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Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente
Uso de geotecnologia para a comparação entre Índice de Doenças de Veiculação Hídrica e Índice de Condição Material de Vida na área urbana de
Salinas - MG
Jamerson Jardel Macedo Nere
Orientador: Prof. Dr. Alexandre Schiavetti
Ilhéus, Bahia 2010
UESC
i
JAMERSON JARDEL MACEDO NERE
Uso de geotecnologia para a comparação entre Índice de Doenças de Veiculação Hídrica e Índice de Condição Material de Vida na área urbana de
Salinas - MG
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Orientador: Prof. Dr. Alexandre Schiavetti
Ilhéus, Bahia 2010
ii
N444 Nere, Jamerson Jardel Macedo. Uso de geotecnologia para a comparação entre índice de doenças de veiculação hídrica e índice de condição material de vida na área urbana de Sali- nas - MG / Jamerson Jardel Macedo Nere. – Ilhéus, BA: UESC, 2010. Viii, 72f. : il.; anexos. Orientador: Alexandre Schiavetti. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-graduação em De- senvolvimento Regional e Meio Ambiente. Inclui bibliografia.
1. Saúde ambiental. 2. Saneamento. 3. Doen- ças ambientais. 4. Qualidade de vida. 5. Tecnologia ambiental. I. Título. CDD 363.72
iii
AGRADECIMENTOS Agradeço ao pai criador que me deu a vida e nunca me desamparou nos
momentos em que precisei. Por me mostrar os melhores caminhos a seguir e
me dar a luz nos momentos em que a obscuridade tentou atrapalhar a minha
caminhada. Agradeço ainda por manter acesa a esperança e a perseverança
dentro de mim, permitindo que compartilhasse experiências incríveis com as
pessoas que me cercaram durante esta caminhada.
Agradeço a Renata, minha esposa, pela ajuda no início do projeto e por
“segurar a barra” nos momentos em que estive ausente por conta das aulas.
Agradeço também à minha filha Luíza que mesmo sem saber foi uma fonte de
inspiração e renovação da energia, força e perseverança para vencer este
desafio.
A meus pais e irmãos pelas palavras de incentivo e pela ajuda nos
momentos necessários.
Agradeço a todos os colegas que de forma direta ou indireta
contribuíram para o sucesso deste projeto, em especial aos colegas Eduardo,
Cani, Danilo, Lenir, Amorin, Adilson; companheiros temporários ou
permanentes dos momentos de descontração (churras...). Não poderia me
esquecer do amigo Gessionei, figura importante nas revisões e nas palavras de
sabedoria proferidas nos momentos de troca de idéias.
Ao meu orientador por me nortear dentro do campo da pesquisa,
contribuindo de forma relevante para que este estudo pudesse ser realizado
com a qualidade de um verdadeiro trabalho científico.
Ao Prof. Ronaldo pelas dicas e pela paciência em auxiliar um estudo em
que não possuía vínculo direto (orientador ou co-orientador), proporcionando
contribuições de extrema importância para a conclusão deste trabalho.
Ao meu amigo Neylor, figura importante e presente em todos os
momentos, atuando sempre do lado da justiça e aplicando o seu bom senso.
Agradeço aos colegas do instituto que não mediram esforços e
mostraram boa vontade e disposição em me ajudar.
A todos acima citados, o meu muito obrigado...
iv
RESUMO As condições de vida e a estrutura de saneamento básico e serviços de
saúde ofertados à população dos municípios do norte de Minas Gerais está
longe de ser satisfatória. A problemática relacionada aos índices de
acometimento de doenças causadas pela falta de saneamento, também
chamadas de doenças de redutíveis por saneamento, é ponto de debate em
diversos campos de estudos relacionados à saúde. As geotecnologias vêm se
tornando forte aliada nos estudos em que se unem saúde e geografia.
Apoiando-se nesta associação, o presente estudo utilizou
geotecnologias para verificar a correspondência entre os índices de algumas
doenças redutíveis por saneamento e as condições materiais de vida dos
setores censitários da área urbana da cidade de Salinas, no estado de Minas
Gerais.
Para alcançar os objetivos, foi necessário a confecção de uma base de
dados consolidados das doenças relacionadas, permitindo a representação
espacial das mesmas, produzindo um mapa evidenciando os setores
censitários e a situação de risco de cada um. A divisão da cidade em setores
censitários foi adotada para a espacialização das doenças, bem como para o
estabelecimento das condições materiais de vida dos setores. Os resultados
obtidos ilustram a situação precária que atinge a maioria dos setores da cidade,
com 68,4% dos setores censitários apresentando uma densidade de casos
entre média e muito alta, onde 6 dos 19 setores possuem uma situação com
mais de 999 casos de amebíase.
Com relação ao índice de condições materiais de vida, a situação é
bastante ruim, onde 52,63% dos setores censitários se apresentam com
classificação desfavorável, não ofertando qualidade de vida, saneamento,
educação e renda suficientes para uma condição de vida digna. Ao realizarmos
este estudo, observamos que a administração local atua de forma reativa, não
tratando a causa do problema, demonstrando ineficiência na elaboração e
aplicação de políticas públicas que objetivem melhorias na qualidade de vida
da população.
Palavras-chave: Geotecnologia, Saneamento Ambiental, Condições de Vida, Saúde.
v
ABSTRACT
Living conditions concerning sanitation and healthy services that are
available to people in the cities at the north of Minas Gerais are far from being
satisfactory. The problem associated to high disease rates caused by poor
sanitation, also called sanitation-related diseases, is debated in several fields of
study in the healthy area. The geotechnologies are becoming a helpful ally in
the studies that combine health and geography.
Relying on this association, this study used geotechnologies to verify the
relation between rates of some sanitation-related diseases and the material
conditions of people living in the urban area of Salinas, a town in the state of
Minas Gerais.
To achieve the objectives it was necessary to create a consolidated
database of the related diseases, allowing a spatial representation of them,
producing a map that shows sectors and the risk of each one. The town was
divided in sectors to allow the spatialization of diseases, as well the
establishment of material conditions of each sector. The results obtained
demonstrate the precarious situation that affects most sectors of the city, with
68.4% of them showing a density of cases from medium to very high, where 6
out of 19 sectors are in a situation with 999 cases of amebiasis.
Regarding the rates of living standards and material conditions , the
situation is really bad, where 52.63% of sectors are not rightly classified, they
do not offer quality of life, sanitation, education and income enough for a
dignified life. When we conducted this study, we observed that the local
government acts in a reactive manner, not treating the cause of the problem,
demonstrating inefficiency to elaborate and apply public policies to improve the
population 's quality of live.
Keywords: Geotechnology, Environmental Sanitation, Living Conditions, Health.
vi
SUMÁRIO RESUMO................................................................................................................ iv
ABSTRACT.............................................................................................................v
INTRODUÇÃO ........................................................................................................1
OBJETIVOS............................................................................................................3
OBJETIVO GERAL..............................................................................................3
OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................3
CAPÍTULO 1 – A RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E A GEOGRAFIA DA
SAÚDE....................................................................................................................4
1.1– Aplicações auxiliares no estudo da Geografia da Saúde.............................5
1.2 – O meio e as variáveis do ambiente.............................................................6
1.3 - Atores sociais no meio ambiente e as abordagens geográficas................12
CAPÍTULO 2 - O PAPEL DAS GEOTECNOLOGIAS NA DISTRIBUIÇÃO
ESPACIAL DOS DADOS......................................................................................15
2.1 Geotecnologias............................................................................................15
2.1.1 Sensoriamento Remoto.........................................................................15
2.1.2 Geoprocessamento ...............................................................................16
2.1.3 Sistemas de Informação Geográfica .....................................................17
2.2 As Geotecnologias aplicadas à saúde pública............................................18
CAPÍTULO 3 - A CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .........................22
3.1 Dados Gerais e Limites Municipais..............................................................22
3.2 Infra-estrutura de saúde, educação e saneamento .....................................24
CAPÍTULO 4 - MÉTODOS....................................................................................27
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................39
CONCLUSÃO .......................................................................................................64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................66
ANEXOS ...............................................................................................................71
vii
LISTA DE FIGURAS Figura 1: Situação dos resíduos sólidos no estado de Minas Gerais em 2008. . 9
Figura 2: Domicílios com abastecimento de água por rede geral no estado de Minas Gerais. ................................................................................................... 10
Figura 3: Domicílios ligados a rede de esgotamento sanitário no estado de Minas Gerais. ................................................................................................... 11
Figura 4: Situação no ano de 2008 dos Sistemas de Tratamento de Esgotos Licenciados que atendem a população urbana em Minas Gerais. ................... 12
Figura 5: Mapa da localização do município de Salinas................................... 22
Figura 6: Vista parcial do município de Salinas - MG....................................... 23
Figura 7: Mapa dos 19 setores censitários que compõem a malha urbana da cidade de Salinas. ............................................................................................ 24
Figura 8: Mapa da malha urbana da cidade sem georreferenciamento PDRS. 30
Figura 9: Mapa da malha urbana da cidade sem georreferenciamento - PD. .. 30
Figura 10: Mapa da malha urbana da cidade sem georreferenciamento - COPASA. ......................................................................................................... 31
Figura 11: Imagem de satélite do sensor Landsat 7 contemplando a área do município de Salinas-MG, com destaque para a área urbana.......................... 32
Figura 12: Imagem de satélite do sensor Landsat 7 com o curso dos rios Bananal e Salinas. ............................................................................................. 1
Figura 13: Imagem de satélite do sensor Landsat 7, com os pontos (vermelhos) utilizados para o georreferenciamento. .............................................................. 1
Figura 14: Tela do aplicativo ArcMap – ArcView, com destaque para as ferramentas “Editor” e “Drawing”. ..................................................................... 35
Figura 15: Número de casos de doenças de veiculação hídrica por setor censitário na área urbana da cidade de Salinas-MG, entre 2005 e 2007......... 39
Figura 16: Mapa de densidade de casos de amebíase na cidade de Salinas-MG entre 2005 e 2007. ........................................................................................... 43
Figura 17: Mapa de densidade de casos de giardíase na cidade de Salinas-MG, entre 2005 e 2007. ........................................................................................... 44
Figura 18: Mapa de densidade de casos de ascaridíase na cidade de Salinas-MG entre 2005 e 2007. .................................................................................... 45
Figura 19: Mapa de densidade de casos de gastroenterite na cidade de Salinas-MG entre 2005 e 2007......................................................................... 46
Figura 20: Mapa de densidade de casos de esquistossomose na cidade de Salinas-MG, entre2005 e 2007......................................................................... 46
Figura 21: Dendograma da Análise de Agrupamento - Amebíase. .................. 50
Figura 22: Dendograma da Análise de Agrupamento - Giardíase.................... 51
Figura 23: Dendograma da Análise de Agrupamento - Ascaridíase................. 53
Figura 24: Dendograma da Análise de Agrupamento - Gastroenterite............. 55
Figura 25: Dendograma da Análise de Agrupamento - Esquistossomose. ...... 57
Figura 26: Mapa de classificação dos setores censitários com relação ao índice de Condições Materiais de Vida....................................................................... 59
viii
LISTA DE QUADROS Quadro 1: Infra-estrutura de atenção à saúde ofertada pelos 15 municípios polarizados pelas cidades de Salinas e Taiobeiras.......................................... 72
ix
LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Proporção de municípios brasileiros segundo a oferta dos serviços de água e esgoto - 2007 ................................................................................... 7
Tabela 2 - Proporção de municípios, por condição de esgotamento sanitário, segundo as Grandes Regiões - 2007................................................................. 8
Tabela 3 – Disposição da oferta de serviços de limpeza urbana e coleta de lixo nos municípios brasileiros em 2006. .................................................................. 9
Tabela 4: Infra-estrutura de saúde do município de Salinas - MG, em 2004 ... 25
Tabela 5: Número de casos de DVH no município de Salinas-MG, 2005 a 2007......................................................................................................................... 40
Tabela 6: Frequência das DVH separadas por setor, Salinas-MG, 2005........ 41
Tabela 7:Freqüência das DVH separadas por setor, Salinas-MG, 2006.......... 41
Tabela 8: Freqüência das DVH separadas por setor, Salinas-MG, 2007......... 42
Tabela 9: Freqüências acumuladas e taxa de morbidade das doenças estudadas na cidade de Salinas-MG entre 2005 e 2007.................................. 47
Tabela 10: Resultados ANOVA – Amebíase/Anos........................................... 49
Tabela 11: Resultados ANOVA – Amebíase/Setores....................................... 49
Tabela 12: Resultados ANOVA – Giardíase/Anos ........................................... 50
Tabela 13: Resultados ANOVA – Giardíase/Setores ....................................... 51
Tabela 14: Resultados ANOVA – Ascaridíase/Anos ........................................ 52
Tabela 15: Resultados ANOVA – Ascaridíase /Setores ................................... 52
Tabela 16: Resultados ANOVA – Gastroenterite/Anos .................................... 54
Tabela 17: Resultados ANOVA – Gastroenterite/Setores ................................ 54
Tabela 18: Resultados ANOVA – Esquistossomose/Anos............................... 56
Tabela 19: Resultados ANOVA – Esquistossomose/Setores........................... 56
Tabela 20: Classificação dos setores censitários............................................. 58
Tabela 21: Classificação dos setores no índice de condição material de vida. 61
Tabela 22: Classificação dos setores censitários da cidade de Salinas-MG, de acordo com o índice de doenças...................................................................... 62
Tabela 23: Correspondência entre as variáveis das tabelas 21 e 22. .............. 62
1
INTRODUÇÃO As interações entre o homem, agentes do meio ambiente e espaço vem
sendo objeto de estudo em diversas disciplinas dos campos da Saúde e na
Geografia, e sua história testemunha a grande contribuição destes estudos
para o entendimento dos processos saúde-doença (PEITER, 2005).
Segundo levantamento da Secretaria Estadual de Saúde - MG (SES -
MG, 2003), as Doenças de Veiculação Hídrica (DVH) ou Doenças Redutíveis
por Saneamento (DRS) acometem grande parte da população do município de
Salinas e estão diretamente relacionadas com o abastecimento deficiente de
água, condições precárias de moradia ou falta de esgotamento sanitário.
As doenças que fazem parte deste estudo estão diretamente
relacionadas com o abastecimento deficiente e a qualidade da água, condições
precárias de moradia, falta de esgotamento sanitário e são conhecidas como
doenças negligenciáveis ou doenças da pobreza.
O município de Salinas é cortado em sua área urbana pelos rios Salinas
e Bananal. Embora não existam estudos de cunho científico sobre estes, a
degradação é percebida de forma clara e visual, com pontos críticos em
determinados locais dos rios.
A companhia de saneamento urbano de Minas Gerais (COPASA) realiza
a captação da água distribuída no município através da barragem do rio
Salinas, antes que este alcance o perímetro urbano.
O município não possui estação de tratamento de esgotos (ETE), e os
serviços de água e esgoto não contemplam toda a área urbana, deixando parte
da população exposta a uma condição desfavorável no que diz respeito a
saneamento.
No fator saneamento, a área urbana conta com realidades diferentes em
pontos destacados no município; abrigando bairros que não possuem
saneamento básico ou coleta de lixo (SEBRAE, 2001).
No momento, usa-se muito a fossa negra ou canalização direta, onde
não existe a rede de esgotos. Para tratamento de lixo não foram feitas
negociações com a COPASA, apesar de a empresa ter autorização para atuar
no segmento. O lixo municipal é depositado em lixões.
2
O principal rio que abastece a cidade – Rio Salinas - recebe despejos de
esgotos a partir do perímetro urbano, comprometendo a qualidade da água.
Outro ponto bastante relevante com relação à proliferação de doenças
relacionadas ao saneamento é o fato de existirem bairros que possuem esgoto
a céu aberto, expondo a população a risco de contaminação. Os órgãos
municipais de saúde (secretarias, gabinetes, Funasa, etc) não possuem
mecanismos de acompanhamento das doenças associadas à falta de infra-
estrutura de saneamento; no que diz respeito à distribuição espacial entre os
setores, resultando na não-implementação de políticas públicas que atendam a
população no sentido de agir de forma preventiva (SEBRAE, 2001).
As carências sociais existentes levam a população a ter aumento de
incidência das doenças oportunistas, dentre elas, a Tuberculose, Giardíase e
outras.
Como no município de Salinas existem lagos artificiais, e rios com pouca
correnteza que recebem desaguamento de esgoto no perímetro urbano, cria-se
ambiente propício para a proliferação das doenças de veiculação hídrica.
Com relação às Geotecnologias, o município de Salinas-MG apresenta
um cenário tecnológico bastante precário. Este fato impede que, muitas vezes,
gestores municipais e pesquisadores de instituições consultem estes dados de
forma rápida e eficaz. Com o uso de geotecnologia é possível a realização de
análises mais completas e dinâmicas, destacando-se como elemento de
planejamento e gerenciamento no sentido de permitir uma visão abrangente de
administração do município. Outra característica marcante na utilização de SIG
é a possibilidade de vários especialistas utilizarem essa ferramenta, cada qual
em sua área ou trabalharem em grupo, atacando determinado problema. Essa
integração de caracteriza a interdisciplinaridade ou multidisciplinaridade da
tecnologia (ALBUQUERQUE, 2009).
3
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
� Descrever espacialmente o índice de condições materiais de vida nos setores censitários e cinco doenças de veiculação hídrica na área urbana da cidade de Salinas – MG.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
� Identificar e consolidar as freqüências das doenças de veiculação hídrica na cidade de Salinas-MG entre 2005 e 2007;
� Espacializar as doenças veiculadas pela água por setor censitário da zona urbana de Salinas - MG;
� Estabelecer as condições materiais de vida dos setores censitários da zona urbana de Salinas-MG;
� Verificar a correspondência entre os setores censitários quanto aos valores de condições materiais de vida e da freqüência de doenças de veiculação hídrica.
4
CAPÍTULO 1 – A RELAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E A GEOGRAFIA DA SAÚDE
Os estudos realizados pelo homem para tentar entender as relações
entre os elementos espaciais e os impactos que estes elementos podem
causar à sua saúde, são de grande importância para a determinação de áreas
de risco, elaboração e aplicação de políticas relacionadas à saúde pública, e ao
próprio conceito de estado de saúde (FONSECA, 2008).
A Geografia da Saúde vem se desenvolvendo como uma área do
conhecimento bastante útil, quando se trata de fenômenos espaciais e
identificação e análise de padrões de distribuição espacial de enfermidades
apresentando-se como uma alternativa para estudos que incluem essa área de
conhecimento (PEITER, 2005).
Nas décadas de 80 e 90, vários estudos foram realizados abordando
aspectos geográficos, porém, ou associavam as causas das doenças
diretamente ao meio ambiente sem o estabelecimento de vínculo direto ou
simplesmente eram voltados para a compreensão dos agentes causadores das
enfermidades. O principal intuito dos estudos desta época eram reconhecer o
comportamento e os tipos das doenças presentes nos países colonizados
(PEITER, 2005).
O contexto atual atribui o surgimento de doenças a uma série de fatores
como condições de vida, qualidade da água, condições do ar, da oferta e
promoção de políticas públicas, dentre outros.
A inclusão destes fatores como objeto de estudo, leva à criação de um
conceito de espaço, que leva em consideração todos os elementos
constituintes das condições de vida: o clima, a geomorfologia, a estrutura
populacional, a infra-estrutura de serviços básicos, em uma superfície passível
de expansão e modificações (CORREIA, 1999).
Sob uma visão ecológica, os agrupamentos denominados cidades, estão
sujeitos a invasões e modificações, que geram novos espaços com as
apropriações de novas áreas. Fatores como ponto de vista social, igualdade
racial, ordem, valores morais e outras regras de convívio social ajudam a
controlar a competição dentro do espaço e a “organizar” as reivindicações.
(MARQUES, 1998).
5
As variáveis que compõem o índice de qualidade de vida como
condições de habitação, acesso a serviços de saneamento básico, acesso dos
recursos hídricos, hábitos de higiene e especificidades do solo, mostraram-se
fundamentais no processo de transmissão de várias doenças que se
proliferam, sobretudo nas áreas urbanas e são fatores de influência direta nas
condições do meio e da saúde humana (FONSECA, 2008).
O grande avanço das teorias ecológicas foi o fato do reconhecimento de
que o meio deve ser considerado dinâmico, passível de mudanças, seja por
parte do homem como agente modificador ou por processos naturais dentro do
próprio meio.
1.1– Aplicações auxiliares no estudo da Geografia da Saúde Os aplicativos que visam o cruzamento de variáveis espaciais, bem
como a espacialização dos fenômenos ocorridos, através da criação de bancos
de dados geográficos, contribuem para interpretar os eventos relacionados à
área da saúde, com o intuito na oferta de infra-estrutura de serviços básicos e o
atendimento às necessidades das situações vividas pela população.
O comportamento de algumas doenças pode ser atribuído às suas
peculiaridades, porém, quando se trata de intervenções ocorridas ou
propagadas no meio em que o indivíduo vive, os aplicativos relacionados à
dinâmica de espaço se tornam ferramentas fáceis para os propósitos de
espacialização (SVS - MS, 2004).
Com o aperfeiçoamento dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG),
as alternativas de padrões de espacialização ficaram cada vez mais difundidas,
permitindo a construção de cenários que visam simular o comportamento de
determinada variável (BARCELLOS et al, 2008).
Os SIG têm sido utilizados cada vez mais no sentido de planejamento,
controle e prevenção de doenças, bem como no entendimento do
comportamento de determinadas doenças (SKABA et al, 2004). Os resultados
do cruzamento das variáveis podem produzir um modelo de ações que teriam o
intuito de auxiliar as tomadas de decisões, apoiando modelos renovados de
gestão urbana focados na melhoria das condições de vida e na prevenção das
enfermidades (MARQUES, 1998).
6
Os estudos voltados à dinâmica urbana estão baseados nas condições
impostas pelos modelos econômicos. Estes estudos passaram a se
fundamentar nos aspectos da distribuição espacial dos eventos e passam a
incorporar variáveis relacionadas às condições de vida e bem-estar das
populações mais expostas, criando e utilizando índices mais flexíveis que
considerem maior número de variáveis, com a finalidade de retratar a realidade
multidisciplinar que opera nas cidades (FONSECA, 2007).
Como os modelos econômicos atuais promovem e acentuam as
desigualdades sociais, as atividades humanas e o relacionamento social dos
indivíduos produzem uma série de dados que devem ser espacializados, a fim
de propiciar um melhor entendimento dos processos de subdesenvolvimento,
surgimento e desenvolvimento de algumas epidemias. O entendimento do
ambiente urbano no contexto de dados espacializados é bastante complexo,
mas serve de embasamento para estudos na área da saúde publica, bem como
em outras áreas (MARQUES, 1998).
1.2 – O meio e as variáveis do ambiente Quando se fala em variáveis, enteroparasitoses, meio ambiente e a
relação entre eles, estamos lidando diretamente com condições de vida e
condições de saneamento de determinado conjunto populacional.
Os serviços de saneamento incluem entre outras coisas, acesso a
recurso hídrico de qualidade, boas condições de esgotamento sanitário e coleta
regular de lixo. A deficiência na oferta de serviços de saneamento está
diretamente ligada ao aparecimento e à disseminação de algumas doenças
(FONSECA, 2008).
Segundo a OPAS/OMS (2004), a falta de água tratada atinge mais de
um bilhão de pessoas no mundo e, essa água de má qualidade pode ser o
causador de doenças como febre-tifóide, cólera, malária, dengue e outras.
A ineficiência dos serviços de ligação dos domicílios à rede de
esgotamento sanitário é outro fator que possui influência negativa nas
condições de vida da população. A presença do esgotamento sanitário em
condições impróprias expõe a população a uma suscetibilidade considerável
(OLIVEIRA, 2002).
7
Estudos comprovaram que os resíduos domésticos são fonte de
contaminação para determinadas doenças, pois criam ambientes propensos à
proliferação de microorganismos e outros vetores. Porém, o tratamento do lixo
requer grande esforço dos governantes e acima de tudo uma mudança na
cultura dos indivíduos, otimizando o modo de vida da população, fortalecendo a
conscientização dos conceitos de educação ambiental (FERREIRA et al.,
2001).
O panorama do saneamento básico no Brasil apresenta índices de 55%
da cobertura urbana e 35% de cobertura rural. Segundo dados do Sistema
Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), o Brasil tem apresentado
melhorias significativas na quantidade de acesso ao abastecimento de água e
esgotamento em rede geral, conforme mostra as tabelas 1 e 2 (SNIS, 2007).
Tabela 1 - Proporção de municípios brasileiros segundo a oferta dos serviços de água e esgoto - 2007
Fonte: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS. Diagnóstico dos serviços de água e esgotos 2007.
8
Tabela 2 - Proporção de municípios, por condição de esgotamento sanitário, segundo as Grandes Regiões - 2007
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2001-2004.
Tanto os serviços de abastecimento de água como de coleta de esgoto
no Brasil têm melhorado, mas a distribuição da água tratada demanda uma
série de adequações e o saneamento básico é o serviço com menor cobertura
nos municípios brasileiros, segundo números da PNAD (2004).
Nos pequenos municípios, os serviços de limpeza urbana e a coleta de
lixo ainda não recebem a atenção devida, bem como a coleta seletiva. Muitos
municípios possuem coleta de lixo, mas poucos possuem aterro de destinação
adequada do mesmo. A figura 1 e a tabela 3 retratam informações a respeito
da coleta e destinação do lixo no estado de Minas Gerais.
9
Figura 1: Situação dos resíduos sólidos no estado de Minas Gerais em 2008. Fonte: Gerência de Saneamento – (Gesan) 2008. Tabela 3 – Disposição da oferta de serviços de limpeza urbana e coleta de lixo nos municípios brasileiros em 2006.
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2006 (dados parciais). Nota: Um mesmo município pode apresentar mais de um tipo de serviço.
Quando se trata de coleta seletiva, o panorama no Brasil ainda se
apresenta precário, uma vez que o processo de viabilização e reutilização dos
resíduos gera gastos para os municípios, que muitas vezes negligenciam a
10
relação ônus versus meio ambiente e optam pela coleta convencional
(RIBEIRO e SANTOS, 2008).
A figura 2 mostra nas diferentes tonalidades de azul, a porcentagem de
domicílios ligados ao abastecimento de água por rede geral no estado de
Minas Gerais. Os poderes municipais e as empresas que possuem a
concessão de prestação de serviços de abastecimento fornecem as
informações da disponibilização da rede através de questionários aplicados e
elaborados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Figura 2: Domicílios com abastecimento de água por rede geral no estado de Minas Gerais. Fonte: IBGE – Atlas de Saneamento - 2007. Adaptado pelo autor.
A figura 3 mostra o mapa do estado de Minas Gerais, identificando os
locais que possuem rede de esgotamento sanitário (pontos verdes) e aqueles
que não possuem a oferta do serviço (pontos vermelhos). O mapa identifica
ainda, nas diferentes tonalidades de cores (de amarelo a marrom), densidade
demográfica local por setor censitário.
Os poderes municipais e as empresas que possuem a concessão de
prestação de serviços de abastecimento fornecem as informações de
disponibilização da rede através de questionários aplicados e elaborados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
11
Figura 3: Domicílios ligados a rede de esgotamento sanitário no estado de Minas Gerais. Fonte: IBGE – Atlas de Saneamento - 2007. Adaptado pelo autor. Segundo dados do IBGE, 47,8% dos municípios brasileiros não têm
coleta de esgoto. O Norte é a região com a maior proporção de municípios sem
coleta (92,9%), seguido do Centro-Oeste (82,1%), do Sul (61,1%), do Nordeste
(57,1%) e do Sudeste (7,1%). Os municípios que têm apenas serviço de coleta
superam a proporção daqueles que coletam e tratam o esgoto (32,0% e 20,2%,
respectivamente). No Sudeste, a região do País com a maior proporção de
municípios com esgoto coletado e tratado, somente um terço deles apresentam
boas condições de esgotamento sanitário (PSNB 2000).
Entre 1989 e 2000, o serviço de saneamento nos municípios cresceu em
apenas 10% e os esforços das entidades se voltaram para a ampliação do
tratamento do esgoto coletado. No período, houve um aumento de 77,4% no
tratamento do esgoto coletado pelas empresas, passando de 19,9% para
35,3%. Foram os municípios com população entre 45 001 e 100 000 os que
apresentaram maior crescimento relativo no volume de esgoto tratado (169,4%)
(PNSB, 2000). Nos municípios de maior porte, o aumento foi também
12
significativo (84,6%), embora estes municípios não cheguem a tratar nem a
metade do esgoto coletado, conforme figura 4.
Figura 4: Situação no ano de 2008 dos Sistemas de Tratamento de Esgotos Licenciados que atendem a população urbana em Minas Gerais. Fonte: Relatório Técnico FEAM/DQGA/GESAN 2009.
1.3 - Atores sociais no meio ambiente e as abordagens geográficas
Itens como desigualdade social, infra-estrutura de saneamento,
condições e hábitos de higiene ambiental e pessoal, condições de renda,
instrução e moradia exercem papel fundamental no quadro geral da qualidade
de vida do meio em que vivemos (PEITER, 2005).
É fato que as enteroparasitoses apareçam de forma mais representativa
nas cidades que possuem uma infra-estrutura de saneamento básico falha ou
ineficiente. Este quadro está presente também nas grandes cidades, sobretudo
nas áreas mais periféricas das cidades e nas zonas rurais. Estas áreas
apresentam um índice elevado de casos das doenças relacionadas ao
saneamento público, contribuindo para a elevação das taxas de morbidade em
algumas regiões do Brasil (AFIUNE et al. 2009).
Segundo Afiune et al.(2009), entretanto, para estabelecermos como
ocorre o processo de contaminação, deve-se levar em consideração a relação
de cada indivíduo com o meio.
13
Dentre os grupos de risco mais suscetíveis às doenças relacionadas a
deficiências ou mesmo à inexistência de infra-estrutura de saneamento,
existem as crianças. O fato das crianças freqüentarem ambientes coletivos,
como escolas, centros de recreação, clubes, deixa o grupo mais exposto ao
contato direto com os problemas causados pela falta de serviços básicos,
devido às brincadeiras realizadas em casa ou nas imediações de algum local
contaminado, ou mesmo pelo contato direto ou indireto com pessoas
contaminadas (PESSOA, 1998).
Vários esforços tem sido realizados com a implementação de programas
de saúde que visem controlar as parasitoses nos ambientes urbanos e rurais,
porém as dificuldades financeiras dos países subdesenvolvidos tem sido
motivo de ineficácia em muitos destes programas, faltando custeio para a
criação, aplicação e manutenção das atividades do projeto, que incluem
oficinas educativas, atividades relacionadas ao meio ambiente e higiene,
privando as classes menos favorecidas e mais atingidas (LUDWING et al.,
1999).
No Brasil, foi instituído em 2005 o Plano Nacional de Vigilância e
Controle das Enteroparasitoses, da Secretaria de Vigilância em Saúde do
Ministério da Saúde (SVS-MS), com o objetivo de “reduzir a prevalência, a
morbidade e a mortalidade por enteroparasitoses no país”. O plano recomenda
que os tomadores de decisão das esferas municipal e estadual dêem maior
atenção aos serviços de Vigilância Epidemiológica, bem como na elaboração
de medidas de controle (FONSECA, 2008).
O plano preconiza que os gestores municipais, estaduais e federais
realizem ações que promovam a redução dos agravos, no que tange a criação
de políticas de educação, controle e prevenção dos mesmos. No âmbito destas
atribuições, consideram-se de execução obrigatória: notificar os casos
ocorridos, realizar exames laboratoriais, coletar informações em todos os níveis
e promover campanhas educativas.
Um problema enfrentado pela população salinense é o tratamento de
água, se comparado a outros municípios, devido à condição de não possuir um
mecanismo de tratamento mais eficaz e abrangente. A COPASA (Companhia
de Saneamento de Minas Gerais) realiza o tratamento da água com cloração, e
a população recebe este tratamento gratuitamente. Tendo em vista este fato,
14
podemos considerar que, do ponto de vista do uso da água, principalmente
para ingestão, o município como um todo é uma possível área de transmissão,
dado o tratamento de sua água e seus agravantes.
É fato que as parasitoses intestinais são mais freqüentes nas regiões
menos favorecidas, considerando o mais amplo sentido da palavra. Os países
subdesenvolvidos e os chamados países emergentes apresentam índices de
até 90% de infestação, refletindo em um aumento significativo da freqüência à
medida que piora o nível socioeconômico (FERREIRA, 2006). Pesquisas sobre
parasitas intestinais no Brasil revelaram freqüências bastante diferentes,
apresentando índices que variavam de acordo com as regiões estudadas
(SILVA e SANTOS, 2001).
15
CAPÍTULO 2 - O PAPEL DAS GEOTECNOLOGIAS NA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS DADOS
2.1 Geotecnologias
As geotecnologias podem ser definidas com sendo um agregado de
valores e funções a um conjunto de recursos tecnológicos (SIG, GPS,
Geoprocessamento, cartografia, sensoriamento remoto) que apresenta a
coleta, processamento, análise e visualização de informações referenciadas,
criação e disponibilização de bancos de dados georreferenciados e análise de
fenômenos naturais como principal intuito; proporcionando uma visão ora local,
ora global do ambiente. (ALBUQUERQUE, 2009)
Segundo Albuquerque (2009), as diversas geotecnologias referentes ao
Sensoriamento Remoto (SR) e aos Sistemas de Informação Geográfica (SIG)
estão cada vez mais interligadas, uma vez que evoluem em linhas muito
parecidas. Cada vez mais, as áreas de conhecimento e prestadores de
serviços estão descobrindo a aplicabilidade das geotecnologias em problemas
específicos. Os estudos relacionados à geografia vêm descobrindo e utilizando
de forma crescente os recursos disponibilizados pelas geotecnologias.
2.1.1 Sensoriamento Remoto
Segundo Albuquerque (2009), o sensoriamento remoto pode ser definido
como uma técnica para se obter informações de um alvo, ou objeto, à
distância. As informações obtidas através de ondas eletromagnéticas
(radiação), produzidas por fontes naturais (Sol ou Terra) ou artificiais (radar).
O Sensoriamento Remoto ampliou a capacidade do homem em obter
informações sobre os recursos naturais e o meio ambiente, colocando-se como
mais uma ferramenta complementar para facilitar trabalhos temáticos e de
levantamento, permitindo a identificação das características de diferentes
materiais superficiais (ROSA, 1996).
Neste contexto, as imagens de Sensoriamento Remoto têm a seu favor
a periodicidade, permitindo a geração de mapas de qualquer parte da
16
superfície da Terra de forma atualizada, tanto no que se refere a dados
quantitativos como qualitativos (CÂMARA, 2007).
2.1.2 Geoprocessamento
Câmara (2007) define o termo geoprocessamento como a área do
conhecimento que se utiliza de um conjunto de técnicas matemáticas e
computacionais para aquisição e tratamento da informação geográfica
contribuindo cada vez mais para a área da Cartografia, Análise de Recursos
Naturais, Transportes, Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e
Regional. As ferramentas computacionais para Geoprocessamento, chamadas
de Sistemas de Informação Geográfica, permitem realizar análises do
ambiente, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar Bancos de Dados
Geográficos.
O geoprocessamento, referenciado no Brasil com a sigla SIG, provê ao
usuário a possibilidade de realizar tanto análises superficiais quanto análises
de alta complexidade. Percebe-se que o Brasil tem evoluído muito nos estudos
utilizando geoprocessamento, desenvolvendo aplicações de avaliação de
situações que se concretizam em ferramentas de planejamento (CÂMARA,
2007).
Os estudos realizados no Brasil nas décadas de 1960 a 1970 que
utilizavam ferramentas relacionadas ao geoprocessamento tiveram como foco
principal o mapeamento e a distribuição de fenômenos espaciais de
características geológicas, morfológicas, que visavam estudar o
comportamento e estabelecer relações com estes fenômenos. A partir da
década de 1980 com o apoio dos métodos de análise espacial baseados nos
sistemas computacionais, observou-se a retomada do interesse em pesquisas
relacionadas às questões de saúde pública (CÂMARA, 2005).
Dentro da gama de estudos contemporâneos e no advento das tecnologias computacionais, relacionando a Geografia e a Epidemiologia, o papel dos Sistemas Informativos Geográficos (SIG) é proporcionar a análise da distribuição de pacientes; no monitoramento da qualidade da água e de vetores; as variações em caso de epidemias; e a avaliação, em tempo real, de situações de emergência (PINA, 1998 apud FONSECA, 2007).
17
De acordo com Moura (2003), a utilização dos SIG como ferramenta de
gestão e elaboração de estratégias envolvendo as populações, as doenças, e
as demais variáveis envolvidas no processo de adoecimento, possibilitando a
efetivação de modelos de gestão que atuem de forma preventiva com relação à
saúde pública, tornando mais fácil a análise dos quadros expostos pelas
ferramentas espaciais.
2.1.3 Sistemas de Informação Geográfica
Os sistemas de informação geográfica são sistemas que visam integrar
numa base de dados unificada, informações espaciais de dados cartográficos,
dados provenientes de censos, imagens de satélites e modelos terrestres, e
combinar estas informações através de algoritmos de manipulação, para gerar
mapeamentos, consultas, recuperações, visualizações e a impressão do
conteúdo da base de dados geocodificados (CÂMARA, 2005).
Câmara (2005) afirma que a distinção entre um sistema de informação
geográfica (SIG) e os outros sistemas de informação é a possibilidade da
realização de análises espaciais. A partir da combinação de fatores e variáveis
relacionadas a algum fenômeno, é possível realizar simulações em cenários do
mundo real.
De uma forma geral, o SIG pode ser abordado de dois pontos de vista
distintos: do ponto de vista da aplicação e do ponto de vista da tecnologia
empregada. Do ponto de vista da aplicação, a utilização de um SIG implica em
selecionar dentro de um banco de dados as representações computacionais
mais adequadas ao cenário em estudo. Do ponto de vista da tecnologia, o
desenvolvimento de um SIG oferece um conjunto mais amplo de estruturas de
algoritmos capazes de apresentar maior diversidade de concepções de espaço
(QUEIROZ, 2006).
Segundo Rosa e Brito (1996) de modo geral, pode-se definir formalmente um SIG como sendo uma combinação de recursos humanos (peopleware) e técnicos (Hardware/Software), em concordância com uma série de procedimentos organizacionais que proporcionam informações com finalidade de apoiar as gestões diretivas.
18
Ainda em seus estudos, Rosa (1996) afirma que o objetivo geral de um SIG
é servir de ferramenta geradora de mapas, para todas as áreas do
conhecimento que se utilizem deles, possibilitando entre outras: a integração
em uma única base de dados de informações; permitir a entrada de dados de
diversas formas; combinar dados de diferentes fontes, gerando novos tipos de
informações e; gerar relatórios e documentos gráficos de diversos tipos.
2.2 As Geotecnologias aplicadas à saúde pública
Segundo Lemos (2002), os modelos computacionais aplicados à área de
saúde vêm se mostrando cada vez mais versáteis, criando campos dentro da
informática que estão se especializando e tratando as especificidades das
áreas da saúde. O grande legado dessa versatilidade é a possibilidade de
análise e o entendimento dos novos cenários espaciais e as relações entre os
atores envolvidos e o meio ambiente sob perspectivas diferentes.
Em meados da década de 1950, as análises de distribuição espacial e o
envolvimento entre o agente modificador (homem) e o meio ainda eram
realizadas sem a intervenção de ferramentas computacionais avançadas,
apoiando-se nos estudos de caráter qualitativo dentro do campo da geografia.
Com o advento dos SIG, diversos campos de pesquisa se desenvolveram
explorando a distribuição propriamente dita de fenômenos, o comportamento
de variáveis envolvidas no processo de adoecimento e proliferação de
doenças, condições de saúde, condições de vida e o mapeamento de áreas de
risco, contribuindo para a análise dos processos epidemiológicos (FONSECA,
2007).
Nas décadas de 80 e 90, os estudos que utilizaram geotecnologias
foram direcionados para avaliação ambiental, planejamento urbano,
meteorologia, entre outros campos de aplicação. Ao contrario dos segmentos
acima citados, os dados de saúde não são obtidos por meios remotos. Eles
adquiridos mediante inquéritos e censos demográficos, ou pelos portais e
entidades responsáveis pelo segmento. A transformação destes dados em
informações resulta em uma abstração e simplificação de processos sociais e
ambientais presentes na determinação de doenças. Assim, as bases
cartográficas digitais, que são, muitas vezes, o produto final de projetos de
19
geoprocessamento de outros setores, constituem apenas o ponto de partida
das análises espaciais de saúde (BARCELLOS et al., 2008).
Os produtos gerados pelos SIG para os processos de análise de
distribuição espacial podem ser baseados em dados simples como um
mapeamento de determinada doença ou ainda em análises complexas,
gerando óticas diferentes de análise (FONSECA, 2008).
Atualmente no Brasil, o quadro geral de aplicações dos SIG em saúde é
extremamente favorável e pode ser distribuído em quatro eixos de
desenvolvimento: disponibilidade de bases de dados; aperfeiçoamento de
programas computacionais; desenvolvimento tecnológico; e capacitação de
pessoal (BARCELLOS et al., 2008).
É importante ressaltar que para realizar o mapeamento dos dados
relacionados à saúde, os eventos de saúde devem ser relacionados a um
conjunto de objetos geográficos ou unidades espaciais previamente
construídas, como bairros, setores censitários, lotes ou trechos de logradouros.
Assim, um dos primeiros passos para o georreferenciamento desses dados é o
reconhecimento do estágio atual da cartografia urbana existente nas cidades. E
os sistemas de informações em saúde, por sua vez, devem coletar e
armazenar dados de endereço compatíveis com essa estrutura de dados
cartográficos (BARCELLOS et al., 2008).
Especificamente no campo da saúde, o panorama gerado pelos SIG
pode incluir dados multivariados, uma vez que as geotecnologias promovem
recursos de sobreposição de informações (CÂMARA 2005).
Os estudos realizados utilizando SIG têm apresentado uma tendência de
exploração de duas linhas de aplicabilidade. A primeira linha representa o
estudo, identificação e a correlação das variáveis de saúde, espacializadas em
um único mapa. A segunda linha explora as variáveis da mesma forma que a
anterior, mas as espacializa em mapas agregando a sobreposição (overlay)
dos planos, tornando o produto final um instrumento poderoso de análise e
interpretação das informações (MEDRONHO, 1995).
Entidades como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
ou o Instituto de Pesquisas Aplicadas (IPEA) que realizam pesquisas
domiciliares, fazem uso desta metodologia no intuito de identificar carências da
população, bem como caracterizar a população e os domicílios. Os SIG podem
20
trabalhar com informações gráficas e não-gráficas; visando a elaboração de
índices de risco da população, analisando variáveis visando buscar explicações
para o comportamento das mesmas; redes de origem e destino, com o auxílio
dos mapas gerados pelos SIG (MOURA, 2003).
Observando a importância dada aos mapeamentos espaciais aplicados
à saúde, torna-se possível a criação de simulações que possam apoiar a
tomada de decisões e a criação de estratégias. Dependendo da natureza do
estudo, as análises podem enfatizar as correlações ou às análises
multicritérios, promovendo a espacialização da maior quantidade de variáveis
possível (FONSECA, 2008).
A realização de mapeamentos, bem como a análise de cenários de
distribuição de doenças pode ser analisada com o Sistema de Informações
Geográficas (SIG), capaz de armazenar informações geográficas, correlacioná-
las com dados tabulares (planilhas, tabelas, gráficos), podendo ser usado para
coleta, armazenagem, administração, interrogação e exibição de dados
espaciais, ajudando a determinar a localização espacial de doenças e a análise
gráfica dos indicadores epidemiológicos (DIAS et al., 2005).
Na abordagem regional, a identificação das doenças e os fatores
determinantes são a grande preocupação. Um dos exemplos de aplicabilidade
regional dos SIG´s são: regionalização dos serviços de saúde, como no caso
de análises de delimitação de área de serviço de uma ambulância, ou do
mercado para um hospital, ou estudos ecológicos de delimitação da área de
circulação de agentes de doenças e a identificação de focos (MARQUES,
1998)
Segundo Oliveira (2006), as premissas mais importantes da geografia da
saúde são: o estudo de forma unificada, das doenças e o contexto físico, social
e cultural aplicado ao meio e os eventos relacionados à saúde (morbidade e
mortalidade) bem como a distribuição de casos não ocorrem aleatoriamente,
seguindo algum fator ou conjunto de fatores determinantes (político, social,
cultural, ambiental).
Em resumo, para a compreensão do processo de adoecimento em
determinado local, a Geografia da Saúde tem adotado modelos espaciais,
utilizando métodos quantitativos e qualitativos, e utilizando os mapas com
freqüência cada vez maior (DIAS et al., 2005).
21
Os estudos relacionados ao planejamento dos serviços de saúde é a
área da Geografia da Saúde onde a análise espacial apresenta os resultados
mais promissores. Com três grandes segmentos: a dos padrões espaciais da
estrutura dos serviços médicos, incluindo a distribuição dos recursos em saúde
(humanos e físicos); a segunda, que se preocupa com as formas de acesso
aos serviços de saúde e os determinantes sócio-espaciais que influenciam o
comportamento dos pacientes; e a terceira que se liga aos estudos que
procuram identificar agregados espaciais (spatial clusters) de desigualdade na
oferta, utilização e alcance dos equipamentos de saúde e o planejamento para
a otimização dos serviços (FONSECA, 2008).
De uma forma geral, os estudos dentro do campo da Geografia da
Saúde que utilizam análise espacial, visam aplicar um modelo estatístico ou
matemático a um processo espacial, com o objetivo de esclarecer as relações
sócio-espaciais entre aspectos da saúde e a distribuição espacial da população
(ARMSTRONG, 1983) apud (LIMA, 2002).
De acordo com DIAS et al. (2005) todos estes modelos de estudos
relacionados à saúde pública que utilizem algum sistema informatizado têm
suas vantagens e desvantagens, dependendo da forma e da estrutura de
problema, dependendo da questão que se pretende responder, do enfoque que
se pretende dar, dos objetivos do pesquisador e da sua disponibilidade de
dados.
22
CAPÍTULO 3 - A CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
3.1 Dados Gerais e Limites Municipais
O Município de Salinas/MG está localizado na Bacia Hidrográfica do Rio
Jequitinhonha, situada na porção norte/nordeste norte de Minas Gerais,
conforme figura 5, formando a Sub-Bacia do Rio Salinas com os Rios Matrona,
Salinas, Bananal e Caraíbas, sendo os três últimos perenizados pelas
barragens de mesmo nome, com volumes d'água de 92 milhões, 25 milhões e
9,4 milhões de m³ respectivamente. Todos deságuam a margem esquerda do
Rio Jequitinhonha, no Município de Coronel Murta/MG.
Figura 5: Mapa da localização do município de Salinas, estado de Minas Gerais.
23
Figura 6: Vista parcial do município de Salinas - MG.
Segundo o IBGE, a área atual de Salinas é de 1 888 km2. As
coordenadas geográficas da sede municipal de Salinas, de acordo com o
IBGE, são -16,17028 S e -42,29028 W, apresentando um relevo acidentado,
conforme ilustrado pela figura 6.
Os valores de altitude da cidade são: máxima - 1.030 m. (divisa
Salinas/Taiobeiras), mínima - 432 m. (Barra do São José/Rio Salinas) e registra
em sua sede 471 m acima do nível do mar.
Computando um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)
extremamente baixo – (0,699), o município de Salinas ocupa as posições 551
na escala estadual (total de 853 municípios) e 2499 na escala nacional (total de
5507), refletindo uma situação bastante desconfortável (PNUD, 2000).
O município ostenta um dos menores índices de participação de
domicílios nos segmentos de renda média mensal familiar per capita superiores
a cinco salários-mínimos, correspondentes a apenas 1,4%, contra 4,4% do
estado de Minas Gerais (SEBRAE, 2001). Conseqüentemente, há maior
concentração relativa dos domicílios municipais nos segmentos mais baixos
(SEBRAE, 2001).
24
O fluxo rural-urbano foi parcialmente orientado para o próprio município,
acarretando evolução positiva do grau de urbanização, expresso pelo
percentual da população municipal que reside na cidade e sedes dos distritos
de Salinas: evolui de 21,1% em 1970 a 71,6% em 2000. No entanto, ainda se
acha em patamar inferior ao estadual (82,0%, no último ano mencionado)
(SEBRAE, 2001).
O município conta com uma população atual de 39.181 habitantes
(IBGE, 2010)1, com distribuição de 30.718 habitantes na área urbana e 8.464
habitantes na área rural. A população urbana está distribuída entre os 19
setores censitários da área urbana ilustrados pela figura 7.
Figura 7: Mapa dos 19 setores censitários que compõem a malha urbana da cidade de Salinas.
3.2 Infra-estrutura de saúde, educação e saneamento
A área escolhida para o estudo está inserida na região historicamente
conhecida por apresentar elevados índices de pobreza, êxodo populacional,
baixo IDH, além de ser uma região carente em termos de assistência à saúde,
apesar de ser cidade pólo microrregional de acordo com o programa de
regionalização da saúde do estado de Minas Gerais.
1 Informação disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1 . Acesso realizado em 10/04/2010.
25
Esta situação de desigualdade, quando comparada com outros
municípios do Brasil, entende-se pela formação sócio-espacial, como reflexo de
uma economia estagnada há décadas e clima semi-árido, que se caracteriza
por um período de seca marcante e que constitui em problema para a
expansão agrícola. Estas condições ambientais e econômicas provocam a
migração de populações para outras áreas mais desenvolvidas do Brasil, em
busca de melhores condições de trabalho, saúde, educação e renda.
Uma política pública implementada no município para minimizar o
problema da seca e propiciar o desenvolvimento regional, foi a construção de
barragens de perenização, que trouxeram múltiplas oportunidades de utilização
das águas, bem como uma significativa transformação da paisagem local.
Os municípios de Salinas e Taiobeiras polarizam conjuntamente, 15
municípios circunvizinhos para atendimentos à saúde, apesar da carência
significativa de equipamentos e serviços de saúde disponíveis no quadro 1
(anexos).
Os serviços de saúde ofertados pelo município são apresentados na
tabela 4, e conta hoje com gestão plena e o atendimento pelo SUS (Sistema
Único de Saúde) é somente realizado no Hospital Municipal. Existem ainda as
unidades de saúde da família (USF) que trabalham com a prevenção e
atendendo também à zona rural.
Tabela 4: Infra-estrutura de saúde do município de Salinas - MG, em 2004 Dados da Saúde do Município de Salinas – 2004/2005
Especificação Públicos Privados Total
Estabelecimentos de Saúde 15 3 18 Estabelecimentos de Saúde atendem pelo SUS 1 - 1 Estabelecimentos de Saúde com internação 1 2 3 Estabelecimentos de Saúde sem internação 13 - 13 Estabelecimentos de Saúde de apoio à diagnose e terapia 1 1 2 Estabelecimentos de Saúde que prestam serviços a plano de saúde de terceiros - 3 3
Estabelecimentos de Saúde com atendimento particular - 3 3 Unidades de Saúde da Família 11 - 11
Fonte: IBGE(2004), Prefeitura Municipal de Salinas (2005).
Sobre os aspectos de saneamento básico, a empresa responsável pela
captação, tratamento e abastecimento de água e coleta de esgoto na área da
cidade é a Companhia de Saneamento de Minas Gerais – COPASA. A
captação é feita no Rio Salinas, por rebaixamento forçado, no sentido da
corrente em direção à cidade (SEBRAE, 2001).
26
A coleta do esgoto (cobertura de aproximadamente 68% da zona
urbana) obedece a projeto ora executado pela COPASA e envolve também o
tratamento (ainda não realizado), com estação de tratamento de esgoto (ETE)
tendo construção prevista para 2010 (PMDRS 2006).
27
CAPÍTULO 4 - MÉTODOS
Segundo Marques (2008) a metodologia que utiliza o Índice de
Condições Materiais de Vida abrange análises multivariáveis, próprias do
Geoprocessamento, permitindo dois tipos de procedimentos: os procedimentos
diagnósticos e os prognósticos. Os procedimentos diagnósticos são
levantamentos das condições ambientais. Os procedimentos prognósticos são
o complemento dos procedimentos diagnósticos, de modo que, de posse do
material das análises, é possível incluir cenários aproximados do
comportamento real, na tentativa de entender as possíveis modificações dentro
destes cenários.
Os procedimentos metodológicos estão divididos em 6 etapas:
1. Identificar e consolidar as freqüências das DVH na cidade de
Salinas-MG entre 2005 e 2007
Para identificar e consolidar a incidência das DVH na área urbana da
cidade de Salinas foram coletadas, pela equipe dos setores municipais ligados
à saúde pública, durante o período de 2005 a 2007, as informações referentes
a freqüência de amebíase, giardíase, gastroenterite, esquistossomose (xistosa)
e ascaridíase. Estas informações constavam de dados secundários, e estavam
disponíveis em fichas de papel em pontos descentralizados da cidade. Parte
das fichas estavam arquivadas na secretaria municipal de saúde, enquanto
outra parte estava arquivada nas unidades de saúde (USF) dispostas pela
cidade. O recorte temporal, portanto foi o período compreendido entre os anos
2005 a 2007, por serem os anos mais recentes com dados disponíveis para
todas as doenças selecionados e demais variáveis utilizadas (desagregado no
nível municipal).
Para se estabelecer a situação de infra-estrutura dos domicílios
encontrados no levantamento da incidência das doenças acima foi adquirido
junto ao IBGE o banco de dados de infra-estrutura por domicílios. O recorte
espacial escolhido foi, portanto a malha urbana da cidade de Salinas,
compreendendo os 19 setores censitários.
28
Para a espacialização dos setores censitários da área urbana foi
adquirido o banco de dados do IBGE (Divisão Territorial de 2000).2
Algumas informações sobre a coleta e estudo dos bancos de dados são importantes, a saber:
Grupo 1 - Estes dados constam de resultados de exames laboratoriais e
informações sobre o tipo de parasitose encontrada, endereço domiciliar,
idade, sexo, dentre outros, num total de 8500 fichas coletadas. Este
grupo representa todo o universo municipal urbano, caracterizando a
freqüência de cada uma das doenças em estudo.
Grupo 2 – Estes dados são um cadastro de todos os domicílios da sede
de Salinas, coletados pelos agentes de saúde para os cruzamentos, e
que trouxe informações para a última etapa das análises, as dos pontos
com informações sobre os domicílios. Desta etapa o intuito é a
espacialização dos pontos e correção da base. Este banco de dados é
muito importante por será o elo entre a informação espacial e a
informação de doenças, considerando que os pontos estão
espacializados por coordenadas XY, e que a base que possui as
doenças não foi coletada em formato XY. A função no tratamento destes
dados foi usá-los como referência para o processo de geocodificação
dos endereços, que será mais bem descrito no próximo item.
Grupo 3 - É o banco de dados do IBGE (2000), por setores censitários e
foi trabalhado através da associação entre base cartográfica e dados
alfanuméricos, a partir do qual serão construídas análises temáticas
sobre renda, entre outras, para posterior cruzamento e a caracterização
da distribuição espacial dos recursos e condições de vida em Salinas.
Foi realizado um levantamento de informações das freqüências das
doenças junto à Secretaria Municipal de Saúde, Funasa (Fundação Nacional
de Saúde), registros do DATASUS e SINAN, e nas unidades de saúde da
família (USF) dispostos na zona urbana. Todas as informações encontram-se
na forma de registros (papel).
2 Base de dados adquirida através do site HTTP://www.lojavirtualdoibge.com.br confeccionada fornecida em CD intitulado Base de Dados IBGE – Divisão Territorial 2000.
29
Para se ter uma dimensão da representatividade dos números, faremos
o cálculo da morbidade de cada doença. Segundo Fernandez (2009),
em epidemiologia, morbidade ou morbilidade é a taxa de portadores de
determinada doença em relação à população total estudada, em determinado
local e em determinado momento.
Alunos do Curso Técnico em Agropecuária, Agroindústria e Informática
do Instituto Federal do Norte de Minas - Campus Salinas, foram envolvidos no
processo de migração destes registros para a forma de mídia eletrônica
(arquivos de computador).
As informações relacionadas a cada doença foram consolidadas,
utilizando o aplicativo MS-Excel para a confecção das planilhas. De posse da
relação das doenças, foi necessário uma mudança no formato de disposição
das informações, uma vez que o as mesmas se encontravam disponíveis por
ruas e bairros, não sendo compatível com os setores censitários.
Foram elaboradas 19 planilhas (para cada um dos anos estudados)
com os registros das doenças, separadas pelos setores censitários
correspondentes.
2. Georreferenciamento do mapa da malha urbana da cidade
A confecção da imagem (mapa) da malha urbana atualizada da cidade
de Salinas somente foi possível após o cruzamento de 3 outros mapas, o Plano
de Desenvolvimento Rural Sustentável (figura 8), Malha Urbana segundo Plano
Diretor (figura 9) e o mapa da rede coletora da Copasa (figura 10).
Os três mapas foram sobrepostos e ajustados com a utilização do
software CADian Ômega (versão trial), onde alguns bairros estavam com
nomes diferentes, por ainda não estarem devidamente registrados junto à
Prefeitura Municipal de Salinas.
A figura 8 apresenta o mapa da cidade sem o georreferenciamento
com os limites da zona urbana do município. Este mapa foi utilizado para a
delimitação de abrangência dos pontos de atendimento e a área de cobertura
dos serviços de saúde.
30
Figura 8: Mapa da malha urbana da cidade sem georreferenciamento PDRS. Fonte: Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável 2006. O mapa apresentado pela figura 9 apresenta os limites da cidade na
párea urbana sem georreferenciamento, apresentando as delimitações de cada
bairro.
Figura 9: Mapa da malha urbana da cidade sem georreferenciamento - PD. Fonte: Plano Diretor 2006.
31
A figura 10 apresenta um levantamento realizado pela companhia
responsável pelo de saneamento municipal com toda a porção urbana do
município. Este mapa foi utilizado para a composição do mapa
georreferenciado, pois é o único mapa a apresentar o arruamento (nomes das
ruas) do município.
Figura 10: Mapa da malha urbana da cidade sem georreferenciamento - COPASA. Fonte: COPASA 2008.
Feitos os devidos ajustes nos mapas, foi necessário o aplicativo
ArcMAP para efetuar o georreferenciamento do mapa como produto acabado.
Para o georreferenciamento do mapa optou-se pela utilização de imagens de
satélite do sensor remoto LANDSAT 7 (figura 11), as quais contemplam toda a
área do Município. Estas imagens possuem resolução de 20m compatível com
a escala de trabalho de 1:100.000.
32
Figura 11: Imagem de satélite do sensor Landsat 7 contemplando a área do município de Salinas-MG, com destaque para a área urbana em vermelho.
Para o georreferenciamento foram coletados 8 (oito) pontos nos rios
Salinas e Bananal dentro dos limites urbanos municipais, os quais foram
transferidos para a imagem de satélite utilizando as ferramentas ArcMap e
ArcCatalog do módulo ArcView.
O georreferenciamento seguiu como base o curso do Rio Salinas e do
Rio Bananal, possibilitando a intersecção com os pontos coletados em campo
em alguns locais dos rios citados, conforme ilustrado pelas figuras 12 e 13.
33
Figura 12: Imagem de satélite do sensor Landsat 7 com o curso dos rios Bananal e Salinas.
Figura 13: Imagem de satélite do sensor Landsat 7, com os pontos (vermelhos) utilizados para o georreferenciamento.
34
Vizualisa-se nas imagens de satélite utilizadas, além da malha
municipal, cursos d’água, como barragens e rios. Foram coletados a
localização geográfica através de GPS de 8 pontos nos rios Salinas e Bananal.
dentro dos limites urbanos municipais. Os mesmos foram transferidos para a
imagem de satélite utilizando o módulo ArcView, aplicando os recursos da
ferramenta “Add XY Data”.
3. Espacialização das DVH (Doenças de Veiculação Hídrica)
A espacialização das doenças veiculadas pela água foi realizada por
doença e separados por setor censitário. Os dados referentes aos domicílios
(nome do logradouro, número e bairro) foram georreferenciados no mapa da
cidade, através das coordenadas XY, seguindo a metodologia das áreas
censitárias.
Chamaremos de “manchas” a coloração (gradiente ou sólida) aplicada
aos polígonos gerados pelos setores censitários.
Como nenhum dos mapas tinha a informação completa (arruamento +
setores censitários), foi necessários a confecção de um mapa com todos os
setores, obedecendo os limites do arruamento estabelecidos pelo IBGE.
Para a confecção de um mapa com os setores censitários, bem como
para a confecção das “manchas” representando o avanço ou a incidência
(acumulada) de cada uma das doenças, foi utilizado o pacote ArcGIS, mais
especificamente os módulos do ArcView: ArcMAP, que trabalha com
informação geográfica através de mapas interativos, e ArcCatalog que permite
a gestão genérica de informação geográfica, ligação a base de dados externas
e produção/visualização de metadados.
As ferramentas “Editor” e “Drawing” foram utilizadas para o desenho
dos polígonos que formaram o mapa com os setores censitários. O mapa
exibido pela figura 14 foi utilizado para a criação das “manchas” que
representam a evolução e a incidência das doenças.
35
Figura 14: Tela do aplicativo ArcMap – ArcView, com destaque para as ferramentas “Editor” e “Drawing”.
Para melhor visualização dos mapas identificaremos a legenda em
cores, obedecendo à quantidade de casos das doenças, conforme esquema
abaixo:
4. Análise Estatística dos dados
Os dados obtidos neste estudo foram submetidos à análise
multivariada, utilizando os aplicativos Sisvar (5.3) e JMP from SAS (8.0.2)
(PILLAR 2000). Através deste aplicativo, fizeram-se análises de ordenação e
agrupamento.
Primeiramente os dados brutos foram organizados em tabelas, sendo
então consideradas matrizes. A análise de variância (ANOVA) é um teste
estatístico amplamente difundido entre os analistas, e visa fundamentalmente
verificar se existe uma diferença significativa entre as médias e se os fatores
36
exercem influência em alguma variável dependente. Os fatores propostos
podem ser de origem qualitativa ou quantitativa, mas a variável dependente
necessariamente deverá ser contínua.
Como forma de comparação dos resultados aferidos em cada doença
aplicou- se ANOVA, sendo feito em seguida o teste de Scott-Knot com
significância de p < 0,05.
O teste de Scott-Knott foi escolhido por ser o mais indicado quando o
estudo apresenta uma elevada quantidade de tratamentos, e quando há
interesse numa separação real de grupos de médias, sem a ambigüidade de
resultados (DIAS et al., 2005).
A fim de evitar disparidade entre os valores dos componentes das
matrizes e realizar operações para minimizar erros de interpretação do
software, os dados de gastroenterite e esquistossomose sofreram uma
transformação utilizando a equação: (X+1)^0,5.
A análise de agrupamento das unidades amostrais obtida a partir da
matriz de semelhança foi utilizada para detectar padrões de distribuição, por
produzir o melhor resultado. Os resultados foram apresentados através da
elaboração de tabelas e dendogramas (análise de agrupamento).
5. Estabelecer a classificação dos Setores Censitários através do
Índice de Condições Materiais de Vida (PEITER e TOBAR, 1998);
O índice de Condições Materiais de Vida foi elaborado pelo IBGE em
1998, sendo composto por 15 variáveis correspondentes a aspectos sociais e
de saneamento.
Peiter e Tobar (1998) utilizaram o índice para classificar os setores da
cidade de Volta Redonda, relacionando as áreas da cidade com maiores
índices de poluição, tendo como fonte geradora a Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN).
Em 2001 o IBGE consolidou este índice para a realização de estudos
de cunhos ambiental e social e pesquisas realizadas pelo próprio instituto. Este
novo índice consolidado é composto por cinco variáveis mencionadas abaixo,
as mesmas utilizadas pelo trabalho Peiter e Tobar (1998).
O índice classifica os setores censitários de acordo com as variáveis,
compreendendo aspectos de saneamento e aspectos sociais, como segue:
37
1. Domicílios não ligados à rede geral de água;
2. Domicílios não ligados à rede geral de esgoto;
3. Domicílios sem coleta direta e regular de lixo;
4. Chefes de domicílio permanentes com instrução até o ensino
fundamental completo;
5. Chefes de domicílio permanente que recebem até dois salários
mínimos.
O índice classifica os setores censitários de acordo com as variáveis
compreendendo aspectos de saneamento e aspectos sociais, e compreende 4
classes: muito favorável, favorável, desfavorável e muito desfavorável
conforme a relação abaixo:
Faixa de Valor Classificação
0-79 Muito Favorável
80 – 159 Favorável
160 – 249 Desfavorável
Acima de 249 Muito Desfavorável
A classificação de cada um dos setores deu-se com base em duas
planilhas censitárias, sendo uma com dados de domicílios e outra com dados
mais específicos sobre chefes de família, com as devidas variáveis.
Cada variável envolvida no índice teve o seu percentual calculado junto
ao valor total de domicílios, no caso das variáveis de saneamento, e junto ao
valor total de habitantes (chefes de família) quando relacionado às variáveis
sociais. Ao final dos cálculos, foi realizado um somatório de todas as variáveis
envolvidas, encontrando-se o total geral do índice de Condições Materiais de
Vida do referido setor.
Os dados utilizados para a elaboração do índice de condições
materiais de vida foram obtidos na base de dados de setores censitários que
consta do CD intitulado “Base de informações por setor censitário da área
urbana dos distrito-sede – Coleta Demográfica 2000-2005 - DVD Região
Sudeste - MG e ES”. São 520 variáveis selecionadas de pesquisas como a
PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) e a PNSB (Pesquisa
Nacional de Saneamento Básico), classificadas no grande tema População e
38
Condições de vida. Entre outras variáveis estão população por sexo e faixa
etária, nível de escolaridade e características do domicílio como abastecimento
de água ou esgotamento sanitário.
6. Verificar correspondência entre as variáveis do índice de
condições matérias de vida e os índices de doenças
Para verificarmos a correspondência entre os índices utilizou-se a
premissa de que os dados relacionados às variáveis compreendidas no índice
de Condição Material de Vida, disponibilizados pelo IBGE em 2005 serão
tratados como valores de referência para a simulação de cenários e
comportamentos.
Realizou-se o cruzamento das informações dos valores obtidos do
índice de condições materiais de vida e nos índices de doenças para
verificarmos se existe a correspondência entre as unidades, sem afirmativas
com relação causa-efeito.
O ranking de condição material de vida será criado na ordem crescente
partindo da melhor para a pior situação. A mesma situação se aplica à criação
do ranking de índice de doenças, onde o 1º lugar do ranking apresenta uma
melhor situação correspondendo a uma menor quantidade de casos.
O intuito dessa avaliação foi verificar se os valores das condições
materiais de vida dos setores censitários apresentam alguma correspondência
com os índices das doenças estudadas e, verificar ainda se os valores obtidos
no ranking de condições materiais de vida permaneceriam os mesmos, caso o
índice levasse em conta variáveis relacionadas à saúde pública.
39
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO � Identificação e Consolidação das DVH na cidade de Salinas no período
de estudo;
A figura 15 representa uma situação em que os casos das doenças
foram agrupados por setor, oferecendo um panorama de distribuição de casos
de DVH.
Figura 15: Número de casos de doenças de veiculação hídrica por setor censitário na área urbana da cidade de Salinas-MG, entre 2005 e 2007.
A consolidação das doenças se mostra presente em estudos de
Fonseca (2007), onde o autor corrobora a afirmação de Oliveira (2006) e diz
que a consolidação ou agrupamento das doenças é o primeiro passo para um
diagnóstico eficiente de um quadro de epidemia ou pandemia, quando se trata
de doenças em uma mesma classificação. Segundo os autores, a consolidação
de doenças fornece ao pesquisador uma amostra do quadro preliminar da real
situação de saúde de determinada comunidade.
40
Os casos de amebíase podem ser facilmente identificados como a
doença de veiculação hídrica, dentre as estudadas, que mais acomete a
população salinense. Em todos os setores, o número de casos de amebíase
supera todas as outras DVH, refletindo a fragilidade, ineficiência dos setores da
administração pública relacionados à infra-estrutura de saneamento, ou até
mesmo o desconhecimento de hábitos saudáveis de higiene.
As ações preventivas deveriam ser mais eficazes, uma vez que os
gastos para o tratamento são muitas vezes recorrentes, não tratando a causa
do problema.
Linhares (2000) afirma que as ações que previnam os problemas
relacionados à saúde pública são mais eficazes e mais efetivas do que as
ações realizadas para o contorno da situação. Os impactos sociais causados
pelo acometimento das DVH compreendem desde um simples mal-estar até o
aparecimento de algum sintoma mais agudo que impossibilite um chefe de
família desempenhar seu trabalho comprometendo assim a renda familiar.
Para estabelecermos as melhores e as piores situações com relação aos
anos de estudo, podemos nos apoiar nos dados da tabelas 5, 6, 7 e 8. Os
dados destas tabelas retratam a realidade das doenças em cada um dos anos
estudados, não apresentando alterações significativas com relação ao número
de casos das doenças no período. Isso nos permite identificar que os casos de
esquistossomose tiveram a menor representatividade em todos os setores e
em todos os anos.
Tabela 5: Número de casos de DVH no município de Salinas-MG, 2005 a 2007
Segundo os dados apresentados pelas tabelas 6, 7, e 8 o setor 3
apresentou a menor freqüência de casos de DVH seguido pelos setores 1, 4, 2,
9 e 5. Estes últimos foram os setores que tiveram índice abaixo de 700 casos.
41
Alguns destes índices são justificados pelo fato dos setores situarem-se
no centro comercial da cidade, os quais recebem maior prioridade nos serviços
de saneamento oferecidos pela gestão municipal.
Tabela 6: Freqüência das DVH separadas por setor, Salinas-MG, 2005
Tabela 7:Freqüência das DVH separadas por setor, Salinas-MG, 2006
43
� Espacialização das doenças através dos setores censitários
durante os anos de 2005 a 2007
A figura 16 mostra graficamente a distribuição dos casos de amebíase
na área urbana do município de Salinas-MG, no período estudado.
Após a espacialização das DVH, podemos observar na figura 16 uma
situação preocupante, quando 13 dos 19 setores (68,4 %) apresentam
densidades entre média e muito alta, possuindo número de casos superior a
500. Quando analisamos as situações mais críticas, podemos identificar 03
setores (17,79 %) com uma situação de densidade alta (entre 750 e 999 casos)
e 06 setores (31,58%) com perfil de densidade muito alta (acima de 999
casos).
Figura 16: Mapa de densidade de casos de amebíase na cidade de Salinas-MG entre 2005 e 2007.
Os resultados mostrados pela figura 16 podem ser atribuídos às más
condições de infra-estrutura de saneamento, bem como das condições de vida
dos moradores destes setores, levando-se em conta que os locais com maiores
44
densidades estão nas áreas de borda da cidade, ou seja, nas áreas mais
periféricas.
A figura 17 apresenta os índices de giardíase na área urbana do
município, ilustrando a situação de cada um dos setores censitários.
Figura 17: Mapa de densidade de casos de giardíase na cidade de Salinas-MG, entre 2005 e 2007.
Quando analisamos os casos de giardíase exibidos pela figura 17 a
situação ainda é preocupante, pois 7 setores (36,84 %) apresentam densidade
entre alta e muito alta. Assim como nos casos de amebíase, a grande maioria
dos infectados pelo parasitas Giardia lamblia ou Giardia intestinalis tem seus
domicílios situados nas áreas mais distantes do centro da cidade, carentes de
serviços de saneamento.
45
A figura 18 apresenta a distribuição dos casos de ascaridíase nos
setores censitários da área urbana do município de Salinas-MG.
Figura 18: Mapa de densidade de casos de ascaridíase na cidade de Salinas-MG entre 2005 e 2007.
Embora a figura 18 mostre uma situação ainda desconfortável, em que
05 setores (26,32 %) apresentam densidade alta e 02 setores encontram-se
em uma situação de densidade muito alta, o quadro é mais favorável do que os
índices de amebíase e giardíase mostrados pelas figuras 16 e 17.
As figuras 19 e 20 refletem a distribuição dos casos de gastroenterite e
esquistossomose respectivamente, e apresentam mapas iguais. Os índices de
acometimento apresentados para gastroenterite e esquistossomose foram
semelhantes e ambos possuem situações que se enquadraram em uma
densidade muito baixa, não ultrapassando 249 casos durante os 3 anos de
estudo.
46
Figura 19: Mapa de densidade de casos de gastroenterite na cidade de Salinas-MG entre 2005 e 2007.
Figura 20: Mapa de densidade de casos de esquistossomose na cidade de Salinas-MG, entre2005 e 2007.
47
As três ultimas doenças relacionadas (ascaridíase, gastroenterite e
esquistossomose) possuem o mecanismo de transmissão de seus vetores mais
voltados às condições de moradia, e principalmente aos hábitos de higiene e a
manipulação dos objetos domésticos. O fator saneamento básico continua com
forte influência no processo de transmissão, mas assume papel coadjuvante.
Se analisarmos as figuras do intervalo entre a figura 16 e a figura 20,
podemos claramente definir áreas de risco para a população, quando do
estudo de índices de infecção.
O acometimento deste grupo de verminoses à população se revela
preocupante quando números como os exibidos pela tabela 9 se evidenciam
em um universo comparando a população vigente e a população acometida por
alguma DVH.
Tabela 9: Freqüências acumuladas e taxa de morbidade das doenças estudadas na cidade de Salinas-MG entre 2005 e 2007.
O estudo também permitiu a visualização de poliparasitismo em vários
setores, também conseqüência das deficiências encontradas na região em
relação a condições sanitárias precárias, falta de saneamento básico e de
educação sanitária e água inadequada para o consumo corroborando com o
estudo realizado por GONÇALVES (1997).
Estudos realizados em regiões diferentes, mas com populações que
enfrentam a mesma problemática com relação às condições de vida, mostram
resultados semelhantes quanto ao parasitismo intestinal (SILVA e SANTOS,
2001).
Geralmente as doenças veiculadas pela água apresentam ampla
distribuição geográfica, sendo a maioria dos casos concentrados na América
do Norte (México), Central e do Sul, África, Índia, Iran e Vietnam. Contudo, em
países de clima temperado, com baixas condições de higiene, a prevalência
também é alta (DOURADO et al., 2006).
48
Segundo DOURADO et al.(2006), nas regiões Sul e Sudeste, a taxa de
morbidade de amebíase varia de 2,5 a 14%, na Região Amazônica atinge 19%
e nas demais regiões cerca de 10%. Os índices de amebíase apresentados
pela tabela 9 estão abaixo dos valores máximos obtidos por Dourado et al.,
pois apresentam valores de 13,47% no ano de 2005, 13,55% no ano de 2006 e
12,64 no ano de 2007.
Conforme estudos realizados por Souza (1994), as taxas de morbidade
para giardíase e ascaridíase são 13 % e 11% respectivamente. Os valores
obtidos pela cidade de Salinas - MG estão abaixo dos índices calculados,
evidenciando valores entre 10,03% e 10,47% para giardíase e valores entre
8,28% e 9,14% para ascaridíase.
BALDISSERA e MENEGHEL (1986) revelam que os índices de
morbidade de gastroenterite alcançam em média 11 % da população nas
regiões sudeste e centro-oeste e alarmantes 35 % na região nordeste. Os
estudos realizados em Salinas - MG revelaram que os índices de gastroenterite
considerados baixos, apresentando valores entre 0,15 % e 0,27 %.
Segundo a Superintendência de Epidemiologia e Saúde (SES-MG,
2006) as taxas de morbidade de esquistossomose são classificadas de acordo
com os seguintes valores: morbidade baixa: < 5%; média: ≥ 5% a ≤ 15%; alta:
> 15%. Os índices apresentados pela tabela 9 mostram valores que se
encaixam em uma situação de baixa morbidade. Os valores referentes à
esquistossomose variaram entre 0,02 % e 0,11 %.
� Análise Estatística
Amebíase
Os dados evidenciados pelas tabelas 10 mostram que não houve
diferenças significativas entre os anos, considerando o coeficiente de variação
de 0,05.
A tabela 11 apresenta os dados com as médias de casos de amebíase
nos 3 anos, com os agrupamentos separados em 6 grupos. A figura 21
apresenta um dendograma que relaciona os grupos, por proximidade de
49
resultados. Podemos identificar as proximidades entre os setores 1 e 3, entre
os setores 6 e 7 e entre os setores 12 e 16. As ramificações vão se formando a
partir destas junções.
Tabela 10: Resultados ANOVA – Amebíase/Anos
Tabela 11: Resultados ANOVA – Amebíase/Setores
50
Figura 21: Dendograma da Análise de Agrupamento - Amebíase.
Giardíase
Os dados evidenciados pelas tabelas 12 mostram que não houve
diferenças significativas entre os anos, considerando o coeficiente de variação
de 0,05.
A tabela 13 apresenta os dados com as médias de casos de giardíase
nos 3 anos, com os agrupamentos separados em 3 grandes grupos e dois
grupos menores. A figura 22 apresenta um dendograma que relaciona os
grupos, por proximidade de resultados. Podemos identificar as proximidades
entre os setores 2 e 4, setores 9 e 1, setores 6 e 7, setores 11 e 12 e os
setores 13 e 18. Os demais setores apresentam proximidades com uma
distância maior.
Tabela 12: Resultados ANOVA – Giardíase/Anos
51
Tabela 13: Resultados ANOVA – Giardíase/Setores
Figura 22: Dendograma da Análise de Agrupamento - Giardíase.
52
Ascaridíase
Os dados evidenciados pelas tabelas 14 mostram que não houve
diferenças significativas entre os anos, considerando o coeficiente de variação
de 0,05.
A tabela 15 apresenta os dados com as médias de casos de giardíase
nos 3 anos, com os agrupamentos separados em 4 grupos bem distribuídos. A
figura 23 apresenta um dendograma que relaciona os grupos, por proximidade
de resultados. Podemos identificar as proximidades entre os setores 4, 9 e 5,
setores 11 e 16, e os setores 12 e 10. Os demais setores apresentam um
agrupamento consistente, porém, mantém uma distância considerável entre os
grupos.
Tabela 14: Resultados ANOVA – Ascaridíase/Anos
Tabela 15: Resultados ANOVA – Ascaridíase /Setores
53
Figura 23: Dendograma da Análise de Agrupamento - Ascaridíase.
Gastroenterite
Antes da análise dos dados das tabelas de gastroenterite, é oportuno
informar que os dados sofreram uma transformação segundo a equação
mostrada na tabela 17. Esta transformação foi necessária, porque muitos dos
índices de gastroenterite foram iguais a 0 (zero), o que causaria ambigüidade
nos resultados dos cálculos realizados pelos aplicativos utilizados.
Os dados apresentados pela tabela 16 mostram que a proximidade dos
valores obtidos por gastroenterite no período de estudo não apresenta
distancias significativas.
O dendograma apresentado pela figura 24 mostra 3 grupos, sendo que o
grupo representado pelo agrupamento a1 (ver tabela 17) possui todos os
setores que tem valor igual a 1, ou seja, possuem o mesmo índice. O
agrupamento a1 ainda inclui os setores 19,2 e 14, que embora estejam dentro
do mesmo grupo, apresentam distancias consideráveis nas ramificações do
dendograma. O mesmo acontece com os setores 8 e 15, quem estão
agrupados mas estão em ramificações distantes. O setor 4 ficou isolado no
54
agrupamento a3 por apresentar uma distância superior ao coeficiente de
variação.
Tabela 16: Resultados ANOVA – Gastroenterite/Anos
Tabela 17: Resultados ANOVA – Gastroenterite/Setores
55
Figura 24: Dendograma da Análise de Agrupamento - Gastroenterite.
Esquistossomose
Assim como nos casos de gastroenterite, os índices de esquistossomose
sofreram modificações segundo a equação mostrada pela tabela 19. Os dados
das médias obtidas em cada ano são apresentados na tabela 18, divididos em
2 grupos, caracterizando assim distâncias maiores do que a variação proposta.
A tabela 19 mostra os agrupamentos definidos mais pela transformação
dos dados do que pela significância. Ao analisarmos o dendograma mostrado
na figura 25, podemos destacar o enlace entre os setores que possuem
significância, representados pelos setores 15 e 19 e o enlace com os valores
mais significativos representados pelos setores 14, 18 e os setores 2 e 13.
56
Tabela 18: Resultados ANOVA – Esquistossomose/Anos
Tabela 19: Resultados ANOVA – Esquistossomose/Setores
58
� Estabelecer as condições materiais de vida dos setores censitários da
zona urbana de Salinas-MG, classificando-os de acordo com as
variáveis que compõem o índice;
A tabela 20 apresenta a classificação de cada um dos setores, ordenada
pelo código dos mesmos, mostrando a soma dos valores adquiridos nas
tabelas com as variáveis que compõem o índice.
Tabela 20: Classificação dos setores censitários
O setor 05 (zona central) apresentou o melhor resultado, obtendo a
classificação muito favorável, enquanto o setor 19 (zona de borda) está em
situação contrária à do setor 05, obtendo a classificação muito desfavorável. A
classificação obtida pelos setores e o seu posicionamento no ranking refletem a
desigualdade da oferta de serviços básicos, bem como o direcionamento de
políticas públicas.
59
A figura 26 representa a classificação dos setores, espacializados no
mapa georreferenciado da malha urbana do município de Salinas, em
conformidade com as divisões territoriais estabelecidas pelo IBGE em 2000.
Figura 26: Mapa de classificação dos setores censitários com relação ao índice de Condições Materiais de Vida.
Quando se tem uma população que apresenta setores com um
percentual de até 93,10% dos domicílios com chefes de família que recebem
até 2 salários mínimos, espera-se que o índice de contaminação e proliferação
das DVH seja alto. O setor 10 (citado nos dados acima) possui uma infra-
estrutura de saneamento muito precária, refletindo diretamente na qualidade de
vida dos seus moradores.
Neste mesmo sentido, podemos citar exemplos como o setor 4 que é
classificado como “Favorável” segundo o índice de condições materiais de vida,
mas apresenta um índice em que 69,15% dos chefes de família deste setor
(correspondente a 130 dos 188 chefes de família) tendo como grau de
instrução mais elevado o antigo primário (antigo 1ª a 4ª série).
60
O modelo de desenvolvimento adotado no Brasil vem favorecendo a
concentração de renda e a exclusão de grande parte da população brasileira
do acesso aos bens de consumo coletivo, sendo responsável pelo
aprofundamento das desigualdades sócio-econômicas verificadas tanto entre
grupos populacionais, como entre regiões (CNRS, 1988).
Este modelo econômico agrava o desordenado processo de
urbanização, cada vez mais em precárias condições de habitação, atendidas
com sistemas de tratamento de água e esgoto ineficientes, fazendo com que a
qualidade de vida na periferia dos centros urbanos não difira da rural, quando
não é pior (CNRS, 1988).
A figura 26 mostra que a cidade possui 10 dos 19 setores
(correspondente a 52,63%) em condições de vida classificados como
desfavoráveis, não ofertando qualidade de vida, higiene e instrução capazes de
modificar um quadro que cada vez mais se mostra presente nas cidades do
interior, que é a criação de “sub-bairros”, ou zona periférica dos bairros
principais.
Este cenário se mostra presente nos estudos realizados por Fonseca
(2008), em que o autor evidencia os problemas enfrentados pela população,
formando assim aglomerados nas zonas mais afastadas dos centros
comerciais, sujeitando-se a viver em precárias condições de vida. As áreas
centrais das cidades são os pontos mais procurados para a construção de
empreendimentos comerciais. O grande problema é que muitas das políticas
públicas condicionam a oferta de serviços básicos à renda per capita de cada
setor, prejudicando assim as áreas mais carentes da cidade.
61
� Verificar correspondência entre as variáveis do índice de condições
matérias de vida e os índices de doenças
Os dados apresentados nas tabelas 21 e 22 expressam a ordenação do
ranking obtido pelos setores através do cálculo do índice de condição material
de vida e o ranking obtido pela quantidade de doenças.
Tabela 21: Classificação dos setores no índice de condição material de vida. Ranking Setores Índice Classificação
1º Setor 5 67,79 Muito Favorável 2º Setor 1 85,00 Favorável 3º Setor 9 93,76 Favorável 4º Setor 2 120,99 Favorável 5º Setor 7 121,97 Favorável 6º Setor 4 128,09 Favorável 7º Setor 18 139,62 Favorável 8º Setor 3 145,81 Favorável 9º Setor 8 159,30 Desfavorável 10º Setor 10 160,35 Desfavorável 11º Setor 6 163,43 Desfavorável 12º Setor 16 170,50 Desfavorável 13º Setor 17 180,64 Desfavorável 14º Setor 12 181,21 Desfavorável 15º Setor 14 186,18 Desfavorável 16º Setor 15 208,99 Desfavorável 17º Setor 11 232,36 Desfavorável 18º Setor 13 239,18 Desfavorável 19º Setor 19 262,94 Muito Desfavorável
Todos os setores devem ser analisados de forma individualizada, para a
elaboração de um cronograma de ações de revitalização, conscientização e
recuperação da qualidade de vida dos moradores.
Como a tabela de classificação dos setores está dividida por variáveis
sociais e variáveis relacionadas a saneamento, as ações que devem ser
implementadas para cada um dos setores fica evidenciada, uma vez que a
condição dos mesmos está explícita no ranking gerado pelo índice.
62
Tabela 22: Classificação dos setores censitários da cidade de Salinas-MG, de acordo com o índice de doenças.
Incidências nos 3 anos
Ranking Setores Total de Casos
1º Setor 3 392 2º Setor 1 455 3º Setor 4 554 4º Setor 2 565 5º Setor 9 574 6º Setor 5 669 7º Setor 8 1202 8º Setor 6 1349 9º Setor 7 1491 10º Setor 14 2127 11º Setor 16 2364 12º Setor 12 2448 13º Setor 11 2521 14º Setor 17 2556 15º Setor 10 2856 16º Setor 18 3232 17º Setor 15 3650 18º Setor 13 3874 19º Setor 19 3978
A tabela 22 evidencia os índices obtidos pelos setores e as colocações
obtidas nos respectivos rankings.
Tabela 23: Correspondência entre as variáveis das tabelas 21 e 22.
Ranking Índice de condição material de vida
Freqüência de doenças
1º Setor 5 Setor 3 2º Setor 1 Setor 1 3º Setor 9 Setor 4 4º Setor 2 Setor 2 5º Setor 7 Setor 9 6º Setor 4 Setor 5 7º Setor 18 Setor 8 8º Setor 3 Setor 6 9º Setor 8 Setor 7 10º Setor 10 Setor 14 11º Setor 6 Setor 16 12º Setor 16 Setor 12 13º Setor 17 Setor 11 14º Setor 12 Setor 17 15º Setor 14 Setor 10 16º Setor 15 Setor 18 17º Setor 11 Setor 15 18º Setor 13 Setor 13 19º Setor 19 Setor 19
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Após o cruzamento das informações da tabela de correspondência,
identificamos a real semelhança entre alguns setores, considerando os valores
obtidos.
Os setores 1 e 2 oferecem boas condições, estão respectivamente
correspondentes com os apontamentos indicados pela quantidade de casos
das doenças estudadas. Os setores 13 e 19 apresentam condições bastante
ruins com relação às condições de vida, refletindo exatamente os elevados
índices de acometimentos de doenças.
Num quadro geral, encontramos poucos setores que se mantiveram nas
mesmas posições dentro dos rankings. Podemos observar que os setores
apresentaram mudanças em suas posições, quando comparados os índices,
como é o caso dos setores 16 e 17 que subiram ou desceram uma posição nos
rankings.
A tabela 23 ilustra a ocorrência de mudanças de posições dentro de um
terceiro ranking, que reflete a necessidade de considerarmos variáveis
relacionadas à saúde pública para índices que visem classificar um espaço
conforme as condições de vida do mesmo.
A metodologia que utiliza setores censitários é bastante utilizada pelas
entidades que realizam pesquisas, mas apresentam informações conflitantes
quando aplicadas a cidades de menor porte. É comum encontrarmos em
cidades como Salinas-MG, bairros que não são devidamente registrados junto
aos órgãos municipais, podendo apresentar ambigüidades no cruzamento de
dados.
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CONCLUSÃO
De acordo com dados obtidos no estudo, fatores diversos como nível de
escolaridade, poder aquisitivo, qualidade das moradias, disponibilidade de
serviços de saúde e saneamento básico, contribuem para o processo de
aparecimento de endoparasitoses entre a população, principalmente, aquela
com menor poder aquisitivo e nível de escolaridade baixo.
Todos os objetivos do presente estudo foram alcançados com êxito. A
criação de um banco de dados georreferenciado sobre a distribuição das DVH
na área urbana do município de Salinas apresenta-se como uma ferramenta de
grande poder para a elaboração de políticas públicas que atendam às
necessidades da população, bem como para a elaboração de estudos futuros.
A utilização do índice de condições materiais de vida foi bastante
importante para a criação do ranking dos piores e dos melhores setores, com
relação às variáveis envolvidas.
O cruzamento das informações de distribuição das doenças com as
informações de classificação dos setores mostrou-se ferramenta essencial para
as conclusões deste estudo.
Em resumo, a cidade carece de infra-estrutura de saneamento,
sobretudo com relação aos bairros mais afastados do centro da cidade. A
companhia de saneamento responsável pela oferta dos serviços está entre as
melhores do país, mas ainda deixa a desejar em alguns aspectos. A cidade
possui 62% da área urbana do município atendida pela rede geral de esgoto e
89,8% dos domicílios ligados à rede geral de água. Medidas como a
construção de uma Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) e a ampliação da
rede de água estão sendo tomadas para minimizar o acometimento de
doenças.
Algumas medidas que visam diminuir consideravelmente a prevalência
deste grupo de doenças são: educação sanitária, melhoria nas condições
socioeconômicas, ampliação da rede de água tratada e do esgoto, coleta de
lixo, combate aos insetos, tratamento adequado e contínuo dos doentes, mas
infelizmente ações como essas esbarram na burocracia do poder público.
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Com todas as informações disponibilizadas, este estudo dá margem
para intervenções do gestor municipal passando a servir de ponto de partida
para políticas mais próximas da causa, atuando de forma proativa.
Como desdobramento deste estudo, recomendamos trabalhos que
visem relacionar algum aspecto de saúde pública com o IDH, ou até mesmo o
mapeamento dos setores censitários, tendo o IDH médio de cada setor como
fator de análise.
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Quadro 1: Infra-estrutura de atenção à saúde ofertada pelos 15 municípios polarizados pelas cidades de Salinas e Taiobeiras.
Infra-estrutura de atendimento à Saúde
Municípios Leitos para Internação
Aparelhos de Raio-X
Aparelhos de Ultrassonografia
Eletro-cardiograma e Eletro-encefalograma
Estabelecimentos de Internação Públicos e Privados
Berizal
Curral de Dentro
Fruta de Leite
Indaiabira
Montezuma X
Ninheira X
Novorizonte
Padre Carvalho
Rio Pardo de Minas 42 X X
Rubelita
Salinas 81 X X X X
Santa Cruz de Salinas
São João do Paraíso 58 X X X
Taiobeiras 82 X X X Vargem Grande do
Rio Pardo X
Fonte: IBGE (2006), Prefeitura Municipal de Salinas (2005).