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SUSTENTABILIDADE E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
DA CAPRINOCULTURA NO MUNICÍPIO
DE SANTO ANDRÉ-PB
Estefania Gomes Barreto (UEPB)
estefania@hotmal.com
Waleska Silveira Lira (UEPB)
waleska.silveira@oi.com.br
Roberta Maiara Magalhaes de Andrade Lima (UFCG)
roberta_maiara@hotmail.com
Julianna Gomes da Silva (UFCG)
juliannagomes_@hotmail.com
Mirella Quintas Lyra (UFCG)
mirella_lyra@hotmail.com
Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade são temas bastante
atuais e discutidos principalmente no mercado empresarial
contemporâneo. Mas o foco na produção rural deve ter uma grande
atenção, principalmente pela precariedade de recursoos e instrução do
homem do campo. Desta forma, o presente trabalho busca analisar a
relação entre a sustentabilidade e desenvolvimento sustentável no
cultivo à Caprinocultura do município de Santo André-PB. Para tanto,
foi realizada uma pesquisa bibliográfica e de campo para maior
riqueza e argumentação da análise concluída. Neste sentido, pudemos
perceber, após análise dos dados estatísticos e comentários dos
respondentes, que a caprinocultura na região ainda tem um
desenvolvimento recente. 61% dos caprinocultores não ultrapassam
três anos de início na atividade. É, portanto, um processo em ascensão
que necessita de investimentos em inovações tecnológicas, mas de
forma a contribuir com o meio ambiente de forma sustentável, pois
embora o cultivador tenha um certo nível de importância da produção
moldada ao desenvolvimento sustentável, na prática há uma certa falta
de recursos e prevalência do comodismo.
Palavras-chaves: Desenvolvimento sustentável. Sustentabilidade.
Caprinocultura.
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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1. Introdução
Apesar da importância das dimensões social, política e econômica, o aspecto mais difundido
do desenvolvimento sustentável é a dimensão ambiental, a qual vem sendo cuidadosamente
discutida com a sociedade. Na abordagem dessa questão pelo governo brasileiro há,
entretanto, um fator diferencial. A diferença é que não olhamos o meio ambiente somente
como uma restrição ao desenvolvimento, ou um custo adicional para as empresas e a
sociedade. Olhamos o meio ambiente principalmente como um grande conjunto de
oportunidades para investimentos públicos e privados. Investimentos esses que devem ser
intensivos em informação e conhecimento e capazes de gerar produtos e serviços de alto valor
agregado. O objetivo é o uso mais eficiente dos recursos naturais, preservando a capacidade
da natureza de renovar-se.
Muito embora as pessoas escutem falar de temas relacionados ao meio ambiente, e até mesmo
comentem de forma favorável ao desenvolvimento sustentável e à sustentabilidade, perdem as
palavras aos poucos para dar exemplos de como proceder para atingir estes fins, e,
principalmente, acabam por se mostrarem omissas na questão prática do dia a dia, com o
simples fato de jogar um plástico na rua.
No presente trabalho, fazemos uma abordagem diante da realidade da zona rural e o cultivo da
caprinocultura neste contexto de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade. Para tanto a
pesquisa não se limita à fundamentação teórica, também é realizada uma coleta de dados no
município de Santo André-PB para compararmos se há uma ligação entre os termos
abordados e a caprinocultura cultivada na zona rural do município.
E para o enriquecimento deste estudo, focamos uma abordagem sobre desenvolvimento
sustentável e sustentabilidade e sustentabilidade da perspectiva econômica. Em seguida,
seguem os aspectos metodológicos, a apresentação e análise dos resultados da pesquisa, bem
como as considerações finais e referências.
2. Referencial Teórico
2.1 Desenvolvimento sustentável e sustentabilidade
Desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente,
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias
necessidades. Consiste num processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a
direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança
institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro. Para a continuidade do
desenvolvimento sustentável, é preciso assegurar a competitividade dos produtos e serviços
gerados pela economia, estimulada pela adequação dos fatores sistêmicos, pela exposição à
competição interna e externa, pela qualidade, pela produtividade e pela inovação.
A Sustentabilidade consiste na capacidade de uma atividade ou sociedade se manter por
tempo indeterminado, sem colocar em risco o esgotamento, a qualidade e o uso abusivo de
seus recursos naturais. Goodland (1995), a define como a manutenção do capital natural entre
os quatro tipos de capital – natural, humano, construído e social -, assume a questão ambiental
ainda de maneira setorizada, sem incluí-la nos outros setores constitutivos da vida na Terra
ressaltando ainda as causas de provável insustentabilidade em fatores como o limite da
capacidade ambiental, perante a escala dos meios de produção, e falha dos governos em
admitir os perigos decorrentes da poluição e do rápido crescimento populacional.
2.2 Dimensões da sustentabilidade
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Guilherme (2007), dimensiona a sustentabilidade em três graus - Fraco, Forte e Muito Forte -
relacionados à capacidade de substituição que permeia os quatro tipos de capital, delimitados
pelo sistema econômico: natural, humano, construído e social.
Neste contexto, Goodland (1995, p. 15-16), sintetiza os três graus de sustentabilidade como:
Sustentabilidade Ambiental Fraca: Mantém o capital total intacto, sem considerar a sua
repartição nas quatro subcategorias. Isto poderia implicar que os vários tipos de capital são
mais ou menos substituíveis, ao menos dentro dos limites dos níveis atuais da atividade
econômica e da utilização de recursos. Dadas a atual liquidação e as graves ineficiências
no uso dos recursos, sustentabilidade fraca poderia ser um grande avanço, ainda num
primeiro nível, ma não se constitui em sustentabilidade ambiental, tornando-se assim
condição necessária mas não suficiente para tanto.
Sustentabilidade Ambiental Forte: Requer a manutenção em separado dos quatro tipos de
capital. Esta assume que o capital natural vão é perfeitamente substituível, antes é
complementar de funções produtivas e, agora, limitado; esta é uma proposta que vem
sendo assumida por economistas ecológicos.
Sustentabilidade Ambiental Muito Forte: Não pode haver depleção d recursos naturais.
Recursos não renováveis não podem ser usados, assim como todos os recursos minerais.
Os recursos renováveis são utilizados, condicionados à reposição de estoques.
Para Guilherme (2007), essas dimensões seriam acrescidas, à medida que o entendimento da
sustentabilidade avançava para outros setores, estruturando os aparatos teóricos e político-
institucionais da globalização, forjando novas alianças e novos atores sociais em ação, e
tornando-se para alguns autores o discurso paradigmático das mudanças sociais, dentro da
visão da ultra modernidade, vinculada a novos padrões de participação política e valores pós-
materialistas.
2.3 Sustentabilidade da perspectiva econômica
A Sustentabilidade Econômica abrange alocação e distribuição eficientes dos recursos
naturais dentro de uma escala apropriada. O conceito de desenvolvimento sustentável,
observado a partir da perspectiva econômica, segundo Rutherford (1997), vê o mundo em
termos de estoques e fluxo de capital. Na verdade, essa visão não está restrita apenas ao
convencional capital monetário ou econômico, mas está restrita apenas ao convencional
capital monetário ou econômico, mas está aberta a considerar capitais de diferentes tipos,
incluindo o ambiental e/ou natural, capital humano e capital social.
Para os economistas o problema da sustentabilidade se refere à manutenção do capital em
todas as suas formas. Rutherford afirma que muitos economistas ressaltam a semelhança entre
a gestão de portfólios de investimento com a sustentabilidade, onde se procura maximizar o
retorno mantendo o capital constante. Os economistas, ao contrário dos ambientalistas,
tendem a ser otimistas em relação à capacidade humana de se adaptar a novas realidades ou
circunstâncias e resolver problemas com sua capacidade técnica: No mundo econômico, para
o autor, o único elemento imprevisível é a raça humana.
Segundo Lira (2007), a Comissão de Desenvolvimento Sustentável, órgão da ONU
responsável pelo acompanhamento da Agenda 21, propôs como critérios para o
desenvolvimento desses indicadores, serem:
a) Primeiramente nacionais em escala ou escopo (os países também podem desejar usar
indicadores de escopo regional ou municipal);
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b) Relevantes para o objetivo principal de avaliar os progressos em direção ao
desenvolvimento sustentável;
c) Compreensíveis, ou seja, claros, simples, e não ambíguos;
d) Realizáveis dentro das capacidades dos governos nacionais, considerando restrições
logísticas, de tempo, técnicas e outras;
e) Conceitualmente bem fundamentadas;
f) Limitados em número, permanecendo abertos a futuros desenvolvimento;
g) Amplos na cobertura da agenda 21 e todos os aspectos do desenvolvimento sustentável;
h) Representativos de um consenso internacional, tanto quanto possível;
i) Apoiados em dados já disponíveis ou disponíveis a uma razoável relação custo-benefício,
adequadamente documentados, de sabida qualidade e atualizados em intervalos regulares;
Com base nessas recomendações, esses indicadores foram agrupados em três grandes
categorias, visando dar um primeiro passo na direção de um processo interativo:
a) Indicadores de tendência: indicam atividades humanas, processos e padrões que têm
impacto sobre o desenvolvimento sustentável;
b) Indicadores de status: indicam o estado ou a situação do desenvolvimento sustentável;
c) Indicadores de resposta: indicam opções de política e outras respostas às mudanças no
status do desenvolvimento sustentável.
Os indicadores foram, ainda, organizados segundo as diferentes dimensões do
desenvolvimento sustentável – a social, a econômica, a ambiental e a institucional -, e
relacionados aos diferentes capítulos da Agenda 21.
3. Aspectos Metodológicos
A metodologia utilizada em pesquisas trata-se de uma ferramenta básica e estratégica da
ciência em sua busca por respostas ainda não descobertas ou incompletas.
Conforme Minayo (2003, p. 16-18), a metodologia de pesquisa é o caminho do pensamento a
ser seguido. Ocupa um lugar central na teoria e trata-se basicamente do conjunto de técnicas a
ser adotada para construir uma realidade.
3.1 Tipo de Pesquisa
O presente trabalho baseou-se em uma pesquisa bibliográfica, bem como de campo. Qualquer
estudo científico supõe e requer uma prévia pesquisa bibliográfica, seja para sua necessária
fundamentação teórica, ou mesmo para justificar seus limites e para os próprios resultados.
Cervo e Bervian (1996, p. 48) afirmam que:
a pesquisa bibliográfica é meio de formação por excelência. Como trabalho
científico original, constitui a pesquisa propriamente dita na área das Ciências
Humanas. Como resumo de assunto, constitui geralmente o primeiro passo de
qualquer pesquisa científica.
É por meio da pesquisa bibliográfica que o pesquisador faz contato direto com tudo o que foi
publicado, dito, filmado ou de alguma outra forma registrado sobre determinado tema,
inclusive através de conferências seguidas de debates.
Quanto à pesquisa de campo, de acordo com Lakatos e Marconi (2001, p. 186), corresponde
àquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um
problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar,
ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre ele.
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Assim sendo, como propósito metodológico, a idéia será observar e analisar de forma
quantitativa, dada a representação porcentual dos resultados, as informações obtidas sobre o
tema na cidade de Santo André-PB, para que o estudo seja mais específico, melhor
desenvolvido e rico em informações.
3.2 Caracterização do Universo e Amostra
De acordo com Marconi e Lakatos (1999), o universo ou população é o conjunto de seres
animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum e a
amostra é a porção ou parcela convenientemente selecionada do universo. Neste caso,
considerando que consultar um alto número de pessoas da zona rural de Santo André-PB
tornaria o trabalho de coleta de dados muito prolongado, o critério usado para a seleção destes
foi feito de acordo com o acesso à 13 trabalhadores do sexo masculino, de um grupo de
associados rurais de 32, sendo 27 caprinocultores. Estes foram abordados e convidados a
responder as perguntas de livre e espontânea vontade. E esta amostra selecionada foi,
portanto, por acessibilidade.
3.3 Instrumento de Coleta de Dados
O estudo foi validado mediante a aplicação de uma pesquisa com 15 perguntas, sendo 13
fechadas de alternativas diversificadas e 2 abertas relacionadas ao desenvolvimento
sustentável, sustentabilidade e a caprinocultura, no caso, de Santo André-PB.
4. Apresentação e Discussão dos Resultados
Os resultados da pesquisa de campo realizada na zona rural do município de Santo André-PB,
estão representados estatísticamente de forma gráfica. O questionário está dividido em cinco
seções de questões fechadas: Análise Demográfica; Características das Famílias;
Características das Propriedades Rurais; Características da Principal Atividade Produtiva;
Análise da Dimensao Ambiental; e uma seção duas perguntas abertas relativas ao tema.
4.1 Análise Demográfica
4.1.2 Estado Civil
Gráfico 2 – Estado Civil
Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.
A maior parte dos respondentes (61%) é casada ou tem uma união estável. Em seguida, 31%
são solteiros, 8% separados e ninguém respondeu ser viúvo.
4.1.3 Grau de Instrução
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Gráfico 3 – Grau de Instrução
Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.
Em relação ao grau de instrução ou de escolaridade, quase a metade dos dados mostram que
46% destes trabalhadores têm nível fundamental incompleto. 23% terminaram o ensino
médio, e 15% têm o ensino superior incompleto. Em empate, seguem com 8% o total que
possui o ensino fundamental completo e o ensino médio incompleto. O total de analfabetos na
pesquisa é de 0%.
4.2 Características das Famílias
4.2.2 Quantidade de pessoas
Gráfico 5 – Quantidade de pessoas
Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.
A quantidade de pessoas moradoras em uma mesma residência, ou seja, cada família tem em
46% 3 ou pessoas. Este número aumenta para 5 a 6 em 31% dos respondentes. 15% têm até
duas pessoas na residência, e apenas 8% a partir de 7.
4.3.3 Quantidade de pessoas Alfabetizadas
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Gráfico 6 – Quantidade de pessoas alfabetizadas
Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.
No total correspondente à 15% daqueles que residem em até 2 pessoas, todos (100%) são
alfabetizados. Conforme mostra o gráfico, 67% são alfabetizadas enquanto 33% responderam
que até 2 entre 3 ou 4 de um total de 46% dos representantes da amostra são alfabetizados;
31% dos respondentes correspodem ao total que residem em até 5 a 6 pessoas. Deste número,
75% são alfabetizados, e 25% tem 3 ou 4 alfabetizados; Com 8% de representação, as
residências rurais com mais de 6 pessoas têm 100% de 5 a 6 alfabetizados.
4.4 Características das Propriedades Rurais
4.4.1 Situação
Gráfico 10 – Situação
Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.
Quanto à situação das propriedades rurais, 54% são próprias. 31% são indicadas em outras
condições como de herdeiros. E 8% e 7% são respectivamente arrendadas e de posse.
4.4.2 Área (ha)
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Gráfico 11 – Área (ha)
Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.
A área informada em hectares (ha) corresponde em um empate entre 31% para 21 a 30 (ha) e
mais de 50. Em seguida, 23% têm uma área de 11 a 20 (ha). Com 8% há 31 a 40 (ha) e 7% de
1 a 50.
4.5 Características da Principal Atividade Produtiva
4.5.1 Principal Atividade Produtiva
Gráfico 12 – Principal Atividade Produtiva
Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.
Como principal atividade produtora a Caprinocultura de Leite obteve bastante destaque,
foram 77% dos respondentes que indicaram a atividade econômica. Outros resultados
corresponderam a 8% para Bovinocultura de Leite e a mesma porcentagem para a
Agricultura. 7% cultivam a caprinocultura de corte.
4.5.2 Tempo de Atividade (anos)
Gráfico 13 – Tempo de Atividade (anos)
Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.
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O tempo exercido nestas atividades correspondem à 38% entre 0 a 1 ano; 23% para 2 a 3
anos, e a mesma quantidade a partir de 6 anos. Em 8% estão aqueles com 4 a 5 anos e também
5 a 6 anos de tempo na atividade.
4.5.3 Rendimentos decorrentes da atividade produtiva principal (Salários Mínimos)
Gráfico 14 – Rendimentos decorrentes da atividade produtiva principal (Salários Mínimos)
Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.
Os rendimentos decorrentes da atividade produtiva principal foram representados em
quantidade de salários mínimos. Neste contexto, 69% afirmaram que recebem até 1 salário; e
31% acima de 1 até 2. Desta forma, 0% recebe acima de 2 até 3 e/ou a partir de 4.
4.5.4 Produtos Comercializados oriundos da atividade principal
Gráfico 15 – Produtos Comercializados oriundos da atividade principal
Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.
Os produtos comercializados oriundos da atividade principal são em 77% leite de cabra. Os
demais são em 8% feijão, milho e leite de vaca; e 7% ainda advindo da caprinocultura através
da carne caprina.
4.6 Análise da Dimensão Ambiental
4.6.1 Adoção de práticas de Conservação e Recuperação do (a)
Gráfico 16 – Adoção de práticas de Conservação e Recuperação do (a):
Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.
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Em relação à dimensão ambiental, 38% fazem uma adoção de práticas de conservação e
recuperação dos açudes; 31% do solo; e outros 31% responderam NDA, ou seja, nenhuma das
alternativas. As outras opções citadas como água, vegetação, lagoas, nascentes, e rios, não
foram citadas (0%).
4.6.2 Ações práticas de tratamento, aproveitamento ou reciclagem
Gráfico 17 – Ações práticas de tratamento, aproveitamento ou reciclagem
Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.
Quanto às ações práticas de tratamento, aproveitamento ou reciclagem, 69% fizeram relação
com a vegetação nativa/resto de plantas. E entre 16% e 15%, respectivamente, ficaram o lixo
doméstico e os rejeitos líquidos.
4.6.3 A Oferta e as Formas de Abastecimento de Água
Gráfico 18 – Oferta e as Formas de Abastecimento de Água
Fonte: Pesquisa de campo, Novembro de 2010.
No que se refere à oferta e às formas de abastecimento de água, 27% se referiram para o
consumo familiar e 27% para cisternas. Em seguida, 20% disseram que a oferta e
abastecimento se dava por açude da propriedade; 11% por poço da propriedade; 7% por açude
fora a propriedade; 6% atividade pecuária; e apenas 2% rio da propriedade.
4.7 Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade na Caprinocultura de Santo André-
PB
4.7.1 O cultivo da caprinocultura de forma sustentável
Questionou-se sobre como cultivar a caprinocultura de forma sustentável. As respostas
alternaram entre:
“Investir nos reservatórios de água e mais investimento nos rebanhos”.
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“Contribuindo ao governo com o leite, para que haja o lucro tanto do caprinocultor quanto
da pessoa que é beneficiada com o leite”.
“Investindo nos reservatórios de água e usando técnicas par melhorar o rebanho”.
“Havendo incentivo por parte o governo para melhoramento do rebanho e assim, terá uma
melhor qualidade da produção”.
“Mantendo os nossos rebanhos em pequenas quantidades e com melhor qualidade em
produção de carne e leite, fazendo com que a nosso rebanho faça parte dos itens que nos
permitem permanecer no campo com dignidade”.
“Com mais ajuda (do governo) pra a gente vender mais”.
“Vai depender do sistema de cotas. Se as cotas „aumentar‟ e não „existirem‟ mais melhora
para os produtores cultivar a caprinocultura dessa forma”.
“Com a melhora do local onde cria os animais pra melhorar a produção”.
“Elaborando novas formas de aproveitamento da área em que produz, como: cilagem para a
produção de caprinos e também bovinocultura”.
“Melhorando a qualidade dos rebanhos para aumentar a produção”.
“Uma forma eficaz para cultivar a caprinocultura, é melhorando o aproveitamento da área
de produção e melhorando a qualidade do rebanho”.
4.7.2 A sustentabilidade da Caprinocultura
A Sustentabilidade é uma condição de um processo de forma a permitir a sua permanência,
em certo nível, por um determinado prazo. Assim sendo, esta questão buscou verificar esta
relação com a Caprinocultura de Santo André-PB. Os comentários a este respeito foram:
“Sim, pois a caprinocultura tem a somar com a agricultura de subsistência.”
“Sim. Porque é um meio de ganhar dinheiro para o sustento da família”.
“Sim, pois garante o sustento da família ou aumenta a renda familiar”.
“Sim. Porque atualmente a caprinocultura é uma das principais fontes de renda para quem
está no ramo”.
“Sim. Pois a caprinocultura é uma das fontes de renda mais presentes na agricultura
familiar, sendo assim faz-se com que estas pessoas tenham uma perspectiva melhor em
relação ao seu futuro”.
“Sim. Porque a caprinocultura leiteira de Santo André está no início para alguns
produtores. Tem determinados prazos que acontece do leite estar em baixa quantidade e nem
todos têm permanência em um certo nível”.
“Pequenos agricultores vivem não só da agricultura de subsistência, como também vendem
leite de cabra para pequenos criadores”.
“Ocorre. Porque com o desenvolvimento da caprinocultura, mesmo que não possua outra
forma de renda, dá para permanecer”.
“Sim. A caprinocultura de Santo André é fonte de gerar renda”.
“Sim. Porque eu complemento a renda que tenho da bovinocultura”.
4.8 Análise dos Resultados
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De acordo com os dados resultantes da pesquisa, todos os respondentes foram homens. Isto
porque, até por uma questão de cultura, são estes que predominam como os chefes de família,
principalmente na zona rural, e, consequentemente praticam, no caso, a principal atividade
econômica abordada, a caprinocultura. Assim sendo, a grande fatia deste total é formada por
trabalhadores casados (61%), e com uma considerável representação de baixa instrução
escolar, o que corresponde a 46% desta amostra, apenas com o ensino fundamental
incompleto.
Na zona rural é comum o alto número de membros da família em uma residência. Porém,
surpreendentemente, o número de filhos foi baixo: Enquanto 31% não têm filhos, 46% só têm
até 2. Desta forma, a quantidade de pessoas na família também ficou entre 60% tendo de dois
a quatro membros em uma só residência. E quanto à alfabetização destes membros, a pesquisa
mostrou que é maior o índice nas casas com menos pessoas.
Na questão relativa à propriedade rural, pudemos perceber que mais da metade (54%) é
proprietário. E a área destas terras varia entre 11 a 30 ha. Ou seja, é um bom encaminhamento
para o cultivo da caprinocultura, que é a principal atividade econômica para a grande maioria
destes trabalhadores rurais, e tem como produto principal o leite da cabra. Estes dados são
favoráveis até mesmo por se tratarem de iniciantes, pois 61% começaram estas atividades há
no máximo 3 anos. Quanto ao rendimento deste trabalho, ainda é preciso que haja
investimentos tanto do governo quanto do próprio cultivador, pois ainda é bastante baixo,
69% disseram que lucravam em média apenas um salário mínimo por mês.
Nas questões referentes à abordagem da caprinocultura diante do desenvolvimento sustentável
e sustentabilidade, pudemos perceber que embora haja um certo nível de consciência da
importância e necessidade de mudanças, as práticas acionadas no dia a dia desta realidade no
campo são consideravelmente indiferentes à questão ambiental. Prova disto, é que embora a
adoção de práticas de conservação e recuperação de açudes seja realizada por ainda 38%,
estas ações foram bastante singulares, já que as alternativas citavam ainda vegetação, lagoas,
nascentes e rio, que não receberam nenhuma votação.
Da mesma forma, embora 69% façam tratamento, aproveitamento ou reciclagem, no caso na
vegetação nativa/resto de plantas, ninguém marcou sólidos, rejeitos líquidos ou semi-líquidos.
Esta questão é fundamental para a preservação do meio ambiente. Enquanto o ideal seria a
atenção a pelo menos, todos estes pontos, grande parte é ignorada. Apenas na questão da
oferta e formas de abastecimento de água é que observa uma distribuição maior da atenção
dada às alternativas já que 27% faz uso para consumo familiar e a mesma quantidade usa
cisternas, 20% tem açude na própria propriedade e 11% tem poço na própria propriedade.
Estes pontos mostram um fato bastante positivo: as pessoas têm um certa precaução quando
se trata da água. Embora o Brasil seja um país riquíssimo em relação a este recurso, é sabido
que a região nordestina, porém, tem problemas de seca, o que afeta diretamente o homem do
campo. Por isso, estas medidas de construção e conservação de açudes, poços e cisternas se
tornam tão importantes não apenas para a questão do desenvolvimento sustentável, quanto
para a própria sustentabilidade do cultivo à terra por parte do trabalhador rural.
Em uma abordagem mais direta com relação ao tema, pudemos observar nas questões abertas
que há uma considerável distância entre a teoria de como implementar métodos capazes de
promover o desenvolvimento sustentável e sustentabilidade na caprinocultura de Santo
André-PB, e a lenta sintonia da prática destes processos nas atividades desempenhadas ao
longo do cultivo rural.
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Apesar da baixa escolaridade, percebemos que na primeira questão sobre como cultivar a
caprinocultura de forma sustentável, as pessoas têm propostas interessantes para a serem
planejadas e implementadas como o investimento nos reservatórios de água, qualidade em
produção da carne e do leite, incentivos por parte o governo, e melhorando o aproveitamento
da área de produção, se refletindo, consequentemente, na qualidade do rebanho.
Diante do tema Sustentabilidade, percebeu-se que houve uma grande relação quanto ao
rendimento da produção. Tendo uma série unânime de respostas afirmativas neste sentido.
Apenas uma reposta fez relação ainda com a questão da sustentabilidade, ao ligar a
caprinocultura e a agricultura como forma de subsistência.
5. Considerações Finais
Diante do que foi exposto na fundamentação do presente estudo, foi possível observar a
consciência de que a sustentabilidade do desenvolvimento está intimamente associada à
redução das desigualdades sociais. No médio prazo, a sociedade rejeitará qualquer projeto
nacional que não tenha como prioridade maior a solução para a exclusão social e para as
disparidades regionais.
O primeiro compromisso do desenvolvimento sustentável, portanto, é o compromisso social,
que pressupõe a convergência dos planos e projetos na direção das expectativas das pessoas,
com relação ao seu futuro e à sua qualidade de vida.
Porém, muito embora a consciência das pessoas tenha se voltado cada vez mais para a
aceitação da caprinocultura enquanto ecologicamente correta, economicamente viável e
socialmente justa, percebe-se que há uma grande falta de educação no que se refere às
práticas, ao comportamento do homem diante desta problemática. Até mesmo o homem do
campo, como mostrou a pesquisa in loco começa a se despertar para esta questão crítica de se
planejar as atividades econômicas exercidas de forma sustentável. Porém, falta
implementação de projetos, de investimento na área não apenas educativa, bem como de
infra-estrutura e de iniciativas do próprio governo.
Assim sendo, diante do objetivo de analisarmos o processo de desenvolvimento sustentável e
sustentabilidade na caprinocultura de Santo André-PB, podemos afirmar que há, antes de
qualquer pretensão mais ousada, uma grande caracterização de cultivo de subsistência e
pequena comercialização. Porém, percebe-se que esta atividade está crescendo
gradativamente na região, o que nos faz alertar justamente pela temática da sustentabilidade,
visto que, embora tão falada tem sido tão esquecida em termos de prática.
E para que os procedimentos citados nas alternativas sejam ativados e, consequentemente,
contribuam para a conservação do meio ambiente, o desenvolvimento sustentável e a
sustentabilidade, é necessário mais que investimento financeiro do governo, pois há
iniciativas neste sentido, porém, não demonstram muita diferença na rentabilidade do homem
do campo. É preciso primeiramente educar e incentivar desde já à prática de rotinas
disponíveis dentre os recursos existentes. Em alguns comentários, inclusive, haviam sugestões
alternativas, mas que não eram postas em prática.
Referências
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