Realismo naturalismo 2012 novo

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REALISMO E NATURALISMO

O vagão de Terceira Classe- J. B. Daumier(1808-1879)

CAPÍTULO PRIMEIRO /ÓBITO DO AUTOR

“ALGUM TEMPO hesitei se devia abrir estas

memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se

poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a

minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar

pelo nascimento, duas considerações me levaram

a adotar diferente método: a primeira é que eu

não sou propriamente um autor defunto mas um

defunto autor, para quem a campa foi outro

berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais

galante e mais novo. Moisés, que também contou

a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo:

diferença radical entre este livro e o Pentateuco.“

Pentateuco

Este nome grego significa “cinco rolos”, ou livros, e inclui Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio. A autoria do Pentateuco, tradicionalmente considerado como Lei de Moisés, foi atribuída a este grande líder do povo hebreu tanto pelo judaísmo como pelo cristianismo antigos. Hoje, sabe-se que nenhum destes livros se pode atribuir a um único autor e menos ainda a Moisés, pois todos tiveram uma história literária complexa

“Ao verme que

primeiro roeu as frias carnes

do meu cadáver

dedico Ao verme que

primeiro roeu as frias carnes

do meu cadáver

dedico

como saudosa lembrança

estas.”

Memórias Póstumas de Brás Cubas

Machado de Assis

Ótima adaptação para o cinema do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis

realizada pelo diretor Andre Klotzel.

Apesar de se tratar de um personagem fictício, é um ótimo exemplo do brasileiro rico que vivia uma vida ociosa apenas gastando o dinheiro de sua

herança no século XIX. Apesar de representar um verdadeiro atraso a sociedade, é impossível não rir em alguns momentos do humor

"maldoso" de Brás Cubas.

REALISMO NA FOTOGRAFIA

“O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento; - o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houve de mau na nossa

sociedade.” Eça de Queirós.

Diferenças entre Realismo e Naturalismo

“Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração

tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a

cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco

palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a

tostada nudez dos braços e do pescoço, ...

... que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os

homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a

cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as

barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas não

descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem

tréguas. Não se...

... demoravam lá dentro e vinham

ainda amarrando as calças ou as

saias; as crianças não se davam ao

trabalho de lá ir, despachavam-se ali

mesmo, no capinzal dos fundos, por

detrás da estalagem ou no recanto das

hortas.”

O CORTIÇO, Aluísio Azevedo

CORTIÇO/FAVELA

Definição

Cortiço também é definido como “Habitação Coletiva Precária

de Aluguel”. É uma moradia coletiva multifamiliar que apresenta

as seguintes características:

- Ser constituída por uma ou mais edificações construídas em lote urbano, com ocupação excessiva;- Ser subdividida em vários cômodos conjugados alugados, sub-alocados ou cedidos a qualquer título, sem proteção da legislação vigente que regula as relações entre proprietários e inquilinos;- Ter várias funções exercidas no mesmo cômodo;- Ter acesso e uso comum dos espaços não edificados, de instalações sanitárias (banheiros, cozinhas e tanques) e elétricas;- Ter circulação e infraestrutura precárias;- Superlotação de pessoas em geral.

COMENTÁRIO

O trecho é singular por mostrar como o livro

compara o cortiço a um organismo vivo, um

espaço da natureza. A desordem, a

degradação sexual, a promiscuidade são

resultados desse meio. O autor realiza esse

intento por meio de linguagem dinâmica, que

demonstra a vivacidade do espaço, além da

utilização de verbos referentes a animais para

caracterizar homens e mulheres.

Bom-Crioulo

Adolfo Caminha

E não era somente questão de possuir o

grumete, de gozá-lo como outrora (...). Era

questão de gozá-lo maltratando-o, vendo-o

sofrer, ouvindo-o gemer... Não, não era somente

o gozo comum, a sensação ordinária (...). Era o

prazer brutal, doloroso, fora de todas as leis, de

todas as normas (...).

Escrita por Adolfo Caminha, a obra “Bom-Crioulo” teve sua primeira edição lançada em 1895. O livro faz parte do movimento naturalista francês que

influenciou os escritores brasileiros no início da década de 1880. Os naturalistas procuravam incorporar em suas obras as teorias cientificistas que eclodiram

durante os oitocentos. Assim, o evolucionismo social de Spencer, o determinismo de Taine dentre outras teorias eram responsáveis por explicar o

comportamento das personagens nesses chamados romances de tese.

“O Bom-Crioulo” foi a primeira obra brasileira a abordar o homossexualismo masculino. Vale lembrar que a premissa basilar do movimento Naturalista, tanto na França, quanto no Brasil, era a de educar a sociedade apontando o que os escritores da época

consideravam doenças sociais. O termo “doenças” adequa-se bem à visão da época, haja vista que a sociedade, no século XIX, era vista pelos naturalistas como um corpo social, isto é, tal como corpo humano que também podia sofrer com enfermidades.

Desse modo, uma parte doente poderia, por exemplo, levar as outras a adoecerem. Mas quem eram considerados doentes no

século XIX?”

O romance Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha, faz parte do Realismo e do Naturalismo. A história de paixão e tragédia não é produto de fantasia

romântica, mas baseada num fato real que escandalizou o Rio de Janeiro no século XIX.

Caminha constrói a partir de um fato verídico, uma ficção forte, ousada, muito atual até os dias de hoje. Fez isso para chocar e se vingar da sociedade hipócrita que o rodeava.

R E S U M I N D O:Realismo: os escritores voltavam-se para a observação do mundo objetivo. Procuravam fazer arte com os problemas concretos de seu tempo, sem preconceitos ou convenções. Focalizavam o cotidiano. O adultério, o clero e a sociedade burguesa em crise tornaram-se temas para as obras desse

período.Naturalismo: radicalizou o determinismo (o homem como

produto de leis físicas e sociais) do movimento realista. Essa nova tendência apareceu em uma situação de grande

pessimismo. Os escritores naturalistas introduziram o chamado "romance experimental" contra o esteticismo em que se

enveredava a arte. O movimento não se restringiu à ciência positivista. Registrou, como os realistas, não o passado, mas o presente com temas inovadores e linguagem atual. Denunciou a hipocrisia e caracterizou as lutas sociais, temáticas novas, que

anteciparam a literatura de ênfase social do século XX.