Post on 06-Dec-2014
UNIP – Universidade Paulista
Polo Guarapari
Curso: Letras
A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO
Fernando Cesar da Silva Pereira – RA 0804705
Guarapari-ES
2010
FERNANDO CESAR DA SILVA PEREIRA
A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO
Trabalho de conclusão de curso para
obtenção do título de graduação em
Letras Português e Inglês apresentado
à Universidade Paulista – UNIP.
Orientador: Professora Deborah Paula.
FERNANDO CESAR DA SILVA PEREIRA
A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO
Trabalho de conclusão de curso para
obtenção do título de graduação em
Letras Português e Inglês apresentado
à Universidade Paulista – UNIP.
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho à minha esposa MARIA DE FÁTIMA ALEIXO MARIGO
PEREIRA, pelas horas de lazer renunciadas em prol do meu êxito nesta pesquisa.
EPÍGRAFE
“O livro é chuva que fertiliza lavouras imensas, alcançando milhões de almas”.
(Emmanuel)
SUMÁRIO
Resumo........................................................................................................................... 7
Abstract............................................................................................................................ 8
Introdução........................................................................................................................ 9
Capítulo I: A Importância da Leitura na Formação do Indivíduo................................... 12
1.1 A leitura nas séries iniciais...................................................................................... 12
1.2 A escola na formação do leitor................................................................................ 14
1.3 A importância da leitura e literatura infantil na formação de jovens e adultos......... 17
1.4 A produção da leitura na escola.............................................................................. 19
1.5 Ler e escrever na escola: o real o possível e o necessário..................................... 21
Capítulo II: Desenvolvendo a Capacidade Leitora........................................................ 24
2.1 O texto na sala de aula............................................................................................ 24
2.2 Olhares e perguntas sobre ler e escrever: as histórias em quadrinhos na formação
de leitores competentes................................................................................................. 26
2.3 A importância da leitura na escola de ensino médio no mundo globalizado........... 30
2.4 A leitura na formação de alunos críticos.................................................................. 34
Capítulo III: A Construção do Letramento..................................................................... 37
3.1 A importância do ato de ler...................................................................................... 37
3.2 Leitura e interpretação............................................................................................. 41
3.3 Letramentos múltiplos.............................................................................................. 42
3.4 Um olhar reflexivo sobre a importância da leitura do livro paradidático.................. 44
Capítulo IV: Pesquisa de Campo................................................................................... 47
4.1 – Universo da pesquisa........................................................................................... 47
4.2 – Públicos alvo......................................................................................................... 47
4.3 – Procedimento e coleta de dados.......................................................................... 48
4.4 – Resultados............................................................................................................ 48
Considerações finais..................................................................................................... 50
Referências Bibliográficas............................................................................................. 52
Fontes Eletrônicas......................................................................................................... 53
Vi
RESUMO
Estudos apontam que a infância é o momento ideal para a criança iniciar sua
emancipação mediante a função liberatória da palavra. É entre os oito aos treze anos
de idade que as crianças revelam maior interesse pela leitura. O estudioso Richard
Bamberger reforça a idéia de que é importante habituar a criança às palavras.
Pesquisas desenvolvidas revelam aos pais e educadores a importância de se incluir o
livro no dia a dia da criança. Comparada aos veículos de comunicação, a leitura tem
vantagens únicas. O leitor não precisa se limitar a filmes ou programas impostos pelo
patrocinador, ele pode escolher entre os melhores escritos do presente e do passado.
Lê o que mais lhe convém, no ritmo que mais lhe agrada, podendo retardar ou apressar
essa leitura; reler, interrompê-Ia ou parar para refletir, a seu bel-prazer. O indivíduo
pode ler como, onde e o que bem entender. Essa flexibilidade afiança o interesse
sucessivo pela leitura, tanto em relação à educação quanto ao entretenimento. Para a
realização do presente trabalho, foram utilizadas as seguintes etapas metodológicas: a)
pesquisa a referências bibliográficas; b) consulta a websites; c) entrevistas; d)
questionários. O resultado da pesquisa está dividido em uma Introdução, quatro
capítulos assim descritos: Capítulo I – A Importância da Leitura na Formação do
Indivíduo. Capítulo II – Desenvolvendo a Capacidade Leitora. Capítulo III – A
Construção do Letramento. Capítulo IV – Pesquisa de Campo e Considerações Finais.
PALAVRAS-CHAVE: leitura, livro, educação, leitor.
ABSTRACT
Studies show that childhood is the ideal time to start your child's emancipation
through the discharge function of the word. It is between eight to thirteen years of age
that children have a greater interest in reading. The scholar Richard Bamberger
reinforces the idea that it is important to accustom the child to words. Studies conducted
show parents and educators the importance of including the book on the day of the
child. Compared to vehicles of communication, the reading has unique advantages. The
reader need not be limited to films or programs imposed by the sponsor, he can choose
among the best writings of past and present. Read what suits you, at the pace that suits
you, and can delay or hasten this reading, rereading, and can going to stop or pause to
reflect at their leisure. The individual can read how, where and what it wants. This
flexibility secures the successive interest in reading, both in relation to education and
entertainment. For the realization of this work, were used the following methodological
steps: a) search the bibliography b) refers to websites, c) interviews and d)
questionnaires. The search result is divided into an introduction, four chapters described
as follows: Chapter I - The Importance of Reading in the Formation of the Individual.
Chapter II - Developing Capacity Reader. Chapter III - The Development of Literacy.
Chapter IV – Field Research and Conclusion.
KEY WORDS: reading, books, education, reader.
1 INTRODUÇÃO
A presente pesquisa sobre A importância do Ato de Ler na Formação do
Indivíduo é tema de grande relevância não só nos meios escolares, mas também na
vida de todo cidadão que precisa descobrir o mundo ao seu redor. Esta pesquisa tem
por objetivo demonstrar a Importância da leitura como fonte de informação e
crescimento individual na formação de bons cidadãos e tem por finalidade atualizar o
assunto, uma vez que ele está em constante evolução, expor de que modo a leitura
pode formar bons cidadãos e divulgar os dados coletados entre alunos de 5ª e 6ª séries
do ensino fundamental. Para tanto, faz-se necessário que se desenvolva atividades
significativas ligadas ao contexto social. Dessa forma, cabe também à escola, na
qualidade de locus de ensino-aprendizagem da língua materna, permitir a seus
educandos o contato com os diversos gêneros. Antes de tudo, construir com eles a
competência comunicativa para que possam interagir nas esferas sociais e ter uma
postura crítico-reflexiva em relação aos discursos nelas produzidos.
(BAMBERGER, 1997, P.11), reforça a idéia de que é importante habituar a
criança às palavras: “Se conseguirmos fazer com que a criança tenha
sistematicamente uma experiência positiva com a linguagem, estaremos promovendo o
seu desenvolvimento como ser humano”. Algumas questões foram levantadas para a
realização deste trabalho no intuito de estimular a leitura tais como:
Como facilitar o acesso ao livro? É possível estimular a leitura no âmbito da
escola? Apesar de existirem diversas metodologias e atividades estratégicas, cabe ao
professor e a escola proporcionar este momento de formação do educando. Ensinar
leitura e escrita é desenvolver habilidades de ler, compreender, interpretar diferentes
tipos de textos e gêneros textuais. Com base numa sequência didática, o primeiro
momento é o momento do contato com o gênero. É importante que o professor leve
para a sala de aula não os recortes, mas os textos nos seus devidos suportes (jornais,
revistas, etc.). Assim, os alunos já tenham noção da esfera social a que pertencem os
textos que lerão, pois, “a identificação do gênero é um dado valioso para a
interpretação do texto” (BAKHTIN, 1953/1997) e permitem a construção do intertexto,
onde estão os conhecimentos prévios sobre o gênero.
É importante ler para criar significados de vida e entender as coisas do mundo.
Ler para ampliar os limites do próprio conhecimento, para obter informações simples e
complexas. Ler para buscar diversão que começa no lar e se estende na escola. Ler é
importante e necessário. Atualmente, com a vasta gama de informações e da mídia, a
leitura da linguagem verbal é altamente relevante à sobrevivência do cidadão. Estudar
não dispensa, pois, o ato de ler, a leitura deve ser antes de tudo prazerosa, despertar o
mundo mágico dentro de cada indivíduo a partir da infância. A leitura deve ser
significativa e contextualizada, deve-se tornar prazeroso o que seria obrigatório. Nesse
sentido o papel do professor se torna de alta relevância. É preciso fazer chegar às
salas de aula o que os teóricos e estudiosos nos oferecem. É preciso capacitar os
professores em todas as escolas, bem como mostrar aos pais e a sociedade a principal
função da escola atual: além de formar o cidadão, garantir o seu crescimento pessoal e
social, individual e coletivo. “Ler não significa ver apenas as letras do alfabeto e juntá-
las em palavras, mas também estudar a escrita, decifrar e interpretar o sentido,
reconhecer e perceber”. À medida que um bom leitor descobre o significado literal de
uma passagem, ele se envolve em grandes passos. Lendo o sujeito faz inferências,
julga a qualidade, eficiência ou adequação das ideias, compara os pontos de vista de
autores diferentes, aplica as ideias adquiridas às novas situações, solucionando-as e
as integra com o conhecimento prévio. Poderíamos resumir que ninguém ensina o
outro a ler. O aprendizado é um ato solitário, mas que se desenvolve na convivência
com os outros e com o mundo, naturalmente.
A leitura é importante em todos os níveis educacionais, portanto, ela deve se
desenvolver desde a alfabetização e perpassar por todos os níveis de ensino. Ela
constitui-se numa forma de interação das pessoas em qualquer área de conhecimento.
O aumento de leitores significa acesso às informações mais objetivas. Com isso
passarão a serem críticos da realidade, além de deduzir seus conceitos e suas ideias,
construídos durante a leitura. A falta de hábito da leitura muitas vezes se restringe pelo
falta de professores capacitados para orientar tal prática. Existe um grande número de
publicações, no entanto, muitos estão ultrapassados e não exprime a realidade,
deixando, deste modo, o aluno desmotivado. Ler é atribuir sentido ao texto,
relacionando-o com o contexto e ativando conhecimento prévio do leitor. Para
KLEIMAN (2002), a leitura é um processo que se evidencia pela interação entre os
diversos níveis de conhecimento do leitor: o conhecimento linguístico; o conhecimento
textual e o conhecimento de mundo. Sendo assim, o ato de ler caracteriza-se como um
processo interativo. A criança que faz parte do universo da leitura é ativa e está sempre
pronta para desenvolver novas habilidades. O ser humano, sem que se perceba está
envolto desde cedo com o mundo da leitura. A criança, desde cedo, faz a leitura do
mundo que a rodeia, sem ao menos conhecer palavras, frases ou expressões. É
próprio do ser humano o desejo de conhecer, decifrar a curiosidade, de modo a refletir
novos conhecimentos. Assim, o processo de leitura e escrita inicia-se antes da
escolarização. As crianças são inseridas no meio escolar sem ao menos saberem o
porquê de tal ato, para elas é uma relação obrigatória, a qual a escolha é feita pelos
adultos. Quando inicia a leitura, a criança recebe instruções ministradas pelo professor
e ao aluno cabe se adaptar aos trabalhos que lhe são impostos. Isso causa
desmotivação. A criança precisa de incentivo quando penetra no mundo da leitura para
que tal prática se concretize, pois é a partir de hábitos e expressões cotidianos (dos
que as rodeiam) que ela realiza o entendimento desse universo desconhecido.
Não basta ao indivíduo apenas juntar as letras do alfabeto, o sujeito alfabetizado
deve ser capaz de interpretar os textos lidos, inferir sobre os seus significados,
sintetizar, contextualizar. A presente pesquisa é justificada pela alta relevância que o
assunto remete. A Importância do ato de ler é o momento individual na vida de cada
cidadão. Lendo ele mergulha em diversos mundos e pode, dessa forma, deduzir suas
conclusões e emitir parecer sobre cada texto lido. Segundo índices do Instituto Paulo
Montenegro (INAF 2009), ainda temos no Brasil cerca de 7% de analfabetos,
aproximadamente 14 milhões de pessoas e 21% de alfabetismo rudimentar¹,
aproximadamente 42 milhões de pessoas. Pretende-se com esta pesquisa destacar a
relação que existe entre a escola, a leitura e o sujeito leitor, no sentido mais amplo da
leitura.
1 - Corresponde à capacidade de localizar uma informação explícita em textos curtos e familiares (como um anúncio ou pequena carta), ler e escrever números usuais e realizar operações simples.
Pesquisas mostram que “a leitura de mundo precede a leitura da palavra, daí
que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele”.
(FREIRE, 2006, p.11). Desse modo, o presente trabalho objetiva desenvolver estímulos
aos leitores para a busca de informações de diversos gêneros textuais tais como textos
jornalísticos, romances, artigos científicos, histórias em quadrinhos, imagens, etc. A
leitura ocupa espaço privilegiado no ensino da língua. (SILVA 2008, p. 16), preconiza
que a “escola é a principal instituição responsável pela preparação das pessoas no
mundo da escrita”. O leitor, nesse processo, não é passivo, mas agente que busca
significações. As metodologias utilizadas neste trabalho se apoiam sobre duas
vertentes: a pesquisa bibliográfica sob a luz de autores renomados como (FREIRE,
2006), (KLEIMAN, 2002), (SILVA, 2008), (ROJO, 2009) entre outros estudiosos, a
pesquisa digital em textos publicados em diversos websites, a pesquisa de campo com
entrevista e o questionário.
2 DESENVOLVIMENTO
Capítulo I: A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO
1.1 A importância da leitura nas séries iniciais
Segundo (DELORS, 2006), a maior relevância no ensino de língua está no texto.
Mas muitos leitores ainda não se dão conta dos estudos que têm sido feitos nas áreas
da linguística textual ou da psicolinguística ou reconhecem, no entanto não tem ainda
muito claro como praticá-los em sala de aula. Mediante a isso, o estudo do
embasamento, assuntos teóricos advindo de diversos estudos sobre leitura e escrita de
textos, bem como sobre outras questões relativas à textualidade, gêneros textuais,
motivação e letramento julga-se ser necessário para poder dar estabilidade a essa
argumentação pedagógica. Em meio a tantos problemas estruturais já tão apontados
pelas análises e estudos realizados, ressalta-se aqui a questão da formação do
professor como um dos principais obstáculos a um exercício educativo de qualidade,
notadamente no que se acena ao ensino da leitura. (DELORS, 2006, p. 162), aponta
que as carências de professores devidamente formados são tais que frequentemente
se recorre a pessoas não qualificadas, sobretudo no ensino fundamental, onde os
conhecimentos especializados são menos necessários [...]. Entende-se, ainda, que
todos os requisitos ideais necessários a uma prática de ensino da leitura fossem
desenvolvidos na escola. O que não se pode dispensar é a presença de docentes
leitores, que sentissem prazer pelo ato de ler, que fossem bem cientificados e
instrumentalizados para tal prática. O objetivo geral deste estudo consiste em formar o
leitor independente (educandos e educadores das séries iniciais), através do estímulo à
sensibilidade, capacidade criadora, senso critico e da formação do encanto pela leitura,
contribuindo para a construção de uma cidadania integral. A motivação da leitura nas
primeiras séries escolares deve-se pautar pela formação de leitores efetivamente
envolvidos com a prática de cunho social. Tais finalidades podem ser manifestadas nas
ações que vem sendo concretizadas paulatinamente. Notável, porém, é a utilização do
espaço da biblioteca, por intermédio do laboratório de leitura, literatura e educação,
como lugar onde a prática de leitura esteja voltada para o contentamento de
necessidades mais amplas do indivíduo (culturais, afetuosas, estéticas, etc.).
Alguns aspectos importantes da leitura: instigar o uso da literatura infantil como
elemento essencial para a formação do leitor nas séries iniciais; Incitar o trabalho com
a oralidade no texto literário, aproveitando o universo infantil para as várias
possibilidades de leitura. Formar o educador das séries iniciais como contador de
fábulas e criar metodologias conjuntas que adequem a formação do gosto pela leitura.
Observar e nortear o trabalho desenvolvido por professores em sala de aula. Difundir e
multiplicar as metodologias para formação do leitor. Habilitar o educando para consulta
em bibliotecas transmitindo noções de regras de funcionamento, a preocupação com o
acervo, procedimentos para inscrição [...]. O ato de ler é um processo abarcante e
complexo; é um processo de apreensão, de perceber o mundo a partir de uma
característica particular ao homem: sua capacidade de interagir com o outro através
dos vocábulos, que por sua vez estão sempre submetidos a um contexto. Na linha do
mesmo entendimento, (SOUZA, 1992, p.22) afirma que:
Leitura é, basicamente, o ato de perceber e atribuir significados através de uma conjunção de fatores pessoais com o momento e o lugar, com as circunstâncias. Ler é interpretar uma percepção sob as influências de um determinado contexto. Esse processo leva o indivíduo a uma compreensão particular da realidade.
Vislumbramos em Freire (2006, p. 11) este olhar sobre a leitura quando nos diz
que a “leitura do mundo” precede a leitura da palavra. Com a leitura crítica percebe-se
a relação entre o texto e o contexto. Desse modo, um leitor crítico não é apenas um
decifrador de sinais, mas sim aquele que trava um diálogo com o autor, tendo a
capacidade de construção do universo textual e produtivo na medida em que refaz o
percurso do autor, instituindo-se como sujeito do processo de ler. Neste entendimento
de leitura onde o leitor trava diálogo com o autor, o ato de ler torna-se uma atividade
social de alcance político. Ao consentir a influência mútua entre os indivíduos, a leitura
não pode ser compreendida apenas como a decodificação de sinais gráficos, mas sim
como a leitura do mundo, que deve ser instituída de sujeitos capazes de compreender
o mundo e nele atuar como cidadãos. (SILVA, 1985, p.77), aponta que:
[...] o leitor se institui no texto em duas instâncias: no nível pragmático, o texto enquanto objeto veiculador de uma mensagem está atento em relação ao seu destinatário, mobilizando estratégias que tornem possíveis e facilitem a comunicação. No nível linguístico-semântico, o texto é uma potencialidade significativa que se atualiza no ato da leitura, levado a efeito por um leitor instituído no próprio texto, capaz de reconstruir o universo representado a partir das indicações e pistas gramaticais, que lhe são fornecidas.
Esse é um aspecto que idealiza a leitura como um processo de abrangência
amplo, abarcando perspectivas emocionais, sensoriais, intelectuais, fisiológicas,
neurológicas, bem como culturais, econômicas e políticos. Segundo Martins (1989), o
ato de ler é considerado um processo de concepção de expressões formais e
peculiares, por intermédio de qualquer linguagem. A criança e o adolescente precisam
ser seduzidos para a leitura, desconsiderando neste processo qualquer artifício que
possa tornar o hábito da leitura uma obrigação. Martins (1989) adverte para o contato
sensorial com o trabalho, pois antes de ser um texto escrito, um trabalho é um objeto;
tem contorno, matiz, textura. No infante esta leitura através das percepções revela um
deleite singular; essas primeiras impressões propiciam à criança a descoberta dos
afazeres, motivam-na para a consolidação do ato de ler o texto escrito.
1.2 A escola na formação do leitor
A instituição de ensino torna-se fator preponderante na aquisição do exercício da
leitura e formação do leitor, pois mesmo com seus “entraves”, ela é o espaço destinado
ao aprendizado da leitura. Tradicionalmente, na escola, lê-se para aprender a ler,
enquanto que no habitual a leitura é conduzida por outros escopos, que aquiescem o
comportamento do leitor e seu comportamento frente ao texto. No seu cotidiano, uma
pessoa pode ler para atuar ou para sentir encanto. Ler um livreto ou um clássico ou
para manter-se informado ao ler uma notícia de jornal. Essas leituras, conduzidas por
objetivos diversos, produzem efeitos díspares, que transformam a ação do leitor diante
do texto. São esses métodos igualitários que precisam ser vividos em nossas salas de
aula. A literatura infantil manifesta-se como sentimentos e palavras que conduzem a
criança ao desenvolvimento do seu intelecto, dos traços típicos, satisfazendo seus
anseios e aumentando sua idoneidade crítica. Essa literatura, como já foi propagada,
tem o poder de estímulo, ou ainda suscitar o imaginário, de responder aos
questionamentos do indivíduo em relação a tantas indagações, de desvendar novas
ideias para solucionar questões e estimular a curiosidade do leitor. Nesse
procedimento, ouvir histórias tem uma relevância que vai além do prazer. É por
intermédio de uma narrativa e/ou de uma fábula, que a criança pode conhecer
horizontes até então não descortinados, para que efetivamente sejam principiados na
construção da oralidade, da linguagem, ideias, valores e sentimentos, os quais
auxiliarão na sua formação subjetiva. Pondera-se que o bel-prazer pela leitura se
constrói por meio de um longo procedimento e que é fundamental para o
desenvolvimento de potenciais, é necessário se propor atividades diversas e
diferenciadas para a formação do leitor crítico.
(ZILBERMAN, 2003, p.30) aponta [...] o uso do trabalho na escola nasce, pois,
de um lado, da relação que se estabelece com seu leitor, convertendo-o num ser crítico
perante sua circunstância [...]. Nessa situação, o educador deve adequar diversas
atividades inovadoras, buscando distinguir os gostos de seus educandos e a partir daí
optar por um trabalho ou uma narrativa que satisfaça as necessidades da criança,
moldando o seu vocabulário, deixando-o se proclamar. Espera-se assim que a
sugestão de atividades variadas é de grande importância para o procedimento de
construção da independência e desenvolvimento da criança em formação. Percebe-se
que a leitura é um dos caminhos de inclusão no mundo e da satisfação de imperativos
do ser humano. Entretanto, muitos educadores desconhecem a relevância da leitura e
da literatura mais nomeadamente por ignorar seu valor por desinformação. O exercício
educativo com a literatura nas primeiras séries do ensino fundamental quase sempre
se resume em textos recorrentes, seguidos por cópias e exercícios dirigidos e
mecânicos, onde o espaço para reflexão e apreensão sobre si e sobre o mundo raras
vezes encontra lugar. A leitura não é um ato reflexo, deve-se sempre buscar
significados. Dessa maneira, é necessário que dentro da atmosfera escolar o docente
faça a intercessão entre o trabalho e o aluno, para que assim sejam criadas
conjunturas onde o educando seja capaz de concretizar sua própria leitura,
aquiescendo ou divergindo e ainda realizando uma leitura crítica do que lhe foi exposto.
Tratando-se da leitura a ser feita fora da escola e fora da área específica de língua
portuguesa e literatura brasileira, é interessante partirmos de uma caracterização da
pedagogia clássica da leitura. Assegura-se que o ato de ler, no modelo tradicional de
escola, distingue-se, sobretudo, pelo seu caráter reprodutor. Supõe-se bom leitor
aquele aluno que consegue restituir ao professor a palavra do trabalho didático. O
julgamento da compreensão de leitura tem-se limitado à competência de apreender
informações explícitas na superfície do texto. Isso se deve, seguramente, às
concepções de língua, texto e leitura subjacentes ao exercício pedagógico. Igualmente,
idealiza-se a língua como um código transparente e exterior ao indivíduo, o texto como
uma simples soma de expressões e elocuções, e a leitura como a busca e/ou
ratificação de um sentido preestabelecido. Sobre o texto literário propriamente dito, seu
tratamento em nível de ensino fundamental se restringe a fragmentos de trabalhos,
com as dificuldades já assinaladas anteriormente, ou aos chamados paradidáticos, os
quais constituem hoje um pujante mercado. Editores e editoras deliberam muitos
modos de operar e avaliar a leitura na escola e fora dela. Scripts e fichas, expressados
em catálogos atraentes, ocultam as condições reais de trabalho e de leitura do
professor. Ao patamar de ensino médio, a literatura é trabalhada, centralmente, através
de biografias de autores, estudo das escolas literárias e memorização de listas de
obras. Não se cultiva a especificidade do texto literário, nem se lê a obra propriamente
dita. O corre-corre do mundo industrializado e massificado, a quase obrigação de se
passar no vestibular, o caráter indeterminado do ensino médio, enquanto modalidade
de ensino, tudo isso faz com que o aluno leia frações e resumos de trabalhos
desvalorizando a literatura e abandonando o trabalho (Lajolo, 1985). A leitura com
julgamento sempre leva à produção ou construção de outro texto: o texto do próprio
leitor. (PEREIRA, 2007), aponta que:
A leitura crítica sempre gera expressão: o desabrochar do SER leitor. Assim, este tipo de leitura é muito mais do que um simples processo de apropriação de significado; a leitura crítica deve ser caracterizada como um estudo, pois se concretiza numa proposta pensada pelo ser no mundo, dirigido ao outro. Na criança esta leitura através dos sentidos revela um prazer singular; esses primeiros contatos propiciam à criança a descoberta do trabalho, motivam-na para a
concretização do ato de ler o texto escrito. A escola torna-se fator fundamental na aquisição do hábito da leitura e formação do leitor, pois mesmo com suas limitações, ela é o espaço destinado ao aprendizado da leitura. Tradicionalmente, na instituição escolar, lê-se para aprender a ler, enquanto que no cotidiano a leitura é regida por outros objetivos, que conformam o comportamento do leitor e sua atitude frente ao texto. As leituras, guiadas por diferentes objetivos, produzem efeitos diferentes, modificam a ação do leitor diante do texto. Nesse processo, ouvir histórias tem uma importância que vai além do prazer. O uso do trabalho na escola nasce, pois, de um lado, da relação que se estabelece com seu leitor, convertendo-o num ser crítico perante sua circunstância [...].
Pesquisas e estudos têm evidenciado a importância das atividades literárias
diferenciadas no contexto educacional para o bom desempenho da criança. O emprego
da literatura como recurso pedagógico pode ser enriquecido e potencializado pela
qualidade das intervenções do educador.
1.3 A Importância da leitura e literatura infantil na formação das crianças e jovens
Estudiosos apontam que a infância é o momento ideal para o indivíduo iniciar
sua emancipação mediante a função liberatória da palavra. Por volta dos oito aos treze
anos de idade que as crianças revelam maior interesse pela leitura. O estudioso
Richard Bamberger reforça a idéia de que é importante habituar a criança às palavras.
“Se conseguirmos fazer com que a criança tenha sistematicamente uma experiência
positiva com a linguagem, estaremos promovendo o seu desenvolvimento como ser
humano”. (BAMBERGER, 1992, p.11). Inúmeros pesquisadores têm se dedicado em
mostrar aos pais e educadores a importância de se introduzir o livro no dia a dia da
criança. Bamberger afirma que, comparada ao cinema, ao rádio e à televisão, a leitura
tem vantagens únicas. Ante a escolha de uma multiplicidade limitada, colocada à sua
disposição por cortesia do patrocinador comercial, ou entre os filmes disponíveis no
momento, o leitor pode escolher entre os melhores escritos do presente e do passado.
O indivíduo pode ler onde e quando mais lhe convém, no ritmo que mais lhe agrada,
pode retardar ou apressar a leitura; interrompê-la, reler ou parar para ajuizar, a seu bel-
prazer. Ele pode estar livre para ler o que desejar, quando, onde e como bem entender.
Toda essa flexibilidade avaliza o empenho contínuo pela leitura, tanto em relação à
educação quanto ao entretenimento. A educadora Maria Helena Martins chama a
atenção para um contato sensorial com o objeto livro, que, segundo ela, revela um
prazer singular na criança. Na leitura, por meio dos sentidos, a criança é atraída pela
curiosidade, pelo formato, pelo manuseio fácil e pelas probabilidades emotivas que o
livro pode conter. (Souza, 2003), aponta que esse jogo com o universo oculto no livro
pode estimular no leitor principiante para a descoberta e o refinamento da linguagem,
ampliando sua capacidade de comunicação com o mundo. Essas primeiras
experiências despertam na criança o desejo de concretizar o processo de leitura do
texto escrito, facilitando o procedimento de alfabetização. A probabilidade de que essa
experiência sensorial sobrevenha, será maior quanto mais freqüente for a relação da
criança com o livro. Às crianças brasileiras, o acesso ao livro é dificultado por uma
conjuntura de fatores sociais, econômicos e políticos. São raras as bibliotecas
escolares. As existentes não dispõem de um acervo adequado, e/ou de profissionais
competentes a orientar o público infantil no sentido de uma relação agradável e
propícia com os livros. Mais raras ainda são as bibliotecas domésticas. Os pais,
quando se interessam em comprar livros, muitas vezes os propõem pela capa por falta
de uma orientação direcionada às preferências das crianças. É de extrema relevância
para os pais e educadores discutir o que é leitura, a importância do livro no processo
de formação do leitor, bem como, o ensino da literatura infantil como processo para o
desenvolvimento do leitor crítico. Segundo Souza (2003), podemos tomar as
orientações da professora Regina Zilberman, estudiosa em literatura infanto-juvenil e
leitura, como forma de motivarmos as crianças e os jovens ao hábito de ler deve-se:
Abordar as relações entre a literatura e ensino legitimando a função da leitura, sugerindo livros,
assim como atividades didáticas, a fim de alcançar o uso da obra literária em sala de aula e nas
suas casas com objetivos cognitivos, e não apenas pedagógicos; considerar o confronto entre a
criação para crianças e o livro didático, tornando o último passível de uma visão crítica e o
primeiro ponto de partida para a consideração dos interesses do leitor e da importância da leitura
como desencadeadora de uma postura reflexiva perante a realidade. Assim, com relação à
leitura e à literatura infantil, pais e professores devem explorar a função educacional do texto
literário: ficção e poesia por meio da seleção e análise de livros infantis; do desenvolvimento do
lúdico e do domínio da linguagem; do trabalho com projetos de literatura infantil em sala de aula,
utilizando as histórias infantis como caminho para o ensino multidisciplinar.
Técnicas para o uso de textos infantis no exercício da leitura, interpretação e produção
de textos também são exploradas com a intenção final de promover um ensino de
qualidade, prazeroso e direcionado à criança. Somente dessa forma, poderemos
transformar o Brasil num país de leitores.
1.4 A produção da leitura na escola
A leitura ocupa espaço privilegiado no ensino da língua. A escola é a principal
instituição responsável pela preparação das pessoas no mundo da escrita. Segundo
Silva (2008), os livros são redundantes e adentram nas escolas por critérios duvidosos
e pelo trabalho do professor. Ele coloca em questão a preparação do professor para
orientar as fases de produção da leitura. Estudos mostram que o professor de língua
portuguesa lê pouco e está estagnado, ensinando apenas conteúdos extraídos de
livros didáticos. O professor deve se atualizar, fazer reflexões para melhorar as safras
escolares. (SILVA, 2008, p.19), afirma que:
Se refletirmos bem, veremos que o professor é o intelectual que delimita todos os quadrantes do terreno da leitura escolar. Sem a sua presença atuante, sem o seu trabalho competente, o terreno dificilmente chegará a produzir o benefício que a sociedade espera e deseja, ou seja, leitura e leitores assíduos e maduros.
A falta de bibliotecas nas escolas é um dos fatores negativos no processo de
leitura, além do mais, a prática de leitura com acervos diversificados deveriam ser
frequentes. O trabalho do professor merece mais atenção! Ele deve se posicionar como
leitor assíduo, crítico e competente, que entenda realmente a complexidade do ato de
ler. Segundo Silva (2008), a naturalidade da leitura foi perdida por ter sido
institucionalizada e passada a responsabilidade para a escola. O ato de ler deve ser
natural e por sua vez, combatida a artificialidade enraizada nas escolas. Cópia,
paráfrase e memorização é o tripé de atividades de leitura mais conhecido e utilizados
nas escolas brasileiras. A leitura é uma responsabilidade de todo corpo docente de
uma escola, deve haver interdisciplinaridade, em construção coletiva de conhecimento.
A discussão sobre a leitura não deve ficar somente nos meios acadêmicos. O brasileiro
em geral não lê. A leitura não é algo presente no seu cotidiano. Os educandos, por sua
vez, só leem como atividade escolar obrigatória e poucos o fazem com prazer. O
problema atinge toda a sociedade e deve ser discutido por quem pode ajudar a resolvê-
los: os professores. (SILVA, 2008), propõe uma forma de ensino que não sufoque a
leitura natural, mas que a incentive e promova o seu amadurecimento. Afirma que,
modernamente, o único reduto onde a leitura ainda tem chance de ser desenvolvida é a
escola e que o fracasso da escola nessa área significa a morte de leitores através dos
mecanismos de repetência, evasão, desgosto e/ou frustração. A qualificação e a
habilitação contínua dos leitores ao longo das séries escolares põem-se como uma
garantia de acesso ao saber sistematizado, aos conteúdos do conhecimento que a
escola tem de tornar disponível aos estudantes. A observação prática do profissional
de ensino à reflexão teórica para elaborar uma proposta de ensino que incentive e
promova o amadurecimento da leitura. (SILVA, 2008, p. 32), afirma:
A terceira frente dessa batalha dirige-se àquilo que venho chamando de “redescoberta da pessoa do aluno”, pessoa com dificuldades, problemas, aspirações, sentimentos, paixões, valores e potenciais específicos. Pessoa que, devido a uma multiplicidade de estacas opressoras, o professor parece ter deixado de enxergar objetivamente. Uma leitura amorosa e solidária do aluno deve ser feita para tirá-lo de simples número da “tripinha” de notas dos diários de classe ou de máquina Xerox das lições padronizadas dos livros didáticos.
É necessária uma atenção especial ao aluno, sobretudo àquele com mais
carência e dito “problemático” pelos colegas e corpo docente. Além da escola como a
principal formadora de leitores, destaca-se o papel de a família no despertar para o
prazer da leitura já nos primeiros anos de vida de seus filhos. Os contos, as pequenas
histórias, as brincadeiras com jogos educativos, contribuem em grande parte para que
a criança sinta o prazer da leitura nas futuras atividades escolares. O engajamento da
sociedade é outro ponto a ser destacado junto a essa questão, no sentido de se criar
pequenas bibliotecas de bairros em igrejas, clubes sociais e em sedes comunitárias.
Pequenos livros com ensinamentos sobre cidadania, inclusão social e temas
transversais, por exemplo, poderiam ser patrocinados e distribuídos por redes
bancárias, entidades de classe, setor privado etc., sem ônus para os pais, de modo a
desenvolver o prazer pela leitura e a busca pelas informações por parte de todos os
cidadãos.
1.5 Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário
Ler e escrever na escola são, sobretudo, um reflexo de como transformar o
ensino da leitura e da escrita. Destacam-se aqui dificuldades envolvidas na
escolarização das práticas, tensões entre os propósitos escolares e extraescolares da
leitura e da escrita. A relação do saber comparada a preservação do sentido, ensinar e
controlar a aprendizagem. A perspectiva acerca dos problemas curriculares explicita os
conteúdos envolvidos na prática e a perspectiva do papel do conhecimento didático na
formação do professor. Segundo (LERNER, 2002 – 2007 p.73), Ler é entrar em outros
mundos possíveis. É indagar a realidade para compreendê-la melhor, é se distanciar
do texto e assumir uma postura crítica frente ao que se diz e ao que se quer dizer, é
tirar carta de cidadania no mundo da cultura escrita. A obra literária é aberta e aceita
múltiplas interpretações. Todo o tratamento que a escola faz da leitura é fictício,
começando pela imposição de uma única interpretação possível. Será que a escola é
uma obra de ficção? Por que se enfatiza tanto a leitura oral – que não é muito comum
em outros contextos – e tão pouca a leitura para si mesma? Por que se usam textos
específicos para ensinar, diferentes dos que se leem fora da escola? Questiona-se.
Dois fatores essenciais parecem conjugar-se, em perfeito e duradouro casamento, para
criar esta versão fictícia da leitura: a teoria comportamentalista da aprendizagem e um
conjunto de regras, pressões e exigências fortemente arraigadas na instituição escolar.
A leitura aparece desgarrada dos propósitos que lhe dão sentido no uso social, porque
a construção do sentido não é considerada como uma condição necessária para a
aprendizagem. A teoria oficial da escola considera – diria Piaget – que o funcionamento
cognitivo das crianças é totalmente diferente do dos adultos: enquanto estes aprendem
apenas o que lhes é significativo, as crianças poderiam aprender tudo àquilo que
ensinassem a elas, independentemente de que possam ou não lhe atribuir um sentido.
Por outro lado, segundo as regras institucionais, é o docente quem tem o direito (e
também o dever) de atribuir sentido às atividades que propõe: elas devem cumprir os
objetivos estabelecidos pelo ensino, afirma. Segundo (LERNER 2002 – 2007 p. 76), só
se ensina uma única maneira de ler.
Esta é, em primeiro lugar, uma consequência imediata da ausência de propósitos que orientem a leitura, porque a diversidade de modalidades só se pode fazer presente em função dos diversos propósitos a que o leitor aponta e dos diversos textos que utiliza para cumpri-los. Quando o propósito que a instituição apresenta é um só – aprender a ler ou, no máximo ser avaliado –, a modalidade que se atualiza é também única. Quando o trabalho é feito com uns poucos livros que, além do mais, pertencem ao gênero “texto escolar”, se dificulta ainda mais a possibilidade de que apareçam diferentes maneiras de ler. Por outro lado, permitir o ingresso de uma única modalidade de leitura e de um único tipo de texto facilita o exercício de uma importante exigência
institucional: o controle rigoroso da aprendizagem.
A visão da leitura na escola é antes de tudo um objeto de ensino. Para que também se
decomponha em objeto de aprendizagem, é necessário que tenha sentido do ponto de
vista do aluno. Isso significa, entre outras coisas, que deve cumprir uma função para a
realização de um propósito que ele conhece e valoriza. Para que a leitura como objeto
de ensino não se afaste demasiado da prática social que se quer comunicar, é
imprescindível representar, na escola, os diversos usos que ela tem na vida social.
Consequentemente, cada situação de leitura responderá a um duplo propósito. De um
lado, um propósito didático: ensinar certos conteúdos constitutivos da prática social da
leitura, com o objetivo de que o aluno possa reutilizá-los no futuro, em situações não
didáticas. De outro lado, um propósito comunicativo relevante desde a perspectiva
atual do aluno. Trata-se então de pôr em cena esse tipo particular de situações
didáticas que Brousseau (1986) chamou de “a - didáticas” porque propiciam o encontro
dos alunos com um problema que devem resolver por si mesmos e tornam possível
criar no aluno um projeto próprio. Segundo (LERNER, 2002 – 2007 p. 92), a avaliação
é uma necessidade legítima da instituição escolar, é um instrumento que permite
determinar em que medida o ensino alcançou seu objetivo, em que medida foi possível
fazer chegar aos alunos a mensagem que o docente se propôs comunicar. A avaliação
da aprendizagem é imprescindível, porque proporciona informação sobre o
funcionamento das situações didáticas e permite então reorientar o ensino, fazer os
ajustes necessários para avançar o cumprimento dos escopos propostos. [...] a
prioridade da avaliação deve terminar onde começa a prioridade do ensino. Quando a
necessidade de avaliar predomina sobre os objetivos didáticos, quando – como
acontece no ensino usual de leitura – a exigência de controlar a aprendizagem se
estabelece em critério de seleção. A hierarquização dos conteúdos produz-se uma
redução no objeto de ensino, porque sua apresentação se limita àqueles aspectos que
são mais suscetíveis de controle. Privilegiar a leitura em voz alta, propor sempre um
mesmo texto para todos os alunos, escolher somente fragmentos de textos muito
breves, etc. são alguns dos sintomas que mostram como a pressão da avaliação se
impõe frente às necessidades do ensino e da aprendizagem. Saber que o
conhecimento é provisório, que os erros não se “fixam”. Tudo o que se aprende é
objeto de sucessivas reorganizações permite aceitar, com maior serenidade, a
impossibilidade de controlar tudo. Proporcionar às crianças todas as oportunidades
necessárias para que cheguem a ser leitores no pleno sentido da palavra impõe o
desafio de elaborar – mediante análise do ocorrido no curso das situações propostas –
novos parâmetros de avaliação, novas formas de controle que permitam recolher
informação sobre os aspectos da leitura que se incorpora ao ensino. (LERNER, 2002 –
2007 p. 93), afirma:
Por outro lado, orientar as ações para a formação de leitores autônomos torna necessário
redefinir a forma como estão distribuídos na sala de aula os direitos e deveres relativos à
avaliação. Realmente, para se cumprir esse objetivo é necessário que a avaliação deixe de ser
uma função privativa do professor, porque formar leitores autônomos significa, entre outras
coisas, capacitar os alunos para decidir quando sua interpretação é correta e quando não o é,
para estar atentos à coerência do sentido que vão construindo e detectar possíveis
inconsistências, para interrogar o texto buscando pistas que avaliem esta ou aquela
interpretação, ou que permitam determinar se uma contradição que detectaram se origina no
texto ou num erro de interpretação produzidos por eles mesmos... Trata-se então de
proporcionar às crianças oportunidades de construir estratégias de autocontrole da leitura.
Tornar possível essa construção requer [...].
Para se evitar que a pressão da avaliação se torne um obstáculo para a
formação de leitores, é imprescindível, por um lado, pôr em primeiro plano os
propósitos referentes à aprendizagem, de tal modo que estes não se subordinem à
necessidade de controle. Por outro lado, criar modalidades de trabalho que incluam
momentos durante os quais o controle seja responsabilidade dos alunos. Enquanto a
função de julgar a validade das interpretações costuma se reservar ao professor –
como visto anteriormente -, o direito e a obrigação de ler costumam ser dos alunos.
Para que a instituição escolar cumpra com seu papel de comunicar a leitura como
prática social, parece imprescindível uma vez mais atenuar a linha divisória que separa
as funções dos participantes na situação didática. Dessa perspectiva, no curso de uma
mesma atividade ou em atividades diferentes, a responsabilidade de ler pode recair em
alguns casos somente sobre o professor ou somente nos alunos, ou pode ser
compartilhada por todos os membros do grupo. O ensino adquire características
específicas em cada uma dessas situações. Ao assumir em classe a posição de leitor,
o educador cria uma ficção: procede “como se” a situação não acontecesse na escola,
“como se” a leitura estivesse norteada por um propósito não didático – compartilhar
com outros um poema que o emocionou ou uma notícia jornalística que o admirou, por
exemplo. Sua finalidade é, no entanto, claramente didático: o propósito com essa
representação é comunicar a seus alunos certos traços fundamentais da conduta leitor.
O professor interpreta o papel de leitor e, ao fazê-lo, atualiza uma acepção da palavra
“ensinar” que habitualmente não se aplica à ação da escola.
Capítulo II: DESENVOLVENDO A CAPACIDADE LEITORA
2.1 O texto na sala de aula
Segundo (GERALDI, 2008), os problemas vivenciados com a prática da leitura
na escola, podem ser analisados sob três aspectos: leitura de textos, produção de
textos e análise linguística. Essas práticas, integradas no processo de ensino-
aprendizagem, têm dois objetivos: a) tentar ultrapassar a artificialidade que se institui
na sala de aula quanto ao uso da linguagem; b) possibilitar, pelo uso não artificial da
linguagem, o domínio efetivo da língua padrão em suas modalidades oral e escrita.
Existe uma simulação da leitura em sala de aula, um falseamento, dado que os papéis
de interlocução estão estaticamente marcados: o professor e a escola ensinam; o aluno
aprende (se puder). Essa artificialidade do uso da linguagem compromete e dificulta a
aprendizagem. (GERALDI, 2008, p. 89 – 90), afirma que:
Comprovar a artificialidade é simples: na escola não se escrevem textos, produzem-se redações. Estas nada mais são do que simulação do uso da língua escrita. Na escola não se leem textos, fazem-se exercícios de interpretação e análise de textos. E isso nada mais é do que simular leituras. Ler, portanto, não é decifrar o sentido de um texto, mas atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros significativos para cada um. Entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista. A leitura é um processo de interlocução entre leitor/autor mediado pelo texto. O leitor, nesse processo, não é passivo, mas agente que busca significações.
“O sentido de um texto não é jamais interrompido, já que ele se produz nas
situações dialógicas ilimitadas que constituem suas leituras possíveis” (Authier-Revuz,
J., 1982, pag. 104). No entanto é admissível se poder falar em leituras possíveis e em
leitor maduro, aquele que estabelece a sua maturidade ao longo da familiaridade com
muitos e muitos textos. Diz-se leitor maduro aquele que para quem cada nova leitura
desloca e altera a significação de tudo o que já leu, tornando mais profunda sua
compreensão dos livros, das gentes e da vida. É difícil compatibilizar a concepção de
leitura com atividades de sala de aula sem cair no processo de simulação de leituras.
(GERALDI, 2008, p.98) aponta quatro possíveis posturas ante o texto: a leitura – busca
de informações; a leitura – estudo do texto; a leitura do texto – pretexto e a leitura –
fruição de leitor. A leitura do texto – busca de informações: a característica básica
dessa postura ante o texto é o objetivo do leitor: a busca da informação. Duas formas
podem orientar, em termos metodológicos, esse tipo de leitura: a busca de informações
com roteiro previamente elaborado (pelo próprio leitor ou por outro) e a busca de
informações sem roteiros. No primeiro caso, lê-se o texto para responder a questões
previamente estabelecidas; no segundo caso, lê-se o texto para verificar que
informações ele dá. Em ambos os casos é prefacial a questão do “para quê” ter mais
informações. Dois níveis de profundidade podem ser perseguidos: extrair informações
da superfície do texto ou extrair informações de nível mais profundo. A leitura – estudo
do texto: a leitura – estudo do texto é a mais praticada em aulas de outras disciplinas
do nas aulas de língua portuguesa que, em princípio, deveriam desenvolver
precisamente as mais variadas formas de interlocução leitor/autor/texto. Um dos
argumentos do autor no estudo de textos é especificar: a tese defendida no texto; os
argumentos apresentados em favor da tese defendida; os contra-argumentos
levantados em teses contrárias e a coerência entre tese e argumento. A leitura do texto
– pretexto: dramatizar uma narrativa, transformar um poema em coro falado, ilustrar
uma história, são apenas três dos múltiplos pretextos que podem definir o tipo de
interlocução do leitor/texto/autor. Aponta que a leitura do texto como pretexto para
outra atividade define a própria interlocução que se estabelece. A leitura do texto –
fruição do texto: o autor tenta recuperar nossa experiência de interlocução
praticamente ausente das aulas de língua portuguesa: o ler por ler gratuitamente. O
que define esse tipo de interlocução é o “desinteresse” pelo controle do resultado.
Recuperar na escola e trazer para dentro dela o que dela se exclui por princípio – o
prazer – parece ao autor o ponto básico para o sucesso de incentivo à leitura. Para
tanto, é necessário recuperar da nossa vivencia de leitores três princípios: o caminho
do leitor; o circuito do livro e de que não há leitura qualitativa no leitor de apenas um
livro. A proposta é uma interlocução honesta, aqui, sem sentido moralista. Honesta
porque se concretizará com o outro – leitor que o complementará por sua palavra. A
multiplicidade de leituras que um mesmo texto pode ter pode não ser o resultado do
próprio texto em si, produzidos em condições específicas, mas sim resultado dos
múltiplos sentidos que se produzem nas diferentes condições de produção de leitura.
Assim, ainda que o interlocutor-leitor seja o mesmo, mudado os objetivos de sua
leitura, estarão alterados as condições de produção e, portanto, o processo. Ante as
ideias do autor, denota-se que existe nas escolas brasileiras uma leitura preconizada
em manuais e livros didáticos. Faz-se leitura de textos com intuito de avaliar o aluno
para a obtenção de notas. O aluno vive em sua comunidade com realidades diferentes
daquelas que lhe são passadas em sala de aula. Há necessidade de uma adequação
da leitura que possa despertar no jovem, valores que fazem parte do seu dia a dia.
Portanto, é preciso deixá-lo em contato com a realidade, incentivando a leitura de
jornais e revistas com temas atuais e transversais, por exemplo, respeitando a opção e
individualidade de cada um. Isso certamente traria para a sala de aula temas dos mais
variados, desse modo a diversidade cultural ganharia em qualidade.
2.2 Olhares e perguntas sobre ler e escrever: as histórias em quadrinhos na
formação de leitores competentes
Pressupõe-se que o livro busca conduzir a nossa cumplicidade e a cumplicidade
do outro para o exercício diário da escrita e da leitura. Pressupõe contínua superação,
seja sob a aparência de tudo mudar, seja sob a conformação histórica. É, portanto,
desafio constante. Numa outra perspectiva – não se pode negar –, constitui discurso
autorizado e, como tal será a obra lida e discutida. Segundo (FOGAÇA, apud, SOUZA,
2007, p. 13), “nesta era de comunicação e informação, a sociedade não mais permite
leituras que objetivem uma mesma interpretação, estável e universal, nem mesmo
leitores apenas de livros”. Pelo contrário, hoje se faz cada vez mais necessário que o
sujeito seja capaz de compreender as muitas linguagens e muitos códigos que o
envolvem, como por exemplo, pintura, cinema, teatro, propaganda, história em
quadrinhos. A adequada prática de leitura suplanta a decodificação de letras ou
imagens visuais e a extração de informações. Ela é um processo em que o leitor é
impelido a desenvolver um trabalho ativo, que é o da construção de significados a partir
do texto base. Ao iniciarmos o ato da leitura somos conduzidos a atribuir significados
em sentido amplo ao mundo e em sentido específico ao texto lido. Ao fazer-se leitor, o
sujeito tem a possibilidade de compreender a sociedade valendo-se de um maior
abarcamento intelectual e de ampliar sua visão de mundo. Para que isso ocorra, a
leitura passa, inicialmente, pela capacidade de reconhecer e interpretar símbolos e
sinais, no entanto vai além por meio do trabalho mental que é desencadeado e se torna
gradativamente reflexivo por meio de combinações que o sujeito realiza entre unidades
de pensamentos. Segundo Fogaça, (2007), quando se tem a clareza de entender que a
leitura se constitui numa grandeza fundamental no domínio da linguagem e na
construção do conhecimento, faz-se necessário reconhecer que a prática cuja escola
tradicionalmente venha fazendo em nada contribui para a efetivação desses aspectos.
Consequentemente os alunos passam pela escola e retêm na memória informações
sobre regras gramaticais, preceitos de concordância, e, até mesmo, classificam textos
de acordo com sua tipologia. Porém que não são desenvolvidas são as competências
para se constituírem leitores. Outro aspecto percebido como extremamente relevante
na formação do leitor é a influência das comunidades interpretativas. Em inúmeras
situações, percebemos e aprendemos o mundo sob a influência delas. Proferimos
nosso conhecimento, nossas leituras, nosso entendimento de mundo por meio de um
repertório cultural, que por sua vez, se estrutura inexoravelmente nas comunidades
interpretativas. (FOGAÇA, apud, SOUZA, 2007, p. 16), aponta para o fato de que:
Dessa forma, conclui-se que o papel da escola, enquanto comunidade interpretativa específica constitui-se um pilar no desenvolvimento e formação de bons leitores. A escola é responsável por oferecer bons modelos de leitura para o aluno, nunca como um fim em si mesmo, sempre como um instrumento de prática social. Ela é quem fará intervenções constantes na leitura dos alunos, chamando-os ao esforço intelectual que algumas leituras exigem à compreensão das leituras de difícil entendimento ou, simplesmente, ao prazer que elas podem despertar.
Fogaça, (2007), destaca a atividade da leitura das histórias em quadrinhos –
tratada pela sociedade como uma subliteratura –, que, na duplicidade dos códigos, há
um incentivo aos signos visuais. Nossa agudeza visual se caracteriza por um interesse
ativo da mente frente a um objeto, não sendo somente um registro passivo desse
objeto. O estímulo visual em nada prejudica o desenvolvimento do intelecto, pelo
contrário, é o meio de percepção analítica, reflexiva. E, de qualquer forma, as imagens,
ainda que subordinadas à escrita, também estão presentes na escola, em mapas,
ilustrações de livros, esquemas, fotografias. A criança ao aprender a visualidade das
histórias em quadrinhos, não está apenas realizando uma soma de imagens. Nos
quadrinhos existe uma sucessão, em que o sentido de uma imagem só se estabelece
por meio da que a precede. A estrutura de imagens nos quadrinhos é uma
característica que o assemelha às demais linguagens escritas, visto que existe uma
narração figurada. Mais importante que a duplicidade de códigos que neles se
apresenta é a sua estrutura narrativa, em que aparecem o desenvolvimento das ações
dos personagens, o enredo, o tempo e o espaço. Ao depararmos com uma sequencia
de quadrinhos com ou sem balões, que sintetiza uma narrativa, portanto requer a
leitura para conferir-lhe sentido. A complexa constituição dos quadrinhos não comporta
a superficialidade de alguns manuais e livros didáticos, já que ver superficialmente,
sem se deter nos detalhes gráficos, estéticos e narrativos, não é ler. Cada sequencia
de imagem e todas as imagens dos quadrinhos formam um complexo conjunto de
relações que se entrecruzam com o verbal. “Dessa forma, conclui-se que o papel da
escola, enquanto comunidade interpretativa específica constitui-se um pilar no
desenvolvimento e formação de bons leitores”. A instituição de ensino é responsável
por proporcionar bons exemplos de leitura para o aluno, nunca como um fim em si
mesmo, sempre como um instrumento de prática social. “A escola é quem fará
intervenções constantes na leitura dos alunos, chamando-os ao esforço intelectual que
algumas leituras exigem à apreensão das leituras de difícil entendimento ou,
simplesmente, ao prazer que elas podem despertar”. (FOGAÇA, apud, SOUZA, 2007,
p. 21).
Depreende-se de que todo corpo docente da escola, com especial dedicação da
área pedagógica, desenvolva atividades voltadas para a realidade do aluno. É
fundamental despertar o prazer pela leitura a partir de movimentos estratégicos, que
despertem desde cedo a importância do ato de ler, não apenas os livros didáticos, mas
também buscar toda fonte variada de informação. (FOGAÇA, apud, SOUZA, 2007, p.
22), aponta que:
Para realizar uma leitura completa e competente de uma história em quadrinhos, o leitor não pode chegar a ela sem conhecimentos prévios dessa linguagem. Conhecimentos estes que, a partir de novas leituras, vão se modificando, se complementando e interagindo, a fim de transformar o ato de ler em um ato verdadeiramente significativo. Um dos princípios fundamentais ao qual o leitor deve se familiarizar para realizar a leitura é a convenção de como se apresenta a estrutura das histórias em quadrinhos: da esquerda para a direita e de cima para baixo (na cultura ocidental). Isso, porém, se caracteriza por ser uma habilidade facilmente desenvolvida, já que segue a convenção do sistema da escrita.
A imagem nos quadrinhos quer queira quer não, é uma imagem fixa e sem
palavras. Para dar a ilusão de vitalidade, sonoridade e dinâmica são utilizados
ideogramas que representam, por meio de diversos indicadores reconhecíveis, o que
não é figurativo. Visam a reproduzir o real em sua totalidade e em sua complexidade
visual e sonora. Os ideogramas só tem sentido quando acompanhados de outros
signos. Decorrente dessa ideia propõe-se tanto na escola, como em casa, uma
exposição da criança a leituras cada vez mais complexas, gradativamente. Essa
estratégia pode ser ímpar na formação de leitores, já que a criança é constantemente
apresentada a leituras que exigem uma contínua reorganização e interiorização de
conhecimentos. Conforme escreveu Fanny Abramovich (1995, p. 158):
Afinal, as historias em quadrinhos envolvem toda uma concepção de desenhos, de humor, de
ritmo acelerado, de intervenção rápida das personagens nas situações com as quais defrontam
[...]. Contém algo de conciso e vertiginoso, quase cinematográfico [...]. E, como em qualquer
outro tipo de história, há as ótimas, as medíocres, as muito bem feitas, as de carregação, as
extremamente inventivas, as que se repetem [...]. Como em qualquer outra forma literária, se
escolhem, se procuram as que dizem mais, desistindo das que satisfazem menos e suscita
menos emoção, menos envolvimentos [...]. Elas fazem parte integrante da cultura deste século e
é tolo e preconceituoso esnobá-las ou não leva-las a sério [...].
De acordo com Fogaça, apud, Souza, (2007), quando a criança é apresentada a
diversos tipos de leituras, inclusive de níveis diferentes, ela se torna capaz de exercer
sua autonomia e suas competências como leitoras. À escola é proposto que trabalhe a
linguagem dos quadrinhos da mesma forma como se faz com outros textos. Tirar as
histórias em quadrinhos do limbo das leituras não quer dizer, no entanto, que
acabariam por tirar delas todo o encanto. É, sobretudo, oferecê-las aos alunos como
quem oferece um doce, pois a leitura pode e deve ser um prazer.
2.3 A importância da leitura na escola de ensino médio no mundo globalizado
Segundo Gontijo², “a Ciência da Informação está sendo desafiada a pensar a
globalização do mundo. Quando se anunciava o século XXI, ela já se defrontava com
dilemas que se abrem com a globalização das coisas, pessoas e ideias”. Existem
processos e estruturas sociais, econômicos, político-educacionais, culturais e outros
que apenas começam a ser estudados. As fronteiras geográficas e históricas,
educacionais, culturais e civilizatórias parecem modificar-se diariamente em direções e
formas surpreendentes.
2. GONTIJO, Antônio Tadeu de Sousa. A importância da leitura na escola de ensino médio.
Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7898.
Ultimamente os conhecimentos são registrados nos mais variados suportes
físicos, sejam eles gráficos ou não gráficos como livros, coleções de fotografias, CDs,
filmes, vídeo - tapes periódicos, mapas, etc. formando o acervo de uma Biblioteca.
Isso evidencia que vivemos na era da comunicação de massa, e a informação
que nos chega, além dos meios clássicos (impressos), igualmente através da imagem
e do som. A Biblioteca Escolar, espaço dinâmico e integrante da escola, abrangida no
processo ensino-aprendizagem, necessita estar equipada com acervo de boa
qualidade para exercer sua função de agente educacional, proporcionando desse
modo, oportunidades de desenvolvimento e enriquecimento cultural, social, intelectivo e
momentos de lazer ao aluno através de leitura recreativa. A presteza com os serviços
de biblioteca serão disponibilizados, devem ser projetados e direcionados para a
utilização eficaz do acervo que a compõe, estando o profissional bibliotecário
empenhado com a Educação, e também, com a salvaguarda de seu patrimônio. À
medida que bons leitores descobrem o sentido literal de uma passagem, ele se envolve
em vários passos. Isto é, faz menção, vê alusões, julga a legitimidade, atributo,
eficiência ou acomodação das ideias, checam os pontos de vista de autores diferentes,
aplica as ideias adquiridas às novas situações, soluciona problemas e integra as ideias
lidas com as experiências prévias. Ultimamente, não mais se pode pensar em escrita e
leitura como unidimensionais.
Não obstante o texto lido e escrito sempre teve e continua a ter uma grandeza
criadora inalienável. Desse modo, somam-se a ela muitas outras interfaces que
admitem ao leitor, conferir e estabelecer novos e coerentes significados para o que lê e
interpreta. É na escola, pela intercessão do educador e com a ajuda do livro didático
que os alunos aprenderão a ler, a escrever e a distinguir sua própria realidade e a
realidade do outro. Essa afinidade é primordial ao jovem, que pelo contato e exploração
de textos distintos e por meio de ações intermediadas, o educando passará a interagir
com seus pares, a produzir um conhecimento compartilhado. Sendo assim consegue
representar verbalmente e por escrito sob os vários registros verbais, seu pensamento,
sua experiência prévia de vida e seu conhecimento coletivo de mundo. A leitura é
importante em todos os níveis educacionais. Deve, contudo, ser iniciada no período de
alfabetização e ter continuidade nos diferentes graus de ensino. Ela se constitui numa
forma de interação das pessoas e é uma atividade essencial a qualquer área do
conhecimento. Está intimamente ligada ao sucesso do Ser que aprende. Permite ao
homem situar-se com os outros. Permite a obtenção de distintos pontos de vista e
alargamento de experiências. É também um recurso para combater a massificação
executada principalmente pela televisão. Para Gontijo, o livro é ainda um importante
veículo para a criação, transmissão e transformação da cultura. O livro se constitui o
mediador na comunicação escrita entre o professor e o aluno. Através dele, se valoriza
um ensino informativo e teórico. Em função disto, se torna necessário a formação de
leitores que possam trabalhar esse material. Atualmente temos no Brasil um volume
expressivo de produção editorial. Contudo, apenas pequena fração da população tem
acesso aos livros editados, levando-se em conta a idade da população e as praxes de
leitura, bem como o baixo poder aquisitivo desta. Um incremento no número de leitores
significa acesso aos conhecimentos mais objetivos. Passando, desta forma a serem
críticos da realidade, além de tentar modificar essa realidade a partir do que foi
apreendido e construído durante as leituras. Um dos problemas da falta de hábito de ler
já começa nas séries iniciais do ensino fundamental, em razão dos textos utilizados
estarem muitas vezes ultrapassados e alienados dos problemas da realidade, não
constituindo nenhuma motivação para o aluno. O comércio está repleto de livros
didáticos sem embasamento filosófico e teórico e, muitas vezes, ainda conta com a
incompetência profissional do educador para orientar corretamente esta prática. As
leituras oferecidas principalmente aos alunos de ensino médio tendem mais para o
conservadorismo e reprodução da ideologia ultrapassada. O que se questiona, dentro
de uma dimensão pedagógica é "Como desenvolver o hábito da leitura em nossos
educandos quando o professor, na sua formação profissional, não se instruiu de
metodologias pedagógicas para este fim, sendo que o próprio educador não possui a
praxe da leitura?" Para Gontijo, a motivação para leitura envolve curiosidade e abertura
a novos conhecimentos e informações. Os alunos leem normalmente para as provas e
estas leituras são sempre escolhidas pelo professor. O segmento adolescente é o mais
resistente à leitura. Preferem as informações mais passivas, obtidas pela TV. Este
aspecto é modificado quando os educandos encontram temas específicos de seu
interesse. Portanto, é necessário, pois, que se valorize a leitura em sala de aula, em
todas as disciplinas. Por intermédio do hábito da leitura, o sujeito pode tomar
consciência das suas necessidades (autoeducar-se), promovendo a sua transformação
e a do mundo. Pode praticar o exercício dialético da libertação. O livro pode ser
considerado como valioso recurso de ensino. Entretanto, não é tão comum como o giz,
a lousa, o lápis e o caderno. Inúmeros são os livros editados, com uma diversidade de
títulos diferentes que poderiam se bem utilizados, concorrer para o progresso da
qualidade do ensino. Segundo Rangel (1990), “ler é uma pratica básica, essencial para
aprender. Nada substitui a leitura, mesmo numa época de proliferação dos recursos
audiovisuais e da Informática”. O ato de ler é parte preponderante do trabalho, do
empenho, de perseverança, da dedicação em aprender. O hábito da leitura é
consequência do exercício e nem sempre se estabelece de uma forma prazerosa,
porém, sempre necessário. Razão pela qual, deve-se recorrer a estímulos para
introduzir o hábito de leitura em nossos alunos. A instituição escolar tem por
responsabilidade proporcionar aos seus educandos condições para que estes tenham
acesso ao conhecimento. Nessa sucessão de criação e recriação do conhecimento,
próprio da vida escolar, a leitura ocupa, sem dúvida alguma, um lugar de grande
destaque. Se for relativamente fácil constatar a presença de leitura na escola, torna-se
um pouco mais difícil discutir as condições concretas de produção de leitura. A
relevância e a necessidade do ato de ler para educadores e educandos são
irrefutáveis, porém, é necessário ponderar de forma crítica as condições existentes e
as formas pelas quais esse ato é conduzido no contexto escolar. A retórica e o bom
senso mostram que a leitura é importante no procedimento de escolarização das
pessoas, porém, as soluções reais para a prática da leitura na escola podem, no
entanto, contrapor-se àquele discurso. Assim, a dimensão quantitativa (mais ou menos
leitura) e a dimensão qualitativa (boa ou má leitura) do processo, dependem das
condições escolares concretas para a sua produção. O caráter livresco do ensino e as
formas arrogantes por meio dos quais os livros são expostos em sala de aula, tendem
a contribuir com a automação dos educandos, gerando a falsa crença de que tudo que
está escrito ou impresso é necessariamente verdadeiro. As técnicas de memorização
do conteúdo (os escritos, as apostilas ou livros apostilados) impedem que o leitor se
torne sujeito do trabalho que executa. Freire (1985) chama isto de “educação bancária”
– o professor passa para o aluno um conjunto de informações apenas para encher a
cabeça do aluno. Daí a passividade, o amortecimento da crítica e da criatividade, o
consumo mecânico e não significativo das ideias propostas nos textos, etc. O ato de
realizar a leitura de textos, tomada como fins em si mesmos, em função da mistificação
daquilo que está escrito, gera outra consequência calamitosa para a formação do leitor.
Se um texto, quando trabalhado não oferecer um salto de qualidade ao leitor para a
sua visão de mundo, tanto no aspecto social, quanto no cotidiano do leitor, a leitura
perde a sua validade. Na leitura onde não existe abrangência de ideias, será melhor
uma mera reprodução de expressões ou fragmentos difundidos pelo autor do texto.
Infelizmente, esse tipo de leitura é uma constante nas escolas brasileiras de ensino
fundamental e médio e até mesmo no ensino superior. Para Gontijo, (2005):
Podem-se considerar três motivos básicos para a valorização da leitura: (a) Informação, (b) Conhecimento, (c) Prazer, que estão associados ao fato de que o texto a ser lido e criticamente analisado por um leitor é sempre um trampolim para uma compreensão mais profunda e objetiva do contexto humano. Considerando que qualquer linguagem sempre possui um referencial de mundo/realidade, ser leitor é capaz de apreender os referenciais inscritos em qualquer mensagem e também os existentes num texto, o que significa compreender a dinâmica do real e compreender-se como um ser que participa desta dinâmica.
A Reforma do Ensino, consubstanciado na Lei nº: 9394/96, cuja direção aponta
para a educação formativa do cidadão, preocupada com os métodos e recursos,
portanto, mais educação do que adestramento, visando fornecer, através do ensino
unificado, fundamental e médio, a formação necessária para o desenvolvimento das
potencialidades do educando, extinguido a escola verbalizada e centrada no professor.
Essa reforma preconizou uma educação onde o educando é o principal agente, sob a
orientação do professor. Entretanto, para que os ideais da Reforma sejam alcançados,
é preciso que a escola seja organizada de maneira que a aprendizagem dependa em
grande parte da leitura de textos. A consecução desses ideais parece exigir uma
meditação mais profunda sobre a aprendizagem da leitura, posto que o ensino da
leitura seja um processo consecutivo e que o educador, independentemente da
disciplina, responde em grande parte, pelo êxito ou fracasso desse processo. Um
exemplo de valorização da leitura é apresentado pelo Projeto Farol do Saber, nome
inspirado na célebre Biblioteca de Alexandria, que se constituiu, na Idade Antiga, em
importante centro cultural e econômico, aproximando povos e iluminando a Antiguidade
com a luz do conhecimento. O referido projeto, elaborado e executado pela Secretaria
Municipal de Educação de Curitiba, prevê a implantação de pequenas bibliotecas de
bairros, diferente, porém de uma biblioteca comum. É um ponto de referencia
disseminador da cultura e do saber, onde as atividades propostas são desenvolvidas
de maneira a despertar o interesse e a participação voluntária de seus frequentadores.
2.4 A importância da leitura para a formação de alunos críticos
As práticas de leitura estão sendo debatidas nos diversos segmentos da
educação, destaca-se a sua importância para a aquisição da informação, dos
costumes, do conhecimento e da conscientização política, face aos desafios do mundo.
O domínio da leitura tornou-se, pois, condição imprescindível para o ingresso a
qualquer área do conhecimento e, mais ainda, à própria vida do ser humano, uma vez
que a leitura apresenta função objetiva e transformadora da sociedade. Silva (1992,
p.42) aponta que a leitura está intimamente relacionada com o sucesso acadêmico do
ser que aprende, e, contrariamente, à evasão escolar. Mais adiante, o autor conclui que
“escrever e ler são atos complementares: um não pode existir sem o outro” (Silva,
1992, p.64). Desse modo, para escrever bem, esse aluno terá na leitura o sustentáculo
do conhecimento a ser armazenado em sua memória de longo prazo. Por tal motivo,
defende-se que ler é estabelecer relações entre o texto e o conteúdo sistematicamente
internalizado sob a forma de conhecimentos. A questão do conhecimento como
resultado de experiências que se sobrepõem àquilo que se é e já se sabe. Essa ideia
reforça nosso entendimento de que a prática da escrita também pode estar atrelada às
experiências de leitura. Considerações sobre a importância da Leitura na formação de
alunos críticos: o acesso ao aprendizado da leitura apresenta-se como um dos
múltiplos desafios da escola e, talvez, como o mais valorizado e exigido pela
sociedade. Como afirma Foucambert (1994, p.123), o acesso à escrita é o único meio
de alcance da democracia e do poder individual, o qual ele define como "a capacidade
de compreender por que as coisas são como são" e que não se confunde com os
"poderes" permitidos ou facilitados pelo status social do indivíduo. Desta forma, ele
diferencia o "Poder" dos "poderes", dizendo que o primeiro permite ir além do que é
evidente, possibilitando a descoberta das relações por detrás das circunstâncias,
situações ou coisas, estando, portanto, ligado à transformação; enquanto os poderes
encontram-se na reprodução e na compreensão estática e não reveladora do real.
Entretanto, isto só se torna viável através do acesso ao processo de produção
do saber e não, apenas, por meio da transmissão dos saberes, os quais são imbuídos
de neutralidade e se apresentam como objetos separados dos processos que os
geram. Promove a uniformidade entre os indivíduos que a eles têm acesso. Desse
modo, carecem-se oportunizar diferentes leituras aos alunos e dessa forma,
estabelecer uma ampla rede de relações de sujeitos que buscam no universo da leitura
a aspiração, o aprendizado e o desenvolvimento de cidadãos críticos, reflexivos e
atuantes. Para Ramires, (2008), É imprescindível que, criem distintas oportunidades
para levar aos seus educandos o hábito e o gosto pela leitura. Tarefa não muito fácil,
mas estudos mostram que é possível explorar esse universo e torná-lo atrativo nas
escolas com diferentes textos que usamos no dia a dia. Despertar no aluno esse prazer
de ler, de descobrir e de crescer humano e intelectualmente, deve ser o objetivo central
de toda instituição e de ensino e dos professores. Por conseguinte, o que ocorre em
sala de aula no tocante à leitura é de extraordinária importância, pois essas
experiências são de grande relevância para que os alunos se tornem leitores ou não;
considerando que ser leitor não é apenas decifrar códigos, mas ler, entender e inferir
sobre o que foi lido. Falar em Educação como instrumento de ação reflexiva é preciso,
antes de tudo, falar da importância da leitura na Educação. Importante porque a leitura
como ferramenta proporciona progresso da condição social e humana. Então analisar,
observar e procurar perceber o mundo e interagir tem por meio da leitura um caminho
para a promoção do desenvolvimento de capacidades na medida em que os
conhecimentos vão sendo absorvidos e se amplia gradativamente a produção cultural
da humanidade. As pessoas necessitam de conhecimento e ponderação sobre os
procedimentos de aquisição, sobre como filtrar melhor a informação que aspiram
principalmente nesta nova conjuntura informacional onde a abundância de informações
tem aumentado a cada dia. Se quisermos uma sociedade mais justa, solidária e
humana, e é este o nosso objetivo, resta-nos investir na formação de alunos críticos,
capazes de nortear suas vidas, sua história, decidirem, discernir, participar e
transformar o meio em que vive. Segundo RAMIRES, (2008), este processo requer não
apenas investimentos financeiros, ainda que importantes, mas também dedicação,
esforço e profissionalismo da parte da instituição de ensino e responsabilidade e
consciência da parte dos alunos. Embora seja esta a constatação lógica do processo
de formação, fica evidente que, apesar do profissionalismo, dedicação e esforço, o
professor tem que “andar na contramão” de um sistema estruturado, por teimar em
manter “analfabetos intelectuais”, para que estes sejam apenas “massas de manobra”.
Sendo assim, o desafio de formar alunos críticos, torna-se mais agravante,
principalmente quando há índices de indisciplina; que reflete a desmotivação, a
desvalorização, o desleixo e a desconfiança no processo de aprendizagem de si e dos
demais. Desse entendimento faz-se necessário trabalhar essa questão de uma forma
vinculada à leitura. Fazer da leitura, não apenas a decodificação de códigos, mas um
mecanismo de transformação da realidade, onde ler torna-se um ato de conhecimento
e de descobertas de novos mundos, novas possibilidades e novas opções de escolha.
É um trabalho de conscientização, de resgate de valores em todas as
dimensões da vida. Por isso, a leitura e a interpretação do que se lê tem o poder de
alcançar a transformação pessoal dos alunos, e uma vez conseguida isto, fica mais
acessível chegar à formação da crítica frente a si mesmo e o mundo que o rodeia. Aí
sim, acontece a transformação, tendo então, um cidadão, sujeito de sua história e a
partir disso, tudo começa a mudar. Percebe-se que as questões mais relevantes que se
desenvolve foram de como apresentarem formas atraentes de leitura e por meio dela
formar alunos críticos, é na realidade, uma questão de concepção política sustentável e
socializada nas instituições de ensino, onde o objetivo deve ser trabalhado por todos.
Quando há essa prática, há simultaneamente a transformação humana, social e
política. Isso não é mágica, nem tão pouca utopia, é tão somente consciência e
trabalho a favor da vida de qualidade.
CAPÍTULO III: A CONSTRUÇÃO DO LETRAMENTO
3.1 A importância do ato de ler: em três artigos que se completam
Pesquisas nos mostram a importância da biblioteca popular e a relação com a
alfabetização de adultos desenvolvida na República Democrática de São Tomé e
Príncipe. Ao mesmo tempo, nos esclarece que a leitura da palavra é precedida da
leitura do mundo e também enfatiza a importância crítica da leitura na alfabetização.
Essas pesquisas colocam o papel do educador dentro de uma educação, onde o seu
fazer deve ser vivenciado, dentro de uma prática concreta de libertação e construção
da história, inserindo o alfabetizando num processo criador, de que ele é também um
sujeito. Segundo Freire, (2006, p. 11), “a leitura do mundo precede sempre a leitura da
palavra”. O ato de ler se veio dando na sua experiência existencial. Primeiro, a “leitura”
do mundo, do pequeno mundo em que se movia; depois, a leitura da palavra que nem
sempre, ao longo da sua escolarização, foi a leitura da “palavra mundo”. Na verdade,
aquele mundo especial se dava a ele como o mundo de sua atividade perspectiva, por
isso, mesmo como o mundo de suas primeiras leituras. Os “textos”, as “palavras”, as
“letras” daquele contexto em cuja percepção experimentava e, quanto mais o fazia,
mais aumentava a capacidade de perceber se encarnavam numa série de coisas, de
objetos, de sinais, cuja compreensão ia aprendendo no seu trato com eles. Na sua
relação com os irmãos mais velhos e com os pais. A leitura que cada indivíduo faz do
mundo foi sempre fundamental para a compreensão da importância do ato de ler, de
escrever ou de reescrevê-lo, e transformá-lo através de uma prática consciente.
(FREIRE, 2006, p. 17) afirma:
Creio que muito de nossa insistência, enquanto professoras e professores, em que os estudantes “leiam”, num semestre, um sem-número de capítulos de livros, residem na compreensão errônea que às vezes temos do ato de ler. Em minha andarilhagem pelo mundo, não foram poucas as vezes que jovens estudantes me falaram de sua luta às voltas com extensas bibliografias a serem muito mais “devoradas” do que realmente lidas ou estudadas. Verdadeiras “lições de leitura” no sentido tradicional desta expressão, a que se achavam submetidas em nome de sua formação científica e de que deviam prestar contas através do famoso controle de leitura [...].
Esse movimento diligente é um dos aspectos centrais do processo de
alfabetização que deveriam vir do universo vocabular dos grupos populares,
propagando a sua real linguagem, impregnadas de significado de sua experiência
existencial e não da experiência do educador. O ato de alfabetizar é a criação ou a
edição da expressão escrita, da expressão oral. Assim as palavras do povo, vinham
através da leitura do mundo. Depois voltavam a eles, inseridas no que se chamou de
codificações, que são representações da realidade. No fundo esse conjunto de
representações de situações concretas possibilitava aos grupos populares uma “leitura
da leitura” anterior do mundo, antes da leitura da palavra. O ato de ler implica na
percepção crítica, interpretação e “reescrita” do lido. Para Freire, (2006), “falar de
alfabetização de adultos e de biblioteca populares é falar, entre muitos outros, do
problema da leitura e da escrita”. Não da leitura de palavras e de sua escrita em si
próprias, como se lê-las e escrevê-las, não implicasse outra leitura da realidade
mesma, para aclarar o que chama de prática e compreensão crítica da alfabetização.
Freire, (2006), aponta que do ponto de vista crítico é tão impossível negar a natureza
política do processo educativo quanto negar o caráter educativo do ato político. Quanto
mais ganhamos esta clareza através da prática, mais compreendemos a
impossibilidade de separar a educação da política e do poder. A relação entre a
educação enquanto subsistema e o sistema maior são relações dinâmicas
contraditórias. As contradições que caracterizam a sociedade como está sendo,
penetram a intimidade das instituições pedagógica em que a educação metódica se
está dando e alterando o seu papel ou o seu esforço reprodutor da ideologia
predominante. O que temos de fazer então, enquanto educadoras ou educadores, é
aclarar assumindo a nossa opção que é política, e ser coerentes com ela na prática. A
questão da coerência entre a opção proclamada e a prática é uma das exigências que
educadores críticos se fazem a si mesmos. Sabe-se muito bem que não é o discurso o
que ajuíza a prática, mas a prática que ajuíza o discurso. Quem apenas fala e jamais
ouve; quem “imobiliza” o conhecimento e o transfere a estudantes, quem ouve o eco,
apenas de suas próprias palavras, quem considera petulância a classe trabalhadora
reivindicar seus direitos, não tem realmente nada que ver com a libertação nem
democracia. Pelo contrário, quem assim atua e assim pensa consciente ou
inconsciente, ajuda a preservação das estruturas autoritárias.
Só educadoras e educadores autoritários negam a solidariedade entre o ato de
educar e o ato de ser educado pelos educandos. Uma visão da educação é na
intimidade das consciências, movida pela bondade dos corações, que o mundo se
refaz. É, já que a educação modela as almas e recriam corações ela é a alavanca das
mudanças sociais. Se antes a transformação social era entendida de forma simplista,
fazendo-se com a mudança, primeiro das consciências, como se fosse a consciência
de fato, a transformadora do real, agora a transformação social é percebida como um
processo histórico. Se antes a alfabetização de adultos era tratada e realizada de forma
autoritária, centrada na compreensão mágica da palavra doada pelo educador aos
analfabetos; se antes os textos geralmente oferecidos como leitura aos alunos
escondiam a realidade, agora pelo contrário, alfabetização como ato de conhecimento,
criador e como ato político, é um esforço de leitura do mundo e da palavra. Agora já
não é possível textos sem contexto. A alfabetização de adultos e pós-alfabetização
implica esforços no sentido de uma correta compreensão do que é a palavra escrita, a
linguagem, a relação com o contexto de quem fala de quem lê e escreve.
Compreensão, portanto da relação entre “leitura” do mundo e leitura da palavra. Daí a
necessidade que tem uma de biblioteca popular, buscando o adentrar criticamente no
texto, procurando aprender a sua significação mais profunda, propondo aos leitores
uma experiência estética, de que a linguagem popular é inteiramente rica. A forma com
que atua uma biblioteca popular, a constituição do seu acervo, as atividades que
podem ser desenvolvidas no seu interior, tudo isso tem que ser como certa política
cultural. Se antes raramente os grupos populares eram estimulados a escrever seus
textos, agora é fundamental fazê-lo, desde o começo da alfabetização para que, na
pós-alfabetização, se vá tentando a formação do que poderá vir a ser uma pequena
biblioteca popular com a inclusão de páginas escritas pelos próprios educandos. Seria
impossível, por exemplo, dar uma colaboração, por mínima que fosse a uma campanha
de alfabetização de adultos promovida por um governo antipopular. Não poderia
assessorar um governo que em nome da primazia da “aquisição” de técnicas de ler e
escrever palavras por parte dos alfabetizando, exige-se, ou simplesmente sugere-se
que fizesse a dicotomia entre a leitura do texto e a leitura do contexto.
Um governo para quem a leitura do concreto, o desenvolvimento do mundo não
são um direito do povo, que, por isso mesmo, deve ficar reduzido à leitura mecânica da
palavra. “A Importância do Ato de Ler” e as relações da biblioteca popular com a
alfabetização de adulto de Paulo Freire levam-nos a compreensão da prática
democrática e crítica da leitura do mundo e da palavra. Mundo onde a leitura não deve
ser memorizada mecanicamente, mas ser desafiadora que nos ajude a pensar e
analisar a realidade em que vivemos. “É preciso que quem saiba, saiba sobre tudo que
ninguém sabe tudo e que ninguém tudo ignora” (FREIRE, 2006, p.27). É essencial que
saibamos valorizar a cultura popular em que nosso aluno está inserido, partindo desta
cultura, e procurando aprofundar seus conhecimentos, para que participe do processo
permanente da sua libertação. “A biblioteca popular como centro cultural e não como
um depósito silencioso de livros, é vista como um fator fundamental para o
aperfeiçoamento e a intensificação de uma forma correta de ler o texto em relação com
o contexto” (FREIRE, 2006, p.33). Nesse sentido a atuação da biblioteca popular, tem
algo a ver com uma política cultural, pois incentiva a compressão crítica do que é a
palavra escrita, a linguagem, as suas relações com o contexto, para que o povo
participe ativamente das mudanças constantes da sociedade. Isso só consegue através
de uma educação que estimule a colaboração, que dê valor à ajuda mútua, que
desenvolva o espírito crítico e a criatividade: uma educação que incentive o educando
unindo a prática e a teoria, com uma política educacional condizente com os interesses
do nosso Povo. Educadores e educandos para melhorarem suas práticas deverão
começar a avalizar que, a importância do ato de ler, não permanece na apreensão
errônea de que ler é devorar de bibliografias, sem realmente serem lidas ou estudadas.
Deve-se ler sempre e cuidadosamente livros que nos interessem e beneficiem a
transformação da nossa prática, procurando nos submergirmos nos textos, criando aos
poucos uma disciplina intelectual que nos levará enquanto educadores e educandos
não somente fazermos uma leitura do mundo, mas escrevê-lo o reescrevê-lo.
Transformá-lo através de nossa prática consciente. Sabemos que, se mudarmos nossa
disciplina sobre a leitura, teremos condições de formar as nossas bibliotecas populares,
incentivando as comunidades a escrever seus textos desde o início da alfabetização;
assim iríamos aos poucos formando acervos históricos escritos pelos próprios
educandos.
3.2 Leitura e interpretação
Para Knünppe, (2005), a interpretação de texto é uma atividade que ocorre em
todos os níveis escolares e é sempre comum ouvirmos reclamações tais como: eu não
gosto de interpretação! De novo! Ah não! Cagliari, (1997), diz que o segredo da
alfabetização é a leitura. Talvez mais um motivo desse desconforto: o pouco incentivo à
leitura oferecida aos alunos, na fase da alfabetização. Para Ferreiro e Teberosky,
(1999), a causa principal das dificuldades de compreensão do conteúdo da leitura é o
domínio imperfeito da mecânica da leitura. É comum encontrarmos alunos, e até
mesmo adultos formados, capazes de lerem reportagens em jornais e artigos em
revistas e não entenderem nada daquilo que leram. Segundo Vygotsky, (1993), um
estudo mais profundo do desenvolvimento da compreensão e da comunicação na
infância levou-nos à conclusão de que a verdadeira comunicação requer significado, ou
seja, só compreende o que lê aquele que compreende o significado das palavras.
Assim, conclui-se que primeiro é preciso compreender aquilo que estamos lendo para,
depois, conseguirmos interpretar a leitura feita. É necessário, ainda, incentivar nossos
alunos, por meio de uma atitude questionadora que favoreça a leitura como um
processo mental, oferecendo exercícios de compreensão e discussão sobre o que foi
lido. Knünppe, (2005), defende que o passo inicial para este desafio é a escolha dos
textos e dos livros infantis trabalhados em sala de aula. “Precisamos trazer temas e
assuntos interessantes que façam parte da realidade infantil”. A escola precisa saber
trabalhar com essa situação, incentivando o aluno a realizar os mais variados tipos de
leitura para que, no futuro, possam vir a serem pessoas capazes de compreenderem e
enfrentarem a sua realidade. Knünppe, (2005), Lembra que as crianças desta faixa
etária estão muito presas a leituras que envolvem a fantasia, principalmente os
clássicos contos de fadas. Assim, os professores, devem propiciar às crianças o
contato diário com os livros, para que possam manuseá-los e explorá-los, despertando
a vontade e o gosto de ler, aproximando-os do mundo da leitura. Para uma leitura
infantil, são sugeridos textos que abordem a linguagem das crianças, histórias em
quadrinhos, instruções de trabalho, encarte de jornais, reportagens simples, catálogos
de propaganda e textos produzidos por elas mesmas, de modo que possam ser
devidamente trabalhados com a criança. Para que nossos alunos se sintam desafiados
a interpretarem o texto que leram, precisamos propiciar atividades criativas, que
estimulem o prazer pelo querer ler mais e atribuam um importante papel aos livros e
leituras no sistema educacional; textos que despertem o interesse pelos enredos e pelo
destino dos personagens. Deste modo, facilitaremos a compreensão e a interpretação
dos textos lidos. O procedimento de interpretação de texto vai além de perguntas
óbvias, questionamentos inúteis ou as cansativas fichas de leitura. Precisamos
encontrar meios de aplicá-las em um trabalho sério e prazeroso. Assim, como
alternativas de trabalho podem sugerir: a discussão do assunto com os alunos; o
recontar a história a sua maneira; o transformar aquilo que leram numa dramatização; o
ilustrar e o desenhar figuras para as histórias que leram. É comum entrarmos em uma
sala de aula do ensino fundamental e encontrarmos o quadro cheio de perguntas a
respeito de um texto escrito sobre ele. Uma atividade desgastante ou repetitiva, em vez
de gerar prazer, transforma-se em algo traumatizante que poderá acarretar o
afastamento do ato de ler na vida adulta. Bamberger (2001), diz que a superutilização
dos exercícios mecânicos poderá estragar o prazer que advém da leitura. É importante
ressaltar que o professor deve tomar muito cuidado com a ideia de que toda vez que se
trabalha um texto há a interpretação do mesmo. As crianças, por sua vez, poderão
sentir um pouco de antipatia pela leitura, uma vez que já começam a ler pensando na
série de perguntas que vem depois. Depreende-se da abordagem acima, que as aulas
com leitura e interpretação de texto devem ser dinâmicas e que desperte nas crianças
o prazer pela leitura sem o pensamento voltado para a cobrança ao final da aula. A
formação do jovem leitor pode e deve estar ligado com a disseminação da cultura, o
gosto pelo conhecimento e o despertar para um mundo novo.
3.3 Letramentos múltiplos: competências e habilidades de leitura
Um dos objetivos principais da escola é: permitir que os alunos participem das
várias práticas sociais que se utilizam da leitura e da escrita (letramentos) na vida da
cidade, de maneira ética, crítica e democrática. Como alfabetizar letrando? Como
desenvolver o letramento dos alunos sem deixar de dar atenção ao processo de
alfabetização? Quais gêneros de discurso trabalhar, quando e como? Dentre outros
assuntos ela aborda o tema das competências e habilidades de leitura de maneira
simples e bem elaborada, dando-nos uma visão das capacidades estratégicas para a
realização de uma leitura competente. Segundo (ROJO, 2009), “ler envolve diversos
procedimentos e capacidades (perceptuais, motoras, cognitivas, afetivas, sociais,
discursivas, linguísticas)”, todas condicionadas à situação e às intenções de leitura,
algumas delas denominadas, em algumas teorias de leitura, estratégias (cognitivas e
metacognitivas). Pode-se chamar de procedimentos um conjunto mais amplo de
fazeres e de rituais que envolvem as práticas de leitura, que vão desde ler da esquerda
para a direita e de cima para baixo no Ocidente, folhear o livro da direita para a
esquerda e de maneira sequencial e não salteada; varrer as manchetes de jornal para
encontrar a editoria e os textos de interesse, usar caneta marca-texto para iluminar
informações relevantes numa leitura de estado ou de trabalho, por exemplo. (ROJO,
2009, p. 76 – 77) afirma:
No desenvolvimento das pesquisas e estudos sobre o ato de ler, ao longo desses cinquenta anos, muitas outras capacidades nele envolvidas foram sendo apontadas e desveladas: capacidade de ativação, reconhecimento e resgate de conhecimento armazenado na memória, capacidades lógicas, capacidades de interação social... A leitura passa a ser enfocada não apenas como um ato de decodificação, de transposição de um código (escrito) a outro (oral), mas como um ato de cognição, de compreensão, que envolve conhecimento de mundo, conhecimento de práticas sociais, e conhecimentos linguísticos, muito além dos fonemas e grafemas.
Segundo Rojo, (2009, p. 76), a ativação de conhecimento de mundo,
previamente à leitura ou durante o ato de ler, são capacidades de compreensão
(estratégias). O leitor coloca constantemente em relação seu conhecimento amplo de
mundo com aquele exigido e utilizado pelo autor no texto. Caso esse sincronismo falhe,
haverá uma lacuna (gap) de compreensão, que será preenchida por outras estratégias
em geral de caráter dedutivo. Antecipação ou vaticínio de conteúdos ou de
propriedades do texto: o leitor não aborda o texto como uma folha em branco. A partir
da situação de leitura, de suas finalidades, da esfera de comunicação em que ela se
dá; do suporte do texto (livro, jornal, revista, outdoor etc.); de sua disposição na página;
de seu título, de fotos, legendas e ilustrações, o leitor levanta hipóteses tanto sobre o
conteúdo com sobre a forma do texto ou do trecho seguinte de texto que estará lendo
[...]. Checagem de hipóteses: ao longo da leitura, no entanto, o leitor checará
constantemente essas hipóteses, confirmando-as ou não e, consequentemente,
buscando novas hipóteses mais adequadas. Se assim não fosse, o leitor iria por um
caminho e o texto por outro. Outras estratégias: localização e/ou retomada de
informações, comparação de informações, Generalização, produção de inferências
locais e produção de inferências globais. (ROJO, 2009, p.79) aponta que:
Mais recentemente, a partir dos anos 1990, a leitura tem sido vista como um ato de se colocar em relação um discurso (texto) com outros discursos anteriores a ele, emaranhados nele e posteriores a ele, como possibilidades infinitas de réplica, gerando novos discursos/textos. É preciso também interpretar, criticar, dialogar com o texto: contrapor a ele o seu próprio ponto de vista, detectando o ponto de vista e a ideologia do autor, situando o texto em seu contexto. Percebe-se que o leitor deve estar atento ao texto, inferindo, prevendo, comparando, generalizando. Somente a prática da leitura de muitos e muitos livros de gêneros diversos poderá transformar o aluno que copia em verdadeiro leitor crítico.
Se perguntarmos a nossos alunos o que é ler na escola, talvez obtivéssemos como
resposta de que é ler em voz alta ou sozinho (para avaliação da fluência ou
compreensão). Ou seja, poucas e básicas capacidades leitoras têm sido ensinadas,
avaliadas e cobradas nas escolas. Os resultados do ENEM, por exemplo, têm
mostrado índices insuficientes de leitura cidadã numa sociedade urbana e globalizada.
As estratégias de leitura descritas nesta pesquisa podem e devem ser postas em
prática por educadores e educandos, de maneira a criar hábitos de leitura inteligente, a
partir de uma visão tridimensional (ler, interpretar, inferir).
3.4 Um olhar reflexivo sobre a importância da leitura do livro paradidático
Pelo ato de ler somos levados a pensar de como leitura pode transformar o
cidadão, inserindo-o em mundos distantes pelo prazer da experiência que cada livro
nos oferece. “Através do hábito da leitura, o homem pode tomar consciência das suas
necessidades, promovendo a sua transformação e a do mundo”. (SANTOS, 2009)³
afirma que Ler é essencial. Através da leitura, testam-se os próprios valores e
experiências com as dos outros. No final da leitura de cada livro, fica-se enriquecido
com novas experiências, novas idéias, novas pessoas. (MENEGOLLA, 1991, p. 100)
afirma que:
Eventualmente, fica-se conhecendo melhor o mundo, e um pouco mais de si mesmo. O livro pode ser entendido como um documento escrito e assinado pela mão da humanidade, que registra a vitória do saber sobre a calamidade da ignorância. Ele é o documento do passado, do presente e uma visão profética do futuro, que ajuda a pessoa a entender o mundo, a vida e a si mesmo.
Santos, (2009)³, em sua abordagem aponta que:
Ler é estimulante. Tal como as pessoas, os livros podem ser intrigantes, melancólicos, assustadores, e por vezes, complicados. Os livros transportam as pessoas para outros tempos, outros lugares, outras culturas. Os livros possibilitam que se vivencie em situações e dilemas que nunca poderia imaginar encontrar. Os livros ajudam a sonhar e pensar. Nada desenvolve mais a capacidade verbal que a leitura de livros. Na escola aprende-se gramática e vocabulário. Contudo, essa aprendizagem nada é comparada com que se pode absorver de forma natural e sem custo através da leitura regular de livros. Alguns livros são simplesmente melhores que outros. Alguns autores vêem com mais profundidade o interior de personagens estranhas, e descrevem o que eles vêem e sentem de uma forma mais real e efetiva.
Essas obras podem exigir mais dos leitores: consciência das coisas insinuadas em vez
de puramente descritas, sensibilidade às nuances da linguagem, paciência com
situações dúbias e personagens complicadas, vontade de pensar mais profundamente
sobre determinados assuntos. Porém o esforço vale a pena, pois esses autores podem
proporcionar aventuras que fixam na memória para toda a vida. É essencial perseverar.
A pluralidade da boa escrita possui múltiplas faces e é complexa. É justamente essa
diversidade e complexidade que faz da literatura uma atividade recompensatória e
estimulante. Não raro um livro tem que ser lido mais de uma vez e com abordagens
diferentes. Estas abordagens podem incluir: deve-se fazer uma primeira leitura
superficial e relaxada para ficar com as principais idéias e narrativas; uma leitura mais
lenta e detalhada, focando a nuance do texto, concentrando-nos no que nos parece ser
as passagens chave; e ler o texto de forma aleatória, andando para trás e para frente
através do texto para examinar características particulares tais como temas, narrativa,
e caracterização dos personagens. (FERREIRO, 2004, p.27) afirma seguinte:
A necessidade de ler, de se informar, de estar atento aos grandes e pequenos temas, de abandonar a passividade e opinar sobre tudo que nos cerca. A leitura nos dá a segurança na construção da linguagem clara dizendo o que queremos dizer. A informação nos garante um nível satisfatório de argumentos.
Segundo Santos, (2009)³, aponta que todo leitor tem a sua abordagem
individual, mas o melhor método, sem dúvida, de extrair o máximo de um livro é lê-lo
várias vezes. A leitura é importante em todos os níveis educacionais. Portanto, deve
ser iniciada no período de alfabetização e continuar pelos diferentes graus de ensino. A
leitura constitui-se numa forma de intercâmbio das pessoas de qualquer área do
conhecimento. Ela é uma atividade essencial a qualquer área do conhecimento. Está
intimamente ligada ao sucesso do ser que aprende. Permite ao homem situar-se com
os outros. Permite a aquisição de diferentes pontos de vista e alargamento de
experiências. É também um recurso para combater a massificação executada
principalmente pela televisão. Para o educando, o livro é ainda um importante veículo
para a criação, transmissão e transformação da cultura. Por intermédio do hábito da
leitura, o homem pode tomar consciência das suas necessidades, gerando a sua
transformação e a do mundo. O livro pode ser considerado como precioso recurso de
ensino. No entanto, não é tão popular como o giz, o quadro negro, o lápis e o caderno.
É grande o número de livros publicados, com inúmeros títulos diferentes que poderiam
se bem utilizados, concorrer para a melhoria da qualidade do ensino, Campos (1987, p.
38) enfatiza que: O educador tem a liberdade de escolher as obras didáticas para seus
alunos em função do conhecimento que tem dos livros, da escola e dos alunos. Pode
até mesmo se utilizar de materiais impressos para o ensino de sua disciplina:
dicionários, revistas, jornais e outros e, ainda, elaborar seus próprios textos,
incentivando assim as muitas formas de ler. A educação do ser humano está ligada a
formação e informação. Desta maneira, os conhecimentos transmitidos às novas
gerações devem ser trabalhados com os valores e costumes para que ocorra a
sobrevivência e evolução da cultura. Os textos podem ser utilizados na realização de
objetivos educacionais tanto para formar como para informar. A aprendizagem da
leitura sempre se apresenta intencionalmente como algo mágico, senão enquanto ato,
enquanto processo da descoberta de um universo desconhecido e maravilhoso. O
aprendizado deve desenvolver-se na convivência, cada vez mais com os outros e com
o mundo, naturalmente. Santos, (2009)³, nos aponta que “a finalidade deste estudo é
levar o educador a refletir sobre as práticas de leitura desenvolvidas com o apoio do
livro paradidático em sala de aula”. Procurando mostrar os tipos de leitura e a
importância de se desenvolver a mesma no espaço escolar, pois é através da leitura
que o educando interage com os outros e desenvolve, assim, a suas habilidades
cognitivas. Essa forma de interagir proporciona a noção da própria realidade social,
cognoscitiva e tecnológica como um todo, pois uma triste realidade que podemos
observar na escola, é que a maioria dos educadores utiliza o livro didático como único
elemento chave da sua prática pedagógica. (SANTOS, 2009)³. Sendo assim o ensino
se torna para o educando um processo doloroso. O verdadeiro papel do nosso sistema
educacional deveria ser o de acordar o homem para ter vez e voz, de concordar ou
discordar, de falar e de calar, de defender seus direitos, quando isto for necessário.
Proporcionar uma educação para a inclusão cognoscitiva, ensinando a estender
a mão para salvar o homem e não para esmagá-lo. Educar não é oprimir. É libertar. É
contestar.
Santos, (2009)³, aponta que:
De tudo o que se pode observar, um grande e importante objetivo para o ensino é a formação de um leitor maduro. A maioria dos autores consultados fala em leitor crítico. Tanto a primeira expressão quanto a segunda expressam o grau de aprendizagem do educando e a sua formação para um leitor consciente não depende somente de sua trajetória escolar. Quanto se delimitou o tema, o que se quis estipular foi que, a superação das dificuldades, e mais especificamente com relação à leitura, não é tarefa de um uma única instituição social, mas de toda a Nação como um todo, através da definição de um projeto político, econômico e social que vise à melhoria das condições de vida da população e seu acesso aos bens socialmente produzidos, incluindo o conhecimento elaborado [...].
3. SANTOS, Walderclaudio Nascimento. Um olhar reflexivo sobre a importância da leitura do
livro paradidático. Disponível em: http://www.artigonal.com/educacao-artigos/um-olhar-reflexivo-sobre-a-
importancia-da-leitura-do-livro-paradidatico-1131442.html.
Para vencer as dificuldades e dominar a leitura, é importante a realização das
mais diversas atividades com o apoio do livro paradidático, de modo a formar e
despertar a criatividade do aluno, além de trabalhar o senso crítico, aproveitando as
experiências culturais e sociais, para daí empreender a leitura de mundo.
CAPÍTULO IV – PESQUISA DE CAMPO
4.1 – Universo da pesquisa
O universo da pesquisa foram alunos do ensino fundamental da Escola
Municipal Presidente Costa e Silva, localizada na cidade de Guarapari – ES. O estudo
teve seu foco principal voltado para os estudantes de 5ª e 6ª séries do ensino
fundamental.
4.2 – Público alvo
Para o público alvo desta pesquisa de campo foram distribuídos 120 (cento e
vinte) questionários para alunos da 5ª série do ensino fundamental da Escola Municipal
Presidente Costa e Silva, dos quais 112 (cento e doze) foram respondidos e
computados para o resultado final. Com a finalidade de comparar dados, foram
distribuídos 60 (sessenta) questionários para alunos da 6ª série do ensino fundamental,
dessa mesma escola, dos quais 40 (quarenta) foram respondidos e computados.
4.3 – Procedimento e coleta de dados
Os procedimentos utilizados foram a observação de aulas de leitura sob
orientação do professor, o questionário e a entrevista para coleta de dados.
4.4 - Resultados
Foram realizadas 10 (dez) perguntas idênticas sobre a importância da leitura e de
como eles se comportam com relação aos livros paradidáticos. Alunos de 5ª e 6ª séries
responderam com os seguintes resultados:
Alunos de 5ª série.
1. Quantos livros você lê em média anualmente?
Dois livros (23,21%); três livros (7,14%); quatro livros (12,5%); cinco livros
(17,85%); dez livros (21,42%) e mais de dez livros (17,85%).
2. Você costuma ler desde criança?
Sim – 53,57% Não – 46,43%
3. Se você não lê muito, qual o motivo principal?
Livros caros – 19,64%; faltam bibliotecas – 16,07%; falta de tempo – 32,14%;
falta e estímulo – 23,21%; outros – 8,92%.
4. Seu Professor de Português costuma ler em sala de aula junto à turma?
Sim – 89,28% Não – 10,72%
5. Que tipo de gênero textual mais lhe agrada?
Romance – 37,5%; textos jornalísticos – 8,92%; Histórias em quadrinhos e/ou
tirinhas – 21,43%; ficção – 10,71%; outros – 21,43%.
6. Você deixaria de ir a uma balada em detrimento de um bom livro?
Sim – 25% Não – 51,79% Fariam ambas as coisas – 23,21%.
7. Seus amigos leem com frequência?
Sim – 44,64% Não – 55,36%.
8. Em sua opinião, a Internet e a televisão substituem o livro?
Sim – 60,71% Não – 39,29%.
9. Se livros fossem distribuídos gratuitamente, estimularia a leitura?
Sim – 83,92% Não – 1,79% Não faria diferença – 14,29%.
10. A leitura ajuda o seu desenvolvimento escolar?
Sim – 100%.
Alunos de 6ª série.
1. Quantos livros você lê em média anualmente?
Dois livros (21%); três livros (10%); quatro livros (0%); cinco livros (30%); dez
livros (15%) e mais de dez livros (35%).
2. Você costuma ler desde criança?
Sim – 45% Não – 55%
3. Se você não lê muito, qual o motivo principal?
Livros caros – 5%; faltam bibliotecas – 35%; falta de tempo – 45%; falta e
estímulo – 15%; outros – 15%.
4. Seu Professor de Português costuma ler em sala de aula junto à turma?
Sim – 95% Não – 5%
5. Que tipo de gênero textual mais lhe agrada?
Romance – 40%; textos jornalísticos – 10%; Histórias em quadrinhos e/ou
tirinhas – 20%; ficção – 15%; outros – 15%.
6. Você deixaria de ir a uma balada em detrimento de um bom livro?
Sim – 15% Não – 55% Fariam ambas as coisas – 30%.
7. Seus amigos leem com frequência?
Sim – 30% Não – 70%.
8. Em sua opinião, a Internet e a televisão substituem o livro?
Sim – 80% Não – 20%.
9. Se livros fossem distribuídos gratuitamente, estimularia a leitura?
Sim – 75% Não – 20% Não faria diferença – 5%.
10. A leitura ajuda o seu desenvolvimento escolar?
Sim – 100%.
Na entrevista realizada com 62 alunos sobre o porquê de o brasileiro ler pouco,
35 (trinta e cinco) alunos atribuíram ao desinteresse ou falta de tempo, 19 (dezenove)
alunos disseram que é por falta de dinheiro ou outros afazeres, 5 (cinco) alunos acham
que é por causa do analfabetismo e apenas 3 (três) atribuíram à falta de bibliotecas.
Quando a pergunta foi como a leitura ajuda a formar bons cidadãos? 32 (trinta e dois)
alunos responderam que a leitura traz conhecimento e torna a pessoa mais digna, 11
(onze) alunos acham que a leitura melhora o vocabulário, 13 (treze) alunos disseram
que o ato de ler nos mantém atualizado e bem informado e 6 (seis) alunos atribuiu que
a leitura nos ajuda a valorizar a vida e nos torna mais éticos e conscientes.
A despeito de existir somente uma biblioteca municipal na cidade e nenhuma
nos bairros, menos de 5% dos entrevistados atribuiu à falta de leitura a carência de
bibliotecas. Cem por cento dos alunos de ambas as séries foram unânimes na
afirmação de que a leitura os ajuda no desenvolvimento escolar, apesar da faixa dos
que leem mais de 10 (dez) livros anuais não ultrapassar, em média, aos 27%. Outro
fator que chama a atenção é o percentual de alunos que gostariam que os livros
fossem distribuídos gratuitamente. Aproximadamente 80% respondeu que dessa forma
haveria um estímulo muito maior à leitura. Considerando a renda familiar do grupo
entrevistado, os livros ainda são “artigo de luxo”. Outro dado importante com relação à
6ª série foi o alto percentual de 80% dos que trocariam uma boa leitura pela Internet ou
a televisão. Quanto à leitura em sala de aula, quase a totalidade dos alunos de ambas
as turmas afirma que o professor lê junto à classe, porém essa prática não é
estimulada para fora dos muros escolares. Outra prática que nos chama a atenção é
quanto à importância da leitura em detrimento de uma festa ou balada nos finais de
semana. Mais de 50% (cinquenta por cento) dos entrevistados de ambas as séries não
deixaria de ir a uma balada para ler um bom livro. Concluiu-se, portanto, de que é
necessário divulgar e estimular a leitura em todos os contextos sociais do aluno, dentro
e fora da escola, como forma de resgatar valores através de livros e periódicos que
transmitam noções de ética, cidadania, alteridade, etc.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos dias atuais torna-se cada vez mais importante o acesso ao livro e às
informações. No mundo globalizado em que vivemos é fundamental o conhecimento
não só dos textos escritos, mas também estar a par das relações entre países,
governos e o mundo que nos cerca. O acesso às informações pode e deve-se iniciar
dentro de casa e completar-se na escola, sob a orientação do professor. Dessa forma
torna-se imprescindível facilitarmos o acesso ao livro por meio da implantação de uma
biblioteca construída com a participação dos alunos e acompanhamento do mediador,
neste caso, o professor. É importante que o acervo permaneça acessível às crianças.
Deve-se adaptar o acervo à preferência dos alunos e as estantes compatíveis com a
altura daqueles de menor idade. Sugere-se outra prática tida como fecunda que é a do
ônibus–biblioteca, que atinge grande parte da população da cidade e a do campo. A
biblioteca da família também vem despertando grande interesse nos estudantes, que
doam seus livros como forma de enobrecer o acervo da escola e assim dar início ao
círculo do livro. Esse propósito visa despertar no jovem o contato, o vínculo e a paixão
pela leitura, despertando o hábito de ler. O estímulo à leitura deve ser uma prática
cotidiana não só dos alunos, ela deve se estender a todo corpo docente, como também
fazer parte de um projeto das Secretarias de Educação de cada município brasileiro.
Essas e outras atividades podem ser trabalhadas no âmbito de cada unidade
escolar como forma de estímulo ao hábito da leitura. Esse hábito é consequência do
exercício e nem sempre se estabelece de uma forma prazerosa, porém, sempre
necessário. Razão pela qual, deve-se recorrer a estímulos para introduzir o hábito de
leitura em nossos alunos. A escola tem por responsabilidade proporcionar aos seus
educandos condições para que estes tenham acesso ao conhecimento. Nessa
sucessão de criação e recriação do conhecimento, próprio da vida escolar, a leitura
ocupa, sem dúvida alguma, um lugar de grande destaque. É um trabalho de
conscientização, de resgate de valores em todas as dimensões da vida. Por isso, a
leitura e a interpretação do que se lê tem o poder de alcançar a transformação pessoal
dos alunos, e uma vez conseguida isto, fica mais acessível chegar à formação da
crítica frente a si mesmo e o mundo que o rodeia. Aí sim, acontece a transformação,
tendo então, um cidadão, sujeito de sua história e a partir disso, tudo começa a mudar.
Concluindo, a leitura é importante em todos os níveis educacionais, portanto, ela
deve se desenvolver desde a alfabetização e perpassar por todos os níveis de ensino.
Ela constitui-se numa forma de interação das pessoas em qualquer área de
conhecimento. O aumento de leitores significa acesso às informações mais objetivas.
Com isso passarão a serem críticos da realidade, além de deduzir seus conceitos e
suas ideias, construídos durante a leitura. A falta de hábito da leitura muitas vezes se
restringe pela falta de professores capacitados para orientar tal prática. Cabe ao
professor e a escola difundir essa prática entre os alunos desde as séries iniciais. Um
corpo docente que tem por hábito a leitura, em especial o professor de Português,
despertará no aluno o prazer pelo ato de ler, estimulando-o a interagir com o outro, a
compartilhar experiências e a tornar-se verdadeiro cidadão. Este trabalho procurou
demonstrar a importância da leitura para a formação do indivíduo no decurso de sua
vida e abre caminho para outros estudos sistemáticos no futuro, uma vez que este
assunto não se esgota e requer grande atenção e engajamento por parte da sociedade.
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