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Glauce Nascimento
PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA: verificação do grau de
maturidade da sustentabilidade em hospitais acreditados no Brasil
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Administração
Orientadora: Professora Dra. Claudia Affonso Silva Araujo
RIO DE JANEIRO
2013
N244 Nascimento, Glauce. Práticas de sustentabilidade corporativa: verificação do grau de
maturidade da sustentabilidade em hospitais acreditados no Brasil. / Glauce Nascimento. -- Rio de Janeiro: UFRJ, 2013.
136 f.: il.; 30 cm. Orientadora: Claudia Araújo. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Instituto COPPEAD de Administração, 2013. 1. Gerência de operações. 2. Administração – Teses. I. Araujo, Claudia.
II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de Administração. III. Título.
CDD 658.5
Glauce Nascimento
PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA: verificação do grau de
maturidade da sustentabilidade em hospitais acreditados no Brasil
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Administração
Aprovada em
______________________________________________________________
Profa. Claudia Affonso Silva Araujo, D. Sc. – COPPEAD/UFRJ
______________________________________________________________
Prof. Otávio Henrique dos Santos Figueiredo, D. Sc. – COPPEAD/UFRJ
______________________________________________________________
Prof. Eduardo Raupp de Vargas, D. Sc. – UnB
Dedico o presente trabalho ao meu pai.
Além de ter sido meu maior exemplo de ser humano, homem e pai; demonstrou, em
seus últimos anos, de maneira grandiosa, braveza, coragem e serenidade.
(In Memorian)
AGRADECIMENTOS
Chegar a este momento, tanto da minha vida pessoal quanto profissional, não
teria acontecido sem a ajuda, auxílio e apoio de um grande número de pessoas
amigas e queridas.
Para que esta trajetória fosse possível, sou muito agradecida à minha
orientadora, Professora Claudia. Ela foi fundamental no processo de produção como
um todo, especialmente nos momentos em que trouxe sua contribuição acadêmica e
fez com que não apenas o trabalho tomasse forma, mas também eu tivesse minhas
ideias e pensamentos clarificados.
Agradeço também a presença da banca, representada pelos Professores
Eduardo e Otávio, a este um agradecimento pelas contribuições estatísticas e pela
coordenação do curso de mestrado.
Gostaria de agradecer a todo o corpo de funcionários do Instituto Coppead,
aos professores e, em especial, aos funcionários da secretaria acadêmica e da
biblioteca. Deixe um agradecimento à parte ao Professor Celso, pelo despertar e
valorização da sustentabilidade no mundo corporativo.
Agradeço a todos os profissionais que tornaram possível a realização da
pesquisa, especificamente aos que responderam e mandaram seus comentários,
atenderam aos telefones, enfim, dedicaram um breve tempo de suas agendas ao
presente estudo. Aproveito para agradecer também aos profissionais da saúde que
se disponibilizaram a analisar e criticar o questionário, validando-o, são eles: Ana
Carla Pecego Silva, Eduardo Rocha, Marcelo London, Márcio Maranhão, Patrícia
Furtado e Raquel Lameira.
Agradeço imensamente a toda a minha turma de mestrado, pelo período de
aprendizado juntos e por saber que ganhei novos amigos para toda a vida! Aqui vai
em especial aos amigos de Operações e agregados: Eduardo, Edgar, Luciana
Carvalho, Anderson, Franca, Natália, Michel e Gisele.
Agradeço a todos os meus amigos pela paciência, pela força, pelo carinho,
pelas cobranças e pelo entendimento, especificamente ao Bruno Eduardo, Davi San
Gil e Fernanda Hermínia.
Por fim, à minha família, aos meus irmãos, cunhadas, sobrinhos e tios, mas,
especialmente, à minha mãe, Lourdes, que sempre estará ao meu lado
incondicionalmente em todos os meus projetos e sonhos.
“Global Society can only continue to function in the long run if it does not
destroy the natural conditions that support human life.” (Weisz et al., 2011).
“Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer
nada, é certo que não haverá resultado algum.”
Mahatma Gandhi, líder pacificista
RESUMO
NASCIMENTO, Glauce. Práticas de Sustentabilidade Corporativa: verificação do grau de maturidade da sustentabilidade em hospitais acreditados no Brasil. Rio de Janeiro, 2013. Dissertação (Mestrado em Administração) – Instituto de Pós Graduação e Pesquisa em Administração, COPPEAD, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.
A dissertação teve como principal objetivo mensurar o grau de maturidade
dos hospitais acreditados brasileiros, no que diz respeito às práticas de
sustentabilidade, mais especificamente na dimensão ambiental. Além disso, a
pesquisa propôs-se a investigar a relação entre o grau de maturidade do hospital em
práticas de sustentabilidade e o fato de possuir a certificação ISO 14001, publicar
relatórios de sustentabilidade e ter uma área dedicada especificamente à
sustentabilidade, com funções de planejamento e supervisão. Para isso, lançou-se
mão da revisão de literatura a fim de reunir elementos que representem o grau de
maturidade das instituições em termos de práticas de sustentabilidade. Após esta
revisão, formulou-se um questionário e este foi aplicado à população selecionada.
Trinta e oito hospitais (43% do universo investigado) participaram da pesquisa. Os
resultados apontam que 58% das instituições têm classificação de maturidade muito
alta ou alta. Ademais, algumas variáveis investigadas apresentaram diferenças
estatisticamente significativas entre os hospitais que possuem a certificação ISO
14001, que publicam relatórios de sustentabilidade e que possuem uma área
dedicada à sustentabilidade. Ou seja, nos três casos a hipótese nula foi
parcialmente rejeitada. Por fim, concluiu-se que há um caminho a ser percorrido e
atitudes a serem adotadas, como inserir cada vez mais a sustentabilidade na
estratégia dos hospitais e estabelecer um diálogo participativo com os stakeholders,
que poderão aprimorar e elevar o grau de maturidade das instituições hospitalares
pesquisadas.
Palavras-chave: Sustentabilidade. Hospitais. Acreditação. Índice de Sustentabilidade
Empresarial. Grau de maturidade. Práticas sustentáveis. Triple Bottom Line.
ABSTRACT
NASCIMENTO, Glauce. Práticas de Sustentabilidade Corporativa: verificação do grau de maturidade da sustentabilidade em hospitais acreditados no Brasil. Rio de Janeiro, 2013. Dissertação (Mestrado em Administração) – Instituto de Pós Graduação e Pesquisa em Administração, COPPEAD, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.
The main purpose of this dissertation was to measure the extent of sustainable
practices in Brazilian accredited hospitals, more specifically in an environmental
dimension. The research also aimed to investigate the relationship among the extent
of sustainable practices in the hospitals which have the ISO 14001 certification.
Moreover, the link between the extent of sustainable practices and institutions that
publish sustainability reports and have a department dedicated to sustainability
issues, with planning and management functions. With this in mind, a literature
review was done to gather elements that represent extent of sustainable practices.
After this review, a survey was formulated and applied to the Brazilian accredited
hospitals. Thirty eight hospitals (43% of the total) participated in the survey. The
results show that 58% of the institutions have a very high or high level on extent of
sustainable practices. In addition, some investigated variables presented statistically
significant differences between the ISO 14001 certified hospitals. Besides,
publication of sustainability reports and a dedicated department presented
statistically significant in part of investigated variables. In fact, in the three factors the
null hypothesis was partially rejected. Finally, it was concluded that there are
improvements to be made and better attitudes should be adopted. The research
suggests that hospitals should increase sustainability within their strategies and
establish a participative dialogue with stakeholders. Stakeholders can enhance and
elevate the extent of sustainable practices of the institutions surveyed.
Keywords: Sustainability. Hospitals. Accreditation. Corporate Sustainability Index.
Extent of sustainable practices. Triple Bottom Line.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURAS
Figura 1: Triple Bottom Line ...................................................................................... 28
Figura 2: Estrutura do questionário ........................................................................... 41
Figura 3: Ambiente Hospitalar ................................................................................... 45
GRÁFICOS
Gráfico 1: Cargo de ocupação dos respondentes ..................................................... 84
Gráfico 2: Área de ocupação dos respondentes ....................................................... 85
Gráfico 3: Formação acadêmica dos respondentes .................................................. 87
Gráfico 4: Região de localização ............................................................................... 88
Gráfico 5: Número de leitos ....................................................................................... 90
Gráfico 6: Grau de Maturidade ................................................................................ 100
QUADROS
Quadro 1: Quadro síntese conceitual ........................................................................ 59
Quadro 2: Variáveis investigadas relativas às práticas sustentáveis nas dimensões
geral e ambiental ................................................................................................ 67
Quadro 3: Critérios ISE: Indicadores ......................................................................... 70
Quadro 4: Critérios ISE - Dimensão geral ................................................................. 70
Quadro 5: Dimensão geral adaptada ........................................................................ 71
Quadro 6: Relação perguntas, critérios e indicadores ............................................... 71
Quadro 7: Dimensão geral adaptada às perguntas ................................................... 72
Quadro 8: Dimensão geral final ................................................................................. 72
Quadro 9: Critérios ISE: Indicadores ......................................................................... 73
Quadro 10: Critérios ISE - Dimensão ambiental ........................................................ 74
Quadro 11: Dimensão ambiental adaptada ............................................................... 74
Quadro 12: Relação perguntas, critérios e indicadores ............................................. 76
Quadro 13: Dimensão ambiental adaptada às perguntas ......................................... 77
Quadro 14: Dimensão ambiental final ....................................................................... 77
Quadro 15: Sistema de ponderação das características e dimensões das práticas
sustentáveis ....................................................................................................... 78
Quadro 16: Pontuações máximas das características e dimensões das práticas
sustentáveis ....................................................................................................... 79
Quadro 17: Categorização pergunta aberta - motivação para a publicação de
relatórios de sustentabilidade ............................................................................. 92
Quadro 18: Categorização pergunta aberta - motivação para a adoção de práticas
sustentáveis ....................................................................................................... 96
Quadro 19: Observações grau de maturidade hospitalar ........................................ 111
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Análise descritiva dos tempos dos tempos de trabalho e atuação ............ 87
Tabela 2: Tempos de trabalho e atuação no cargo dos respondentes ...................... 88
Tabela 3: Distribuição da variável tipo de gestão hospitalar ..................................... 89
Tabela 4: Análise descritiva dos tempos de existência dos hospitais ....................... 89
Tabela 5: Distribuição da variável tipo de hospital .................................................... 89
Tabela 6: Distribuição da variável complexidade hospitalar ...................................... 89
Tabela 7: Distribuição da variável acreditação .......................................................... 90
Tabela 8: Distribuição da variável certificação ISO 14001 ........................................ 91
Tabela 9: Distribuição da variável publicação de relatórios de sustentabilidade ou
balanços sociais ................................................................................................. 91
Tabela 10: Principal motivação para a publicação de relatórios de sustentabilidade
ou balanços sociais ............................................................................................ 92
Tabela 11: Distribuição da variável área especifica e independente para o tratamento
das questões sustentáveis ................................................................................. 93
Tabela 12: Atribuições da área de sustentabilidade .................................................. 93
Tabela 13: Principal motivação para a adoção de práticas sustentáveis .................. 98
Tabela 14: Estatística Descritiva das Práticas de Sustentabilidade .......................... 99
Tabela 15: Teste Mann-Whitney Hipótese 1 ........................................................... 102
Tabela 16: Teste Mann-Whitney Hipótese 2 ........................................................... 104
Tabela 17: Teste Mann-Whitney Hipótese 3 ........................................................... 106
Tabela 18: Resumo das observações - testes de hipóteses ................................... 113
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16
1.1 OBJETIVOS DO ESTUDO ...................................................................................... 17
1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ................................................................................... 18
1.3 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO ............................................................................... 21
1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................... 23
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 24
2.1 SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA.................................................................. 25
2.1.1 Conceituação ..................................................................................................... 25
2.1.2 Certificação ISO 14001 ...................................................................................... 29
2.1.3 Balanço Social ou Relatório de Sustentabilidade ........................................... 31
2.1.4 Indicadores da Sustentabilidade Corporativa ................................................. 32
2.1.4.1 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) ................................................... 36
2.2 SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA NO SETOR DE SAÚDE HOSPITALAR ... 42
2.2.1 Dimensão Ambiental da Sustentabilidade Corporativa em Hospitais .......... 45
2.2.1.1 Programas de Sustentabilidade Ambiental Hospitalar ....................................... 46
2.2.1.2 Fatores de Sucesso, Benefícios e Consequências ........................................... 54
2.3 QUADRO SÍNTESE ................................................................................................ 58
3 MÉTODO .................................................................................................................. 60
3.1 PERGUNTAS E HIPÓTESES DA PESQUISA ........................................................ 60
3.2 TIPO DE PESQUISA .............................................................................................. 62
3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA .................................................................................... 62
3.4 COLETA DE DADOS .............................................................................................. 63
3.4.1 Instrumento de coleta de dados ....................................................................... 64
3.4.2 Confiabilidade da escala ................................................................................... 67
3.5 TRATAMENTO DOS DADOS ................................................................................. 68
3.5.1 Sistema de ponderação baseado no Índice de Sustentabilidade
Empresarial (ISE) .......................................................................................................... 68
3.5.1.1 Dimensão geral.................................................................................................. 69
3.5.1.2 Dimensão ambiental .......................................................................................... 72
3.5.2 Cálculo do grau de maturidade dos hospitais em termos de ações de
sustentabilidade ........................................................................................................... 79
3.5.3 Teste não-paramétrico de Wilcoxon-Mann-Whitney ....................................... 80
3.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO ................................................................................... 81
4 RESULTADO: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE ........................................................ 83
4.1 PERFIL DA AMOSTRA ........................................................................................... 83
4.2 ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA HOSPITALAR ................................................................................................................ 90
4.2.1 Perfil dos hospitais quanto às ações de sustentabilidade ............................ 90
4.2.2 Estatística descritiva das variáveis .................................................................. 98
4.3 GRAU DE MATURIDADE DAS PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NO CONTEXTO HOSPITALAR .............................................................................................................. 100
4.4 TESTE DE MANN-WHITNEY ............................................................................... 101
4.4.1 Teste da hipótese 1: ISO 14001 ...................................................................... 101
4.4.2 Teste da hipótese 2: Publicação de Relatórios ............................................. 103
4.4.3 Teste da hipótese 3: Área específica responsável pelos planejamento e
supervisão das questões sustentáveis .................................................................... 105
5 RESUMO E CONCLUSÕES ................................................................................... 108
5.1 RESUMO DO ESTUDO ........................................................................................ 108
5.2 PRINCIPAIS CONCLUSÕES ................................................................................ 109
5.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ............................................................................... 115
5.4 CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA ....................................................................... 116
5.5 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ..................................................... 116
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 118
APÊNDICE A – Solicitação dos dados dos Respondentes .................................... 129
APÊNDICE B – Convite à participação na Pesquisa .............................................. 130
APÊNDICE C – Questionário .................................................................................... 132
16
1 INTRODUÇÃO
A Revolução Industrial foi capaz de expandir o desenvolvimento material da
humanidade, com o acúmulo dos níveis de capital produzidos, mas houve a
liquidação dos recursos naturais ao custo da sua extração (HAWKEN; LOVINS;
LOVINS, 2002). Atualmente é sabida e discutida a finitude dos recursos naturais,
assim como os problemas relativos aos diferentes tipos de poluição (KLABIN;
ARAGÃO, 2010).
Desta maneira, perante os desafios do crescimento em torno do consumo de
recursos naturais, surge, segundo Klabin e Aragão (2010), na década de 1980,
através do “Relatório de Brundtland – Nosso Futuro Comum” pela Comissão Mundial
para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a definição do conceito de
Desenvolvimento Sustentável. Sendo assim, Desenvolvimento Sustentável é
definido como o atendimento da satisfação das necessidades das gerações atuais,
sem o comprometimento da capacidade das gerações futuras em também
satisfazerem suas necessidades (BRUNDTLAND, 1989).
Nas décadas seguintes, o tema permaneceu em pauta, indicando, assim, sua
relevância. Em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92) houve um maior aprofundamento das
discussões e a aprovação do documento chamado Agenda 21, baseado nos
princípios do desenvolvimento sustentável. Além disso, esta conferência também foi
o marco da construção de indicadores de desenvolvimento sustentável (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2012).
É percebida, portanto, a preocupação de sociedades e governos com a
escassez de recursos naturais e com a permanência destes para as gerações
futuras. Por conseguinte, todos os setores da economia passam a ter
responsabilidade na busca pelo desenvolvimento sustentável.
Diante disso, é importante observar como um setor notável e de extrema
importância, como o da saúde, tem-se comportado diante dos atuais
questionamentos socioambientais e que práticas de sustentabilidade têm sido
adotadas.
17
1.1 OBJETIVOS DO ESTUDO
O objetivo maior desta dissertação é verificar o grau de aplicação, ou seja, de
maturidade dos hospitais acreditados, que atuam no Brasil, em relação às ações de
sustentabilidade corporativa, em especial na dimensão ambiental.
Por conseguinte, pretende-se responder à seguinte pergunta geral de
pesquisa: Qual o grau de maturidade em termos de práticas de sustentabilidade
ambientais dos hospitais acreditados que atuam no Brasil?
Este estudo pretende, também, investigar a relação existente entre a
certificação ISO 14001, a publicação de relatórios e a presença de uma área
específica dedicada à sustentabilidade e o grau de maturidade dos hospitais em
termos de prática de sustentabilidade ambiental. Assim, são formuladas as seguintes
perguntas específicas:
a) Os hospitais que possuem a certificação 14001 têm um grau de maturidade
em termos de sustentabilidade superior aos que não possuem esta
certificação?
b) Os hospitais que publicam Relatório de Sustentabilidade ou Balanço Social
possuem um grau de maturidade em termos de sustentabilidade superior aos
que não o fazem?
c) Os hospitais que possuem uma área específica e responsável pelo
planejamento e pela supervisão das atividades relativas à sustentabilidade,
têm um grau de maturidade em termos de sustentabilidade superior aos que
não possuem?
Para a mensuração do grau de maturidade dos hospitais em termos de ações
de sustentabilidade, foi criado um questionário inspirado na revisão de literatura e no
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), aplicando-se a escala Likert de 5
pontos. O ISE é um índice brasileiro que analisa o desempenho, sob os aspectos da
sustentabilidade corporativa, de empresas listadas na BM&FBovespa. As questões
propostas no questionário foram ponderadas pela aplicação de pesos diferenciados,
18
extraídos do ISE. A partir deste procedimento, foram gerados quatro níveis de
maturidade: classificação 4 ou Muito Alta (MA); classificação 3 ou Alta (A);
classificação 2 ou Baixa (B); e, por último, classificação 1 ou Muito Baixa (MB).
1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO
A discussão em torno do tema sustentabilidade social corporativa ganhou
notoriedade nos últimos anos. De acordo com reportagem da Revista Exame, em
seu Guia Anual de Sustentabilidade do ano de 2011, verificou-se, através de uma
pesquisa realizada por um grupo francês de comunicação, dentre 14 países, que o
consumidor brasileiro é bastante preocupado com as questões ambientais e sociais,
quando comparados aos consumidores de países europeus, por exemplo. Os
resultados apontaram que 72% dos brasileiros entrevistados acreditam que tais
questões, quando mal gerenciadas, impactam negativamente em suas qualidades
de vida.
A saúde tem função central tanto como resultado quanto como pré-condição
no alcance do desenvolvimento sustentável: se por um lado o desenvolvimento
sustentável suporta e promove a saúde, por outro, ele não é possível na ausência
desta. Assim, pode-se dizer que desenvolvimento sustentável e saúde são
interdependentes (WEISZ et al., 2011). Mais especificamente, os hospitais possuem
funções críticas na sociedade e têm, por suas operações, um grande impacto social
e ambiental, capaz de provocar efeitos adversos sobre a saúde humana (WEISZ et
al., 2011).
De fato, as operações das instituições hospitalares acabam por gerar uma
enorme quantidade de dejetos a serem descartados em aterros (JAROUSSE, 2012).
Além disso, o alto consumo de materiais e energia faz com que os hospitais tenham
um impacto negativo significativo no meio ambiente (WEISZ et al., 2011); ou seja, a
questão hospitalar e a sustentabilidade possuem uma relação direta, em especial,
no que diz respeito à administração ambiental. Portanto, ações positivas na
dimensão ambiental acabam por serem fontes de realização de objetivos, como a
promoção da saúde.
19
Como ilustração, Jarousse (2012) afirma que apenas os Estados Unidos da
América (EUA) geram, em média, 6.500 toneladas de resíduos/dia, gastando, de
acordo com American Hospital Association’s Sustainability Roadmap for Hospitals1,
10 bilhões de dólares/ano para a eliminação destes resíduos de seus hospitais; além
disso, 80% destes resíduos estão no estado sólido, dos quais 50% são recicláveis.
Turpin e Lee (2011) afirmam que este resíduo sólido produzido pelo sistema de
saúde é equivalente a 1% de todo o lixo gerado no país. O manejo inadequado dos
resíduos hospitalares expõe a saúde e cria riscos aos funcionários, pacientes,
comunidade e meio ambiente.
O consumo energético desta indústria é outro quesito de grande impacto.
Segundo relatório publicado em 2010 pela Scheider Eletric, o consumo de energia
do mercado de assistência médica aumentou em 36% desde 1995, sendo o
segundo maior setor consumidor de energia. De acordo com o relatório, esforços
para reduzir o consumo de energia são importantes não apenas para a melhoria do
desempenho financeiro e a conformidade com a legislação, mas também para a
redução de emissão do dióxido de carbono (CO2), isto é, a preocupação com as
questões de aquecimento global. De fato, são oportunidades reais e significativas de
o setor contribuir de maneira positiva no meio ambiente, por meio de metas e ações
sustentáveis.
No que concerne ao consumo de água, Ilha et al. (2006) afirmam que a maior
parte da produção de água nas cidades, em média 90% do total, é utilizada para o
abastecimento dos consumidores institucionais, industriais e comerciais, tipo de
categoria na qual estão incluídos os hospitais. Sendo assim, a redução e melhor
gestão deste valioso recurso natural não apenas contribui para a conservação do
meio ambiente, como também traz redução de custos e liberação de recursos
financeiros para outras aplicações.
1 American Hospital Association’s Sustainability Roadmap for Hospitals é um guia de operações com o objetivo de auxiliar gestores com ferramentas, metas a serem alcançadas e melhores práticas na implantação de ações sustentáveis. Este relatório foi produzido pela American Society for Healthcare Engineering (ASHE), a Association for the Healthcare Environment (AHE) e a Association for Healthcare Resource and Materials Management (AHRMM) da American Hospital Association (AHA). Fonte: http://www.sustainabilityroadmap.org.
20
Assim, tendo em vista a atualidade e premência do tema e, principalmente, o
alto impacto das operações das instituições hospitalares no meio ambiente, é
importante verificar o grau de engajamento dos hospitais que atuam no Brasil em
relação à adoção de práticas de sustentabilidade corporativa, especialmente na
dimensão ambiental. Espera-se que os gestores dos hospitais que possuem uma
acreditação hospitalar, ou seja, um selo que certifica a qualidade de suas operações,
estejam conscientes e sensibilizados quanto ao impacto de suas operações no meio
ambiente e que, portanto, tenham um alto engajamento na adoção das práticas de
sustentabilidade.
Desta forma, o foco de investigação neste estudo são os hospitais que
possuem acreditação hospitalar e o engajamento dos hospitais, denominado grau de
maturidade, é operacionalizado pelo cálculo do índice de maturidade destas
instituições, que foi criado com base no ISE e na revisão de literatura. Estudar o grau
de maturidade dos hospitais acreditados, que supostamente têm operações de
qualidade, permite verificar se estas instituições estão cumprindo seu papel na
promoção de um ambiente saudável, por meio de ações sustentáveis.
Além disso, a construção de métricas, como o índice de grau de maturidade
dos hospitais acreditados quanto às ações de sustentabilidade, auxilia no
estabelecimento de metas futuras, em prol da redução dos impactos ambientais
criados pelas operações hospitalares. Neste sentido, Zucchi e Mwamakamba (2011)
afirmam que os indicadores de sustentabilidade são importantes para o
planejamento das ações e o monitoramento dos resultados alcançados pelas
empresas.
Ainda em relação à importância da construção de métricas, Siche et al. (2007)
salientam que os índices contribuem não apenas para ações de países e governos -
Ecological Footprint (EF) ou Pegada Ecológica e Environmental Sustainability Index
(ESI) ou Índice de Sustentabilidade Ambiental – mas também para as ações
tomadas no apoio às decisões de investimentos de capitais e no âmbito das
empresas – ISE e Dow Jones Sustainability Indexes (DSJI). Depreende-se, portanto,
a necessidade da existência de um índice especifico para determinadas práticas
econômicas, em especial, para as operações hospitalares.
21
Por fim, percebe-se que esta pesquisa possui também relevância acadêmica,
pois contribui com um tema pouco explorado na teoria, já que, à luz de pesquisa de
literatura realizada, constataram-se poucas publicações do assunto sustentabilidade
para o setor hospitalar. Cabe lembrar que existe número significativo de material já
publicado sobre o tema sustentabilidade em sua forma mais ampla ou geral.
1.3 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO
No entendimento de Gil (1987) para a delimitação do estudo três principais
critérios devem ser utilizados, a saber: espacial, temporal e populacional.
Devido ao fato do presente estudo ser do tipo social empírico, faz-se
necessário delimitar o locus de observação, isto é, o local onde o fenômeno
acontece (GIL, 1987). Desta forma, pode-se afirmar que o escopo de atuação
espacial é o Brasil, pois a pesquisa foi realizada com uma população aqui instalada,
independentemente da existência, ou não, de alguma representação externa destas,
além disso, não importou a origem de seus capitais, se nacional ou estrangeira.
Quanto ao critério temporal, este faz referência ao período em que o
fenômeno a ser estudado está restringido (GIL, 1987). Neste critério, pode-se afirmar
que são as práticas de sustentabilidade adotadas pelos hospitais em 2012.
No que diz respeito à população, no caso, a definição de quem será objeto da
pesquisa, Gil (1987) afirma que esta é dependente da área de conhecimento na qual
o objeto está inserido e do propósito de cada pesquisa. Assim, a população
estudada são os hospitais que possuem, pelo menos, uma das seguintes
acreditações: Accreditation Canada International (ACI), Joint Commission
International (JCI) e Organização Nacional de Acreditação (ONA) – Acreditado com
Excelência. O motivo desta decisão foi a manutenção de certa hegemonia entre os
hospitais pesquisados.
A acreditação é definida como “um sistema de avaliação e certificação da
qualidade de serviços de saúde, voluntário, periódico e reservado” (www.ona.org.br,
2012). O hospital é acreditado por uma entidade externa e independente, com a
obrigatoriedade de conformidade com padrões estabelecidos nacional ou
22
internacionalmente. Pode-se afirmar, ainda, que os hospitais acreditados são
diferenciados, pois a acreditação é tida como um selo de qualidade (CENTRO DE
ESTUDOS EM GESTÃO DE SAÚDE, 2011).
A Accreditation International Canada (ACI), acreditação de origem canadense,
foi criada em 1958. Joint Commission International (JCI), com sede nos EUA, é uma
organização não governamental, criada em 1994 pela Joint Commission. A
Organização Nacional de Acreditação (ONA), por sua vez, fundada em 1999, é uma
organização não governamental brasileira, com características de pessoa jurídica de
direito privado e sem fins econômicos, com atuação restrita ao Brasil. Os hospitais
que buscam este selo de qualidade podem ter um dos seguintes resultados:
Acreditado, Acreditado Pleno e Acreditado com Excelência. O primeiro certifica
níveis de segurança e estrutura, dizendo respeito aos requisitos básicos de
qualidade, como recursos humanos qualificados para suas respectivas áreas de
atuação e a complexidade hospitalar. Para o tipo Acreditado Pleno, nível
organização, é adotado o planejamento da assistência, como corpo funcional,
treinamento, controle e práticas de auditoria interna. Por último, tipo Acreditado com
Excelência, nível práticas de gestão da qualidade, traz evidências de melhoria
contínua, como novas tecnologias e atualizações.
Outra delimitação desta pesquisa foi a seleção dos respondentes da
pesquisa. Tentou-se buscar a resposta dos gestores com nível gerencial hierárquico,
que estivessem ligados, de alguma forma, às práticas de sustentabilidade adotadas
pelo hospital. Assim, este estudo restringe-se a investigar a visão dos gestores
quanto às práticas de sustentabilidade hospitalares, ou seja, não serão investigadas
as visões de outros stakeholders, tais como, médicos, clientes ou sociedade, sobre o
tema.
Por fim, o instrumento de mensuração do grau de maturidade dos hospitais foi
integralmente formulado a partir da revisão de literatura e do Índice de
Sustentabilidade Empresarial. Não se pretende, nesta dissertação, mensurar o grau
de maturidade dos hospitais acreditados sob outras perspectivas que não a de
práticas de sustentabilidade adotadas.
23
1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO
Para facilitar a compreensão da estrutura da dissertação e fornecer ao leitor
uma síntese dos capítulos existentes neste estudo, segue uma breve explanação do
conteúdo tratado em cada um dos cinco capítulos.
O presente capítulo (ou capítulo 1) apresenta o estudo ao leitor. Assim, é
iniciado com uma introdução ao tema e uma rápida explicação do cenário no qual o
assunto está inserido. A introdução é seguida pelos objetivos do estudo, a relevância
e a delimitação.
O segundo capítulo contém a revisão de literatura que suporta o tópico
pesquisado. A revisão aborda os principais conceitos da sustentabilidade corporativa
e seus elementos, como a certificação ISO 14001, a publicação de balanços sociais
ou relatórios de sustentabilidade e os indicadores de sustentabilidade corporativa,
com foco sobre o ISE. Em seguida, há um aprofundamento das questões ambientais
da sustentabilidade para o contexto hospitalar. Por fim, um quadro síntese é
apresentado ao leitor.
O capítulo 3 explica a método empregado para alcançar os objetivos
propostos. Nesta seção, são descritas as perguntas e suas hipóteses, o tipo de
pesquisa, informações a respeito da população e da amostra, além da forma de
coleta de dados e a descrição do questionário. Compõem, também, esta terceira
parte, a metodologia de cálculo para a obtenção dos graus de maturidade e a
descrição dos testes estatísticos.
O capitulo seguinte é dedicado à apresentação dos resultados obtidos através
da pesquisa aplicada. O perfil demográfico é traçado e, subsequentemente, são
realizadas a classificação do grau de maturidade e as análises estatísticas
propostas.
Por último, o quinto capítulo conclui o estudo apresentando um breve resumo,
as principais conclusões e contribuições da pesquisa para os meios acadêmico e
gerencial e, finalmente, sugestões para pesquisas futuras.
24
2 REVISÃO DE LITERATURA
A revisão de literatura foi realizada a partir de livros sobre o tema, pesquisas
acadêmicas, estudos realizados por institutos de pesquisa, revistas especializadas,
dentre outros. Em relação à busca de artigos, foram utilizadas, fundamentalmente,
as seguintes bases de dados: Proquest, Ebsco, Science Direct, Wiley e Emerald.
Com o objetivo de encontrar publicações nacionais, foi utilizada a biblioteca
eletrônica Scielo, além de buscas no site Google Acadêmico.
Na procura, foram utilizadas as seguintes palavras-chave, que deveriam estar
contidas no título do artigo: triple bottom line; corporative sustainability; corporate
social responsibility; environmental sustainability; sustainability AND health;
sustainability AND health care. Em geral, houve o filtro em relação ao ano de
publicação, priorizando-se artigos de 2000 em diante. A partir dos artigos
encontrados, buscaram-se outros que estavam descritos em suas referências
bibliográficas, quando considerados interessantes para esse estudo pelo julgamento
da autora.
A revisão de literatura está organizada em duas partes. Na primeira, a
sustentabilidade corporativa é explicada de uma forma ampla. Por isso, é
apresentado um breve contexto histórico, seguido de ferramentas, atores e
implicações para uma gestão de sustentabilidade eficaz e eficiente. Ainda nesta
primeira parte, são apresentados os indicadores de sustentabilidade corporativa,
com os principais índices, especialmente, o ISE. Além disso, é feita uma discussão
do desempenho financeiro empresarial frente às práticas sustentáveis.
A terceira parte é constituída da sustentabilidade aplicada aos hospitais, mais
especificamente, a sustentabilidade corporativa hospitalar tomada através da
dimensão ambiental. Por conseguinte, são apresentadas as práticas para tal,
benefícios, fatores de sucesso e consequências. Por último, o capitulo é concluído
com um quadro síntese adotado como base para o trabalho de campo.
25
2.1 SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA
2.1.1 Conceituação
A primeira dificuldade na tarefa de conceituar Sustentabilidade Corporativa
(Corporate Sustainability – CS) reside na impossibilidade de definir com precisão, na
literatura, o momento em que tal conceito surgiu. Contudo, é possível apontar os
anos 1990 como o contexto no qual a CS se difundiu tanto em sua definição teórica
quanto como prática corporativa. Ademais, se por um lado a gênese conceitual é
uma tarefa difícil, por outro, pode-se rastrear na história das práticas corporativas
uma série de ações que, atualmente, enquadram-se nos conceitos atuais de
Sustentabilidade Corporativa (MONTIEL, 2008).
Como mostra Carrol (1999), já é possível identificar o começo da orientação
social das práticas corporativas a partir das décadas de 1930 e 1940. Para ilustrar tal
afirmação, o autor recorreu às obras The Functions of the Executive, de Charles
Barnard (1938), Social Control of Business, de J.M. Clark (1939), e Measurement of
the Social Performance of Business, de Theodore Kreps (1940). No entanto, um
aumento das pesquisas teóricas e práticas a respeito do assunto, Corporate Social
Responsibility (CSR) ou Responsabilidade Social Corporativa, nos Estados Unidos
da América remonta à década de 1950, com um fortalecimento nos anos de 1970.
Por consequência, a década de 1950 é conhecida como a Era Moderna da
Sustentabilidade (The Modern Era of Social Responsibility).
Nas décadas subsequentes, e acompanhando os anseios da sociedade,
novos interesses começaram a surgir e a serem cobrados das empresas como
cidadãs corporativas. Assim, as preocupações com o ganho econômico e o lucro,
que acompanham as firmas desde suas origens, e as sociais que já haviam sido
observadas no início do século XX, ganharam o apelo ambiental devido à finitude
dos recursos naturais. Esta visão mostrou-se diferente daquela de abundância e
desatenção ao meio ambiente, iniciada com a Revolução Industrial no século XVIII
(CARROL, 1999; LEMME, 2010).
Um marco na introdução da questão ambiental nas práticas corporativas foi a
26
publicação do Relatório de Brundtland. Tal relatório foi originado a partir do discurso
da Primeira Ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland para o Forum on Global
Change and Our Common Future, ocorrido no ano de 1989 em Washington, EUA. O
objetivo do fórum foi a discussão das implicações do tema meio ambiente para as
políticas públicas, com foco sobre as mudanças globais e seus impactos nas
Américas (BRUNDTLAND, 1989).
Neste relatório, the World Commission on Environment and Development
definiram o conceito de Sustainable Development ou Desenvolvimento Sustentável
como: a satisfação das necessidades das gerações atuais deve ser atendida, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras em satisfazerem suas
necessidades (BRUNDTLAND, 1989). A partir desta definição, autores como
Barnejee (2003) e Sharma e Henriques (2005), passaram a utilizar esta definição de
sustentabilidade corporativa em seus trabalhos.
Por conseguinte, o conceito de sustentabilidade corporativa prevê o equilíbrio
entre os aspectos financeiro, ambiental e social na gestão e avaliação das
empresas. Estes três aspectos devem ser apresentados e tratados de forma
inseparável e não como concorrentes ou competidores entre si. Além disso, existe
uma dependência entre a preservação, a conservação, o desenvolvimento e o
equilíbrio das diferentes formas de capitais envolvidos ou utilizados no processo e a
sustentabilidade dos resultados no longo prazo (LEMME, 2010).
É fato que as terminologias citadas, CS e CSR, as quais fazem referência ao
tema central da pesquisa, têm uma diferença cronológica. Em linhas gerais, o
importante é enfatizar que apesar das denominações terem históricos distintos, na
atual conjuntura, os termos têm um futuro em comum, principalmente por
compartilharem uma mesma visão de equilíbrio entre as responsabilidades
econômica, ambiental e social (MONTIEL, 2008).
Cabe citar que, no Brasil, não houve contribuição teórica para a construção
conceitual do tema em si. Verdadeiramente, pouco se sabe das raízes deste tipo de
gestão em solo nacional. As primeiras contribuições de que se tem conhecimento
datam das décadas de 1980 e 1990, por meio do Instituto Brasileiro de Análises
27
Econômicas (IBASE), fundada pelo sociólogo Herbert de Souza, Betinho, em 1981,
com atenção especial ao papel das empresas para o desenvolvimento social no país
(PARDINI et al., 2007; MARCONDES; BACARJI, 2010).
Outra contribuição de grande relevância para o desenvolvimento do tema no
Brasil foi o Instituto ETHOS, uma organização não governamental, fundada em
1998. O instituto possui foco em governança e responsabilidade social. De fato,
houve grande avanço a partir do Instituto ETHOS, legitimando e propagando os
conceitos de responsabilidade socioambiental nas empresas (PARDINI et al., 2007;
MARCONDES; BACARJI, 2010).
Desse modo, a partir da definição do equilíbrio entre as dimensões natural,
humana e financeira, a sustentabilidade corporativa ocorrerá através da introdução
dos aspectos socioambientais no modelo de negócios das companhias, integrando-
os à estratégia empresarial e à dinâmica operacional (LEMME, 2010). Marrewijk
(2003) também está de acordo no que diz respeito ao alinhamento da
sustentabilidade corporativa à estratégia e aos objetivos da organização, dadas as
circunstâncias operacionais. Com isso, o autor conclui que não existe uma solução
padrão (one solution fits all) em relação à CS para todas as empresas.
Alguns autores afirmam que a sustentabilidade corporativa diz respeito à
forma como são realizados os negócios da empresa, incluindo seus processos
produtivos, relacionamentos com stakeholders, divulgações e compromissos
públicos (ZYLBERSTAJN; LINS, 2010; JOÃO; SERRALVO; CARDOSO, 2011).
Stakeholders, também denominados de partes interessadas, ou públicos
estratégicos, podem ser definidos da seguinte forma:
[...] todos os públicos relevantes com interesses pertinentes à companhia, ou ainda, indivíduos ou entidades que assumam algum tipo de risco, direto ou indireto, em face da sociedade. Entre outros, destacam-se: acionistas, funcionários, comunidade, clientes, fornecedores, credores, governos e organizações não-governamentais (ISE Glossário, 2011, p. 26).
Oliveira (2008) acrescenta à definição anterior que os stakeholders, ou partes
interessadas, impactam ou são impactadas pelas empresas, cabendo, então, a estes
a observação e o acompanhamento de questões relativas aos recursos, que podem
28
ser de natureza financeira, ambiental e social ou política. Assim, acaba por surgir um
gerenciamento participativo, ou seja, o processo de decisão sofre interferências dos
diversos grupos de interesse. Frooman (1999), anteriormente, já havia sido claro ao
citar a influência que os stakeholders têm na estratégia e, até mesmo, no
comportamento das empresas.
Por consequência da necessidade do equilíbrio entre as três dimensões ou
formas de capitais envolvidas, Lemme (2010) destaca o conceito de Triple Bottom
Line (TBL). TBL é descrito como “a interação entre os resultados financeiros,
ambientais e sociais na mensuração do desempenho corporativo” (LEMME, 2010, p.
39), fazendo referência ao conjunto de indicadores utilizados para a avaliação do
desempenho das organizações, no que diz respeito às três dimensões (HUBBARD,
2006; JÚNIOR et al., 2008).
Figura 1: Triple Bottom Line
Fonte: Adaptado de Lemme (2010)
Capital Financeiro
Capital Ambiental
Capital Social
Triple
Bottom
Line
29
Como ilustração, cabe mencionar que o termo Triple Bottom Line foi cunhado
em 1994 pelo fundador da empresa de consultoria inglesa Sustainability, John
Elkington (Júnior et al., 2008).
Elkington (1998), alinhado com os autores Nalebuff e Brandenburger (1996),
que utilizam a teoria dos jogos para exemplificar a ideia de um jogo “ganha-ganha-
ganha”, com associações e cooperações entre concorrentes, aproxima este conceito
para as questões de Triple Bottom Line. Assim, o autor inclui vários principais
players para o jogo, quais sejam: clientes, fornecedores, competidores e um tipo de
fornecedor chamado de complementadores, por serem capazes de prover serviços e
produtos complementares.
No entendimento de Elkington (1998), portanto, um dos principais fatores para
alcançar o sucesso na implantação do TBL é o desenvolvimento de parcerias - tanto
interna, quanto externamente – além do respeito e da lealdade entre os envolvidos.
2.1.2 Certificação ISO 14001
Uma das formas utilizadas pelas empresas para minimizar os efeitos
negativos de suas atividades sobre o meio ambiente é por meio das normas de
gestão ambiental, em específico, a ISO 14001 (ALEXANDER et al., 2008; ISO, 2009;
JABBOUR; TEIXEIRA; JABBOUR, 2013). A norma em si é definida como “um
documento emitido por uma organização para estabelecimento de diretrizes, regras
e padrões para processos ou produtos” (OLIVEIRA, 2008, p. 157). Assim, a ISO
14001 - pertencente à família ISO 14000, normas de gestão ambiental - é uma
norma, voluntária e certificável do sistema de gestão ambiental (OLIVEIRA, 2008).
A International Organization for Standardization (ISO) é uma organização
internacional que trata de padronização (OLIVEIRA, 2008). A ISO possui padrões
para empresas e negócios, governos e para a sociedade. As normas são capazes
de assegurar atributos vitais como: qualidade, ecologia, segurança, economia,
confiabilidade, conformidade, compatibilidade, interoperabilidade, eficiência e
eficácia (ISO, 2009).
30
A ISO 14001 visa à melhoria contínua de padrões ambientais, através de
objetivos e sistemas de gestão para o alcance destes. Adicionalmente, estabelece
uma estratégia e diretrizes genéricas no direcionamento das políticas, planos,
projetos e programas ambientais da empresa (KORUL, 2005; BROUWER; KOPEN,
2008; OLIVEIRA, 2008).
Também, segundo Abreu (2011), faz-se necessária a identificação dos
aspectos ambientais, a condução de auditorias ambientais e o estabelecimento de
procedimentos e planos para a eventualidade de uma emergência de cunho
ambiental. Neste sentido, pode-se afirmar que a ISO 14001 está baseada no ciclo
Plan, Do, Check, Act – Planejar, Desenvolver, Checar e Agir (PDCA) (ALEXANDER
et al., 2008).
O PDCA é definido como “um conjunto estruturado de processos e
procedimentos necessários para atingir determinados objetivos” (OLIVEIRA, 2008, p.
160). Desta forma, planejamento faz referência à elaboração de um plano para o
alcance dos objetivos, desenvolvimento, implementá-lo, checar, acompanhar o seu
desempenho e, por fim, agir, buscar novas melhorias (OLIVEIRA, 2008).
O perfil genérico da norma faz com que a mesma se torne universal, isto é, as
empresas criam suas próprias soluções para o atendimento às exigências,
permitindo, assim, a aplicação em organizações de diferentes finalidades, locais e
portes (OLIVEIRA; SERRA, 2010). Cabe citar que a norma não substitui a legislação
local; verdadeiramente, a norma a apoia e exige sua plena realização (OLIVEIRA;
PINHEIRO, 2009).
Como benefícios obtidos com a certificação ISO 14001, Oliveira (2008)
enuncia a otimização da utilização dos recursos e, consequentemente, a redução de
desperdícios ou o aumento da eficiência, com processos mais eficientes. Pode-se
ainda acrescentar o aumento da competitividade, por meio da medição e da
inovação, dos lucros, além de uma imagem com maior credibilidade (PETRONI,
2000; KORUL, 2005).
31
2.1.3 Balanço Social ou Relatório de Sustentabilidade
Um ponto fundamental na discussão do tema sustentabilidade corporativa é o
relacionamento com a sociedade, um importante stakeholder. Assim, para estreitar o
relacionamento e, consequentemente, a transparência não apenas com um
stakeholder em específico, mas com todos, sistematizando e disponibilizando
informações - quantitativas e qualitativas - sobre o desempenho socioambiental, uma
das ferramentas utilizadas é o Balanço Social ou Relatório de Sustentabilidade
(OLIVEIRA, 2008; GRI, 2011).
Pode-se afirmar, portanto, que, por intermédio deste tipo de documento, o
relacionamento com os diversos stakeholders é, não somente informativo, mas
principalmente, inclusivo. Assim, atender a essa demanda por informação dos
stakeholders é uma maneira de melhorar a imagem das firmas (OLIVEIRA, 2008).
Além de melhorar a imagem das empresas, os relatórios, em especial aqueles
que abordam estratégia, compromissos e abordagens de gestão em determinado
período de tempo, podem atender a outros objetivos. Os balanços podem atuar
como benchmarks e avaliação da performance no que diz respeito à legislação,
normas, códigos e protocolos. Por meio dos relatórios, pode-se perceber a influência
das expectativas do desenvolvimento sustentável na estratégia das empresas
(JOÃO; SERRALVO; CARDOSO, 2011; GRI, 2011).
É interessante citar a presença da Global Reporting Initiative (GRI),
organização sem fins lucrativos, fundada em 1997, que promove a sustentabilidade
a partir do momento em que trabalha em prol da publicação de relatórios sociais,
disponibilizando orientações, diretrizes e métricas para a estruturação destes
balanços ao redor do mundo, independentemente de porte ou setor. Como
vantagens para esta estruturação e linguagem consistente em nível global são
citadas a clareza e a transparência na comunicação às partes interessadas (GRI,
2011).
32
2.1.4 Indicadores da Sustentabilidade Corporativa
O início do estudo de indicadores para avaliação da sustentabilidade surgiu
em 1992 na Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente ou Conferência das
Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada na cidade do
Rio de Janeiro, tendo sido chamada de ECO 92, Rio 92 ou, ainda, Cúpula da Terra.
Assim, a proposta central estava calcada na definição de números capazes de
refletir as dimensões citadas no Triple Bottom Line (SICHE et al., 2007). Como as
questões sustentáveis tornaram-se mais evidentes após a publicação do Relatório
de Brundtland, Meadows (1998) complementa, afirmando que os indicadores surgem
a partir de valores, ou seja, mede-se aquilo com o que se tem preocupação.
Desta maneira, Siche et al. (2007) definem indicador com sendo uma medida
capaz de expressar um estado de desenvolvimento no nível social, econômico ou
ambiental, enquanto que um índice seria um indicador utilizado de maneira
agregada, ou seja, um valor numérico, baseado em fundamentação científica e
metodológica, que representaria a realidade de um sistema, sendo este simples ou
complexo.
Ness et al. (2007), por sua vez, afirmam que os índices permitem aos
gestores uma avaliação dos sistemas natureza-sociedade, tanto no âmbito macro,
quanto no micro, perspectivas de curto e longo prazos, auxiliando-os a determinar
quais atitudes deverão, ou não, ser tomadas na busca por uma sociedade
sustentável.
Singh et al. (2011) citam a importância dos indicadores de sustentabilidade
como ferramentas poderosas para a adoção de políticas e, também, de
comunicação, a partir do momento em que são capazes de simplificar informações
complexas. É interessante ressaltar a preocupação com indicadores unificados. Na
ausência destes, é bastante difícil a comparação entre os desempenhos dos
resultados, em especial na dimensão ambiental, entre empresas, setores e países
(LEMME, 2010).
Existem vários índices que expressam sustentabilidade e desenvolvimento
sustentável. O Ecological Footprint (EF), ou Pegada Ecológica, é um índice bastante
33
difundido, sendo utilizado na avaliação de sustentabilidade de países. O EF é a
medida de carga imposta por uma determinada população sobre a natureza, ou seja,
representa a área de terra do planeta necessária para sustentar o nível de consumo
e descarte daquela população. Assim, é capaz de gerar ações públicas e orientar os
tomadores de decisão (WACKERNAGEL; REES, 1996).
Para o campo financeiro e empresarial, os índices de sustentabilidade, com
incorporação dos critérios do TBL, têm foco em investimentos socialmente
responsáveis ou Socially Responsible Investment (SRI), ou seja, fundos de
investimento com mensuração do comportamento empresarial frente ao
desenvolvimento sustentável. Os autores acreditam que estes tipos de índices
acabam por serem instrumentos de promoção do próprio desenvolvimento
sustentável, já que são capazes de estimular o mercado (MARCONDES; BACARJI,
2010; MONZONI, 2010).
De acordo com Monzoni (2010), a primeira geração de fundos SRI, surgiu nos
anos 1970 com a exclusão de ações dos portfólios, dos fundos de investimentos, de
empresas que mantinham algum tipo de relacionamento com o apartheid na África
do Sul ou a participação na cadeia de suprimentos de armamentos para a guerra do
Vietnã. Nesta modalidade, os fundos faziam uma seleção negativa (negative
screening ou screening negativo ou, ainda, exclusionary screening), isto é, a retirada
ou a exclusão de determinados setores da atividade econômica não alinhados às
questões éticas, ambientais ou sociais, do portfólio de investimentos (LEMME,
2010), tais como fumos, armas ou aqueles de alto impacto ambiental, como petróleo
e mineração.
A segunda geração surgiu nos anos 1990 e, diferentemente da primeira,
possuía uma seleção positiva (positive screening). Este tipo de abordagem buscava
oportunidades na excelência de setores com perspectiva de sucesso, como, por
exemplo, biotecnologia e as energias eólica e solar (MONZONI, 2010).
Finalmente, a terceira e mais recente geração, surgida no final dos anos
1990, é chamada de best in class ou best-of-class ou, ainda, qualitative screening
(LEMME, 2010). A diferenciação para as gerações anteriores é que esta não tem a
34
preocupação de excluir ou concentrar, mas sim de elencar os melhores de cada
setor. Logo, o objetivo, neste caso, é a avaliação das empresas por meio de critérios
sociais, ambientais e de governança, melhorando a análise dos seus impactos sobre
a sociedade. Por consequência, haverá a criação de valor para o acionista no longo
prazo (MONZONI, 2010).
Como exemplos clássicos dos índices de sustentabilidade, já fundamentados
na terceira geração de fundos SRI, podem ser citados o Dow Jones Sustainability
Indexes (DSJI), uma família de índices da Bolsa de Nova Iorque ou New York (NY)
criado em 1999, e o similar da bolsa londrina, lançado em 2001: FTSE-4Good, pelo
Financial Times e a London Stock Exchange. Para os mercados emergentes, tem-se
o índice da Bolsa de Joanesburgo (JSE), criado em 2004, e o Índice de
Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de São Paulo, no Brasil, criado em
2005 (MARCONDES; BACARJI, 2010).
Com o objetivo de investigar a existência da relação entre práticas de
sustentabilidade corporativa e desempenhos financeiros, Lemme (2010) realizou
uma coletânea de referências bibliográficas, fazendo uma espécie de compêndio,
onde citou alguns estudos. Em alguns deles há a demonstração de uma relação
positiva entre estes dois elementos. Pode-se citar como exemplo o estudo de Arx e
Ziegler (2008), em que os autores analisaram as atividades socioambientais de
empresas europeias e americanas de vários setores, entre os anos de 2003 a 2006,
e verificaram que houve uma recompensa por parte do mercado a este tipo de ação.
Por outro lado, em estudo realizado no Brasil, Cavalcante, Bruni e Costa
(2009) não encontraram superioridade das ações pertencentes ao Índice de
Sustentabilidade Empresarial (ISE) relativamente às do Índice Bovespa e iBrasil
(IBrX), negociados na BM&FBovespa. Entretanto, Lemme (2010) destaca que, de
maneira geral, as empresas que possuem suas ações listadas no ISE são destaques
em seus respectivos setores de atuação. Assim, existe algum tipo de correlação
positiva entre os desempenhos financeiros e ambientais, entretanto, ainda existem
divergências, que acabam por representar certo desafio no meio acadêmico.
35
Uma destas divergências, segundo Pandey (2005), é a existência de uma
defasagem entre novas práticas empresarias e seu efeito ou consolidação, versus
uma mensuração financeira imediata, isto é, as ações, logo após sua
implementação, não têm seu real valor financeiro valorado. Desta maneira,
Salzmann, Steger e Ionescu-Somers (2005) consideram que certas ações
sustentáveis, que poderiam ter bons retornos no longo prazo, acabam por serem
desprezadas.
Além da primeira divergência citada, relação causa-efeito, tem-se o método
financeiro a ser utilizado e a complexidade de se acompanhar um grande portfólio de
ações socioambientais. Assim, Salzmann, Steger e Ionescu-Somers (2005), quanto
ao método financeiro, destacam o esforço de se ter um bom julgamento, para que se
preveja a mais precisa performance financeira.
Quanto à multiplicidade de práticas sustentáveis, estes autores consideram a
dificuldade de se obter uma medida financeira que avalie acuradamente estas
práticas e permeie toda a organização. Por fim, os autores ponderam que as
empresas que observam menor vantagem na gestão da sustentabilidade corporativa
tendem a atribuir menor necessidade à mensuração de suas práticas (SALZMANN;
STEGER; IONESCU-SOMERS, 2005).
Diante disso, de acordo com Lemme (2010), é afirmado que o elo positivo
entre sustentabilidade corporativa e desempenho da empresa tem origem nos
seguintes fatores:
(1) Processo de inovação tecnológica ou gerencial: por exemplo, a introdução
de novas maneiras para a eliminação de desperdícios; (2) Diferenciação dos
produtos e reposicionamento de mercado: aumento das receitas através da
percepção por parte de alguns consumidores de que tais produtos são superiores
em relação às suas qualidades de vida; comumente chamado de “consumo
consciente”; (3) Acesso a fontes preferenciais de financiamento e redução nos
custos do capital: grandes fontes internacionais e nacionais de capital se utilizam de
padrões claros de requisitos socioambientais para a liberação do crédito, tais como o
conjunto de diretrizes estabelecidas pelo do “Princípio do Equador para Instituições
36
Financeiras”; e (4) Gerenciamento de riscos operacionais: preocupação com os
aspectos socioambientais e dos riscos associados às consequências das atividades,
tais como poluições da água e do ar e desastres ambientais, os quais serão
valorados e assegurados. Este item também considera o relacionamento com a
sociedade em si e a legislação vigente.
A presente discussão será finalizada com a seguinte colocação a respeito da
geração, ou não, de valor das práticas sustentáveis:
Se ainda não há evidências robustas de que tais práticas geram valor financeiro ao acionista, é possível afirmar que o inverso também é verdadeiro: apesar de distribuir valor para toda a sociedade, essas empresas não ferem o desempenho econômico-financeiro, se comparadas com outro conjunto de empresas que não necessariamente estão adicionando valor para todos os seus públicos de relacionamento, incluído o meio ambiente. (MONZONI, 2010, p. 12)
2.1.4.1 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)
O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) foi criado em 2005 pela Bolsa
de Valores de São Paulo e da Bolsa de Valores de Mercadorias e Futuros
(BM&FBovespa) juntamente com outros órgãos, a saber: Associação Brasileira das
Entidades Fechadas de Previdência Complementar (ABRAPP); Associação
Brasileira das Entidades dos Mercado Financeiro e de Capitais (ANBIMA);
Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais
(APIMEC); Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC); International
Finance Corporation (IFC); Instituto ETHOS e Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Essas entidades constituem o Conselho do Índice de Sustentabilidade Empresarial
(CISE), um conselho deliberativo, que tem por missão assegurar um processo
transparente de construção do ISE e, também, da seleção das empresas.
Vale ressaltar que o CISE é presidido pela BM&FBovespa, sendo esta
responsável pelo cálculo e a gestão técnica do índice. Posteriormente, outras
instituições se associaram ao CISE, a saber: Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (PNUMA); Instituto dos Auditores Independentes do Brasil
(IBRACON) e Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE).
Desta maneira, pode-se conceituar o ISE como:
37
[...] uma ferramenta para análise comparativa da performance das empresas listadas na BM&FBovespa sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. Também amplia o entendimento sobre empresas e grupos comprometidos com a sustentabilidade, diferenciando-os em termos de qualidade, nível de compromisso com o desenvolvimento sustentável, equidade, transparência e prestação de contas, natureza do produto, além do desempenho empresarial nas dimensões econômico-financeira, social, ambiental e de mudanças climáticas. (https://www.isebvmf.com.br/index.php?r=site/conteudo&id=1, 2012)
O referido índice de ações é uma iniciativa pioneira na América Latina, que
tem por finalidade a criação de um cenário de investimento compatível com as
necessidades do desenvolvimento sustentável da sociedade atual, ressaltando as
empresas que alinham seus planejamentos estratégicos às práticas socioambientais
(MONZONI, 2010). Neste sentido, o ISE pode ser utilizado com um benchmark para
os investimentos socialmente responsáveis, além de servir como estímulo à
responsabilidade ética das instituições e à introdução das questões ambientais,
sociais e de governança aos processos de decisão sobre investimentos (PINTO,
2010).
É interessante ressaltar a preocupação do ISE com o relacionamento das
empresas com os stakeholders, a forma como são tratados os acionistas
minoritários, a transparência e, principalmente, o grau de prestação de contas das
práticas citadas e, também, das questões sustentáveis. Obviamente, os
desempenhos econômico e financeiro fazem parte do conjunto de informações
analisadas (MONZONI, 2010).
A finalidade para as empresas listadas no ISE, à parte a questão principal,
isto é, os benefícios obtidos com a adoção das práticas sustentáveis, é que estas
possam alcançar acesso aos créditos mais baratos e velozes, menores taxas de
seguro, incrementos do clima organizacional, atração de retenção dos melhores
talentos, além da maior fidelidade de seus consumidores (MONZONI, 2010).
Para a composição do ISE, questionários, desenvolvidos pela equipe do
Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) – iniciativa pertencente à Escola de
Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EASEP -
FGV), são distribuídos àquelas empresas detentoras das ações mais líquidas do
38
BM&FBovespa, para a avaliação dos diferentes aspectos da sustentabilidade. É
interessante citar que estas empresas contribuem para o processo de organização
do índice (MARCONDES; BACARJI, 2010).
O ISE é composto por sete dimensões, a saber:
a) Dimensão Geral: comprometimento com a sustentabilidade e o seu
desenvolvimento, por meio da devida preocupação com a viabilidade futura da
sociedade;
b) Dimensão Natureza do Produto: impactos gerados pelos itens ofertados ao
consumidor, sejam estes produtos ou serviços;
c) Dimensão Governança Corporativa: relacionamento entre as partes da
administração, sócios, a estrutura e o conselho. Considera práticas de auditoria
e fiscalização para tal;
d) Dimensões Econômico-Financeira, Ambiental e Social: políticas, gestão,
desempenho e cumprimento legislatório;
e) Dimensão Mudança Climática: como a organização gerencia e em que nível é
capaz de prestar informações.
As dimensões geral, natureza do produto, governança corporativa, social,
econômico-financeira e mudanças climáticas são as mesmas para todos os setores.
Já a dimensão ambiental é segmentada em seis grupos – A, B, C, D, E e IF, de
acordo com suas características e níveis de impacto, para melhor estudo e
comparação entre estes.2
Os grupos A, B e C são compostos por empresas que possuem um aspecto
ambiental crítico. Para o caso dos grupos A e B, a diferenciação se dá quanto ao
tipo dos recursos naturais utilizados: no caso do grupo A, os recursos são
renováveis, ao passo que para o grupo B estes recursos são não renováveis. Já o
grupo C trata das matérias-primas e insumos.
2 Cabe citar que alguns detalhes específicos do ISE para o referido texto, tiveram por base o ISE questionário-base, versão final 2011, afinal esta foi a versão utilizada para a presente pesquisa. A observação é pertinente pelo fato de que revisões são feitas anualmente, o que pode causar alteração de informação.
39
Desta forma, as instituições que fabricam refrigerantes e cervejas; cigarro e
fumo; madeira, celulose e papel; água e saneamento; geração e transmissão de
energia elétrica; açúcar e álcool; agricultura e produção pecuária fazem parte do
grupo A. No grupo B são incluídas as categorias de empresas que transformam:
artefatos de cobre; ferro e aço; fertilizantes; minerais metálicos; exploração e/ou
refino de petróleo e gás; além dos petroquímicos e da siderurgia. No grupo C,
constam as empresas de: acessórios; fios e tecidos; armas e munições; automóveis
e bicicletas; alimentos diversos; jogos e brinquedos; calçados; vestuário;
computadores e equipamentos; construções civil e pesada; couro; defensivos;
embalagens; equipamentos elétricos; eletrodomésticos; utensílios domésticos;
duplicação, manutenção e ampliação de rodovias; laticínios; máquinas e
equipamentos agrícolas, de transporte, hospitalares e industriais; materiais
aeronáutico; ferroviário e rodoviário; motores, compressores e outros; produtos de
limpeza e de uso pessoal; utensílios domésticos.
O grupo D é composto pelas atividades de transporte e logística, isto é,
aluguel de carros; serviços de apoio e armazenagem; transportes aéreo, ferroviário,
hidroviário e rodoviário; distribuições de combustíveis, gás e de energia elétrica.
Nos grupos E e IF estão as empresas de serviços. O grupo E inclui os mais
diversos tipos de serviços, a saber: comércios de máquinas, equipamentos,
materiais de transporte, alimentos, livrarias e papelarias e produtos diversos;
engenharia consultiva; exploração de imóveis; intermediação imobiliária;
medicamentos; tecidos, vestuários e calçados; análises e diagnósticos, serviços
educacionais, médicos e hospitalares, hotelaria; parques de diversão; jornais, livros
e revistas; telefonias fixa e móvel; televisão por assinatura; serviços diversos.
Finalmente, o grupo IF, específico para os serviços financeiros, abrange as
instituições financeiras e as seguradoras.
Essas dimensões são subdivididas em categorias, os conjuntos de critérios,
conforme abaixo:
a) Dimensão Geral: compromisso, alinhamento, transparência, combate à
corrupção;
40
b) Dimensão Natureza do Produto: impactos pessoais do uso do produto,
impactos difusos do uso do produto, cumprimento legal;
c) Dimensão Governança Corporativa: propriedade, conselho de administração,
gestão, auditoria e fiscalização, conduta e conflito de interesses;
d) Dimensões Econômico-Financeira, Ambiental e Social: política, gestão,
desempenho, cumprimento legal;
e) Dimensão Mudança Climática: política, gestão, desempenho, reporte.3
O objetivo da utilização dos critérios é a busca pela veracidade no que diz
respeito ao tratamento da sustentabilidade por parte das empresas pesquisadas.
Adicionalmente, estes critérios foram constituídos com base nos índices referência
para o tema, como o DSJI e o FTSE-4Good e, também, o JSE. Obviamente,
adaptações se fizeram necessárias, dadas as realidades dos países em questão.
Quanto às adaptações, estas foram pautadas em análises realizadas por grupos de
estudos com pesquisadores e especialistas, além de consultas e audiências públicas
(MARCONDES; BACARJI, 2010).
Outros elementos utilizados como fonte de informações foram a GRI; a norma
sobre o engajamento de stakeholders, Accountability AA1000 e a norma sobre
direitos humanos no trabalho, SA8000; os indicadores da Organização Internacional
do Trabalho (OIT) e do Ethos; os Códigos de Defesa do Consumidor e o de
Governança Corporativa do IBCG; convenções da Organização das Nações Unidas
(ONU); documentos da Rio +10 realizada em Joanesburgo no ano de 2002; Balanço
Social do Ibase; ISO 14000 e ISO 26000 (MARCONDES; BACARJI, 2010).
Por fim, os critérios têm seus pesos, para cálculo, atribuídos conforme
relevância do tema para a sociedade, levando-se em consideração o contexto da
gestão empresarial. Além disso, possuem seus indicadores específicos,
selecionados de acordo com os grupos, os quais, finalmente, compõem as
perguntas. Ver figura 2.
3 Para o caso das instituições financeiras, pertencentes ao grupo IF, deve ser considerado, também, um quinto critério, avaliação de crédito e risco.
41
Figura 2: Estrutura do questionário
Fonte: Simnetti (2007) apud Marcondes; Bacarji (2010)
Quanto ao tratamento estatístico, o ISE tem um modelo baseado no conceito
de desvio-padrão, desenvolvido pelo departamento de estatística da FGV.
Primeiramente, é estabelecido o desvio-padrão do conjunto de empresas, através
dos registros dos questionários. Então, é somado o desvio de cada empresa em
cada dimensão e comparado com o desvio-padrão do conjunto, obtendo, assim, um
tipo de média geral de cada empresa. Adicionalmente, as empresas têm um desvio
máximo estabelecido, ou seja, empresas que obtiverem desempenho pífio em
alguma dimensão, mesmo que estejam aptas em outras, serão desclassificadas.
Outro critério é o agrupamento das empresas parecidas entre si, de acordo com
suas pontuações obtidas, um tipo de análise de cluster, o que torna mais clara a
seleção daquelas mais desenvolvidas (MARCONDES; BACARJI, 2010).
Por fim, é realizada uma análise qualitativa dos questionários pela equipe do
GVces. Este procedimento é feito através da análise dos documentos enviados para
a comprovação, tal como uma justificativa, de determinadas respostas apresentadas
(MARCONDES; BACARJI, 2010).
Diante disto, o questionário ISE não só avalia comparativamente os
desempenhos das empresas, como incentiva um melhor gerenciamento da questão
sustentabilidade. Ademais, o questionário busca a correlação com a GRI e sofre
revisões anualmente. Estas revisões podem ser consideradas um aperfeiçoamento
do questionário e podem ocorrer por meio de consulta e audiência pública, oficinas
42
ou outras formas de aprimoramento. Desta maneira, serão refletidas as demandas
da sociedade relativas às questões das práticas sustentáveis (MACEDO et al.,
2012).
2.2 SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA NO SETOR DE SAÚDE
HOSPITALAR
Ao se pensar na aplicação do conceito de sustentabilidade corporativa, sabe-
se que os sistemas de saúde e, particularmente, os hospitais serão impactados
negativamente pelo crescimento dos problemas globais de sustentabilidade, como
as alterações climáticas, as crises energéticas e a escassez de recursos naturais.
Cabe citar a responsabilidade dos sistemas de saúde nesta problemática, pois parte
deles é causado pelo próprio sistema de saúde (JAMETON; PIERCE, 2001; WEISZ
et al., 2011).
Com a intensificação destes problemas, por um lado ocorrerá um maior rigor
nas normas ambientais, medidas regulatórias e aumento de preços. Por outro lado,
as consequências desses problemas como, por exemplo, as alterações ambientais,
terão efeitos adversos sobre a condição da saúde humana, como a propagação de
doenças infecciosas ou os danos decorrentes dos desastres de origem natural ou
antropogênicos (BARCELLOS et al., 2008). Por fim, os hospitais serão confrontados
por estes dois aspectos (WEISZ et al., 2011).
Os hospitais – instituições que desempenham um papel central na indústria
em questão - podem minimizar seu lado negativo e obter ganhos na própria saúde,
ao integrarem os questionamentos social e ambiental ao core business hospitalar,
isto é, aos cuidados e à promoção da saúde. Desta maneira, tais questionamentos
serão observados, avaliados e otimizados (WEISZ et al., 2011).
Desenvolvimento sustentável para os hospitais estaria ligado à otimização
dos diversos critérios de qualidade, onde não apenas é considerada a qualidade
para o core business do hospital em si, mas também a eficiência econômica e as
compatibilidades ambientais (JAMETON et al., 2002) e sociais (WEISZ et al., 2011).
43
Os requisitos de qualidade para o core business são padrões clínicos de
tratamento, com suas respectivas viabilidades técnicas; eficiência econômica,
controle adequado dos custos, opções de financiamentos e, em especial, para as
instituições privadas, a relação favorável receita/custo. Para a dimensão ambiental,
tem-se a preservação da natureza, através da utilização racional de recursos
(JAMETON et al., 2002). Por fim, a dimensão social é a minimização das cargas
sociais dentro e fora dos hospitais (WEISZ et al., 2011).
Assim, um determinado hospital agirá sustentavelmente quando não adiar ou
externalizar4 problemas aos seus stakeholders e à natureza. Um exemplo para esta
proposição é o atual aquecimento global, proveniente de enormes emissões
anteriores de dióxido de carbono – um efeito retardado – por consequência da
queima de combustíveis fósseis. Por conseguinte, é afirmado que a manutenção da
interação sociedade-natureza no longo prazo é posta em risco quando os problemas
do viver em sociedade são externalizados, produzindo, como resultado, efeitos
colaterais indesejáveis (WEISZ et al., 2011).
Desse modo, essas ações que buscam o desenvolvimento sustentável
definem o termo sustentabilidade no ambiente hospitalar, o qual seria a extensão
dos critérios de qualidade estabelecidos, incluindo os aspectos sociais, ecológicos e
econômicos. Acredita-se, ainda, que a sustentabilidade pode ser alcançada pela
utilização e desenvolvimento de sistemas e métodos de gestão da qualidade (WEISZ
et al., 2011).
Essa abordagem integrada, a partir da externalização do problema, e a devida
visualização dos stakeholders, com o monitoramento do ambiente em que se atua,
que permite a mitigação dos efeitos indesejáveis, é uma das principais tarefas da
gestão hospitalar. Em linhas gerais, cada decisão é tida como sustentável e ideal
quando, além de melhorar o status quo na respectiva dimensão, leva em
consideração seus impactos positivos nas outras e as consequências benéficas de
longo prazo (WEISZ et al., 2011).
4 As externalidades são tidas como efeitos externos não intencionais, sejam estes positivos ou negativos, das atividades das empresas sobre outros agentes econômicos (LEMME, 2010).
44
O tema desenvolvimento sustentável possui relação e sinergia com a
promoção à saúde. Vale ressaltar que esta correlação entre os temas pode ser
concluída a partir da definição de promoção da saúde estabelecida pela World
Health Organization (WHO) ou Organização Mundial da Saúde (OMS), que é tida
como o processo de capacitar pessoas para aumentar o controle sobre suas saúdes,
melhorando-as. Este processo se movimenta além do foco no comportamento
individual, indo em direção a uma ampla variação de intervenções sociais e
ambientais (WEISZ et al., 2011).
Diante disso, os cuidados e a promoção da saúde integrarão o conceito
tradicional do Triple Bottom Line. De fato, estes tópicos devem ser pensados de
forma a integrar o TBL, sendo parte do centro do triângulo, conforme figura 2,
permeando o contexto hospitalar. Isto ocorre porque, em certa medida, os hospitais
têm efeitos e, igualmente, são afetados pelas dimensões social, ambiental e
econômica, tanto no ambiente interno, quanto externo. Assim, os cuidados e a
promoção da saúde fariam parte das inter-relações dinâmicas com as três
dimensões do TBL (WEISZ et al., 2011).
45
Figura 3: Ambiente Hospitalar
Fonte: Adaptado de Weisz et al. (2011)
Enfim, os programas de sustentabilidade devem refletir as necessidades e
características únicas de cada organização, pois é sabido que a implantação deste
tipo de programa nas empresas requer, além de tempo, mudanças culturais
significativas (GRIFFITHS, 2006). Ademais, para os hospitais, estes programas
acabam por permear todos os aspectos da instituição, como alimentação, gestão de
materiais, equipe de enfermagem (JAROUSSE, 2012), em todos os níveis, de
formas cultural e educacional (HAMILTON, 2008).
2.2.1 Dimensão Ambiental da Sustentabilidade Corporativa em Hospitais
Ao levar-se em consideração a sustentabilidade em sua dimensão ambiental,
para o caso dos hospitais, deve-se observar que o foco no longo prazo, com bom
Capital Financeiro
Capital Ambiental
Capital Social
AMBIENTE HOSPITALAR
Cuidados
com a
Saúde
Promoção
da Saúde
46
desempenho destas instituições sobre o meio ambiente, é a chave para o seu
relacionamento com os diversos stakeholders (GRAYSON et al., 2011). Desta
maneira, devem ser buscadas soluções para a melhoria deste relacionamento.
Diante disso, Jarousse (2012) cita como oportunidades de melhoria da
sustentabilidade ambiental hospitalar os gerenciamentos dos resíduos e de água e a
eficiência energética. Tem-se, ainda, as compras sustentáveis. Alguns autores
acrescentam outras formas de “go green”: gerência dos sistemas ambientais e a
construção verde (GRAYSON et al., 2011; WEISZ et al., 2011), cuidados com as
emissões tóxicas e a utilização de transportes alternativos (HAMILTON, 2008).
A construção verde, segundo a Green Guide for Health Care (GGHC, 2010),
prevê um tipo de edificação saudável, com a ausência de materiais que sejam
maléficos à saúde humana, além de um design eficiente e tecnologias inovadoras
disponíveis, com a economia, assim, de recursos naturais, como iluminação natural
e integração à natureza. Como consequência, tem-se, a redução dos custos
associados. As emissões tóxicas dos transportes, por sua vez, podem ser reduzidas
pela diminuição da área destinada ao estacionamento de carros particulares, pela
integração com modais de transportes públicos e a contenção de deslocamentos de
grandes percursos do corpo clínico (POLAND; DORIS, 2010).
2.2.1.1 Programas de Sustentabilidade Ambiental Hospitalar
Para que sejam iniciadas as ações e os programas sustentáveis, em especial
do ponto de vista ambiental, primeiramente se faz necessária a integração das
questões sustentáveis à estratégia da organização. Podem ser citados como
ilustração deste ato os compromissos da alta liderança e do conselho, estabelecidos
por meio da política ambiental (JAROUSSE, 2012).
Após o importante passo da integração da sustentabilidade corporativa à
estratégia, a instituição deve estabelecer um baseline, ou seja, um tipo de padrão de
valor, verificando, por exemplo, através de auditorias, seus consumos de água e
47
energia (existem benchmarks para estes tipos de consumos, como o U.S.
Environmental Protection Agency’s Energy Star Program5) (JAROUSSE, 2012).
Hamilton (2008) acredita que exista certa dificuldade na condução do
processo de auditorias ambientais. É provável que alguns hospitais precisem de um
auxílio externo para tal, dadas às faltas de expertise e habilidade interna de seus
colaboradores. O autor afirma, ainda, que não é apenas uma questão de conferir as
contas das companhias fornecedoras de água, eletricidade, gás natural e óleo para
aquecimento, mas sim entender corretamente onde e como ocorrem estes
consumos. É fato que as organizações terão capacidades e condições diferenciadas
em lidar com os programas e ações sustentáveis, já que há diferenças de escala,
tempo das edificações e capacidade de negociação com fornecedores (POLAND;
DOORIS, 2010).
a) Gerenciamento de Resíduos
Segundo Jarousse (2012), iniciar a abordagem do processo de
sustentabilidade ambiental pelo gerenciamento de resíduos pode ser interessante
pelo fato deste ser capaz de promover a alteração da rota usual dos descartes
gerados, além de ser considerado um fator de sucesso para os programas de
sustentabilidade ambiental hospitalares.
Os resíduos hospitalares podem ser separados nas seguintes categorias:
sólidos, lixos hospitalares regulamentados, perigosos, farmacêuticos, gerais e
reciclados. Os sólidos são os que possuem maior fluxo ou volume, incluindo em sua
categoria várias especialidades, como lixos hospitalares regulamentados (resíduos
provenientes de lixo farmacêutico), resíduos confidenciais (que devem ser
triturados), materiais perigosos, dentre outros, que não deverão ser misturados
acidentalmente ou por falta de treinamento (TURPIN; LEE, 2011). Enfim, os
hospitais geram muitas categorias distintas de resíduos, o que demonstra a
5 Energy Star é um programa conjunto das agências governamentais norte-americanas U.S. Environmental Protection Agency e o U.S. Department of Energy, que tem por objetivo economizar capital e proteger o meio ambiente através de produtos e práticas energeticamente eficientes. Fonte: http://www.energystar.gov/index.cfm?c=about.ab_index.
48
relevância de um programa de gerenciamento adequado dos resíduos. De fato, este
deve existir apesar de boa parte dos resíduos terem seus descartes regulamentados
e, também, de um programa integrado incorrer em custos e complicações as mais
diversas (GILLMEISTER, 2012; JAROUSSE, 2012).
Quando se menciona descarte regulamentado, uma boa exemplificação são
os resíduos provenientes de lixo farmacêutico. No entanto, uma grande parte dos
outros materiais descartados (papéis e papelões, lixos orgânicos, plásticos, metais e
vidros), quando manuseados corretamente, podem ser completamente reciclados ou
comercializados, isto é, não precisam seguir diretamente para um aterro (TURPIN;
LEE, 2011; JAROUSSE, 2012).
A diversidade de resíduos é um dos grandes desafios dos programas de
reciclagem. Como solução, sugere-se a reclassificação de categorias entre os
mesmos. Faz-se necessário um planejamento cuidadoso, programas educacionais
contínuos, monitoramentos regulares, estabelecimento de melhores práticas e a
preocupação com a segurança dos manipulares, responsabilidade esta a ser
atribuída à equipe sustentável. Ademais, existem as considerações a respeito da
identificação de variáveis, tais como: regulação e seus riscos, espaço físico,
infraestrutura adequada e a agenda dos pacientes e, ainda, a possível administração
desta atividade por um terceiro/parceiro (TURPIN; LEE, 2011; GILLMEISTER, 2012).
O reconhecimento e a comunicação, no que diz respeito ao gerenciamento de
resíduos, podem ser realizados através de e-mails ou de anúncios ao longo da
instalação e devem ultrapassar as fronteiras do hospital. Ele deve ser veiculado na
mídia, ou seja, deve ser reconhecido com premiações e devidamente divulgado.
Este tipo de destaque é tido como positivo por ser capaz de aperfeiçoar o programa
e aprimorar o relacionamento com os stakeholders (TURPIN; LEE, 2011).
Com a utilização benéfica dos resíduos recicláveis, haverá um impacto
positivo significativo e mensurável. Cabe lembrar que o processo de gerenciamento
de resíduos, com a utilização de métricas de resíduos como ferramentas de gestão,
considera a questão da redução do consumo em si, reduzindo, desta maneira, o
volume descartado de materiais. Novas ideias, como a visão de resíduos como
49
recursos e não mais como lixo, além dos planos para redução do consumo em si,
devem fazer parte da cultura do hospital (JAROUSSE, 2012; TURPIN; LEE, 2011).
Jarousse (2012) traz considerações que demonstram a dificuldade e a
criticidade do gerenciamento de resíduos hospitalares. O autor cita como um desses
pontos o fato de que muitos hospitais sequer sabem ao certo quais são seus gastos
nesta gestão, pois, ao menos em território americano, os diversos dejetos são
gerenciados por distintos departamentos e fornecedores (ainda com a garantia de
que todos cumpram seus contratos, o que é uma tarefa desafiadora). Na
impossibilidade de um único departamento para toda a gestão, o ideal seria que a
instalação tivesse o correto controle de todas as saídas de sua unidade, permitindo,
assim, que seus gestores estabelecessem metas e objetivos para a relação
consumo/descarte (JAROUSSE, 2012).
Como solução, é prioritário que os hospitais analisem as diversas áreas
operacionais e consigam mensurar os custos de suas atividades, desenhando os
fluxos de resíduos (GILLMEISTER, 2012). Além disso, segundo Turpin e Lee (2011),
garantir a correta segregação, em especial dos resíduos que podem ser
comercializados, pode evitar retrabalhos e perda de valor do material.
De maneira geral, para um programa de gerenciamento de resíduos
hospitalares, o gestor deve considerar, para a formação do orçamento, custos com
educação e treinamento e os vários serviços a serem desempenhados (identificação,
segregação, embalagem, coleta e transporte, interna e externamente). Os custos
devem ser examinados em três áreas estratégicas: exigências regulatórias, custos
diretos e indiretos – gestão de riscos e custos de contenção (GILLMEISTER, 2012).
Os custos com exigências regulatórias contemplam o treinamento de todos os
envolvidos no processo do ponto de vista jurídico. Os custos diretos consideram os
seguros, da saúde dos colaboradores às questões de conformidade, supervisão e
monitoramentos, equipamentos (ativos) e suas manutenções, operações de
contingência emergenciais e infraestrutura de Tecnologia da Informação (TI). Já os
custos indiretos abarcam os custos com gestão de risco e custos ocultos, como
riscos aos envolvidos, má gerência, multas e penalidades (GILLMEISTER, 2012).
50
Um assunto ainda controverso é a prática de reciclagem e reprocessamento
dos dispositivos e equipamentos médicos. No entanto, é uma atitude que vem sendo
adotada com maior abrangência nos hospitais americanos, com fiscalização
realizada pela U.S. Food and Drug Administration (FDA)6. Para os resíduos
hospitalares gerados, o reprocessamento pode reduzir o desperdício e os custos
operacionais. Ainda um pequeno número de itens podem ser reciclados, incluídos
neste seleto grupo as mangas de compressão7, portas laparoscópicas8 e oxímetros
de pulso9 (TURPIN; LEE, 2011).
Diante de todos os fatores, quando o gerenciamento dos resíduos de saúde é
efetuado de forma satisfatória, os benefícios dos programas de reciclagem
hospitalares bem sucedidos podem ser variados. Estes programas acabam por
viabilizar a redução de custos operacionais (por exemplo, por intermédio do
desenvolvimento de ferramentas poderosas que melhoram a eficiência operacional
em todos os níveis), com posterior alocação para novos projetos. Além disso, podem
aumentar a segurança e satisfação da força de trabalho; reduzir riscos e custos
associados ao descumprimento da legislação; diminuir o impacto ambiental;
melhorar a relação com a comunidade e, até mesmo, gerar receitas ou recompensas
econômicas (TURPIN; LEE, 2011; JAROUSSE, 2012).
Assim, o gerenciamento de resíduos é capaz de fortalecer o programa de
sustentabilidade de maneira mais ampla, a partir do momento em que os
colaboradores o apoiem e lhe deem reconhecimento (JAROUSSE, 2012). Por fim, o
principal benefício dos programas de reciclagem hospitalares e a mais importante
razão de sua adoção é o fator custo (TURPIN; LEE, 2011).
6 Food and Drug Administration (FDA) é a agência norte-americana pertencente ao Department of Health and Human Services (HHS), que tem por objetivo proteger e promover a saúde. Fonte: http://www.fda.gov. 7 Mangas de compressão são itens auxiliares medicinais prescritos pelo médico, se necessário, no caso de problemas vasculares e outros. Fonte: http://www.medi.pt/produtos/lipedema-linfedema/meias-de-compressao.html. 8 Laparoscopia: Exame endoscópico da cavidade abdominal. Fonte: http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=laparoscopia. 9 Oxímetro de pulso é um dispositivo médico que mede indiretamente a quantidade de oxigênio no sangue de um paciente. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ox%C3%ADmetro_de_pulso.
51
b) Gerenciamento de Águas
Os hospitais são instituições que consomem um volume significativo de água
para a manutenção de suas atividades. Luparelli (2009) observou que equipamentos
que possuem grandes consumos deste tipo de recurso, como máquinas de lavar
roupa e de hemodiálise e autoclaves, não possuem hidrômetros em seus setores de
utilização, não permitindo assim o controle dos consumos. Além disso, parte dos
volumes utilizados nestas máquinas, por exemplo, não são reaproveitados,
caracterizando desperdício.
A presença dos medidores setorizados é interessante para observação de
vazamentos ao longo de toda a edificação, podendo ser acompanhado de um
sistema amplo de monitoramento do consumo. Além disto, é importante realizar um
programa consolidado de manutenção, para que não haja apenas a detecção do
vazamento, mas também a rápida correção do mesmo (ILHA et al., 2006).
Outras ações a serem realizadas neste quesito são a sensibilização dos
usuários e adoção de tecnologias economizadoras como, por exemplo, instalação de
bacias sanitárias com caixa acoplada de menores volumes, restritores de vazão de
chuveiros e/ou torneiras hidromecânicas e fotoelétricas. Assim, um dos ganhos de
se implantar um eficiente programa de gerenciamento de águas é o financeiro, por
meio da redução de custos (ILHA et al., 2006; POLAND; DOORIS, 2010)10. Parte
desta economia decorre, também, dos programas de reciclagem, com o reuso
interno à instalação. E o reuso, em específico o não potável, é definido como o uso
para fins de utilização em jardinagem, descargas sanitárias e utilização em caldeiras,
por exemplo (FILHO; MANCUSO, 2003).
c) Eficiência Energética
Outra iniciativa sustentável é a eficiência energética. Segundo o relatório
Scheider Eletric (2010), reduzir o consumo de energia permite o combate às 10 Vale ressaltar, neste ponto, a importância da lavagem das mãos. A utilização de torneira fotoelétrica auxiliará a limpeza das mãos, a partir do momento em que não é exigido nenhum toque ou contato para o seu fechamento. Fonte: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/lavagem_de_maos.html.
52
questões de aquecimento global, a partir do momento em que ocorre a redução da
emissão do dióxido de carbono (CO2). O relatório Scheider Eletric (2010) observa
que minimizar o consumo energético (assim como de água, aquecimento, dentre
outros) é uma opção quando se trata de cortar despesas e aumentar os lucros.
Inclusive, o relatório ressalta que existe uma lacuna quanto ao corte de custos via
redução do consumo energético por parte dos administradores e dos diretores-
financeiros de hospitais. Normalmente, os gestores optam, primeiramente, pelo
caminho tradicional: implantar novas tecnologias, reduzir o número de colaboradores
e seus benefícios ou melhorar os processos (como, por exemplo, a renegociação
com fornecedores - algo temporário - e a eliminação de serviços adicionais).
O gerenciamento energético tem como grande benefício o fato de ser algo
diretamente mensurável, permitindo o monitoramento e o progresso constantes.
Como solução para atingir a eficiência energética, sugere-se a contratação de
serviços e equipamentos profissionais, que permitirão a tomada de ações mais
rapidamente e de menores investimentos (SCHEIDER ELETRIC, 2010).
Como ilustração, podem ser citados a otimização do edifício e o uso de
inversores de frequência, passando pela otimização dos sistemas de Aquecimento,
Ventilação e Ar condicionado (HVAC) e reformas no sistema de iluminação, como
sensores. Apesar dos altos valores, no que diz respeito ao investimento, estas
medidas podem trazer como resultado a queda no consumo de energia. Isto ocorre,
especialmente em projetos energéticos mais amplos, como atualizações do prédio e
a aplicação de medidas inovadoras de economia. Cabe lembrar ainda a ideia da
adoção de um sistema integrado, centralizado e inteligente de medição de energia
(POLAND; DOORIS, 2010; SCHEIDER ELETRIC, 2010).
Além disso, observa-se que ao realizar a avaliação da solução de eficiência
energética é interessante buscar não apenas uma energia eficiente e segura aos
envolvidos, mas, também, uma energia verde, com a redução da emissão de gases
do efeito estufa e o incentivo ao uso de energias renováveis e soluções
sustentáveis, como LEED11 e NABERS12 (SCHEIDER ELETRIC, 2010). É
11 LEED - Leadership in Energy and Environmental Design - é um sistema de certificação e orientação ambiental de edificações. Criado pelo U.S. Green Building Council, é o selo de maior reconhecimento
53
interessante ressaltar que adquirir um equipamento com menor consumo energético
é uma forma de melhorar a eficiência energética e, também, de realizar uma compra
sustentável (HAMILTON, 2008).
d) Compras Sustentáveis
O Setor de Compras, dada sua posição estratégica no início da cadeia de
valor, pode ter um papel significativo no desempenho da sustentabilidade
corporativa (CARTER et al., 2000). Tendo a presença da legislação como principal
driver, na prática o que se observa é a substituição dos materiais maléficos ao meio
ambiente por outros menos agressivos (PIMENTEL, 2009). Exemplos para o caso
hospitalar são a substituição de termômetros de mercúrios pelos digitais
(HAMILTON, 2008) e o Cloreto de Polivinila (PVC) e di-2-etilhexil (DHEP) por
produtos alternativos – por exemplo, cateteres e bolsas de sangue de PVC, podem
ser substituídos por seus similares feitos em silicone ou Acetato de Vinil Etileno
(EVA) (HCWH13, 2013)14.
Carter e Carter (1998) definem compras verdes ou ecológicas como aquelas
em que a gestão da cadeia de suprimentos é capaz de influenciar o processo
sustentável, optando por adquirir itens que possam auxiliar na redução de recursos e
nos processos de reciclagem e reutilização. Para isso, os autores acreditam que a
coordenação junto aos fornecedores auxilia para o alcance de resultados positivos.
Além disso, será de responsabilidade dos fornecedores, segundo Lamming e
internacional e o mais utilizado em todo o mundo, inclusive no Brasil. Fonte: http://www.gbcbrasil.org.br/?p=certificacao. 12 NABERS – National Australian Built Environment Rating System – é uma iniciativa australiana gerenciada pelo Office of Environmental and Heritage. NABERS é um sistema de classificação baseado para os edifícios existentes; este é capaz de classificar o desempenho com base em suas medidas de impacto operacionais ao meio ambiente. O sistema também está habilitado a fornecer uma simples indicação do quão bem a instituição gerencia esses impactos ambientais ao compará-la com seus pares e vizinhos. Fonte: http://www.nabers.com.au/. 13 Health Care Without Harm (HCWH). 14 PVC e DHEP são dois compostos que contêm substâncias químicas maléficas aos seres humanos. O PVC, adicionalmente, causa impactos ambientais durante as fases de produção, uso e descarte (HCWH, 2013).
54
Hampson (1996), os impactos ambientais gerados por seus produtos ao longo de
toda a sua vida útil, incluindo o seu descarte.
Uma dificuldade que a instituição talvez possa vir a encontrar ao adotar um
programa de compras sustentáveis hospitalares é, justamente, a postura de médicos
e técnicos mais especializados. Este tipo de público tende a ter uma preferência
exclusiva de insumos médico-hospitalares baseados nos critérios de uso, qualidade
e marca. Pautando-se nesses quesitos, é possível prever a resistência dos médicos
e técnicos à introdução de critérios ambientais (FILHO, 2005).
2.2.1.2 Fatores de Sucesso, Benefícios e Consequências
Alguns fatores são garantia para o sucesso dos projetos de sustentabilidade
ambiental hospitalar. O primeiro deles é o papel das lideranças. Neste processo,
visando ao sucesso das práticas, cada uma das partes desempenha seu papel. O
Presidente, Chief Executive Officer, CEO, acaba por definir a visão, a liderança e a
responsabilidade para que a sustentabilidade seja, de fato, bem-sucedida. O CEO
participa do processo de avaliação das práticas atuais e mostra prontidão para o
avanço na jornada de sustentabilidade (JAROUSSE, 2012). Além disso, ele define o
quão estratégico são os programas de sustentabilidade na organização
(GILLMEISTER, 2012).
O Conselho Administrativo, por sua vez, deve trabalhar para o
estabelecimento das políticas, metas e prioridades na alocação de recursos e
acompanhamento do progresso das ações. Nestas metas e prioridades, segundo
Gillmeister (2012), devem estar contidas maneiras para a diminuição do impacto ao
meio ambiente e soluções sustentáveis aos funcionários e à comunidade ao entorno,
além do foco no cumprimento dos regulamentos para pacientes e funcionários. Já o
Diretor Financeiro, Chief Finance Officer (CFO), identifica recursos financeiros e
monitora custos, despesas e retornos sobre investimentos. Por fim, o Diretor de
Operações, Chief Operating Officer (COO), é quem desempenha o papel essencial
no processo de implantação dos programas de sustentabilidade hospitalares, sendo
responsável pelo monitoramento das operações e dos benefícios alcançados
(JAROUSSE, 2012).
55
Estes principais líderes também serão responsáveis pelo entendimento das
peculiaridades de seu negócio hospitalar, como, por exemplo, fatores de
complicação e legislações aplicáveis (GILLMEISTER, 2012). Estes tipos de fatores
acabam por vir a diferenciar os níveis de maturidade de implementação dos
programas entre os diferentes hospitais (POLAND; DOORIS, 2010). E, não menos
importante, segundo Turpin e Lee (2011), os líderes são os responsáveis pela
disseminação da cultura em prol da sustentabilidade.
Outro fator primordial para o sucesso das ações de sustentabilidade é a
criação de equipes responsáveis pelo estabelecimento de metas e objetivos de curto
e longo prazos, cronogramas, supervisão das implantações, mensuração das
métricas e avaliação do desempenho da organização, trabalhando juntamente aos
principais líderes, em especial, o Conselho (HAMILTON, 2008; TURPIN; LEE, 2011;
JAROUSSE, 2012). Hamilton (2008) pondera que algumas ações ou princípios
tomados ou tidos pelos líderes são sugestões da equipe executora e, neste caso,
tem-se um perfil bottom-up das iniciativas.
Uma das maneiras utilizadas para a observação do alcance das metas são as
auditorias ambientais. Estas metas ao serem atingidas devem ser celebradas e
compartilhadas com todos os envolvidos. Assim, são encerrados ciclos e, ao
alcançar objetivos, novos deverão ser traçados. Neste sentido, uma vez que a
equipe executiva tenha sido criada e após a verificação da disponibilidade inicial de
recursos da organização, o Chief Operating Officer deve alavancá-los, interna e
externamente, para a condução da avaliação completa da sustentabilidade
(JAROUSSE, 2012).
É importante que as equipes sugeridas (denominadas “Equipes Verdes” ou
Green Team) incluam pessoas e departamentos de toda a empresa; e, se possível,
a contratação de um funcionário, com cargo gerencial, tal como um Diretor de
Sustentabilidade, Chief Sustainability Officer (CSO), para a coordenação das
atividades. Ele supervisiona as iniciativas sustentáveis colocadas em prática por
outros gerentes, em toda a organização, e ainda provê expertise técnica,
gerenciando a formação e o trabalho das equipes de sustentabilidade. Outra função
do CSO é a construção de um relacionamento com a comunidade em seu entorno,
56
pois parte dos funcionários presentes são da própria comunidade (HAMILTON,
2008; JAROUSSE, 2012).
Além desses dois fatores principais, o papel das lideranças e a criação de
equipes responsáveis, cabem destacar as necessidades de identificação de drivers
(diminuição de custos, melhor desempenho ambiental e ou melhoria das condições
de saúde da comunidade); das barreiras das iniciativas de sustentabilidade e das
complicações de uma gestão integrada. A correta identificação destas circunstâncias
auxiliará no estabelecimento de metas e, consequentemente, aumentará a
probabilidade de sucesso das iniciativas (JAROUSSE, 2012).
Há, ainda, o engajamento dos stakeholders, em especial dos líderes
comunitários; parcerias que tragam êxitos, preferencialmente com aqueles parceiros
que partilhem de objetivos sustentáveis; e a condução de auditorias ambientais,
conforme citação anterior (HAMILTON, 2008). Cabe aqui mencionar que as práticas
devem ocorrer de forma gradativa, cada uma ao seu tempo, até para que sejam
devidamente incorporadas à rotina (HAMILTON, 2008; TURPIN; LEE, 2011),
ademais, devem seguir uma ordem de gestão por simplicidade, ou seja, das mais
simples às mais complexas (JAROUSSE, 2012), enfim, deve haver uma aderência
formal aos programas por parte das instituições (GILLMEISTER, 2012).
Ao considerar os fatores levantados por Poland e Dooris (2010) e Gillmeister
(2012), que podem levar a organização a ser bem sucedida na empreitada da
sustentabilidade ambiental, são enumeradas algumas vantagens com a adoção
destes programas. Cabe mencionar que o ganho para o meio ambiente é inerente a
todas as práticas. Primeiramente, os aumentos do desempenho da organização, dos
valores de eficiência e eficácia; onde, eficiência é definida como a “diminuição dos
custos de assistência sem diminuir as melhorias alcançadas” (DONABEDIAN, 1998
apud MANZO; BRITO; CÔRREA, 2012, p. 389) e eficácia a “habilidade em atingir os
melhores resultados na assistência por meio dos melhores cuidados”
(DONABEDIAN, 1998 apud MANZO; BRITO; CÔRREA, 2012, p. 389). Estes
aumentos são acompanhados pelas melhorias dos resultados clínicos, da
experiência de funcionários e pacientes e do índice de confiabilidade no sistema e
na cultura (JAROUSSE, 2012).
57
Como segunda grande vantagem tem-se a redução de riscos. Neste caso, há
o papel dos stakeholders, que com a crescente preocupação com a questão
energética, o esgotamento de petróleo e outros recursos naturais, poderão exercer
uma supervisão regulatória dos consumos de energia e descarte de resíduos. Como
ilustração, é apontada a U.S. Environmental Protection Agency (EPA)15, que vem
tomando medidas para reforçar a fiscalização do lixo farmacêutico (JAROUSSE,
2012).
A terceira vantagem é a redução de custos. Como as iniciativas sustentáveis
consomem menos recursos e reduzem os resíduos gerados, são capazes de
diminuir os gastos ou criar poupanças, ou seja, retornos financeiros positivos
(HAMILTON, 2008; GILLMEISTER, 2012; JAROUSSE, 2012).
De mais a mais, podem ser citados o aumento da percepção positiva na
sociedade e a melhoria dos cuidados com a saúde, isto é, os programas de
sustentabilidade constroem uma boa imagem ao conservarem recursos escassos e
promoverem a saúde de pacientes e funcionários (GRAYSON et al., 2011;
JAROUSSE, 2012).
Os pontos citados anteriormente vêm ao encontro da colocação de que o
ambiente hospitalar pode causar prejuízos à saúde de seus trabalhadores e, até
mesmo, dos pacientes (JAMETON; PIERCE, 2001; WEISZ et al., 2011). Finalmente,
os hospitais cumprirão sua missão de ofertar um atendimento de qualidade
(GRAYSON et al., 2011). De fato, o ganho será para toda a sociedade, pois diante
de benefícios reais obtidos por algumas organizações, há um estímulo para que os
concorrentes adotem práticas similares, realizando, assim, mais ganhos financeiros
e ambientais (TURPIN; LEE, 2011).
15 U.S. Environmental Protection Agency (EPA) é a agência do governo norte-americano que tem por missão a proteção da saúde do ser humano e do ambiente. Fonte: http://www.epa.gov/aboutepa/whatwedo.html.
58
2.3 QUADRO SÍNTESE
Este item por finalidade a apresentação do quadro 1, o qual apresenta um
resumo, à luz da revisão de literatura, das principais práticas sustentáveis que
denotam um maior grau de maturidade dos hospitais.
59
Práticas Sustentáveis Autores
Possuir a certificação ISO 14001 Petroni, 2000; Korul, 2005; Alexander et al., 2008; Brouwer; Kopen, 2008; Oliveira, 2008; ISO, 2009; Jabbour; Teixeira; Jabbour, 2013.
Publicar Relatórios de Sustentabilidade ou Balanço Social Oliveira, 2008; GRI, 2011. Possuir uma área específica e independente para o planejamento e a supervisão das questões sustentáveis Hamilton, 2008; Turpin; Lee, 2011; Jarousse, 2012. Ter inserido o conceito de desenvolvimento sustentável na estratégia ISE, 2011; Gillmeister, 2012; Jarousse, 2012.
Mensuração de riscos e impactos das atividades desempenhadas ISE, 2011.
Remuneração variável atrelada às metas sustentáveis ISE, 2011. Monitoramento dos impactos financeiros, operacionais, ambientais e de saúde ISE, 2011.
Comunicação sistemática do desempenho aos stakeholders ISE, 2011. Comunicação realizada sem a necessidade de demanda por parte dos stakeholders ISE, 2011.
Presença de programas educativos Turpin; Lee, 2011; Gillmeister, 2012. Aumento dos valores de eficiência e eficácia quando adotadas as práticas sustentáveis Jarousse, 2012; Donabedian, 1998 apud Manzo; Brito; Côrrea, 2012. Implementação de práticas sustentáveis independentemente do retorno financeiro Lemme, 2010; Monzoni, 2010. Início do programa de sustentabilidade através do gerenciamento de resíduos Jarousse, 2012. Segurança dos executores ser responsabilidade da equipe de sustentabilidade Turpin; Lee, 2011; Gillmeister, 2012.
Reutilização dos itens hospitalares Turpin; Lee, 2011.
Presença de programas de eficiência energética Hamilton, 2008; Poland; Dooris, 2010; Scheider Eletric, 2010.
Presença de programas de gerenciamento de águas Filho; Mancuso, 2003; Ilha et al., 2006; Poland; Dooris, 2010. Modelo de compras de acordo com os preceitos das compras sustentáveis
Lamming; Hampson, 1996; Carter; Carter, 1998; Carter et al., 2000; Hamilton, 2008; HCWH, 2013.
Quadro 1: Quadro síntese conceitual
60
3 MÉTODO
Este capítulo tem como objetivo apresentar o método de pesquisa adotado no
estudo. Assim, são disponibilizadas informações a respeito das perguntas e suas
hipóteses, do tipo de pesquisa, da população e da amostra. Em relação aos dados,
são apresentadas a forma de coleta e o tratamento destes. Por fim, o capitulo é
concluído com as limitações da presente pesquisa.
3.1 PERGUNTAS E HIPÓTESES DA PESQUISA
A pergunta geral que direciona a presente pesquisa é: Qual o grau de
maturidade em termos de práticas de sustentabilidade ambientais dos hospitais
acreditados que atuam no Brasil?
Além disso, este estudo pretende investigar a relação existente entre a ISO
14001, a publicação de relatórios e a presença de uma área especifica dedicada à
sustentabilidade e o grau de maturidade dos hospitais em termos de prática de
sustentabilidade ambiental. Portanto, são formuladas as seguintes perguntas,
hipóteses e as hipóteses estatísticas:
a) Os hospitais que possuem a certificação ISO 14001 possuem um grau de
maturidade em termos de sustentabilidade superior aos que não possuem esta
certificação?
A certificação ISO 14001 é uma ferramenta que auxilia e busca a minimização
dos efeitos negativos das atividades empresariais sobre o meio ambiente, por
intermédio da melhoria contínua, com incremento dos valores de eficiência e
eficácia, tendo como consequências a redução de desperdícios e processos mais
eficientes (PETRONI, 2000; KORUL, 2005; BROUWER; KOPEN, 2008; OLIVEIRA,
2008; ISO, 2009; OLIVEIRA; SERRA, 2010). Assim, a literatura indica que os
hospitais que detêm a certificação ISO 14001 estão mais avançados em termos de
práticas de sustentabilidade adotadas do que os que não possuem esta certificação.
Isto permite formular a seguinte hipótese nula Ho1:
61
Ho1: Não há diferença estatisticamente significativa em termos de práticas de
sustentabilidade adotadas, entre os hospitais que possuem a certificação ISO 14001
e os que não a possuem.
b) Os hospitais que publicam Relatório de Sustentabilidade ou Balanço Social
possuem um grau de maturidade em termos de sustentabilidade superior aos
que não o fazem?
Os relatórios de sustentabilidade exercem o papel fundamental de relatar as
atividades desempenhadas pelas instituições, transmitindo transparência e, também,
uma comunicação sistemática com os diferentes stakeholders (OLIVEIRA, 2008;
GRI, 2011). Assim, podem atuar na avaliação da performance e posição da empresa
perante as questões sustentáveis, como a percepção de uma possível influência do
desenvolvimento sustentável na estratégia destas. Desta forma, a literatura revisada
indica que os hospitais os quais publicam relatórios de sustentabilidade estão mais
avançados em termos de práticas de sustentabilidade adotadas do que os que não o
fazem. Assim, é possível formular a seguinte hipótese nula Ho2:
Ho2: Não há diferença estatisticamente significativa em termos de práticas de
sustentabilidade adotadas, entre os hospitais que publicam relatório de
sustentabilidade e os que não o publicam.
c) Os hospitais que possuem uma área específica e responsável pelo
planejamento e pela supervisão das atividades relativas à sustentabilidade,
possuem um grau de maturidade em termos de sustentabilidade superior aos
que não possuem?
A existência de equipes responsáveis pelo estabelecimento de metas,
objetivos e cronogramas (planejamento) e acompanhamento das implantações,
mensuração das métricas e avaliação do desempenho da organização (supervisão)
é um fator de sucesso dos projetos de sustentabilidade ambiental hospitalar,
impulsionando a empresa na direção da adoção de práticas sustentáveis
(HAMILTON, 2008; TURPIN; LEE, 2011; JAROUSSE, 2012). A partir desta
62
afirmativa, a literatura permite acreditar que os hospitais que possuem uma área
específica dedicada à sustentabilidade estão mais avançados em termos de práticas
de sustentabilidade adotadas do que os que não possuem esta área. Assim, é
possível formular a seguinte hipótese nula H03:
H03: Não há diferença estatisticamente significativa, em termos de práticas de
sustentabilidade adotadas, entre os hospitais que possuem uma área específica
dedicada à sustentabilidade e os que não a possuem.
3.2 TIPO DE PESQUISA
De acordo com Vergara (1998), uma pesquisa pode ser classificada quanto
aos seus fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, trata-se de uma pesquisa
quantitativa, de caráter descritivo e exploratório, pois tem como principal finalidade
descrever as ações adotadas pelos hospitais acreditados que atuam no Brasil,
fornecendo critérios, assim como auxílios para compreensão e formulação de
problemas mais precisos, que poderão ser objeto de investigação em estudos
posteriores (GIL, 1989; VERGARA, 1998; MALHOTRA, 2001).
Quanto aos meios, trata-se de pesquisa de campo, por haver a aplicação de
um questionário para o levantamento dos dados, assim como de uma pesquisa
bibliográfica, por ter buscado na literatura teorias e conceitos relacionados à
sustentabilidade no setor hospitalar.
3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA
O universo ou a população do presente estudo é composto por 88
instituições, as quais possuíam, em outubro de 2012, alguma(s) da(s) seguinte(s)
acreditação(ões): Accreditation International Canada (ACI), Joint Commission
International (JCI), e/ou Organização Nacional de Acreditação (ONA) - Acreditado
com Excelência, de acordo com as informações contidas no website ou site das
respectivas acreditações, no tipo de programa “hospital” com atuação em território
brasileiro.
63
Em outubro de 2012, eram 20 os hospitais acreditados pela Accreditation
International Canada (ACI). Vinte e quatro hospitais possuíam a Joint Commission
International (JCI), dos quais 21 compuseram este estudo, já que: o Hospital do
Câncer III – INCA retirou-se voluntariamente em 07/12/2010; a descrição do Hospital
Sírio Libanês – Sociedade Beneficente de Senhoras e Sociedade Beneficente de
Senhoras Hospital Sírio Libanês - fazerem referência à mesma instituição:
Sociedade de Senhoras Hospital Sírio-Libanês; e o Total Care Unidade Jardins – SP
não poder ser caracterizado como unidade hospitalar. Sessenta e sete unidades
hospitalares possuíam a Organização Nacional de Acreditação (ONA). A partir disto,
foram analisadas 66 unidades, pois a instituição Neocenter S/A, segundo
informações contidas em seu site, é um prestador de serviços de Unidades de
Terapia Intensiva (UTIs) neonatal, não podendo ser caracterizado como unidade
hospitalar.
Desta maneira, por ser um conjunto de dados que possui intersecção, isto é,
uma mesma instituição pode possuir mais de uma acreditação, ao final restaram 88
hospitais no universo a ser analisado. Deste universo, 75 concordaram em participar
da pesquisa, mas apenas 38 efetivamente preencheram o questionário. Os
respondentes representaram 43% da população previamente definida.
3.4 COLETA DE DADOS
A coleta de dados da pesquisa foi realizada por meio da aplicação do
questionário online hospedado no website SurveyMonkey.
De posse da população dos 88 hospitais, entrou-se em contato via telefone,
e-mail e/ou através do website dos hospitais para a obtenção dos dados de um(a)
Diretor(a); um(a) Gestor(a) de Sustentabilidade ou um(a) Gerente que fosse
responsável pelas práticas de sustentabilidade, em especial na dimensão ambiental.
Posteriormente, o link para o questionário
(https://www.surveymonkey.com/s/QuestSustentHospitalar) foi enviado via e-mail
para o potencial respondente. Cabe citar que as instituições que tiveram dificuldade
64
para abrir o link, por motivo de bloqueio interno do website, por exemplo, receberam
o questionário em arquivo Word para enviarem suas respostas.
A tentativa de estímulo à participação na pesquisa ocorreu pelo ineditismo do
tema no setor e pela disponibilização/envio da pesquisa aos interessados. Por meio
dos contatos iniciais, em especial aqueles realizados via telefone, percebeu-se a
desestruturação da área ou departamento de sustentabilidade, pois a grande maioria
dos hospitais indicavam respondentes pertencentes aos setores de Qualidade ou de
Gestão de Resíduos ou, até mesmo, desconheciam o tema.
O esforço para aumentar o número de participantes foi feito em dois
momentos. O primeiro se deu entre os meses de setembro a novembro de 2012,
quando foi conseguido cerca de 30% dos respondentes. Não houve problemas nas
respostas recebidas e o esforço na busca por mais respondentes foi concluído num
segundo momento, entre os meses de janeiro a março de 2013, contabilizando-se
um total de 43% do total, ou seja, 38 hospitais participaram da pesquisa.
3.4.1 Instrumento de coleta de dados
O questionário foi elaborado com base na revisão de literatura, nos
questionários utilizados por autores citados na própria revisão e, também, na
adaptação do questionário ISE 2011. Do questionário ISE, foram utilizadas as
questões referentes ao Grupo E, específico para serviços e que abrange os serviços
médicos e hospitalares. Como o questionário da presente pesquisa foi formulado
entre os meses de setembro e outubro do ano de 2012, foi utilizado o questionário-
base ISE, versão 2011, relativo à sétima carteira do ISE, que vigorou entre os dias
02 de janeiro e 31 de dezembro de 2012.
O questionário é composto por três partes, a saber:
Parte I – Perfil demográfico, para a caracterização do respondente e da instituição
por meio de doze questões.
Parte II – Práticas de sustentabilidade - dimensão geral: oito questões relativas ao
posicionamento do hospital quanto às principais práticas de sustentabilidade
corporativa na dimensão geral.
65
Parte III – Práticas de sustentabilidade - dimensão ambiental: onze questões
relativas ao perfil da instituição no que diz respeito às ações de sustentabilidade
ambiental adotadas pelo hospital.
Na Parte I, as variáveis demográficas foram medidas por meio de perguntas
abertas e da escala não paramétrica nominal. Neste tipo de escala, os dados
apenas representam categorias ou classes, gerando número de ocorrências em
cada classe ou categoria da variável que está sendo estudada (HAIR et al., 2007).
Na Parte II, em que são apresentadas questões relativas à dimensão geral de
sustentabilidade, adotou-se a escala não-paramétrica nominal para as primeiras
quatro questões (questões 1 a 4), juntamente com duas perguntas abertas, relativas
ao principal motivador para o hospital publicar relatório de sustentabilidade ou
balanço social (questão 2) e ao principal motivador para adotar ações de
sustentabilidade (questão 4). O questionamento por meio de perguntas abertas ou
não estruturadas é interessante, pois expressa opiniões gerais do respondente,
sendo úteis nas análises de pesquisas exploratórias. No entanto, tem como
desvantagem a tendenciosidade por parte do pesquisador e o tempo para
codificação ou categorização (MALHOTRA, 2001).
Para as questões 5 a 8 da Parte II e para as 11 questões da Parte III, relativas
à dimensão ambiental, foi adotada a escala Likert de 5 pontos. A escala Likert,
amplamente utilizada nas pesquisas acadêmicas, tem as vantagens de ser fácil de
construir, administrar e compreender. Nesta escala, o respondente deve indicar o
grau de concordância com cada um dos itens do questionário. Trata-se de uma
escala não comparativa, onde o objeto de estudo não é comparado com outro objeto
específico ou com algum padrão; ou seja, as avaliações ocorrem unitariamente.
Desta maneira, os respondentes selecionam a categoria que melhor descreva o
objeto em avaliação (MALHOTRA, 2006).
Na presente pesquisa, optou-se pela escala de cinco pontos, em que os
extremos 1 e 5 representaram, respectivamente, “discordo totalmente” e “concordo
totalmente”. A opção pela escala ímpar foi feita para que houvesse uma posição
neutra ou imparcial para os entrevistados, já que, de acordo com Malhotra (2006),
66
havendo a possibilidade de uma reação neutra ou indiferente de pelo menos um dos
entrevistados, deve-se utilizar um número ímpar de categorias.
Para o pré-teste do questionário, o mesmo foi submetido à avaliação de
profissionais da área da saúde, com o fim de avaliar a clareza do instrumento e a
adequação dos termos empresariais aos termos médicos e vice-versa. Desta
maneira, seis profissionais da saúde foram abordados, dentre estes uma enfermeira
e cinco médicos. Quanto aos médicos, pertenceram ao grupo selecionado, médicos
de atendimento e assistência, médicos gestores e relacionados ao controle de
infecção hospitalar. Assim, todos os profissionais visualizaram o questionário,
preencheram-no e emitiram suas opiniões, durante o mês de outubro de 2012. Cabe
citar que quatro foram respondidos pessoalmente, ao passo que dois realizaram o
pré-teste on-line, através do envio do arquivo via Word, com o retorno dos
comentários por e-mail.
De maneira geral, o questionário não sofreu alterações de conteúdo. A grande
contribuição obtida por meio do pré-teste foi a visão destes especialistas de que o
questionário deveria ser respondido por um(a) gestor(a), sendo esta pessoa médica
ou não, no entanto, com atribuições específicas de um cargo de sustentabilidade ou
questões correlacionadas. De fato, o entendimento de que profissionais que não
atuassem diretamente na área, como médicos de assistência ou sem vínculo efetivo
com a instituição, não teriam conhecimento suficiente do assunto e o ineditismo do
tema no setor médico, foi unânime. A versão final do questionário encontra-se no
Apêndice C.
O quadro 2 apresenta as variáveis que compuseram a versão final do
questionário, contendo quatro questões gerais sobre Sustentabilidade Corporativa e
onze questões específicas sobre a dimensão ambiental.
67
Grupo Variável
Práticas de sustentabilidade - geral
1. Inserção na estratégia 2. Mensuração de riscos e impactos 3. Remuneração variável 4. Monitoramento de impactos
Práticas de sustentabilidade - ambiental
5. Comunicação sistemática aos stakeholders 6. Comunicação sem a necessidade de demanda 7. Programas educativos 8. Eficiência e eficácia 9. Independência do retorno financeiro 10. Início pelo gerenciamento de resíduos 11. Segurança dos executores 12. Reutilização dos itens hospitalares 13. Programas de eficiência energética 14. Programas de gerenciamento de águas 15. Compras sustentáveis
Quadro 2: Variáveis investigadas relativas às práticas sustentáveis nas dimensões geral e
ambiental
3.4.2 Confiabilidade da escala
A confiabilidade é definida como “a extensão pela qual uma escala produz
resultados consistentes quando são feitas repetidas mensurações de característica.”
(MALHOTRA, 2006, p. 275). De acordo com Hair et al. (2009), o Alfa de Cronbach é
a medida de maior utilização para o teste de confiabilidade de uma escala e é
definido por Malhotra (2006, p.277) como “a média de todos os coeficientes meio a
meio que resultam das diferentes maneiras de dividir os itens da escala.”. Assim,
para validar a escala proposta, utilizou-se o Alfa de Cronbach, ou coeficiente alfa,
como medida de confiabilidade interna da escala.
O coeficiente Alfa varia entre 0 e 1, sendo considerado satisfatório um
coeficiente igual ou superior a 0,7 (HAIR et al., 2009). O Alfa de Cronbach obtido no
presente estudo foi de 0,765, o que demonstra a confiabilidade interna da escala
adotada.
68
3.5 TRATAMENTO DOS DADOS
Antes de iniciar as análises estatísticas dos dados, todos os questionários
preenchidos foram conferidos pessoalmente pela pesquisadora para identificar
respostas incompletas ou em branco. Nos casos em que o respondente deixou algo
em branco ou faltou clareza em sua resposta, em especial no caso de perguntas
abertas, o mesmo foi contatado pela pesquisadora para resolver a(s) pendência(s).
Assim, não houve qualquer descarte, mantendo-se a amostra de 38 hospitais.
Após as análises iniciais, as respostas coletadas foram digitadas pela
pesquisadora em um arquivo em Excel, com o objetivo de organizar os dados para
que fossem transferidos para o software SPSS versão 17.0, para realizar as
estatísticas univariadas necessárias para o teste das hipóteses formuladas.
Primeiramente, foi realizada uma análise descritiva e exploratória dos dados,
não apenas para traçar o perfil demográfico, mas também, para computar o grau de
maturidade dos hospitais da amostra em termos de ações de sustentabilidade. Em
seguida, foi aplicado o teste não-paramétrico de comparação de postos para
amostras independentes de Wilcoxon-Mann-Whitney, com o objetivo de testar as
hipóteses formuladas.
3.5.1 Sistema de ponderação baseado no Índice de Sustentabilidade
Empresarial (ISE)
Para computar o grau de maturidade dos hospitais pesquisados em termos de
ações de sustentabilidade, objetivo do presente estudo, e, também, para a
realização do teste não-paramétrico, adotou-se a metodologia de ponderação
aplicada pelo ISE.
A metodologia do ISE considera cada uma das sete dimensões com valor
total de cem unidades, resultante do somatório de cada um dos critérios
relacionados às respectivas dimensões (CRITÉRIOS & PESOS ISE 2011/2012).
Cabe mencionar a pormenorização do processo, isto é, antes do desdobramento
dos critérios em perguntas, existem os indicadores (ver figura 2).
69
Na presente pesquisa, foram adaptadas as dimensões geral e ambiental do
ISE. A dimensão geral é aplicável a todos os grupos e setores investigados pelo
índice, tratando do comprometimento com a sustentabilidade e o seu
desenvolvimento, por meio da devida preocupação com a viabilidade futura da
sociedade. A dimensão ambiental para as instituições de saúde trata das políticas,
gestão, desempenho e cumprimento legislatório.
Da mesma maneira que o índice, não houve a prévia divulgação dos pesos às
empresas participantes. Segundo Marcondes e Bacarji (2010), divulgar o peso pode
vir a gerar distorções nas avaliações, evitando, assim, a constituição de equipes
especializadas dentro das companhias com o objetivo de preencher os questionários
da forma mais coerente possível, buscando melhores resultados.
3.5.1.1 Dimensão geral
Assim, a primeira dimensão tomada, a geral, baseada no questionário-base
2011, possui quatro critérios, são eles, compromissos, alinhamento, transparência e
combate à corrupção, onde:
1. Compromissos: comprometimento com o desenvolvimento sustentável;
2. Alinhamento: alinhamento e consistência das boas práticas de
sustentabilidade;
3. Transparência: transparência das informações corporativas, por meio de
balanços sociais e relatórios anuais;
4. Combate à corrupção: verificação de ações para o combate às práticas de
corrupção, tais como acordos escusos ou atividades de lobby.
Estes critérios estão distribuídos nos seguintes indicadores:
70
Critério Indicador
1. Compromissos Compromisso fundamental
Compromissos voluntários
2. Alinhamento Consistência dos compromissos Política de engajamento com partes interessadas Remuneração
3. Transparência Relatórios Divulgação
4. Combate à corrupção Combate à corrupção
Quadro 3: Critérios ISE: Indicadores
Quanto aos pesos destes critérios estão descritos no quadro 4.
Critério Peso
1. Compromissos 15
2. Alinhamento 25
3. Transparência 40
4. Combate à corrupção 20
Total: 100
Quadro 4: Critérios ISE - Dimensão geral
Para a composição do sistema de ponderação, foram utilizados três destes
quatro critérios - compromissos, alinhamento e transparência – e seus indicadores.
O item combate à corrupção foi excluído por não fazer parte do escopo da presente
pesquisa. Assim, com a exclusão do critério combate à corrupção fez-se necessária
a redistribuição dos vinte pontos referentes a este. Consequentemente, após a saída
deste critério, o novo somatório passou a oitenta pontos. Esta redução de vinte
pontos significou um acréscimo de 25%, compensado igualmente entre os três
critérios restantes. A distribuição dos pesos modificada, está descrita no quadro 5.
71
Critério Peso/critério
1. Compromissos 18,75
2. Alinhamento 31,25
3. Transparência 50
Total: 100
Quadro 5: Dimensão geral adaptada
A correlação das perguntas vis-à-vis os critérios/indicadores foi estabelecida
através da adequação do conteúdo da pergunta à definição do critério.
No caso específico da dimensão geral, as perguntas foram tomadas do
próprio índice, onde a correlação ocorreu de forma direta, isto é, as perguntas
pertencem aos próprios critérios, e seus indicadores, tal como o estabelecido no
questionário ISE.
Pergunta Critério Indicador
5 Compromissos Compromisso fundamental
6 Alinhamento Consistência dos compromissos
7 Alinhamento Remuneração
8 Transparência Relatórios
Quadro 6: Relação perguntas, critérios e indicadores
O valor total da dimensão, isto é, o somatório de todas as perguntas, resultou
em 131,25 pontos (quadro 7). Com o objetivo de facilitar os cálculos, os valores
foram redistribuídos para o somatório de 100 pontos entre as 4 perguntas. Esta
72
operação foi realizada a partir da divisão do valor total (131,25) pelo peso de cada
pergunta, expressos no quadro 8.
Critério Pergunta Peso
1. Compromissos 5 18,75
2. Alinhamento 6, 7 62,50
3. Transparência 8 50
Total: 131,25
Quadro 7: Dimensão geral adaptada às perguntas
Critério Pergunta Peso/pergunta
1. Compromissos 5 14,29
2. Alinhamento 6, 7 23,81
3. Transparência 8 38,10
Total: 100
Quadro 8: Dimensão geral final
3.5.1.2 Dimensão ambiental
Concluídos os cálculos para a dimensão geral o mesmo procedimento foi
adotado para a dimensão ambiental. Nesta dimensão, o questionário-base 2011,
também possui quatro critérios, são eles, política, gestão, desempenho e
cumprimento legal, onde:
1. Política: nível de comprometimento da empresa, isto é, nível de formalização
das estratégias e políticas;
2. Gestão: programas, planos, metas e monitoramento;
73
3. Desempenho: indicadores de desempenho;
4. Cumprimento legal: avaliação da conformidade frente às legislações de
concorrência, ambiental, código do consumidor e outras pertinentes.
Estes critérios estão distribuídos nos seguintes indicadores:
Critério Indicador 1. Política Compromisso, abrangência e divulgação
2. Gestão
Responsabilidade ambiental
Planejamento
Gerenciamento e monitoramento
Sistemas de gestão
Comunicação com partes interessadas
Compromisso global: biodiversidade
3. Desempenho Consumo de recursos ambientais - inputs
Emissões e resíduos
Emissões e resíduos críticos
4. Cumprimento legal
Área de preservação permanente
Reserva legal
Passivos ambientais
Requisitos administrativos
Procedimentos administrativos
Procedimentos judiciais Quadro 9: Critérios ISE: Indicadores
Quanto aos pesos destes critérios estão descritos no quadro 10.
74
Critério Peso
1. Política 5
2. Gestão 55
3. Desempenho 25
4. Cumprimento legal 15
Total: 100
Quadro 10: Critérios ISE - Dimensão ambiental
Para a composição do índice de mensuração do grau de maturidade deste
estudo, foram utilizadas três destes quatro critérios - política, gestão e desempenho
– e seus indicadores. O item cumprimento legal foi excluído por não fazer parte do
escopo da presente pesquisa, afinal não foram solicitados aos respondentes
avaliações de conformidades frente às legislações pertinentes. Com a exclusão
deste critério, cumprimento legal, fez-se necessária a redistribuição dos quinze
pontos referentes a este. Consequentemente, após a saída deste critério, o novo
somatório passou a oitenta e cinco pontos. Esta redução de quinze pontos significou
um ganho de cinco pontos entre os três critérios restantes. A distribuição dos pesos
modificada, relacionada às perguntas, está descrita no quadro 11.
Critério Peso/critério
1. Política 10
2. Gestão 60
3. Desempenho 30
Total: 100
Quadro 11: Dimensão ambiental adaptada
75
Tal como o procedimento adotado na dimensão geral, a correlação das
perguntas vis-à-vis os critérios foi estabelecida através da adequação do conteúdo
da pergunta à definição do critério.
Desta forma, o critério política agregou as perguntas 11 e 13. Esta relação
ocorreu pelo fato dos conteúdos destas perguntas - formalização dos programas
educativos e independência do retorno financeiro - referenciarem o
comprometimento e a estratégia da empresa, sendo estes estabelecidos por
elevados níveis hierárquicos, sinalizando o compromisso dos hospitais com a
questão sustentável.
O critério gestão abarcou as perguntas 9, 10 e 12. As questões 9 e 10 –
adaptadas do índice - tratam do indicador comunicação com partes interessadas por
questionarem a respeito da informação empresa versus stakeholders. Quanto à
pergunta 12, esta faz parte de um plano de gestão com foco no monitoramento das
atividades sustentáveis, a partir do momento em que evidencia a preocupação com
os aumentos dos valores de eficiência e eficácia.
As perguntas de 14 a 18 pertencem ao critério desempenho. Isto ocorreu,
pois, tal critério tem por finalidade o tratamento dos diversos indicadores de
desempenho ambientais. Desta maneira, quando a instituição tem um programa
formal de gerenciamento de águas ou de resíduos, por exemplo, é comprovado o
monitoramento dos consumos de recursos e, consequentemente, do desempenho
ambiental.
76
Pergunta Critério Indicador
9 Gestão Comunicação com partes interessadas
10 Gestão Comunicação com partes interessadas
11 Política Compromisso, abrangência e divulgação
12 Gestão Gerenciamento e monitoramento
13 Política Compromisso, abrangência e divulgação
14 Desempenho Consumo de recursos ambientais - input
15 Desempenho Consumo de recursos ambientais – input
16 Desempenho Consumo de recursos ambientais – input
17 Desempenho Consumo de recursos ambientais – input
18 Desempenho Consumo de recursos ambientais – input
19 Desempenho Consumo de recursos ambientais - input
Quadro 12: Relação perguntas, critérios e indicadores
Com o objetivo de facilitar os cálculos, os valores foram redistribuídos para o
somatório de cem pontos entre as onze perguntas, ou seja, novos pesos foram
gerados a partir da divisão do valor total (somatório dos pesos de todas as
perguntas = 380 – quadro 12) pelo peso de cada pergunta, expressos no quadro 13.
77
Critério Pergunta Peso/critério
1. Política 11, 13 20
2. Gestão 9, 10, 12 180
3. Desempenho 14, 15, 16, 17, 18, 19 180
Total: 380
Quadro 13: Dimensão ambiental adaptada às perguntas
Critério Pergunta Peso/Pergunta
1. Política 11, 13 2,63
2. Gestão 9, 10, 12 15,79
3. Desempenho 14, 15, 16, 17, 18, 19 7,89
Total: 100
Quadro 14: Dimensão ambiental final
A partir da relação entre o quadro 2 com os quadros 8 e 14, obtém-se o
quadro 15, síntese do sistema de ponderação utilizado nesta pesquisa.
78
Dimensão Variável Peso Peso item dimensão
Geral
1. Inserção na estratégia 14,29
100 2. Mensuração de riscos e impactos 23,81 3. Remuneração variável 23,81
4. Monitoramento de impactos 38,10
Ambiental
5. Comunicação sistemática aos stakeholders 15,79
100
6. Comunicação sem a necessidade de demanda 15,79 7. Programas educativos 2,63 8. Eficiência e eficácia 15,79 9. Independência do retorno financeiro 2,63 10. Início pelo gerenciamento de resíduos 7,89 11. Segurança dos executores 7,89 12. Reutilização dos itens hospitalares 7,89 13. Programas de eficiência energética 7,89 14. Programas de gerenciamento de águas 7,89 15. Compras sustentáveis 7,89
Quadro 15: Sistema de ponderação das características e dimensões das práticas sustentáveis
Finalmente, como foi adotada a escala Likert de 5 pontos, as pontuações
máximas possíveis de serem alcançadas, que representam o grau máximo de
maturidade em termos de ações de sustentabilidade, estão apresentadas no quadro
16:
79
Dimensão Variável Pontuação
Total máxima
Geral
1. Inserção na estratégia 71,43
500,00 2. Mensuração de riscos e impactos 119,05 3. Remuneração variável 119,05
4. Monitoramento de impactos 190,48
Ambiental
5. Comunicação sistemática aos stakeholders 78,95
500,00
6. Comunicação sem a necessidade de demanda 78,95 7. Programas educativos 13,16 8. Eficiência e eficácia 78,95 9. Independência do retorno financeiro 13,16 10. Início pelo gerenciamento de resíduos 39,47 11. Segurança dos executores 39,47 12. Reutilização dos itens hospitalares 39,47 13. Programas de eficiência energética 39,47 14. Programas de gerenciamento de águas 39,47 15. Compras sustentáveis 39,47
1.000
Quadro 16: Pontuações máximas das características e dimensões das práticas sustentáveis
3.5.2 Cálculo do grau de maturidade dos hospitais em termos de ações de
sustentabilidade
Após as ponderações realizadas, foi possível calcular o grau de maturidade
dos hospitais pesquisados em termos de práticas sustentáveis, classificados em
intervalos de um a quatro. Estes intervalos foram baseados nas medidas de posição,
as quais, segundo Triola (2008, p. 89), “podem ser usadas para a comparação de
valores de conjuntos de dados diferentes ou para a comparação de valores dentro
de um mesmo conjunto de dados.”.
No caso específico, foram utilizados os quartis, os quais dividem os valores
em quatro partes iguais, onde, neste estudo, cada intervalo contém 199 pontos. Este
número foi obtido por meio do ajuste da divisão do intervalo total, 799 pontos (a
80
diferença entre 999 e 200, máximo e mínimo, respectivamente - 1 ponto, equivalente
ao benchmark, foi retirado) por 4, ou 25% do intervalo total.
Por fim, segue a classificação proposta, indicando os níveis distintos de
maturidade das práticas sustentáveis:
• Classificação 4 ou Muito Alta (MA): indica que o hospital tem uma gestão
adequada das práticas sustentáveis. Para a classificação neste nível o
hospital deve obter entre 800 e 999 pontos;
• Classificação 3 ou Alta (A): indica que o hospital aplica grande parte dos
conceitos pesquisados das práticas sustentáveis em sua gestão, no entanto,
esta aplicação não ocorre de forma ampla. Para a classificação neste nível o
hospital deve obter entre 600 e 799 pontos;
• Classificação 2 ou Baixa (B): indica que a instituição aplica apenas parte dos
conceitos sustentáveis e de forma desintegrada. Para a classificação neste
nível o hospital deverá obter entre 400 e 599 pontos;
• Classificação 1 ou Muito Baixa (MB): indica que a instituição desconhece ou
não aplica as práticas sustentáveis. Para a classificação neste nível o hospital
deve obter entre 200 e 399 pontos.
Para caracterização da instituição como um modelo de gestão (benchmark) em
termos de práticas de sustentabilidade, é necessária a pontuação máxima em todas
as características, ou seja, a obtenção de 1.000 pontos.
Assim sendo, o grau de maturidade total do hospital é definido pela multiplicação
das variáveis de cada dimensão ponderada pela concordância do respondente com
as afirmações (escala de 1 a 5). Posteriormente, soma-se o total das avaliações
ponderadas.
3.5.3 Teste não-paramétrico de Wilcoxon-Mann-Whitney
O teste não-paramétrico de Wilcoxon-Mann-Whitney foi escolhido por não
exigir qualquer condição quanto à forma específica de distribuição da população da
qual a amostra foi retirada, por atender à mensuração ordinal das variáveis
81
estudadas e por ser capaz de testar se duas amostras independentes foram
extraídas de uma mesma população (SIEGEL; CASTELLAN, 2006).
Segundo Siegel e Castellan (2006), o teste de Wilcoxon-Mann-Whitney é um
dos testes não-paramétricos mais poderosos, sendo uma boa alternativa à utilização
ao teste paramétrico t. Cabe lembrar que o teste Wilcoxon-Mann-Whitney não
apresenta todas as exigências e suposições restritivas associadas ao teste t.
O método consiste na ordenação dos casos das duas amostras e atribuição
de postos a cada um deles. O valor U é então calculado a partir desses postos e, se
o valor observado tiver probabilidade associada inferior ao alfa estabelecido, a
hipótese nula de que as distribuições das duas amostras são iguais é rejeitada
(MALHOTRA, 2006; SIEGEL; CASTELLAN, 2006).
Assim, para o teste de Wilcoxon-Mann-Whitney utilizaram-se as medianas,
considerando, para o estabelecimento da hipótese nula, que a mediana da
distribuição da primeira amostra é igual à mediana de distribuição da segunda
amostra. Além disso, foram utilizados níveis de significância de 5% ou 0,05 e de
10% ou 0,10, bilateralmente.
3.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO
Sabe-se que qualquer método de pesquisa possui suas limitações (GIL, 1989;
VERGARA, 1998). Assim, segundo Vergara (1998), é interessante reconhecê-las
para antecipar-se às críticas que possam explicitar as limitações que o método
escolhido apresenta.
Para fins práticos, foram utilizados apenas os hospitais que possuíam alguma
das seguintes acreditações: ACI, JCI e ONA – Acreditado com Excelência, em um
período determinado, no caso, mês de outubro de 2012. Sabe-se que após esta
data, e ainda durante a realização da pesquisa, novos hospitais foram incorporados
ao grupo, assim como alguns deles podem ter saído. Com isso, ao realizar a
pesquisa em um grupo seleto, universo restrito, a amostra também é pequena, com
um baixo número de respondentes para a análise dos dados. Para minimizar este
tipo de limitação, vários pedidos de participação foram solicitados às instituições.
82
O preenchimento de questionários autoadministrados está sujeito à
interpretação equivocada da pergunta pelos respondentes. Para minimizar este viés,
foi realizado o pré-teste do questionário com profissionais da saúde, na tentativa de
representação do público-alvo da pesquisa. Além da interpretação, a pesquisa está
sujeita aos vieses e sentimentos do respondente e, consequentemente, a dados
distorcidos. De fato, cada respondente poderia exercer certa parcialidade. Ao
solicitar-se a percepção do entrevistado em relação às práticas de sustentabilidade
de seus hospitais, as informações obtidas são dependentes do julgamento pessoal
de cada indivíduo.
Outro ponto relevante é a visão estática do processo. De fato, este tipo de
método fornece informações acerca de um momento especifico, isto é, alguns
hospitais podem ter evoluído durante o período de realização da pesquisa e análise
dos dados, assim como outros podem ter regredido.
83
4 RESULTADO: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE
A presente seção dedica-se a apresentar os resultados obtidos na pesquisa e
discuti-los. Em primeiro lugar, será feita a apresentação dos dados demográficos
dos entrevistados e dos hospitais, traçando o perfil dos mesmos. Serão mostrados,
ainda, os resultados das questões abertas do questionário. Por fim, serão
apresentados os distintos níveis de maturidade e os resultados relacionados às
perguntas da pesquisa. Ao atender às perguntas de pesquisa e, também, às
hipóteses, tendo como base os resultados apresentados, será feita uma análise do
que foi encontrado à luz da literatura pesquisada.
4.1 PERFIL DA AMOSTRA
Para a categorização dos cargos de ocupação dos respondentes, utilizou-se
um tipo agrupamento por proximidade de funções, a saber:
• Categoria “Analista de Qualidade”: cargo de Analista de Qualidade;
• Categoria “Gerente/Diretor de Qualidade”: cargos de Coordenador de
Qualidade, Diretor de Qualidade e Segurança, Diretor Técnico, Gerente de
Qualidade, Superintendente Operacional, Supervisora de Qualidade;
• Categoria “Gerente de Sustentabilidade”: cargos de Coordenador de
Segurança e Meio Ambiente, Gestor Ambiental, Gerente de Planejamento e
Sócio Ambiental, Gerente de Sustentabilidade, Gerente de Resíduos;
• Categoria “Gerente de Governança/Enfermagem”: cargos de Coordenador de
Gerenciamento de Leitos, Coordenador de Governança, Gerente Corporativo
de Hotelaria, Gerente de Enfermagem e Qualidade, Líder de Governança;
• Categoria “Técnico/Engenheiro”: cargos de Engenheiro de Segurança do
Trabalho, Supervisor de Engenharia e Técnico em Segurança do Trabalho; e
• Categoria “Outros”: cargos de Analista de Processos, Gerente de Recursos
Humanos, Assistente de Marketing, Assistente Administrativo, Executivo de
Apoio Administrativo, Gerente de Farmácia e Representante da Alta Direção.
84
Conforme gráfico 1, 40% dos respondentes ocupam cargo de Gerente/Diretor
de Qualidade e um total de 69% dos respondentes ocupam cargo de gerência ou
diretoria. Estes profissionais são considerados os mais aptos a responderem o
questionário, pois compõem as principais lideranças da instituição investigada.
Gráfico 1: Cargo de ocupação dos respondentes
Quanto à área de ocupação, a categorização também se deu por proximidade de
funções, a saber:
• Categoria “Administração”: respondentes que trabalham nas seguintes áreas:
Diretoria, Diretoria Executiva, Gerência Administrativa, Gerência Hospitalar,
Marketing, Presidência, Superintendência;
• Categoria “Enfermagem/Farmácia/Governança”: respondentes que trabalham
nas seguintes áreas: Farmácia Oncológica, Governança, Hotelaria, Serviços
de Apoio;
Analista de
Qualidade
5%
Gerente de
Governança/
Enfermagem
16%
Gerente
de
Sustentabilidade
13%
Gerente/
Diretor de
Qualidade
40%
Técnico/
Engenheiro
8%
Outros
18%
85
• Categoria “Operações”: respondentes que trabalham nas áreas de
Operações, Superintendência de Operações, Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e Medicina do trabalho;
• Categoria “Qualidade”: respondentes que trabalham em algum dos seguintes
setores: Assessoria de Qualidade, Escritório da Qualidade, Gestão da
Qualidade, Qualidade, Serviço de Gestão pela Qualidade; e
• Categoria “Sustentabilidade”: respondentes que trabalham nas áreas de
Gestão Ambiental, Gerência de Resíduos, Prática Assistencial, Qualidade,
Segurança e Meio Ambiente, Responsabilidade Socioambiental e Setores
Assistenciais.
Desta maneira, de acordo com o gráfico 2, a maioria dos respondentes
trabalha em setores da Qualidade do hospital (34%), seguidos pelos profissionais
que trabalham na área classificada como “Administração” (24%). Apenas 13% dos
respondentes atuam na área de Sustentabilidade do hospital.
Gráfico 2: Área de ocupação dos respondentes
Administração24%
Enfermagem/Farmácia/
Governança16%
Operações13%
Qualidade34%
Sustentabilidade
13%
86
Para a categorização da variável formação acadêmica do respondente,
utilizou-se a definição de centros, institutos e faculdades conforme divisão da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), qual seja:
• Categoria “Ciências da matemática”: graduação em Estatística;
• Categoria “Ciências da Saúde”: graduação em Biomedicina, Enfermagem,
Farmácia, Farmácia Bioquímica, Farmácia Industrial, Fisioterapia, Medicina,
Tecnologia em Saúde;
• Categoria “Ciências Econômicas”: graduação em Administração,
Administração Hospitalar, Economia;
• Categoria “Ciências Humanas”: graduação em Comunicação Social, Hotelaria
e Psicologia;
• Categoria “Tecnologia”: graduação em Engenharia, Gestão Ambiental e
Gestão Ambiental.
Assim, de acordo com o gráfico 3, os respondentes são graduados, em sua
maioria, em “Ciências da Saúde” (37%), que abrange os cursos de Biomedicina,
Enfermagem, Farmácia, Farmácia Bioquímica, Farmácia Industrial, Fisioterapia,
Medicina e Tecnologia em Saúde, seguidos pelos que cursaram “Ciências
Econômicas” (29%).
87
Gráfico 3: Formação acadêmica dos respondentes
Pode ser observado que houve certa predominância do setor de qualidade
nas respostas, conforme gráfico 2, com maioria de formação acadêmica
pertencentes às ciências da saúde (gráfico 3).
Apesar de serem profissionais com tempo de instituição médio de 8 anos, o
tempo de permanência nos cargos é baixo, sendo, a média, de apenas 3 anos
(tabela 1).
Tabela 1: Análise descritiva dos tempos dos tempos de trabalho e atuação
Tempo N Mínimo Máximo Média Desvio-padrão Trabalho na instituição 38 1 26 8,08 5,48
Atuação no cargo 38 0 12 3,25 2,51
Ciências da Matemática
2%
Ciências da Saúde37%
Ciências Econômicas
29%
Ciências Humanas
16%
Tecnologia16%
88
Tabela 2: Tempos de trabalho e atuação no cargo dos respondentes
Tempo de trabalho Tempo de atuação no cargo Anos Frequência Frequência Relativa Frequência Frequência Relativa
0-5 11 29% 29 76%
6-10 15 39% 8 21%
11-15 8 21% 1 3%
16-20 3 8% 0 0%
21-25 0 0% 0 0%
26-30 1 3% 0 0%
Total 38 100% 38 100%
Com relação ao perfil dos hospitais, pode-se afirmar que a grande maioria, está
localizada nos estados da região Sudeste (76%) e são privados (92%), conforme
gráfico 4 e tabela 3, respectivamente.
Gráfico 4: Região de localização
Centro-Oeste3% Nordeste
5%
Norte0%
Sudeste76%
Sul16%
89
Tabela 3: Distribuição da variável tipo de gestão hospitalar
Tipo Frequência Frequência Relativa Público 3 8%
Privado 35 92%
Total 38 100%
A amostra obtida apresentou média de idade ou tempo de existência
hospitalar de aproximadamente 39 anos, com um mínimo de sete anos e um
máximo de noventa anos de existência (tabela 4).
Tabela 4: Análise descritiva dos tempos de existência dos hospitais
Idade N Mínimo Máximo Média Desvio-padrão 38 7 90 39,26 24,22
No que tange ao tipo de hospital, a grande maioria (76%) é composta por
hospitais gerais, ou seja, instituições que realizam procedimentos médicos em mais
de uma especialidade (tabela 5). Além disso, 89% realizam procedimentos
complexos, que vão desde traumato-ortopedia aos transplantes de órgãos,
passando por neurocirurgias e tratamentos oncológicos (tabela 6). No que tange ao
número de leitos, 58% possuem mais de 150 leitos (gráfico 5).
Tabela 5: Distribuição da variável tipo de hospital
Tipo Frequência Frequência Relativa
Especializado 9 4%
Geral 29 76%
Total 38 100%
Tabela 6: Distribuição da variável complexidade hospitalar
Alta complexidade Frequência Frequência Relativa Sim 34 89%
Não 4 11%
Total 38 100%
90
Gráfico 5: Número de leitos
Quanto ao tipo de acreditação, destaca-se a presença da ONA sobre as
demais: 29 hospitais, representando 66% do total das acreditações, conforme tabela
7. Além disso, é observado que 4 hospitais possuem duas acreditações
concomitantemente e apenas 1 deles possui as três.
Tabela 7: Distribuição da variável acreditação
Acreditação Frequência Frequência Relativa ACI 5 11%
JCI 10 23%
ONA 29 66%
Total 44 100%
4.2 ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA
HOSPITALAR
4.2.1 Perfil dos hospitais quanto às ações de sustentabilidade
Quando se traça o perfil da instituição no que tange às questões de
sustentabilidade corporativa em sua dimensão ambiental, os dados obtidos se
20 a 495%
50 a 14934%
150 a 29940%
300 ou mais18%
NA3%
91
mostram tímidos. Isto pode ser constatado pelo baixo número de instituições que
possuem a certificação ISO 14001 (11%), conforme tabela 8. Sabe-se, de acordo
com Oliveira (2008), que a ISO é uma certificação voluntária, mas que é capaz de
alavancar decisões ambientais ao nível estratégico (KORUL, 2005; BROUWER;
KOPEN, 2008; OLIVEIRA, 2008).
Tabela 8: Distribuição da variável certificação ISO 14001
ISO 14001 Frequência Frequência Relativa Sim 4 11% Não 34 89% Total 38 100%
Outro resultado que fortalece a ideia de que as ações são ainda tímidas no
setor é o baixo número de hospitais pesquisados que publicam relatórios, apenas
18% (tabela 9). Cabe lembrar que a pergunta não mencionava nenhum tipo de
formato ou padrão, tal como a GRI; a única obrigatoriedade era em relação à
periodicidade, no caso, anual ou 12 meses.
Tabela 9: Distribuição da variável publicação de relatórios de sustentabilidade ou balanços
sociais
Publicação de Relatórios Frequência Frequência Relativa Sim 7 18% Não 31 82% Total 38 100%
Ainda em relação ao tema, foi feita uma pergunta aberta sobre a principal
motivação para a publicação do relatório. As respostas obtidas apontam dois
motivos principais, alinhados com a literatura pesquisada: “Divulgação aos
stakeholders” e “Comparação ao benchmark” (OLIVEIRA, 2008; JOÃO; SERRALVO;
CARDOSO; 2011; GRI, 2011).
Segue a forma de categorização no quadro 17:
92
Categoria Resposta
Divulgação aos stakeholders
"Demonstrar à sociedade o que foi realizado pela Instituição, uma instituição filantrópica, e com isso a sua perenidade e resistência ao longo do tempo."
"Transparência."
"Transparência."
"Transparência."
Comparação ao benchmark
"Comparativo com indicadores de outros hospitais para ver o seu comportamento social/econômico e ambiental."
Outros "Atendimento a IN 40/ANS." Quadro 17: Categorização pergunta aberta - motivação para a publicação de relatórios de
sustentabilidade
Conforme tabela 10, a maioria dos entrevistados (57%) afirma que o principal
motivador é a “divulgação aos stakeholders”. Este resultado está alinhado com a
literatura, que indica que esta é uma das funções preponderantes dos balanços
(OLIVEIRA, 2008; GRI, 2011). Além disso, uma das instituições mostrou-se
interessada em comparar seu desempenho com o do benchmark do setor. Esta
atitude é positiva, pois com seus dados mensurados, o hospital saberá qual o seu
nível diante do(s) principal(is) players do ponto de vista socioambiental (JOÃO;
SERRALVO; CARDOSO, 2011; GRI, 2011). Além disso, uma instituição relatou uma
norma da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que não possui relação
direta com ações sustentáveis. Adicionalmente, um dos hospitais eximiu-se de
responder.
Tabela 10: Principal motivação para a publicação de relatórios de sustentabilidade ou balanços
sociais
Motivação Ocorrências % Divulgação aos stakeholders 4 57%
Comparação ao benchmark 1 14%
Não informado 1 14%
Outros 1 14%
Total 7 100%
93
Como pode ser observado na tabela 11, vinte e um ou 55% dos hospitais
pesquisados não possuem uma área específica para o tratamento das questões
sustentáveis. Nos hospitais que possuem tal área (45%), são observados diferentes
perfis de atribuições.
Conforme tabela 12, coerentes com a teoria levantada por Hamilton (2008),
Turpin e Lee (2011) e Jarousse (2012), a maior parte dos hospitais que possuem a
área (29%) planejam e supervisionam as ações sustentáveis realizadas por outros
departamentos. Além disso, percebe-se que estas mesmas atividades podem ser
tratadas em separado, dado que 24% cuidam apenas do planejamento, ao passo
que 6% lidam somente com a supervisão. Estes três valores em conjunto, quando
somados, apresentam 10 hospitais (59%).
Tabela 11: Distribuição da variável área especifica e independente para o tratamento das
questões sustentáveis
Área para sustentabilidade Frequência Frequência Relativa Sim 17 45% Não 21 55% Total 38 100%
Tabela 12: Atribuições da área de sustentabilidade
Atribuição Frequência Frequência Relativa
Planejamento e Supervisão 5 29%
Planejamento 4 24%
Planejamento, Execução e Supervisão 4 24%
Execução 2 12%
Execução e Supervisão 1 6%
Supervisão 1 6%
Planejamento e Execução 0 0%
Total 17 100%
Por fim, para clarificar o entendimento do principal motivador para a adoção
das práticas sustentáveis, foram avaliadas as respostas à pergunta qualitativa “Qual
94
a principal motivação do hospital em adotar práticas sustentáveis?”. Por ser uma
pergunta aberta, foram encontradas as mais variadas respostas. Por isso, cada uma
delas foi interpretada e classificada, à luz da literatura pesquisada, de acordo com
sete tipos de motivações, conforme quadro 17.
95
Categoria Resposta
Princípios do TBL (financeiro,
social e ambiental)
"Questões éticas de responsabilidade social e da própria sustentabilidade da Instituição."
"Manter uma imagem verde, economicidade e tratar o lixo adequadamente."
“Redução de custos dos serviços e consumos, assim como preservação.” "Atender aos valores do Hospital sendo Responsabilidade Social e Responsabilidade Ambiental; Agregar Valor a Marca; Atender as normas legais e normas das agências certificadoras. Entendimento da Alta Gestão da importância do crescimento sustentável para a perpetuação do negócio.” "O Hospital é filantrópico, ou seja, tem compromisso com benefícios de retorno social e está localizado em área densamente habitada. É um hospital da rede sentinela ANVISA e possui um Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde bem estruturado e executado." "Desenvolver suas atividades sem comprometer as gerações futuras, promovendo o melhor para as pessoas e para o meio ambiente."
"Preservar os recursos, sejam eles ambientais, sociais ou financeiros."
"Ter controle dos resíduos gerados, poluição ambiental, consumo de energia/água/gás."
"Proteção ambiental, cultura e economia de recursos naturais."
"Compromisso com a sociedade."
"Preservação do ambiente e economia." "Visar e colaborar com a qualidade do meio ambiente e garantir aos nossos clientes internos e externos uma qualidade de vida melhor demonstrando boas práticas a este meio." "Primeiramente temos a preocupação ambiental, em seguida cumprimos ações sociais. Nós como instituição pública precisamos ser responsáveis e devemos dar exemplo de ações para a sociedade." "A sustentabilidade está relacionada aos aspectos econômicos, sociais e ambientais, cujo principal objetivo é prover o melhor para as pessoas e para o ambiente, tanto agora quanto para o futuro."
Perenidade, competividade e
estratégia
"Manter-se competitivo no mercado da área de saúde."
"Está na nossa missão, visão e valores."
"Para se manter no mercado é necessário criar práticas sustentáveis."
"Faz parte dos valores da instituição."
96
"Queremos fazer a nossa parte! Buscamos o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) como forma de desenvolver a conscientização ambiental dos nossos colaboradores, clientes, fornecedores e parceiros. Com a finalidade de unir esforços no controle, na prevenção da poluição, na melhoria e na preservação contínua do meio ambiente."
"Acompanhar tendência de mercado, economia." "A mentalidade da diretoria da Instituição e da liderança que sem dificuldades incentiva e apoia toda ação relacionada à sustentabilidade." "A responsabilidade em preservar o meio ambiente é um valor da Instituição e com isso são praticadas ações de combate ao desperdício que também são práticas sustentáveis; como reciclagem de resíduos, redução na produção de resíduos, economia de energia e outros.”
Legislação
"Vigilância sanitária; Segregação de resíduos conforme legislação vigente; Cumprimento da legislação da prefeitura local para alguns aspectos; cumprimento de normas do ministério do trabalho, que passa por auditorias constantemente."
"Atender legislações somente."
"Alinhamento com a legislação. Possibilidade de ganhos econômicos."
"Atender legislações vigentes CONAMA 358 e RDC 306."
Sensibilização dos stakeholders
"Somos referência no vale do Paraíba, como já atendemos 20% da população de São José dos Campos, sabemos que temos um papel diferencial para conscientizar a população de práticas sustentáveis, podemos atingir um grande número de pessoas."
"Ser reconhecido como um agente de mudança na busca de inovações sustentáveis."
"Construir na equipe e na população um senso de responsabilidade em relação ao meio que nos cerca."
Controle de riscos "Controle de Risco."
Melhoria de processos
"Prestar assistência hospitalar de segurança e qualidade atuando de forma ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável."
"Melhoria de processos."
Outros "Possui práticas informais."
"Ações estão surgindo por iniciativa dos gestores, mas não existe alinhamento com a estratégia corporativa formalizada." Quadro 18: Categorização pergunta aberta - motivação para a adoção de práticas sustentáveis
97
De acordo com a tabela 13, a maioria dos respondentes (37%) afirmou que a
principal motivação para a adoção de práticas sustentáveis é algum dos três
elementos do Tripple Bottom Line (TBL), financeiro, social ou ambiental. Para 21%
dos hospitais, as práticas de sustentabilidade são adotadas por fazer parte da
estratégia da instituição, dos valores, missão e visão do hospital, e por contribuir
diretamente para a competitividade e longevidade dos negócios. Onze por cento
adotam práticas de sustentabilidade em respeito à legislação sobre o assunto.
Para 8% dos entrevistados, a finalidade é mostrar aos stakeholders a
importância do assunto por meio do exemplo dado pela própria instituição. Cinco por
cento dos respondentes afirmaram que a sustentabilidade é adotada para a
diminuição de riscos e outros 5% para a melhoria de processos e,
consequentemente, maior qualidade nos atendimentos e assistências hospitalares.
Oito por cento, foram enquadrados na categoria “Outros”, com práticas informais
e/ou a percepção de que, naquele momento, o hospital ainda não se considera num
caminho sustentável. Por último, dois hospitais (5%) deixaram de responder à
pergunta, sendo classificados, portanto, como “Não informado”.
É interessante observar a preponderância dos aspectos relacionados ao TBL,
conforme citados por Lemme (2010), sobre os demais. Além do conceito de TBL
levantado, foram incluídas nesta categoria o comprometimento para com os
recursos naturais e a preocupação com a geração futura e suas necessidades
(BRUNDTLAND, 1989). Ademais, o autor Marrewijk (2003) ratifica a importância da
introdução e alinhamento das características socioambientais na estratégia das
instituições.
Quanto às categorias “Legislação”, “Sensibilização dos stakeholders”,
“Controle de riscos” e “Melhoria de processos”, estas podem ser relacionadas aos
fatores capazes de gerar um elo positivo entre sustentabilidade corporativa e
desempenho corporativo, defendido por Lemme (2010).
98
Tabela 13: Principal motivação para a adoção de práticas sustentáveis
Motivação Ocorrências % Princípios do TBL (financeiro, social e ambiental) 14 37%
Perenidade, competividade e estratégia 8 21%
Legislação 4 11%
Sensibilização dos stakeholders 3 8%
Controle de riscos 2 5%
Melhoria de processos 2 5%
Outros 3 8%
Não Informado 2 5%
Total 38 100%
4.2.2 Estatística descritiva das variáveis
Dando sequência ao estudo, foram apuradas a média, a frequência de
resposta e o desvio-padrão para cada um dos itens do questionário, da parte relativa
às práticas sustentáveis nas dimensões geral e ambiental. Ao observar a tabela de
frequências das variáveis investigadas, tabela 14, pode-se verificar que a média de
cada item variou entre 2,00 e 4,24 e, na maioria dos casos - exceto para a variável
“Independência do retorno financeiro” que não recebeu nenhuma resposta “Discordo
totalmente” – as respostas abrangeram todos os pontos da escala em todos os itens.
No conjunto de variáveis, destacam com maiores médias, acima de 4,00, os
itens “Início pelo gerenciamento de resíduos” e “Independência do retorno
financeiro”. Quando é retomada a revisão de literatura sobre estes quesitos,
percebe-se coerência entre os resultados obtidos e a revisão. Para Jarousse (2012),
iniciar um programa de sustentabilidade ambiental hospitalar com o gerenciamento
de resíduos, alterando as rotas usuais de descarte, é um fator de sucesso para este
tipo de programa. Já em relação à independência do retorno financeiro, apesar de
haver divergências entre os autores quanto à existência de uma correlação positiva
entre ações ambientais e desempenhos financeiros (ARX; ZIEGLER, 2008;
CAVALCANTE; BRUNI; COSTA, 2009), os hospitais pesquisados mostraram que a
adoção das práticas sustentáveis não é motivada por um provável ganho financeiro.
99
Em contrapartida, pode-se destacar a “Remuneração variável” e a
“Reutilização dos itens hospitalares” como os itens com menor grau de concordância
para os respondentes. A questão da remuneração variável foi obtida através do
questionário ISE 2011, e inserida neste contexto justamente para verificação da
postura dos hospitais perante o assunto. A média baixa pode ser atribuída à
dificuldade de mensuração do desempenho das atividades socioambientais
(SALZMANN; STEGER; IONESCU-SOMERS, 2005) e, consequentemente, da
remuneração dos funcionários. Quanto à reutilização de dispositivos e equipamentos
médicos, ainda é um assunto controverso no meio hospitalar, com um pequeno
número de itens que poderiam, no presente momento, ser reciclados, segundo
Turpin e Lee (2011).
Tabela 14: Estatística Descritiva das Práticas de Sustentabilidade
Variáveis N Frequência
Média DesvPad 1 2 3 4 5
Início pelo gerenciamento de resíduos 38 5% 3% 5% 37% 50% 4,24 1,05
Independência do retorno financeiro 38 0% 5% 13% 47% 34% 4,11 0,83
Inserção na estratégia 38 8% 13% 8% 39% 32% 3,74 1,27
Eficiência e eficácia 38 3% 13% 18% 42% 24% 3,71 1,06
Programas de eficiência energética 38 13% 3% 11% 53% 21% 3,66 1,24
Programas educativos 38 5% 16% 16% 39% 24% 3,61 1,17
Mensuração de riscos e impactos 38 13% 18% 13% 29% 26% 3,37 1,40
Monitoramento de impactos 38 11% 16% 16% 42% 16% 3,37 1,24 Comunicação sistemática aos stakeholders 38 8% 21% 18% 37% 16% 3,32 1,21
Compras sustentáveis 38 11% 29% 21% 32% 8% 2,97 1,17 Programas de gerenciamento de águas 38 11% 39% 11% 24% 16% 2,95 1,31
Comunicação mediante demanda 38 16% 26% 21% 26% 11% 2,90 1,27
Segurança dos executores 38 29% 16% 16% 29% 11% 2,76 1,42
Reutilização dos itens hospitalares 38 29% 32% 11% 21% 8% 2,47 1,33
Remuneração variável 38 47% 21% 18% 11% 3% 2,00 1,16
100
4.3 GRAU DE MATURIDADE DAS PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NO CONTEXTO
HOSPITALAR
O modelo de avaliação do grau de maturidade proposto neste trabalho
classifica os hospitais em quatro níveis: classificação 4 ou Muito Alta (MA) – 800 a
999 pontos; classificação 3 ou Alta (A) – 600 a 799 pontos; classificação 2 ou Baixa
(B) – 400 a 599 pontos e classificação 1 ou Muito Baixa (MB) – 200 a 399 pontos.
Ademais, obter 1.000 pontos conceitua o hospital como um modelo de gestão, ou
benchmark.
Dentre os 38 hospitais da amostra, conforme gráfico 6, sete hospitais (18%)
obtiveram classificação 4 ou Muito Alta (MA). Houve um empate para a maioria dos
hospitais pesquisados: 15 hospitais (39%), apresentaram nível de classificação 3 ou
Alta (A) e outros 15 hospitais classificação 2 ou Baixa (B). Apenas 1 hospital (3%)
apresentou classificação 1 ou muito baixa (MB). Nenhum hospital foi considerado
benchmark. O hospital com melhor desempenho apresentou 885 pontos, ao passo
que o hospital com menor desempenho apresentou apenas 350 pontos,
estabelecendo um intervalo de 535 pontos entre os mesmos.
Gráfico 6: Grau de Maturidade
Classificação 4
18%
Classificação 3
39%
Classificação 2
39%
Classificação 1
3%
101
Percebeu-se que dos quatro hospitais certificados pela ISO 14001 obtiveram
classificação alta ou muito alta: dois hospitais tiveram classificação 3 e outros dois
classificação 4. Esta constatação, a concentração dos hospitais certificados nos
níveis mais altos de maturidade, corrobora o entendimento de que a ISO 14001 está
associada à minimização dos efeitos negativos das atividades empresariais sobre o
meio ambiente, indicando um maior grau de maturidade em termos de práticas
sustentáveis das instituições que a possuem (PETRONI, 2000; KORUL, 2005;
BROUWER; KOPEN, 2008; OLIVEIRA, 2008; ISO, 2009; OLIVEIRA; SERRA, 2010).
O mesmo tipo de ocorrência se dá com as cinco instituições (13%) que
possuem uma área especifica dedicada às atividades de planejamento e supervisão
das ações sustentáveis, ou seja, duas obtiveram classificação 3 (A) e três
classificação 4 (MA). Este resultado indica que os hospitais que possuem uma área
dedicada à sustentabilidade estão mais desenvolvidos (maduros) em termos de
ações de sustentabilidade, conforme se depreende da literatura (HAMILTON, 2008;
TURPIN; LEE, 2011; JAROUSSE, 2012).
Em relação à publicação de balanços sociais, não se verificou uma relação
entre a publicação destes e um maior grau de maturidade em termos de práticas de
sustentabilidade. Dos sete hospitais que publicam (18%), apenas um obteve
classificação 4 (MA), três obtiveram classificação 3 (A) e os outros três classificação
2 (B). Um provável motivo para esta divergência é a falta de padronização entre as
publicações, ou seja, diferentes comprometimentos na divulgação das ações e
relacionamentos com stakeholders. Por este motivo, organizações como a GRI
buscam a padronização de métricas para a estruturação dos relatórios, fazendo com
que estes possam ser comparáveis.
4.4 TESTE DE MANN-WHITNEY
4.4.1 Teste da hipótese 1: ISO 14001
Ho1: Não há diferença estatisticamente significativa em termos de práticas de
sustentabilidade adotadas, entre os hospitais que possuem a certificação ISO 14001
e os que não a possuem.
102
Como pode ser verificado na tabela 15, foram observadas diferenças
significativas para sete variáveis pesquisadas, ou seja, a hipótese nula foi rejeitada
para sete das quinze variáveis investigadas. Os hospitais pesquisados, que
possuem a certificação ISO 14001, obtiveram maiores pontuações para os itens
inserção na estratégia da empresa, mensuração de riscos e impactos, remuneração
variável e gerenciamento de águas (p < 0,05), e para os itens comunicação
sistemática aos stakeholders, programas educativos e eficiência e eficácia (p <
0,10).
Tabela 15: Teste Mann-Whitney Hipótese 1
Certificação ISO 14001 U Z pvalue
1. Inserção na estratégia 16,0 -2,601 0,009 ***
2. Mensuração de riscos e impactos 22,5 -2,224 0,026 **
3. Remuneração variável 22,5 -2,310 0,021 **
4. Monitoramento de impactos 37,0 -1,543 0,123
5. Comunicação sistemática aos stakeholders 34,5 -1,652 0,099 *
6. Comunicação sem a necessidade de demanda
56,0 -0,586 0,558
7. Programas educativos 34,0 -1,688 0,091 *
8. Eficiência e eficácia 35,0 -1,651 0,099 *
9. Independência do retorno financeiro 64,5 -0,180 0,857
10. Início pelo gerenciamento de resíduos 45,5 -1,178 0,239
11. Segurança dos executores 54,0 -0,686 0,493
12. Reutilização dos itens hospitalares 59,5 -0,418 0,676
13. Programas de eficiência energética 50,0 -0,933 0,351
14. Programas de gerenciamento de águas 19,0 -2,430 0,015 **
15. Compras sustentáveis 50,0 -0,886 0,376
*** Diferenças estatisticamente significativas a 1%; ** Diferenças estatisticamente significativas a 5%; * Diferenças estatisticamente significativas a 10%
A importância da inserção dos conceitos de desenvolvimento sustentável na
estratégia da empresa é destacada por Gillmeister (2012) e Jarousse (2012). Estes
autores acreditam no papel das lideranças como fator diferenciador no sucesso da
implementação de iniciativas sustentáveis. A mensuração de riscos e impactos das
atividades desempenhadas e remuneração variável (p<0,05), são consideradas por
103
Hamilton (2008) e Jarousse (2012) ações positivas para o sucesso da adoção das
práticas sustentáveis em hospitais.
O gerenciamento de águas, por sua vez, é uma prática sustentável que busca
a otimização de recursos e a redução de desperdícios (FILHO; MANCUSO, 2003;
ILHA et al., 2006, POLAND; DOORIS, 2010). Assim, tê-la implementada, é
importante para o alcance de um maior grau de maturidade em termos de práticas
de sustentabilidade ambientais.
A comunicação sistemática do desempenho aos stakeholders traz
transparência às ações praticadas e pode ser capaz de auxiliar no fator de sucesso,
levantado por Hamilton (2008), que é o engajamento destas partes. Já os programas
educativos podem contribuir no alcance das metas, pelo fato de influenciarem os
stakeholders envolvidos no processo (TURPIN; LEE, 2011; GILLMEISTER, 2012).
Finalmente, os aumentos dos valores de eficiência e eficácia, quando adotadas as
práticas de sustentabilidade, são notáveis não apenas por prover incrementos em
cuidados críticos ao setor, sem impactar em outras áreas, mas também pelo fato de
ser uma das contribuições diretas da certificação ISO 14001, estabelecendo assim
relação de causa e consequência (OLIVEIRA, 2008; JAROUSSE, 2012).
Em resumo, os hospitais que têm a certificação ISO 14001 apresentaram
diferenças significativas em termos das práticas de sustentabilidade adotadas, mas
apenas para sete das quinze variáveis investigadas neste estudo. Assim, a hipótese
H01 foi parcialmente rejeitada.
4.4.2 Teste da hipótese 2: Publicação de Relatórios
Ho2: Não há diferença estatisticamente significativa em termos de práticas de
sustentabilidade adotadas, entre os hospitais que publicam relatório de
sustentabilidade e os que não o publicam.
Como pode ser constatado na tabela 16, ao realizar o teste para verificar se
havia diferenças significativas em termos de práticas de sustentabilidade adotadas
pelos hospitais que publicam relatórios de sustentabilidade, relativamente aos que
104
não o publicam, foram observadas diferenças significativas (p<0,05) para quatro
variáveis investigadas neste estudo: comunicação sem a necessidade de demanda
dos stakeholders; programas educativos; início das práticas de sustentabilidade pelo
gerenciamento de resíduos e programas de gerenciamento de águas.
Tabela 16: Teste Mann-Whitney Hipótese 2
Publicação de Relatório U Z pvalue
1. Inserção na estratégia 84,0 -0,970 0,332
2. Mensuração de riscos e impactos 100,0 -0,329 0,742
3. Remuneração variável 93,0 -0,623 0,533
4. Monitoramento de impactos 98,5 -0,394 0,694
5. Comunicação sistemática aos stakeholders 92,5 -0,625 0,532 6. Comunicação sem a necessidade de demanda
42,5 -2,550 0,011 **
7. Programas educativos 55,0 -2,103 0,035 **
8. Eficiência e eficácia 100,0 -0,337 0,736
9. Independência do retorno financeiro 73,0 -1,448 0,148
10. Início pelo gerenciamento de resíduos 55,5 -2,197 0,028 **
11. Segurança dos executores 94,0 -0,562 0,574
12. Reutilização dos itens hospitalares 85,5 -0,896 0,370
13. Programas de eficiência energética 87,5 -0,862 0,389
14. Programas de gerenciamento de águas 56,5 -2,042 0,041 **
15. Compras sustentáveis 107,0 -0,058 0,953
** Diferenças estatisticamente significativas a 5%.
A comunicação sem a necessidade de demanda por parte dos stakeholders é
importante do ponto de vista do estabelecimento de relações entre as partes, mas
não é o item mais relevante, pois a comunicação pode ocorrer apenas quando
houver algum tipo de ocorrência ambiental relevante e não de forma sistemática,
como enfatiza Oliveira (2008) e GRI (2011).
A presença de programas educativos pode contribuir no quesito publicação de
balanços sociais, pelo fato de influenciar alguns stakeholders envolvidos no
processo, a partir do momento em que poderiam vir a estabelecer algum tipo de
relacionamento inclusivo (OLIVEIRA, 2008; TURPIN; LEE, 2011; GILLMEISTER,
2012).
105
Já o início das ações sustentáveis pelo programa de gerenciamento de
resíduos, é considerado importante por Jarousse (2012) não apenas por implicar na
redução de custos para a instituição, mas principalmente porque é um fator de
sucesso primordial nos programas ambientais hospitalares, alterando a rota usual de
descarte dos resíduos. Este item representa aproximadamente 40% na dimensão
ambiental da adaptação do questionário ISE, ou seja, tem um grande peso em
termos de avaliação de práticas de sustentabilidade.
Por fim, o gerenciamento de águas é uma prática sustentável importante por
reduzir desperdícios, indicando uma preocupação do hospital com os recursos
naturais escassos, como a água (FILHO; MANCUSO, 2003; ILHA et al., 2006;
POLAND; DOORIS, 2010).
Em resumo, os hospitais que publicam relatório de sustentabilidade
apresentaram diferenças significativas em termos das práticas de sustentabilidade
adotadas em quatro dos quinze itens investigados. Assim, a hipótese H02 foi
parcialmente rejeitada.
4.4.3 Teste da hipótese 3: Área específica responsável pelos planejamento
e supervisão das questões sustentáveis
H03: Não há diferença estatisticamente significativa, em termos de práticas de
sustentabilidade adotadas, entre os hospitais que possuem uma área específica
dedicada à sustentabilidade e os que não a possuem.
Conforme demonstrado na tabela 17, ao realizar o teste para verificar se
havia diferenças significativas em termos de práticas de sustentabilidade adotadas
pelos hospitais que possuem uma área específica responsável pelo planejamento e
supervisão das questões de sustentabilidade, relativamente aos que não possuem
tal área, observou-se diferença significativa em seis variáveis: inserção na
estratégia; mensuração de riscos e impactos; comunicação sistemática aos
stakeholders; programas educativos; remuneração variável; e programas de
gerenciamento de águas.
106
Tabela 17: Teste Mann-Whitney Hipótese 3
Área de sustentabilidade U Z pvalue
1. Inserção na estratégia 31,0 -2,339 0,019 ** 2. Mensuração de riscos e impactos 33,5 -2,174 0,030 ** 3. Remuneração variável 41,5 -1,890 0,059 * 4. Monitoramento de impactos 46,5 -1,627 0,104 5. Comunicação sistemática aos stakeholders 32,5 -2,238 0,025 ** 6. Comunicação sem a necessidade de demanda
60,5 -0,975 0,330
7. Programas educativos 34,0 -2,186 0,029 ** 8. Eficiência e eficácia 47,5 -1,590 0,112 9. Independência do retorno financeiro 82,0 -0,023 0,981
10. Início pelo gerenciamento de resíduos 53,0 -1,402 0,161 11. Segurança dos executores 69,5 -0,578 0,563 12. Reutilização dos itens hospitalares 75,0 -0,335 0,738 13. Programas de eficiência energética 63,5 -0,894 0,371 14. Programas de gerenciamento de águas 41,0 -1,869 0,062 * 15. Compras sustentáveis 64,0 -0,827 0,408
** Diferenças estatisticamente significativas a 5%; * Diferenças estatisticamente significativas a 10%.
Uma das variáveis em que foi verificada diferença significativa (p < 0,05) é a
inserção dos conceitos de desenvolvimento sustentável na estratégia da empresa.
Hamilton (2008), Gillmeister (2012) e Jarousse (2012) acreditam no papel das
lideranças como fator de sucesso das iniciativas sustentáveis. Isso pode ser
corroborado quando a sustentabilidade faz parte da estratégia hospitalar e quando
há a presença de uma liderança, no caso do Chief Sustainability Officer (CSO),
nessas equipes, planejando e supervisionando.
Outra variável, a mensuração de riscos e impactos das atividades
desempenhadas (p<0,05), é um tipo de ação positiva por ser capaz de auxiliar as
equipes na construção de objetivos e métricas e no monitoramento e avaliação
destas (HAMILTON, 2008; TURPIN; LEE, 2011; JAROUSSE, 2012). A comunicação
sistemática do desempenho aos stakeholders (p<0,05), por sua vez, traz
transparência às ações praticadas e pode ser capaz de auxiliar no engajamento das
partes, trazendo sugestões para as equipes, que pode configurar um perfil bottom-
107
up de algumas iniciativas (HAMILTON, 2008). Já os programas educativos podem
contribuir no alcance das metas estabelecidas pelas equipes sustentáveis, pelo fato
de influenciarem os stakeholders envolvidos no processo, conforme observam
Turpin e Lee (2011) e Gillmeister (2012).
A remuneração variável atrelada ao alcance das metas sustentáveis (p<0,10)
consta no ISE (2011), tendo um peso de aproximadamente 24% na dimensão geral
adaptada, o que denota sua importância para a avaliação do engajamento das
empresas em práticas de sustentabilidade. O gerenciamento de águas (p<0,10), por
sua vez, é uma prática sustentável que busca a otimização de recursos e a redução
de desperdícios, indicando o comprometimento da empresa nas questões do meio
ambiente (FILHO; MANCUSO, 2003; ILHA et al., 2006; POLAND; DOORIS, 2010).
Em síntese, os hospitais que possuem uma área específica responsável pelo
planejamento e supervisão das ações de sustentabilidade apresentaram diferenças
significativas em termos das práticas de sustentabilidade adotadas em seis dos
quinze itens investigados. Assim, a hipótese H03 foi parcialmente rejeitada.
108
5 RESUMO E CONCLUSÕES
Esta seção conclui o presente estudo apresentando seu resumo, seguido das
principais conclusões. São expostas também as contribuições acadêmicas e
gerenciais, assim como, sugestões para pesquisas futuras.
5.1 RESUMO DO ESTUDO
Esta dissertação teve como principal objetivo verificar o grau de aplicação das
práticas de sustentabilidade, com ênfase na dimensão ambiental, pelos hospitais
acreditados que atuam no Brasil. Para tanto, foi construído um sistema de
classificação e avaliação do nível de maturidade dos hospitais pesquisados em
termos de práticas de sustentabilidade adotadas, inspirado no Índice de
Sustentabilidade Empresarial (ISE) e na literatura revisada. Além disso, foi
investigado se os hospitais que possuem a certificação ISO 14001, ou que publicam
balanços sociais, ou ainda que possuam uma área dedicada às questões de
sustentabilidade estão mais avançados em termo de práticas de sustentabilidade
adotadas do que os que não possuem estas características.
O caminho percorrido teve início em uma revisão de literatura acerca do tema.
Primeiramente, buscou-se entender a sustentabilidade a partir de uma dimensão
geral, juntamente com seus principais elementos. Em seguida, investigaram-se os
principais índices utilizados para mensurar a sustentabilidade, em especial o ISE.
Por fim, foi pesquisada a sustentabilidade aplicada diretamente no setor hospitalar
com o foco na dimensão ambiental. Esta revisão deu suporte à elaboração do
quadro síntese (quadro 1), que apresenta as variáveis utilizadas no questionário
desta pesquisa para a aferição do grau de maturidade dos hospitais que
participaram do estudo.
O questionário foi aplicado em hospitais com atuação no território nacional,
detentores de pelo menos uma das seguintes acreditações: ACI, JCI ou ONA. O
questionário foi pré-testado com profissionais da área da saúde e, após este passo,
transferido para uma plataforma on-line de aplicação e enviado para os
respondentes por e-mail. Trinta e oito hospitais participaram da pesquisa, sendo
109
aproveitada a totalidade destes questionários. Os dados obtidos foram tratados e
submetidos à estatística descritiva, para a obtenção do grau de maturidade, e ao
teste não-paramétrico de Wilcoxon-Mann-Whitney para o teste das hipóteses.
Os resultados indicaram que a maioria dos hospitais acreditados (58%) que
participaram deste estudo possuem um grau de maturidade alto (níveis 3 e 4) de
adoção das práticas de gestão sustentável descritas na literatura e que nenhum
pode ser considerado benchmark. Além disso, a relação proposta entre as práticas
de sustentabilidade adotadas pelo hospital e a certificação ISO 14001, a publicação
de relatórios e a presença de uma área especifica dedicada à sustentabilidade não
foi totalmente suportada.
5.2 PRINCIPAIS CONCLUSÕES
Os resultados deste estudo indicam um alto nível de adoção das iniciativas
descritas em literatura, onde sete hospitais (18%) obtiveram classificação nível 4
(MA) e 15 hospitais (39%) foram classificados no nível 3 (A), ou seja, 58% dos
hospitais classificaram-se nos quartis superiores. Por outro lado, 15 hospitais (39%)
obtiveram classificação 2 (B) e 1 hospital (3%), classificação 1 (MB).
De acordo com as informações contidas no quadro 19, os hospitais que
possuem a certificação ISO 14001 e uma área especifica para o planejamento e a
supervisão das atividades sustentáveis, encontram-se no topo, com classificações
níveis 4 e 3. Estas características são indicações diretas de uma preocupação
estruturada destas instituições no que diz respeito ao impacto de suas atividades
sobre o meio ambiente. A obtenção destes maiores graus indica, também, um
tratamento formal por parte da administração, pois foram investidos em um selo de
certificação ambiental e em uma hierarquia organizacional, por meio da área de
sustentabilidade. Diante disto, é entendido o porquê destes hospitais apresentarem
melhores resultados.
110
Hospital Localização Tipo
(Especializado: E / Geral: Ge)
Certificação ISO 14001
Publicação Relatório
Área sustentabilidade Pontuação
Grau de Maturidade
1 Sudeste Ge x x x 885 Classif. 4 ou MA 16 Sudeste Ge 863 Classif. 4 ou MA 37 Sul Ge 850 Classif. 4 ou MA 15 Sudeste Ge 826 Classif. 4 ou MA 28 Sudeste Ge 818 Classif. 4 ou MA 2 Sudeste Ge x x 810 Classif. 4 ou MA 19 Sudeste Ge 800 Classif. 4 ou MA
26 Sudeste E 779 Classif. 3 ou A 3 Sudeste E x 759 Classif. 3 ou A 34 Sul Ge x 747 Classif. 3 ou A 30 Sudeste Ge x x x 746 Classif. 3 ou A 31 Sudeste E x x 746 Classif. 3 ou A 12 Sudeste Ge 736 Classif. 3 ou A 29 Sudeste Ge 718 Classif. 3 ou A 38 Sudeste Ge x 697 Classif. 3 ou A 18 Sul Ge 694 Classif. 3 ou A 17 Sudeste Ge 681 Classif. 3 ou A 8 Sudeste E 646 Classif. 3 ou A 24 Sudeste Ge 642 Classif. 3 ou A 33 Sudeste E 636 Classif. 3 ou A 22 Sudeste Ge 627 Classif. 3 ou A 10 Sudeste Ge 626 Classif. 3 ou A
35 Sudeste E 572 Classif. 2 ou B
111
9 Sudeste Ge 566 Classif. 2 ou B 13 Sudeste Ge x 560 Classif. 2 ou B 32 Nordeste Ge 555 Classif. 2 ou B 25 Sudeste Ge 551 Classif. 2 ou B 36 Sudeste Ge 550 Classif. 2 ou B 23 Sudeste E 508 Classif. 2 ou B 27 Sudeste Ge x 505 Classif. 2 ou B 11 Sul Ge 503 Classif. 2 ou B 4 Centro-oeste Ge 500 Classif. 2 ou B 21 Sul Ge 478 Classif. 2 ou B 14 Sul Ge x 421 Classif. 2 ou B 6 Sudeste E 418 Classif. 2 ou B 7 Sudeste E 418 Classif. 2 ou B 20 Sudeste Ge 413 Classif. 2 ou B
5 Nordeste Ge 350 Classif. 1 ou MB Quadro 19: Observações grau de maturidade hospitalar
112
Quanto à publicação de relatórios, este foi percebido nos níveis 4, 3 e 2, o
que não permitiu maiores conclusões a seu respeito. Na prática, já havia sido
percebida certa diferença entre os relatórios consultados, afinal foram considerados
apenas instituições que divulgaram externamente tais documentos. Desta forma,
pode ser concluído que a publicação dos relatórios, sem uma padronização
específica, não foi capaz de contribuir diretamente para a obtenção de maiores
graus de maturidade em termos de práticas sustentáveis.
Outro objetivo desta pesquisa foi verificar a relação entre a ISO 14001, a
publicação de relatórios e a presença de uma área especifica dedicada à
sustentabilidade e as práticas de sustentabilidade adotadas. As três hipóteses nulas
foram parcialmente rejeitadas. Estas informações foram agrupadas na tabela 18.
113
Tabela 18: Resumo das observações - testes de hipóteses
Variável Certificação ISO 14001 Publicação de
Relatório Área de
sustentabilidade 1. Inserção na estratégia *** **
2. Mensuração de riscos e impactos ** **
3. Remuneração variável ** *
4. Monitoramento de impactos
5. Comunicação sistemática aos stakeholders * ** 6. Comunicação sem a necessidade de demanda ** 7. Programas educativos * ** ** 8. Eficiência e eficácia * 9. Independência do retorno financeiro 10. Início pelo gerenciamento de resíduos ** 11. Segurança dos executores 12. Reutilização dos itens hospitalares 13. Programas de eficiência energética 14. Programas de gerenciamento de águas ** ** * 15. Compras sustentáveis
*** Diferenças estatisticamente significativas a 1%; ** Diferenças estatisticamente significativas a 5%;
* Diferenças estatisticamente significativas a 10%.
114
Para a certificação ISO 14001, a hipótese nula H01 foi parcialmente rejeitada,
já que para sete variáveis observou-se haver diferença significativa entre os
hospitais que possuem esta certificação e os que não a possuem. Assim, pode-se
concluir que estes são aspectos que merecem atenção dos gestores hospitalares
que buscam aprimorar suas práticas de iniciativas de sustentabilidade, em especial,
na dimensão ambiental.
Em relação à publicação de relatórios, a hipótese nula H02 foi parcialmente
rejeitada porque para quatro variáveis observou-se haver diferença significativa
entre os hospitais que publicam relatório de sustentabilidade e os que não o fazem.
Quanto à existência de uma área específica responsável pelo planejamento e
supervisão das práticas de sustentabilidade, a hipótese nula H03 foi parcialmente
rejeitada, uma vez que para seis variáveis observou-se haver diferença significativa
entre os hospitais que possuem tal área e os que não a possuem. Assim, pode-se
concluir que estes são aspectos que merecem atenção dos gestores hospitalares,
que devem criar esta área especifica, atentando para o teor de sua atribuição.
Assim, ao observar a tabela 18, constata-se que as variáveis programas
educativos e gerenciamento de águas apresentaram diferenças estatisticamente
significativas para as três hipóteses estudadas. Além disso, a certificação ISO 14001
apresentou um maior número de variáveis com diferenças significativas, sugerindo
certa predominância sobre os demais fatores na amostra pesquisada.
Conclui-se, desta forma, que os hospitais acreditados instalados no Brasil,
apesar de apresentarem um alto nível de adoção das práticas em termos de
sustentabilidade, têm, ainda, um campo de possibilidades para melhorarem seus
graus de maturidade sustentáveis. É interessante que estes deem ênfase às
variáveis que demonstraram diferenciar os hospitais com significância estatística.
Acredita-se que, assim, tais hospitais atingirão maiores níveis e acabarão por ter um
maior comprometimento, fazendo com que um novo comportamento faça parte da
rotina destas instituições.
115
É possível que as instituições com menores níveis de maturidade (níveis 1 e
2), pela maior trajetória a ser percorrida, tenham maiores dificuldades no que diz
respeito à conscientização e mudança de atitude de seus colaboradores. Assim, é
necessário não apenas que sejam realizados programas educativos regulares, mas
também que haja o apoio das lideranças. Outros fatores a serem considerados e
adotados são a identificação de drivers e a realização constante de auditorias.
5.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
As pesquisas costumam apresentar algumas limitações. A primeira limitação
da presente pesquisa é a não possibilidade de generalização. Outra limitação
percebida é o viés da percepção.
Este viés foi identificado devido ao nível hierárquico dos respondentes. Na
delimitação do estudo, fora definido que apenas colaboradores com cargos
gerenciais, que estivessem ligados, de alguma forma, às práticas de
sustentabilidade adotadas pelo hospital, participariam da pesquisa. Desta maneira, a
resposta ao questionário foi fornecida pelo gestor do departamento mais próximo ao
assunto tratado.
Isto posto, tal respondente pode ter uma falsa impressão positiva de seu
departamento, atribuindo maiores níveis de concordância. Esta atitude pode ocorrer
por dois principais motivos. O primeiro destes é a dependência entre as ações
sustentáveis e o próprio gestor, ou seja, existe um vínculo com o cenário a ser
questionado, o qual influencia diretamente a percepção do respondente. No caso do
segundo motivo, quando o gestor atribui baixos níveis de concordância, ele terá que
admitir para si e, também, para o pesquisador, que alguma possível baixa
classificação, possa ser oriunda de uma falha de gestão da sua parte.
Para minimizar este tipo de viés, é sugerida a utilização de ferramentas de
auditoria, assim como, a comprovação das ações sustentáveis através de
documentação explícitas e objetivas.
116
5.4 CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA
Neste estudo podem ser apontadas tanto contribuições acadêmicas quanto
gerenciais para o conhecimento da sustentabilidade no setor hospitalar. A principal
contribuição acadêmica do estudo foi a proposição de uma escala de classificação,
ponderada, para a avaliação do grau de maturidade das práticas sustentáveis nos
hospitais.
A pesquisa também trouxe algumas contribuições para o meio empresarial.
Em primeiro lugar, os resultados podem ajudar os gestores a entender melhor a
construção de um modelo de gestão sustentável em hospitais, por meio de ações
que elevem o grau de maturidade das práticas de sustentabilidade. Em segundo
lugar, o estudo identificou o relacionamento entre fatores específicos e as variáveis
estatisticamente mais significativas para tal. Assim, os achados do presente estudo
podem ser usados na definição de estratégias de sucesso em busca do
desenvolvimento sustentável nas instituições hospitalares.
5.5 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
Em busca de ampliar o entendimento do tema deste trabalho, sugere-se a
escolha de um universo mais específico, por exemplo, apenas os hospitais do
estado de São Paulo ou do Rio de Janeiro, não necessariamente acreditados, já que
alguns hospitais podem não ser acreditados e terem boas práticas sustentáveis.
Ademais, poderia ser feito algum tipo de comparativo entre regiões, locais e
públicos–alvo.
Outra sugestão dada é a realização de investigações que não foram incluídas
no escopo deste estudo, como as dimensões social e financeira do Triple Bottom
Line. Além disso, incluir o comparativo a partir da visão de outros stakeholders no
processo, como médicos e pacientes, que são seus principais atores. Também seria
interessante, a partir de uma pesquisa qualitativa, observar se o consumidor dos
serviços hospitalares, em especial aquele que o faz de forma particular, prioriza
fatores sustentáveis para a escolha do local de atendimento.
117
Propostas complementares para o caso de pesquisas envolvendo os
stakeholders seriam a de compreender o papel do paciente como consumidor dos
planos de saúde. O objetivo, neste caso, seria o de que adquirir conhecimentos
desta relação do ponto de vista sustentável.
Adicionalmente, seria interessante a realização de uma pesquisa visando
compreender o quanto os fatores - certificação ISO 14001, publicação de relatórios e
área específica para a sustentabilidade – explicam, através das 15 ações
sustentáveis levantadas, os graus de maturidade dos hospitais acreditados no Brasil.
Por último, estender o estudo da sustentabilidade para outros players do
sistema de saúde, como laboratórios de análises e diagnósticos, indústria
farmacêutica, fornecedores de equipamentos, dentre outros. Esse tipo de estudo,
aliado a um processo de auditoria para a minimização de vieses, teria o
entendimento do setor como um todo e seria capaz de formular métricas gerais e
abrangentes, do ponto de vista, legislatório e de atuação governamental.
118
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129
APÊNDICE A – SOLICITAÇÃO DOS DADOS DOS RESPONDENTES
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ
INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO
Prezado (a),
sou mestranda do Instituto COPPEAD/UFRJ e estou desenvolvendo uma
pesquisa sobre as práticas de sustentabilidade, em especial na dimensão ambiental,
em hospitais acreditados que possuam instalações no Brasil.
Primeiramente, solicito o contato de um (a) Diretor (a) da Instituição, um (a)
Gestor (a) de Sustentabilidade ou um (a) Gerente que seja responsável pelas ações
relativas a essas questões em sua instituição. Para tanto, solicito que me informem o
nome, e-mail e um telefone do contato para que eu possa explicar melhor o objetivo
da pesquisa.
Certa de sua colaboração, agradeço a atenção.
Atenciosamente,
Glauce Nascimento
Departamento de Operações, Tecnologia e Logística.
Instituto COPPEAD de Administração
(21) 8167-2394
glauce@coppead.ufrj.br
130
APÊNDICE B – CONVITE À PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ
INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO
Prezado (a),
o Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio
De Janeiro (UFRJ) solicita sua participação na pesquisa “Práticas de Sustentabilidade
Corporativa: Dimensão Ambiental da Sustentabilidade em Hospitais Acreditados no Brasil”. A
pesquisa está sendo conduzida pela mestranda Glauce Nascimento, sob a orientação da Prof. Dra.
Claudia Araujo. O objetivo desta é a observação das práticas sustentáveis na dimensão ambiental
no contexto hospitalar.
Para participar da pesquisa, por favor, clique no link:
https://www.surveymonkey.com/s/QuestSustentHospitalar, utilize a senha 123 e preencha o
formulário nele contido. Cabe ressaltar que não existem respostas certas ou erradas.
Para submeter suas respostas, clique no botão localizado ao final de cada bloco de
sentenças. Caso prefira continuar o questionário mais tarde, é possível sair da página e retornar de
onde parou; é necessário apenas acessar o link recebido do mesmo computador, onde as respostas
dadas ficam armazenadas.
O questionário ficará disponível para a coleta de dados até o dia 13/03/2013.
Desde já agradecemos sua colaboração.
Atenciosamente,
131
Glauce Nascimento
Departamento de Operações, Tecnologia e Logística.
Instituto COPPEAD de Administração
(21) 8167-2394
glauce@coppead.ufrj.br
132
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ
INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO
PESQUISA SOBRE AS PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
HOSPITALAR
Prezado(a) Gestor(a), o escopo do presente questionário é a observação das práticas
sustentáveis na dimensão ambiental no contexto hospitalar. Primeiramente serão feitas
perguntas demográficas, seguidas daquelas relativas ao tema sustentabilidade, e por fim,
questões mais específicas de cunho ambiental.
Para a pesquisam foram selecionadas instituições hospitalares, que atuam no Brasil e
que possuem alguma das seguintes acreditações: Accreditation International Canada (ACI);
Joint Commission International (JCI); e/ou Organização Nacional de Acreditação (ONA) -
Acreditado com Excelência.
É importante salientar que esta pesquisa tem caráter puramente acadêmico e que os
dados serão analisados de forma agregada, sem a possibilidade de identificação da
resposta individualizada do hospital. Os resultados serão disponibilizados para os gestores
dos hospitais que participarem desta pesquisa.
Desde já, agradeço pelo tempo e participação.
Qualquer dúvida estou à disposição.
Glauce Nascimento glauce@coppead.ufrj.br (21) 8167-2394 Departamento de Operações, Tecnologia e Logística Instituto COPPEAD de Administração
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(1) Perfil do Respondente:
A. Formação do respondente: ______________________
B. Há quanto tempo trabalha na instituição (favor informar unidade, se meses ou anos):
______
C. Cargo atual que ocupa: _________________________
D. Há quanto tempo ocupa o atual cargo (favor informar unidade, se meses ou anos):
_________
E. Área ou setor a que pertence dentro da instituição: ____________
F. Favor informar e-mail, caso queira receber o resultado agregado da presente pesquisa:
______________________
(2) Perfil da Instituição:
G. Ano de fundação da instituição: ________
H. Tipo de hospital:
( ) Público (100 % Sistema Único de Saúde - SUS); ( ) Privado (aquelas que não são 100
% SUS)
I. Estado da federação em que atua: ___________
J. O hospital é: ( ) Especializado ( ) Geral
K. Total de leitos existentes no hospital, incluídos os de Unidade de Terapia Intensiva (UTI):
( ) 20 a 49 ( ) 50 a 149 ( ) 150 a 299 ( ) 300 ou mais
L. A instituição realiza algum procedimento de alta complexidade?
( ) Sim ( ) Não
Obs.: São definidos como procedimentos de alta complexidade tratamento das Lesões Lábio
Palatais e Implante Coclear; Neurocirurgia; Traumato-Ortopedia; Tratamento Cirúrgico da
Epilepsia; Assistência a Queimados; Oncologia; Cirurgia Bariátrica; realização de
Transplantes, de ao menos um tipo de órgão, e Serviços/Centros de Alta Complexidade em
Assistência Cardiovascular (não considerar hospitais gerais com serviço de implante de marca-
passo permanente).
M. Assinale a(s) acreditação(ões) que o hospital possui:
( ) Accreditation Canada International (ACI)
( ) Joint Commission International (JCI)
( ) Organização Nacional de Acreditação (ONA) - Acreditado com Excelência
134
(3) Questões relativas às práticas de sustentabilidade do Hospital:
1. A instituição possui certificação ISO 14.001? ( ) Sim ( ) Não
2. A instituição publica Relatório de Sustentabilidade ou Balanço Social anualmente?
( ) Sim ( ) Não
Caso a resposta seja afirmativa, qual o principal motivador para o hospital publicar tal
Relatório?
Resp:_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
3. O hospital possui uma área especifica e independente, que se reporte diretamente à alta
direção, para tratar das questões relativas à sustentabilidade? Sim ( ) Não ( )
Caso a resposta anterior seja afirmativa, qual(is) a(s) atribuição(ões) desta área?
( ) Planejamento ( ) Execução ( ) Supervisão
4. Qual a principal motivação do hospital em adotar práticas de sustentabilidade?
Resp.: ______________________________
Nas questões a seguir, é apresentada uma escala de 1 a 5 em que o 1 representa
“discordo totalmente” da afirmação e o 5 representa “concordo totalmente” com a
afirmação feita. Por favor, marque com um X a opção que considerar mais adequada.
Disc. Conc. Tot. Tot.
5. O desenvolvimento sustentável está formalmente inserido na estratégia do hospital, através de documentos e políticas aprovadas pela direção da instituição.
1 2 3 4 5
6. Nos documentos e políticas relativos à sustentabilidade constam a mensuração dos riscos e dos impactos de todas as atividades desempenhadas pela instituição.
1 2 3 4 5
7. Todos os funcionários do hospital possuem remuneração variável atrelada ao atingimento das metas de sustentabilidade traçadas pela direção.
1 2 3 4 5
8. O monitoramento dos distintos impactos (financeiros, operacionais, ambientais e de saúde) de suas atividades, faz parte
1 2 3 4 5
135
do programa de sustentabilidade do hospital.
Dimensão ambiental hospitalar: 9. O hospital comunica sistematicamente o seu desempenho em termos ambientais às partes interessadas.
1 2 3 4 5
10. O hospital não realiza a comunicação do seu desempenho em termos ambientais apenas mediante demanda da parte interessada.
1 2 3 4 5
11. O hospital possui algum tipo de programa de educação relativo às questões de sustentabilidade ambiental, com revisão anual das metas obtidas.
1 2 3 4 5
12. O aumento dos valores de eficiência (diminuição dos custos de assistência sem diminuir as melhorias alcançadas) e eficácia (habilidade em atingir os melhores resultados na assistência por meio dos melhores cuidados) é um dos benefícios da implementação das iniciativas de sustentabilidade ambiental.
1 2 3 4 5
13. A adoção de novas iniciativas de sustentabilidade ambiental deve ser implementada sem a obrigatoriedade de algum tipo de retorno financeiro para a instituição.
1 2 3 4 5
14. O hospital iniciou seu programa de sustentabilidade ambiental através do gerenciamento de resíduos.
1 2 3 4 5
15. A segurança dos manipuladores de resíduos hospitalares é responsabilidade da equipe de sustentabilidade.
1 2 3 4 5
16. O programa de gerenciamento de resíduos do hospital engloba a reutilização dos itens hospitalares.
1 2 3 4 5
17. O programa de monitoramento da eficiência energética, como a busca por equipamentos com menores consumos energéticos ou readequação da estrutura, faz parte das iniciativas de sustentabilidade ambiental do hospital.
1 2 3 4 5
18. O programa de gerenciamento de águas, como reuso de águas para banheiros e jardinagem, faz parte das iniciativas de sustentabilidade ambiental do hospital.
1 2 3 4 5
19. As compras são feitas levando-se em consideração não apenas a questão custo, mas também o comportamento sustentável de seus
1 2 3 4 5
136
fornecedores e o impacto ambiental de seus produtos.
Escala:
1 – Discordo totalmente; 2 – Discordo; 3 – Indiferente; 4 – Concordo; 5 - Concordo
totalmente.