Post on 08-Feb-2016
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
Departamento de Engenharia de Construção Civil
PCC2540 – O Edifício e o Ambiente
TRABALHO PRÁTICO
Tecnologia de Sistemas Prediais de Energia
Alunos: Leonardo Briza
Lucas Francisco Perez
Paula Pompeu de Toledo
Rodrigo Losito
Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Helena de Oliveira
São Paulo, 21 de novembro de 2013
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1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA. .......................................................................... 3
1.1. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ........................................................ 3
2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 4
3. O DESENVOLVIMENTO URBANO SUSTENTÁVEL E OS EDIFÍCIOS
SUSTENTÁVEIS .................................................................................................................. 4
3.1. AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE .......................................................... 6
4. SUSTENTABILIDADE NO SISTEMA PREDIAL DE ENERGIA ............................ 7
5. CERTIFICAÇÕES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ................................................. 8
6. EMPREENDIMENTOS CERTIFICADOS .................................................................. 9
6.1. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO – ELEVADORES VERDES ............................. 13
7. BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 24
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1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA.
O presente relatório tem por objetivo apresentar as diretrizes do trabalho prático
da disciplina PCC2540 – O Edifício e o Ambiente, sob coordenação da Professora Doutora
Lúcia Helena de Oliveira.
O trabalho se desenvolve sobre a tecnologia do sistema predial de energia, com
foco na eficiência energética em edifícios comerciais. O tema se faz importante devido à
atual busca por um desenvolvimento mais sustentável, reduzindo o consumo de energia
gerada através de combustíveis fósseis e utilizando as chamadas energias limpas.
As principais fontes de energia no Brasil, responsável pela quase totalidade da
energia gerada no país, são as usinas hidrelétricas, consideradas limpas pois não há
queima de combustíveis fósseis. Porém, visto o crescimento do país e consequentemente
o crescimento da demanda energética, são necessários outros meios para redução do
consumo de energia, seja através de tecnologias novas e mais eficientes, ou através da
utilização de outras fontes de energia limpa, por exemplo a solar ou a eólica.
1.1. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
A urbanização e a excessiva valorização do individual, da tecnologia, do produto e
da economia, contribuíram para acentuar os reflexos negativos da ação do homem, como
o crescimento das periferias das cidades, um consumo aumentado de energia, o
agravamento da poluição, o esgotamento de recursos naturais, a erosão da
biodiversidade, a deterioração da qualidade de vida, a pobreza, a má distribuição de
renda, entre outros.
O conceito que combate esses efeitos é denominado desenvolvimento
sustentável, cuja definição mais conhecida é a proposta no Relatório Nosso Futuro
Comum, da ONU: “aquele que permite satisfazer nossas necessidades atuais sem
comprometer a capacidade de satisfazer as necessidades das gerações futuras” (WORLD
COMMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT, 1987, p. 43). Apesar de ser uma
definição imprecisa, ambígua e pouco operativa, isso não tem impedido que ações sejam
levadas a cabo e a sustentabilidade ganhou bastante espaço no campo prático, tanto nas
discussões teóricas quanto em diversas práticas e técnicas. Isso tem contribuído para que
este modelo seja cada vez mais visto como uma boa alternativa a ser seguida.
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O conceito de desenvolvimento sustentável é formado por um tripé: os caráteres
econômico (aumentar a lucratividade e crescimento através do uso mais eficiente de
recursos), ambiental (evitar efeitos perigosos e potencialmente irreversíveis no ambiente
através de uso cuidadoso de recursos naturais) e social (prioritário; responder às
necessidades dos envolvidos – clientes, fornecedores, funcionários e comunidades locais
– em qualquer estágio do projeto). De forma simplificada, segundo Abiko e Moraes
(2009), ele entende o desenvolvimento como algo de caráter qualitativo, somando
crescimento econômico (quantitativo) a um projeto socioambiental subjacente e
prioritário. É um modelo a ser buscado de acordo com as necessidades e expectativas de
cada sociedade, no sentido de garantir que todo esforço de planejamento do
desenvolvimento leve em conta, simultaneamente, as três dimensões citadas, sem por
em perigo os recursos naturais necessários para este atendimento, atual e futuro.
2. OBJETIVOS
Os objetivos do trabalho são: apresentar o conceito de sustentabilidade no
sistema predial de energia, para edifícios comerciais; apresentar as principais
certificações sobre eficiência energética; analisar o cenário atual do país em relação ao
uso sustentável de energia, destacando as boas práticas existentes; e realizar uma análise
comparativa entre os sistemas de elevadores disponíveis no mercado relativa à
racionalização do uso de energia.
3. O DESENVOLVIMENTO URBANO SUSTENTÁVEL E OS
EDIFÍCIOS SUSTENTÁVEIS
A sustentabilidade coloca em cheque o planejamento territorial e o urbanismo
atuais, nos quais as cidades acabam divididas em uma e outra cidade informal num
mesmo espaço, e cujas inter-relações mostram- se cada vez mais complexas e
conflituosas. É neste contexto que se discute o desenvolvimento urbano sustentável: a
partir da análise dos impactos da ação do homem sobre o meio ambiente e os reflexos
desse novo modelo de desenvolvimento que é posto em discussão.
Mota (1999) define o ambiente urbano como sendo formado por dois sistemas
intimamente inter-relacionados: o “sistema natural”, composto do meio físico e biológico
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(solo, vegetação, animais, ar, água, etc), e o “sistema antrópico”, que é o homem e suas
atividades (organização política, sistema econômico, tecnologia, transporte,
comunicação, educação, informação, atividades social e intelectual, segurança). Dessa
forma, o ambiente urbano interage com o ambiente natural, e os reflexos das atividades
humanas podem ser vistos em ambos.
No processo de construção das cidades o sistema natural desempenha um papel
importante, impondo restrições ao sistema antrópico que se refletem no desenho
urbano, definindo-o. Assim, há predominância de assentamentos e edifícios precários em
áreas de encostas, fundos de vales e várzeas (cidade informal), enquanto a cidade formal
ocupa as áreas mais próprias aos assentamentos e edificações humanas. Além disso,
como colocam Abiko e Moraes (2009), os elementos que vêm das áreas produtoras para
as de consumo acumulam-se nestas em forma de resíduos, poluentes e excesso de
energia, ou seja, aumentam sua entropia. Logo, do ponto de vista termodinâmico, a
cidade e seus edifícios constituem um sistema aberto e em permanente desequilíbrio.
Atualmente a expansão da cidade ocorre em várias direções, inclusive para as
áreas de preservação ambiental. A população de baixa renda, e não apenas ela, tem
ocupado estes espaços, muitas vezes por falta de opção ou orientação e fiscalização de
diretrizes de uso e ocupação do solo, bem como para arquitetura e construção de
edifícios com características sustentáveis de qualidade de vida, nas quais se estabelecem
não apenas as regras e as punições para seu não cumprimento, mas principalmente se
orienta a ocupação do espaço urbano e de suas áreas de expansão pelas indústrias, pelo
comércio e pelas habitações, que, por sua vez, devem incorporar sistemas mais eficientes
e que geram menos impactos ambientais, econômicos ou sociais. A desinformação, a
corrupção, a falta de fiscalização e as leis ambientais, de uso e ocupação e do plano
diretor, também têm sua parcela de responsabilidade. Quem hoje ocupa essas áreas de
uma forma pouco sustentável prejudica a si, pois na maioria das vezes ocupa um
ecossistema frágil, exposto a escorregamentos e a inundações e por outro lado está
prejudicando toda a cidade, pois com sua presença afeta as reservas de água e de área
verde que protegem e melhoram as condições ambientais da cidade, além de diminuir o
impacto termodinâmico negativo no Sistema cidade.
A emergência de novos tipos de bairros e edifícios, que reivindicam o rótulo de
“sustentáveis”, identificou a engenharia, a arquitetura e o urbanismo como verdadeiras
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alavancas em direção a futuros modos de vida mais sustentáveis e, dessa forma, mais
progressistas. Os empreendimentos realizados devem ser integrados a seus territórios,
com impactos sobre o ambiente maximamente controlados, favorecendo o
desenvolvimento econômico e social. A preocupação com o entorno construído se torna
evidente, de forma a entendê-lo como parte integrante do meio ambiente como um
todo.
Podemos perceber uma série de iniciativas justificadas no desenvolvimento
urbano sustentável, como a Construção Sustentável, que busca aliar novos materiais,
tecnologia e processos para minimizar os impactos negativos da construção, com novos
materiais e procedimentos para reduzir perdas e aumentar a integração com o ambiente
natural, sem deixar de lado a questão econômica e a participação comunitária.
Observa-se, porém, muitas vezes, projetos que levam em consideração a
sustentabilidade de forma parcial, exclusivamente focados na questão ecológica e de
preservação, mas que quando analisados em seu ciclo de vida, apresentam maiores
consumos de energia em comparação às construções de soluções tradicionais. Isso
acontece devido à distorção do conceito da Sustentabilidade.
3.1. AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE
Tornou-se claro, a certa altura que, para uma correta avaliação do progresso
urbano, fazia-se necessária uma definição de sustentabilidade por meio de indicadores
mensuráveis que fundamentalmente reflitam o menor impacto ecológico, aliado à
viabilidade econômica e ao bem-estar social, e sem negligenciar nenhuma das partes.
Para isso, existem métodos de avaliação estratégica da sustentabilidade ambiental
urbana, que incluem: PPPs (Políticas, Planos e Programas), Sistemas de Avaliação
(Evaluation) e Métodos de Avaliação (Assessment). Os Métodos de Avaliação, por sua vez,
podem ser subdivididos em Sistemas de Pontuação (Rating Systems) ou Sistemas
Classificatórios (Labelling Systems).
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Os Métodos de Avaliação referentes à qualidade ambiental de espaços urbanos,
como o AQUA e o LEED-NC, dos quais falaremos mais a frente, podem contribuir, segundo
Negreiros e Abiko (2010), para orientar a tomada de decisões nas soluções de projeto,
atuando como ferramentas de orientação, que podem ser utilizadas como simulação no
processo de projeto. Esses Métodos são chamados de “certificações”.
O objetivo desse Trabalho será analisar conceitos e critérios de Métodos de
Avaliação de Certificadores de Qualidade Sustentável de Projeto aplicados de uma forma
geral e em uma obra específica de edifício comercial, afim de refletir e pesquisar sobre
tecnologias de movimentação vertical (elevadores), que reduzam impactos ambientais,
aumentem os benefícios socioeconômicos, a eficiência energética de operação do edifício
e a qualidade de vida dos seus ocupantes.
4. SUSTENTABILIDADE NO SISTEMA PREDIAL DE ENERGIA
“Eficiência energética é a capacidade de utilizar menos energia para produzir a
mesma quantidade de iluminação, aquecimento, transporte e outros serviços baseados
na energia.” (US Report of the National Policy Development Group, 2001).
Os padrões de eficiência energética para edificações têm sido amplamente
utilizados pela maioria dos países industrializados com intuito de reduzir o consumo de
energia elétrica. Esta padronização tem sido considerada nas políticas públicas mundiais
em eficiência energética como “o mais efetivo instrumento em termos de custo-benefício
e de potencial de economia de energia”. Em diversos países, esses padrões vêm sendo
revisados no período entre 6 a 8 anos, visto a complexidade ao considerar-se o sistema
predial de energia como um todo, que integra itens como condicionamento do ar,
aquecimento de água, iluminação, elevadores, sistemas de geração de energia “limpa”,
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etc. Tais padrões são utilizados principalmente para prédios novos, influenciando,
entretanto, o retrofit de edifícios antigos ((Menkes, 2004)).
Os padrões de desempenho energético para edificações (energy performance
standard) são cada vez mais utilizados em conjunto com os padrões de eficiência
energética existentes para materiais e/ou equipamentos (insolação, janelas, boilers etc),
de forma a disseminar o uso desses equipamentos, especialmente na retrofitagem de
prédios.
O mercado tem hoje uma série de tecnologias que podem ser empregadas nos
projetos a preços pouco e nada superiores aos convencionais, que não trazem economia
de energia. No caso dos produtos com um custo inicial superior, normalmente há o
retorno do investimento durante a operação, com a economia de energia.
Como exemplos de solução que podem ser adotados em um empreendimento,
visando a eficiência energética, podem ser destacadas:
Aproveitamento da ventilação e da iluminação natural;
Uso de equipamentos eficientes (lâmpadas, motores, geradores, elevadores, ar
condicionado);
Instalação de aquecedor solar, geradores eólicos e painéis fotovoltaicos;
Implantação de sistemas de automação.
O setor imobiliário é responsável pelo consumo de 41% da energia elétrica gerada,
sendo 18% relativos aos edifícios comerciais (GBC Brasil, 2011). Em um empreendimento
que adote medidas sustentáveis, o consumo de energia tem uma redução média de 30%.
Para atingir esse patamar, mitigar os impactos no meio ambiente e obter
certificados de sustentabilidade, um empreendimento deve ter os conceitos sustentáveis
implementados já na fase de projeto.
5. CERTIFICAÇÕES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Uma evolução dos índices de eficiência energética para edificações foi a
introdução dos certificados que comprovam a eficiência energética dos prédios (building
certificates). Estes possuem uma similaridade com os selos de eficiência energética para
equipamentos e eletrodomésticos, porém mais complexos, ou seja, com maior número
de itens para serem avaliados.
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A certificação de prédios eficientes, por sua vez, evoluiu para a introdução de um
outro padrão de certificação, o dos green buildings, que associam índices de eficiência
energética a padrões de sustentabilidade ambiental. Assim, os green buildings tem por
objetivo minimizar o impacto ambiental causado pela implantação de novas ou antiga
edificações.
Entre os certificados existentes que consideram a eficiência energética dos
edifícios, podemos destacar:
LEED
(Energia e Atmosfera) – Promove eficiência energética nas edificações por meio de
estratégias simples e inovadoras, como por exemplo simulações energéticas, medições,
comissionamento de sistemas e utilização de equipamentos e sistemas eficientes.
Para atender ao critério de eficiência energética do Leed, o primeiro cuidado deve ser
reduzir o consumo. Após a redução de tudo o que for possível, deve-se pensar na geração
ou compra de energia de fontes renováveis e, posteriormente, na garantia de que
durante a operação haja uma boa gestão desses recursos.
6. EMPREENDIMENTOS CERTIFICADOS
Segundo o CBCS, deve-se avaliar as evoluções das práticas socioambientais do
setor da construção civil, e do desempenho socioambiental de um empreendimento em
relação aos níveis médio e de excelência. Os órgãos certificadores do setor, têm como
foco a proposição de um conjunto de indicadores a serem considerados. O CBCS busca
montar uma base de dados pública e uma interface para que os agentes do setor a
alimentem com os valores alcançados em seus empreendimentos, com o objetivo de
verificar e retroalimentar os processos em discussão.
São discutidas boas práticas na concepção, implantação e operação de projetos e
processos, discussão da avaliação de sustentabilidade com relação à realidade brasileira,
e como os dados da base podem se transformar em informações e conhecimentos para
alimentar atividades de pesquisa e inovação em áreas como Qualidade do ambiente
externo e infraestruturas, Seleção e consumo de materiais, componentes e sistemas,
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Gestão do canteiro de obras, Gestão da água, Eficiência energética, Qualidade do
ambiente interno e saúde dos usuários, Operação e manutenção e Poluição por emissões.
A preocupação em seguir pela linha de produtos sustentáveis e investir em planta que
receberá selos que certificam que é uma construção ecologicamente correta cresce cada
vez mais em todo o Brasil. De acordo com levantamento realizado pela Ong GBC-Brasil –
Green Building Council Brasil, 23 empreendimentos do País receberam o certificado
Green Building em 2010 e outras 211 construções terminaram o ano passado em
processo de certificação.
No Brasil, o certificado mais solicitado é o LEED-ND, conforme os gráficos abaixo:
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Os gráficos mostram que o número de empreendimentos que buscam certificação
vem crescendo exponencialmente nos últimos anos, sendo a maior parte (somando
82,9%) do tipo LEED-NC (New Construction & Major Renovation, destinado a edificações
que serão construídas, ou passarão por reformas que venham a incluir o sistema de ar
condicionado, envoltória e realocação) e LEED-CS (Core & Shell, destinado para
edificações que comercializarão os espaços internos posteriormente, englobando toda a
área comum, sistema de ar condicionado, estrutura principal e sistemas prediais). São
mais de 750 empreendimentos certificados até 2013. É curioso observar que 82,6%
desses empreendimentos estão no Sudeste, nos estados de São Paulo (58,5%), Rio de
Janeiro (18,9%) e Minas Gerais (5,2%).
São exemplos:
Apesar disso, o certificado mais adaptado para a realidade e para as conjunturas
brasileiras é o AQUA da Fundação Vanzolini em associação com a Escola Politécnica (USP).
O certificado, porém, está em menos de 100 empreendimentos (65, contra mais
de 800 certificações LEED). Isso ocorre porque o LEED é dividido em diversas categorias,
podendo ter a certificação adaptada a determinada evolução tecno-sustentável, fazendo-
o mais versátil à busca de certificações. Por outro lado, o AQUA é mais completo e não
possui categorias, fazendo com que seja muito mais completo e coerente com o conceito
total de Desenvolvimento Sustentável.
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São exemplos:
6.1. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO – ELEVADORES VERDES
Na corrida contra o tempo, os elevadores ficaram mais velozes, seguros e
confortáveis, atributos indispensáveis, mas não suficientes para atender as novas
Barueri
Rio de Janeiro
Santo André
Guarulhos
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tendências de mercado. O impacto da energia elétrica consumida pelos elevadores é hoje
indispensável quando se pensa em tecnologia aplicada em transporte vertical.
Em edifícios comerciais, os elevadores representam cerca de 15% do consumo
total de energia elétrica, atrás somente da iluminação e do ar condicionado. Existem
diferentes tipos de elevadores no mercado, sendo que os mais eficientes em relação ao
consumo de energia podem trazer uma economia de até 40%, segundo os fabricantes.
O consumo de energia exato de um elevador é um cálculo complexo, pois
envolvem diversas varáveis difíceis de serem medidas, tais como: modelo e características
técnicas do equipamento; demanda de uso (picos de partida); tipos de carga a serem
transportadas; operação dos elevadores (em grupo ou individualmente); entre outras.
O maior consumo de energia se dá pelo motor de tração, porém a luz da cabina, o
ventilador, a operação da porta e o quadro de comando também consomem energia, mas
em menor escala.
Os diferentes tipos de elevadores no mercado são caracterizados por: necessidade
ou não de casas de máquinas; corrente contínua ou alternada; máquina com ou sem
engrenagem; Os mais atuais não possuem casa de máquina e nem engrenagens, sendo
mais facilmente instalados e causando menos impacto na obra, os chamado elevadores
verdes.
Casa de máquinas Frequência Corrente Drive
regenerativo Consumo médio por elevador (kWh/mês)
Sim, c/ engrenagem Contínua Contínua Não 1057
Sim, s/ engrenagem Contínua Contínua Não 945
Sim, c/ engrenagem Contínua Alternada Não 929
Sim, c/ engrenagem Variável Alternada Não 650
Sim, s/ engrenagem Variável Alternada Não 604
Não Variável Alternada Sim 430 Comparativo entre os modelos de elevadores existentes no mercado
Um elevador verde é aquele que aproveita a energia gerada não utilizada e a
redistribui para o prédio, com manutenção mais em conta e espaçada, sem necessidade
de lubrificação nem de casa de máquinas, mais ágil e silencioso. Utilizado em grande
escala desde o ano 2.000 na Europa e nos Estados Unidos, tanto em prédios residenciais
quanto comerciais, os elevadores verdes surgiram para se adequar às demandas dos
green buildings, e a tendência de projetos sustentáveis no Brasil. As três empresas líderes
no segmento – Atlas Schindler, Otis e ThyssenKrupp, que, juntas, detêm 90% do mercado
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no país. A Otis lançou o Gen2 em 2006 no Brasil; poucos meses depois, a ThyssenKrupp
apresentou o Synergy e, em 2008, a Atlas Schindler começou a comercializar os modelos
Schindler 3100, para prédios residenciais de até 8 andares, o 3300, para residenciais e
comerciais de médio porte, e o 5300, voltado a empreendimentos de pequeno porte. Na
Europa e nos Estados Unidos, o Gen2, da Otis, é comercializado desde 2000.
Este último, é um elevador sem casa de máquinas e o primeiro a utilizar sistema
de cintas de aço revestidas de poliuretano para suspender a cabina, ao invés dos
tradicionais cabos de aço, tecnologia inventada e patenteada pela Otis. Tanto as cintas
quanto a máquina sem engrenagem com rolamentos selados não necessitam de
lubrificação. O controle de velocidade é feito por Drives Regenerativos – ReGen que
possibilitam converter a energia desperdiçada em forma de calor em energia limpa,
reutilizável para a rede elétrica do edifício, onde pode ser reutilizada por outros
elevadores, para a iluminação elétrica, para o ar condicionado, para os computadores e
até por outros equipamentos que estiverem conectados à mesma rede elétrica.
A energia é regenerada pelo elevador Otis quando está subindo vazio ou descendo
cheio, com capacidade completa, e ainda durante a desaceleração. A tecnologia utilizada
nos elevadores faz parte do compromisso da Otis com a preservação ambiental, dentro
do programa global The Way to Green que abrange todos dos aspectos das operações da
empresa, desde o design e a fabricação até o final da vida útil de seus produtos.
Na Otis, o Gen2 já responde por cerca de 30% a 40% das vendas; a empresa possui
equipamentos instalados em prédios comerciais e residenciais e, inclusive, no Cristo
Redentor (Rio de Janeiro), no Museu do Futebol do estádio do Pacaembu (São Paulo) e no
Museu Oscar Niemeyer (Curitiba). Na Atlas Schindler, os modelos verdes já representam
20% das vendas e há elevadores dessa modalidade instalados em prédios comerciais e
residenciais nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Entre eles, no Café Otávio, na Avenida Faria Lima, e na sede da Cyrela, na Avenida
Juscelino Kubitschek, ambos na cidade de São Paulo. Já a ThyssenKrupp, apesar de não
revelar o percentual de vendas, tem sentido esse segmento crescer de forma gradual,
correspondendo, em 4 ou 5 anos, a 100% das vendas, eliminando-se, assim, os produtos
que requerem casa de máquinas.
Os custos de instalação dos sistemas mais atuais ainda são os maiores impeditivos
para sua utilização, apesar dos custos de manutenção serem normalmente menores. Tais
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custos devem ser levados em consideração para a escolha, pois, por mais que os
elevadores de última geração utilizem menos energia elétrica, às vezes a instalação não é
economicamente viável para o edifício
A extinção do espaço para o maquinário de funcionamento dos elevadores trouxe
outros dois benefícios aos empreendimentos: o ganho de espaço e a diminuição da
poluição sonora.
CHINA
A Otis fechou um novo contrato com a Longfor Properties, uma construtora
imobiliária líder na China e entregará e instalará 442 elevadores e 10 escadas-rolantes
para projetos residenciais e comerciais em quatro cidades. A encomenda, que inclui
elevadores de economia energética Gen2(R) com drives ReGen(TM) (drives
regenerativos). Para esse novo contrato, a Xizi Otis fornecerá à Longfor Properties um
misto de produtos elevadores que inclui os sistemas Gen2 machine-roomless (em que a
casa da máquina não ocupa um andar) e outros sistemas sem engrenagens com máquinas
de imã permanente e tecnologia de drive ReGen. As unidades serão instaladas nos
prédios residenciais e de escritórios em Pequim e nas três cidades da China Ocidental
Chongqing, Chengdu e Xi"an. Os elevadores Gen2 utilizam correias de aço lisas, revestidas
com poliuretano e reduzem o consumo de energia em até 50 por cento se comparados
aos sistemas convencionais. Quando combinado com os drives ReGen, o sistema Gen2
possibilita uma economia de energia de até 75 por cento. Como explicado ao longo do
trabalho, os drives ReGen capturam a energia geralmente perdida pelo sistema do
elevador como o calor durante as frenagens e faz a realimentação para uma rede elétrica
interna do edifício para o uso de outros sistemas conectados a essa mesma rede tais
como o de iluminação.
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A Otis se diz comprometida em liderar o caminho a um futuro mais verde,
reduzindo o consumo de energia durante todo o ciclo de vida de seus produtos, além de
minimizar o impacto ambiental de seus processos e práticas de produção ao reduzir o
consumo de energia e água. A Otis foi recentemente reconhecida com o certificado de
Liderança de Nível de Ouro em Energia e Design Ambiental (Gold-level Leadership in
Energy and Environmental Design - LEED) pela Green Building Council, dos Estados
Unidos.
http://www.sme.org.br/html/sessao_48/2009/07/10/noticias/id_sessao=48&id_noticia=
282/noticias.shtml
GRAN BALI – SAO JOSE DOS CAMPOS/SP
Entre as tecnologias desenvolvidas para atender o mercado de green buildings,
prédios verdes, as máquinas sem engrenagem vêm ganhando o mercado ao apresentar
vantagens em comparação com as máquinas convencionais com redutores (desempenho
superior e baixo consumo de energia elétrica). Utilizando tecnologia de imãs
permanentes, as Gearless também garantem viagens mais confortáveis devido à baixa
incidência de ruído e de vibração, ampliando o conforto durante o sobe e desce do
elevador. Dispensa o uso de óleos lubrificantes, reduzindo o risco de vazamentos, além
do problema com o descarte do óleo. A ThyssenKrupp Elevadores oferece ao mercado da
construção civil elevadores com máquinas Gearless para edifícios que demandam alta
velocidade (superiores a três metro por segundo), e velocidades médias e baixas (um
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metro por segundo; 1,5 metro por segundo e 1,75 metro por segundo). O Gran Bali,
lançamento da Construtora Cisa, em São José dos Campos, vai utilizar essa nova
tecnologia. Os quatro elevadores do empreendimento serão com máquinas sem
engrenagem.
http://www.cisa.com.br/noticias/detalhes.asp?cod=194
MOSCOU RUSSIA
Para o projecto Metropolis, em Moscou, a Otis fornecerá 75 unidades incluindo 49
elevadores Gen2, 24 escadas rolantes e dois tapetes rolantes. O projecto compreenderá
dois edifícios de escritórios, um centro comercial e parque de estacionamento,
localizados ao longo da principal via rápida que faz a ligação ao Aeroporto Sheremetyevo-
2. Para o Centro Comercial Sony, a Otis fornecerá 10 elevadores, oito dos quais são
sistemas Otis' Gen2. Estará situado em Yekaterinburg, a 1667 km a Leste de Moscou.
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http://www.prnewswire.co.uk/news-releases/os-elevadores-otis-green-foram-
seleccionados-para-importantes-empreendimentos-comerciais-na-russia-153331805.html
JOÃO PESSOA/PB
Os seis elevadores do ECO Medical Center foram adquiridos junto a OTIS, e
possuem tecnologia inovadora utilizada para reaproveitar e economizar energia elétrica,
denominada drive VVVF regenerativo. Estes drives, combinados com uma máquina sem
engrenagem, possibilitam que a energia desperdiçada em sistemas tradicionais seja
reutilizada, tanto na subida do elevador vazio quanto na descida do equipamento cheio,
com a movimentação do sistema praticamente sem gasto de eletricidade. Nestas
situações, o drive VVVF regenerativo aproveita toda a energia potencial armazenada e a
transforma em elétrica limpa e reutilizável, retornando-a ao edifício para consumo
próprio. A economia de energia com a utilização do drive pode chegar até 50%.
Quanto mais alto o edifício, maior a diferença de peso entre o contrapeso e a
cabina. Quanto maior a intensidade e a frequência de utilização nestas condições de
carga (subir vazio ou descer cheio), mais eletricidade é gerada. Os elevadores com drives
regenerativos da Otis garantem proteção eficiente dos sistemas elétricos e eletrônicos,
com redução significativa no consumo.
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http://www.ecomedicalcenter.com.br/noticias/20_aquisicao-dos-elevadores.html
CALGARY, CANADÁ
A Otis Elevator Company, uma subsidiária da United Technologies Corp., ganhou
um contrato de US$26 milhões para fornecer elevadores e escadas rolantes para o The
Bow (O Arco), um edifício de escritórios de 59 andares em Calgary, Alberta, Canadá. O
edifício foi chamado The Bow pelo seu formato em arco e pela suavista do Rio Bow. O
edifício de 1,7 milhões de pés quadrados (157.930 metros quadrados) será a sede da
EnCana, a segunda maior produtora de gás natural da América do Norte, e se elevará a
236 metros acima do nível da rua, fazendo dele a mais alta torre do Canadá fora de
Toronto. Além das escadas e dos tradicionais elevadores para edifícios, a Otis instalará
sistemas Gen2(R).
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http://www.lcdias.com.br/2007/11/elevadores-verdes-em-calgary.html
ALPHAVILLE BARUERI/SP
Através do conceito "Linha Eficiente: Condomínio Menor" a Canopus viabiliza
baixo custo utilizando modernas tecnologias que reduzem as despesas de condomínio e
propiciam maior conforto ao morador. Em particular, os elevadores inteligentes
conseguem otimizar o custo de energia do condomínio. Assim, quando alguém chama os
elevadores, somente um deles se dirige para aquele andar, evitando-se que dois
elevadores atendam ao mesmo andar e desperdicem energia. Os elevadores inteligentes
são equipados com indicadores de posição em todos os andares, um detalhe que traz
mais conforto e praticidade.
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RIO DE JANEIRO/RJ
A Elevadores Otis do Brasil assinou contrato para fornecer 06 elevadores, sendo
02 panorâmicos, e 18 escadas rolantes para as obras de expansão do Casa Shopping,
localizado na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Os elevadores Gen2 foram instalados no
maior shopping especializado em decoração da América Latina, com previsão, ainda, de
um Hotel com vista para a Pedra da Gávea, um Centro de Convenções e estacionamento
subterrâneo para 984 vagas. Os elevadores verdes possibilitarão a redução de 75% do
consumo de energia. Além disso, o shopping possui claraboias que existem nas
coberturas das guaritas, nas salas de reunião de arquitetos e na sala do marketing. É um
sistema de iluminação natural mais eficiente do mundo que capta, transfere e difunde a
luz solar para ambientes internos. Outra novidade é que o CasaShopping vai ter um
sistema para recolher a água da chuva e usá-la na jardinagem e, além disso, as torneiras e
sanitários serão inteligentes para evitar o alto consumo de água.
http://www.brasilengenharia.com/portal/construcao/3299-elevadores-otis-e-escolhida-
para-fornecer-elevadores-verdes-e-escadas-rolantes-para-a-expansao-do-casa-shopping
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SAO BERNARDO/SP
A Elevadores Otis acaba de anunciar investimento de mais de US$ 30 milhões
para a construção de uma nova fábrica em São Bernardo, com uma nova planta no hall de
construções sustentáveis. As novas instalações serão construídas com foco em minimizar
os impactos ambientais e obter a certificação LEED – Leadership in Energy and
Environmental Design – do U.S. Green Building Council´s. Será utilizada energia
natural e sistema construtivo altamente eficiente para ajudar a reduzir o consumo de
energia e também com o intuito de conservação da água. A Otis também anunciou que na
planta de São Bernardo será produzida uma linha diversa dos Elevadores Gen2,
apostando que nos últimos anos a indústria brasileira tem evoluído muito em relação ao
mercado de construções verdes, seguindo a tendência mundial. Aliás, a própria planta da
Otis estará entre as certificadas em breve. A CBG-Brasil acredita que em 20011 haverá
certificação de mais 35 empreendimentos e que serão iniciados processos de
certificações de mais 300 construções.
A nova planta da Elevadores Otis, empresa da United Technologies Corp.
(NYSE:UTX), é parte dos investimentos contínuos em suas operações no Brasil e receberá
o capital inicial de mais de R$ 30 milhões de dólares. Mas para acompanhar o franco
crescimento brasileiro, principalmente no setor de construção civil, a Otis continuará
investindo em tecnologias sustentáveis, treinamento de colaboradores e infraestrutura.
http://economiasa.com.br/elevadores-otis/
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7. BIBLIOGRAFIA
Menkes, M. (2004). Eficiência energética, políticas públicas e sustentabilidade. Brasília:
Universidade de Brasília.
US Report of the National Policy Development Group. (2001). Using energy wisely.
Increasing energy conservation and Efficiency. Reliable affordable and
environmentally sound energy for the American future.