Recur So

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  • 5I A N K E R S H AW

    A T A O F I MD e s t r u i o e d e r r o t a

    d a A l e m a n h a d e H i t l e r

    Tr a d u oA N A S A L D A N H A

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  • 7A T A O F I M

    Agradecimentos .................................................................................Prefcio ................................................................................................Dramatis personae ..................................................................................Abreviaturas ........................................................................................

    Introduo: Derrocada em chamas .................................................1. Um choque para o sistema ...........................................................2. Colapso no Ocidente ....................................................................3. Uma amostra do horror ................................................................4. Esperanas criadas e frustradas ................................................5. Calamidade no Leste .....................................................................6. O terror chega Ptria ..................................................................7. O desmoronamento dos alicerces ...............................................8. Imploso .........................................................................................9. Liquidao .......................................................................................Concluso: Anatomia da autodestruio ........................................

    Notas ....................................................................................................Lista de fontes de arquivo citadas ....................................................Lista de obras citadas .........................................................................Lista de ilustraes .............................................................................Lista de mapas ....................................................................................ndice remissivo .................................................................................

    N D I C E

    9132127

    3351

    103155205259315369433507559

    581673674693694695

  • 8A T A O F I M

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    D R A M A T I S P E R S O N A E

    D R A M A T I S P E R S O N A E

    A lista que se segue inclui apenas os lderes polticos e militares DOHPmHVTXHGHDOJXPPRGRWrPXPSDSHOGHUHOHYRQRWH[WRHOLPL-ta-se a indicar os cargos ou as patentes nos meses abrangidos neste livro, de julho de 1944 a maio de 1945.

    L D E R E S P O L T I C O SReich

    BORMANN, MARTIN (1900-1945): chefe da chancelaria do parti-do; secretrio de Hitler.

    GOEBBELS, JOSEPH (1879-1945): ministro do Reich para a Informa-o Popular e Propaganda; plenipotencirio do Reich para a guerra total a partir de julho de 1944.

    GRING, HERMANN, marechal do Reich (1893-1946): sucessor nomeado de Hitler; chefe do Plano de Quatro Anos; presidente do Conselho de Defesa do Reich; comandante-chefe da Luftwaffe.

    HIMMLER, HEINRICH (1900-1945): Reichsfhrer SS; chefe da po-lcia alem; comissrio do Reich para o Fortalecimento da Ger-manidade; ministro do Interior do Reich e plenipotencirio para a Administrao do Reich; comandante-chefe do Exrcito de Subs-tituio a partir de julho de 1944.

    HITLER, ADOLF (1889-1945): lder; chefe de Estado; chefe do governo do Reich; lder do Partido Nazi; supremo comandante da Wehrmacht; comandante-chefe das foras armadas.

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    KALTENBRUNNER, ERNST (1903-1946): SS-Obergruppenfhrer; chefe da polcia de segurana e dos servios de segurana.

    KRITZINGER; WILHELM (1890-1947): secretrio de Estado na Chancelaria do Reich.

    LAMMERS, HANS-HEINRICH (1879-1962): ministro do Reich e che-fe da Chancelaria do Reich.

    LEY, ROBERT (1890-1945): lder de organizao do Reich do Par-tido Nazi; lder da Frente Alem do Trabalho.

    RIBBENTROP, JOACHIM VON (1893-1946): ministro dos Negcios Estrangeiros do Reich.

    SCHWERIN VON KROSIGK, LUTZ GRAF (1887-1977): ministro das Finanas do Reich; primeiro-ministro e ministro dos Negcios Es-trangeiros no governo de Dnitz.

    SEYSS-INQUART, ARTHUR (1892-1946): comissrio do Reich para os territrios ocupados dos Pases Baixos.

    SPEER, ALBERT (1905-81): ministro do Reich para o Armamento e a Produo de Guerra; ministro da Indstria do Reich e da Pro-duo no governo de Dnitz.

    STUCKART, WILHELM (1902-53): SS-Obergruppenfhrer; secret-rio de Estado no Ministrio do Interior do Reich; ministro do In-terior do Reich no governo de Dnitz.

    Regional

    GIESLER, PAUL (1895-1945): Gauleiter de Munique-Alta Baviera.GREISER, ARTHUR (1897-1946): Gauleiter de Reichsgau Warthe-

    land.GROH, JOSEF (1902-88): Gauleiter de Colnia-Aix-la-Chapelle.HANKE, KARL (1903-45): Gauleiter da Baixa Silsia.HOFER, FRANZ (1902-75): Gauleiter do Tirol.HOLZ, KARL (1895-1945): Gauleiter da Francnia.KOCH, ERICH (1896-1986): Gauleiter da Prssia Oriental.

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    D R A M A T I S P E R S O N A E

    RUCKDESCHEL, LUDWIG (1907-86): Gauleiter de Bayreuth, abril--maio de 1945.

    WCHTLER, FRITZ (1891-1945): Gauleiter de Bayreuth at abril de 1945.

    WAHL, KARL (1892-1981): Gauleiter da Subia.

    C H E F E S M I L I T A R E S

    BLASKOWITZ, JOHANNES, coronel-general (1883-1948): coman-dante-chefe do Grupo de Exrcitos G, entre maio e setembro de 1944 e de dezembro de 1944 a janeiro de 1945; comandante-chefe do Grupo de Exrcitos H, entre janeiro e abril de 1945.

    DIETRICH, SEPP, SS-Obergruppenfhrer e coronel-general da Waffen-SS (1892-1966): comandante do Sexto Exrcito Panzer SS, de outubro de 1944 a maio de 1945.

    DNITZ, KARL, gro-almirante (1891-1980): comandante-chefe da marinha; presidente do Reich aps a morte de Hitler.

    GUDERIAN, HEINZ, coronel-general (1888-1954): chefe do Esta-do-Maior-General do Exrcito, de julho de 1944 a maro de 1945.

    HARPE, JOSEF, coronel-general (1887-1968): comandante-chefe do Grupo de Exrcitos A, de setembro de 1944 a janeiro de 1945. Comandante do Quinto Exrcito Panzer, de maro a abril de 1945.

    HAUSSER, PAUL, SS-Obergruppenfhrer e coronel-general da Waffen-SS (1880-1972): comandante-chefe do Grupo de Exrcitos G, de janeiro a abril de 1945.

    HEINRICI, GOTTHARD, coronel-general (1886-1971): comandante do Primeiro Exrcito Panzer, de agosto de 1944 a maro de 1945; coman-dante-chefe do Grupo de Exrcitos Vstula, de maro a abril de 1945.

    HOSSBACH, FRIEDRICH, general (1894-1980): comandante do Quarto Exrcito, de julho de 1944 a janeiro de 1945.

    JODL, ALFRED, coronel-general (1890-1946): chefe do estado--maior de operaes da Wehrmacht no Alto Comando da Wehrmacht.

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    KEITEL, WILHELM, marechal (1882-1946): chefe do Alto Coman-do da Wehrmacht.

    KESSELRING, ALBERT, marechal (1885-1960): comandante-chefe do Sul at maro de 1945; comandante-chefe do Ocidente, de mar-o a abril de 1945.

    MANTEUFFEL, HASSO VON, general das tropas panzer (1897-1978): comandante do Quinto Exrcito Panzer, de setembro de 1944 a maro de 1945; comandante do Terceiro Exrcito Panzer, de mar-o a maio de 1945.

    MODEL, WALTER, marechal (1891-1945): comandante-chefe do Grupo de Exrcitos Centro, de junho a agosto de 1944; comandan-te-chefe do Ocidente, de agosto a setembro de 1944; comandante--chefe do Grupo de Exrcitos B, de setembro de 1944 a abril de 1945.

    REINHARDT, GEORG-HANS, coronel-general (1887-1963): coman-dante-chefe do Grupo de Exrcitos Centro, de agosto de 1944 a ja-neiro de 1945.

    RENDULI, LOTHAR, coronel-general (1887-1971): comandante--chefe do Grupo de Exrcitos Curlndia, em janeiro de 1945 e em maro e abril de 1945; comandante-chefe do Grupo de Exrcitos Norte, de janeiro a maro de 1945; comandante-chefe do Grupo GH([pUFLWRV6XOFXMRQRPHPXGRXSDUD2VWPDUNQRQDOGHabril), de abril a maio de 1945.

    RUNDSTEDT, GERD VON, marechal (1875-1953): comandante-che-fe do Ocidente, de setembro de 1944 a maro de 1945.

    SCHRNER, FERDINAND, coronel-general e, a partir de 5 de abril de 1945, marechal (1892-1973): comandante-chefe do Grupo de Exrcitos Norte, de julho de 1944 a janeiro de 1945; comandante--chefe do Grupo de Exrcitos Centro, de janeiro a maio de 1945.

    VIETINGHOFF-SCHEEL, HEINRICH VON, coronel-general (1887- -1952): comandante-chefe do Grupo de Exrcitos Curlndia, de janeiro a maro de 1945; comandante-chefe do Sul, de maro a maio de 1945.

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    WOLFF, KARL, SS-Obergruppenfhrer, general da Waffen-SS (1900-1984): a partir de julho de 1944, general plenipotencirio da Wehrmacht alem em Itlia.

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    A B R E V I A T U R A S

    A B R E V I A T U R A S

    BAB Bundesarchiv Berlin/LichterfeldeBA/MA Bundesarchiv/Militrarchiv, FriburgoBDC Berlin Document CenterBfZ Bibliothek fr Zeitgeschichte, Wrttembergische Lan-

    desbibliothek, EstugardaBHStA Bayerisches Hauptstaatsarchiv, MuniqueDNB Deutsches Nachrichtenbro (agencia noticiosa alem)DRZW Das Deutsche Reich und der Zweite WeltkriegDZW Deutschland im Zweiten WeltkriegHSSPF Hherer SS- und Polizeifhrer (alto(s) lder(es) da po-

    lcia e das SS)IfZ Institut fr Zeitgeschichte, MuniqueIMT International Military Tribunal (Tribunal Militar Inter-

    nacional)ITS Internacional Tracing Service, Bad Arolsen (Servio

    Internacional de Investigaes)IWM Imperial War Museum, DuxfordKTB/OKW Kriegstagebuch des Oberkommando der WehrmachtKTB/SKL Kriegstagebuch der SeekriegsleitungLHC Liddell Hart Centre for Military Archives, Kings Col-

    lege, LondresMadR Meldungen aus dem ReichNAL National Archives London (Arquivos Nacionais, ante-

    ULRUPHQWH3XEOLF5HFRUG2IFH

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    Nbg.-Dok. Nrberg-Dokument [documento(s) do julgamento no publicado(s)]

    NL Nachla (papis pessoais)NSDAP Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (Par-

    tido Nazi)16)2 1DWLRQDOVR]LDOLVWLVFKH)KUXQJVRI]LHU2FLDOGH

    Liderana Nacional-Socialista)NSV Nationalsozialistische Volkswohlfahrt (Organizao

    1DFLRQDO6RFLDOLVWDGH$VVLVWrQFLD6RFLDOGR3RYROKH Oberkommando des Heeres (Alto Comando do

    Exrcito)OKW Oberkommando der Wehrmacht (Alto Comando

    das Foras Armadas)OT Organisation TodtPWE Political Warfare Executive (Direo Poltica da

    Guerra)RP ReichspropagandamterRPvNB/OP Regierungsprsident von Niederbayern und der

    Oberpfalz [Presidente do Governo (Chefe da Ad-ministrao Regional) da Baixa Baviera e do Alto Palatinado]

    RPvOB Regierungsprsident von Oberbayern und der Ober-pfalz (Presidente do Governo da Alta Baviera)

    RPvOF/MF Regierungsprsident von Oberfranken und Mittel-franken (Presidente do Governo da Alta Francnia e da Francnia Central)

    RVK Reichsverteidigungskommissar(e) [Comissrio(s) de Defesa do Reich]

    SD Sicherheitsdienst (Servios Secretos)SHAEF Supreme Headquarters Allied Expeditionary Force

    (Quartel-General Supremo da Fora Expedicion-ria Aliada)

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    A B R E V I A T U R A S

    StAA Staatsarchiv AugsburgStAM Staatsarchiv MnchenTBJG Die Tagebcher von Joseph GoebbelsVB Vlkischer BeobachterVfZ Vierteljahrshefte fr ZeitgeschichteYVS Yad Vashem Studies

    Para os ttulos completos dos livros, ver a lista de obras citadas, pp. 674; para informao pormenorizada sobre arquivos, ver lista de fontes de arquivo citadas, pp. 673. As contribuies em DRZW so citadas por autor s nas notas; os ttulos so dados na lista de obras citadas.

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    I N T R O D U O

    I N T R O D U O :D E R R O C A D A E M C H A M A S

    Quarta-feira, 18 de abril de 1945: as tropas americanas esto s portas da cidade de Ansbach, a capital administrativa da Francnia Central. O lder distrital nazi fugiu durante a noite, a maior parte dos soldados alemes foi transferida para sul, h dias que os habitantes da cidade esto acampados em abrigos antiareos. Qualquer racio-cnio normal apontaria para a rendio, mas o comandante militar da cidade, o doutor Ernst Meyer um coronel da Luftwaffe, com cinquenta anos e um doutoramento em Fsica , um nazi fanti-FRHLQVLVWHHPOXWDUDWpDRP5REHUW/LPSHUWXPHVWXGDQWHGHTeologia de dezanove anos, declarado inapto para o servio militar, decide agir para evitar que a sua cidade seja destruda numa ltima batalha sem sentido.

    Limpert presenciara a completa devastao da bela cidade de :U]EXUJSURYRFDGDSHORERPEDUGHDPHQWRGRV$OLDGRVQRPrVDQWHULRU(VWDH[SHULrQFLDOHYDUDRDWRPDUDSHULJRVDLQLFLDWLYDGHGLVWULEXLUSDQHWRVQRLQtFLRGHDEULODGHIHQGHUDUHQGLomRVHPUH-VLVWrQFLDGH$QVEDFKFRPRVVHXVHGLItFLRVSLWRUHVFRVGHHVWLOREDU-roco e rococ ainda intactos. Agora, decide correr um risco ainda maior. Por volta das onze horas, nessa bela manh de primavera, FRUWDRVRVWHOHIyQLFRVTXHSHQVDOLJDPDEDVHGRFRPDQGDQWH unidade da Wehrmacht nos arredores da cidade na realidade, uma tentativa intil de sabotagem, porque a base fora transferida VHPTXHHOHVRXEHVVHeYLVWRSRUGRLVUDSD]HVPHPEURVGD-XYHQ-tude Hitleriana, que o denunciam. A questo tratada com carter

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    GHXUJrQFLDSHODVDXWRULGDGHVSROLFLDLVORFDLV8PDJHQWHHQYLDGRa casa de Limpert descobre o rapaz, na posse de uma pistola e de provas incriminatrias, e prende-o.

    A polcia local comunica a deteno ao chefe da administrao civil, que ainda funciona em Ansbach, e este telefona ao comandan-te militar, na altura, ausente da cidade. Previsivelmente enfurecido pela notcia, o comandante dirige-se a toda a pressa esquadra e es-WDEHOHFHSURQWDPHQWHXPWULEXQDOGHWUrVKRPHQVFRQVWLWXtGRSHORchefe da esquadra, o vice-chefe e o assistente do prprio comandante. $SyVXPMXOJDPHQWRGHIDUVDTXHGHPRUDXQVHVFDVVRVPLQXWRVe em que o ru no autorizado a falar, o comandante pronuncia uma sentena de morte a ser aplicada imediatamente.

    Quando lhe est a ser colocada uma corda volta do pescoo, junto ao porto da cmara municipal, Limpert consegue libertar-se HIXJLUPDVDRPGHXPDFHQWHQDGHPHWURVpDSDQKDGRSHODSR-lcia, pontapeado e agarrado pelo cabelo e trazido de volta, fora e a gritar. Ningum na multido que se juntou faz o mnimo gesto para o ajudar. Na verdade, alguns at lhe do murros e pontaps. Mas a sua desgraa ainda no terminou. Colocam-lhe de novo a corda volta do pescoo e penduram-no. A corda parte-se e ele cai por WHUUD9ROWDPDFRORFDUOKHDFRUGDDRSHVFRoRHQDOPHQWHpHQ-forcado na praa da cmara. O comandante ordena que o seu cor-SRVHMDGHL[DGRSHQGXUDGRDWpIHGHU3RXFRGHSRLVUHTXLVLWDXPDbicicleta e foge imediatamente da cidade. Quatro horas mais tarde, os Americanos entram em Ansbach sem que um nico tiro seja dis-parado e cortam a corda que sustm o corpo de Robert Limpert1.

    Como este sombrio episdio demonstra, o regime nazi funcio-nou at ao ltimo momento na sua represso terrorista. Mas no apenas um exemplo de um comandante nazi raivoso, o doutor Meyer, coronel da Luftwaffe, a despachar implacavelmente um ale-gado traidor e sabotador, no apenas um exemplo do regime a impor a sua vontade atravs da fora superior. Mesmo confrontados

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    com tal fanatismo, os polcias, cientes de que os Americanos esta-vam prestes a entrar na cidade, poderiam ter agido de modo a evi-tar problemas futuros com a fora ocupante, arrastando o processo de deteno e o interrogatrio de Limpert. Em vez disso, optaram por seguir o regulamento risca e cumprir o que consideravam ser o seu dever de maneira to expedita quanto possvel, continuando a agir como guardies menores de uma lei que, como mais tarde DUPDUDPWHUFRPSUHHQGLGRQDDOWXUDMiQmRSDVVDYDGDH[SUHVVmRda vontade arbitrria do comandante.

    O mesmo poderia dizer-se do chefe da administrao civil local. 7DPEpPHOHSRGHULDWHUXVDGRDVXDH[SHULrQFLDHDVXDFRQVFLrQFLDGRPLPLQHQWHSDUDDUUDVWDURSURFHVVR0DVRSWRXSRUID]HUWR-dos os possveis para acelerar o processo e cooperar com o coman-dante. Os habitantes da cidade, que se dirigiram praa da cmara e viram Limpert escapar, poderiam ter ido em seu auxlio. No en-tanto, alguns chegaram a ajudar a polcia a arrastar o rapaz, que se debatia, para o local da execuo. Em Ansbach, a todos os nveis, QHVWDVFLUFXQVWkQFLDVH[WUHPDVHQHVWHVPRPHQWRVQDLVGDJXHUUDos que detinham o poder continuaram a trabalhar em prol dos inte-UHVVHVGRUHJLPHHDRID]rORQmRGHL[DUDPGHWHURDSRLRGRSRYR

    Incidentes to arrepiantes como este, em que alguns habitantes locais tentavam evitar uma destruio sem sentido e se depararam com retaliaes selvticas, enquanto outros continuavam dispostos a dar apoio represso exercida pelos funcionrios do regime, no foram caso raro nas ltimas fases da guerra mais terrvel da Hist-ria. Poderia escolher dezenas de outros casos para ilustrar o fun-cionamento continuado do regime de terror agora, nos ltimos PHVHVGRFRQLWRGLULJLGRFRQWUDRVSUySULRVFLGDGmRVHFRQWUDtrabalhadores estrangeiros, prisioneiros, judeus e outros h muito considerados inimigos2.

    No foi apenas com demonstraes de terror cada vez mais des-controladas de fanticos e desesperados que o regime continuou

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    DVXVWHQWDUVHDWpDRP2PDLVLPSRUWDQWHIRLRFRPSRUWDPHQWRdos militares. Se a Wehrmacht tivesse deixado de funcionar, ter-se--ia assistido ao colapso do regime. Os sinais de dissoluo e de de-sintegrao na Wehrmacht eram visveis a vrios nveis nos ltimos estdios da guerra, mais obviamente no Ocidente. Havia soldados a desertar, apesar da ameaa de punies brutais. No incio de 1945, no Ocidente, a maioria sentia que continuar a combater no fazia sentido e ansiava apenas por voltar para junto da famlia. No en-tanto, a Wehrmacht continuava empenhada no combate. Os gene-rais e os comandantes de campo ainda emitiam ordens, mesmo nas circunstncias mais desesperadas. E essas ordens eram obedecidas.

    Debaixo da chuva de bombas, na confuso da destruio de vi-las e de cidades, quando o Reich entrava em colapso perante for-oDVLPHQVDPHQWHVXSHULRUHVQR/HVWHHQR2FLGHQWHXPDDSDUrQFLDGHQRUPDOLGDGHQRFDRVFUHVFHQWHPDQWLQKDVHHQTXDQWRDEX-rocracia se esforava ao mximo para continuar a funcionar. Era evidente que o Reich estava a contrair-se dia a dia, que os canais de comunicao entravam em colapso, que a rede de transportes estava praticamente desmantelada. Servios bsicos como o abas-tecimento de gs, de energia eltrica e de gua j no estavam dis-ponveis para milhes de lares e a mquina burocrtica deparava-se com um elevado nmero de enormes problemas prticos. Mas onde a Alemanha no se tinha ainda rendido s foras ocupantes no ha-via anarquia. A administrao civil continuava a funcionar, embora GHPRGRLQHFLHQWHHPIDFHGDH[WUHPDDGYHUVLGDGHHGDLPHQVDdeslocao. Tanto os tribunais militares como os civis continuavam a pronunciar sentenas cada vez mais severas. Os soldos e os sal-rios continuavam a ser pagos em abril de 19453. As bolsas de estu-do concedidas por um importante organismo acadmico em Berlim continuaram a ser pagas aos estudantes estrangeiros at s ltimas semanas da guerra, sendo mesmo consideradas um investimento SDUDXPDLQXrQFLDFRQWLQXDGDGD$OHPDQKDQDQRYD(XURSD4.

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    Apesar dos entraves crescentes, a distribuio das raes alimen-WDUHVFDGDYH]PDLVUHVWULWDVIRLPDQWLGDFRPGLFXOGDGHHFDGDYH]mais com recurso a meios improvisados, os correios continuaram de certo modo a funcionar. Existiam ainda algumas formas limi-tadas de entretenimento como parte de uma estratgia consciente para manter o nimo e distrair a ateno, por breves instantes, da tragdia que se desenrolava. Realizou-se um ltimo concerto pela Filarmnica de Berlim a 12 de abril, quatro dias antes de ser lana-GRRDWDTXHVRYLpWLFRjFDSLWDOGR5HLFK2QDOGRCrepsculo dos Deuses de Richard Wagner constava do programa5. Alguns cinemas mantiveram-se abertos. Uma semana antes da rendio de Estugar-da, a 22 de abril, os seus habitantes podiam encontrar uma distrao momentnea do trauma que viviam indo ao cinema ver A Mulher dos Meus Sonhos6. Continuavam a disputar-se jogos de futebol. O ltimo GHVDRGXUDQWHDJXHUUDUHDOL]RXVHHPGHDEULOGHWHQGRR%D\HUQGH0XQLTXH*DXPHLVWHUGHYHQFLGRRFOXEHUL-val local, o Munique 1860, por 3-27. Eram ainda publicados jornais truncados. O principal jornal nazi, o Vlkischer Beobachter, continuou a ser publicado na parte no ocupada da Alemanha meridional at DRP$VXD~OWLPDHGLomRDGHDEULOGHGRLVGLDVDQWHVdo suicdio de Hitler no bunker de Berlim, ostentava o ttulo: For-WDOH]D%DYLHUD

    As razes para o colapso da Alemanha so evidentes e bem conhecidas. So menos bvias as razes por que e como o Reich GH+LWOHUFRQWLQXRXD IXQFLRQDUDWpDRPeRTXHHVWH OLYURprocura explicar.2IDFWRGHRUHJLPHWHUUHVLVWLGRDWpDRPHGHDJXHUUDVy

    ter terminado quando a Alemanha foi militarmente obrigada a ren-der-se, a sua economia destruda, as suas cidades em runas, o pas RFXSDGRSRUSRWrQFLDVHVWUDQJHLUDVpKLVWRULFDPHQWHXPDH[WUHPDUDULGDGH$VJXHUUDVHQWUH(VWDGRVQDHUDPRGHUQDWrPXVXDOPHQ-te terminado com uma espcie de acordo negociado. As elites que

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    governam um Estado defrontado com a derrota militar, geralmen-te, pedem a paz em determinado momento e, sob presso, acabam por chegar a um acordo territorial, por mais desvantajoso que seja. 2PGD3ULPHLUD*XHUUD0XQGLDOVHJXLXHVWHSDGUmR2PGDSegunda Guerra Mundial foi completamente diferente. Os gover-nantes da Alemanha em 1945, sabendo que a guerra estava perdi-da e que os esperava a completa destruio, continuaram dispostos a combater at o seu pas ser praticamente obliterado.

    Os regimes autoritrios, confrontados com uma derrota em guer-ras impopulares e aparentando encaminhar-se para uma situao desastrosa, no costumam sobreviver para presidir catstrofe de-clarada. No passado, alguns foram derrubados por uma revoluo das bases, como na Rssia em 1917 e na Alemanha em 1918 (neste ltimo caso, depois de a elite militar ter tomado medidas para pr PDXPDJXHUUDSHUGLGD2XWURVRGHVHQYROYLPHQWRPDLVFR-mum so derrubados por um golpe interno de elites que no esto dispostas a ser arrastadas pela queda do regime e pretendem sal-var ainda alguma coisa. A deposio de Mussolini pelo seu Grande Conselho Fascista em 1943 um bom exemplo. A Alemanha, pelo contrrio, embora fosse universalmente reconhecido que o regime HVWDYDQRPQmRVySRUJHQWHFRPXPPDVWDPEpPSRUJHQWHHPposies de poder, tanto civis como militares, continuou a lutar at FDUFRPSOHWDPHQWHGHVWUXtGDHRTXHQmRDFRQWHFHXHPVREocupao estrangeira86yYrPjPHQWHGXDVVLWXDo}HVDSUR[LPD-damente paralelas, os casos do Japo, em 1945 (que, no entanto, se rendeu quando o pas no estava ainda ocupado), e, mais recente-mente e, neste caso, muito vagamente (dada a guerra muito curta e militarmente desigual) , do Iraque de Saddam Hussein.

    O contraste entre 1918 e 1945 na Alemanha levanta mais uma vez a questo: como e porque a Alemanha de Hitler conseguiu lutar DWpDRPFUXHO"1mRKDYHULDRXWUDFRQFOXVmRSRVVtYHOSDUDRWHU-UtYHOFRQLWR"(VHQmRSRUTXHQmR"2YHUGDGHLURHQLJPDIRL

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    apropriadamente observado, porque que quem queria sobrevi-ver combateu e matou to desesperada e ferozmente quase at aos ltimos momentos da guerra91D3ULPHLUD*XHUUD0XQGLDOQmRWLQKDKDYLGRH[LJrQFLDVGH

    UHQGLomRLQFRQGLFLRQDOSRUSDUWHGRV$OLDGRV$IyUPXODDSUH-sentada pelo presidente dos Estados Unidos da Amrica Franklin '5RRVHYHOWQD&RQIHUrQFLDGH&DVDEODQFDHPMDQHLURGHcom a concordncia do primeiro-ministro britnico Winston Churchill, constituiu a primeira vez que no foram propostas a um Estado soberano quaisquer condies a no ser a total e incon-dicional capitulao10. Isto foi frequentemente utilizado nos pri-meiros anos do ps-guerra, particularmente por generais alemes, como a nica explicao adequada para a luta prolongada da Ale-PDQKDSRUTXHGL]LDVHDH[LJrQFLDGHUHQGLomRLQFRQGLFLRQDOexclua qualquer outra alternativa11. Alguns ex-soldados, muito depois de a guerra terminar, ainda insistiam que isso ajudara a mo-tiv-los para continuarem a combater12eVHPG~YLGDSRVVtYHODU-JXPHQWDUTXHHVVDH[LJrQFLDIRLFRQWUDSURGXFHQWHHTXHDFDERXpor fazer o jogo da propaganda nazi. Como tal, contribuiu, pelo menos inicialmente, para reforar a vontade de resistir, mas du-vidoso se a atribuio da culpa aos Aliados por uma poltica er-UyQHDGHUHQGLomRLQFRQGLFLRQDOpPDLVGRTXHXPDGHVFXOSDHVIDUUDSDGD13 como um estudioso apelidou. Segundo o general Walter Warlimont, o vice-chefe de operaes do Alto Comando GD:HKUPDFKW 2.: TXDVHQmRVH OKHSUHVWRXDWHQomRQROKW e no houve qualquer anlise, por parte do comando ope-UDFLRQDOGR2.:GDVVXDVFRQVHTXrQFLDVPLOLWDUHV14. Por outras palavras, no teve qualquer impacte na estratgia ou falta de estra-tgia adotada pela liderana militar alem na ltima fase da guerra. As respostas questo das razes por que a Alemanha continuou DOXWDUWrPVLGRPHQRVSURFXUDGDVQDH[LJrQFLDGRV$OLDGRVTXDLV-TXHUTXHWHQKDPVLGRRVVHXVPpULWRVRXGHFLrQFLDVGRTXHQDV

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    HVWUXWXUDVGRUHJLPHDOHPmRQDVXDIDVHQDOHQDVPHQWDOLGDGHVque deram forma s suas aes.

    Porque que, ao contrrio do que aconteceu em 1918, o povo alemo no se sublevou contra um regime que to obviamente o HVWDYDDOHYDUjSHUGLomR"1RSyVJXHUUDDRSRYRDOHPmRTXHFR-meava a recompor a sua vida aps o trauma de tanta morte e des-truio e no tinha pressa para explorar as causas mais profundas da catstrofe que se abatera sobre o seu pas, no parecia necessrio procurar outra explicao a no ser a natureza terrorista do regi-me nazi. Era fcil e de algum modo reconfortante para os alemes verem-se como vtimas inocentes da opresso implacvel dos seus brutais governantes, limitados na possibilidade de qualquer ao por um Estado policial totalitrio. Estes sentimentos eram compre-ensveis e, como se demonstrar em captulos seguintes, certamen-WHQmRLQMXVWLFDGRVeFODURTXHH[LVWLDXPDOLQKDLQHJDYHOPHQWHapologtica na forma como essa explicao podia ser e foi usada na Alemanha do ps-guerra para isentar praticamente toda a sociedade da culpa dos crimes atribudos a Hitler, o ditador todo-poderoso, e a uma clique de lderes nazis criminosamente implacveis. Mas tambm as interpretaes dos estudiosos no perodo do ps-guerra GHUDPXPDrQIDVHH[WUDRUGLQiULDDRWHUURUHjUHSUHVVmRQRWHRUH-PDGRWRWDOLWDULVPRTXHGRPLQDYDJUDQGHSDUWHGDOLWHUDWXUDGDVFLrQFLDVKLVWyULFDVHSROtWLFDVQHVVDpSRFDHPERUDVHPDVVHVWDURfoco diretamente na ltima fase da guerra)15.

    Inquestionavelmente, o terror de importncia crtica para res-ponder questo como e porque o regime continuou a funcionar DWpDRP&RPRYHUHPRVRQtYHOGHUHSUHVVmRWHUURULVWDTXHQXPefeito de ricochete foi redirecionado do tratamento dado aos povos conquistados para os prprios alemes e para alegados inimigos UDFLDLVH[SOLFDHPJUDQGHPHGLGDSRUTXHQmRKRXYHXPDUHYROX-o popular, porque no foi possvel um levantamento de massas organizado. Dado o nvel de represso, juntamente com a enorme

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    deslocao nos ltimos meses, uma revoluo das bases, como no QDOGD3ULPHLUD*XHUUD0XQGLDOHUDXPDLPSRVVLELOLGDGH0DVRterror no pode explicar completamente a capacidade de o regime continuar a lutar. No foi o terror que impeliu as elites do regime. O terror no explica o comportamento dos paladinos do regime tanto os que partilhavam a mentalidade do Crepsculo dos Deu-ses de Hitler e estavam dispostos a ver a Alemanha afundar-se em chamas como o nmero muito mais elevado dos que procuravam salvar a sua pele. No explica a continuao do funcionamento da burocracia governamental tanto a nvel central como local. Ainda menos explica a disposio da Wehrmacht pelo menos a dispo-sio dos lderes da Wehrmacht para continuar a lutar. O terror tambm no explica o comportamento dos membros do regime, a diferentes nveis, que estavam dispostos a usar esse mesmo ter-ror at ao ltimo momento, quando j no servia qualquer obje-tivo racional.(PERUDGHSRLVGD*XHUUD)ULDRWHRUHPDGRWRWDOLWDULVPRWH-

    nha sofrido uma espcie de renascimento16DrQIDVHQRWHUURUHQDUHSUHVVmRFRPRIRUPDVGHFRQWURORGDVRFLHGDGHWRWDOLWiULDQmRvoltou a recuperar o terreno que detinha na era do ps-guerra na interpretao do comportamento do povo alemo durante o Ter-ceiro Reich. Pelo contrrio, a investigao tende cada vez mais a S{UDrQIDVHQRDSRLRHQWXVLiVWLFRGRSRYRDOHPmRDRUHJLPHQD]Le na sua colaborao voluntria e cumplicidade em polticas que conduziram guerra e ao genocdio175HVWDXPDTXHVWmRFRPHQ-tou um observador alemo. O que nos levou a seguir [Hitler] at DRDELVPRFRPRDVFULDQoDVQDKLVWyULDGDDXWDPiJLFD"2puzzle no Adolf Hitler. Ns que somos o puzzle18(VWHFRPHQWiULRdeixando de parte a questo do ludbrio, pressupe uma unidade HVVHQFLDODWpDRPHQWUHJRYHUQDQWHVHJRYHUQDGRV$rQIDVHTXHFRVWXPDYDGDUVHjVRFLHGDGHHDRUHJLPHHPFRQ-

    LWR19 essencialmente pressupondo uma tirania sobre um povo em

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    grande medida relutante, mas coartado transferiu-se para uma so-ciedade acorrentada aos objetivos do regime, amplamente sintoni-zada e apoiante das polticas racistas e expansionistas e totalmente por detrs do seu esforo de guerra. A constante propaganda nazi UHVXOWRXIRLDJXHUUDTXH+LWOHUJDQKRXVHJXQGRXPDLQWHUSUHWD-o proposta h muitos anos20$UPDVHDJRUDFRPIUHTXrQFLDTXHos nazis foram bem-sucedidos nos esforos de inculcar no povo RVHQWLGRGHTXHSHUWHQFLDDXPDFRPXQLGDGHGRSRYRQDFLRQDO-UDFLVWDLQFOXVLYDGHQLGDSHODH[FOXVmRGRVMXGHXVHGHRXWURVHOH-mentos considerados inferiores e inaptos para pertencerem a essa FRPXQLGDGHXQLFDGDSHODQHFHVVLGDGHGHGHIHQGHUDQDomRFRQ-tra os inimigos poderosos que a rodeavam e que ameaavam a sua SUySULDH[LVWrQFLD21. Apesar da desiluso e do azedume de grande parte da populao alem nos ltimos anos da guerra, a comunida-GHGRSRYRSHUPDQHFHXLQWDFWDDWpDRPFUXHOFRPRDUPRXum estudioso22$OpPGLVVRRUHJLPHGH+LWOHUWLQKDFRPSUDGRa populao alem, garantindo a sua lealdade ao proporcionar--lhe um padro de vida sustentado pelo saque dos territrios ocu-pados23. Embora usualmente se aceite que esta comunidade do SRYRFRPHoDYDDGHVLQWHJUDUVHIDFHjGHUURWDLPLQHQWHRDSRLRGXUDGRXURDRQD]LVPRFLPHQWDGRSHODFRQVFLrQFLDGRVWHUUtYHLVcrimes alemes continua a ser aduzido como uma das razes VLJQLFDWLYDVSDUDTXHR UHJLPHGH+LWOHUFRQWLQXDVVHD UHVLVWLUDWpDRP24. A legitimidade bsica do Terceiro Reich permaneceu LQWDFWDVXVWHQWDRXWURKLVWRULDGRUSRUTXHRVDOHPmHVQmRFRQVH-JXLDPLPDJLQDUXPDDOWHUQDWLYDGHVHMiYHODRQDFLRQDOVRFLDOLVPRdemonstrando um notvel empenhamento no nacional-socialismo GXUDQWHDJXHUUD$VXEVHTXHQWHVHQVDomRGHWHUHPVLGRWUDtGRVSHORQD]LVPRDSRLDYDVHQXPDIRUWHLGHQWLFDomRFRPR7HUFHLUR5HLFKDWpDRPRPHQWRGRDEDQGRQR25. No que constitui, provavelmente, o apogeu desta abordagem, foi sugerido que a grande maioria do povo alemo no tardou a sentir-se devotada a Hitler apoiando-o

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    DWpDRQDOFUXHOHP$OJXPDVSHVVRDVUHFRQKHFHVHLQVL-QXDQGRTXHVHWUDWDYDGHXPDtQPDPLQRULDMiHVWDYDPIDUWDVmas o consenso que sustentara a ditadura desde o incio, segundo HVWHDUJXPHQWRPDQWHYHVHDWpDRP26.

    Nos captulos seguintes ser apresentada uma quantidade subs-tancial de provas que lanam dvidas sobre esta interpretao. Ser questionada a hiptese de a escala do terror ou a extenso do apoio ao regime providenciarem uma explicao cabal para a VXDFDSDFLGDGHGHUHVLVWLUDWpD$OHPDQKDFDUUHGX]LGDDHVFRP-bros. No entanto, se nem o terror nem o apoio incondicional a ex-SOLFDPRTXHSRGHUiID]rOR"

    De imediato, levanta-se uma srie de questes. Para alm do al-FDQFHGDH[LJrQFLDGRV$OLDGRVGHXPDUHQGLomR LQFRQGLFLRQDOpoderia perguntar-se at que ponto os seus erros em termos de es-tratgia e de ttica, que indubitavelmente ocorreram, enfraqueceram DVWHQWDWLYDVSDUDS{UPjJXHUUDH]HUDPDXPHQWDUWHPSRUDULD-PHQWHDFRQDQoDGRVGHIHQVRUHVDOHPmHV0DVVHMDTXDOIRURVLJ-QLFDGRTXHVHSRVVDDWULEXLUDWDLVIDWRUHVDVUD]}HVGHWHUPLQDQWHVSDUDTXHD$OHPDQKDFRQWLQXDVVHDOXWDUWrPFRPFHUWH]DGHVHUexplicadas internamente, de dentro do Terceiro Reich, em vez de ex-ternamente, atravs das polticas dos Aliados. Que peso, por exem-plo, deveramos atribuir ao sentimento dos lderes nazis de que nada tinham a perder se continuassem a lutar, porque, de qualquer modo, MiWLQKDPTXHLPDGRDVSRQWHV"4XHVLJQLFDGRWHYHRDODUJDPHQ-WRVXEVWDQFLDOGRkPELWRGRVSRGHUHVGR3DUWLGR1D]LQDIDVHQDOquando procurava revitalizar-se evocando o esprito do perodo de GLFXOGDGHVDQWHULRUD"4XDLVIRUDPRVFRQWULEXWRVGHXPDEXURFUDFLDGH(VWDGRDOWDPHQWHTXDOLFDGDHFRPSHWHQWH DSHVDUGDFUHVFHQWHGHVRUGHPDGPLQLVWUDWLYDSRUPPHVPRDYDVVDODGR-UDSDUDDFDSDFLGDGHGHUHVLVWLU"4XHLPSRUWkQFLDWHYHRWHPRULQV-SLUDGRSHOR([pUFLWR9HUPHOKRQDSHUVLVWrQFLDGDOXWDDWpDRP"3RUTXHVHGLVSXVHUDPRVRFLDLVDOHPmHVHVSHFLDOPHQWHRVJHQHUDLV

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    em postos cruciais de comando, a continuar a lutar mesmo depois de reconhecerem a inutilidade dos esforos e o absurdo das ordens TXHOKHVHUDPGDGDV"(TXHSDSHOGHVHPSHQKDUDPRVOtGHUHVQD]LVabaixo de Hitler em especial o quadrunvirato de Bormann, Himm-OHU*RHEEHOVH6SHHUHRVYLFHUHLVUHJLRQDLVRV*DXOHLWHUQDgarantia de que o esforo de guerra fosse sustentado, apesar dos si-QDLVQHJDWLYRVFUHVFHQWHVHQDOPHQWHDYDVVDODGRUHVDWpRUHJLPHVHWHUGHVWUXtGRQDYRUDJHPGDGHUURWDPLOLWDUWRWDO"(PSDUWLFX-ODUDWpTXHSRQWRIRLLQGLVSHQViYHORSDSHOGH6SHHUQDSHUVLVWrQFLDem arrostar com enormes obstculos para obter armamento para D:HKUPDFKW")LQDOPHQWHHPERUDGHPRGRDOJXPPHQRVLPSRU-WDQWHKiDFRQVLGHUDURSDSHOGHVHPSHQKDGRSRU+LWOHUHDGHOL-dade duradoura que congraava no seio das elites do poder alemo.

    Uma resposta simples, mas obviamente inadequada ques-WmRFRPRHSRUTXrD$OHPDQKDUHVLVWLXDWpDRPpGHIDFWRTXHHitler sempre se recusou determinadamente a considerar a hip-tese da capitulao, pelo que no havia alternativa a continuar a lutar. Mesmo na catacumba do seu bunker, com as fronteiras en-tre a fantasia e a realidade cada vez mais esbatidas, o domnio de Hitler s terminou com o seu suicdio a 30 de abril de 1945. Um SULQFtSLRQRUWHDGRUGDVXDFDUUHLUDHUDDYLQJDQoDSHODKXPLOKD-omRQDFLRQDOGHDVtQGURPHGHHVWDYDSURIXQGDPHQWHentranhada na sua psique27. No haveria, como declarava com fre-TXrQFLDHLQVLVWHQWHPHQWHXPDUHSHWLomRGHXPDQRYDYHU-VmRGDFDSLWXODomRFREDUGHQRQDOGD3ULPHLUD*XHUUD0XQGLDO$GHVWUXLomRFRPDKRQUDLQWDFWDOXWDQGRDWpDRPDREHGLrQ-cia ao cdigo militar quase mtico de combater at ltima bala, a criao de uma lenda de valentia para a posteridade a partir do GHVHVSHURGDGHUURWDHDFLPDGHWXGRDJORULFDomRQDKLVWyULDGRseu prprio legado, que considerava nico e heroico, eram para ele LQQLWDPHQWHSUHIHUtYHLVDQHJRFLDUXPDUHQGLomRYHUJRQKRVDComo pessoalmente no tinha futuro aps a derrota, no sentia

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    GLFXOGDGHHPDGRWDUXPDDERUGDJHPVXLFLGD0DVHVWDQmRHUDDXWRGHVWUXWLYDDSHQDVDWtWXORSHVVRDO6LJQLFDYDWDPEpPFRQGH-nar o seu povo e o seu pas destruio. O povo alemo, aos seus olhos, tinha-o dececionado, no provara merecer a sua liderana. 3RGLDVHUVDFULFDGR6HPHOHGHIDFWRFRPROKHGL]LDRVHXHJRPRQVWUXRVRWXGRHUDVDFULFiYHO1DVXDPDQHLUDGHSHQVDUFUXDmente dualista, sempre se tratara de vitria ou de destruio. Se-guiu sem hesitaes a sua lgica.

    O papel central de Hitler nos impulsos autodestrutivos da Alema-nha quando o Reich entrou em colapso bvio. Acima de tudo, o seu poder continuado constituiu uma barreira a qualquer possibilida-de, que os seus paladinos estavam dispostos a explorar, de negociar uma sada para a escalada de morte e de destruio. Mas esta cons-WDWDomRVRPHQWHQRVWUD]GHYROWDjTXHVWmRSRUTXHS{GHID]rOR"Porque continuaram as suas ordens a ser cumpridas, quando era b-vio para todos sua volta que ele os estava a arrastar para o abismo HDOHYDURVHXSDtVSDUDDSHUGLomR"0HVPRDFHLWDQGRTXH+LWOHUHUDum indivduo autodestrutivo, porque as elites do poder abaixo dele militares, partidrias, governamentais lhe permitiram bloquear WRGDVDVVDtGDVUDFLRQDLV"3RUTXHQmRVHIH]PDLVQHQKXPDWHQWDWLYDaps o golpe falhado de julho de 1944, para deter a determinao GH+LWOHUGHFRQWLQXDUDJXHUUD"3RUTXHHVWDYDPRVOtGHUHVQD]LVe os comandantes militares seus subordinados dispostos a segui-lo DWpjFRPSOHWDGHVWUXLomRGR5HLFK"1mRHUDSRUTXHUHUHPVHJXLORno seu objetivo de destruio pessoal. Logo aps a morte de Hitler, ]HUDPRTXHSXGHUDPSDUDHYLWDURDELVPR4XDVHWRGRVRVOtGHUHVnazis fugiram, ansiosos por no seguir o exemplo de autoimolao de Hitler. Em rpida sucesso, os comandantes militares mostravam--se ento dispostos a capitular parcialmente, continuando a comba-ter s para passar o maior nmero possvel dos seus homens para as zonas ocidentais, fora do alcance do Exrcito Vermelho. Alguns alimentavam at a fantasia de virem a ser teis aos Aliados.

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    A capitulao total ocorreu pouco mais de uma semana depois do ltimo ato do drama no bunker. Rapidamente se sucedeu a neu-tralizao de nazis em fuga, sem nada por que lutar. A ocupao iniciou a tarefa de organizar a situao catica e de tentar estabele-cer novas formas e novos padres de governo. Por isso, Hitler foi indubitavelmente de importncia crucial at ao ltimo momento. Mas o seu poder persistente manteve-se porque outros o sustenta-UDPSRUTXHQmRWLQKDPDYRQWDGHRXDFDSDFLGDGHGHRGHVDDU

    A questo estende-se, por conseguinte, para alm da personali-GDGHLQWUDWiYHOGH+LWOHUHGDVXDDGHVmRLQH[tYHODRGRJPDDEVXU-damente polarizado da vitria total ou da derrota total. Estende-se at prpria natureza do poder de Hitler e s estruturas e mentali-dades que o sustentaram, acima de tudo no seio da elite do poder.

    O carter da ditadura de Hitler pode apropriadamente ser des-FULWRFRPRXPDIRUPDGHSRGHUFDULVPiWLFR28. Estruturalmente, assemelha-se em certos aspetos a uma forma moderna de monar-quia absoluta. Tal como um monarca absoluto, Hitler estava rodea-do por cortesos lisonjeadores (mesmo que a sua corte no tivesse o esplendor de Versalhes ou de Sanssouci); dependia de funcion-rios e de notveis da provncia, ligados a ele por laos de lealdade pessoal, para implementar diretivas e supervisionar o cumprimento GDVVXDVRUGHQVHFRQDYDHPPDUHFKDLVpLVVREHUEDPHQWHUH-compensados com generosos donativos em dinheiro e terras) para conduzir as suas guerras. No entanto, a analogia desvanece-se ra-pidamente quando se incluem as componentes cruciais do Estado moderno uma burocracia complicada e mecanismos (aqui, princi-palmente nas mos de um partido monopolizador) para orquestrar o apoio e o controlo populares. Uma parte importante do edifcio, que crucialmente reforou a autoridade de Hitler e lhe proporcionou um estatuto de intocvel, quase de deus, pairando acima de todas as instituies do Estado nazi, foi o apoio macio dos plebiscitos, que uma combinao de propaganda e de represso contribuiu

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    para obter. Por mais fabricada que fosse a imagem, no possvel pr em dvida a genuna e imensa popularidade de Hitler entre a grande massa do povo alemo at meados da guerra. Mas a par-tir do primeiro inverno russo de 1941 tudo aponta para que esta popularidade estivesse a enfraquecer. A partir do inverno seguinte o inverno do grave revs de Estalinegrado, pelo qual Hitler foi considerado diretamente responsvel entrou em declnio acentu-DGR(PWHUPRVGHDSHORGHPDVVDVSRUWDQWRRFDULVPDGH+LWOHUfoi minado de forma terminal quando a guerra comeou a azedar e as derrotas a aumentar. No entanto, do ponto de vista estrutural, o VHXSRGHUFDULVPiWLFRHVWDYDDLQGDORQJHGRP0HVPRFRPSD-rado com outros regimes autoritrios, o de Hitler era, desde o incio, personalizado a um grau extremo, desde 1933. No existia nenhum politburo, conselho de guerra, gabinete (desde 1938), junta militar, senado ou grupo de ministros para mediar ou controlar o seu po-der. Nada que se aproximasse, por exemplo, do Grande Conselho Fascista que desencadeou a deposio de Mussolini em 1943. Um PDUFRYLWDOGHVWHSRGHUFDULVPiWLFRSHUVRQDOL]DGRHUDGHVGHRincio, a eroso e a fragmentao do governo. Em meados de 1944, quando se inicia o perodo abordado neste livro num momento de intenso choque e de reestruturao interna, imediatamente de-pois do ataque bombista falhado de 20 de julho de 1944 , o pro-cesso de fragmentao expandira-se e aumentara de modo muito FRQVLGHUiYHO1HQKXPRUJDQLVPRXQLFDGRGHVDDYDRSRGHUGHHitler. Dito de outra maneira, as estruturas e as mentalidades do SRGHUFDULVPiWLFRSHUVLVWLUDPDWpPHVPRTXDQGRDSRSXODULGD-de de Hitler comeava a entrar em colapso. No foram mantidas, principalmente, por uma f cega em Hitler. Mais importante ainda, para nazis fanticos, era o sentimento de que no tinham futuro sem Hitler. Este sentimento criava um potente lao negativo: os seus destinos estavam inextricavelmente ligados. Era a lealdade dos que queimaram as pontes, juntos, e agora no tinham sada. Para muitos

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    dos que naquele momento estavam j reticentes ao nazismo, seno mesmo hostis, era muitas vezes praticamente impossvel separar o apoio a Hitler e ao seu regime da determinao patritica de evi-WDUDGHUURWDHDRFXSDomRHVWUDQJHLUD+LWOHUUHSUHVHQWDYDDQDOa defesa fantica do Reich. Remover Hitler (como foi tentado em julho de 1944) poderia ser e era visto por muitos, numa repetio GRPLWRGHFRPRXPDSXQKDODGDQDVFRVWDV8PIDWRUQmRPHQRVLPSRUWDQWHFRPRWRGDDJHQWHWLQKDFRQVFLrQFLDHUDTXHo ditador mantinha ao seu dispor um aparelho implacvel de apli-cao das ordens e de represso. O medo (ou, pelo menos, uma ex-trema cautela) desempenhava um papel bvio no comportamento da maioria. Mesmo os mais poderosos sabiam que tinham de pro-ceder com cautela. Quaisquer que fossem os motivos, o efeito era RPHVPRRSRGHUGH+LWOHUIRLDSRLDGRDWpDRP4XDQGRRPVHDSUR[LPDYDHFRPRJRYHUQRFHQWUDOTXDVH

    completamente fragmentado, as decises de vida e de morte foram descendo cada vez mais na hierarquia at aos nveis regional, distri-tal e local, de tal modo que indivduos como o comandante militar de Ansbach adquiriram um poder executivo arbitrrio e letal. Mas esta radicalizao das bases, embora crucial para a irracionalidade FUHVFHQWHGDIDVHQDOWHULDVLGRLPSRVVtYHOVHPRHQFRUDMDPHQWRDDXWRUL]DomRHDOHJLWLPDomRSURYLGHQFLDGDVGRDOWRGDOLGHUDQoDGHXPUHJLPHTXHVHHQFRQWUDYDQRPHQmRHVWDYDVXMHLWRDTXDLV-TXHUGHVDRVLQWHUQRV

    Por isso, talvez o elemento mais fundamental na tentativa de en-contrar respostas para a questo como e porque o regime resistiu at ao ponto da destruio total gire em torno das estruturas e das PHQWDOLGDGHVGRSRGHUFDULVPiWLFR$FRPELQDomRGHVWDDERU-dagem com uma avaliao diferenciada das formas como o povo alemo reagiu catstrofe que se avizinhava proporciona a possi-bilidade de obter uma avaliao mais pormenorizada das razes SRUTXHRSRGHUQD]LFRQVHJXLXFRQWLQXDUDIXQFLRQDUDWpDRP

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    Os captulos que se seguem obedecem a uma ordem cronol-gica, comeando pelo perodo subsequente ao atentado bombista fracassado de 20 de julho de 1944 uma cesura nas estruturas governamentais do Terceiro Reich e prolongando-se at capi-tulao em 8 de maio de 1945. Combinando a histria estrutural e a histria das mentalidades e estudando a sociedade alem nos seus vrios estratos, a abordagem narrativa tem a virtude de possibili-tar a descrio de forma precisa das fases dramticas do colapso GRUHJLPHHDRPHVPRWHPSRDVXDUHVLVWrQFLDHVSDQWRVDHGHVD-RGHVHVSHUDGRQRDSRLRDXPDFDXVDFDGDYH]PDLVREYLDPHQWHperdida. Em todo o livro, concentrar-nos-emos exclusivamente na Alemanha: o que pensavam, planeavam e faziam os Aliados eles mesmos muitas vezes perplexos perante a determinao alem de continuar a lutar em circunstncias desesperadas no faz parte da anlise. Evidentemente, foi de grande importncia para o decurso da guerra, e, em ltima instncia, foi decisivo para o que aconteceu nos campos de batalha nos vrios teatros de guerra. No entanto, como no pretendo escrever uma histria militar, os estdios rele-vantes do avano dos Aliados na Alemanha, no Leste e no Ociden-te so sucintamente resumidos, essencialmente, para proporcionar um enquadramento da avaliao subsequente.&RPRFRQKHFHPRVRPGDKLVWyULDpGLItFLOQmRQRVLQWHUUR-

    garmos porque os seus contemporneos no viram to claramente como ns vemos em retrospetiva que a guerra estava claramente perdida, pelo menos, quando os pases aliados ocidentais consoli-daram os desembarques em Frana e o Exrcito Vermelho avan-ou pela Polnia no vero de 1944. Mas, surpreendentemente at muito tarde, no foi assim que os Alemes avaliaram a situao. Sem dvida, sabiam que os grandes projetos de 1941-1942 no poderiam ser concretizados. Mas a liderana alem, no s Hitler, acreditava que haveria ainda algo a ganhar com a guerra. A fora de vontade e uma mobilizao radical, pensavam, poderiam prolongar

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    RFRQLWRDWpDSDUHFHUHPQRYDVDUPDVPLODJURVDV2HVIRUoRGHguerra seria mantido a um tal ponto que os Aliados procurariam uma sada negociada para as suas perdas crescentes, medida que RVHXDYDQoRIRVVHVHQGREORTXHDGRRXLQYHUWLGR9HULFDUVHLDuma ciso entre o Leste e o Ocidente e a Alemanha continuaria a PDQWHUDOJXPDVGDVVXDVFRQTXLVWDVWHUULWRULDLVHSRUPFRPRauxlio do Ocidente, voltar-se-ia contra o inimigo comum, o co-munismo sovitico. Tais esperanas e iluses, embora acalentadas por um nmero cada vez menor de cidados alemes (especial-PHQWHGHSRLVGHR([pUFLWR9HUPHOKRFKHJDUDRGHUQRQDOGHMDQHLURGHSHUVLVWLUDPTXDVHDWpDRP3RUWDQWRPHVPRQDWHUUtYHOIDVHQDOGHPRUWHHGHGHYDVWDomRSHUDQWHSHUVSHWL-vas insuperveis, entre uma srie crescente de colapsos regionais, a luta prosseguiu, impulsionada por uma energia destrutiva cada vez mais irracional, mas autossustentvel.

    Tentar explicar como foi possvel como o regime, a desmoro-nar-se, conseguiu continuar a funcionar at o Exrcito Vermelho estar s portas da Chancelaria do Reich o objetivo deste livro.