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2008/2009
9 788599 851500
ISBN 978-85-99851-50-0
2008 Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.Todos os direitos reservados. permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada fonte e que no seja para venda ou qualquer fim comercial.
A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra do autor.
Tiragem: 1.000 exemplares
1 edio. Ano 2008
Elaborao, distribuio, informaes:
MINISTRIO DA AGRICULTURA, PECURIA E ABASTECIMENTO
Secretaria de Desenvolvimento Agropecurio e Cooperativismo
Departamento de Sistemas de Produo e Sustentabilidade
Coordenao-Geral de Sistemas de Produo IntegradaEsplanada dos Ministrios, Bloco D, Anexo B 1 andar, sala 128
CEP: 70043-900 Braslia DF
Tels: (61) 3218 2390Fax: (61) 3223-5350www.agricultura.gov.br
Central de Relacionamento: 0800-7041995
Coordenao Editorial: Assessoria de Comunicao Social
Catalogao na FonteBiblioteca Nacional de Agricultura BINAGRI
Brasil. Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.
Produo integrada no Brasil : agropecuria sustentvel alimentos seguros / Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. Secretria de Desenvolvimento Agropecurio e Cooperativismo. Braslia : Mapa/ACS, 2009.
1008 p. : il. color. ; 28 cm + 1 CD-ROM
ISBN 978-85-99851-50-0
1. Produo integrada. I. Secretria de Desenvolvimento Agropecurio e Cooperativismo. II. Ttulo. III. Ttulo: agropecuria sustentvel alimentos seguros.
AGRIS F01
CDU 631.151
Ministrio da Agricultura, Pecuria e AbastecimentoSecretaria de Desenvolvimento Agropecurio e Cooperativismo
Braslia - 2008/2009
Promover o desenvolvimento sustentvel e a competitividade do agronegcio
em benefcio da sociedade brasileira.
MissoMapa
Equipe de organizadores do livro
Larcio ZambolimEngenheiro Agrnomo, MSc, PhD, Ps-docProfessor do Departamento de FitopatologiaCentro de Cincias AgrriasUniversidade Federal de Viosa
Luiz Carlos Bhering NasserEngenheiro Agrnomo, MSc, PhD, Ps-docCoordenador Geral de Sistemas de Produo IntegradaDepartamento de Sistemas de Produo e SustentabilidadeSecretaria de Desenvolvimento Agropecurio e CooperativismoMinistrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento
Jos Rozalvo AndriguetoEngenheiro Agrnomo, MSc, PhD, Ps-docCoordenador de Produo Integrada da Cadeia AgrcolaDepartamento de Sistemas de Produo e SustentabilidadeSecretaria de Desenvolvimento Agropecurio e CooperativismoMinistrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento
Jos Maurcio Andrade TeixeiraEngenheiro Agrnomo, Fiscal Federal AgropecurioDepartamento de Sistemas de Produo e SustentabilidadeSecretaria de Desenvolvimento Agropecurio e CooperativismoMinistrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento
Adilson Reinaldo Kososki Engenheiro Agrnomo, MScCoordenao Geral de Desenvolvimento SustentvelDepartamento de Sistemas de Produo e SustentabilidadeSecretaria de Desenvolvimento Agropecurio e CooperativismoMinistrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento Jos Carlos FachinelloEngenheiro Agrnomo, MSc, Doutor, Ps-docProfessor do Departamento de FitotecniaFaculdade de Agronomia Eliseu MacielUniversidade Federal de Pelotas
sumriodos captulos
Pgina Assunto
1 - Alimentos Seguros Uma Poltica de Governo
2 - Produo Integrada de Frutas e Sistema Agropecurio de Produo Integrada no Brasil
3 - Condomnio Rural e Consrcio Agronegcio para Exportao
4 - Propaganda e Divulgao da Produo Integrada
5 - Produo Integrada de Abacaxi
6 - Produo Integrada de Amendoim
7 - Produo Integrada de Apicultura em Santa Catarina
8 - Produo Integrada de Apicultura no Piau
11
31
59
83
105
143
183
201
sumrio
9 - Produo Integrada de Arroz
10 - Produo Integrada de Banana
11 - Produo Integrada de Batata
12 - Aspectos Legais da Produo de Batatas-Sementes
13 - Produo Integrada de Caf
14 - Produo Integrada de Caju
15 - Produo Integrada de Citros na Bahia
16 - Produo Integrada de Flores
17 - Produo Integrada de Leite Bovino
213
237
261
329
341
445
465
491
497
dos captulos
18 - Produo Integrada de Ma
19 - Produo Integrada de Mamo na Bahia
20 - Produo Integrada de Mamo no Esprito Santo
21 - Produo Integrada de Manga
22 - Produo Integrada de Mangaba
23 - Produo Integrada de Maracuj
24 - Produo Integrada de Melo
25 - Produo Integrada de Ovinos para Corte no Cear
26 - Produo Integrada de Pssego
511
533
569
627
665
685
727
761
779
sumrio
27 - Produo Integrada de Soja
28 - Produo Integrada de Tomate de Mesa no Esprito Santo
29 - Produo Integrada de Tomate Indstria
30 -Produo Integrada de Tomate na Regio do Alto Vale do Rio do Peixe, em Santa Catarina
31 - Produo Integrada de Uva no Vale do So Francisco
32 - Produo Integrada de Uva para Vinho
33 - Comportamento de Herbicidas no Solo
34 - Manejo e Logstica na Colheita e Ps-colheita na Produo Integrada de Frutas no Brasil
811
849
867
895
977
913
935
955
dos captulos
APRESEnTAO
Apresentao
Vivemos um momento extremamente favorvel no pas no que se refere produo
e oferta de alimentos; ao mesmo tempo, percebemos um movimento voluntrio
das cadeias produtivas agropecurias na busca de qualificar os seus produtos, fato
que pode representar o diferencial competitivo do Brasil frente s constantes bar-
reiras impostas pelos nossos principais clientes e a garantia da oferta de alimentos
com qualidade, saudveis e seguros para a sociedade brasileira.
Competitividade no agronegcio requer base tecnolgica sustentvel, que permita
a gerao de produtos com preos acessveis para a conquista cada vez maior de
consumidores, aliados segurana alimentar, ao respeito ao meio ambiente e a
padres socialmente justos.
As palavras de ordem no momento so sustentabilidade e rastreabilidade, que de-
vem ser praticadas sob o ponto de vista ambiental, social e econmico.
medida que os consumidores em nvel mundial se conscientizam dos seus di-
reitos e se tornam mais exigentes quanto qualidade e segurana do alimento,
aos preceitos do ecologicamente responsvel e s leis trabalhistas, os produto-
res e as agroindstrias sentir-se-o mais pressionados a se ajustarem a essas
prerrogativas de mercado como condio sine qua non para sua sobrevivncia
no mercado. A tendncia de que os consumidores se tornem mais exigentes
a cada ano e que induzam o setor produtivo s adequaes necessrias para
se tornar mais competitivo.
Para atender a esses cenrios, atual e futuro, que o Sistema Agropecurio de
Produo Integrada (SAPI) mostra-se cada vez mais presente, ampliando seus
horizontes e proporcionando condies de apoiar a transformao da produo
convencional em tecnolgica, sustentvel, rastrevel e certificada opes que
propiciam maior agregao de valor ao produto final e que atendem s exigncias
de mercados. A Produo Integrada, dessa forma, constitui-se numa evoluo dos
regulamentos pblicos tradicionais em direo normalizao e certificao de
processos produtivos seguros e sustentveis.
O SAPI comeou com a Produo Integrada de Frutas (PIF) em 2001, por exigncia
do mercado da Comunidade Europia. Esse foi o desafio colocado pelos mercados
mais exigentes, condio para a continuidade das importaes de frutas, principal-
mente de mas brasileiras, garantindo uma certificao oficial o cumprimento
de todos os requisitos preestabelecidos, permitindo-nos conquistar novos merca-
dos e, ao mesmo tempo, manter os clientes tradicionais.
A Produo Integrada hoje, pode-se afirmar, um grande avano tecnolgico
sustentvel disponibilizado e articulado pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e
Abastecimento (Mapa) em parceria com o CNPq, Inmetro, Embrapa, universidades
brasileiras, instituies estaduais de pesquisa agropecuria e extenso, associa-
es e cooperativas de produtores, instituies de apoio ao setor agropecurio,
pela iniciativa privada e fornecedores de insumos agrcolas. So 19 fruteiras com
normas tcnicas especficas j publicadas, em condies de serem certificadas por
certificadoras privadas credenciadas. O sucesso alcanado pela PIF foi estendido a
outros projetos que esto em andamento dentro do mesmo modelo e com proce-
dimentos semelhantes. So eles: gros, razes, oleaginosas, tubrculos, hortalias,
flores, plantas medicinais, alm de espcies destinadas produo de biocombus-
tveis, carnes, leite e mel.
Esta obra mostra o esforo dos produtores e de suas organizaes, juntamente
com o Mapa e parceiros pblicos/privados, na construo das Normas Tcnicas
Especficas, num forte processo de parceria, ajustes de tecnologias, de troca de
informaes, experincias e conhecimentos.
Esta publicao tambm representa mais um esforo do Ministrio da Agricultura,
Pecuria e Abastecimento em prol da sustentabilidade da agropecuria brasileira,
visando melhorar a competitividade do agronegcio, onde o agricultor, seja ele pe-
queno, mdio ou grande, o foco principal do trabalho, que se estende a todas as
etapas da cadeia produtiva, integrantes do agronegcio brasileiro.
Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.
1ALIMEnTOS SEgUROS uma poltica de governocaptuloFo
to:
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ki
Alimentos seguros umA PolticA de governo
Alimentos seguros umA PolticA de governo
13
portocarrero, m. a.1;
Kososki, a. r.2
O consumidor brasileiro tem se frustrado na sua busca por alimentos seguros e de quali-
dade por ocasio, principalmente, das suas compras nos pontos de vendas e de distribui-
o. Preocupa-se com o fato de que a mesma qualidade e segurana alimentar contidas
nos produtos agropecurios exportados nem sempre correspondem ao que se distribui
no mercado interno brasileiro. Na viso atual do consumidor, o conceito de qualidade de
um alimento engloba no s as caractersticas de sabor, aroma, aparncia e padronizao
do alimento, mas tambm a preocupao em adquirir alimentos que no causem danos
sade. Conceitualmente, alimento seguro aquele que no oferece perigo sade e
integridade do consumidor. Os perigos podem ser:
Biolgicos: so microrganismos (bactrias, vrus, fungos) que no podemos ver a olho
nu, mas que so as principais causas de contaminao nos alimentos.
Qumicos: so produtos qumicos, como desinfetantes, inseticidas, antibiticos, agro-
txicos e outros venenos.
Fsicos: so materiais como pregos, pedaos de plstico, de vidro, de ossos, espinhas
de peixe e outros.
Observao: devem-se levar em conta tambm aspectos ambientais, tecnolgicos e sociais.
1 Secretaria de Desenvolvimento Agropecurio e Cooperativismo-SDC/Mapa.
2 Coordenao Geral de Desenvolvimento Sustentvel-CGPS/Depros/SDC/Mapa.
Produo integrAdA NO BRASIL
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Alimentos seguros umA PolticA de governo
A preocupao do consumidor est relacionada, principalmente, com o que est demons-
trado a seguir.
Efeitos das enfermidades provocadas pelos alimentos
Estimativas 2005
Mundo Estados Unidos
Infeces - 1 bilho Infeces - 76 milhes
Hospitalizaes - 641 milhes Hospitalizaes - 325 mil
Mortes - 1,8 milho Mortes - 5 mil
Fonte: HTTP://www.who.int/foodsafety/en/.
Amparado pelo Cdigo de Defesa do Consumidor (Lei n 8.078, de 11 de setembro de
1990), que estabelece com muita clareza e propriedade os direitos bsicos como pro-
teo vida, sade e segurana contra riscos provocados por produtos e servios,
o consumidor tem o direito garantia de qualidade, aquisio de alimentos seguros
e informao clara e precisa a respeito dos alimentos adquiridos. Informaes da
Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria-Anvisa/Ministrio da Sade e do Instituto de
Defesa do Consumidor (Idec) tm causado preocupao populao no que se refere
ao uso de agrotxicos proibidos utilizados na produo de alimentos, na utilizao
de hormnios promotores do crescimento, antibiticos proibidos, aparecimento de
e. coli, aftosa, entre outras, bem como substncias no recomendveis usadas na
agropecuria e em problemas relacionados com os nveis de resduos encontrados
nos alimentos acima dos nveis permitidos pela legislao brasileira e internacional,
como demonstrado na Tabela 1.
Alimentos seguros umA PolticA de governo
15
Tabela 1 - Amostragem de alimentos em pontos de vendas no Brasil.
Tipo de alimento Total de amostrasTotal de amostras com
resultados insatisfatrios% de amostras com re-sultados insatisfatrios
Alimentos congelados 1.618 486 30%
Massas 1.051 173 16%
Caf 1.005 214 21%
Comestveis gelados 863 406 47%
Especiarias 688 467 68%
Doces 423 154 36%
Total 5.648 1.900 34%
Fonte: Brasil, Ministrio da Sade/ Anvisa - 2003.
Conclui-se que a garantia de aquisio de um alimento seguro, com qualidade, direi-
to do consumidor e um dever a ser cumprido em toda a cadeia produtiva. Os consu-
midores brasileiros, como um todo, esto mudando os seus hbitos alimentares, seja
por conscientizao da necessidade de exigir alimentos seguros e saudveis ou por
exigncia nutricional e mdica, como registrado em pesquisa realizada, em 1998, pelo
Ministrio da Integrao (MI), cujo resultado apontou que 20% dos compradores po-
tenciais nos grandes pontos de vendas, como supermercados, possuem mais de 50
anos de idade e so muito exigentes na busca e na escolha de produtos alimentares.
Disponibilizar alimentos seguros para a populao brasileira uma tarefa complexa que
envolve os governos federal, estadual e municipal, bem como as instituies privadas afins
ao processo. Importante se faz estabelecer claramente pontos conceptuais em relao ao
assunto, tendo em vista no se confundir a Poltica de Alimentos Seguros, em pauta, com
aes que envolvem os componentes estruturais de uma Poltica de Segurana Alimentar,
como programas sociais de provimento de alimentos a populaes carentes, a exemplo do
Fome Zero. Por outro lado, a questo do alimento seguro tornou-se um estigma e a palavra
chave para o produtor se manter nos mercados e abrir novas janelas de oportunidades.
Produo integrAdA NO BRASIL
16
Alimentos seguros umA PolticA de governo
Muito se tem falado e publicado a respeito de questes relevantes relacionadas com o mer-
cado internacional qualidade e inocuidade dos alimentos. A II Conferncia Internacional
sobre Rastreabilidade de Produtos Agropecurios, realizada em abril de 2006 pelo Mapa,
trouxe tona conhecimentos que enriquecem e validam os programas e sistemas realizados
pelo Brasil nessa rea e a discusso de instrumentos de grande importncia para fazer frente
s exigncias dos mercados, cujo tema central est assentado em Alimento Seguro e Sus-
tentabilidade: Medidas de Aferio da Conformidade em Processos Agropecurios.
Mais ainda, o cenrio mercadolgico internacional sinaliza com veemncia que existe um mo-
vimento de consumidores procura por alimentos sadios e ausentes de resduos de agroqu-
micos prejudiciais sade. Cadeias de distribuidores e grandes pontos de vendas, principal-
mente da Comunidade Europeia, tm exigido dos exportadores que levem em considerao o
nvel de resduos de agrotxicos, o respeito ao meio ambiente, a rastreabilidade e as condies
de trabalho, higiene e sade dos trabalhadores envolvidos na produo de alimentos. Em
razo disso, a Figura 1 Pirmide de Qualidade de Alimentos, estabelecida pela Organizao
Internacional de Controle Biolgico e Integrado contra os Animais e Plantas Nocivas (OILB),
aparece mostrando os nveis de evoluo qualitativa dos alimentos. Da base da pirmide (ali-
mentos produzidos sem sustentabilidade) ao topo (onde se situam alimentos de qualidade e
seguros comprovados por sistemas sustentveis, tecnolgicos, certificados e rastreados).
Figura 1 - Pirmide de Qualidade de Alimentos da OILB.
Produo Integrada
Alimento Premium
Alimento Certificado Protocolos Internacionais
Alimento de BaixoPreo
Limite Inferior
Produo Orgnica
Fonte: OILB - 2004. Adaptado por A.R. Kososki, J. R. Andrigueto e L.C.B. Nasser.
Alimentos seguros umA PolticA de governo
17
Os mercados importadores esto fazendo a sua parte. A origem das presses sobre os
mercados exportadores mundiais para adoo de preceitos e aes voltadas obteno
de alimentos seguros com sustentabilidade dos sistemas de produo e agroindustrializa-
o partiu deles. Por isso, no s as preocupaes com o mercado internacional devem
ser estendidas para o mercado interno, mas tambm as suas benesses em termos de
qualidade e segurana do alimento no mbito do agronegcio. No se pode aceitar que,
no Brasil, um dos maiores exportadores mundiais de produtos agropecurios, buscando
avanar na obteno de alimentos certificados por exigncia dos mercados importadores,
a populao continue comprando muitos produtos sem identificao de qualidade nas
mais diversas instncias comerciais dos orbes do pas.
Diante desses fatos, preciso vencer as barreiras de mercados e disseminar a impor-
tncia de ofertar alimentos seguros para os consumidores, paradigma que estimu-
lou a Secretaria de Desenvolvimento Agropecurio e Cooperativismo, do Ministrio
da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (SDC/Mapa) a promover aes oportunas
para induzir os produtores brasileiros a se conscientizarem e aderirem a sistemas de
produo de alimentos com qualidade, seguros, em bases sustentveis e certifica-
dos, com rastreabilidade. Esses fatos induzem a mostrar sociedade brasileira os
avanos que tm ocorrido nessa rea em relao aos programas e sistemas para ob-
teno de alimentos seguros hoje existentes, seja em nvel de organizaes pblicas
ou de instituies privadas.
As vantagens da adoo dessas aes para os produtores so de notria importncia nos
seus aspectos voltados a conquistas de novos mercados mundiais, garantia de manuten-
o dos produtos brasileiros nos mercados, agregao de valor aos produtos, entre ou-
tras. Tudo isso somente se consolida pela vontade poltica dos governos e conscientizao
dos agentes envolvidos com as cadeias produtivas, pela cooperao dos responsveis
pelos pontos de vendas e pelo fato de os consumidores se tornarem mais exigentes na
busca de alimentos de qualidade e seguros. De que forma se pode consolidar um mer-
cado de alimentos seguros e tornar-se verdadeiro perante os consumidores dos pases
importadores se esses fatos ainda so notrios no dia-a-dia dos consumidores brasileiros?
Isso tem estimulado o governo a avanar com as armas que tem disponveis no alcance
Produo integrAdA NO BRASIL
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Alimentos seguros umA PolticA de governo
de resultados satisfatrios junto s demais instituies pblicas e privadas, envolvendo a
determinao de adequar os procedimentos de produo, ps-colheita e agroindustriali-
zao a exigncias compatveis com essa transformao.
No entanto, o mercado tem apresentado imposies regulatrias que tm forado a
necessidade de estabelecer polticas prprias para estruturao e organizao de pro-
gramas e sistemas no mbito do agronegcio brasileiro. Como exemplo dessas imposi-
es, tm-se o Normativo da CEE 178/2002, em seu artigo n 18, em vigor a partir de
janeiro de 2005, e a Lei do Bioterrorismo 2002, que estabelecem, entre outras coisas,
a obrigatoriedade da rastreabilidade em todas as fases da produo, transformao e
distribuio dos gneros alimentcios, no s do produto final como dos insumos utili-
zados em cada fase desse processo.
Conceitualmente, a rastreabilidade um sistema de identificao que permite resgatar
a origem e a histria do produto em todas as etapas do processo produtivo adotado,
que vai da produo ao consumo. Uma pesquisa de opinio sobre os consumidores de
alimentos no mercado japons, em 2005, concluiu que 92,4% acham imprescindvel
e importante que os alimentos adquiridos para consumo tenham rastreabilidade. Esse
sistema deve estar assegurado em todos os programas e sistemas que procuram obter
como produto final alimentos seguros destinados ao consumo. Por outro lado, os mer-
cados j esto exigindo, tambm, para concretizao dos contratos de importao de
alimentos, a comprovao de gesto socioambiental, de bem-estar animal e de outras
prticas afins, como garantia de negcio sustentvel.
Essas premissas bsicas tm de ser levadas em conta, tendo em vista o enorme potencial
da agropecuria brasileira, amplamente reconhecido em todo o mundo. Por razes diversas,
a explorao desse potencial est em crescimento, e no ano de 2007 dever haver aumento
de 11,3% nas exportaes, em relao ao ano de 2006, segundo a Confederao da Agri-
cultura e Pecuria do Brasil (CNA). No sem razo, o Brasil merece destaque no agronegcio
internacional e se qualifica como um dos principais produtores e exportadores de alimentos
para a populao mundial (O Brasil, hoje, est em primeiro lugar em exportao de lcool,
acar, caf, soja, carne bovina, suna e de frango). Dessas exportaes, 32,5% foram para
Alimentos seguros umA PolticA de governo
19
a Unio Europeia, 13,7% para os Estados Unidos e 12,7 % para os pases asiticos. O agro-
negcio, que se tornou muito importante para o Brasil, foi responsvel, no ano de 2006, por
26,7% do Produto Interno Bruto (PIB), 37% dos empregos gerados e 36% das exportaes
(Figura 2). Diante disso, necessrio prestar muita ateno naquilo que est sendo produzido
em termos de qualidade e adequao aos padres internacionais para obteno de alimentos
seguros e manuteno desse padro at o destino final.
Figura 2 - Resultados do agronegcio brasileiro - 2006.
EMPREGOS
PIB EXPORTAES
26,7%36%
37%
Fontes: Cepea-USP/CNA, Mapa e Ipea.
A situao atual mostra fatos importantes e significativos para a necessidade de avanar ain-
da mais rumo concretizao da transformao da Produo Convencional em uma produ-
o tecnolgica e sustentvel, tendo como objetivo final a obteno de alimentos saudveis e
rastreveis. Como exemplo concreto desse estigma tem-se a implantao da Produo Inte-
grada de Frutas (PIF), que conta atualmente com mais de 500 instituies pblicas/privadas
envolvidas no processo de desenvolvimento dos projetos especficos, a adeso voluntria de
2.333 produtores/empresas, 63.914 ha de rea, 1.686.260 toneladas de produo, 16 ca-
deias produtivas de frutas com projetos concludos e Normas Tcnicas Especficas publicadas
(banana, coco, citros, caqui, caju, ma, manga, maracuj, melo, figo, mamo, pssego,
goiaba, uva, abacaxi e morango) e uma em execuo (mangaba).
Produo integrAdA NO BRASIL
20
Alimentos seguros umA PolticA de governo
Todo o panorama apresentado at o momento mostra que a simples adoo das Boas
Prticas Agropecurias (BPA) torna-se apenas uma etapa inicial da modernizao da pro-
duo agropecuria rumo estruturao e consolidao de uma Poltica de Alimentos
Seguros em nosso pas. A Figura 3 espelha nveis de evoluo e alcance, cuja Produo
Integrada (PI) est colocada no pice da pirmide, como o nvel mais evoludo em organi-
zao, tecnologia, manejo e outros componentes prioritrios da agropecuria, num con-
texto em que os patamares para inovao e competitividade so estratificados por nveis
de desenvolvimento e representa os vrios estgios em que o produtor est e poder ser
inserido num contexto evolutivo de produo.
Figura 3 - Patamares para a inovao e a competitividade na Produo Integrada.
ProtocoloInternacional
APPCCPPHO
BPAPAS
PI Nvel 5
Nvel 4
Nvel 3
Nvel 2
Nvel 1
Produtor com BPA
Produtor sem BPA
Aes de Conscientizao Bsica
Legenda:PI Produo Integrada Protocolos de Boas Prticas AgropecuriasAPPCC Anlise de Perigos e Pontos Crticos de ControlePPHO Procedimentos Padres de Higiene OperacionalBPA Boas Prticas AgropecuriasPAS Programa Alimento Seguro
Fonte: Senai / Sebrae e EmbrapaAdaptado por JRA/ARK - Mapa
Atualmente, existem programas e sistemas para obteno de alimentos seguros institucio-
nalizados no Brasil (Figura 4), como Sistema Agropecurio de Produo Integrada (SAPI),
Programa Alimento Seguro (PAS), Anlise de Perigos e Pontos Crticos de Controle (APPCC),
Indicaes Geogrficas (IG), certificaes diversas e ndices e indicadores de sustentabilida-
de, junto aos diversos rgos inter e intra-institucionais que os abrigam. Eles foram implan-
tados com a finalidade de disponibilizar, ao agronegcio, uma ferramenta a mais para fazer
frente s exigncias dos mercados, principalmente da Comunidade Europeia.
Alimentos seguros umA PolticA de governo
21
Figura 4 - Programas e sistemas institucionais.
Fonte: ARK.
SAPISAPI
Poltica de Alimento Seguro
Produo Integradade Frutas (PIF)
Boas PrticasAgropecurias (BPA)
Adeso VoluntriaCertificao
Rastreabilidade
Alimentos Seguros
Indicaesgeogrficas
Outrascertificaes
Outrascertificaes
Programa AlimentoSeguro (PAS)
SAPI
APPCC
Ento, o ponto nevrlgico da questo e o momento estratgico est em promover arti-
culaes para integrao dos programas e sistemas institucionais existentes no
Mapa, na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (Embrapa), no Instituto
Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (Inmetro), na Anvisa,
no Servio Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), no Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (Inpi) e em outras instituies afins, todos semelhantes em
seus objetivos, similaridades em seus contedos e pulverizados em diversos orbes intra
e intergovernamentais, que precisam convergir sob a gide de preceitos e orientaes
de uma mesma Poltica Agroalimentar, no intuito de buscar, com isso, a organizao dos
aparatos institucionais de apoio s cadeias produtivas e, principalmente, na busca da ob-
teno de alimentos seguros, homogeneizao de procedimentos e estimulao adoo
da rastreabilidade.
Essas assertivas tm como resultado um crescimento maior da competitividade do
agronegcio brasileiro nos mercados, trazendo tona a necessidade premente de
estimular o desenvolvimento de instrumentos que tornem os produtos brasileiros
ainda mais aptos a fazer frente aos mercados mais exigentes, e o Governo Federal a
continua...
Produo integrAdA NO BRASIL
22
Alimentos seguros umA PolticA de governo
implantar polticas cada vez mais voltadas agregao de valor aos produtos comer-
cializados com base em modelo de gesto, produo de qualidade, sustentabilidade,
monitoramento dos procedimentos, boas prticas agropecurias e rastreabilidade
de todas as etapas, desde a aquisio de insumos at a oferta do produto ao con-
sumidor final. Portanto, para um entendimento mais profundo da necessidade de
concretizao de uma Poltica de Alimentos Seguros, torna-se indispensvel primei-
ramente estabelecer que o principal objetivo dessa poltica a organizao de pla-
nos, programas, sistemas, projetos e instrumentos institucionais sob a gide de uma
mesma poltica pblica voltada obteno e alimentos seguros, que compreende o
atendimento a exigncias sanitrias, tecnolgicas, ambientais e sociais, homogenei-
zando os procedimentos s regras de qualidade internacionais e o apoio s cadeias
produtivas agropecurias brasileiras. Alguns dos programas e sistemas Institucionais
citados so itemizados a seguir.
Programa de Indicaes Geogrficas (IG): objetiva subsidiar e tratar das questes que envolvam o reconhecimento das IG dos produtos do agronegcio
brasileiro, sendo uma ferramenta na melhoria da qualidade dos produtos agrope-
curios. Atualmente, apresenta trs registros concedidos pelo Instituto Nacional
de Propriedade industrial (Inpi), no Brasil Caf do Cerrado/MG, Vale dos Vinhe-
dos/RS e Cachaa de Paraty/RJ.
Outros projetos da pauta encontram-se em anlise no Mapa: Cachaa de Salinas/MG,
Cachaa de Abara/BA, Queijo Serrano/RS/SC, Linguia de Bragana/SP e Caf das
Montanhas/ES. As IG associam a prestao de determinado servio ou a fabricao,
produo ou extrao de determinado produto a um local conhecido. De acordo com
a Lei de Propriedade Industrial Brasileira (Lei n 9.279/1996), constitui-se IG a Indica-
o de Procedncia (IP) e Denominao de Origem (DO).
Programa Alimentos Seguros (PAS) - Campo: foi criado em 2002, tendo como base o Sistema de Anlise de Perigos e Pontos Crticos de Controle (APPCC). O
objetivo principal garantir a produo de alimentos seguros sade humana e
a satisfao dos consumidores, como um dos fulcros para o sucesso da agro-
...continuao
continua...
Alimentos seguros umA PolticA de governo
23
pecuria do campo mesa, para fortalecer a agregao de valor no processo
da gerao de empregos, servios, renda e outras oportunidades em benefcio
da sociedade.
Esse programa est constitudo pelos setores da Indstria, Mesa, Transporte, Distribui-
o, Aes Especiais e Campo, em projetos articulados. A adoo do PAS tem como
base as Boas Prticas Agropecurias (BPA) e o APPCC para ascender Produo
Integrada. Com isso, ser possvel garantir a segurana e qualidade dos produtos,
incrementar produo, produtividade e competitividade, alm da atender s exigncias
dos mercados.
Anlise de Perigos e Pontos Crticos de Controle (APPCC): sistema que identi-fica, avalia e controla os perigos potenciais segurana dos alimentos, desde a ob-
teno das matrias-primas at o consumo, estabelecendo em determinadas etapas
(Pontos Crticos de Controle) medidas de controle e monitoramento que garantam, ao
final do processo, a obteno de um alimento seguro, com qualidade. A adeso ao
sistema voluntria.
Os pr-requisitos so as Boas Prticas de Fabricao (BPF) e os Procedimentos Pa-
dres de Higiene Operacional (PPHO). Foi internalizado no Sistema Brasileiro de Ava-
liao da Conformidade (SBAC) por meio do Programa de Certificao de Sistema de
Gesto e foi referendado pelo Codex Alimentarius. A NBR 14900 est sendo subs-
tituda pela ISO 22000 norma internacional, lanada no dia 19 de julho de 2006,
na Fispal Food Service, no Anhembi, em So Paulo. A certificao do sistema de
controle e gesto e no do produto ou processo. A auditoria feita sobre o Plano
de Segurana do Alimento adotado pela Empresa. Existe legislao para utilizao:
Portarias n 46 e 98/Mapa e 1.428/93/ do Ministrio da Sade.
Sistema Agropecurio de Produo Integrada SAPI: seu contedo segue os preceitos estabelecidos pela Poltica de Alimentos Seguros e consiste num dos prin-
cipais instrumentos de apoio ao agronegcio brasileiro perante os mercados e consu-
midores de alimentos. o resultado da aplicao de aes estratgicas inclusas na
...continuao
continua...
Produo integrAdA NO BRASIL
24
Alimentos seguros umA PolticA de governo
Misso Institucional do Mapa, no sentido de promover o desenvolvimento sustentvel
do agronegcio em benefcio da sociedade brasileira. O sistema concretiza os anseios
dos envolvidos com as cadeias produtivas agropecurias para fazer frente aos merca-
dos, principalmente os importadores da Comunidade Europeia.
No sentido de enfrentar essa situao, o Mapa estruturou-se regimentalmente para vencer
os desafios das exigncias mercadolgicas e do desenvolvimento sustentvel do agrone-
gcio, implantando o SAPI para agregar projetos agropecurios sob sua gide e orientao
(Figura 5 Programas e Sistemas Institucionais do SAPI). Sem dvida, este sistema parte
de um processo que, de forma sistmica, busca aperfeioar a gesto e a operacionaliza-
o de processos que conduzem transformao de uma Produo Convencional em
tecnolgica e sustentvel.
Figura 5 - Programas e sistemas institucionais do SAPI.
Fonte: ARK.
Indicaes Geogrficas
Adeso Voluntria
ProduoIntegrada
de Frutas (PIF)SAPI
Indicaesgeogrficas
Outrascertificaes
CertificaoRastreabilidade
Alimentos Seguros
Boas PrticasAgropecurias (BPA)
...continuao
Alimentos seguros umA PolticA de governo
25
Essas variveis positivas induzem a promoo do desenvolvimento econmico e so-
cial do agronegcio e a adoo de prticas que garantam a preservao dos recur-
sos naturais, minimizando o impacto ao meio ambiente, respeitando os regulamentos
sanitrios e, ao mesmo tempo, fornecendo produtos saudveis sem comprometer a
sustentabilidade dos processos de produo, os nveis tecnolgicos j alcanados e
a rastreabilidade dos procedimentos.
Os projetos que o compem so inmeros e abrangentes (Figura 6) e somam um total
de 57. Buscam, com a implantao, resultados que favorecem a oferta de alimentos
diferenciados e seguros na relao cadeia produtiva/mercado/consumidor. O fortaleci-
mento da inter-relao setor pblico e setor privado, a organizao da base produtiva e o
fortalecimento dos produtores tornam esses fatores imprescindveis competitividade no
mercado interno e expanso das exportaes brasileiras.
Figura 6 - Distribuio geogrfica dos projetos do SAPI.
Fonte: Depros/SDC/Mapa.
Diante desses fatos, o Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento tem procura-
do estimular a sociedade brasileira a se conscientizar da adoo de uma poltica voltada
segurana do alimento com sustentabilidade, tendo em vista as exigncias cada vez
maiores dos mercados, e abrigar os instrumentos institucionais j existentes sob quatro
Produo integrAdA NO BRASIL
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Alimentos seguros umA PolticA de governo
pilares de sustentao (organizao/regulao, monitoramento dos sistemas, sustenta-
bilidade dos processos e informao/base de dados/produto final), numa viso holstica
e sob a mesma orientao e coordenao observadas na Figura 7. Uma das aes es-
tratgicas do Mapa torn-los parte de uma Poltica de Estado e como ferramenta de
apoio na busca da qualidade, com responsabilidade social e ambiental, possibilitando
que o setor produtivo se mantenha nos mercados e possa se inserir em outras janelas
de oportunidades.
Figura 7 - Organizao do sistema viso holstica.
Para agilizar essas aes, o Mapa realizou reunio tcnica, no dia 6 de junho de 2006, em
sua sede, na Capital, para discutir o tema "Alimento Seguro - Uma Poltica de Governo". Sob
a coordenao da Secretaria de Desenvolvimento Agropecurio e Cooperativismo (SDC/
Mapa), discutiu-se uma programao com temas direcionados consolidao da Poltica,
formao de parcerias pblicas/privadas, que objetiva: i) a institucionalizao de um Frum
Permanente de Discusses; ii) a formao de Grupo de Trabalho Multi-Institucional para
Assessoramento da Poltica de Alimentos Seguros visando a discusso, estruturao e ela-
borao de proposta de um documento de Poltica de Alimentos Seguros a ser apresentado
Presidncia da Repblica; e iii) elaborao, patrocnio, promoo e realizao de Plano
de Campanha Publicitria envolvendo a divulgao dos Programas/Sistemas institucionais
que tm como tema central a obteno de Alimentos Seguros. No dia 13 de dezembro de
Alimentos seguros umA PolticA de governo
27
2006, foi publicada, no Dirio Oficial da Unio (DOU), a Portaria Ministerial n 295, de 8 de
dezembro de 2006, instituindo o referido Grupo de Trabalho Assessor, composto inicialmen-
te por 27 instituies pblicos/privadas e as respectivas atribuies.
Para a SDC/Mapa, esta conformao d sentido e lgica estruturao de uma Poltica
Agroalimentar e adoo de campanhas de esclarecimentos, promoo e divulgao sobre
as vantagens de se consumir um alimento seguro e so estratgicas para criar demandas
nos mercados e presses junto aos produtores para adoo voluntria desses programas e
sistemas. O estabelecimento de Polticas Pblicas para orientao da estruturao, do de-
senvolvimento e da implantao de Programas e Sistemas Institucionais para obteno de
alimentos seguros faz parte da misso e da estratgia da SDC/Mapa para apoiar as cadeias
produtivas envolvidas com o agronegcio e fazer frente s exigncias dos mercados. Esta
ao de articulao consolida o papel do Mapa como um verdadeiro agente de desenvolvi-
mento em benefcio do agronegcio e da sociedade brasileira (Figura 8).
Figura 8
A SDC/Mapa adotou, como metodologia de desenvolvimento, a articulao institucional
para facilitar a implantao e a consolidao desses instrumentos voltados para obten-
o de alimentos seguros agropecurios de interesse econmico e social. Alguns avan-
os j aconteceram no desenvolvimento de aes estratgicas para o estabelecimento
Misso do Mapa:promover o desenvolvimento sustentvel e a competitivida-
de do agronegcio em benefcio da sociedade brasileira.
Produo integrAdA NO BRASIL
28
Alimentos seguros umA PolticA de governo
do tema Alimento Seguro - uma Poltica de Governo. Como resultado da reunio inicial
de 6 de junho de 2006, institucionalizou-se um Frum Permanente de Discusses; con-
solidou-se um Grupo de Trabalho Pblico/Privado de Assessoramento para discusso e
elaborao inicial dos documentos de Poltica de Alimentos Seguros e do Plano de Cam-
panha Publicitria envolvendo a divulgao dos Programas/Sistemas Institucionais que
tm como temas centrais a obteno de alimentos seguros; negociou-se o Protocolo de
Intenes Mapa/Entidades Mantenedoras (Entidades S e a Embrapa) do Programa Ali-
mentos Seguros (PAS), visando alavancar no s o PAS, mas outros sistemas/programas
sob a gide desta poltica de alimentos seguros; e realizou-se um programa relacionado
com o Desenvolvimento Rural Sustentvel. A implantao dessa Poltica de Alimentos
Seguros proposta, sob a coordenao da SDC/Mapa e apoio desse Grupo de Trabalho
Multidisciplinar e Multi-Institucional, far com que se ampare a instituio e se crie uma
demanda potencial por alimentos certificados, seguros e saudveis, assegurando aos
consumidores brasileiros a mesma qualidade requerida pelo mercado internacional.
Por certo, o reflexo dessa adoo ser levado a efeito na perspectiva futura de que o
setor se consolide com a implementao dessa poltica agroalimentar, seus programas e
sistemas operacionais. Somente uma ao governamental de impacto, em parceria com
instituies privadas, proporcionar sociedade alimentos de qualidade, a preos justos,
produzidos com sustentabilidade (economicamente vivel, ambientalmente correto e so-
cialmente justo) e rastreveis. A ao preconizada dever alavancar os programas/siste-
mas operacionais como uma ferramenta de desenvolvimento e adequao aos mercados
consumidores e posssibilitar que todos os nveis de produtores tenham condies de
adeso para realizar a transformao da Produo Convencional em tecnolgica e susten-
tvel e serem competitivos nos mercados.
Isso posto, necessrio que se preste muita ateno naquilo que se est produzindo
em termos de qualidade e adequao aos padres vigentes, nacionais e internacio-
nais, para obteno de alimentos seguros e a manuteno deste padro at o des-
tino final. Essa preocupao deve ser entendida e estendida imediatamente para o
mercado interno brasileiro, que tem um potencial enorme de consumo, haja vista os
190 milhes de consumidores hoje existentes. Isso envolve, como estratgia, a reali-
Alimentos seguros umA PolticA de governo
29
zao de campanha de promoo e divulgao apropriada, passando primeiramente
pela conscientizao macia dos consumidores a respeito das vantagens do consumo
de alimentos seguros e das mudanas primordiais necessrias nos hbitos alimenta-
res. Numa segunda etapa, ocorre a implementao de aes de marketing junto ao
mercado distribuidor e consumidor (pontos de vendas, supermercados, atacadistas,
Ceasas, sacoles, varejistas, entre outros).
Fundamentalmente estratgicas, essas aes devem continuar ad infinitum, tendo em vis-
ta os vrios fatores que ocorrem e envolvem a misso institucional do Mapa em beneficiar
a sociedade brasileira; a proeminente dinmica dos mercados; a abertura de novas janelas
de oportunidades; a competitividade necessria; a rapidez que ocorre nas mudanas tec-
nolgicas; a adoo de boas prticas agropecurias, entre outros. Mais ainda, o produto
final resultante da aplicao dos preceitos contidos nesses sistemas e programas institu-
cionais (PIF, Sisbov, SAPI, PAS, IG, entre outros) se enquadra conceitualmente como um
alimento de qualidade, seguro, e que no causa danos sade, condio sine qua non
para o sucesso da Poltica e da Campanha preconizadas.
A consolidao dessas aes trar reflexos diretos na economia do pas, ocasionando o
desenvolvimento socioeconmico regional, a gerao de emprego e renda, a diminuio
dos casos mais frequentes de sade pblica, a agregao de valor, o fortalecimento do
mercado interno e a expanso das exportaes brasileiras. Outros reflexos positivos sero
computados, como o cumprimento da sua misso institucional de estimulao do cresci-
mento do agronegcio, o apoio s cadeias produtivas, a disponibilizao de alimentos de
qualidade e saudveis ao consumidor nos mercados, o crescimento das exportaes, o
vencimento das dificuldades no enfrentamento das barreiras tcnicas nos mercados e a
concretizao da organizao dos sistemas e programas para fazer frente s exigncias
dos mercados com competitividade e sustentabilidade.
Ver literatura consultada no CD-ROM anexo a esta publicao.
PRODUO InTEgRADA DE FRUTAS E SISTEMA AgROPECURIO DE PRODUO InTEgRADA nO BRASIL2captulo
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Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
33
andrigueto, J.r.3; nasser, l.c.B.3; teixeira, J.m.a.3;
Simon, g.3; veras, m.c.v.3; medeiros, S.a.F.3;
Souto, r.F.3; martins, m.v. de m.3; Kososki, a.r.4
panorama mundial e nacional
Com clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e 11,2% de toda a
gua doce disponvel no planeta, o Brasil tem 388 milhes de hectares de terras agricul-
tveis frteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhes ainda no foram explorados.
Esses fatores fazem do pas um lugar de vocao natural para a agropecuria e todos os
negcios relacionados s suas cadeias produtivas. Moderno, eficiente e competitivo, o
agronegcio brasileiro uma atividade prspera, segura e rentvel.
O agronegcio em 2006/07 foi a principal locomotiva da economia brasileira e responde
por 26,7% do Produto Interno Bruto (PIB), 36% das exportaes totais e 37% dos empre-
gos brasileiros. Nos ltimos anos, poucos pases tiveram crescimento to expressivo no
comrcio internacional do agronegcio quanto o Brasil. Em 10 anos, o pas mais do que
quadruplicou o saldo da balana comercial do agronegcio.
3 Coordenao Geral de Sistemas de Produo Integrada - CGSPI, do Departamento de Sistemas de Produo e Sustentabilidade - Depros, da Secre-taria de Desenvolvimento Agropecurio e Cooperativismo - SDC, do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento - Mapa.
4 Coordenao Geral de Desenvolvimento Sustentvel - CGDS, do Departamento de Sistemas de Produo e Sustentabilidade - Depros, da Secretaria de Desenvolvimento Agropecurio e Cooperativismo - SDC, do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento - Mapa.
Produo integrAdA NO BRASIL
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Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
O Brasil um dos lderes mundiais na produo e exportao de vrios produtos
agropecurios. o primeiro produtor e exportador de caf, acar e suco de laranja.
Alm disso, lidera o ranking das vendas externas de lcool, soja, carne bovina, carne
de frango e tabaco. As projees indicam que o pas tambm ser, em pouco tempo,
o principal polo mundial de produo de algodo e biocombustveis, feitos a partir de
cana-de-acar e leos vegetais. Milho, arroz, frutas frescas, cacau, castanhas, nozes,
alm de sunos e pescados, so destaques no agronegcio brasileiro, que emprega
atualmente 17,7 milhes de trabalhadores somente no campo.
As exportaes brasileiras do agronegcio totalizaram US$ 58,4 bilhes em 2007,
18,2% acima do valor exportado em 2006, que foi de US$ 49,4 bilhes. As importa-
es totais do agronegcio somaram US$ 8,7 bilhes nesse mesmo ano. Como resul-
tado, o supervit comercial acumulado nos 12 meses de 2007 foi de US$ 49,7 bilhes.
Desde 1989, tanto as exportaes quanto o supervit comercial do agronegcio bra-
sileiro vm apresentando valores recordes a cada ano.
Em 2007, as exportaes do agronegcio tiveram os seguintes destinos: Unio Euro-
peia (35,8%), sia (19,3%), Nafta (12,6%), Oriente Mdio (8,1%), frica (6,5%), Mer-
cosul (3%), demais pases da Europa (8,4%) e outros (6,3%). Os setores que mais
contriburam para o incremento das exportaes do agronegcio no perodo analisado
foram: acar, lcool, carnes e produtos florestais.
Conforme a Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao (FAO), a
produo mundial de frutas registrou crescimento de 4,86% no ano de 2005, em re-
lao ao ano anterior. O Brasil o terceiro maior produtor mundial, com 41,2 milhes
de toneladas produzidas (6% da produo mundial), atrs de China (167 milhes de
toneladas) e ndia (57,9 milhes de toneladas).
O mercado mundial de frutas aponta para cifras anuais superiores a US$ 21 bilhes, sendo
constitudo, em sua maior parte, por frutas de clima temperado, tpicas da produo e do con-
sumo no hemisfrio norte, embora seja elevado o potencial de mercado para as frutas tropicais.
Adicionando-se o valor das frutas processadas, essas cifras superam 55 bilhes de dlares.
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
35
Em aluso ao mercado internacional, existe baixo conhecimento da grande maioria
das frutas tropicais devido carncia em marketing, dificultando assim a expanso
comercial da fruta brasileira. Apesar disso, nos ltimos 14 anos, o Brasil aumentou
em mais de 11 vezes as exportaes de frutas frescas, passando de US$ 54 mi-
lhes no incio da dcada de 1990 para mais de US$ 642 milhes no ano de 2007
(919 mil toneladas). Somando-se frutas secas e castanhas de caju, foram exporta-
das um milho de toneladas, equivalente a US$ 967,7 milhes.
Com relao ao setor industrial, o processamento de sucos de fruta est em franca
expanso, ocupando papel de relevncia no agronegcio mundial, com destaque
para os pases em desenvolvimento, responsveis pela metade das exportaes
mundiais. A demanda atual crescente para sucos e polpas de frutas tropicais,
principalmente de abacaxi, maracuj, manga e banana, responsveis pela maioria
das exportaes. No caso especfico do suco de laranja, o Brasil o maior produ-
tor e exportador mundial, com cerca de 80% das transaes internacionais. Esse
crescimento gradativo vem se caracterizando por uma srie de fatores, dentre os
quais a preocupao de consumidores com a sade, o que redunda em aumento
do consumo de produtos naturais com pouco ou nenhum aditivo qumico. A quan-
tidade exportada de sucos de frutas, em 2007, foi de 2,37 milhes de dlares,
relativos a 2,16 milhes de toneladas, sendo 51,26% maior que em 2006 e 100%
maior que em 2005.
Embora o volume das exportaes de frutas frescas tenha aumentado 32% entre
2006 e 2007, muito pouco se considerarmos estas em relao ao montante de
frutas produzido. O Brasil exporta cerca de 1,8% da sua produo de frutas in na-
tura, ocupando o 20 lugar entre os pases exportadores. Entretanto, a tendncia
de aumento das exportaes mostra-se positiva para os prximos anos, o que
torna o momento atual oportuno para a conquista dos mercados internacionais,
principalmente Unio Europeia e Nafta. Para isso, basta que o pas tenha capaci-
dade de manter e ampliar os mercados internacionais de frutas e seus derivados,
canalizando-se a oferta de frutas frescas e processadas de acordo com a demanda
desses blocos econmicos.
Produo integrAdA NO BRASIL
36
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
Apesar de o mercado interno consumir a quase totalidade da produo nacional, o consu-
mo per capita de frutas no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Fruticultura (Ibraf),
de apenas 57 kg por ano, bem abaixo de pases como Espanha (120 kg/ano) ou Itlia
(114 kg/ano).
A balana comercial brasileira de frutas frescas somente obteve resultados positivos a
partir de 1999. A adequao das cadeias produtivas aos princpios de sustentabilidade,
rastreabilidade e segurana do alimento, buscando a produo de frutas de alta qualidade
e utilizando tecnologias e monitoramentos que propiciaram a racionalizao na utilizao
dos insumos agrcolas, possibilitaram esse resultado satisfatrio. Em suma, a profissionali-
zao do setor possibilitou a manuteno e, principalmente, a abertura de novos mercados
para as frutas brasileiras, passando o pas de importador a exportador, com crescimento
contnuo das exportaes desde ento. Nesse contexto, destaca-se a Produo Integrada
de Frutas (PIF) como um dos fatores que propiciaram essa evoluo.
Sustentabilidade e segurana alimentar no mercado globalizado
De acordo com Elliot e Cole (1989), a agropecuria a atividade de maior impacto nos re-
cursos naturais e nas populaes humanas, pois os agroecossistemas esto presentes em
praticamente todas as paisagens do planeta e ocupam 30% da superfcie terrestre conti-
nental, produzindo alimentos e diversas matrias-primas. O sistema de produo agrcola
predominante hoje no mundo ocidental baseia-se nos preceitos tpicos estabelecidos pela
Revoluo Verde, ou seja, implicam o uso intensivo de mquinas, fertilizantes qumicos,
agrotxicos e a manipulao/melhoramento gentico. Tal modo de produo vem acarre-
tando intensa degradao ambiental e deteriorao social, alm de comprometer a quali-
dade dos alimentos. Nessa tica, os aspectos relacionados com as tcnicas de produo
e pesquisas agropecurias, os processos de beneficiamento e transformao tambm
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
37
devem ser considerados na discusso sobre desenvolvimento sustentvel e segurana
alimentar (GOMES JNIOR, 2007). As tecnologias utilizadas, os mtodos e processos
produtivos, que muitas vezes expem as populaes contaminao e intoxicao, assim
como presena de perigos ou contaminantes qumicos, biolgicos ou fsicos nos alimen-
tos e produtos agropecurios, so uma realidade que deve ser enfrentada e solucionada
a contento para que a dignidade e salubridade de produtores e trabalhadores rurais sejam
preservadas, bem como o pleno direito de acesso a alimentos saudveis e livres de qual-
quer fator adverso. Dessa forma, e de acordo com uma viso atual e ampla sobre o De-
senvolvimento Sustentvel e Alimentos Seguros, entende-se como uma condio bsica
e tambm um aspecto ligado cidadania o acesso por parte das populaes a alimentos
saudveis, que estejam conforme os padres de qualidade e produzidos em sistemas
produtivos que priorizem a conservao ambiental e a valorizao de produtores e traba-
lhadores rurais, incentivando o associativismo rural, as formas de produo adaptadas
realidade dos pequenos e mdios produtores, buscando sua maior competitividade, gera-
o e distribuio de renda/emprego, com desenvolvimento social e segurana alimentar.
O processo de desenvolvimento da agricultura brasileira repetiu o padro de moderniza-
o convencional, espalhando os principais impactos indesejveis da moderna agricultura,
como a destruio das florestas, a eroso dos solos e a contaminao dos recursos na-
turais, o xodo rural e a favelizao dos centros urbanos. Apesar do crescente aumento
da produtividade das lavouras, promovido pela modernizao, o que se viu, alm dos
impactos ambientais, foi um aumento da concentrao da posse de terras e de riquezas
(ROMEIRO, 1996: 8). Por esses motivos, recentemente houve a criao de vrias organiza-
es no governamentais (ONGs), que divulgam as propostas alternativas e alertam para
os desequilbrios provocados pela agricultura moderna (EHLERS, 1998: 89).
A insero de pequenos e mdios produtores em um sistema produtivo moderno e adap-
tado realidade dos mercados atuais, sem que isso onere ou descaracterize sua produo
e propicie o acesso a tecnologias condizentes com essa condio, valorizando aspectos
regionais e culturais e estimulando o associativismo, a gerao de emprego e renda e o
desenvolvimento social regional, est de acordo com a Poltica de Alimentos Seguros e
desenvolvimento sustentvel no seu sentido amplo e contribui para assegurar a dignidade
Produo integrAdA NO BRASIL
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Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
necessria, principalmente aos agricultores familiares e pequenos empresrios rurais. De
acordo com Gomes Junior (2007), as aes de estmulo para assegurar meios de so-
brevivncia digna devem integrar e permear as polticas pblicas de todas as instituies
governamentais em suas reas de atuao, formando uma rede de suporte populao
brasileira, em especial populao rural.
A partir da dcada de 1980, houve um gradativo incremento na demanda por sustenta-
bilidade da agricultura, fomentado pelos movimentos ambientalistas de preservao dos
recursos naturais e pela demanda por produtos saudveis e ambientalmente corretos.
A crescente globalizao de mercados, instaurada a partir da dcada de 1990, aliada s
correntes e demandas de uma populao mundial cada vez mais conscientizada e ativa
na busca de seus direitos, culminou na necessidade de um indicador com identidade vi-
sual prpria, reconhecido em nvel internacional, que assegurasse a produo dentro das
demandas das Boas Prticas Agrcolas (BPA) exigidas pela sociedade. Aliam-se s BPA os
selos de certificao de qualidade de produto e de ambiente.
Pases da Unio Europeia, como Espanha, Frana, Itlia e outros, apoiados nas diretri-
zes da Organizao Internacional de Luta Biolgica e Integrados Contra os Animais e as
Plantas Nocivas (OILB), desenvolveram, na dcada de 1980, o conceito de Produo
Integrada (PI), visando atender s exigncias dos consumidores e das cadeias de distri-
buidores e supermercados, em busca de alimentos sadios e com ausncia de resduos
de agrotxicos, ambientalmente corretos e socialmente justos, motivados por aes de
rgos de defesa dos consumidores.
Recentemente, a Lei de Bioterrorismo, criada nos Estados Unidos (2002) em resposta
possibilidade de uso de alimentos como via de contaminao qumica e microbiolgica,
estabeleceu uma srie de rigorosas regras para comercializao e importao de alimen-
tos destinados ao uso humano e animal. A introduo dessas contaminaes pode ocorrer
em qualquer etapa da cadeia alimentar, tornando-se essencial existncia de um controle
adequado ao longo desta.
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
39
Em 2006, o jornal japons Nikkey, visando avaliar a importncia da rastreabilidade para o
consumidor daquele pas, publicou os resultados da seguinte pesquisa de opinio: para
58,0% dos entrevistados, a rastreabilidade imprescindvel; para 34,4%, ela importante;
6,3% dos entrevistados no acreditam em rastreabilidade; 1,2% no se importam com
rastreabilidade; e 0,1% no deu opinio.
Em novembro de 2005, a misso DG Sanco da Unio Europeia veio ao Brasil e visitou os
sistemas produtivos da ma (Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paran) e do mamo
(Esprito Santo e Bahia), com o objetivo de conhecer o programa de controle oficial do go-
verno brasileiro para garantir a rastreabilidade e a inocuidade das frutas exportadas para
a Europa. A misso, ao conhecer reas sob Sistema de Produo Integrada de Frutas,
verificou os procedimentos adotados e concluiu que estes eram suficientes para cumprir
as exigncias da Unio Europeia, que atualmente o maior cliente do Brasil na importao
de frutas frescas e derivados.
Em outubro de 2006, o Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (Mapa) rece-
beu a visita do Comissrio Europeu para Assuntos Sanitrios e Segurana do Consumidor,
o qual tambm frisou as exigncias quanto rastreabilidade e inocuidade dos produtos
agropecurios exportados para o mercado europeu e assegurou que as cadeias produti-
vas de carnes, mel, pescados, frutas e outros vegetais seriam constantemente auditadas,
dada a preocupao dos europeus com contaminaes por resduos de hormnios, me-
dicamentos de uso veterinrio, agrotxicos e micotoxinas.
O aperfeioamento dos mercados consumidores, a mudana de hbitos alimentares e a
procura por alimentos seguros vm pressionando os sistemas produtivos para atenderem
s novas demandas, o que pode ser comprovado pelas seguintes atitudes: (i) movimento
dos consumidores, principalmente europeus, na busca de frutas e hortalias sadias e com
ausncia de resduos de agroqumicos perniciosos sade humana e (ii) normas do setor
varejista europeu, representado pelo EUREPGAP (Euro-Retailer Produce Working Group
EUREP for Good Agriculture Pratices GAP), agora conhecido por GLOBALGAP, que tem
pressionado exportadores de frutas e hortalias para o atendimento a regras de produo
Produo integrAdA NO BRASIL
40
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
que levem em considerao: resduos de agroqumicos, meio ambiente e condies de
trabalho e higiene. Tambm nesse momento encontra-se em anlise uma proposta de um
Regulamento de Produo Integrada de Produtos Agrcolas para Unio Europeia. Essas
situaes indicam um estado de alerta e de necessidade de transformao imediata e
contundente nos procedimentos de produo e ps-colheita de frutas, para que o Brasil,
sendo terceiro maior produtor de frutas do mundo, possa se manter e avanar na conquis-
ta dos mercados consumidores.
a produo integrada no Brasil
Com as exigncias do comrcio nacional e internacional de produtos agropecurios ad-
vindas da globalizao, do crescimento populacional, da reciprocidade de cada pas e da
segurana dos alimentos, a qual est relacionada com a presena de perigos associados
aos gneros alimentcios, tornou-se uma realidade a necessidade de implementao da
Produo Integrada (PI). O alimento seguro e rastrevel alcanado por meio dos esforos
combinados de todas as partes que integram a cadeia produtiva. O sistema pressupe o
emprego de tecnologias que permitam o controle efetivo do sistema produtivo agropecu-
rio por meio do monitoramento de todas as etapas, desde a aquisio dos insumos at
a oferta ao consumidor.
A adoo do Sistema de Produo Integrada evoluiu em curto espao de tempo, tomando
conta de muitas reas existentes em pases tradicionais de produo de frutas. Na Amrica do
Sul, a Argentina foi o primeiro pas a implantar a Produo Integrada de Frutas (PIF), em 1997,
seguida de Uruguai e Chile. No Brasil, atividades semelhantes tiveram incio entre 1998 e 1999.
Naquela poca, depois de vrias discusses regionais, a Cadeia Produtiva da Ma, por
meio da Associao Brasileira de Produtores de Mas (ABPM), procurou o Mapa alegan-
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
41
do que estava sofrendo presses comerciais relacionadas com as exportaes de ma
para a Unio Europeia. O principal motivo dessa mobilizao se deveu ao fato de que as
exigncias por maiores garantias sobre o processo produtivo da fruta estavam cada vez
mais fortes. Assim, o Brasil necessitava de um instrumento que pudesse orientar e insti-
tucionalizar um sistema de produo que ao mesmo tempo atendesse s exigncias dos
mercados compradores e fosse factvel realidade brasileira, levando-se em considera-
o, ainda, a condio sine qua non da credibilidade e da confiabilidade do sistema e dos
trabalhos que seriam desenvolvidos no Pas.
O Mapa, atendendo solicitao da ABPM, instituiu o Programa de Desenvolvimento da
Fruticultura (Profruta), com 57 projetos iniciais e recursos do PPA-2000/2003 (Plano Plu-
rianual), como prioridade estratgica do Ministrio. O objetivo principal seria elevar os pa-
dres de qualidade e competitividade da fruticultura brasileira ao patamar de excelncia
requerido pelo mercado internacional, em bases voltadas para o sistema integrado de
produo, sustentabilidade do processo, expanso da produo, emprego e renda, nos
moldes do que j estava sendo feito desde as dcadas de 1970/80 pela OILB.
A Produo Integrada est sendo implementada nos polos de produo utilizando
uma metodologia de projetos-piloto instalados em propriedades rurais das diversas
cadeias produtivas, sob coordenao de pesquisadores/professores de instituies
governamentais, contando para isso com a parceria firmada entre o Mapa e o Conse-
lho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq), sendo os recursos
financeiros oriundos do Mapa e disponibilizados ao CNPq, que contrata os projetos
junto aos coordenadores, sob superviso geral do Mapa/CNPq. Nesses projetos esto
envolvidas equipes multidisciplinares de suporte tecnolgico, constitudas por meio
de um comit que elabora as normas tcnicas de produo, as quais so testadas,
validadas e aplicadas em propriedades selecionadas. Neste sistema so utilizadas as
melhores e mais adequadas tecnologias agropecurias, buscando a racionalizao de
produtos agroqumicos, o monitoramento da gua, do solo, do ambiente, da cultura ou
espcie, da ps-colheita e a necessria implantao de registros em todas as fases de
produo para obteno da rastreabilidade.
Produo integrAdA NO BRASIL
42
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
A Produo Integrada tem por princpio, desde sua concepo, a viso sistmica, inicialmente
no manejo integrado de pragas, evoluindo para a integrao de processos em toda a cadeia
produtiva. Portanto, sua implantao deve ser vista de forma holstica, estruturada sob quatro
pilares de sustentao: organizao da base produtiva, sustentabilidade do sistema, monitora-
mento dos processos e informao e banco de dados, componentes que interligam e consoli-
dam os demais processos. Est colocada no pice da pirmide como o nvel mais evoludo em
organizao, tecnologia, manejo e outros componentes, num contexto em que os patamares
para inovao e competitividade so estratificados por nveis de desenvolvimento e representa
os vrios estgios em que o produtor poder ser inserido num processo evolutivo de produo.
Preceituados pela Produo Integrada, os procedimentos e as Boas Prticas Agrcolas
adotados tm que ser vistos com base no rol de exigncias dos mercados importadores,
rigorosos em requisitos de qualidade e sustentabilidade, enfatizando sempre proteo do
meio ambiente, alimento seguro, condies de trabalho, sade humana e viabilidade eco-
nmica. A ttulo de exemplo, os compradores europeus convencionaram a possibilidade
de no importar mas produzidas em sistema convencional. Atualmente, na Sua, Dina-
marca, Itlia, Espanha, entre outros pases do bloco europeu, quase no existem merca-
dos com frutas produzidas pelo sistema convencional.
O Brasil possui seu Marco Legal para Produo Integrada (Figura 1) atualmente restrito
Produo Integrada de Frutas, mas em processo de ampliao para contemplar todo o
setor agropecurio, composto basicamente de:
Diretrizes Gerais e Normas Tcnicas Gerais para a Produo Integrada de Frutas (PIF).
Regulamento de Avaliao da Conformidade (RAC).
Definies e Conceitos da PIF.
Regimento Interno da Comisso Tcnica para PIF.
Formulrios do Cadastro Nacional de Produtores e Empacotadoras (CNPE).
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
43
Figura 1 - Marco Legal da Produo Integrada de Frutas do Brasil.
A regulamentao do sistema assegura que o cadastramento dos interessados um pr-
requisito a ser cumprido. Esse cadastramento feito por meio de Organismos de Avaliao
da Conformidade (OAC), certificadoras, pelo princpio da livre adeso.
O Modelo de Avaliao da Conformidade da Produo Integrada de Frutas foi lanado
em 1 de agosto de 2002 e oficializado pelo Mapa em 11 de setembro do mesmo ano,
juntamente com a logomarca PIF Brasil, a Norma Tcnica Especfica (NTE) para Produo
Integrada de Ma e o Selo de Conformidade da Produo Integrada de Ma.
As Normas Tcnicas Especficas (NTE) so as normas bsicas de Boas Prticas Agr-
colas que serviro de referencial para a adequao do sistema produtivo das proprie-
dades candidatas ao sistema de certificao oficial em Produo Integrada. Elas se
subdividem em diferentes reas temticas (capacitao, organizao de produtores,
recursos naturais, material propagativo etc.) e contemplam normas obrigatrias, reco-
mendadas, proibidas ou permitidas com restrio, de acordo com a realidade de cada
cultura. Alm das NTE, a estrutura tcnico-operacional de suporte ao sistema tambm
composta por Grade de Agrotxicos, Cadernos de Campo e Ps-Colheita e Listas
de Verificao de Campo e de Empacotadora.
Produo integrAdA NO BRASIL
44
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
O Acordo de Reconhecimento no Frum Internacional de Acreditao (IAF) reconheceu e
credenciou instituies dos mais diversos pases do mundo para efetuarem a acreditao
de Organismos na execuo de tarefas relacionadas com a Avaliao da Conformidade
e Certificao de Sistemas de Qualidade. No caso do Brasil, essa instituio o Instituto
Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (Inmetro), que o responsvel
pela acreditao dos Organismos de Avaliao da Conformidade (OAC), certificadoras,
que, por sua vez, so responsveis pelo credenciamento e pelas auditorias dos produtores
inclusos no sistema.
Em outras palavras, a certificao no mbito da PIF realizada via sistema de terceira
parte, isto , os OAC acreditados pelo Inmetro realizam auditorias nas propriedades que
adotaram a Produo Integrada. Caso haja atendimento s Normas Tcnicas Especficas,
o produto chancelado oficialmente pelo Mapa e pelo Inmetro por meio de um selo con-
tendo um cdigo numrico, que a garantia de rastreabilidade do produto.
Os selos de conformidade, alm de atestarem os produtos originrios de Produo Inte-
grada, possibilitam a toda a cadeia consumidora obter informaes sobre: (i) procedncia
dos produtos; (ii) procedimentos tcnicos operacionais adotados; e (iii) insumos utilizados
no processo produtivo, dando transparncia ao sistema e confiabilidade ao consumidor.
Todo esse sistema executado garante a rastreabilidade do produto por meio do nmero
identificador estampado no selo, tendo em vista que este reflete os registros obrigatrios
das atividades de todas as fases que envolvem a produo e as condies em que foram
realizadas, transportadas, processadas e embaladas.
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
45
projetos em desenvolvimento
Existem, atualmente, em desenvolvimento 56 projetos de fomento Produo Integrada
no mbito do Mapa, envolvendo 42 culturas e contemplando 18 unidades da Federao
(Bahia, Cear, Distrito Federal, Esprito Santo, Gois, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Par, Paraba, Paran, Pernambuco, Piau, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, So Paulo, Sergipe e Tocantins). Envolvem um total de 2.333 adeses de pro-
dutores e empresas, com 63.918 ha, produzindo 1.686.260 de toneladas de alimentos no
Sistema Agropecurio de Produo Integrada. Foram capacitados 30.204 agentes atu-
antes nas cadeias produtivas trabalhadas at o momento, por meio da realizao de 484
cursos de treinamento.
Esses projetos se encontram em diferentes estgios de implementao, a depender da
cultura e da cadeia produtiva, e contemplam desde aquelas onde todo o arcabouo nor-
mativo est consolidado, culminando com a certificao de produtores e empacotadoras
de frutas e promovendo aes de divulgao dos benefcios das frutas certificadas para
os mercados consumidores, at culturas atendidas recentemente que passam por forma-
o do comit tcnico, sensibilizao e envolvimento dos agentes atuantes nas cadeias
produtivas, capacitao de produtores e implantao de unidades demonstrativas com
validao das tecnologias a campo, para que s ento as Normas Tcnicas Especficas
sejam elaboradas e publicadas.
Produo integrAdA NO BRASIL
46
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
produo integrada de Frutas piF
No estgio atual, o Sistema PIF j atingiu a consolidao em 18 culturas (banana, caju,
caqui, coco, figo, goiaba, laranja, lima cida Tahiti, lima da prsia, ma, mamo, manga,
maracuj, melo, morango, pssego, tangor Murcot e uva), ou seja, os produtores esto
aptos a certificar a produo para essas culturas, tendo em vista que existem Normas Tc-
nicas Especficas (NTE) definidas e publicadas no Dirio Oficial da Unio (DOU).
Quadro 1 - Normas de Produo Integrada de Frutas publicadas no Dirio Oficial
da Unio.
Produo Integrada de Frutas NTE Publicadas
Especificao N da Instruo Normativa Publicao no DOU Observao
Diretrizes Gerais e Normas Tcnicas Gerais PIF 20 15/10/2001 IN Mapa
NTE PI Ma
1 06 25/07/2002 IN SARC/Mapa
2 17 14/12/2003 IN SARC/Mapa
3 05 26/09/2005 IN SDC/Mapa
4 01 21/09/2006 IN SDC/Mapa
NTE PI Manga1 02 24/02/2003 IN SARC/Mapa
2 12 25/09/2003 IN SARC/Mapa
NTE PI Uva1 03 24/02/2003 IN SARC/Mapa
2 11 24/09/2003 IN SARC/Mapa
NTE PI Mamo 04 18/03/2003 IN SARC/Mapa
NTE PI Caju 10 01/09/2003 IN SARC/Mapa
NTE PI Melo 13 03/10/2003 IN SARC/Mapa
NTE PI Pssego 16 04/12/2003 IN SARC/Mapa
NTE PI Citros 06 10/09/2004 IN SARC/Mapa
NTE PI Coco16 31/12/2004 IN SARC/Mapa
Retificao 10/01/2005 Subitens 4.1, 5.2 e 9.1
NTE PI Banana 01 04/02/2005 IN SDC/Mapa
NTE PI Figo 02 02/03/2005 IN SDC/Mapa
NTE PI Maracuj 03 21/03/2005 IN SDC/Mapa
NTE PI Caqui 04 21/07/2005 IN SDC/Mapa
NTE PI Goiaba 07 09/12/2005 IN SDC/Mapa
NTE PI Morango 14 03/04/2008 IN Mapa
Fonte: Depros/SDC/Mapa-2008.
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
47
Alm dessas, a elaborao das NTE de outras quatro culturas frutferas (abacaxi, ameixa, man-
gaba e nectarina) encontra-se em desenvolvimento, por meio de projetos de Produo Integrada
de Frutas fomentados pelo Mapa, em conjunto com diversas instituies parceiras.
Atualmente esto em andamento 30 projetos de fruticultura em 14 Estados da Federao,
alm de quatro projetos transversais sobre microbacias, educao ambiental, capacitao
de agentes, ps-colheita e logstica em Produo Integrada, com o envolvimento de apro-
ximadamente 500 instituies pblicas e privadas, destacando-se as seguintes entidades:
Embrapa, CNPq, Inmetro, Universidades, Instituies Estaduais de Pesquisa, Sebrae, Senar,
Ceagesp, Associaes de Produtores, Cooperativas, Empresas Agropecurias e Certificadoras.
O Sistema PIF conta com a adeso voluntria de 2.219 produtores e empresas agropecu-
rias, o que corresponde a 50.665 ha.
Quadro 2 - Adeso de produtores, rea colhida e produo sob o regime da Pro-
duo Integrada de Frutas (PIF) em 2007.
PRODUO INTEGRADA DE FRUTAS-ADESO (Base 2007)
Produto N Adeses rea (ha) Produo (t)
Abacaxi 37 224 8.400
Banana 54 1.600 56.000
Caju 10 1.030 500
Caqui 23 84 3.000
Citros 214 1.315 43.066
Coco 12 414 20.368
Figo 25 120 1.093
Ma 283 17.319 606.165
Mamo 38 1.450 145.000
Manga 236 8.739 305.861
Maracuj 30 56 5.500
Melo 233 9.240 191.900
Morango 203 165 4.429
Pssego 469 2.293 19.725
Uva 352 6.616 167.268
Total 2.219 50.665 1.578.275
Fonte: Depros/SDC/Mapa-2008.
Produo integrAdA NO BRASIL
48
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
At o momento, os seguintes resultados da PIF podem ser comprovados: i) aumento
da produtividade e da qualidade das frutas produzidas; ii) reduo no consumo de gua
e energia eltrica; iii) incremento na diversidade e populao de inimigos naturais das
pragas; iv) diminuio da aplicao de agrotxicos e da presena de resduos qumicos
nas frutas; v) racionalizao no uso de insumos; e vi) melhoria do meio ambiente, da
qualidade do produto consumido, da sade do trabalhador rural e do consumidor final.
O efeito econmico da racionalizao das intervenes qumicas no sistema PIF pde
ser referenciado principalmente no ano de 2002, pela diminuio da frequncia na
aplicao de ditiocarbamatos em 8.660 ha de cultura de ma, onde se registrou a
reduo de 600 toneladas no montante de aplicao, que ao custo de R$ 15,00/kg
representa a significativa economia de R$ 9 milhes, sem falar nos efeitos relacionados
com a preservao de recursos naturais como gua, ar, solo e biodiversidade.
Quadro 3 - Comparativo de produtividade e de reduo de custos entre a Produ-
o Convencional e a Produo Integrada de Frutas (PIF).
PRODUO INTEGRADA DE FRUTAS - PRODUTIVIDADE X CUSTO
Cultura Produo Convencional Produo Integrada Reduo de Custos
Ma (t/ha) 24-27 32-36 14-16%
Abacaxi (frutos/ha) 28.000 28.000 18%
Fonte: Depros/SDC/Mapa-2008.
Quadro 4 - Porcentagem de reduo no uso de agrotxicos (n de aplicaes) na
Produo Integrada de Frutas (PIF), em relao Produo Convencional.
PRODUO INTEGRADA DE FRUTAS - RACIONALIZAO DE AGROTXICOS (%)
PRODUTO
CULTURA
Ma Uva MamoPssego
Abacaxi Banana Caju Citros Manga Melo MorangoPR RS
Inseticida 70 89 50 75 34 37 - 25 - 70 40 60
Fungicida 15 42 50 55,6 28 20 40 30 - 31 40 80
Herbicida 67 100 78 60 50 50 100 - 33 95 100 -
Acaricida 67 100 35,7 100 87,5 - - - 40 72 20 -
Fonte: Depros/SDC/Mapa-2008.
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
49
Os projetos de Produo Integrada de Frutas, alm de viabilizarem a implantao de uni-
dades demonstrativas de modo a comparar o sistema convencional com o de Produo
Integrada e avaliarem a aplicabilidade das Normas Tcnicas Especficas, possibilitaram,
at 2007, a realizao de 428 cursos de capacitao para 17.645 treinandos, alm da
promoo de 1.723 eventos e publicao de 538 trabalhos em peridicos, livros e outros.
At 2006 foram instaladas 27 estaes meteorolgicas para auxlio ao monitoramento da
ocorrncia de pragas e tomada de deciso para seu devido controle. Em 2007, esse
nmero aumentou para 43 estaes.
Quadro 5 - Nmero de publicaes sobre Produo Integrada de Frutas (PIF), em 2007.
PRODUO INTEGRADA DE FRUTAS - PUBLICAES (Base 2007)
Publicao Quantidade
Anais de Congresso 259
Srie Embrapa 36
Circular Tcnica 27
Outras Publicaes 210
Modelagem Computacional de Monitoramento de Pragas 4
Software 2
Total 538
Fonte: Depros/SDC/Mapa-2008.
Quadro 6 - Nmero de eventos sobre Produo Integrada de Frutas (PIF) e de
participantes, em 2007.
PRODUO INTEGRADA DE FRUTAS EVENTOS (Base 2007)
Evento Quantidade N de Participantes
Diagnstico 38 1.444
Seminrio 27 2.589
Simpsio 7 1.054
Workshop 7 160
Reunio Tcnica 292 2.419
Visita Tcnica 1.103 992
Participaes diversas 249 948
Total 1.723 9.606
Fonte: Depros/SDC/Mapa-2008.
Produo integrAdA NO BRASIL
50
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
Esses resultados tm garantido ao Sistema PIF confiabilidade suficiente para aproveita-
mento de seu arcabouo normativo na implementao de polticas pblicas. A Instruo
Normativa n 38/2006 da Secretaria de Defesa Agropecuria, que regulamenta o Certifi-
cado Fitossanitrio de Origem (CFO), base tcnica e legal para a emisso da Permisso
de Trnsito Vegetal (PTV), que por sua vez embasa a emisso do Certificado Fitossanitrio
para exportao, reconheceu os documentos de acompanhamento da Produo Inte-
grada de Frutas (PIF), cadernos de campo e ps-colheita, como equivalentes ao Livro de
Registro utilizado pelo Responsvel Tcnico para emisso do CFO. Em outras palavras,
o produtor que estiver sob o Sistema PIF ter reconhecido seus controles de caderno de
campo e ps-colheita como suficientes para a emisso do CFO pelo Responsvel Tcni-
co da produo, no necessitando de outros controles. Em outro caso, a variedade de
ecossistemas contemplados pelos projetos de PIF colaborou com o Ministrio do Meio
Ambiente (MMA) para aprovar recursos junto FAO para o Brasil desenvolver o projeto
Conservao e Manejo de Polinizadores para a Agricultura Sustentvel por meio de uma
Abordagem Ecossistmica.
A regio Nordeste, onde a PIF alcana excelentes resultados, est cultivando em torno
de 500 mil ha de frutas, correspondendo a 23% da rea nacional. Convm salientar que
praticamente metade dos estabelecimentos de base familiar existentes no pas situa-se
nessa regio. O Programa de PIF est desenvolvendo aes direcionadas pontualmente
para facilitar a adeso desses atores, buscando com isso apresentar resultados no s
econmicos, mas sociais e de gerao de emprego e renda, estimulando a organizao da
base produtiva familiar em grupos associativistas e, como consequncia, o fortalecimento
desses produtores para atuao mais preponderante nos mercados.
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
51
Sistema agropecurio de produo integrada Sapi
A cobrana mundial por uma produo agropecuria segura, com o mnimo de impactos
negativos ao meio ambiente, aos trabalhadores rurais e aos consumidores, faz com que
no s as frutas, mas todos os outros alimentos e produtos no alimentcios, sejam eles
vegetais ou animais, possuam regras de produo sustentveis.
Em razo disso, o modelo preconizado pela Produo Integrada de Frutas (PIF) foi utiliza-
do como referncia pelo Mapa para instituir o Sistema Agropecurio de Produo Integrada
(SAPI), que tem como meta o estabelecimento de Normativas Reguladoras de Produo Inte-
grada no Brasil, unificando e padronizando o sistema para todo o Territrio Nacional.
A implantao do SAPI vem acontecendo de forma gradual e estruturada, com a efetiva
participao dos agentes envolvidos na cadeia produtiva. O princpio bsico que rege o
SAPI est amparado numa gesto participativa por meio de parcerias pblicas e privadas
na implantao de Boas Prticas Agrcolas, de Fabricao e de Higiene, na construo,
elaborao e desenvolvimento de Normas Tcnicas Especficas adotadas nos mesmos
moldes da PIF.
Alm dos projetos de PIF, encontram-se em andamento 22 projetos de Produo Inte-
grada em 14 estados, contemplando 21 produtos, quais sejam: amendoim, arroz, batata,
caf, carne, cenoura, feijo, flores tropicais, leite, mandioca, mel, ovinos, plantas medici-
nais, soja, razes (gengibre, inhame e taro), rosas, tomate de mesa, tomate industrial e trigo.
Esses projetos contam com a adeso de 155 produtores rurais, que, numa rea de 13.253
hectares, colheram mais de 108 mil toneladas de alimentos em 2007. Cabe destacar que
nesses dados esto inseridas informaes sobre as primeiras adeses de sistemas pecu-
rios de Produo Integrada: leite e mel.
Produo integrAdA NO BRASIL
52
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
Quadro 7 - Adeso de produtores, rea colhida e produo sob o regime SAPI, em 2007.
SAPI - ADESO (Base 2007)
Produto N Adeses rea (ha) Produo (t)
Amendoim 16 20 65
Arroz 14 6.000 36.000
Soja 11 75 271
Batata 12 1.000 50.000
Caf 47 6.000 9.000
Tomate 14 159 12.650
Leite 11 _ 60
Mel 30 _ 117
Total 155 13.253 108.163
Fonte: Depros/SDC/Mapa, 2008.
Nos ltimos anos, algumas culturas no frutferas aderidas ao SAPI tambm tiveram not-
vel desempenho em termos de diminuio de uso de agrotxicos, chegando reduo de
at 100% no uso de inseticidas (arroz), fungicidas (arroz) e herbicidas (batata).
Quadro 8 - Porcentagem de reduo no de uso de agrotxicos (n de aplicaes)
no SAPI em relao Produo Convencional.
SAPI - RACIONALIZAO DE AGROTXICOS (%)
PRODUTOCULTURA
Arroz Amendoim Batata Caf
Inseticida 100 25 50 50
Fungicida 100 - 50 33
Herbicida - - 100 66
Fonte: Depros/SDC/Mapa, 2008.
Resultados preliminares de aumento de produtividade e reduo de custos tambm podem
ser observados no SAPI. Para a cultura da batata, houve reduo de 19% a 25% nos custos,
e a produtividade no regime SAPI alcanou valores entre 34 e 40 toneladas por hectare, contra
17 a 20 no sistema convencional. No caso do caf, a produtividade saltou de 18 a 20 sacas
por hectare para 36 a 40 sacas por hectare, com reduo de custos da ordem de 25% a 35%.
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
53
Quadro 9 - Comparativo de produtividade e de reduo de custos entre a Produ-
o Convencional e o SAPI.
SAPI - PRODUTIVIDADE X CUSTO
Cultura Produo Convencional Produo Integrada Reduo de Custos
Batata (t/ha) 17 - 20 34 - 40 19 - 25%
Caf (sc/ha) 18 - 20 36 - 40 25 - 35%
Fonte: Depros/SDC/Mapa, 2008.
At 2007, foram realizadas 56 capacitaes sobre o SAPI para agentes das cadeias pro-
dutivas de arroz, batata, caf e tomate, com a participao de 12.559 pessoas. Tambm
foram organizados 168 eventos e elaboradas 59 publicaes cientficas.
Quadro 10 - Nmero de publicaes sobre o SAPI em 2007.
SAPI - PUBLICAES (Base 2007)
Publicao Quantidade
Anais de Congresso 20
Srie Embrapa 1
Circular Tcnica 5
Outras Publicaes 27
Modelagem Computacional de Monitoramento de Pragas 3
Software 3
Total 59
Fonte: Depros/SDC/Mapa, 2008.
Quadro 11 - Nmero de eventos sobre SAPI e de participantes em 2007.
SAPI - EVENTOS (Base 2007)
Evento Quantidade N de Participantes
Diagnstico 10 120
Seminrio 10 2.558
Simpsio 5 2.110
Workshop 11 130
Reunio Tcnica 46 1.193
Visita Tcnica 50 352
Participaes diversas 36 2.227
Total 168 8.690
Fonte: Depros/SDC/Mapa, 2008.
Produo integrAdA NO BRASIL
54
Produo integrAdA de FrutAs e sistemA AgroPecurio de Produo integrAdA no BrAsil
desafios
Todo o arcabouo legal e organizacional da Produo Integrada est estruturado e en-
contra-se em plena expanso. A consolidao dos produtores que optaram pela adeso
ao sistema dever ser coroada com a aprovao do selo de certificao. Como na PI
no existe uma certificao para transio do sistema convencional, a adeso deve se
completar com a plena adequao ao sistema, em todos os seus quesitos, exigindo es-
foro adicional dos produtores rurais, o que ser plenamente compensado pelo posterior
ganho em termos de controle e das demais vantagens relatadas neste artigo. Portanto, o
momento atual baseia-se na centralizao de esforos na expanso do nmero de produ-
tores efetivamente certificados, gerando volume expressivo de produtos de qualidade aos
consumidores, sem perder o foco na insero de novas culturas ao sistema, inclusive para
o atendimento da demanda crescente e estratgica em setores como o da agroenergia.
Pode-se citar, como aspectos positivos da adoo de Sistema de Produo Integrada de
Frutas, o ganho de competitividade, a agregao de valor aos produtos e o desenvolvimen-
to social. No entanto, sob a tica da segurana alimentar e do desenvolvimento sutentvel,
o maior beneficirio com a melhoria do sistema produtivo, respeitando os aspectos ambien-
tais, sociais e outros da produo agropecuria, sem dvida nenhuma, ser o prprio ho-
mem. Conforme o conceito de Segurana Alimentar e Nutricional de Gomes Junior (2007),
a assimetria de renda e preos dos alimentos segurana e qualidade e sanidade dos
produtos, ao manejo adequado na produo, ao emprego de culturas e meios no hostis
ao ambiente, manuteno da diversidade cultural so fatores que necessariamente de-
vem ser abordados para o pleno estabelecimento da segurana alimentar das populaes.
Esses fatores esto contemplados nos princpios e nas prticas adotadas pelo SAPI.
Mudanas dessa magnitude levam tempo e encontram barreiras difceis de serem transpostas.
importante notar que a Produo Integrada passvel de ser adotada por qualquer porte
de produtor. A participao de pequenos produtores e produtores familiares, organizados em
associaes ou cooperativas, carece de apoio inicial, seja do governo ou de outras ins