Raiva: aspectos gerais e protocolo de atendimento.

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Esta apresentação mostra os aspectos gerais da raiva, abordando: histórico, transmissão, patogenia, sintomatologia e os protocolos básicos de atendimento aos pacientes vítimas de agressão pro animais.

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RAIVA

Juracir Bezerra

Médico Veterinário

Código de Eshunna - 2.300 AC

HISTÓRIA

500 a.C. - Democritus: descreve forma clínica da raiva em um cão; 400 a.C. – Aristoteles: “Cães sofrem de raiva, e isto os torna muito irritados, e todos os animais que eles mordem se tornam também doentes”

HISTÓRIA

Aristaeus

Artemis

HISTÓRIA

001 a 100 DC: Imp. Romano, Grécia e Creta

HISTÓRIA

Aurélio Cornélio (Gália, 25 a 50 DC): Excisão cirúrgica e cauterização

Vegetius Renatus (Roma, Sec III): Tratamento da raiva em bovinos.

Flávio Aécio (Séc. IV – Roma / Mesopotâmia): Descrição precisa dos sintomas da raiva nos cães

HISTÓRIA

Al-Razi (Séc. IX – Pérsia): Identifica a hidrofobia e descreve os sintomas em humanos.

Rowell, o Bom (880 – 950): Casos raiva canina. 1º registro de raiva na Grã Bretanha.

HISTÓRIA

Maimônides (Córdoba, 1135 a 1204): “Venenos e Seus Antídotos” – Descreve remédios contra mordidas de cães raivosos.

HISTÓRIA

HISTÓRIA

1200 -1800

HISTÓRIA

"Santo Huberto, protegei-me dos lobos loucos, dos cachorros

loucos e das víboras"

(Prece francesa – Séc XVI)

HISTÓRIA

Girolamo Fracastoro (Roma,1530): Descreveu a doença de forma correta, incluindo a transmissão, sua progressão e incubação.

HISTÓRIA

México, 1703: 1º caso de raiva registrado nas Américas, por um padre, que reportou o problema em carta a seus superiores na Espanha.

HISTÓRIA

EUA/Virginia (1753) – Cães; EUA/Boston (1768/1771) – Cães e raposas.

Sintomatologia atípica leva à divulgação da raiva como uma nova doença;

América do norte (1785-1789) – A raiva é uma doença generalizada. Em 1789 um trabalhador morre de raiva após esfolar uma vaca doente;

Argentina (1806) – Cães de oficiais britânicos;

Chile (1835); CDC/EUA (1953) – Raiva em morcegos;

HISTÓRIA

1885 Louis Pasteur testa, com sucesso a vacina anti-rábica em humanos. 2004 Dr Rodney Willoughby

(EUA): “Protocolo de

Milwaukee” - 1º cura de

raiva humana no mundo

HISTÓRIA

2008: 1º caso de cura de raiva humana no Brasil (Hospital Oswaldo Cruz – Recife)

HISTÓRIA

Latim: rabere (fúria ou delírio)

Sânscrito: rabhas (tornar-se violento)

A raiva é uma zoonose transmitida ao homem

pela inoculação do vírus da raiva presente na

saliva e secreções do animal infectado,

principalmente pela mordedura.

DEFINIÇÃO

ETIOLOGIA

Família: Rhabdoviridae Gênero: Lyssavirus Sorogrupos: • Gen 1 - Vírus típico da Raiva (domésticos e silvestres) • Gen 2 - Vírus Lagos de Morcegos (morcegos frugívoros africanos) • Gen 3 - Vírus Mokola (musaranho – Nigéria)) • Gen 4 - Virus Duvenhage (Morcegos insetívoros africanos) • Vírus Europeu de morcegos 1 e 2 • Vírus de morcego australiano.

ETIOLOGIA

CICLO DE TRANSMISSÃO

D. rotundus D. youngi D. ecaudata

- Contato com saliva de animal raivoso (mordeduras, lambeduras de mucosa ou de pele com solução de continuidade); - Arranhaduras;

- Acidental (trabalhadores de

laboratórios, açougues etc); - Inalatória.

MODO DE TRANSMISSÃO

TRANSMISSÃO INTERHUMANOS

- Transplantes de órgãos, transplacentária,

aleitamento Materno;

- Contato com saliva de paciente.

Casos Raros:

PATOLOGIA

- A patologia da infecção rábica é tipicamente definida por encefalite e mielite. - Vários fatores afetam o desencadeamento da exposição ao vírus: variantes do vírus, dose do inóculo, rota e localização da exposição, bem como fatores individuais do hospedeiro, como idade e condições do sistema imune.

PATOLOGIA

PERÍODO DE INCUBAÇÃO

Homem: 2 a 10 semanas, em média 45 dias

(há relato na literatura de até 6 anos)

Cão: 21 dias a 2 meses, em média.

Animais silvestres: período bastante variável, não havendo definição clara para a

grande maioria deles.

Período de transmissibilidade Ocorre antes do aparecimento dos sintomas e durante o período da doença. No cão e gato este período se inicia de 5 a 3 dias antes dos sintomas.

SINTOMATOLOGIA: CÃO

Período prodrômico: febre, cefaléia, mal-estar, anorexia, náusea e dor de garganta. • Alteração de sensibilidade no local da mordedura: formigamento, queimação, adormecimento, prurido e/ou dor local. Esse período varia de 2 a 4 dias.

SINTOMATOLOGIA: HOMEM

SINTOMATOLOGIA: HOMEM

• Comprometimento do sistema nervoso central: ansiedade, inquietude, desorientação, alucinações, comportamento bizarro e até convulsões. As crises convulsivas podem ser desencadeadas por estímulos táteis, auditivos ou visuais. • Em cerca de 50% dos casos costuma haver espasmos de faringe e laringe após beber ou mesmo desencadeados pela simples visão da água ou vento no rosto

No homem, são raros os surtos de agressividade, com tendência de atacar ou de morder, característicos da raiva furiosa nos animais. • Outros sintomas acompanhantes são hipersalivação, fasciculação muscular e hiperventilação. Esse período dura de 4 a 10 dias.

• Na fase final, instala-se um quadro de paralisia progressiva ascendente e coma no final da evolução.

SINTOMATOLOGIA: HOMEM

AVALIAÇÃO DE RISCO E CONDUTA DE

ATENDIMENTO ANTI-RÁBICO HUMANO

- Mordedura - penetração dos dentes do animal na pele;

-Arranhadura - Ferimento causado por unhas e dentes*;

-Lambedura – Contato da língua com áreas recentemente machucadas ou mucosas;

- Outros – Saliva ou outros tecidos potencialmente infectados.

NATUREZA DA EXPOSIÇÃO

- Local;

-Profundidade;

-Extensão e número de lesões.

CARACTERÍSTICAS DOS FERIMENTOS

- Leves: Ferimentos superficiais, pouco extensos,

geralmente únicos, em tronco e membros (exceto

mãos e polpas digitais e planta dos pés); podem

acontecer em decorrência de mordeduras ou

arranhaduras causadas por unha ou dente;

lambedura de pele com lesões superficiais

CLASSIFICAÇÃO DOS ACIDENTES

-Graves: Ferimentos na cabeça, face, pescoço, mão, polpa digital e/ou planta do pé; ferimentos profundos, múltiplos ou extensos, em qualquer região do corpo; lambedura de mucosas; lambedura de pele onde já existe lesão grave; ferimento profundo causado por unha de gato; qualquer ferimento por morcego

CLASSIFICAÇÃO DOS ACIDENTES

Cão e gato: - Estado de Saúde no momento da agressão; - Circunstância do acidente; - Procedência do animal; - Hábitos de vida; - Possibilidade de observação.

CARACTERÍSTICAS DO ANIMAL

- Animais silvestres; - Animais domésticos de produção;

- Roedores.

CARACTERÍSTICAS DO ANIMAL

-Pré-exposição (vacina de cultivo celular): •Esquema: 03 doses •Dias de aplicação: 0, 7, 28 •Via de administração e dose: intramuscular profunda utilizando dose completa (0,5 a 1 ml), ou havendo capacitação técnica, por via intradérmica, utilizando a dose de 0,1 ml. •Local de aplicação: músculo deltóide ou vasto lateral da coxa (não aplicar no glúteo).

PROFILAXIA ANTI-RÁBICA

- Profilaxia frente possível exposição (vacina de cultivo celular): •Esquema: Variável, conforme avaliação

PROFILAXIA ANTI-RÁBICA

- Abandono de tratamento: No esquema recomendado ( dias 0, 3, 7, 14 e 28 ), as cinco doses devem ser administradas no período de 28 dias a partir do início do tratamento; Quando o paciente falta para a segunda dose: aplicar no dia que comparecer e agendar a terceira dose com intervalo mínimo de 2 dias; Quando o paciente falta para a terceira dose: aplicar no dia que comparecer e agendar a quarta dose com intervalo mínimo de 4 dias; Quando o paciente falta para a quarta dose: aplicar no dia que comparecer e agendar a quinta dose para 14 dias após.

PROFILAXIA ANTI-RÁBICA

Sempre que houver indicação, tratar o paciente em

qualquer momento, INDEPENDENTEMENTE do tempo

transcorrido entre a exposição e o acesso à unidade de

saúde;

A história vacinal do animal agressor NÃO constitui

elemento suficiente para a dispensa da indicação do

tratamento anti-rábico humano.

Havendo interrupção do tratamento, completar as doses

da vacina prescritas anteriormente e não iniciar nova série;

TRATAMENTO: BASES GERAIS

Recomenda-se que o paciente evite esforços físicos

excessivos e bebidas alcoólicas, durante e logo após o

tratamento;

Em caso de acidente por vacina anti-rábica de vírus

vivo o paciente deve receber esquema completo (soro +

vacina);

Não se indica o uso de soro anti-rábico para os pacientes

considerados imunizados por tratamento anterior, exceto

nos casos de paciente imunodeprimido ou em caso de

dúvidas sobre o tratemento anterior. Em caso de dúvidas

indicar o soro;

TRATAMENTO: BASES GERAIS

Nos casos em que se conhece só tardiamente a necessidade do uso do soro anti-rábico ou quando não há disponibilidade do mesmo, a aplicação de ser realizada até 7 dias após a aplicação da 1ª dose da vacina de cultivo celular. Após esse prazo o soro não é mais necessário.

TRATAMENTO: BASES GERAIS

O FERIMENTO:

Lavar imediatamente o ferimento com água corrente,

sabão ou outro detergente. A seguir, devem ser utilizados

anti-sépticos que inativem o vírus da raiva (compostos

iodados ou clorexidine) Essas substâncias deverão ser

utilizadas uma única vez.

A mucosa ocular deve ser lavada com solução fisiológica

ou água corrente;

O contato indireto é aquele que ocorre por meio de

objetos ou utensílios contaminados com secreções de

animais suspeitos. Nestes casos, indica-se apenas lavar

bem o local com água corrente e sabão;

TRATAMENTO: BASES GERAIS

O FERIMENTO (cont.)

Em casos de lambedura da pele íntegra, por animal

suspeito, recomenda-se lavar o local com água e sabão;

Não se recomenda a sutura do(s) ferimento(s)..

Havendo necessidade de aproximar as bordas, o soro anti-

rábico, se indicado, deverá ser infiltrado 1 hora antes da

sutura;

Proceder à profilaxia de outros agravos

Havendo contaminação da mucosa, seguir o tratamento

indicado para lambedura

TRATAMENTO: BASES GERAIS

O ANIMAL: Observação;

Animal suspeito;

Animais domésticos de produção;

Animal Silvestre.

TRATAMENTO: BASES GERAIS

ESQUEMA DE TRATAMENTO: VACINA DE CULTIVO CELULAR

NOTIFICAÇÃO

"O que é o inimigo? Eu

mesmo. Minha

ignorância, meus

apegos, minhas raivas!

Aí está realmente o

inimigo."