TCC - Versão Final 04-07-2010[1]

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1 PERFIL DOS IDOSOS DE PATOS DE MINAS: FATORES PERCEPTIVOS DA SAÚDE E MEMÓRIA PARA A QUALIDADE DE VIDA 1 . Beatriz H. Stedile Fujimoto 2 Nelma Caires Queroz 3 Dóris Firmino Rabelo 4 RESUMO O fenômeno do envelhecimento populacional vem ganhando relevância nos últimos tempos e com isto vem crescendo o interesse da comunidade, dos profissionais de saúde e pesquisadores para as condições de uma velhice com qualidade de vida. O objetivo foi descrever o perfil sociodemográfico da população idosa e verificar os fatores perceptivos de memória e saúde para a qualidade de vida dos idosos. A amostra foi composta por 364 pessoas acima de 60 anos de idade. A maioria era do sexo feminino, cuja idade média foi de 68,9 anos com um desvio 1 Trabalho apresentado como requisito final de avaliação da disciplina TCC, para aprovação do título de graduação no curso de Psicologia pela Faculdade de Ciências da Saúde (FACISA) do Centro Universitário de Patos de Minas- UNIPAM. 2 Graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário de Patos de Minas- UNIPAM 3 Orientadora, Psicóloga, Doutora em Educação, Mestre em Gerontologia e Professora da Faculdade Ciências da Saúde do curso de Psicologia do Centro Universitário Patos de Minas - UNIPAM. 4 Co-orientadora, Psicóloga, Mestre em Gerontologia e Professora do curso de Psicologia da Universidade Federal do Recôncavo Bahiano.

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PERFIL DOS IDOSOS DE PATOS DE MINAS: FATORES PERCEPTIVOS DA SAÚDE E  MEMÓRIA PARA

A QUALIDADE DE VIDA1.

Beatriz H. Stedile Fujimoto2

Nelma Caires Queroz3

Dóris Firmino Rabelo4

RESUMO

O fenômeno do envelhecimento populacional vem ganhando relevância nos últimos tempos e com isto

vem crescendo o interesse da comunidade, dos profissionais de saúde e pesquisadores para as

condições de uma velhice com qualidade de vida. O objetivo foi descrever o perfil

sociodemográfico da população idosa e verificar os fatores perceptivos de memória e saúde

para a qualidade de vida dos idosos. A amostra foi composta por 364 pessoas acima de 60

anos de idade. A maioria era do sexo feminino, cuja idade média foi de 68,9 anos com um

desvio padrão de 7,3. O critério de inclusão dos participantes foi para aqueles que atingissem

o escore mínimo esperado no Mini Exame do Estado Mental. Os resultados mostraram que os

participantes possuem uma percepção positiva em relação a satisfação com a vida, a memória

e a saúde percebida, de forma geral os idosos apresentaram boa qualidade de vida.

PALAVRAS CHAVE: Idoso, Saúde percebida, Memória

INTRODUÇÃO

1 Trabalho apresentado como requisito final de avaliação da disciplina TCC, para aprovação do título de graduação no curso de Psicologia pela Faculdade de Ciências da Saúde (FACISA) do Centro Universitário de Patos de Minas-UNIPAM.

2 Graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário de Patos de Minas-UNIPAM

3 Orientadora, Psicóloga, Doutora em Educação, Mestre em Gerontologia e Professora da Faculdade Ciências da Saúde do curso de Psicologia do Centro Universitário Patos de Minas - UNIPAM.

4 Co-orientadora, Psicóloga, Mestre em Gerontologia e Professora do curso de Psicologia da Universidade Federal do Recôncavo Bahiano.

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A inquietação com a condição de vida na idade avançada auferiu importância nos

últimos 30 anos, diante do aumento do número de idosos e da ampliação da longevidade,

passando a ser explorada por várias disciplinas científicas. O indivíduo longevo deve ser

compreendido sob vários aspectos, que incluem os de ordem psicológica e os de ordem física.

Também se deve levar em conta a interação e a adaptação de cada pessoa ao ambiente estando

sujeito aos valores e ideais mutantes do tempo e no espaço, aos quais fazem referência o

desejo, o prazer e a satisfação em relação às condições disponíveis. (NERI, 2005a).

O envelhecimento deve ser compreendido como um processo natural de todo ser

humano, que ocorre paulatinamente ao longo dos anos por meio de transformações

constitutivas e funcionais que podem mudar de um sujeito para outro. No entanto, é uma área

recente de investigação, pois os primeiros cientistas a se aventurar na área da gerontologia

tiveram de comprovar que os idosos possuíam recursos que não eram explorados. Assim, aos

poucos, foram desmistificando a crença de que estar velho fosse qualificado como sendo

patológico, compreendendo e aceitando as particularidades funcionais deste fenômeno, que é

a própria condição de todo ser vivo. (NERI, 2005a).

Em virtude das proeminências demográficas indicativas do envelhecimento

populacional, as quais acarretam conseqüências para a sociedade e fazem surgir novas

demandas, principia o interesse dos pesquisadores em definir as questões determinantes da

velhice bem sucedida, bem como, conhecer o complexo processo que envolve a saúde no

envelhecimento e suas características.

O conhecimento de tais fatores, através de pesquisas, proporciona a compreensão

dos indicadores que favorecem e desfavorecem a qualidade de vida no processo de

envelhecimento, o conhecimento gerado pelas pesquisas podem promover uma boa velhice e

estimular as pessoas a manterem hábitos e comportamentos que garantam saúde

biopsicossocial nessa etapa da vida.

Para que se tenha uma visão ampliada da velhice, segundo Lawton (1983, apud

Freire,2003), tem-se que levar em conta os fatores ambientais (condições de acesso, manejo,

conforto, segurança, etc); competência comportamental (funcionamento do indivíduo em

relação a saúde física e psicológica, à cognição, ao comportamento social e a utilização do

tempo); qualidade de vida percebida (diz respeito ao julgamento subjetivo sobre seu próprio

funcionamento em toda esfera comportamental como: saúde percebida, dor, desconforto,

aceitação quanto às alterações percebidas na cognição e senso de auto-eficácia tanto físico

quanto cognitivo); e bem estar subjetivo (de forma ampla, podemos dizer que é como as

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pessoas avaliam suas vidas em termos de (satisfação, felicidade, estado de espírito e afeto

positivo).

No entanto, sabemos que no envelhecimento normal, existem alterações nas funções

cognitivas, afetivas e sociais, fazendo com que haja mudanças no comportamento, nos

interesses, nas motivações, nas atitudes e valores; em conseqüência das próprias

transformações que a idade pode causar. Por outro lado, assistimos em alguns idosos,

diferenças peculiares a cada indivíduo, com desempenho maior e portadores de diferentes

bagagens educacionais e socioculturais. (NERI, 2005b).

Neste sentido, acreditamos ser de essencial acuidade que o profissional de saúde

(psicólogo, gerontólogo, médico, enfermeiro, etc.) fique atualizado mediante as

individualidades funcionais deste fenômeno esperado de todo ser humano, buscando

diferenciar os efeitos do envelhecimento natural (senescência) dos efeitos causados pelas

alterações patológicas (senilidade). A palavra senescência refere-se à alterações próprias do

envelhecimento enquanto que senilidade são alterações provocadas pelas doenças. Como

exemplo pode-se citar a diminuição da visão e da audição que ocorrem em função do

envelhecimento e não devido às doenças. (FILHO, 2005)

A memória e a saúde percebida são fatores muito estudados dentro da gerontologia

justamente pela sua relevância na qualidade de vida. A maneira como os idosos percebem sua

saúde assume importância tanto quanto a saúde objetiva em si.

Memória

Yassuda (2006) explana que a memória é um dos quesitos mais pesquisados no campo

da gerontologia, e é também um dos fatores de maior queixa entre os idosos. Algumas teorias

são levantadas para explicar o desempenho da memória entre os mais velhos, principalmente

no que se refere às alterações neurológicas e cognitivas, as quais estariam relacionadas à

lentidão no processamento das informações e ao desuso de táticas de memorização, bem

como ao estilo de vida sem estimulação, devido a poucas oportunidades ou ao próprio

acomodamento.

Outro fator relevante é de que os mais velhos possuem crenças de que a memória sofre

perda com o decorrer dos anos, condicionado-a a ocorrência do mau desempenho.

De acordo com o Modelo Tradicional de memória descrito por Atkinson e Schinffrin

(1968, apud Neri 2006), para exemplificar o funcionamento da memória compara-se a um

computador, onde as informações são coletadas, compiladas e arquivadas e quando

necessárias são recobradas para uso no hábito do dia-a-dia, de acordo com a linguagem com

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que as mesmas foram codificadas. Respeitando esse exemplo, a memória funcionaria em

etapas e de acordo com três sistemas: a memória sensorial, memória de curta duração e de

longa duração.

A Memória Sensorial é um sistema que através da percepção da realidade pelos

sentidos retém por alguns segundos a imagem detalhada da informação sensorial recebida por

algum dos órgãos de sentidos. A memória sensorial é responsável pelo processamento inicial

da informação sensorial e sua codificação. Ao serem processadas, essas informações serão

transferidas para memória de curta duração, sob a forma de imagens, palavras ou números,

(SÉ, QUEROZ e YASSUDA , 2004).

O segundo processo acontece na chamada Memória de Curto Prazo, que é dividida

em dois subsistemas: a memória primária recebe as informações já codificadas pelos

mecanismos de reconhecimento de padrões da memória sensorial e retém estas informações

por alguns segundos, talvez alguns minutos, para que estas sejam utilizadas, descartadas ou

mesmo organizadas para serem armazenadas. Nos idosos essa memória se mantém

relativamente estável ao longo do envelhecimento; o segundo subsistema é a memória

operacional que comporta a retenção e a manipulação das informações que requerem atenção

durante o processamento da informação. Neste sentido sofre comprometimento nos mais

velhos, devido a perdas sensoriais, receio de fracasso e de elementos que acarretam

desatenção, (SÉ et al. 2004).

A Memória de Longo Prazo é caracterizada pela retenção da informação por um

período mais longo de tempo, e se divide em dois subsistemas: memória declarativa ou

explícita e memória não declarativa.

Memória declarativa ou explícita: Também é subdividida em Memória Episódica e

Memória Semântica.

Memória Declarativa/Explícita Episódica que compreende a lembrança de coisas e

eventos associados há um tempo ou lugar em particular. Refere-se à informação com contexto

espacial e temporal específico, exemplo: a lembrança dos episódios ocorridos durante uma

festa na infância ou do conteúdo de uma determinada conversa. A memória episódica tende a

ser afetada com o avanço da idade, e está relacionada à dificuldade de atuar no ambiente mais

do que no aprendizado. Porém, idosos que vivem em contextos com bastantes recursos

ambientais podem manter preservadas suas capacidades de evocar conteúdos memorizados ou

compensar déficits em seus desempenhos na memória episódica (NERI, 2005b).

Memória Declarativa/Explícita Semântica, responsável por nossos conhecimentos

acerca do mundo, por produtos verbais, como nomes dos lugares, descrições de

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acontecimentos sobre o mundo, vocabulários e normas sintáticas. Sua função é lembrar o

passado, mas também planejar o futuro (NERI, 2005b).

Memória não declarativa refere-se ao armazenamento de informações que são

aprendidas e tornam-se comportamentos automáticos, sem que necessitemos pensar para

usufruir, como andar de bicicleta, tomar banho, etc.

Izquierdo (2002) afirma que o estado emocional contribui severamente na retenção das

informações que passam da memória de curto prazo para a memória de longo prazo. Dessa

maneira os estados de ânimo, as alterações de humor e as circunstancias sentimentais

ocasionam e são regulados por vias cerebrais muito bem definidas, que usam como

neurotransmissores a noradrenalina, a dopamina, a serotonina e a acetilcolina, cada uma delas

agindo sobre receptores bem diferentes espalhados por todo o cérebro. Alguns desses estados

favorecem a aquisição, consolidação ou evocação dos mais diversos tipos de memória, por

ação das substâncias mencionadas sobre um ou outro receptor nas regiões cerebrais que fazem

ou evocam memórias; e às vezes, podem afetar de forma oposta a formação das memórias de

curta e longa duração.

Saúde Percebida

A saúde, descrita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é tida como um estado

completo de bem estar físico, mental e social e não simplesmente como ausência de doença.

Na literatura, saúde percebida está intimamente relacionada com a sensação de bem

estar dos indivíduos, associados em sua utilidade como preditor de saúde e em seu impacto

positivo e/ou negativo sobre a família e a sociedade. (NETTO, 2002).

De acordo com Torres (2005), a autopercepção é um componente essencial na auto-

avaliação de um indivíduo, especialmente quando o indivíduo percebe seu estado de saúde e

como ele trata e se relaciona com as diferentes possibilidades sociais, físicas e psicológicas.

O conceito de saúde percebida apresenta uma integração individual de vários aspectos

de saúde, entre eles a competência comportamental (dimensão social) e o sentido de auto-

eficácia (dimensão psíquica), ou seja, com o senso pessoal de que é capaz de executar os

comportamentos necessários para produzir os resultados que deseja. (De VITTA, 2001).

Lawton (1991, apud Torres,2005), destaca “a saúde percebida como um indicador da

qualidade de vida percebida”. Atribui-se à aferição subjetiva particular que cada indivíduo

percebe sobre a condição de saúde física e mental e suas capacidades sob ponto de vista

comparativo entre outras pessoas de mesma idade e condições.

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O processo natural do envelhecimento é acompanhado pela diminuição da capacidade

funcional do organismo, trazendo consigo o medo da incapacidade física, da dependência e da

perda da autonomia. A agilidade desse declínio depende de fatores genéticos, hábitos quanto

ao estilo de vida, contextos sócio-culturais, entre outros. ( NETTO, 2002).

Reconhece-se que a interpretação feita pelo idoso quanto à representação da própria

capacidade pode gerar tanto confiança quanto descrédito de suas competências, tendo

ascendência nos comportamentos de encorajamento mediante os desafios do cotidiano,

comprometendo-se com seu próprio bem estar físico e psíquico; ou tornando-se cada vez mais

apático e inseguro desistindo de si mesmo.

Qualidade de Vida

A qualidade de vida é uma circunstância que abrange múltiplas dimensões, sendo

multideterminado. É compreendido a partir de diferentes épocas e sociedades, e diz respeito

ao ajustamento dos indivíduos e grupos humanos em diversos contextos. Analisar os

pressupostos da qualidade de vida, consiste em confrontar as condições disponíveis com as

aspiráveis (NERI, 2005a) .

A avaliação a essas medidas não são de todo verificáveis, haja visto que são

discriminadas por indicadores subjetivos, comparáveis como por exemplo a saúde percebida,

a satisfação com a vida, expectativas e crenças significativas a cada indivíduo. Algumas

dimensões são mais passíveis de comparação do que outras, no entanto são afetadas pela

acuidade de valores e expectativas singulares (NERI, 2005a).

Neri (2005a), atenta para o fato de compreender como velhice-bem-sucedida os

“aspectos positivos da velhice”, como eficácia nos atos de proceder durante o

desenvolvimento, quanto a sua particularidade, a complexidade para se dimensionar e as

distintas causalidades pertinentes ao processo. Aliado a isso, a diversidade da velhice é vista

como um “fenômeno não só biológico, mas construído socialmente”.

No envelhecimento bem sucedido observa-se uma plasticidade comportamental

otimizada pela captação, aplicação e conservação de recursos internos e externos, os quais

potencializam os ganhos na velhice e minimizam as perdas ao longo do tempo. Isto significa

que as experiências sofridas no decorrer da vida serviram de alicerce para futuras escolhas,

fazendo com que o idoso seja orientado na recuperação e manutenção do seu equilíbrio físico

e psicológico. (RABELO, 2005).

A qualidade de vida na velhice proporciona ao idoso viver sem doenças; de superar as

dificuldades dos estados ou condições de morbidade; ter boa capacidade funcional; uma

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ocupação; ser aceito, respeitado, apoiado e compreendido pela família e sociedade; além de

poder viver socialmente participando e sendo útil em atividades religiosas e/ou recreativas.

A busca pelo conhecimento desse perfil torna-se importante para determinar as

possíveis demandas de intervenção. Sendo assim, esta análise foi motivada no sentido de criar

condições e formas de atendimento e nos preparar para atuar junto a este contingente humano,

nas questões relacionadas à prevenção, promoção, manutenção e tratamento da saúde,

principalmente ocasionadas pelo estilo de vida.

OBJETIVO

Este estudo foi planejado para descrever o perfil sociodemográfico da população idosa

e verificar os fatores perceptivos de memória e saúde para a qualidade de vida dos idosos.

MÉTODO

Foi feito um estudo descritivo, de campo, quantitativo. A pesquisa quantitativa

envolveu a coleta sistemática de informações numéricas, normalmente mediante condições de

controle, além da análise dessas informações, utilizando procedimentos estatísticos.

O processo adotado para a determinação da amostra é a técnica de amostragem

probabilística aleatória simples para a construção de um subconjunto delimitador do universo

adotado. Para o resultado da amostra, foi utilizado o último censo demográfico. Para um nível

de confiança de 95%, com um erro amostral tolerável de 5% e para um universo de 8494

idosos residentes em Patos de Minas, seriam entrevistados 384 idosos, porém pelas condições

encontradas na coleta de dados só foi possível realizar a coleta de 364 participantes. Como os

idosos representaram 4,27% da população, foram calculadas amostras estratificadas

considerando-se esta proporção de acordo com o número de idosos residentes em cada bairro

da cidade.

A seleção da amostra foi realizada pela equipe executora do projeto “Saúde, mecanismos

de auto-regulação do self e qualidade de vida no envelhecimento normal: estudo com a

população idosa de Patos de Minas - MG” aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa do

UNIPAM (protocolo no. 110/08), treinados para este fim, que foram até estas regiões e

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buscaram identificar nos domicílios os indivíduos relevantes para a pesquisa. Após, foi feita a

explanação da pesquisa, objetivos, expectativas e processo para que o sujeito da amostra

aceitasse ou não participar do processo.

Critérios de inclusão: pessoas acima de 60 anos; interessados em participar da pesquisa

após tomar conhecimento do processo; terem aceitado e assinado o termo de consentimento;

não apresentando déficit cognitivo que impossibilitasse a compreensão do roteiro de

entrevista.

Critério de exclusão: Não foram incluídos na pesquisa idosos institucionalizados; idosos

que não atingissem o escore mínimo esperado no Mini Exame do Estado Mental; não

concordassem em participar da pesquisa.

Participantes

Dos 364 idosos entrevistados em Patos de Minas, 67% eram do sexo feminino e 33%

do sexo masculino. A idade mínima pesquisada foi de 60 anos e máxima 93 anos, sendo que a

média de idade dos participantes era de 68 anos e 9 meses de idade com desvio padrão 7,33.

Eram casados 54% , viúvos 34%, solteiros 5% e divorciados 7%.

Em relação a escolaridade, 13% eram analfabetos, 50% com até 4 anos, 17% de 4 a 8

anos, 12% de 9 a 11 anos e 6 % mais de 11 anos de escolaridade. A maioria dos idosos (82%)

vivem acompanhados por familiares (cônjuge 26%; filhos e netos 22%; cônjuge, filhos e

netos 27% e 7% outros) e 18% que vivem sozinhos.

Dos idosos, apenas 22,5% ainda possuem trabalho remunerado, os restantes 77,5%

não trabalhavam. Entre estes, no entanto, 92% são independentes financeiramente

(aposentados) e 8% parcialmente dependentes.

Instrumentos:

a) Anamnese para caracterizar os sujeitos quanto a: idade, sexo, estado civil, escolaridade,

histórico de saúde (indicado por índice de hospitalização no último ano, doenças crônicas,

eventos que deixam seqüelas, medicação), engajamento social (participação em atividades

sociais e de lazer), estilo de vida e hábitos de saúde (atividades físicas, alimentação, histórico

de elitismo e tabagismo), auto-percepção da saúde física e mental, entrevista com o familiar

para informações adicionais.

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b) Mini-Exame do Estado Mental (BERTOLUCCI et. al., 1994; BRUCKI et. al., 2003). É um

teste de rastreamento que permite uma avaliação global do funcionamento cognitivo. É

composto por uma avaliação objetiva da orientação, memória, cálculo e linguagem. Funciona

como indicador de déficit cognitivo. O escore mínimo esperado por escolaridade é: para

analfabetos, 19; para escolaridade de 1 a 4 anos, 23; de 5 a 8 anos, 26,5; de 9 a 11 anos, 28;

para indivíduos com escolaridade superior a 11 anos, 29. Esta é a escala mais amplamente

utilizada na avaliação de declínio cognitivo em idosos;

c) Escala de Lawton (1969) e (BRASIL, 2006). Avalia o desempenho funcional em termos de

atividades instrumentais e os idosos são classificados como independentes, dependentes

parcialmente ou dependentes no desempenho de nove funções (usar o telefone, utilizar meios

de transporte, fazer compras, preparar as próprias refeições, arrumar a casa, fazer trabalhos

manuais domésticos, lavar roupa/cuidar do jardim ou subir escadas, tomar seus remédios na

dose e horários certos e cuidar das finanças).

Procedimentos:

a) Acesso à amostra: Os acadêmicos (alunos do curso de Psicologia) participantes do projeto

foram de porta-em-porta nos bairros selecionados do município de Patos de Minas para

identificar residências que tenham um morador idoso que preencha os critérios de inclusão na

pesquisa. Os alunos se apresentaram e fizeram a explanação da pesquisa, objetivos,

expectativas e processo para que o sujeito da amostra aceitasse ou não participar do processo.

b) Coleta de dados: A coleta dos dados foi feita no domicílio do idoso. Fizeram parte do

projeto doze alunos do curso de Psicologia durante dez meses para a coleta dos dados,

conforme cronograma da pesquisa. Os voluntários foram informados acerca dos objetivos da

pesquisa, sua opção individual em participar ou não, o sigilo da identidade e a importância em

fornecer respostas sinceras para a validade do estudo. Após a resposta afirmativa do sujeito

em colaborar, foi solicitado que este assinasse o Termo de Consentimento Esclarecido. Em

seguida foram dadas as instruções referentes aos instrumentos que foram respondidos

individualmente.

c) Análise dos dados: Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística com a

utilização do programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences). Foram feitas tabelas

de freqüência para as variáveis categóricas bem como estatísticas descritivas das variáveis

contínuas (média, desvio padrão, valores mínimo e máximo e mediana). Para analisar a

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relação entre as variáveis numéricas foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman. O

nível de significância adotado nos testes foi de 5%, ou seja, p<0.05.

RESULTADOS

Nos resultados da Escala de Lawton, declarou-se dependente 0,3% idoso, parcialmente

dependente 7,7% dos idosos e independente 92,0% dos idosos. Mostrando que os idosos

entrevistados são capazes de resolver as questões do dia-dia, mostrando também a

autoconfiança, por confiarem em si e se acharem pessoas independentes.

Na amostra quanto ao estilo de vida, 21,4% disseram que participavam de alguma

atividade na comunidade, 77,7% não participavam e 0,9% não responderam, sendo que dos

que participavam, a freqüência máxima obtida é de 7,4% de participação uma vez por semana,

4,7% duas vezes e de 5% com participação de três vezes por semana. Os demais realizavam

atividade na comunidade uma a três vezes por mês.

Ao se referirem à atividade religiosa, 70% eram participantes, e 34% frequentavam

pelo menos uma vez na semana, 8% duas vezes por semana, 4% três vezes por semana e os

demais variam de uma a três vezes por mês.

Em relação a atividade física, 16% se exercitavam diariamente, 21% pelo menos uma

vez por semana, 21% às vezes e 42% nunca ou raramente realizavam atividade física.

Foi perguntado aos participantes se visitavam o médico regularmente, 82%

responderam que visitavam o médico regularmente, e 18% não. Dos 82% que se consultavam

regularmente o médico, 96% consultou a menos de um ano e 4% a mais de um ano. Ao serem

perguntados sobre a hipertensão arterial e o colesterol, 94% responderam que examinavam

regularmente, e 6% não. Se mantém suas vacinas atualizadas, 92% disse que sim e 8% não.

A maioria dos participantes possuem uma auto-percepção sobre a saúde de modo geral

entre boa 36% e razoável 34%. A distribuição sobre a percepção da saúde de modo geral

pode ser analisada na Figura 1.

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Figura 1. Distribuição quanto a saúde de modo geral.

Quando perguntado como era sua saúde comparada a cinco anos atrás, 24%

considerou-a melhor do que a cinco anos, 41% diz que está igual e 37% considera que está

pior. No mesmo raciocínio perguntamos como estaria daqui a cinco anos, e 53% esperam que

esteja igual, 27% acreditam que estará pior e 20% estimam que esteja melhor.

Saúde Física: condições auto-relatadas

Ao serem questionados se ficaram hospitalizados nos últimos anos, 20% responderam

que sim, e 80% não. No entanto, 52% estão atualmente em tratamento por algum problema de

saúde, 48% diz que não. Quando perguntado se fazem uso de medicação 80% responderam

que sim e 20% não. Destes 80% que utilizavam remédios, 17% tomavam cinco tipos

diferentes de medicação, 10% quatro tipos, 17% três tipos, 19% dois tipos e 18% um tipo.

As doenças auto-relatadas seguem na Figura 2, sendo que as doenças que mais se

manifestaram na amostra foram deficiência visual e a hipertensão arterial.

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Figura 2- Distribuição das doenças auto-relatadas

Quando perguntado se o idoso sente dor, 29% responderam que sempre, 41% sentem

às vezes e 30% raramente. Dos que sentem dores, as mais freqüentes são as dores na coluna,

artrite e ou artrose, dores de cabeça, estomacais e musculares. Na hora de dormir, 20%

responderam que possuem alguma dificuldade. Em relação a alimentação, 15% avaliam ter

ótimo apetite, 64% avaliam ter bom, 9% consideram o apetite razoável e 11% acham que está

ruim.

Auto-percepção da memória

Na saúde percebida em relação a memória, os participantes responderam questões

sobre sua auto-percepção da memória. Ao avaliar sua memória hoje em dia, 49%

consideraram que ela está boa, 27% que está mais ou menos, 12% ótima, 11% ruim e 1%

péssima. Os participantes que responderam que a sua memória não vai bem são 41% (148).

Destes 15% crêem que a memória piorou a cerca de três anos, 13% pensam que a memória

começou piorar há quatro e sete anos, 8% entre oito e nove anos e 5% a mais de doze anos.

Foi perguntado aos participantes como era sua memória antes e 65,7% responderam que a

memória era melhor, 32,7% acreditavam que está igual e 1,6% disseram que era pior. Na

avaliação de como você avalia sua memória hoje, 25,3% avaliaram como sendo boa, nos

indicando que não há percepção subjetiva de disfunção de memória e 74,7% possuem a

percepção de disfunção de memória.

Na percepção familiar com relação ao comportamento do idoso, 36% disseram que

houve alteração no comportamento do mesmo, enquanto que 64% não observaram nenhuma

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mudança. A figura três abaixo mostra as principais alterações na mudança do comportamento

a partir da percepção do familiar.

Figura 3 – Distribuição das mudanças ocorridas no comportamento do idoso a partir da

percepção do familiar

DISCUSSÃO

O perfil levantado dos idosos de Patos de Minas acompanha o perfil dos idosos em

termos de Brasil divulgados pelo IBGE, senso 2000, principalmente com relação a

escolaridade, onde percebe-se 60% desta população com nível de escolaridade inferior a

quatro anos. Segundo o IBGE, este índice é considerado como analfabetos funcionais.

A maioria mulheres também é um dado ocorrido nesta pesquisa, e de acordo com Neri

(2001), este é um fenômeno praticamente universal. No entanto, as mulheres embora

fisicamente mais gráceis, vivem mais do que os homens, prerrogativa que pode ser

parcialmente imputada às diferenças em doenças que incidem uns e outros. A taxa de doenças

letais é muito maior entre os homens idosos do que entre as mulheres idosas, entre as quais

predominam as doenças não-fatais, mas incapacitantes e crônicas, entre elas artrite e

hipertensão. Entre os homens prevalecem as doenças isquêmicas do coração. As mulheres

idosas têm taxas mais altas de morbidade, mas exibem taxas de mortalidade mais baixa do

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que os homens para as mesmas moléstias. As diferenças em saúde física manifestam-se nas

taxas de consumo de remédios, em que as mulheres ganham dos homens. Também, as

mulheres mostram níveis mais elevados de incapacidade física do que os homens, e se

mostram menos satisfeitas com a saúde do que os homens (NERI, 2001).

Na Avaliação do desempenho funcional em termos de atividades instrumentais os

resultados apresentaram que a maioria 92,0% se avaliaram como independentes, capazes de

resolver suas necessidades diárias. Esses dados indicam que os idosos possuem capacidade

funcional que é a medida do grau de preservação da capacidade do indivíduo para realizar

atividades de vida diária (AVDs) e do grau de capacidade para desempenhar as atividades

instrumentais de vida diária - AIVDs (PAVARINI e NERI, 2000). Idosos que possuem a

capacidade funcional preservada possuem maior qualidade de vida, do que aqueles com

comprometimento físico ou mental para a realização destas atividades.

O estilo de vida dos idosos estudados mostrou que apenas 21,4% dos idosos

participavam de alguma atividade, sendo que destes, somente 9,7% participavam de

atividades entre duas a três vezes semanais, indicando com isso pouco investimento do idoso

na realização de atividades. Em relação a atividade física é ainda mais ressaltado uma vez

que, apenas 15% fazem alguma atividade. Segundo Erikson ( ano?, apud Queroz e Neri

2005), existe por parte do idoso um ajustamento psicossocial, e o autor cita que pessoas de

meia-idade e idosos são gerativos. O estágio mencionado por Erikson “geratividade versus

estagnação”, que está relacionado ao cumprimento de tarefas evolutivas internas e

culturalmente determinadas, onde o indivíduo gerativo procura garantir a própria imortalidade

no sentido biológico e sociocultural, no sentido de preservar, promover e cultivar por meio da

transmissão dos valores, deixando um legado para a próxima geração. As pessoas que não

conseguem dar vazão para a preocupação com as próximas gerações, elas podem ser tomadas

pela “estagnação”, não realização de atividades sociais, tédio e empobrecimento pessoal. O

autor afirma que o ideal é que a pessoa seja gerativa com uma pequena dose de estagnação, ou

seja, proporcionando condições de realizar atividades, mas com espaço para fazer reflexões

sobre o seu bem estar e verificar se as escolhas estão sendo adequadas.

Esse fato pode ser explicado pela teoria da seletividade sócio-emocional de

Carstensen (1991, apud Neri (2006), que explica o declínio nas interações sociais e as

mudanças do comportamento emocional dos idosos. Segundo esta teoria a redução da rede de

relações sociais, e a participação social na velhice ocorrem devido a uma redistribuição ativa

de recursos sócio-emocionais dos idosos, em virtude da mudança em sua perspectiva de

futuro. Ou seja, na velhice as relações interpessoais mais próximas como família e amigos são

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mais importantes para a adaptação do idoso. Neste sentido, a redução da rede social para esta

amostra não promoveu influências negativas na sua qualidade de vida.

Na amostra a maioria dos idosos participavam de atividades religiosas (69,2%), as

atividades religiosas podem atuar como estratégias de enfrentamento e são recursos que têm

função adaptativa para proporcionar ajustamento psicológico. Ellison (1991, apud FARIA e

SEIDL,2005), afirma que a religiosidade produz um padrão de interpretação para os eventos e

experiências da vida capaz de amenizar seus efeitos negativos, proporcionando benefícios

espirituais (consolo e orientação) e psicológicos (um senso de controle pessoal diante das

situações problemáticas da vida). Segundo o autor, a religiosidade atuaria tanto em nível

cognitivo quanto afetivo, ou seja, influenciaria a percepção de mundo do indivíduo, levando-

o, assim, a experimentar maiores níveis de satisfação com a vida ().

De maneira geral o idoso pesquisado, quanto ao modelo familiar está dividindo o

domicílio com seus familiares (82%), sejam filhos; filhos e netos ou cônjuge, filhos e netos,

igualmente mostrado pelo senso IBGE (2000), e diferentemente de outros países onde cerca

de somente 5% vivem com os familiares. Os dados aparentemente confirmaram a concepção

de que os idosos no Brasil, assim como nos países latino-americanos, em geral, teriam um

suporte familiar mais intenso do que os idosos na Europa, evidenciando um traço cultural, que

de certa forma compensaria o desnível sócio-econômico (RAMOS, 2003)

Os resultados mostraram que a percepção da própria saúde e da memória, tende ser

melhor observada entre aqueles com maior escolaridade, que trabalhavam, que fazem

atividade física com maior freqüência, que visitam o médico regularmente e entre os mais

independentes funcionalmente. Esses atributos contribuem para que o idoso se perceba e

tenha uma auto-avaliação compatível com o grau de morbidade real. Esses resultados também

foram encontrados em Alves e Rodrigues (2005), onde o nível de escolaridade, apresentou-se

como um importante fator de proteção de uma percepção ruim de saúde entre os idosos e

reduziu as diferenças entre os sexos quanto à autopercepção de uma saúde ruim.

A memória tende a ser um aspecto muito destacado no envelhecimento. Mas

contrariamente ao que se esperava nesta pesquisa, a memória não teve um índice de

insatisfação significativo. Somente 11% dos entrevistados consideravam a memória ruim, 1%

péssima e 27% mais ou menos. Isto indica que embora muitas pessoas queixam-se de

alterações de memória, não existe necessariamente maior implicação clínica para esta

amostra. No entanto, Okamoto e Bertolucci (2002), destacam que entre os diagnósticos

possíveis, a alteração de memória pode ser devido à dificuldade de atenção, decorrente de uso

de medicação (principalmente benzodiazepínicos, neurolépticos e antidepressivos). Outra

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possibilidade para que esteja ocorrendo queixa de memória correlacionada a déficit objetivo

na avaliação é haver alteração de afeto, em particular a depressão em suas diversas formas. A

depressão, acarretando alterações cognitivas, vem recebendo diversas denominações, e todas

salientando as alterações de humor e de afeto com os distúrbios cognitivos, tais como

pseudodemência, síndrome demencial da depressão e distúrbio cognitivo-afetivo.

Por outro lado, no estudo de Antunes, et al. (2001),  idosas foram submetidas a uma

avaliação basal através de teste de esforço máximo com eletrocardiograma e testes

neuropsicológicos buscando avaliar a memória, praxia, construção viso-espaçial, agilidade de

mãos, agilidade mental, atenção, fluência verbal e inteligência geral. Após a avaliação o grupo

experimental participou de um programa de condicionamento físico com ênfase no

metabolismo aeróbico que consistiu em uma caminhada três vezes por semana, com duração

de 60 minutos. Como atividade complementar foram realizados exercícios de alongamento e

flexibilidade articular. Os resultados revelaram que o grupo experimental melhorou

significativamente na atenção, memória, agilidade motora, sendo significativo também a

melhora de humor. Eles reconhecem que a atividade física regular possibilita benefício a

saúde, aumentando a capacidade física e promovendo contatos sociais, consequentemente

atua como auxiliar no combate a depressão e a ansiedade, repercutindo nos relacionamentos

interpessoais e estimulando a auto estima pela superação de pequenos desafios. Também é

beneficiado as funções cognitivas em associação com as melhoras fisiológicas. Por

conseguinte, os dados sugerem que a participação em um programa de condicionamento

físico aeróbio sistematizado pode ser visto como uma alternativa não medicamentosa para a

melhora cognitiva em idosos não demenciados. Os resultados encontrados no estudo de

Antunes corroboram com os dados encontrados nos idosos que participaram deste estudo, eles

apresentavam independência física, a maioria praticavam atividades religiosa e metade da

amostra praticavam atividade física e se preocupavam com a saúde fazendo visitas periódicas

ao médico, esses resultados atuam na proteção das funções cognitivas, na preservação do

humor e no condicionamento físico proporcionando melhores condição na obtenção da

qualidade de vida.

Vários estudos descrevem os benefícios dos exercícios físicos para com a cognição, é

o que nos relata o artigo de revisão literária sobre o assunto, Silva et al (2007), onde conclui

que de acordo com as evidências levantadas, tanto exercícios aeróbicos como os de força

proporcionam resultados positivos no tratamento preventivo e não medicamentoso, para

retardamento do déficit de memória em idosos. Eles explicam que os exercícios provocam

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mudanças bioquímicas e psicofisiológicas, o que contribui para melhora na saúde como um

todo.

CONCLUSÃO

Esta pesquisa teve por objetivo descrever o perfil sociodemográfico da população

idosa de Patos de Minas e investigar a auto-percepção da saúde e memória para a qualidade

de vida.

No presente estudo evidenciamos a auto-percepção da saúde e memória, bem como as

variáveis sociodemográficas como fatores determinantes para qualidade de vida do idoso, as

quais poderíamos concluir que a sua percepção é considerada para cerca de 80% destes como

de boa qualidade de vida. Obviamente a qualidade de vida não se restringe em avaliar

somente essas dimensões, sendo interessante mais pesquisas que possam abranger todas as

dimensões para uma avaliação com características próprias à qualidade de vida.

O perfil traçado pelos idosos de Patos de Minas nos direciona a pensar que novas

formas de atendimento devem ser estruturadas a este grupo de indivíduos. Dentre estas é

necessária uma equipe multiprofissional a qual possa abarcar as contingências de

heterogeneidade, principalmente as ações voltadas à reabilitação, desenvolvimento e

promoção, tanto da saúde física quanto psíquica.

Os futuros profissionais devem estar preparados para uma prática integral, onde são

respeitados os valores, a cultura e a escolaridade dessas pessoas, estando sempre sendo

conduzidas pela avaliação do próprio idoso e em sua percepção da qualidade de vida

subjetivos.

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