprendizagem permanente, fomentar neles valores
que conduzam à satisfação pessoal e que sejam socialmente construtivos porque isto dá-lhes
poder e motiva-os.
Entendemos que o papel relevante que as novas tecnologias da informação e da
comunicação poderão desempenhar no sistema educacional depende de vários fatores. Além
de uma infra-estrutura adequada de comunicação, de modelos sistêmicos bem planejados e
projetos teoricamente bem formulados, o sucesso de qualquer empreendimento nesta área
depende, fundamentalmente, de investimentos significativos que deverão ser feitos na
formação de recursos humanos, de decisões políticas apropriadas e oportunas, amparadas por
forte desejo e capacidade de realização.
Entretanto, para que possamos combinar esses elementos num modelo de
planejamento sistêmico, adequado e exeqüível, é necessário uma melhor compreensão das
diferentes realidades educacionais, da gravidade dos problemas que afetam a educação e suas
relações de interdependência com os outros subsistemas, da compreensão dos novos cenários
mundiais que estão sendo desenhados e redesenhados pelo processo de globalização. Nesses
cenários estão incluídas as novas tendências que vêm afetando a economia, a política, o meio-
ambiente, as maneiras de viver e conviver, as formas como as sociedades se organizam,
levando-nos a perceber o quanto a área educacional está dissociada do mundo e da vida, o que
vem exigindo significativas modificações nos processos de ensino-aprendizagem e nos papéis
até então desempenhados pelas escolas.
O equacionamento adequado da problemática educacional envolvendo a utilização das
tecnologias requer, ainda a transposição para a área educacional de princípios, noções,
critérios, conceitos e valores decorrentes do novo paradigma científico que coloca em xeque o
atual modelo de construção do conhecimento fundamentado em teorias de ensino-
aprendizagem apoiadas num movimento intelectual que já está ultrapassado, embora ele ainda
continue existindo e persistindo nas políticas governamentais e nas práticas pedagógicas da
grande maioria de nossas escolas.
O atual modelo científico decorrente da nova Cosmologia explicada pela Teoria da
Relatividade e pela Física Quântica apresenta uma série de implicações importantes nos
processos de construção do saber, na maneira como pensamos e compreendemos o mundo e,
conseqüentemente, nas formas de produção, de gestão e de disseminação do conhecimento e
das informações. A combinação desses fatores requer a preparação de uma nova agenda
educacional, na qual planejadores e executores de projetos educacionais precisam estar mais
atentos para que os aspectos finalísticos da educação realmente sejam alcançados.
Dessa forma, para que possamos justificar a necessidade de maior dinamização dos
processos de informatização da educação e compreender melhor o papel que as novas
tecnologias poderão desempenhar no contexto educacional, precisamos entender com
sensibilidade e clareza quais são os traços de universalidade existentes no mundo
contemporâneo caracterizadores dos novos cenários mundiais, quais as mudanças que estão
ocorrendo na economia, nas organizações e nos serviços, bem como quais são as
transformações nos sistemas de produção de conhecimento e de transmissão de informações.
Isto porque, sob o nosso ponto de vista, para educar para a Era da Informação ou para
a Sociedade do Conhecimento é necessário extrapolar as questões da didática, dos métodos de
ensino, dos conteúdos curriculares, para poder encontrar caminhos mais adequados e
congruentes com o momento histórico em que estamos vivendo. Todos esses aspectos
implicam o repensar da escola, dos processos de ensino-aprendizagem e o redimensionamento
do papel que o professor deverá desempenhar na formação do futuro cidadão daqui para
frente.
2.2. O Ensino/Aprendizagem
O desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação nos últimos anos, veio
trazer aos modelos tradicionais da aprendizagem ou, melhor dizendo, do
Ensino/Aprendizagem um conjunto significativo de alterações, quer quanto aos suportes
materiais, quer quanto às metodologias, quer ainda quanto aos modelos conceptuais da
aprendizagem que já estão a produzir os seus efeitos e que vão ter em breve, repercussões de
grande impacto na prática pedagógica.
A pressão em relação ao uso da informática se faz cada vez mais evidente em todas as
áreas, e isso não é diferente na educação. A todo o momento os professores sentem que quem
não for capaz de usar a informática como instrumental para o ensino-aprendizagem estará fora
do mercado de trabalho. Mas quais os resultados da informática em relação à maior eficácia
da aprendizagem? Os alunos realmente aprendem mais e melhor, quando fazem uso da
informática? Que conceito de aprendizagem está por trás dos programas educativos? Essas
são algumas questões que ainda não têm recebido a atenção que merecem.
A multimídia, em especial, tem sido a grande promessa de uma nova revolução no
ensino. Muito se fala a respeito disso, mas pouco se comprova em termos da eficácia desse
instrumental em situações de ensino-aprendizagem. Muita pesquisa ainda precisa ser feita,
buscando informações novas a respeito da influência da multimídia na aprendizagem, para
que se possa, futuramente, explorar esse recurso da melhor maneira possível com fins
educacionais.
Contudo, uma idéia já é ponto pacífico entre as pessoas que lidam com informática na
educação: a informática, assim como qualquer outro instrumental que possa ser usado em
situações de ensino-aprendizagem, depende do uso que se faz dela. Não se pode esperar
milagres das novas tecnologias.
Para Freire(2001a)10, o homem é um ser de relações que, desafiado pela natureza, a
transforma com seu trabalho, criando o mundo da cultura. E ao criar o mundo do trabalho e da
cultura ele se percebe historicamente imerso na contradição opressores-oprimidos, advindo
daí a necessidade de sua superação. 10FREIRE, 2001a. Extensão ou Comunicação? 11ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra.
É impossível, na perspectiva freireana, compreender o pensamento fora de sua dupla função:
cognoscitiva e comunicativa.
A intersubjetividade ou a intercomunicação é a característica primordial deste mundo
cultural e histórico. Daí que a função gnosiológica não possa ficar reduzida à simples relação
do sujeito cognoscente com o objeto cognoscível. Sem a relação comunicativa entre sujeitos
cognoscentes em torno do objeto cognoscível desapareceria o ato cognoscitível Freire(2001b).11
Em vista disso, a educação é concebida como um ato político e de comunicação - e
não de extensão -, pois a comunicação “implica uma reciprocidade que não pode ser
corrompida. Comunicação é educação, é diálogo, “na medida em que não é transferência de
saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados”
Freire(2001b)12.
III O papel do computador na educação
3.1. O Computador No Ensino
Desde sempre o homem tem tentado dominar o meio em que vive. Para isso criou
utensílios, domesticou animais e construiu máquinas que o ajudassem nessa tarefa. Pode-se
afirmar que desde o aparecimento do ábaco (passível de ser considerado como a primeira
máquina de calcular), com o qual se podem executar as principais operações aritméticas e que
curiosamente continua a ser usado nos países orientais e alguns países de Leste (antigas
11 FRERE, 2001b. Pedagogia da Esperança. 8ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra.12 idem.
repúblicas ex-soviéticas) concorrendo com as máquinas de calcular, até aos modernos
computadores de hoje, a evolução tem sido considerável.
Na seqüência de intervenções que tiveram lugar, o computador aparece como a
descoberta mais significativa e transformacional da era moderna. Desde o seu aparecimento
que o homem não cessou de o aperfeiçoar, introduzindo nas fábricas, nos escritórios, nos
serviços, nas escolas e até mesmo nas casas de cada um.
A motivação para introduzir os computadores nas escolas tem objetivos
socioeconômicos e políticos. Preparar os futuros cidadãos para o trabalho ou para o lazer, na
sociedade da informação.
O decorrer dos tempos e as convulsões sociais têm, aos poucos contribuído para o
aumento da população escolar que, em simultâneo, se tem alargado, uma tanto
indiscriminadamente, às classes social e culturalmente mais arredada das letras. Esta situação
propiciou a heterogeneidade da população escolar que acolhida por uma instituição, regra
geral economicamente desfavorecida e arraigada a modelos escolares conservadores, não
conseguiu criar as condições capazes de se sobreporem às diferenças socioculturais dos
indivíduos e asseguradoras do sucesso escolar de todos quantos a freqüentam.
Concomitantemente, tornou-se obrigatório um período de escolaridade que tem vindo a ser
aumentado, sem que a Escola tenha revisto, de forma concludente, a sua forma de ser e de
estar. Tal fato tem-se refletido, de um modo geral, no agravamento das taxas de não
aproveitamento, traduzido pelas reprovações escolares, e pelo aumento da taxa de abandono
escolar.
Vivendo-se, no final deste século, o início de uma nova Era, a das Novas Tecnologias
(da informação e da comunicação), e quando os Sistemas Escolares apostam, na sua quase
totalidade, em Reformas Educativas conducentes a estudos que, com maior ou menor pendor
interdisciplinar, por um lado, conduzam a situações mais próximas da realidade vivida pelos
alunos, e por outro, incidam na utilização e exploração dos meios informáticos. Cabe aos
professores, no seu conjunto, a realização de experiências que de forma interligada possam
servir de ponto de partida e base de trabalho a um outro tipo de ensino que se pretende,
realmente, novo.
O computador apresenta um conjunto de características que o tornam bastante
adequado às tarefas do processo de ensino e aprendizagem, Blanco (1989)13 de que se
destacam a:
- Disponibilidade - como qualquer aparato eletromecânico, inerte, necessita de energia
para se tornar operacional. Desde que ligado e após uma primeira seqüência interna de
instruções/operações coloca-se à disposição do utilizador;
- Interatividade - pelas características físicas da própria máquina é facilmente
perceptível que qualquer trabalho a desenvolver com o computador (mesmo considerando o
modelo mais tradicional, unidade central de processamento, monitor e teclado) obriga a uma
atividade atuante sobre diferentes canais sensoriais do operador. A imagem, por vezes
acompanhada de som, e o tacto, apelam à atenção do indivíduo estimulando um quase
diálogo; a interatividade entre o homem e a máquina, facilitadora da percepção e retenção da
informação manipulada. Esta característica tenderá a tornar-se cada vez mais dialogante uma
vez que as investigações desenvolvidas são efetuadas no sentido de possibilitar a interação
verbal. Na verdade nada está no intelecto sem que primeiro tenha passado pelos sentidos,
então o computador pode ser um bom propiciador desta passagem, quando bem utilizado;
- Capacidade de memória - colocando de lado os aspectos psicológicos subjacentes ao
conceito de memória humana, ou os aspectos técnicos que encaram e informam o conceito de
memória dos computadores, aqui entende-se, de forma global, a memória como a capacidade
de armazenamento e processamento de dados com função informativa, quando os mesmos são
encarados como elementos inerentes ao processo de comunicação. E, sob este ponto de vista,
o computador leva grande vantagem ao ser humano;
- Conforme diversos autores que consultamos "o número de respostas corretas durante
a aprendizagem cresce em função do número de apresentações da tarefa", embora
experiências mais recentes apontem para o fato de o número dessas repetições não ser o
elemento preponderante da memorização, não deixam de referir a sua relativa importância no
processo da aprendizagem. Ora o computador detém uma grande capacidade repetidora, quase
mecânica, que superando a maior paciência, objetividade e perseverança do melhor dos
13 Blanco, E, Dias, P; Silva, B; (1989). Tecnologia Educativa - Bases Teóricas. Braga: Universidade do Minho.
mortais, pode ser utilizada no processo de ensino e aprendizagem, completando e facilitando a
atividade de alunos e professores;
- Adaptabilidade - embora só por si o computador não se adapte, realmente, a diferente
situações, dado não se tratar de um ser mutante, os programas que corre é que se podem
adaptar ao utilizador favorecendo, assim, uma diferenciação pedagógica mais adequada a cada
indivíduo. Mas desta solidariedade máquina-programa, resulta uma adaptabilidade que pode
oferecer atividades de recuperação, remediação e/ou enriquecimento conforme as
características do aluno/utilizador;
- Capacidade de análise - pela interatividade proporcionada, espera de resposta, e pelos
conceitos cibernéticos em que assenta a sua utilização, pode proporcionar a realimentação
imediata do sistema. A cada resposta entrada pelo aluno/utilizador corresponde uma análise e
validação da mesma, em tempo real, o que pode facilitar, por isso, a efetivação de uma auto-
avaliação;
- Capacidade audiovisual - se o tratamento da imagem analógica é difícil, porque é
seqüencial, a sua digitalização, ou codificação numérica, veio criar um leque de possibilidades
até há pouco tempo inexistentes. Os avanços da microeletrônica refletiram-se nas novas
capacidades visuais (e áudio) alcançadas pelos novos computadores. O encarar da imagem
como uma matriz apresentou a novidade de se poder trabalhá-la, por software, em qualquer
momento e em qualquer das suas características físicas (luminância, crominância, contraste)
ponto a ponto.
Segundo Valente (1998)14, às novas capacidades gráficas, a possibilidade de tratar o
som de forma digital abriu caminho a uma "multi-representação ligada à utilização de
linguagens distintas para explicar e representar o mesmo fenômeno". Assim, os modelos
"construídos" em computador não sendo reais também o não são totalmente abstratos, são
entes híbridos, "abscretos" , que colocados em presença do aluno lhe facilitam a percepção, a
compreensão e a construção da imagem mental, cognitiva, conducente à aprendizagem.
O uso dos computador pelos alunos dá-lhes mais controlo, confiança e poder no que
estão a fazer; nas escolas, o computador tem sido utilizado fundamentalmente em dois
14 VALENTE, José Armando. Organizador: Computadores e Conhecimento –Repensando a Educação 2ª ed. São Paulo. UNICAMP/NIED. 1998.
campos: na gestão escolar (onde, tal como num escritório, é usado em atividades ligadas à
contabilidade, organização das turmas, processamento de salários, registro dos alunos e
professores) e como instrumento de trabalho no próprio processo educativo.
Isto leva-nos a falar das aplicações do computador na educação (que envolve os dois
pontos atrás referidos) e no papel do computador no ensino (que se refere apenas ao último
ponto). A utilização do computador no ensino é feita de duas formas distintas, uma ativa em
que o computador tem um papel preponderante e uma em que o computador é um
instrumento, um meio de ensinar.
Outra aplicação que o computador está a ter no ensino é como recurso material,
elemento de consulta de determinados tópicos como História, carreiras ou operação de
máquinas, ajudando os alunos nas suas investigações e projetos de trabalho.
Sintetizando passo a enunciar os seguintes modos de classificar, numa visão do
computador disseminador de conhecimento, o papel do computador no ensino, segundo
(Lutterodt, Sarah e Austin Gilbert, (1982)15:
1. Computador como tutor - programas que pretendem instruir e guiar o aluno na sua
aprendizagem ou processos de pensamento.
2. Computador como instrumento - o aluno usa as aplicações do computador e
manipula a informação.
3. Computador como aprendiz - o aluno ensina (programa) o computador.
4. Computador como elemento de consulta - permite uma pesquisa sobre determinados
temas. O computador não é um mero substituto do professor, mas uma ferramenta de trabalho,
para ser utilizado tanto quanto possível pelo próprio aluno.
15 Lutterodt, Sarah e Austin Gilbert (1982). O Computador na Escola. Perspectivas, 12,4,434-456.
Ser capaz de lidar com a informação tem cada vez maior importância em todas as esferas da
sociedade.
Torna-se vital desenvolver desde muito cedo nas crianças as capacidades de saber
onde procurar a informação pretendida, selecioná-la, interpretá-la, orientar o seu
processamento, avaliar os respectivos resultados. Torna-se igualmente importante saber usar o
computador como um instrumento de comunicação. O computador só por si não é um fator de
progresso.
A introdução do computador no ensino não deve ser feita de forma precipitada. Deve-
se ter em consideração a reflexão sobre os objetivos educacionais visados, a forma de os
concretizar, de avaliar os resultados e os processos de formação a utilizar para que os
professores venham a assumir um papel radicalmente novo.
Uma aprendizagem ativa acontece quando existe um envolvimento ativo dos alunos no
processamento da informação, o mesmo é dizer que quando o aluno tem a possibilidade de
fazer - -manipular, sentir, desenvolver - ele próprio interioriza mais facilmente os conceitos
novos nos já existentes.
O computador é uma ferramenta que pode contribuir grandemente para a concepção
destes tipos de ambientes de aprendizagem, ao permitir que conceitos dantes unicamente
verbalizados sejam manipulados informaticamente através da imagem e do som, tornando-se
muito mais evidentes e interessantes. Ambientes que insistem os alunos a atingir os objetivos
educacionais desejados, isto é, que permitam que os alunos demonstrem as suas capacidades
num dado domínio, que lhes forneça o desenvolvimento necessário para competências e
processos de desenvolvimento de aprendizagem.
O "bom" programa informático será, então, aquele que leva os seus utilizadores a
alargar os horizontes, a aumentar a auto-estima, aumento da atividade de reflexão e resolução
de problemas, os computadores estão mesmo a revolucionar a forma de pensar dos homens
sobre o mundo.
Segundo nossas pesquisas entendemos que um "bom" programa informático educativo
"... deveria reforçar a aquisição de competências meta cognitivas e estratégicas de
aprendizagem que envolvem a explicitação e a reflexão sobre os conhecimentos dos alunos
(falhas e concepções incorretas versus aspectos positivos), assim como o reforço dos seus
métodos de pensamento e atividades de aprendizagem (poderosos versus débeis).
Mas utilizar pura e simplesmente o computador na sala de aula, não significa que ele
esteja a ser usado como meio para a aquisição de conhecimentos, capacidades e atitudes. Para
que isto aconteça, é necessário que esteja inserido num ambiente de ensino ativo. Mas não só,
ou talvez mesmo em primeiro lugar, é necessário que os professores tenham conhecimento da
eficácia dos programas, características técnicas, área curricular e nível de ensino, objetivos,
dados sobre a sua eficácia relativamente a outro método alternativo; para que tenham a
oportunidade de usar este potente meio de ensino - aprendizagem, tirando o máximo partido
das suas potencialidades e permitindo aos alunos serem eles os principais atores, num cenário
que eles próprios, dentro do possível, construam. Entendemos que dentro deste contexto, os
professores se sentirão mais profissionais, educadores com "E" maiúsculo, como é muitas
vezes comentado.
3.2. O Computador No Currículo EscolarA utilização das TICs no ambiente escolar contribui para essa mudança
de paradigmas, sobretudo, para o aumento da motivação em aprender, pois as ferramentas de informática exercem um fascínio em nossos alunos. Se a tecnologia for utilizada de forma adequada, tem muito a nos oferecer, a aprendizagem se tornará mais fácil e prazerosa, pois “as possibilidade de uso do computador como ferramenta educacional está crescendo e os limites dessa expansão são desconhecidos” Valente (19993)16.
O computador serve para preparar projetos que os alunos tenham em mente. Por exemplo:
levar a cena a peça de Gil Vicente. Neste campo o computador será usado para uma busca
intensiva no que respeita ao modo de falar, ambientes e trajes.
Com a ajuda do computador o desenho do cenário, iluminação e outros aspectos da
produção serão produzidos em vídeo.
16 VALENTE, J. A. Computadores e conhecimento: repensando a educação. Campinas: UNICAMP. 1993.
Os modos de aprender e reagir ao mundo externo serão igualmente afetados e moldados à
medida que a tecnologia altera o ambiente.
O sistema educativo deverá ser responsável pela preparação das pessoas para o mundo
em mudança, através da integração da utilização informática no currículo escolar e fornecer
aos estudantes as capacidades e os conhecimentos necessários para a sua adaptação às
transformações que vão tendo lugar à sua volta.
3.3 A tecnologia Informática Na Sala de Aula Contribui Para Múltiplas
Aplicações:
Incrementar a valorização pessoal dos alunos ao permitir-lhes aprender, explorar, criar,
solucionar problemas, arriscar hipóteses, cometer erros e corrigi-los num ambiente pacífico e
independente de ameaças explícitas ou implícitas.
O computador servirá para estimular a imaginação dos alunos e permitir-lhes opções,
bem como, projetos mais criativos. Contribuirá para ajudar os alunos a assumirem um certo
grau de responsabilidade pela sua educação, contribuindo para que atinjam um estatuto de
estudantes autônomos. A utilização da informática em todas as áreas curriculares exercerá um
forte impacto nas intenções e objetivos curriculares. Tanto os alunos como os educadores se
encontrarão num processo de aprendizagem simultânea, podendo desta forma resultar num
tipo de relacionamento cooperativo diferente. Reforçando o conceito: aprendizagem é um
processo/projeto de vida não limitado à escolaridade.
A informática pode vir a ser importante na motivação, participação e interação entre
estudantes.Os estudantes quer sejam do ensino pré-primário, passando pela Educação
Especial, ensino secundário e até adultos possuem diversidades, interesses, estilos de
aprendizagem e antecedentes sociais e econômicos individuais.
O desenvolvimento físico, intelectual e emocional desenvolvem-se nos estudantes em
ritmos diferentes. A variedade de aprendizagem individual possui vários estilos: visuais,
auditivos, verbais e sinestésicos.
O hardware e o software podem ajudar todos os alunos, em particular alunos que
aprendam uma segunda língua, deficientes e adultos, num desenvolvimento autônomo que
tenha em conta necessidades e capacidades individuais.
Os computadores podem ajudar os alunos a comunicar de diversas formas. Podem ajudar
os alunos com dificuldades orais ou físicas a comunicar através da utilização de dispositivos
amplificadores.
Produções multimídia permitem aos alunos a utilização de uma variedade de métodos de
apresentação (texto, som, animação, gráficos, etc.) para se exprimirem.
Alunos de comunidades geograficamente isoladas podem aceder instantaneamente a
fontes de outros ambientes de aprendizagem ou comunicar com outros alunos em localidades
diferentes.
A tecnologia tem evoluído ao longo dos tempos surgindo novas profissões e as
tradicionais vão sofrendo um rápido processo de evolução. Os métodos e as técnicas de
trabalho tem um prazo de duração cada vez menor, sendo renovadas ou substituídas por novos
métodos e novas técnicas de trabalho.
Segundo o tecnólogo Denis Alcides Rezende17 a Tecnologia da Informação (TI) e seus
emergentes recursos evoluíram muito nesses últimos 45 anos, favorecendo a formação das
pessoas e repercutindo na gestão dos negócios. A evolução integrada dessa tríade (TI, pessoas
e gestão), por sua vez, contribuiu para o desenvolvimento de organizações inteligentes, que se
caracterizam pela disponibilidade de sistemas de informações de apoio aos processos
decisórios operacionais, gerenciais e estratégicos, com reflexos diretos nos resultados das
empresas.
O saber baseado na memorização extensiva e na simples apreensão de técnicas repetitivas
vai-se desvalorizando. Por outro lado as capacidades de trabalho em grupo, de fazer
julgamentos críticos, de selecionar informação necessária à resolução dos problemas, saber
interpretar e trabalhar as capacidades de assumir riscos tomar decisões tornam-se mais
importantes. Desta forma o sucesso escolar dependerá da forma como a escola promover o
desenvolvimento das capacidades cognitivas mais complexas.
17 Denis Alcides Rezende é tecnólogo em Processamento de Dados, administrador, mestre em Informática pela UFPR, doutor em Gestão da Tecnologia de Informação pela UFSC e professor da FAE Business School. E-mail: [email protected]
3.4. Benefício do Uso dos Computadores pelas CriançasSobre o uso do computador na educação, o pesquisador Eduardo O. C. Chaves 18 expõe
que o computador deve ser visto como um meio auxiliar de ensino na tentativa de reduzir os
índices de repetência e evasão escolar, além de capacitar e preparar o aluno para uma
sociedade informatizada.
A criança aprenderá a operar com destreza com o teclado. Descobrirá que os enganos e
outras espécies de erros não são tolerados. Desvendará o curso lógico de complicados
pensamentos. Será forçada a decompor em pequenos passos os problemas vastos e gerais.
Sentir-se-á recompensada pelos êxitos, parciais, ou finais, do seu trabalho com o computador.
Aprenderá a melhorar e aperfeiçoar os programas por ela própria escritos. Desenvolverá as
suas capacidades e juízos estéticos.
Outra vantagem do computador para as crianças e jovens é o tirarem do uso dos seus
problemas a resolução de problemas concretos.
3.5. Na Sala de Aula com Computadores
Programas de uso geral e programas específicos para aplicações didáticas estimulam a aprendizagem e ajudam a aumentar a eficiência da escola.
Figura. 01
A escola é um lugar excelente para os primeiros contatos com o computador. As
pessoas que aprendem a usar a tecnologia computacional na escola certamente terão menos
18 Chaves, Eduardo O. C., “O Computador na Educação”, acessado por meio de http://scholar.google.com, palavras-chaves: “computador e a educação”
dificuldades do que as que entram em contato com ela somente no mercado de trabalho. Além
disso, poderão se preparar melhor para as exigências cada vez maiores nessa área.
Há duas categorias de programas que podem ser utilizados nas atividades
escolares.
1. Aplicativos de uso geral, utilizados como auxiliares no ensino.
2. Programas desenvolvidos com finalidades didáticas.
Figura. 02
a) Aplicativos de Uso Geral
-Processador de texto – Tem utilidade imediata nas tarefas escolares; Possibilita que
os alunos apresentem melhores seus trabalhos e agiliza a produção, permitindo que sobre mais
tempo para o estudo dos conteúdos. É igualmente útil aos professores, pois facilita a criação
de testes e exercícios.
Além disso, a produção guardada em arquivos pode ser aperfeiçoada e reutilizada
depois.
- Programas de desenhos, de ilustrações e de tratamento de imagens – Usada para
gerar ilustrações ou para o trabalho com gráficos em Matemática,Geometria e Física.
- Banco de dados – Muito útil nas áreas que reunen grande quantidade de
informações, como Biologia e História. Um aluno interessado pode usá-lo para compilar
informações sobre um determinado assunto e apresentar um trabalho em forma de relatório.
Também ajuda o professor a organizar seu material didático. Grandes quantidades de
informações podem ser recuperadas facilmente, sempre que for preciso orientar o trabalho de
um estudante ou responder perguntas de ultima hora.
- Programas de apresentação – São programas flexíveis o suficiente para serem
usados de várias formas, enriquecendo as aulas com seus recursos Multimídia. Se a escola não
dispõe de um hardware especifico para a projeção da tela do computador, eles permitem a
impressão de transparências para retroprojetores ou slides para projetores comuns. Vêm com
diversos fundos – prontos para serem utilizados, como telas – e fontes (tipos de letras). Podem
incluir ainda som, animação, trechos de vídeos.
b) Aplicativos Didáticos
A popularização da multimídia tem estimulado o lançamento de grande quantidade de
títulos didáticos em CD-ROM. Há opções para todos os níveis escolares, voltados para
atender a itens específicos dos currículos. A utilização desses materiais na escola requer um
critério cuidadoso por parte de professores, pais e alunos.
3.6 A Internet na Escola
3.6.1 A Internet, especialmente a Web: é um recurso precioso para a educação, pois
coloca à disposição de estudantes e professores uma quantidade imensa de informações.
Através da Internet, é possível, por exemplo, “visitar” museus, universidades e bibliotecas do
mundo inteiro, selecionando o que há de melhor em todas as áreas de cultura.
Professores e alunos podem se manter atualizados e trocar experiências, via novos
grupos , por exemplo, com colegas do mundo todo.
Muitas instituições mantêm sites com conteúdos voltados especificamente para o uso
escolar. Há também uma grande quantidade de imagens disponíveis na Internet. Depois que
um arquivo de imagem é baixado para um computador local, seu conteúdo pode ser usado em
multimídia computadorizada ou impresso em papel.
Segundo Garcia19 a educação, a Internet pode ser considerada a mais completa,
abrangente e complexa ferramenta de aprendizado do mundo. Podemos, através dela, localizar
fontes de informação que, virtualmente, nos habilitam a estudar diferentes áreas do
conhecimento.
19 Paulo Sérgio Garcia. A Internet como nova mídia na educação Rede.disponivel em: http://www7.rio.rj.gov.br/iplanrio/sala/textos/03.pdf . Acessado em: 22.04.2009.
3.6.2 Estratégias de Implementação
Embora a informatização de uma escola envolva inúmeros aspectos técnicos, o foco
principal é o ensino e deve-se garantir a integração entre os profissionais da área técnica e os
da área pedagógica. Confira algumas estratégias para a implementação.
a) Laboratório
Os laboratórios de informática precisam ter equipamentos em números compatíveis
com sua utilização prevista. Os computadores devem ser interligados, formando uma rede
local (LAN), de preferência com software que permita ao professor acompanhar, a partir de
seu computador, as atividades desenvolvidas em qualquer computador do laboratório.
O software utilizado nas estações da rede deve estar previamente instalado em um
servidor central. Mas cada computador precisa dispor também de drive de disquete, CD-ROM
e disco rígido local, que poderão ser utilizados pelos alunos quando for necessário.
É importante que haja um estrito controle de vírus de computador, com o emprego de
um programa antivírus adequado e atualizado com freqüência.
A melhor forma de utilização dos equipamentos é a que prevê dois alunos por
computador, o que encoraja o intercambio e o trabalho conjunto. No entanto, o espaço físico
deve permitir também, ocasionalmente, a reunião de equipes maiores em torno de um único
computador.
Todas as conexões físicas precisam ficar protegidas contra acidentes, mas os
estudantes devem ser encorajados a ver e entender a forma como as diversas artes são
interconectadas.
É recomendável a instalação de um computador em cada sala de aula interligado em
uma rede local, que pode abranger toda a escola. Durante uma aula, o professor poderá
utilizar o equipamento para apresentar conteúdos multimídia, que tanto podem estar no
computador local ou disponíveis no servidor da rede.
Os professores também podem usar esse computador para enviar notas e outros dados
dos alunos para um servidor central. É preciso ter na sala de aula o equipamento necessário
para projetar a tela do computador, para que possa ser vista por todos os alunos.
Software de videoconferência pode ser utilizado para debates entre alunos de
diferentes salas. Esse recurso também pode ser usado como rede interna de televisão, quando
for necessário todos os alunos da escola simultaneamente.
b) Conexão com a Internet
A conexão com a Internet é fundamental nos projetos de informatização da escola.
Dependendo da previsão do numero de acessos simultâneos, pode haver a necessidade de um
tipo de conexão especial, utilizando uma linha telefônica privativa de alta largura de banda e
um contrato especifico com um provedor. No caso de redes locais, geralmente um
computador é conectado à Internet, funcionando então como servidor de acesso para todos os
outros computadores da rede local. Uma solução econômica seria utilizar o servidor como
área de armazenamento, conectando-o à internet apenas periodicamente.
Figura 03
c) Biblioteca de Programas e CD-ROMs
Além de ensinar o uso de computadores e de programas, o laboratório de informática
também é um espaço para complementar o aprendizado de todas as disciplinas do currículo.
Para isso, é preciso formar e manter atualizada uma biblioteca de CD-ROMs e outros tipos de
software de conteúdos didáticos e para-didáticos.
A escola poderia adotar uma política de empréstimos de software, como numa
biblioteca comum.
O aspecto legal não pode ser negligenciado em relação aos software educativo e de
rede, sistemas operacionais e todos os outros programas utilizados. Fuja sempre dos software
piratas.
e) Equipe de Suporte
Os computadores e programas ainda são sujeitos a falhas de diversas naturezas e, por
isso, é importante ter um ou mais profissionais da área técnica permanentemente na escola.
Em instalações pequenas, um único profissional de suporte pode dar conta dos
problemas de software, hardware e rede e funcionar como consultor para os professores.
Em instalações maiores, pode haver a necessidade de um profissional para cada uma
dessas funções, ou de equipes técnicas ainda maiores.
3.6.3 Nossa Pesquisa em Ação nas Três Escolas Selecionadas
Nos estudos realizados nas escolas de Saitamaken ,Japão do Ensino Fundamental e
médio, durante o primeiro semestre do ano de 2009, mostraram que a utilização de
computadores era deficiente; As observações foram registradas por ocasião de nossa visita.
Nas três escolas visitadas e observadas, havia laboratórios de informática em cada uma
delas. Na escola A, havia no laboratório de informática com oito computadores, todos
interligados a um computador central lidado a internete; na escola B, observamos que o
laboratório possuía sete computadores, todos ligados em rede via um computador central; já
na escola C, encontramos apenas cinco computadores; nesta escola o laboratório está em fase
de implantação e por esse motivo ainda não possui computador ligado a internete, há apenas
um computador ligado a internete, sendo este de uso da administração.
Nestas escolas, as crianças usavam os computadores para fazer desenhos, pesquisar
ou digitar textos. Havia também alguns jogos para entretenimento e exercícios de
memorização, mas a impressão que ficou é de que as crianças viam na tela do computador
uma máquina de brincar. Uma das secretárias da escola B disse, que a criança com dificuldade
de aprendizagem ou problema de disciplina era encaminhada para as aulas de informática
durante dois meses; quando ela retornava para a sala de aula convencional, o seu
comportamento era outro, com demonstrações de maior interesse em aprender. Neste caso, o
computador tornou-se um instrumento de ajuda à permanência do aluno na escola.
Essa estratégia parecia aliviar o problema da professora e da sala de aula, mas é
pedagogicamente questionável. Para uns, era encarado como castigo, para outros, como
prêmio. Esta realidade reforça a necessidade de formação do professor para utilizar os
equipamentos de informática.
Apresentarei, em seguida, as respostas do questionário aplicado no mês de março de
2009, com alunos das escolas A, B e a escola C onde havia uma disciplina de Informática
Educativa na grade curricular dessas escolas. Perfazendo um total de 123 que responderam a
um questionário sobre as aulas de Informática Educativa. Dos 123; 50 alunos tiveram aulas
com computadores desde a 5 ª série. No ano de 2009, estavam freqüentando o 4º ano de
Informática.
Estas escolas já desenvolviam aulas de Informática havia 5 anos. As escolas
pesquisada tinha duas aulas de Informática por semana. As atividades no computador eram:
produzir e digitar textos no programa Word, fazer planilhas e gráficos no programa Excel,
jogar e fazer desenhos no programa Paint. As escolas possuía Internet, mas 110 alunos
responderam que navegavam na Internet fora da escola, enquanto 13 nunca haviam tido
acesso a ela. Dos que utilizavam a Internet, 80 alunos buscavam entretenimento ou jogos, 10
aluno respondeu que buscava novos amigos e 20 realizavam pesquisas para a escola e para
adquirir conhecimento e informação. Apesar de a maioria ter freqüentado 4 anos de aulas de
informática, 80 alunos responderam que gostariam de ter mais de 2 aulas semanais.
A tabela 1 representam a escola A com 48 alunos.
Tabela 1 – As atividades que os alunos gostam de fazer no computador
Atividades Número de respostasDigitar texto, desenhar e jogar Digitar texto e jogar Digitar texto Digitar e navegar na Internet Digitar e desenhar Não sabe
Total
20 9 6 5 3 5 48
A tabela 2 representa a escola B com 40 alunos.
Tabela 2 – As atividades que os alunos gostam de fazer no computador
Atividades Número de respostasDigitar texto, desenhar e jogar Digitar texto e jogar Digitar texto Digitar e navegar na Internet Digitar e desenhar
17 5 4 4 6
Não sabeTotal
440
A tabela 3 representa a escola C 35 alunos.
Tabela 3 – As atividades que os alunos gostam de fazer no computador
Atividades Número de respostasDigitar texto, desenhar e jogar Digitar texto e jogar Digitar texto Digitar e navegar na Internet Digitar e desenhar Não sabeTotal
15 6 3 3 5 335
Tabela 4, representa as escolas A, B, e C – As atividades que os alunos não gostavam de fazer no computador
Tabela 4
Atividades Número de respostasProdução de textos Lidar com programas difíceis Não tem atividade que não gosta Não sabeProvas práticas Total
1318553007123
A maioria utiliza o computador como uma máquina sofisticada de entretenimento
eletrônico. Os 13 alunos que responderam gostar de digitar textos, responderam também que
não gostam de produzir textos. Afinal, digitar texto é uma coisa, produzir texto é outra coisa,
exige esforço mental e criatividade.
Cada computador era utilizado por 4 ou 5 alunos. Por isto, 22 alunos disseram que a
escola deveria aumentar a quantidade de computadores com mais recursos; 12 alunos
gostariam de utilizar a Internet nas aulas de Informática, 8 disseram estar satisfeitos com as
aulas e 3 queriam mais aulas práticas e menos teóricas.
A insatisfação da turma não era com as aulas de Informática, mas com a dificuldade
antiquados para usar o computador uma vez que o mesmo era usado por 4 a 5 alunos por vez.
Nessas observações, percebemos que os alunos queriam aprender com a máquina, mas
a falta de mais computadores tem sido um empecilho. Nosso questionamento é qual a
justificativa para gostar de Informática?
A Tabela 5- Representa as respostas das escolas A, B e C; respectivamente.
Tabela 5 – Posição dos alunos que gostam de Informática
Por que gostam de Informática? Nº de respostas
É importante para encontrar um emprego ou
trabalho no futuro
10
Aprende melhor e/ou aperfeiçoa o
conhecimento
30
Aprende sobre computador ou informática 35
É importante e/ou interessante 30
Descobre coisas novas 15
Não responderam 15
Outras razões: auxilia na prática; gosta da professora;
é divertido; é fácil
3
Total de alunos 123
Dessas escolas pesquisadas, 118 alunos disseram que gostavam das aulas de
Informática e 5 disseram que não gostavam. Os 5 alunos que responderam não gostar das
aulas de Informática acrescentaram que não entendiam nada de computadores, apesar de
terem freqüentado de 3 a 4 anos. Além disso, eles eram considerados os alunos problemas
porque tinham dificuldades de aprendizagem em outras disciplinas.
As respostas indicam que aprender informática é essencial para garantir o futuro. A
idéia que está presente nas representações desses alunos em relação à Informática é a da
preparação do indivíduo para o mercado de trabalho abstrato. Isso nos leva a questionar, mas
que tipo de trabalho vai restar com a Informatização da sociedade? Será que usando o
computador, o sujeito aprende mais e melhor ou aprimora o conhecimento? Tais
posicionamentos explicitam a manifestação de utopias, para usar a expressão de Nóvoa (1995,
p.8)20, “que conduziriam ao eclipse dos professores”.
Do ponto de vista da modalidade de ensino, há um predomínio em entender a
utilização dos computadores, como “máquinas de ensinar”, ou seja, um recurso a mais para
instruir o estudante no processo de transmissão de informações atualizadas, como era o papel
da televisão e do vídeo.
Mas será que os mediadores tecnológicos estariam a serviço da democratização do
conhecimento? Que tipo de conhecimento seria necessário na formação escolar? O que
ensinar e o que aprender diante da perspectiva do fim dos empregos que se estabelece na
sociedade? Receber o conhecimento atualizado é necessário, no entanto, na educação formal a
apropriação do conhecimento não advém necessariamente da informação atualizada, mas
essencialmente da assimilação e apropriação do conhecimento historicamente acumulado.
Vivemos um processo de mudança na educação e nas demais organizações. Quando
perceberam que a educação pode ser lucrativa, os grandes grupos econômicos abriram um
mercado gigantesco investindo em instituições educacionais informatizadas com
equipamentos de última geração, em nome da qualidade total. Isto porque há uma crença de
que a informatização vai solucionar com rapidez os problemas do ensino, como se pensava no
passado. Além disso, a educação é considerada um caminho fundamental para transformar a
sociedade.
Mas será suficiente o acesso rápido às informações relevantes? Por que? Há um vazio
de conteúdo. As novas gerações estão contaminadas pela epidemia das redes virtuais de
informações. A disponibilidade de todos os signos, religiosos, educativos, ideológicos,
científicos, tecnológicos, sociais, econômicos, políticos, jurídicos, comerciais, psicológicos,
sexuais, artísticos, críticos e acríticos, etc. alimenta as redes. A proliferação de tudo misturado
traz a ilusão, para os usuários, de estarem atualizados para atender as exigências do mundo
contemporâneo.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, em seu caderno de Introdução, no capítulo
específico sobre Tecnologias da Comunicação e da Informação, enfatizam a importância dos
recursos tecnológicos na sociedade contemporânea. Esses recursos tecnológicos incluem os
20 NOVOA, A. (Org.). Profissão professor. Porto Codex/Portugal: Porto Editora, 1995.
meios impressos como livros, jornais e revistas e os meios eletrônicos, como rádio, televisão,
gravação em áudio e vídeo, computadores, multimídias, redes telemáticas, robótica, Internet e
outros.
As tecnologias da comunicação, além de serem veículos de informações, possibilitam
novas formas de ordenação da experiência humana, com múltiplos reflexos, particularmente
na cognição e na atuação humana sobre o meio e sobre si mesmo. A utilização de produtos do
mercado da informação – revistas, jornais, livros, CD-ROM, programas de rádio e televisão,
home-pages, sites, correio eletrônico –, além de possibilitar novas formas de comunicação,
gera novas formas de produzir o conhecimento. Há alguns anos não existia a possibilidade de
comunicação on-line entre pessoas fisicamente distantes.... Essas mudanças nos processos de
comunicação e produção de conhecimento geram transformações na consciência individual,
na percepção do mundo, novos valores e nas formas de atuação social.
Desde a infância, os estudantes convivem com algum tipo mídia eletrônica como o
rádio, a televisão, o aparelho de som, e alguns possuem um computador, ou trabalham com
ele, e outros também navegam na Internet. A utilização de computadores e, especialmente da
Internet, contribuem para melhorar a prática de ensino, porque tais recursos possibilitam o
acesso rápido às informações atualizadas, e permitem também a troca de informações e
debates por meio de grupos de discussão. Há uma possibilidade real de trocar conhecimento e
informações com pessoas de todas as partes do mundo conectados à rede.
Estes recursos da Informática prometem melhorar o processo de ensino, porque
oferecem auxilio pedagógico e material atualizado tanto para o educador quanto para os
alunos.O computador é considerado um recurso que facilita a aprendizagem, mas exige dos
docentes uma fundamentação teórica e metodológica para desenvolver um ambiente de
aprendizagem que mobilize os estudantes para o conhecimento na escola. Trata-se de um
instrumento com potencial para estimular a motivação do aprendiz, se a utilização deste
recurso estiver num ambiente desafiador. A máquina por si só não se traduz em um elemento
motivador. O projeto de trabalho com a tecnologia da informação e comunicação deve ser
interessante, caso contrário, os alunos perdem a motivação.
3.6.4 O uso de software na escola
Esta indagação atualmente tem sido objeto de estudo e discussão entre os especialistas
em informáticas educativas, produtoras de softwares, professores e alunos, afinal trata-se da
implantação da informática em muitas escolas públicas que tanto almejam sair do estado de
inércia e transformarem-se em centros de construção do saber via novas tecnologias da
informação.
Mas uma indagação é oportuna : o computador na escola vem resolver os problemas
educacionais que afligem toda uma sociedade ,tais como evasão, repetência, dificuldades de
aprendizagem dos alunos, má formação dos professores e péssimas condições de trabalho no
ambiente escolar ?
A introdução de "mais uma máquina" no âmbito educacional não vem sanar todos os
problemas citados acima, haja vista que a origem dos mesmos é complexa e envolve fatores
sócio-políticos e econômicos.
Além de uma política social que valoriza e incentiva o trabalho do professor
necessário se faz reformularmos conceitualmente o papel do educador nessa nova era, através
de estudos constantes e discussões que venham contribuir com nossa formação e
conseqüentemente impulsionar ações que façam da escola um espaço de construção do saber
científico-cultural.
Precisamos utilizar este momento de modernização física das escolas ,ou seja, a
introdução dos computadores como pretexto para repensarmos todo o processo
educacional : Que homem a escola quer formar ? para qual sociedade? E que postura
metodológica o educador pode construir para a formação desse novo indivíduo?
É sabido que a sociedade precisa ter como meta a formação de homens críticos,
atuantes, capazes de transformar sua realidade em busca de uma melhor qualidade de vida:
com saúde e moradia para todos, melhoramento nas relações interpessoais e um convívio
equilibrado com a natureza , sendo assim cabe aqui discutirmos e projetarmos como a escola
poderá contribuir para a formação desses indivíduos com a utilização de instrumentos
tecnológicos .
Utilizar o computador é um dos passos para a concretização das metas educacionais
citadas acima pois encontramos neste recurso a possibilidade de armazenar dados, intermediar
a comunicação em tempo real entre pessoas do universo, simular situações reais, pesquisar
informações nas mais diferentes ciências e utilizar softwares educativos . Este último, nosso
principal objeto de estudo, por ser alvo de críticas de especialistas em informática educativa e
meio de comercialização por parte de produtores.
Embora alguns softwares contribuam de forma significativa com as propostas
pedagógicas progressistas por possuírem características tais como : interatividade,
comunicabilidade, abertura para divulgação da criatividade dos alunos , estimula a pesquisa e
possibilita a construção e socialização do saber coletivo; não significa que o uso e aplicação
destes venha transformar o ensino. É preciso que os educadores conheçam uma infinidade de
softwares, analise-os criticamente e utilize-os em consonância com seu projeto pedagógico e
com as necessidades de sua classe .
A utilização competente de softwares poderá contribuir para uma educação igualitária
e emancipadora ou servir de instrumento alienante se estes : não estiverem inseridos num
projeto pedagógico sério e com objetivos claros , como se pode observar: "o software por si
não educa, o professor como mediador é necessário" e ainda se estes apenas contemplarem
conteúdos livrescos camuflados por efeitos especiais próprios dos acessórios eletrônicos.
Os softwares possuem aspectos pedagógicos e técnicos que devem ser levados em
consideração no momento de escolha para isso é preciso conhecê-lo segundo suas
características:
Tipo de softwares Aspectos pedagógicos Aspectos técnicos
AUTORIA programável, auxílio ás aulas do
professor, abertura para registro
de pesquisas pelos alunos ,
possibilita feed back
interface amigável aceita animação ligação com outros
programas imagens de vídeo
possibilidade de inserir formas gráficas com movimento
REFERÊNCIA baseado em atividades de exercício (behaviorista)
não interativo não interdisciplinar
interface amigável
Subsidia pesquisas escolares
SIMULAÇÃO lança desafios para os alunos construirem hipóteses e buscarem soluções
possibilita realizar um trabalho interdisciplinar
interface amigável
APOIO CURRICULAR baseado na robótica ( ARS Consult)
possibilita a construção do conhecimento pelos alunos
aberto para a programação
interativo interdisciplinar
importância no processo de construção e não no produto
interface amigável
fácil instalação e desinstalação
Análise realizada com base nos critérios de análise de softwares elaborados durante o III encontro Nacional do PROINFO ( Pirenópolis- GO)promovido pelo MEC.
Para Lima ( 2009)21, softwares fechados são livros didáticos eletrônicos que passam
um conhecimento cristalizado e cobram através de questionários respostas sempre corretas
colocando o aprendiz numa verdadeira Educação bancária onde o erro deve ser punido com
tiros, errado, risos de irônia de Extra Terrestres, e frases do tipo Tente novamente, ou seja a
violência impõe ao aprendiz o sentimento de inutilidade , mostra o fracasso como natural e
próprio daqueles que erram e que a única saída para não ser punido é repetir até acertar.
Introduzir tais softwares em nossas aulas como "produto moderno" , por ser um CD-
ROM caríssimo a ser instalado em um MICROCOMPUTADOR, é antes de mais nada
uma prática questionável, trata-se do uso e aplicação de uma ferramenta de alienação
modernizada, ou melhor, é estarmos contribuindo para uma modernização conservadora do 21 LIMA, Adriana dos Santos Marmori. Software na escola: Possibilidade de melhorias da educação ou alienação Modenizada? Disponível em: http://www.geocities.com/Athens/Crete/3359/softwareAdriana.htm. Acessado em 20.04.2009.
processo educativo, onde evoluem-se os instrumentos e conserva-se a estrutura de educação
bancária onde o professor transmite e o aluno acumula informações de forma a crítica.
Infelizmente aproveitando a falta de oportunidade dos professores em estudarem sobre
softwares, algumas empresas posicionam-se da seguinte forma: "os professores não estão
preparados para utilizarem softwares abertos, preferem os fechados" postura que expressa
claramente o quanto produtores de softwares fechados dependem da alienação e da postura
pedagógica tradicional para investirem em softwares deste tipo e venderem mais , mantendo
assim o status quo.
A preocupação com a formação dos educadores é evidente , uma vez que a prática do
educador que media a construção do saber dos alunos e possibilita-os ver o mundo, ler nas
entrelinhas a realidade conforme aponta (Lima 2009)22:
"Cuidado com software para olhar. O professor deve construir situações lógicas que
possibilite o ver". Daí a importância do professor na escola atual, comprometer-se
politicamente com o ensino e preparar situações que desencadeiem o saber com o uso das
novas tecnologia, escolher junto com os alunos os softwares que lhes acrescentarão algo em
sua formação, buscar a interação homem máquina no sentido do primeiro dominar o segundo
e utilizá-lo a seu benefício.
A análise de software nos possibilita afirmar que os professores precisam resgatar a
autoconfiança no seu poder de educar, de formar cidadãos , de planejar ações significativas
para o desenrolar da aprendizagem do aluno, de aprender a aprender a utilizar a
multiplicidade de instrumentos que poderão enriquecer o seu trabalho. Precisa descobrir que
para além da recompensa financeira atualmente "em baixa" do seu trabalho, existe em suas
mãos o compromisso e a responsabilidade de educar numa escola que "deve ser capaz de
construir um projeto político-pedagógico de qualidade, orientado pelos princípios da justiça
social" (afirmativa retirada do texto final produzido no III encontro nacional do Proinfo-
Programa de Informática Educativa/MEC realizado em Pirenópolis-GO) .
A confiança em si e a autonomia para decidir como trabalhar a educação utilizando ou
não softwares educativos , passa por um grande desafio que é a inversão não parcial mas total
22 LIMA, Adriana dos Santos Marmori. Software na escola: Possibilidade de melhorias da educação ou alienação Modenizada? Disponível em: http://www.geocities.com/Athens/Crete/3359/softwareAdriana.htm. Acessado em 20.04.2009.
de paradigmas educacionais . Esta necessidade de transformação ,hoje está presente em
muitos discursos de profissionais envolvidos na área, numa tentativa de contribuir para a
mudança de postura do educador, ou seja, de transmissor de conhecimentos para desafiador de
aprendizagem
A possibilidade da melhoria da educação com implantação da informática nas escolas
e conseqüentemente a utilização de softwares, depende muito mais da postura política do
educador em escolher produtos não alienantes e que venham subsidiar seu trabalho de classe
em direção a uma prática construtivista, do que a inserção a crítica de softwares no ambiente
escolar. O primeiro passo para a mudança da educação com certeza está sendo lançado a
partir de eventos que promovam a reflexão e conseqüentemente uma transformação da ação
como os organizados pelo PROINFO/MEC. Lima (2009)23
IV-Formação de professores para a realidade atual
Entendemos que seja de suma importância, um profissional estar devidamente
preparado, para exercer suas funções e em se tratando da área educacional onde a produção
do conhecimentos exige pessoal qualificado, é fundamental que esse profissional esteja
sempre se atualizando; e foi pensando nisso que elaboramos um questionário, com perguntas
abertas e fechadas, o qual aplicamos a 21 professores das três escolas pesquisadas. O referido
questionário encontra-se no anexo numero 14 de nossa pesquisa.
23 LIMA, Adriana dos Santos Marmori. Software na escola: Possibilidade de melhorias da educação ou alienação Modenizada? Disponível em: http://www.geocities.com/Athens/Crete/3359/softwareAdriana.htm. Acessado em 20.04.2009.
Os resultados a que chegamos com as perguntas aos docentes trataremos mais adiante
por ocasião da verificação dos resultados de nossa discussão, no próximo capitulo de nossa
pesquisa.
Há já algum tempo que os professores se aperceberam que não podem continuar a ser
meros transmissores de conhecimentos. Numa época em que há um constante
desenvolvimento tecnológico e dos conhecimentos a todos os níveis, em que se repensa o
papel da Escola e dos professores, importa que estes se conscientizem do caráter temporário
dos conhecimentos possuídos e da necessidade de uma constante atualização. O computador
vem, então facilitar-lhes os meios para tal.
É necessário e urgente e que os professores, especialmente os da Educação Especial,
trabalhem nos mais diversos graus de ensino na utilização educativa dos computadores. Em
algumas das nossas escolas os professores iniciaram a utilização diversificada dos
computadores, da criação de clubes de informática, à integração do computador na sala de
aula.
É de realçar que a maior parte dos professores não iniciados na utilização de
computadores no ensino, pensa que é fundamental saber programar para poder utilizar
adequadamente um computador. Não é possível um professor ainda que com muita
experiência desenvolver a maior parte dos programas que necessita uma vez que estes são
muito complexos e diversificados e requerem muito trabalho.
Só a prática permite o aperfeiçoamento das técnicas e dos processos envolvidos. Não
basta dispor de computadores e bons programas para utilizar com sucesso os computadores no
ensino; há também necessidade de criar espaços específicos para as diferentes disciplinas o
que possibilitará utilizar sistematicamente o computador sem ter de ser transportado para a
sala. a formação de professores é igualmente aceite como a chave do sucesso de qualquer
inovação educacional. A qualidade da formação dos professores é fator que mais determina a
qualidade da sua prática educativa. A utilização contínua permite a formação dos conceitos e
idéias pedagógicas sobre a sua utilização. Não há prática educativa sem o "saber fazer".
A utilização do computador será tanto mais eficaz quanto mais freqüentemente utilizar
o computador como ferramenta do trabalho pessoal (processamento de texto, base de dados,
etc.). há educadores que defendem que os currículos devem ser alterados de modo a que
nessas diferentes disciplinas se faça o uso do computador.
A tecnologia pode ter um papel importante na transformação dos métodos e dos
currículos escolares. O computador pode constituir um agente de mudança na escola
tradicional; os alunos são estimulados a participar ativamente na construção do seu
conhecimento e a ter um papel decisivo na evolução das atividades. "O ênfase passa a estar na
aprendizagem e não no ensino".
A História da Educação mostra-nos que a escola demora um considerável período de
tempo a adaptar-se às novas condições provocadas pelos saltos tecnológicos.
Uma das componentes fundamentais da cultura atual é a cultura - científico-
tecnológica.
A escola deverá tornar-se sensível ao ritmo da evolução social e tecnológica.
É necessário uma formação de professores encarada como formação permanente e
contemplar vários níveis de envolvimento e vários tipos de funções relativamente à utilização
educacional da informática (professores-utilizadores, animadores e orientadores-formadores).
Deve-se ter presente que em matéria de formação o problema não se reduz à simples
falta de conhecimentos de informática dos professores.
O computador pode ser um precioso instrumento educativo nas mãos de professores
imaginativos e entusiastas. É uma ferramenta de trabalho essencial para o desenvolvimento
dos mais variados projetos e atividades por parte dos alunos.
Todas as diferentes aplicações que o computador pode ter na Educação e mais
especialmente no ensino levam-nos a falar no papel do professor. Parece-me que começa a
desaparecer a tentativa e a ameaça de substituir os professores por programas de
autoformação. É evidente que o professor continua a estar presente na Escola, mas talvez
exercendo um novo papel. Serão privilegiadas as capacidades de organizador e coordenador
das diversas atividades. As aulas podem-se tornar em verdadeiros centros de criação e
investigação.
O uso dos computadores pode ajudar os professores a passarem de uma concepção
magistrocêntrica da Educação em que o professor é o centro da atividade escolar e os alunos o
centro da passividade, para uma concepção puerocêntrica que desloca do professor para o
aluno o fulcro da atividade escolar, reduzindo a passividade dos alunos. Teremos então uma
escola ativa, com a individualização da Educação, com uma constante atividade durante o ato
de aprendizagem, com a descoberta pessoal do saber a partir da realidade.
Os professores podem com os vários tipos de software de que vão dispondo colocar os
alunos em situações de aprendizagem com todos os elementos da realidade e que lhes vão
permitir através da análise descobrir e estabelecer relações. A educação pode passar a ser vista
na perspectiva de uma ação ou influência de natureza afetiva, exercida intencionalmente por
uma personalidade adulta, sobre personalidades em fases de maior estruturação e
desenvolvimento. O uso do software pode libertar o professor de determinadas tarefas,
algumas delas bastante rotineiras. O professor terá então oportunidade de consagrar mais
tempo à observação psicopedagógica do aluno, dando lugar à intervenção direta junto de cada
aluno no momento oportuno. Teremos oportunidade de criar autênticas relações humanas
entre professores e alunos.
E aqui é quase obrigatória uma breve referência não só à necessidade de repensar os
curricular das diversas disciplinas, mas principalmente à formação dos professores.
Atendamos a que o mau ou desapropriado uso de um computador, por um professor
inexperiente, pode ser algo de inibidor e desmotivado para um aluno sedento e atento às
potencialidades desta máquina. A formação dos professores no que respeita às novas
tecnologias da informação deve ter como preocupação não só a formação inicial bem como a
formação contínua que pode ser ministrada quer a tempo inteiro (com dispensa do serviço
letivo), quer aproveitando os tempos não letivos dos professores. Reportando-nos
concretamente à realidade portuguesa parece-me importante que neste momento se realizem
ações de sensibilização, onde se dêem a conhecer as várias perspectivas de utilização das
novas tecnologias de informação.
Todos com maior ou menor intensidade temos consciência de que estamos a viver um
período de profundas mudanças não só na área produtiva, como na atividade profissional e
ainda na própria cultura. Estas mudanças vão originar uma nova sociedade e uma nova
sociedade vai precisar de um novo tipo de Escola para cumprir novos objetivos educacionais.
O computador tem tido um papel importante no sentido desta necessidade e pode prestar uma
ajuda significativa à escola para a transformação que urge.
Por outro lado há um certo empenho em fazer do computador como que um reflexo do
homem. Este esforço de "humanização do computador" deve, em minha opinião, ser
desenvolvido. Para atingir este nível, os informáticos foram levados cada vez mais a estudar o
funcionamento dos mecanismos da linguagem, da aprendizagem e da cognição, para
conseguirem implementá-los nos computadores. Entramos no que vem sendo designado por
"inteligência artificial".
Há, todavia que considerar determinados limites segundo Harasim, L. (1989)24. Por
exemplo, uma das dificuldades na construção de tutorias inteligentes reside no campo da
psicologia da aprendizagem. Ainda não se conhece suficientemente bem a maneira de
aprender do aluno de modo a se adaptarem os programas tendo em vista uma facilitação
efetiva do processo de aprendizagem.
Parece-me que uma máquina com as características que o computador apresenta deve
ter um papel importante no ensino e que se deve explorar ao máximo essas potencialidades.
Tais potencialidades não se referem somente ao desenvolvimento de bom software educativo,
mas também ao uso rentabilizado do computador. Este uso implica que estejamos inteirados
das teorias de aprendizagem ou que percebamos minimamente os processos mentais
subjacentes à recolha, ao tratamento, ao registro e à evocação da informação, bem como à
dádiva de respostas.
Segundo Graziela Feldmann Marina Graziela25:
"Formar professores com qualidade social e o compromisso político da transformação tem se mostrado como um grande desafio a todos que acreditam na educação como um bem universal, espaço público, espaço democrático, um direito humano e social na construção da identidade e no exercício da cidadania. Escrever sobre esse tema nos convida a reviver as inquietudes e perplexidades na busca de significados do que é ser professor no mundo de hoje. Professor – sujeito que professa saberes, valores, atitudes, compartilha relações e junto com o outro elabora a interpretação e reinterpretação acerca do mundo. Palavras, sentidos que encerram em si a dimensão da multidimensionalidade, da complexidade e da incompletude do saber e do ser".
24 HARASIM, L. (1989). On-line Education: A New Domain; in R. Mason & A. Kaye. Eds Mindweave; Comunication, Computers and Distance Education. New York Pergamon Press.
25 Feldmann Graziela Maria ( Diretora da Faculdade de Educação Professora do Programa de Pós-raduação em Educação: Currículo da PUCSP)[email protected]
A utilização do computador nas práticas educativas exige investimento no
desenvolvimento profissional do professor, para que ele possa ser um pesquisador da
ferramenta e atuar como um mediador, atualizado, criativo, na concretização do projeto
pedagógico pretendido SIMIÃO & REALI, (2002)26.
A formação de professores capazes de utilizar o computador como uma ferramenta nas
práticas educativas, portanto, exige a capacitação técnica e uma prática reflexiva. Os
professores de classe das escolas A, B, C, se capacitaram para serem os responsáveis pelas
aulas de informática. Este tipo de Educação continuada, formação-ação que ocorre na prática
pedagógica, tem sido indicada como a mais adequada por Valente & Almeida (1997)27 e
Valente (2003)28 para a formação de professores para a utilização de computadores na
Educação. Rosalen (2001, p. 147)29 aponta que:
Os cursos de treinamento preparam tecnicamente os professores, o que não deixa de
ser importante, mas não é o suficiente. O professor precisa se capacitar para entender por que
e como integrar o computador em sua prática educativa, atendendo aos objetivos pedagógicos
e às necessidades de seus alunos. Para isto é essencial o processo de reflexão da própria
prática, como indicado por Zeichner (1993)30
e por Elias (1996)31.
A situação investigada confirma que as reuniões pedagógicas e os grupos de estudo,
associadas à formação para a utilização da informática nas práticas educativas, podem
favorecer o uso deste recurso no trabalho pedagógico, como argumenta Ripper (1996)32:
26 SIMIÃO, L. F. e REALI, A . M. M. R. O uso do computador, conhecimento para o ensino e a aprendizagem profissional da docência. In: MIZUKAMI, M. G. N. e REALI, A. M. M. R. (org.) Formação de professores, práticas pedagógicas e escola. São Carlos: Edufscar/Inep, 2002. 27 Valente & ALMEIDA, F. J. Visão analítica da Informática na educação no Brasil: a questão da formação do professor. Revista Brasileira de Informática na Educação. RS: Sociedade Brasileira de Computação, nº 1, set. 1997.
28 VALENTE. formação de professores para o uso da informática na Escola. Campinas - SP: UNICAMP/NIED, 2003.29 ROSALEN, Marilena S. Educação Infantil e Informática. Piracicaba, SP: [Tese (doutorado) – UNIMEP], 2001.
30 ZEICHNER, K.M. A Formação Reflexiva dos Professores: idéias e práticas. Lisboa: Educa, 1993.
31 ELIAS, M. D. C. A formação do educador e os princípios apontados pela Pedagogia Freinet. ELIAS, Marisa Del Cioppo (org.). Pedagogia Freinet: teoria e prática. Campinas, SP: Papirus, 1996.32 RIPPER, A. V. O computador chega à escola. Para que?, Revista Tecnologia Educacional, 1985.
"A atividade no/com o computador ficará sem sentido sem a reflexão sobre o que se está fazendo, sem um afastamento para refletir e poder voltar com um novo patamar de compreensão da atividade/projeto que se está desenvolvendo. (...) Para que o aluno tenha espaço para criar é necessário antes dar espaço ao professor para criar sua prática pedagógica". (p. 74, 82)
A participação em cursos e congressos, estudos específicos através de pesquisas na
internet e leitura de livros e/ou trabalhos acadêmicos também podem favorecer o processo de
reflexão da prática pedagógica, bem como a capacitação técnica dos professores.
Por fim, foi possível confirmar que, nas escolas em que o professor da classe é o
responsável pelas aulas de informática, evidencia-se seu papel como mediador da interação
aluno-computador, favorecendo a autonomia dos alunos no processo de construção do
conhecimento
Para o desenvolvimento deste estudo, partimos da premissa que o uso de
computadores não garante, por si só, uma melhor qualidade do ensino. Pelo contrário, pode
contribuir para dissimular problemas no processo ensino-aprendizagem sob uma aparente
roupagem de “modernização”. O computador pode se constituir em importante ferramenta na
escola se houver uma formação adequada dos professores para seu uso, uma formação que
associe o domínio dos recursos tecnológicos a uma análise crítica das suas implicações na
Educação e na cultura, de modo a constituir professores que:
- "Examinam, esboçam hipóteses e tentam resolver os dilemas envolvidos em suas práticas de aula;- Estão alertas a respeito das questões e assumem os valores que levam/carregam para seu ensino;- Estão atentos para o contexto institucional e cultural no qual ensinam;- Tomam parte do desenvolvimento curricular e se envolvem efetivamente para a sua mudança;- Assumem a responsabilidade por seu desenvolvimento profissional;- Procuram trabalhar em grupo, pois é nesse espaço que vão se fortalecer para desenvolver seus trabalhos". (GERALDI, 1998, p. 252-3)33
Em uma entrevista realizada pela Escola Estilo de Aprender, em nosso anexo 01 Os desafios na formação de professores; Entrevista34, podemos observar algumas coisas realmente interessantes como segue:
33 GERALDI, Corinta M. G. (org.). Refletindo com Zeichner: um encontro orientado por preocupações políticas, teóricas e epistemológicas. In: GERALDI, Corinta (org.). Cartografias do trabalho docente: professor(a)-pesquisador(a). Campinas-SP: Mercado de Letras, 1998.
34 Escola Estilo de Aprender. Fonte. Disponível em:
http://www.klickeducacao.com.br/2006/conteudo/pagina/0,6313,POR-578-,00.html
"No caso específico de tecnologia educacional, como os professores vêem o assunto? Há uma boa receptividade ao uso da tecnologia na educação? Você acha que os professores estão preparados para isso?Os professores ainda encontram muita resistência para se relacionarem com o computador, por exemplo. Na Estilo de Aprender, o uso de e-mails é o meio que encontramos para nos comunicarmos sobre questões organizacionais, bem como textos, escritas sobre a rotina e outros contatos. O uso em sala de aula é mais difícil ainda. Não podemos negar a força da net para questões referentes à pesquisa. Procuro orientar os professores para que façam um bom uso desse meio de informação, diferenciando a coleta de informações da pesquisa propriamente dita. Sinto que, aos poucos, professores e escolas acabarão se rendendo às maravilhas tecnológicas! O computador é a primeira delas".
Após analisarmos todos os dados coletados e tabulados, foi possível constatar, através
deste estudo, que a maioria dos professores utilizam o computador como ferramenta
pedagógica, nos seus trabalhos acadêmicos; isto mostra que realmente os professores por nós
entrevistados, estão procurando se enquadrarem nesta nova nomenclatura e aos novos
paradigmas que se adaptam melhor na produção do conhecimento e formação de cidadãos
cônscios para assumirem seus papeis em um mundo que não para de evoluir
tecnologicamente.
Todavia entendemos que ainda existem alguns docentes que relutam em aceitarem
essas mudanças que as novas tecnologias tem exigido; portanto, os resultados deste estudo
evidenciam a necessidade de aprofundamento de estudos e reflexões sobre este tema, uma vez
que o uso de computadores na escola é fato já consumado.
V Resultados da Discussão
Em primeira instancia analisaremos os docentes e demais administradores num total
de 21, aos quais entrevistamos e aplicamos um questionário com 30 questões referentes ao
uso das novas tecnologias no processo da produção do conhecimento.
A tabela abaixo apresenta os dados de perfil dos respondentes.Perfil dos Respondentes
Sexo Nível Escola
Masculino Feminino Fundamental Médio Ambos Particular Particular ePública
04 17 03 05 13 21 0
RESULTADOS
Dos professores que responderam ao questionário, 81% possuem computador. Os 19%
que não possuem computador justificam sua situação por motivos financeiros, conforme
depoimentos transcritos a seguir:
“Já tive computador. Mas, no momento, não tenho condições para adquiri-lo. Utilizo de outras
pessoas”.
“Não tive possibilidade de comprar”.
Os gráficos a seguir apresentam os dados tabulados referentes às questões 8 a 10,
sobre uso de computador e da internet.
8. Para que você utiliza o computador?
01-Elaborar prova 02-Elaborar prova, aulas e
comunicação
03-Elaborar prova, lazer e comunicação 04-Elaborar
prova e lazer
05-Elaborar prova, aulas, lazer 06-Elaborar prova e comunicaçãoe comunicação
Dados do gráfico acima
1- 17%; 2- 11%; 3- 22%; 4- 6%; 5- 33%; 6- 11%.
9. Você possui internet? 10. Você possui e-mail?
Não Não 19%
10 % 01-Sim
02-Não 01- Sim 02- Não
2 1 4 3 6 5
01
02
01
02
Sim 90% Sim 81%
Dos 21 entrevistados, 7 não justificaram porque não utilizam a sala de informática da
escola. Os respondentes que responderam não utilizar as salas de informática das escolas
apresentam, basicamente, duas justificativas:
1) Falta de acesso às salas
“Acesso é restrito.”
“O tempo de aula não nos propicia e a aula de informática é ministrada no laboratório que é
reservado somente para esse fim.”
“Só se pode usar a sala de informática com o professor da área, como os horários são sempre
incompatíveis, não é possível.”
“Impossibilidade de acesso.”
“A direção da escola não disponibiliza a mesma aos professores das outras disciplinas.”
2) Tempo insuficiente
“Falta de tempo, devido a conteúdos imensos.”
“Falta organização para levar os alunos para a sala de informática, além de não existirem
muitos programas freeware em geografia.”
“Não há tempo hábil para o professor freqüentar a sala.”
A questão 18 solicitava aos respondentes que falassem sobre a importância da
informática na educação. Algumas respostas obtidas estão transcritas a seguir:
“Complementa os conteúdos exigidos pela escola, ilustrando-os”.
“Auxilia nos trabalhos e pesquisas, além de estimular um contato maior com as outras
culturas”.
“A informática na educação é necessária porque trabalha junto com as outras disciplinas,
ajudando em pesquisas e informações”.
“É mais um recurso de ensino-aprendizagem”.
“Quando bem trabalhada para despertar a curiosidade e melhorar aspectos da inteligência,
além é claro, de romper fronteiras impostas pelo livro didático.”
“A informática tornou-se o principal instrumento de absorção do conhecimento e acesso a
informação”.
Dentre as respostas e comentários informais feitos pelos respondentes, pôde-se
perceber que, tanto a metodologia adotada quanto os recursos utilizados no ambiente
educacional refletem a ideologia e a postura pessoal do docente. Tal fato foi
verificado,particularmente, em alguns comentários feitos por uma professora de História, que
afirmava não utilizar computadores pelo fato de esses “não terem alma”, e afirmou , também,
ter sido tranqüilizada ao saber que era essa a opinião do papa João Paulo. Além disso, a
docente crê que o computador inibe a criatividade do homem, provoca obesidades, problemas
de visão e estatura, além de limitar o homem.
Um ponto a ser destacado refere-se ao local de aplicação dos questionários, pois é
possível que algumas respostas tenham sido influenciadas pelo ambiente escolar. Tal
possibilidade encontra respaldo no fenômeno conhecido como “efeito Hawthorne”, que causa
distorção nas respostas pelo fato dos respondentes saberem que são observados.
A observação dos gráficos nos leva a perceber que existe uma relação direta entre o
uso pessoal do computador e o incentivo a que os alunos utilizem o recurso: 19% não
possuem computador; 10% não possuem acesso à internet; 19% não possuem conta de e-mail;
10% não incentivam os alunos a pesquisarem na internet. Resultado inversamente
proporcional pode ser observado nas respostas à questão 16, sobre uso das salas de
informática: somente 15% as utilizam.
Desta forma, os fatores que dificultam o uso de recursos computacionais em sala de
aula pelos professores podem ser divididos em dois grupos: fatores organizacionais e fatores
pessoais.
Como fatores organizacionais destaca-se a dificuldade de acesso às salas de
informática, que são disponibilizadas somente para professores de informática e a falta de
tempo para utilizar os recursos computacionais aliados ao conteúdo das disciplinas. Dentre os
fatores pessoais, pode-se incluir as crenças e a falta de aprimoramento pessoal em recursos
computacionais.
Acredita-se que o caminho para reverter tal situação passará inevitavelmente por uma
conscientização do corpo docente sobre a necessidade de atualização pessoal. Além disso, a
instituição oferecer recursos para a total integração entre professores de informática e das
demais disciplinas, o que inclui capacitar o corpo docente para uso dos recursos
computacionais.
Apesar de ser um estudo realizado com uma amostragem restrita, os resultados devem
ser considerados importantes pelo fato de apontarem alguns fatores que inibem ou mesmo
dificultam o uso efetivo de recursos computacionais nas escolas. Como desdobramentos
futuros, este estudo deverá ser ampliado para atingir outros professores da rede e também de
outras escolas. Também deverá ser melhor investigada a postura dos professores em
incentivar os alunos no uso do computador e da internet para realizar tarefas escolares.
Ao longo deste trabalho observamos nas escolas pesquisa que há um trabalho coletivo
e uma integração interna, onde gestores, coordenadores, professores trabalham unidos
procurando cada vez mais aperfeiçoamento das novas tecnologias com a finalidade de
alcançar melhores resultados no processo de produção do conhecimento, e desta forma se vê
que os alunos tem alcançados melhores resultados no seu crescimento intelectual.
Observamos que cada escola tem de uma forma ou outro procurado implantar um
laboratório de informática, apesar de que a escola A tenha oito computadores, a escola B
sete e a escola C tenha apenas cinco; perfazendo um total de vinte computadores, o que se
viu nesta pesquisa é que há, em todas um laboratório de informática e que a direção está
procurando aperfeiçoar conforme as possibilidades de cada uma, e que a direção tem se
mostrado realmente preocupada em implantar as melhorias nesta área.
De fato, o que se pode observar é que, os docentes das escolas pesquisadas tem
depositado, muitas expectativas e crenças em melhorias na qualidade do ensino e
possibilidades de formação para os alunos.
Mas é preciso ter um olhar crítico sobre a questão e refletir sobre o uso de
computadores no espaço escolar. O computador, sozinho, enquanto máquina, não traz muitas
mudanças. A diferença está na prática cotidiana do professor ao utilizar o computador como
ferramenta no processo de construção de conhecimento. No entanto, essa consciência está
vinculada a uma questão muito discutida atualmente: a formação do professor e a necessidade
constante de atualização de seus conhecimentos.
Nas escolas pesquisadas o que vimos foi uma perspectiva renovadora de educação, na
escola A observamos há uma salas de aula onde há um computador para cada 3 alunos e
interligado em sistema de rede, onde o professor tem acesso a cada tarefa que é desenvolvida
pelos alunos; acreditamos que esse sistema é sem duvida ótimo para a produção do
conhecimento.
Outro detalhe que se observou é que os alunos só têm acesso aos sites e programas que
são permitidos, com finalidades educativas. Conforme nos disseram os docentes este sistema
tem se mostrado satisfatório.
Já no laboratório os alunos tem um pouco mais de liberdade, alem de pesquisas eles
podem, usar o sistema para outras atividades, mas sempre vigiados de certa forma.
Na escola B não vimos o uso de computadores em sala de aula, o uso desta tecnologia
pelos alunos e professores está restrito apenas ao laboratório que como vimos tem um total
sete computadores, interligados a um computador mestre ligado a internete, onde a
comunidade educacional pode fazer suas pesquisas, e terem aulas de informática nos devidos
horários pré-estabelecidos.
Já na escola C no laboratório está em fase de implantação, e possui cinco
computadores que estão sendo preparados para uso da comunidade educacional; segundo o
coordenador, este sistema estará em breve em funcionamento.
Bem nesta escola não há computadores instalados nas salas de aulas, mas segundo a
direção, assim que o laboratório estiver pronto, há um projeto para a instalação deste
equipamento em sala de aula.
Em todas as escolas por nós pesquisadas pudemos observar que nos escritórios de
administração há computadores e ligados a rede de internete.
Posto isso, podemos concluir que as escolas, pesquisadas tem se sentindo “obrigadas”
a receber as novas tecnologias da informação e comunicação, e observamos que as praticas
pedagógicas tem alcançados resultados satisfatórios, especialmente a partir da implantação
dos laboratórios de informática.
Conforme nosso anexo numero 03 no ano de 2005 a empresa Mitsui dou a importância
de 20 milhões de ienes para as escolas brasileiras instaladas no Japão, esse dinheiro foi
utilizado no aperfeiçoamento tecnológico; contudo as escolas que escolhemos para a nossa
pesquisa não foram beneficiadas, pois foram escolhidas escolas que apresentaram um perfil
diferenciado e que contavam com melhores condições para a aplicação dos fundos que foram
doados. Se observarmos neste referido anexo, podemos constatar que na realidade houve
grandes transformações nas escolas que foram beneficiadas, conforme a reportagem e pelas
fotos que aparecem no artigo.
Ainda conforme o anexo 02; no ano de 2001 foi fundada no Japão a Associação das
Escolas Brasileiras, uma organização não governamental que tem como finalidades auxiliar
essas escolas no território japonês, e conforme os professores entrevistados essa associação
tem desempenhado um importante serviço a comunidade educacional instaladas no país.
Podemos concluir, ainda, que como ícone na sociedade atual, o computador se tornou
objeto de desejo, fetiche sacralizado, sem garantia da compreensão de sua função e papel,
especialmente no contexto educacional. Explorar as potencialidades e oportunidades trazidas
com a inserção dos computadores na escola é tarefa que exige do professor, e da própria
escola, uma postura diferente da até então assumida. E o que significa a educação na
sociedade atual?
Pensar a escola e a educação, neste novo cenário de uma sociedade informática, exige
a reflexão de novos paradigmas, que não se sujeitem às imposições do mercado, que a escola
não se coloque mais como a detentora do saber, mas como mediadora no/do processo de
construção do conhecimento, da cidadania, da autonomia e no/do desenvolvimento afetivo,
cognitivo, ético e profissional do aluno.
Acreditamos que nas escolas pesquisada há uma visão critica das novas tecnologias da
informação e comunicação e de sua incorporação no processo de ensino e aprendizagem. É
fundamental ressaltarmos, contudo, que as dificuldades observadas não são exclusividade
destas escolas, nem mesmo deste município, uma vez que podem ser constatadas em
diferentes realidades. Esse é um dos privilégios do investigador que opta pelo estudo de caso
etnográfico: focalizar o fenômeno como um todo, permitindo ao leitor construir suas próprias
interpretações a partir da possibilidade de generalizações e/ou analogias com a diversidade
das experiências por ele vivenciadas.
Não podemos esperar que as novas tecnologias sejam a causa das mudanças na escola.
Não podemos atribuir somente à tecnologia os avanços e transformações na/da educação. Elas
são apenas recursos investidos de novos conhecimentos que podem ter um papel importante
na escola e, além disso, precisam ser incorporadas por todos e conhecidas de todos. As novas
tecnologias podem continuar demarcando as diferenças sócio-econômicas, em parte porque há
um acesso limitado a estas tecnologias, já que são utilizadas para reproduzir o que era
realizado anteriormente, e em parte porque o significado social de qualquer tecnologia não é
definido pela tecnologia em si.
Convivendo com os sujeitos da comunidade escolar – alunos, pais, professores,
funcionários – e a comunidade em geral, buscando conhecer sua cultura, em diferentes
momentos de seu cotidiano, pudemos compreender as teias de significados que compõem o
cenário da escola e da comunidade em que está inserida. Ao refletir sobre este cotidiano,
procuramos ressignificar a prática pedagógica, para superar estudos que simplesmente “falam
mal da escola”.
Este estudo representa, assim, um esforço de tentar mostrar a realidade além do óbvio.
Portanto, defendendo uma postura cooperativa, ao buscar compreender o processo de
melhorias nos laboratórios de informática e salas de aulas das escolas pesquisadas no
município de Saitama-kem,Japão; Além disso, as implicações pedagógicas contidas nas
análises aqui apresentadas visam contribuir para uma política de educação que considere o
computador como uma ferramenta educacional, como uma oportunidade de mudanças na
qualidade de ensino – vinculadas a uma utilização adequada das novas tecnologias da
informação e comunicação.
Vivendo numa sociedade marcada pela velocidade e pela informação, é preciso estar
atento para que a educação não se torne obsoleta e defasada em relação à realidade do aluno e
da sociedade onde ele está inserido.
Qual a importância das histórias aqui relatadas? Estas são escolas entre milhares de
escolas, mas contando as histórias dessas escolas em particular contamos parte da história da
humanidade, da sociedade contemporânea, e conhecemos alguns de seus conflitos.
VI Considerações Finais
Pensar a escola e a educação, neste novo cenário de uma sociedade informática, exige
a reflexão de novos paradigmas, que não se sujeitem às imposições do mercado, que a escola
não se coloque mais como a detentora do saber, mas como mediadora no/do processo de
construção do conhecimento, da cidadania, da autonomia e no/do desenvolvimento
afetivo,
cognitivo, ético e profissional do aluno.
Acreditamos que, na escola pesquisada, ainda está por vir uma visão crítica das novas
tecnologias da informação e comunicação e de sua incorporação no processo de ensino e
aprendizagem.
É fundamental ressaltarmos, contudo, que as dificuldades observadas não são
exclusividade desta escola, nem mesmo deste município, uma vez que podem ser constatadas
em diferentes realidades. Esse é um dos privilégios do investigador que opta pelo estudo de
caso etnográfico: focalizar o fenômeno como um todo, permitindo ao leitor construir suas
próprias interpretações a partir da possibilidade de generalizações e/ou analogias com a
diversidade das experiências por ele vivenciadas.
Não podemos esperar que as novas tecnologias sejam a causa das mudanças na escola.
Não podemos atribuir somente à tecnologia os avanços e transformações na/da educação. elas
são apenas recursos investidos de novos conhecimentos que podem ter um papel importante
na escola e, além disso, precisam ser incorporadas por todos e conhecidas de todos. As novas
tecnologias podem continuar demarcando as diferenças sócio-econômicas, em parte porque há
um acesso limitado a estas tecnologias, já que são utilizadas para reproduzir o que era
realizado anteriormente, e em parte porque o significado social de qualquer tecnologia não é
definido pela tecnologia em si.
Convivendo com os sujeitos da comunidade escolar – alunos, pais, professores,
funcionários – e a comunidade em geral, buscando conhecer sua cultura, em diferentes
momentos de seu cotidiano, pudemos compreender as teias de significados que compõem o
cenário da escola e da comunidade em que está inserida. Ao refletir sobre este cotidiano,
procuramos ressignificar a prática pedagógica, para superar estudos que simplesmente “falam
mal da escola”.
VII-Conclusão/reflexão pessoal
O presente trabalho coloca-se simultaneamente numa perspectiva crítica e otimista.
Crítica em relação à escola atual, que manifestamente não satisfaz as necessidades nem dos
alunos nem da sociedade. Crítica em relação ao imobilismo que continua em muitos casos a
ser a força dominante procurando desculpar e justificar o que é inaceitável e não tem muitas
vezes razão de subsistir. Crítica, ainda, em relação a diversas perspectivas de utilização dos
computadores que estão longe de conter o poder inovador que muitas vezes se lhe atribuem.
Otimista porque na sociedade é cada vez mais aceite que a escola tem de evoluir de forma a
passar a ser, ela própria, um fator de progresso e inovação social e se multiplicarem os
projetos e as atividades que apontam nesse sentido.
Otimista porque a minha experiência vivida mostra a evidência que é realmente possível
que o computador pode ser um valioso instrumento auxiliar no processo
ensino/aprendizagem.
A sociedade atual sofre mudanças profundas que chocam com os nossos hábitos e
concepções bem estabelecidas, pondo em causa os nossos sistemas de valores. Pergunta-se;
estaremos capazes de nos adaptar a viver numa sociedade em permanente transformação? Ou
se perderemos a nossa identidade deixando-a alienar-se; que contrição o pode o computador
dar para a modificação das práticas pedagógicas?
É constantemente feito um forte apelo aos professores para utilização dos computadores
na sua prática pedagógica.
Coburn e outros afirmam que "tentando explorar ao máximo a capacidade interativa dos
computadores nas escolas, entre outros problemas, os educadores enfrentam o desafio de
saber como usá-los".
O meu trabalho consta duma reflexão sobre a necessidade do computador na prática
pedagógica, em geral, e em particular no Ensino Especial.
Embora a literatura especializada seja bastante produtiva em relação ao tema em
estudo, o meu objetivo implica que a dissertação inclua, para além da reflexão teórica, uma
vertente empírica, onde pretendo verificar até que ponto os computadores são realmente
utilizados pelos professor de Educação Especial, com todas as suas potencialidades, como
teoricamente é proposto, e quais os fatores que, na sua perspectiva interferem na sua
utilização.
Ao terminar gostaria de reforçar uma idéia que foi deixada já ao longo de todo este
trabalho, é importante que se produzam e divulguem programas informáticos educativos
ajustados às necessidades dos currículos, é importante que esses programas sejam interativos
e que promovam uma aprendizagem cognitiva, mas sem os restantes elementos que
constituem o círculo escolar - professores, equipamentos, novas atitudes de ensino - não
valerão de nada esses programas. Por isso é necessário que nos cursos de especialização em
Educação Especial seja dada formação tão exaustiva, tanto quanto possível na área das TIC
porque necessita ser estruturada como um todo e não individualmente, equipando escolas,
atualizando os planos curriculares, permitindo aos professores uma permanente atualização
profissional (formação contínua) de forma a proporcionar a existência de um espaço/escola
em que se possa desenvolver um ensino ativo. O Saber deve ser, sempre que possível,
complementado pelo Saber Fazer!
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________, Aprendizagem por projetos é o mesmo que ensino porprojetos? Online: disponível na Internet viahttp://www.escola24h.com.br/salaprof/cursoweb/aprendizagem/extra/aprendizes/projetos/aprend_ensino.htm. s. d.
________, Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias. Online:disponível na Internet via http://www.eca.usp.br/prof/moran/inov.htm. s. d.
________& ALMEIDA, F. J. Visão analítica da Informática na educação no Brasil: a questão da formação do professor. Revista Brasileira de Informática na Educação. RS: Sociedade Brasileira de Computação, nº 1, set. 1997.
________ (org.) Formação de professores para o uso da informática na Escola. Campinas - SP: UNICAMP/NIED, 2003.
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