Post on 08-Feb-2019
PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÂO EM SALA DE AULA:
CONSCIENTIZAÇÂO E VALORIZAÇÂO DA DIVERSIDADE A PARTIR
DO ENSINO DE HISTÓRIA.
NASCIMENTO, Solanja1
PROENÇA, Wander de Lara2
Resumo:
O Projeto de Intervenção Pedagógica intitulado “Preconceito e discriminação em sala de aula: Conscientização e Valorização da Diversidade a partir do Ensino de História, foi desenvolvido com seguintes objetivos: primeiro, desconstruir a questão do mito da democracia racial, por meio de questionamentos e análises críticas, objetivando eliminar conceitos, ideias e comportamentos influenciados pela ideologia do branqueamento e romper com imagens negativas forjadas por diferentes meios de comunicação contra os negros e povos indígenas; segundo, levar os educandos a ter uma visão ampla e crítica referente à História não eurocêntrica. A implementação contemplou pesquisa de campo e outras dinâmicas, tais como: entrevista, análise de músicas e dinâmica dos rótulos envolvendo participação direta dos alunos do 8º ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Rio Branco - Ensino Fundamental e Médio, situado no Município de Rio Branco do Ivaí, Pr. A partir da implementação observou-se que o desenvolvimento e os resultados foram positivos, uma vez que os alunos demonstraram bastante interesse sobre o assunto, participaram ativamente das atividades propostas, e na medida em que foi sendo realizado, puderam observar, rever suas práticas e constatar que por vezes tinham atitudes preconceituosas mas não possuíam consciência que as mesmas fossem efetiva manifestação ou reprodução do preconceito. Muitos chegaram à conclusão de que ao fazer determinadas brincadeiras não sabiam que essas estavam repletas de preconceito; tornaram-se, com isso, conscientes de suas ações, passando a se corrigir mutuamente, por meio de expressões como: "olha fulano, isso é preconceito”.
Palavras chaves: Preconceito. Diversidade. Lei 10639/03. Cultura afro-brasileira. Ensino de História. Introdução
Neste artigo, apresentamos algumas discussões e reflexões sobre os
trabalhos realizados por meio do Projeto de Implementação Pedagógica sobre o
tema “Preconceito e Discriminação em sala de aula: Conscientização e valorização
da diversidade a partir do Ensino de História”. Esse trabalho está relacionado à linha
de pesquisa “Diálogos curriculares com a diversidade”, desenvolvido com alunos do
8º ano Ensino Fundamental do Colégio Estadual Rio Branco – Ensino Fundamental
e Médio do município de Rio Branco do Ivaí – Pr. Também relatamos a socialização
com os professores participantes do Grupo de Trabalho em Rede (GTR).
1 Professora do PDE, vinculada ao Núcleo de Ensino de Ivaiporã. Professora de História do Colégio
Estadual Rio Branco - Ensino Fundamental e Médio, em Rio Branco do Ivaí – PR. 2 Orientador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
É importante ressaltar que devido à necessidade e a obrigatoriedade da Lei
10.639/03 de se estar constantemente trabalhando sobre a questão da Cultura Afro-
brasileira e indígena, este estudo procura aliar a necessidade com a obrigatoriedade,
tendo em vista que as salas de aulas são um ambiente oportuno para o
desenvolvimento de trabalhos que viabilizem a conscientização e reflexões a
respeito das ações dos alunos – ou, mesmo, de docentes e outros agentes do
ambiente escolar -, considerando que essas estão muitas vezes marcadas por
preconceito e discriminações, que podem ser consideradas em maior parte
reproduções ou influências da sociedade em que vivemos. É oportuno dizer que
muitas vezes reproduzimos inconscientemente ou não os pré-conceitos, e diante
dessa realidade, o projeto de implementação desenvolvido teve como objetivo
desenvolver ações educativas que viabilizem a reflexão e conscientização de nossas
atitudes, para que no momento em que falarmos ou agirmos, tenhamos consciência
do que de fato queremos dizer.
Convém ressaltar que muitos já sofreram, ou “sentiram na pele”, o gosto
amargo da discriminação, por serem estereotipados como pobre, negro, loiras,
homossexuais, mulheres, mães solteiras, entre outros. À guisa de exemplo, quantas
vezes já não ouvimos “piadinhas” que nada mais são do que a pura manifestação de
preconceito: “Mulher tem o direito de esquentar a barriga no fogão e esfriar no
tanque” (provérbio amplamente divulgado pelo povo, ou seja, provérbio popular) e
assim sucessivamente dentre vários outros. Antes de tudo, vale lembrar que esse
provérbio acima citado faz uma discriminação de que os ofícios da mulher se
restringem aos afazeres domésticos; a citação “a mulher tem o direito” denota um
aspecto de submissão, nesse caso em relação ao homem. E assim são vários “os
provérbios”, “piadinhas” que são diariamente reproduzidas dentro das salas de
aulas, no âmbito familiar, entre outros. Os indivíduos crescem ouvindo esse tipo de
afirmação e achando que isso é normal ou natural e simplesmente não têm
consciência do que está nas entrelinhas.
É nesse intuito que desenvolvemos o trabalho, esclarecendo, fazendo
levantamentos, análises, exemplificando, justificando a necessidade e importância
do assunto em pauta, para que os estudantes, e comunidade escolar em geral,
cheguem à conclusão de que é necessário ter uma mudança de comportamento,
procurando ser críticos, e que venham refletir suas ações e as consequências das
mesmas, não mais as reproduzindo quando estas forem negativas, ou seja, repletas
de preconceitos e discriminações, pois essas acarretam em traumas psicológicos,
violências emocionais, físicas e sociais.
Diante de tais aspectos, faz-se necessário que nossas ações sejam cientes e
que não sejamos meros reprodutores alienantes, mas com capacidade de verificar
qual imagem queremos deixar perante a sociedade, contribuindo para que essa
possa ser justa e democrática, fazendo com que todos os cidadãos possam ter seus
direitos garantidos e respeitados, não só no papel como tem sido, mas como se há
de verificar na prática.
Revisão de Literatura
No Brasil o preconceito é tão pesado e espalhado que foi preciso criar
uma lei, a lei nº 10639/03 que altera a LDB (Lei Diretrizes e Bases) e estabelece
as Diretrizes Curriculares para a implementação da mesma. A 10.639 instituiu a
obrigatoriedade do Ensino de História da África e dos Africanos no currículo
escolar do Ensino fundamental e médio. Nesse intuito, o projeto implementado
objetivou aliar a lei que é uma obrigatoriedade com as necessidades vigentes,
bem como salientar que é um direito o conhecimento e a informação da cultura
afro-brasileira no ambiente escolar, que até pouco tempo era tido como uma
invisibilidade.
Para o autor Ruben G. Oliven:
A invisibilidade do índio e do negro nos estudos dedicados às condições econômico-culturais do Estado, ainda que várias atividades econômicas tenham sido feitas exclusivamente por escravos, trata-se de uma invisibilidade social simbólica que foi influenciada pelas ideologias raciais no momento de formação da identidade nacional e de formação da República (OLIVEN, 1996, p.21).
Porque se discutir preconceito na Escola?
Primeiro, porque é um lugar onde visa a formação do cidadão, bem como
atitudes, postura e valores, sujeitos orgulhosos de seu pertencimento étnico-racial e
que possam interagir na construção de uma nação democrática em que
todos igualmente, tenham seus direitos garantidos na prática e sua identidade
valorizada, compromisso esse da institucionalidade nos diferentes níveis que
estrutura a missão educacional. A Escola e as salas de aulas são espaços
privilegiados de transmissão de ideias, conhecimentos, sendo assim, torna-se
imprescindível a desconstrução dos pré-conceitos transmitidos ao longo dos anos.
Segundo, porque o preconceito existe dentro do espaço escolar e a escola
deve lutar contra as diferentes formas de manifestações e esse é um dos grandes
desafios, fazer reconhecer a existência de preconceitos, social, racial e sexual
nesse ambiente educativo.
Eliane Cavalleiro afirma que a discriminação
[...] se evidencia quando em condições sociais dadas, de supostas igualdade entre brancos e negros, se identifica um favorecimento para um determinado grupo nos aspectos social, educacional e profissional. Fato que expressa um processo institucional de exclusão social do grupo, desconsiderando suas habilidades e conhecimentos (2005, p. 26).
Nesse sentido convém ressaltar que um dos grupos menos favorecidos é o
dos negros, alguns índices comprovam essa realidade. Segundo dados do IBGE
censo 2010, a população afrodescendente tem uma renda inferior, não somente
referente à da população branca como também referente aos descendentes de
europeus e asiáticos. Além do que, níveis de escolaridade e de renda per capita
muito baixos, pouco acesso à moradia, pequeno fluxo de poder e de mídia, entre
outros; tudo isso demonstra o quanto o problema racial se enraizou na organização
da sociedade brasileira.
Racismo, esse traço social, é um dos maiores problemas da história do
Brasil. Apesar da evolução expressiva nas relações inter-raciais no país, e embora
esteja previsto na Constituição de 1988 o combate ao racismo, considerado crime
inafiançável, ainda existe muita discriminação com a cultura negra. Isso pode
ser observado não somente dentro das salas de aulas como também no contexto
sócio-histórico de nossa sociedade, é de opinião unívoca que não são somente os
negros enfrentam essa desvalorização e sim mulheres, índios, até mesmo na
esfera da religiosidade o preconceito ainda é marcante. As religiões afro-
brasileiras, por exemplo, não são valorizadas como manifestações legítimas e
são vistas e tratadas com muita discriminação.
Os grupos dominantes muitas vezes, estando no poder, acabam se
beneficiando do mesmo e consequentemente acabam utilizando de manobras a
fim de manipular as classes sociais em prol de seus interesses. A sociedade
brasileira reproduz a ideologia dos dominantes e dessa maneira perpetuam-se
valores, conceitos preconcebidos referentes à população negra, sua história e
cultura e sem falar da questão da chamada “democracia racial”, que não passa de
um mito inventado pelos poderosos a fim de mascarar a questão racial ainda não
resolvida no Brasil, mesmo depois da tão sonhada abolição da escravidão. A
escravidão criou o racismo e a forma como ela foi abolida (Lei Áurea 1888), não
foi suficiente para inverter essa realidade.
Ainda hoje persiste em nosso país um imaginário étnico-racial que privilegia
a “brancura” e valoriza principalmente as raízes europeias, ignorando bem como
não valorizando as outras, que são as indígenas, a africana e asiática.
Convém fazer um levantamento de conceitos e autores que fazem
definições sobre os termos racismo, preconceito, discriminação, já que
infelizmente estão presentes em nossa sociedade e a definição dos mesmos faz
com que tenhamos possibilidades amplas de lutar contra essa prática abominável,
conhecer e saber respeitar a diversidade é a primeira ação para nos tornarmos
pessoas melhores. O Brasil é um país com grande diversidade cultural composta
por descendentes de povos africanos e de índios brasileiros, de imigrantes
europeus, asiáticos e latino-americanos; é a mistura de todas essas etnias que
forma o povo brasileiro.
Segundo Deniker, criticando o conceito de raça:
Existem grupos étnicos, formados em função da comunidade de língua, religiões, instituições sociais que têm a capacidade de unir homens de uma ou várias... e “variedades” queria dizer também cor de pele (Apud NETO, 1997, p.247).
Na verdade, o que existe são grupos étnicos e compreender/conhecer é,
certamente, não idealizá-los. Muller afirma que:
O racismo e o preconceito nem sempre tem explicações racionais. São sentimentos construídos ao longo da vida, através do convívio com outras pessoas racistas ou preconceituosas e que transmitem essas ideias pejorativas sem nenhuma comprovação, apenas insistindo nos julgamentos negativos que eles têm sobre os outros (2006, p.123).
Preconceitos que desqualificam os negros e salientam estereótipos
depreciativos, palavras e atitudes que velada ou explicitamente violentas,
expressam sentimentos de superioridade em relação aos negros, s ã o próprios
de uma sociedade hierárquica e desigual. No âmbito escolar ocorrem constantes
situações de discriminação e preconceito: os alunos negros geralmente
são vítimas de “brincadeiras” e recebem apelidos pejorativos relacionados à cor
do cabelo; geralmente as pessoas fazem referências ao cabelo dos/as afro-
brasileiros/as como “cabelo ruim”, isso é um ato de racismo. Vale lembrar que a
língua portuguesa está cheia de exemplos nos quais desvalorizam os negros,
mulheres, indígenas, tais como: “A coisa está preta”; “segunda-feira é dia de
preto”; “mulher tem o direito de esquentar a barriga no fogão e esfriar no tanque”
“Os indígenas são uns primitivos/selvagens”; tudo isso nada mais é do que a pura
manifestação de preconceito e discriminação.
De acordo com Santos (2005, p. 14),
A discriminação racial se reproduz em vários contextos sociais das relações entre negros e brancos. Nesse contexto a escola não se encontra isenta dessas reproduções. Muito embora ela não seja meramente reprodutora de tais relações, acaba por refletir as tramas sociais existentes no espaço macro da sociedade.
É oportuno dizer que o racismo tem que ser combatido desde a primeira
infância, uma vez que é na escola que as crianças irão se deparar com as
primeiras manifestações de racismo e preconceito, trazidas do ambiente familiar e
social.
Segundo Pinho (2004), os alunos negros nem sempre ouvem calados as
provocações. Reagem para brigas e a repressão da equipe gestora recai sempre
sobre eles. Essa mesma autora constatou também que os alunos que
sempre ficavam de castigo eram os pretos e mulatos, categorias estas utilizadas
pela autora para se referir a alunos não brancos.
Por que apenas os alunos negros são punidos? Até mesmo quando
são vítimas acabam por serem considerados os responsáveis pelas agressões
sofridas. Segundo Nogueira (2007), o preconceito racial no Brasil é de
marca, ou seja, baseia-se na cor da pele, na aparência, nos traços fisionômicos
das pessoas.
Pesquisas já realizadas, como a de Cavalleiro (2000), mostram que as
diferenças de fenótipo entre negros e brancos são entendidos como desigualdades
naturais. As crianças brancas revelam situações e apresentam atitudes
preconceituosas e discriminatórias tais como: xingamentos, ofensas, brigas e
apelidos. Essas situações de discriminação são frequentes e ocorrem na
presença de professores sem que eles muitas vezes tomem atitudes,
demonstrando, assim, a necessidade de uma ação pedagógica. Os professores
percebem os conflitos, mas muitas vezes, por não saber lidar com a situação, por
falta de formação ou até por concordarem, achando normal o ato de
discriminação, fazem com que isso aumente os preconceitos e as brigas no
espaço escolar.
As pesquisas nos mostram também que os atos citados acima acarretam
nos alunos negros a autorrejeição, bem como o desenvolvimento de uma baixa
auto- estima, ausência de reconhecimento de capacidade pessoal, rejeição ao seu
outro igual racialmente, pouca ou nenhuma participação na sala de aula,
dificuldades no processo ensino aprendizagem, entre outros.
Enfim, são infinidades de retrocessos que acabam se ocasionando devido
às atitudes preconceituosas; é bem verdade que essas têm que ser
combatidas o tempo todo e uma das maneiras é a conscientização, a valorização
do negro, o respeito. É preciso evidenciar as inúmeras contribuições que vão além
do exótico, resgatar os heróis negros, assegurar o direito à igualdade de condições
de vida e cidadania que é primordial, e esclarecer a real História. Vamos ser
quem somos: o Brasil é visto como um lugar da diversidade, lugar da
diferença, dos diferentes povos, mas as representações dessa diferença não
têm eco com os materiais didáticos tradicionais e principalmente com a
representação negra, pois aparecem somente nos dias “D.
Metodologia, resultados obtidos e discussão
A implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica, Preconceito e
discriminação em sala de aula: Conscientização e Valorização da Diversidade a
partir do Ensino de História, ocorreu no Colégio Estadual Rio Branco- Ensino
Fundamental e Médio, na cidade de Rio Branco do Ivaí-Pr, tendo como público alvo
aproximadamente 30 alunos do 8º ano do Ensino Fundamental. Inicialmente foi
apresentado à Direção, Equipe Pedagógica, Professores e funcionários para
tomarem ciência das ações que posteriormente foram desenvolvidas no decorrer da
implementação do mesmo. A produção didática foi aplicada no 1º semestre do ano
letivo de 2017. A abordagem da problemática “preconceito e discriminação na sala
de aula” foi através da oralidade, reflexão e análise, tanto referente ao contexto
histórico como análises no âmbito geral de músicas, pequenos vídeos, discussões
entre outros. Para gerar um clima favorável às discussões da temática foram
expostas as definições dos conceitos: o que vem a ser racismo, preconceito e
discriminação, fazendo uma exemplificação clara e objetiva, ou seja, apresentação
do projeto, que se faz necessário no primeiro momento, para que os mesmos
tenham uma interação e participação ativa do assunto em pauta e para que
posteriormente vão fazendo a identificação desses conceitos na prática cotidiana e
combatendo na desconstrução dos mesmos.
Nesse segundo momento houve a exibição de uma curta metragem em vídeo:
“O preconceito cega”, disponível no Educa tube :
https://www.youtube.com/watch?v=-M3Bf1I8N_k.
Esse vídeo serve para autocrítica e reflexão sobre os múltiplos olhares de uma
convivência em sociedade, essa muitas vezes intolerante, propicia também uma
discussão e revisão de nossas atitudes quando em determinados momentos agimos
baseados nas falsas aparências, ou seja, julgamos pela aparência que é algo
inadmissível e o preconceito, também cega, como demonstra o curta metragem.
Dando sequência, foram lançadas algumas questões para reflexão e diálogo
(conversas informais) a título “revendo minha prática”:
Quem são as pessoas que vocês buscam para conviver no dia a dia?
São aquelas que mais parecem com vocês?
Aquelas que pensam agem e gostam das mesmas coisas?
É mais fácil conviver com os iguais? Por quê?
Qual o problema em conviver com os diferentes?
Vocês concordam que as diferenças afastam as pessoas?
Concordam que é legal ser diferente? Por quê?
Apresentamos, a seguir, alguns depoimentos/falas dos estudantes referentes
ao diálogo das questões acima, solicitadas para discussões/reflexões:3
“Conviver com os diferentes nos faz crescer”.
“Eu busco conviver com as pessoas que eu me dou bem, independentemente se ela
é parecida comigo ou não”.
“Existem pessoas preconceituosas e racistas que deixam as diferenças, afastar as
pessoas uma das outras”.
“Ser diferente é uma coisa incrível, ter seu jeito único, sua própria forma de pensar,
entre muitas outras coisas”.
3 Todos os depoimentos citados neste artigo foram coletados por meio de registros em formulários
disponibilizados durante as atividades realizadas, sendo preservado o anonimato da identificação nominal dos depoentes.
Após as reflexões e comentários sobre as questões acima, foi feita a exibição
do vídeo As aparências enganam” – Jafar, disponível no youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=VQlOJa2Pwlo
Esse material demonstra o preconceito de uma família diante de uma pessoa na sala
de espera, seguido de comentários sobre o mesmo. Preconceitos e discriminação
são construídos nos pequenos detalhes vividos no cotidiano. “Um pai que ofende
com xingamentos” do tipo: “tinha que ser negro, ou tinha que ser mulher” ensina
seus filhos a intolerância, o sexismo etc. Atitudes que os pais devem ter é conviver
com pessoas de diferentes grupos étnico-raciais e, sobretudo, ter uma postura de
vida que combata hierarquia, subordinações e desigualdades sociais. Embora seja
um assunto sério, mas tratado de uma forma descontraída, o próximo vídeo que foi
exibido retrata o preconceito espalhados se não nas atitudes nos pensamentos;
disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DAXjCuanj-g.
Realizamos em seguida uma entrevista/questionário em relação à questão
étnica, como você se autodeclara.
Após a execução da entrevista, análise dos dados obtidos e exibição dos mesmos
em gráfico, cabe enfatizar nessa entrevista que os alunos em questão apresentaram
dificuldade em relação como se autodeclarar, pois observou-se que estudantes da
pele branca dizendo ser pardos, alguns pardos dizendo ser negros e em alguns
casos negros e pardos preferiram não declarar. Numa observação mais atenta os
pardos em sua grande maioria é que realmente se reconhecerão com maior
precisão.
Dentre algumas questões solicitadas na entrevista cabe destacar:
Em relação à cor da pele, você se considera?
Figura 1 – Gráficos sobre a cor da pele dos entrevistados
Fonte: Arquivo pessoal
Você identifica algum preconceito de ordem étnica na sociedade brasileira?
(múltiplas escolhas)
Figura 2 – Gráfico sobre depoimentos dos alunos referentes a preconceito de ordem étnica
Fonte: Arquivo pessoal
Você acredita que as formas de preconceito étnico (por cor da pele ou Estado
de origem) no Brasil...
Figura 3 – Gráfico sobre depoimentos dos alunos referentes ao crescimento ou diminuição do preconceito étnico no Brasil
Fonte: Arquivo pessoal
Por meio da análise dos dados fica evidente que a grande maioria dos alunos
são pardos, e os mesmos percebem que há um grande preconceito de ordem étnica
contra os negros, embora acreditem que vem diminuindo de forma lenta.
Outra ação/atividade desenvolvida foi a exibição de um curta metragem, “O
xadrez das cores”, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IbrY4p-nrdk.
O preconceito e o desafio da acolhida da diversidade são temas neste curta
metragem; é um filme sobre a questão do preconceito nas relações humanas entre
brancos e negros; esse envolve não somente a questão racial como também a
questão da solidão, o cuidado, ou seja, a solidariedade e a superação, valores
primordiais, por ser educativo. É um material que vale a pena ser trabalhado, uma
vez que um dos grandes desafios da atualidade para a educação é a diversidade,
sabendo que essa precisa ser reconhecida, valorizada e acima de tudo respeitada.
Esta atividade visou possibilitar uma reflexão ampla, permitindo a interação de todos
para a desconstrução do racismo, preconceito e discriminação. Atitudes
responsáveis consistem em mostrar a diversidade sendo que essa não consiste em
um fator de superioridade e nem de inferioridade, mas o contrário um fator de
complementaridade e de enriquecimento da humanidade em geral. Dar ênfase
nesse aspecto é importante para que os alunos assumam com orgulho e dignidade
os atributos de sua diferença, vamos ser quem somos, e conscientes que fazemos a
diferença naquilo que acreditamos .
Ninguém precisa ser sentir humilhado, uma vez que a sociedade tenta nos
impor certos constrangimentos: “Tivemos na condição de escravos, mas não éramos
e nós viemos para cá, para construir esse país porque sabíamos que éramos e
somos capazes, mas nunca nos sujeitamos a aceitar tal condição; sempre lutamos
em busca de nossos direitos e permanecemos fazendo isso até a atualidade”.
Na exibição do curta metragem o “jogo do xadrez”, os alunos demonstraram
o tempo todo, indignados com a postura da personagem da “idosa branca “que
maltratava a empregada doméstica por ser negra, comentavam assim:
“Ai meu Deus isso não é possível, eu não aguentava”, ”que vontade de pegar essa
velha e falar umas verdades”.
“Na verdade a única pessoa que se importa com a idosa é ela, né professora, a
doméstica, porque os outros não esta nem ai pra ela , abandonaram”.
Diante da indignação que se fez presente durante a exibição do vídeo em
questão, os alunos visualizaram que existem situações diversas preconceituosas
que ocorrem em nossa sociedade, mas o mais importante a ser ressaltado é que
eles não se conformaram em ver a discriminação, reagiram, pondo-se no lugar e em
defesa da pessoa que estava sofrendo a discriminação, isso é uma atitude
belíssima, pois não podemos nos calar diante das injustiças.
A próxima atividade consistiu em uma dinâmica para trabalhar preconceito e
exclusão; essa proposta encontra-se disponível em:
http://www.dinamicaspassoapasso.com.br/2011/02/dinamica-paratrabalhar-
preconceito-e.html
As diversas sensações apresentadas nessa dinâmica foram:
- Sensação de curiosidade, diversão, estranheza, medo, suor, vergonha, ruindade no
sentido de que quando as pessoas procuravam se afastar, sem motivo aparente.
Citamos um depoimento do aluno X:
“Muito ruim, verem as pessoas se afastando da gente, dá uma sensação horrível”.
“Achei estranho, porque as pessoas tentavam me ajudar o tempo todo, e eu não sou
acostumado a receber ajuda”, cabe ressaltar que nesse mundo onde as pessoas
não são tão solidárias, quando são, as pessoas acham estranho, desconfiam, pois
estão inseridos em uma sociedade muitas vezes injusta , individualista e capitalista
P
o
cada um pra si, e temos que combater esses valores distorcidos e lutar por uma
sociedade justa e solidária”.
Os educandos procuram frisar que com essa experiência, foram levados a a
refletir sobre o fato de que todos somos iguais, temos defeitos e somos falhos em
algumas de nossas atitudes, e que devemos procurar agir sempre de maneira
educada, respeitando a diversidade, e que o mais importante, que a dinâmica fez,foi
fazer com que eles revessem suas atitudes, pensar/refletir, e agir sempre com
“respeito sem gritaria”.
Como sinopse se diz que: “Tudo que é ensinado dentro de uma sala de aula
não se trata de um ato gratuito e muito menos sem repercussões, constitui tarefa
árdua, pois se está definindo rumos que a humanidade irá tomar”. Dessa maneira
proponho a Análise da letra da música “Racismo é burrice”, de Gabriel Pensador:
será distribuída a letra para discussão do conteúdo e referente à lavagem cerebral; a
música pode ser encontrada no site: http://www.vagalume.com.br/gabriel-
pensador/racismo-e-burrice-nova versao-de-lavagem-cerebral.html
Dialogando:
Vocês gostaram dessa música? Por quê?
Qual o problema social retratado nessa letra?
Segundo Gabriel porque racismo é burrice?
Porque o preconceito é uma herança cultural?
O que significa fazer uma lavagem cerebral, segundo a música? (entre outras)
Em seguida, houve confecção de cartazes, para que pudessem servir de lembrete
para as pessoas ficarem atentas à igualdade racial e ao preconceito (esses cartazes
foram expostos em murais na escola). Neste procedimento, foram providenciadas,
pela professora, cartolinas, revistas, cola e tesoura para os alunos. Dividiu-se a
turma em quatros grupos e foi solicitado aos alunos que escrevessem
frases/pensamentos nos cartazes contra o preconceito e colassem imagens
significativas que ilustrassem a igualdade de etnias. Exemplos de cartazes, entre
outros: “Que morra o preconceito e viva a união”.
Quanto à confecção de cartazes a participação foi intensa, todos colaboraram,
se dedicaram e posteriormente foi exposto para toda a escola por meio dos murais;
gratificante foi observar o empenho de todos os envolvidos, sentindo-se orgulhosos.
Destacamos mais uma vez a postura e a criticidade que os mesmos foram
adquirindo referente às suas próprias atitudes/ações, pois aqueles que não tinham
consciência que aquela “brincadeirinha” “ piadinha” era o fruto do preconceito e
consequentemente da discriminação e os males reproduzidos, quando passaram a
entender ter ciência, suas ações mudaram, passaram a se policiar e também uns
aos outros.
A atividade seguinte foi a exibição do vídeo “Vista minha pele”, disponível em:
http://educa-tube.blogspot.com.br/2012/11/vista-minha-pele-usa-parodpara.html
Trata-se de uma paródia da realidade brasileira, para servir de material básico para
discussão sobre racismo e preconceito em sala de aula. Nessa história invertida, os
negros são a classe dominante e os brancos foram escravizados. Os países pobres
são, por exemplo, Alemanha e Inglaterra, e os países ricos são, por exemplo, África
do Sul e Moçambique. Maria é uma menina branca pobre, que estuda num colégio
particular graças à bolsa de estudos que tem pelo fato de sua mãe ser faxineira
nesta escola. A maioria de seus colegas a hostilizam, por sua cor e por sua condição
social, com exceção de sua amiga Luana, filha de um diplomata que, por ter morado
em países pobres, possui uma visão mais abrangente da realidade. Maria quer ser
Miss Festa Junina da escola, mas isso requer um esforço enorme, que vai desde a
predominância da supremacia racial negra (a mídia só apresenta modelos negros
como sinônimo de beleza), a resistência de seus pais, a aversão dos colegas e a
dificuldade em vender os bilhetes para seus conhecidos, em sua maioria muito
pobres. Maria tem em Luana uma forte aliada e as duas vão se envolver numa série
de aventuras para alcançar seus objetivos. Vencer ou não o Concurso não é o
principal foco do vídeo, mas sim a disposição de Maria em enfrentar essa situação.
Ao final ela descobre que, quanto mais confia em si mesma, mais possibilidades ela
tinha de convencer outros de sua chance de vencer. Nada como "vestir a pele do
outro" para ver a real situação; esse será o foco das discussões e finalizações por
meio de produção textual.
Destaque para trechos de depoimentos dos alunos e alunas por meio das
produções textuais, em relação a esta atividade:
“Quando eu era pequena, eu tinha o cabelo curto, e algumas pessoas me
perguntavam se eu era do sexo masculino ou feminino? Ou seja, percebem que o
preconceito/ discriminação não poupa ninguém, inclusive crianças são atingidas pela
maldade e ignorância humana, se é que podemos chamar de humanos”.
“Já vi pessoas julgando, uma outra, pelo simples fato do que ela vestia”
“Há várias pessoas que sofrem com o preconceito”.
Infelizmente, nossa sociedade marca equivocamente as pessoas, como
demonstrado nas expressões: “por ser mulher dirige mal”, “por ser homem não pode
chorar”, “por ser negro é ladrão”, “toda sogra é chata”; e essa mesma pessoa ainda
acrescenta que “preconceitos não tem cabimento”.
Seguem mais depoimentos relacionados às produções realizadas por meio da
implementação:
“Quando eu era mais nova eu praticava alguns preconceitos, mais eu não era
consciente disso, nessas aulas foi que eu aprendi que não pode existir nenhum tipo
de preconceito”.
“Os negros sofreram e sofre o racismo e o preconceito”.
“O preconceito esta em todos os lugares, algumas pessoas fazem o preconceito
consciente outros inconscientemente”.
“O preconceito é muito ruim, as pessoas agem diferente com você por causa da cor
da pele, ou por causa do cabelo”.
“Eu já fiz preconceito sem saber que era, e já vi muitas pessoas discriminando só por
causa da cor de pele, eu acredito que isso deve acabar, porque isso é uma atitude
inaceitável”.
“São os negros que carregaram o Brasil nas costas e são eles os que mais sofrem
com o preconceito e discriminação.”
“Temos que nos conscientizar, todos somos iguais, e não podemos julgar o
próximo.”
“Às vezes vejo alguns amigos discriminando uma pessoa por ela ser magra, ou
gordinha, ou por ser alta ou baixa”.
Os depoimentos citados nos levam a constatar que nossa sociedade anda
insatisfeita com o mundo, em um sentimento de que nada está bom, até mesmo em
relação as características físicas de seus semelhantes. Temos que priorizar o
respeito para com toda a diversidade. Podemos fechar os depoimentos com um
pensamento de um dos estudantes: “Não é sempre que vamos ganhar, mas
precisamos lutar”. É nisso que devemos acreditar em relação à tarefa de educar; os
objetivos aqui propostos foram alcançados, mas a luta continua, pois o processo é
lento e gradativo; as sementes foram lançadas e posteriormente iremos colher os
frutos de uma sociedade menos preconceituosa, tendo em vista que os estudantes
já começaram a rever suas atitudes e estão conscientes da mesmas.
Contribuições do GTR
Em relação ao GTR, os professores tiveram acesso ao material produzido por
meio das atividades realizadas na plataforma do PDE, nos quais puderam refletir
sobre o preconceito e discriminação em sala de aula.
No Módulo 1 foram realizadas atividades nas quais os professores participantes
tiveram contato com o projeto de pesquisa, os quais sinalizaram com algumas
observações fundamentais referente ao papel da escola e importância do projeto
pauta visto que visa a amenização do preconceito em sala de aula e na sociedade
como um todo:
Quadro 1: Algumas observações de professores participantes do GTR
“A escola deve combater diariamente o racismo e o preconceito, pois é lá um dos lugares propícios
para se promover reflexões sobre a pluralidade e a diversidade cultural presentes na sociedade, bem
como formar cidadãos conscientes que compreendam a importância de ser respeitar a diversidade
étnico-racial”.
"A escola é um ambiente propício para mostrar aos nossos alunos que somos diferentes e que essa
diferença é enriquecedora e que por meio dessa convivência é que devemos aprender a valorizar,
respeitar o outro na sua individualidade”.
“ O racismo é um problema que está presente no cotidiano escolar, e marca profundamente as
crianças, os adolescentes e os jovens negros. Portanto, falar, discutir, entender e superar o racismo
na sala de aula numa etapa fundamental do desenvolvimento humano é indiscutivelmente papel do
professor e da escola como um todo”.
” Combater o preconceito no ambiente escolar é um grande desafio, uma vez que é o reflexo da
sociedade e muitas vezes da própria família”.
“Através da educação podemos tanto reproduzir preconceitos e discriminações quanto combatê-los.
Por que então não trabalharmos em sala de aula para modificar esta sociedade injusta na qual
vivemos? Acredito que é uma questão de opção, opção por uma educação de qualidade que passa
por justiça social”.
“ Para enfrentarmos o problema da discriminação racial em sala de aula devemos, em primeiro lugar,
repudiar sinceramente toda a forma de discriminação, de gênero, de orientação sexual, de credo,
classe social.
“ A escola hoje tem a obrigatoriedade de favorecer o respeito à diversidade, em suas relações éticas
e sociais, fomentando medidas de repúdio a toda e qualquer forma de preconceito e discriminação e
o reconhecimento de que todos são portadores de singularidades”.
Nesse segundo quadro, procuramos destacar a relevância do
desenvolvimento/implementação do projeto Preconceito e Discriminação em sala de
aula: Conscientização e Valorização da diversidade, a partir do Ensino de História.
Quadro 2 – Depoimentos sobre a relevância do projeto implementado
“O projeto apresentado pela professora, vêm ao encontro à crescente necessidade de
conscientização da erradicação do preconceito e discriminação tão latentes em nossa sociedade”.
“A ideia de uma nova perspectiva de aguçar nos educandos o senso crítico e de uma outra imagem
sobre o negro na sociedade onde está inserido, se faz necessário que atenha para o fato de que a
inclusão dessa temática na sala de aula não pode ser encarada como uma mera obrigação imposta
pelo Estado, mais uma decisão política e pedagógica do professor, uma vez que ele não só estará
colaborando na desconstrução dos estereótipos negativos com relação aos negros, mais também
mostrando sua real importância na sociedade em que vivemos”.
“Para ultrapassar estereótipos e extinguir preconceitos, demanda-se investimento pedagógico com
ações onde os valores humanos permeiem o sentimento e atitudes de compaixão. Escolas
conteudistas deixam de lado a riqueza de "aprender para o ser", talvez esse seja o primeiro desafio a
ser vencido”.
“Um dos motivos que considero relevante e muito importante no projeto de intervenção pedagógica
apresentada pela professora no texto, é a de desconstruir a questão da democracia racial, por meio
de questionamentos e análises críticas, objetivando eliminar conceitos, ideias e comportamentos
influenciados pela ideologia do branqueamento”.
“ “Seu projeto de pesquisa é muito relevante e significativo principalmente quando você propõe [...]
desconstruir a questão do mito da democracia racial [...]. Sabemos que no nosso país, infelizmente,
convivemos diariamente com um dos piores tipos de racismo, que é o racismo velado. Temos a falsa
sensação de que vivemos uma democracia racial o que não é verídico”.
“No meu entender a temática abordada no projeto da professora tutora Solanja é de extrema
importância para nosso trabalho como professores e professoras, especialmente na sociedade em
que vivemos onde o mito da “democracia racial”, como ela mesma coloca, e os discursos da
“meritocracia” são tão presentes e considerados por muitos como corretos. “ Essas duas concepções
historicamente construídas e disseminadas pelas elites, acabam muitas vezes por punir e penalizar
aqueles que mais sofrem com o preconceito e o racismo, o aluno e a aluna negros. Um dos primeiros
passos para acabar com essa situação, creio, seja descontruir essas duas noções pré-concebidas,
mostrando como ao longo de nossa história o negro foi excluído da sociedade, como fica
exemplificado nessa fala “(...) é possível verificar através dos registros históricos que o Estado
brasileiro adota uma série de medidas que promovem e institucionalizam a exclusão do negro no
Brasil, um processo instalado antes mesmo da Lei Áurea como é o caso da Constituição de 1824 que
proibia que os negros frequentassem uma escola” (SILVA, 2015).
“Infelizmente, sabemos que o racismo é uma questão que permeia o ambiente escolar, nesse sentido
a proposta de pesquisa é muito pertinente, pois apresenta várias atividades que visam abordar,
trabalhar e modificar essa panorâmica. Acredito que quando oportunizamos tais momentos aos
nossos alunos estamos possibilitando que eles olhem de maneira mais crítica para a realidade
circundante, e tentem modificá-la. É preciso, portanto, instrumentalizá-los para que essa prática seja
minimizada e quiçá extinta de nossa cultura.”
“O referido projeto leva os professores a ser sensibilizados o quanto se faz necessário abordar as
questões raciais na escola, a respeito do preconceito e discriminação em sala de aula,
independentemente de religião, de cor da pele, ou de classe social, precisam conscientizar-se e
refletirem sobre suas práticas, para que de fato todos sejam tratados com igualdade, dignidade e
acima de tudo com respeito. Conclui-se, portanto, que é indispensável à elaboração de um trabalho
que promova o respeito mútuo, a valorização e o reconhecimento das diferenças, com isso, cabe a
nós educadores, professores, e demais profissionais da educação, lutar por práticas para que de fato
a Lei 10639/03 esteja presente no ambiente escolar, e para que seja promovido o pleno
desenvolvimento das crianças no que tange as questões raciais.”
“Este Projeto de Intervenção Pedagógica desenvolvido pela professora Solanja deve ser um dos
guias básicos de todo planejamento escolar, não só dos membros deste grupo, mas de todas as
instituições de ensino, visto que cabe a estas instituições e seus membros, combater este mal que
assola e degrada a dignidade humana.”
“O tema de nosso GTR é bastante significativo e nos remete a um olhar mais atento aos inúmeros
casos que atingem a sociedade. Nossa sociedade tem uma cicatriz profunda e cruel que assola
nossa história e ainda é facilmente identificada no dia a dia”.
Considerações Finais
Consideramos importante enfatizar que durante toda a implementação os
educandos estiveram atentos aos objetivos que estava sendo exposto/proposto.
Procuramos ressaltar a importância de se respeitar os diferentes modos de ser, viver
e pensar, de forma a contribuir para a formação de valores como a igualdade e a
justiça social, bem como levando-os a romper com imagens negativas forjadas por
diferentes meios de comunicação contra os negros e povos indígenas.
Nesta perspectiva, a escola ainda precisa despertar a consciência crítica do
aluno também a respeito do preconceito e discriminação em sala de aula, a partir do
fortalecimento de atitudes de aceitação e de valorização da diversidade humana,
enaltecendo a importância do pertencer, do conviver, do cooperar e contribuir para
que todas as pessoas percebam que podem construir vidas comunitárias mais
justas, mais saudáveis e satisfatórias. Por esse motivo, a relevância e importância
do processo de conscientização e valorização da diversidade. O primeiro passo, em
relação à turma envolvida neste projeto de implementação, já foi dado; cabe agora,
expandir para o conjunto da escola e posteriormente a sociedade como um todo, por
meio das ações transformadas dos estudantes, uma vez que o jovem se constitui e é
constituído por meio de múltiplas influências: a família, a escola, os amigos, a mídia,
entre outras, e é com base nestas influências que sua identidade pode ser forjada e
problematizada.
As situações que envolvem preconceitos desmistificam sua identidade e suas
origens e, inverter isso, não é tarefa fácil, justamente porque as pessoas imersas em
uma vida cotidiana já marcada por estes estereótipos, precisam compreender que a
sociedade é formada por seres humanos diferentes, e que essas tais diferenças
devem ser respeitadas para que a vida flua. Cabe ao professor o papel de mediador,
fazendo com que essas diferenças diminuam e de preferência desapareçam; é
necessário fortalecer nossos alunos com ações positivas, trabalhar a autoestima,
cultivar a cultura da paz e da justiça social. O resgate da autoestima merece uma
atenção especial, pois desta forma os alunos têm mais facilidade em se afirmar
negros ou indígenas por conta da disseminação de atitudes de orgulho por
pertencerem a outras etnias.
Enfim, acreditamos que os objetivos propostos neste projeto PDE foram
alcançados, mas sabemos que não se pode parar por aí, pois a conscientização e
valorização da diversidade são um trabalho constante, gradativo e contínuo,
devendo ser baseado na persistência, em um processo a longo prazo, como
educadora a experiência foi muito gratificante pois por meio dessa oportunizei
reflexões, diálogos, nos quais levaram mudanças de atitudes significativa na vida de
meus estudantes, ver a concentração, a participação com motivação, entusiasmo e
interesse foi uma das situações que mais me chamou a atenção durante a
realização deste trabalho , destaco também a importância em trabalhar com
metodologia diferenciada para o ensino da Cultura afro-brasileira, para o próximo
ano letivo quero desenvolver o projeto implementado em outras turmas, pois o
mesmo deve dar continuidade ,a luta contra o preconceito e discriminação não deve
cessar a não ser quando o mesmo for extinto.
Referências
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