Post on 31-Mar-2016
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— Querida, quer mais um pouco de água com açúcar? — a Sra.
Von Hudsen perguntou, pegando uma taça de cristal com de cima
de uma bandeja de prata que a empregada segurava calmamente.
— Não! — Sofia disse raivosa. Ela queria que sua noite fosse
perfeita, mas percebeu que isso não era possível com ela. — Eu
quero que dêem um jeito naquela menina!
— Mas — a mãe dela continuou, assombrada —, o que você
quer que eu faça?
— Sei lá! — Sofia deu de ombros. — Mãe, você conhece tanta
gente! Não tem como você conseguir que ela saia daquele lugar!
Ela é maluca!
Estavam todos à sua volta: Marcus, Bianca, Edgar, sua mãe a
mais alguma amigas da mão dela que a ajudaram a sair do hotel
com a cabeça erguida. Mas não ia adiantar; no dia seguinte todos
iam saber a vergonha que ela passou. E o vestido feito especial-
mente para ela e para aquela ocasião… bem, o vestido não impor-
tava tanto; o que importava era seu orgulho (que, naquela hora,
estava para baixo).
Mas todos estavam dando muita força. Ao longo da viagem de
volta para a casa, Mark ficou toda hora ao lado dela, deixando-a
que ela deitasse em cima do seu colo e ficasse jorrando suas lágri-
mas por cima de sua calça de marca. Mas ele não se importava
com isso; o único problema era que por causa daquela menina ma-
luca, ele e ela não teriam a noite que eles tanto queriam.
— Quer mais alguma coisa? — Perguntou Mark; ele tinha um
jeito meigo w carinhoso de falar com ela que fazia os ouvidos dela
sentirem cócegas.
— Não, obrigada. — Ela respondeu em um tom calmo e sutil
como ele tinha falado com ela.
Na verdade, ela queria é gritar, levantar daquela cama e voltar
àquele hotel e jogar aquela menina para fora do hotel junto com
qualquer um que tentasse chegar na frente dela ou estivesse guar-
dando-a. mas uma coisa ela tinha aprendido: não faça agora desca-
radamente, faça depois escondido.
— Tem certeza? — agora era a mãe dela que estava falando. Ela
queria por que queria que sua filha tomasse mais um copo de água
com açúcar; ela já tinha tomado uns cinco copos e estava satura-
da.
— Absoluta. — Ela respondeu.
Seus olhos estavam vermelhos e lacrimosos de tanto chorar. Nin-
guém tinha visto mesmo ela chorar tanto quando ela tinha chora-
do naquela noite. Ela estava mesmo com raiva, porque não era
com certeza choro de tristeza; era de muita raiva.
Mas ela teria que deixar para lá, além do mais, olhando exata-
mente para a cara de sua mãe, ela não ia mesmo resolver nada da-
quilo naquela noite; talvez na manhã seguinte — mas só talvez.
Sofia olhou à sua volta, tentando achar alguém que não estava ali.
Mas porque ele não estava ali, se quem estava deitada na cama era
a filha dele?
— Mãe — começou Sofia com a voz carrancuda novamente —,
onde está meu pai?
— Há — Sra. Von Hudsen começou —, s-seu pai? Bem, ele teve
que fazer uma viajem de negócios para São Paulo quando estáva-
mos dentro da festa. Ele não quis te atrapalhar, então ele achou
melhor não avisar.
— Hum! — foi a única coisa alta que ela disse. mas ela sussurrou
para ela mesma, para que ninguém pudesse ouvir: — Seria novi-
dade se ela ficasse pelo menos uma vez numa festa toda.
Mas então, ela pensou em algo muito mais importante do que
seu pai e suas viagens do nada; ela já estava acostumada com isso:
ela pensou em algo que podai colocá-la para baixo em poucos mi-
nutos. E aquilo a deixava morrendo de medo.
— Mâe! — ela gritou e todos olharam para ela instantaneamen-
te.
— O que foi, me amor? — não era a mãe dela que estava falan-
do, mas, sim, Mark, o seu namorado. — Alguma coisa está doen-
do?
— Não! — Sofia estava histérica. — Mãe! E os paparazzi? Eles
devem ter tirado alguma foto de mim! O que eu faço?
Marcos achavam impressionável a capacidade de Sofia se esque-
cer das coisas muito rápido. Exemplo; se fosse o seu pai que não
estivesse ali, ele ficaria pensando isso a semana toda. Ele apostava
que ela, no dia seguinte, já estava esquecendo-se de tudo o que
tinha acontecido. Mas esse era o jeito dela e, felizmente, ela era
assim; senão ela iria ficar a semana toda pensando e brigando com
ele porque ele tinha chegado um pouco atrasado na festa.
— Querida, não se preocupe; eu acabo de ligar para todas as re-
vistas que eu lembrei e deisse que se colocassem algo sobre você
em qualquer página, ele iriam ter que sofrer as conseqüências no
tribunal. — Sra. Von Hudsen falou com um sorriso nos lábios,
tentando fazer com que filha ficasse um pouco mais calma, mas
era bem difícil fazer isso.
— Mãe, e o seu vestido? Alguém vai ter que pagar, não é? Aque-
le fedelha não devia ter rasgado sua obra de arte!
Sofia não se importava muito com a „obra de arte‟ da mãe; ela só
queria um jeito fazer com que aquele menina estranha pagasse por
ter feito ela pagar um grande mico na frente de pessoas de alto lu-
xo, famosos e pessoas com um alto poder aquisitivo na cidade.
Mas ela ia pagar, Sofia tinha certeza disso.
Enquanto todos estavam pensando em tudo o que tinha aconte-
cido com Sofia, Bianca pensava em algo que ela achava de extre-
ma importância — talvez mais importante do que o escândalo
com Sofia. Ela sabia, não, agora ela tinha certeza, de que eles não
iam voltar mesmo e ela estava segura agora perto de Sofia; ela se
preocupava muito em voltar á sua vida de pata-choca que nin-
guém a conhecia.
Ela ficou com muita raiva quando o próprio namorado dela fa-
lou para ela um dia desses que ele nunca tinha prestado atenção
nela. Na verdade, ele tinha achado que ela era nova no colégio e
que tinha vindo de um lugar de fora. Mas era tudo mentira; ela
sempre estava naquele colégio; o problema era que ninguém pres-
tava atenção nele.
Mas aquilo era passado. Ela tinha que pensar no presente e no
futuro.
— Bianca! — Bianca levou um susto com o grito que Sofia deu.
Ela olhou para a menina que olhava com mais raiva para ela. —
Aprendeu a sonhar acordada?
— O que? — Bianca perguntou, sem saber do que Sofia estava
falando.
— Eu estava falando com você, e você estava olhando para o
nada. Estava pensando em que?
Hí, ferrou! O que ela iria falar? Será quer seria o certo falar toda
a verdade que estava em sua cabeça, ou mentir? Ela optou pela
mentira, até porque Sofia tinha mentido para ela quando ela per-
guntou o que ela e Mark iriam fazer naquela noite. Se ela optou
pela mentira primeiro, Bianca seria a segunda a fazer isso.
— Estava pensando em quantos modos distintos você pode pro-
cessar os pais da menina.
Felizmente, aquele pensamento estava numa parte da sua mente
que já oi pensada, senão ela iria travar muito.
— É mesmo? — Sofia pareceu interessada. — Conte-me mais!
— Exemplo: — Bianca estava se enturmando com a conversa,
então tudo tinha saído bem — você pode processá-la por danos
morais e psicológicos. Bem, ela acabau com o seu vestido, não foi?
E te deixou um tanto envergonhada.
— Um tanto? — Sofia continuava a dizer. — Ela me deixou foi
MUITO envergonhada e vai ter que pagar por isso! Aquela vaca…
— Sofia! — repreendeu a mãe. A mãe podia falar muito pala-
vrões, mas não suportava que mas alguém falasse.
Sra. von Hudsen também ao era aquele tipo de pessoa vulgar
que falava palavrões em qualquer lugar e xingava todo mundo;
até porque ela não morava na favela. Mas um “merda” e “foda-se”
era palavras que escapuliam da boca.
— Desculpe-me, mãe, mas eu estou com muita raiva! — Sofia se
desculpou, dando um sorriso de rancor para ela.
— Bem, tudo certo. — A mãe dela estava cansada já e queria
dormi, mas seria mito mal-educado expulsar as pessoas para fora
de casa.
Por outro lado, Sofia queroia muito que seus amigos ficassem ali
a noite toda e que eles conversassem sobre muitas coisas… aliás,
ela estava com saudades de quando eles jogavam Verdade ou Con-
seqüência quando estavam na sétima série. Talvez, se sua mãe os
deixassem em paz, eles poderiam voltar a jogar.
Infelizmente aquela não era hora para jogos. Como se estivesse
lendo os pensamentos da Sra. von Hudsen, Edgar bocejou, colo-
cando as mãos na frente da boca, levantou-se e disse:
— Bem, já esta tarde. Tenho que ir. — ele virou-se para Sofia.
— Melhoras, Sofy.
— Eu não estou doente! — Sofia respondeu mal-encarada. —
Eu só estou com muita vergonha para sair da cama, é só isso.
Edgar deu de ombros. Ele sabia o que Sofia tinha, mas queria
ser educado. Porém, ele sabia que não existe gentileza com Sofia;
ela era o tipo da pessoa que só gosta do óbvio, mas nem ela mesma
é óbvia.
— Ok — ele continuou —, te vejo um dia desses.
— Eu acho que sim. Bem, depois que eu der um jeito nessa me-
nina.
Bianca, depois de um tempo, levantou-se também. Seria uma
boa hora para pegar uma carona com seu namorado, Edgar. Mas
ela não achava se seria bom… talvez ele poderia estar com segun-
das intenções para cima dela. Mas pelo jeito como ele levantou, ele
estava muito cansado para fazer qualquer coisa mais naquela noi-
te.
— Também vou. — Disse Bianca. — Eu sei que amanhã é sába-
do, ma eu estou muito cansada para ficar em qualquer lugar que
não seja a minha cama. Sofia, amanhã em liga e me diz como você
está, ok? Até mais, pessoal.
Todos assentiram com um “boa noite”. Em poucos minutos, só
havia Sofia, Sra. von Hudsen, Marcos e a empregada naquele
quarto. Mark também queria ir embora, mas não achava certo
deixar Sofia naquele estado; com muita vergonha do acontecido e
com um raiva de tudo: da menina que fez aquilo com ela e, princi-
palmente, do pai.
Aquilo era mesmo muito deprimente. Ele mesmo nção saberia o
que fazer se alguma coisa dessas acontecesse com ele — se alguém
do nada viesse para perto dele e puxasse a roupa dele até que tal
fosse rasgada.
— Querido Marcos — Sra. von Hudsen começou —, será que
não é melhor que você vá embora? Seus pais já devem estar preo-
cupados.
Mark olhou pelo seu relógio Rolex com alguns diamantes em
volta e todo feito de metal. Aquele relógio era só para festas im-
portantes como as daquela noite, até porque ele poderia muito
bem ser roubado se andasse com ele nas ruas cheias do Rio de Ja-
neiro.
— É mesmo, Sra. von Hudsen. — Ele disse, levantando-se do
canto direito da cama, onde ele estava junto com Sofia. — Sofy —
agora ele olhou para a menina —, qualquer coisa é só me ligar, ok?
Te vejo amanha?
Sofia assentiu.
Ela tinha os olhos ainda vermelhos de choro e estava com uma
cara não muito boa. Mas ela sorriu para ele enqaunto Marcos esta-
va parado, olhando pela última vez naquela noite para ela. Depois
virou-se para a mãe dela:
— Se precisar de alguma coisa, a senhora sabe o meu número.
— Obrigada — ela disse. — Com certeza, eu irei te procurar. Vo-
cê está quase sendo da família!
Será que aquilo era algum tipo de mensagem secreta?
Mark ficou com um pouco de medo que a Sra. von Hudsen esti-
vesse falando alguma coisa para ele; talvez ela estivesse chamando
-o para que ele pedisse sua filha em casamento ou alguma coisa
assim. Mas eles eram muito novos para se amarrarem em algum
conpromisso logo.
Minha mãe tem que ser um pouco mais discreta!, pensou Sofia.
Ela estava com muita vergonha quando ela sabia exatamente que
a Sra. von Hudsen estava jogando para que Mark falasse alguma
coisa sobre um compromisso mais forte. Ela sabia disso porque
alguns dias atrás sua mãe tinha conversado com ela sobre casar-se
para que a fortuna da família não sumisse — como se ela fosse u-
ma princesa; o que ela realmente não era.
Já não bastava ter acontecido a pior coisa do mundo naquela
noite, a sua mãe estava deixando-a com vergonha. Naquela hora
ela adoraria estar na Barra Shopping comprando sem parar, como
uma louca.
— Tchau, querido — a mãe de Sofia disse, abrindo um largo sor-
riso para Marcos.
— Tchau Sra. von Hudsen — ele respondeu. — Tchau Sofy.
Mark deu um beijo na testa de Sofia e saiu. Pouco tempo depois,
ele estaria passando na frente de um bar, mandando que o moto-
rista dele parasse ( a uma da manhã), entrando no bar e compran-
do um maço de Marlboro para matar a vontade.
Ele sempre fumava para se acalmar; aquele era seu costume.
Sofia estava ainda deitada na cama, morrendo de sono, mas sem
descarregar nada em lugar nenhum. Naquela hora, ela teve vonta-
de de pegar um dos seus cinco travesseiros de pena de ganso, pegar
uma faca e rasgá-lo todo, como se estivesse rasgando a cara da me-
nina da festa.
Mas ela não podia ser assim. Se ela fosse assim seus pais iriam
colocá-la no hospício e ela seria a primeira capa de todas as revis-
tas do Rio de Janeiro, talvez até do país todo: “Nossa queridinha
Sofia von Hudsen foi internada nessa manhã em um hospício. Será
que ela ficou mesmo maluca?”
— Sofy, eu vou dormir. — sua mãe a acordou de seu pesadelo,
felizmente. — Quer mais alguma coisa?
— Mãe, mãe. Obrigada. — Sofia se levantou da cama e sua mãe
a olhou assustada, então ela continuou: — Eu só vou pegar uma
camisola para dormir, tomar um banho e pronto, ok? Pode ir dor-
mir.
— Tem certeza?
— Tenho, mãe.
A mãe dela saiu do quarto relutante. Quando Sra.von Hudsen
saiu do quarto, Sofia pegou um maço de cigarros Marlboro que
estavam escondidos em baixo do colchão de sua cama (num espaço
que não dava para que os cigarros fossem amassados), pegou uma
camisola de seda pura da Vitoria’s Secret comprada em Nova
York e colocou o maço de cigarros no meio.
Depois, foi para o enorme banheiro do apartamento cobertura
dela e dois pais e abriu a jacuzzi de mármore, sentou-se na privada
dourada com partes de ouro puro e esperou que a jacuzzi ficasse
toda cheia de água. Mas primeiro, trancou a porá do banheiro.
Quando estava tudo pronto, Sofia tirou a roupa, entrou dentro
da jacuzzi já cheia de água fria para que ela se refrescasse — e o
cabelo não estragasse —, pegou um cigarro e o isqueiro, acendeu-o
e tragou um pouco, para tentar esquecer do acontecido.
Infelizmente, aquilo seria difícil.
CLASSIFICADOS
NOTÍCIA DA FESTA DE SEXTA
Todos estão doidos para saber os
detalhes do ocorrido da festa de
sexta-feira, mas o único detalha de
extrema importância é que a menina
maluca que mora no Copacabana
Palace estragou o lindo vestido de
nossa querida Sofia. Que pena para
ela!
CARTA DO DIRETOR
Uma boa semana para vocês, Queri-
dos alunos do Colégio David’s.
espero que o seu final de semana foi
um ótimo final de semana que eu
estejam preparados para suas pri-
meiras aulas de hoje.
Os mais sinceros votos,
Diretor Parkson
TESTES PARA PEÇA DO ANO
Atenção, vocês que querem fazer a
nova apresentação da pessoa do ano
da escola, por favor, se comuni-
quem com a Pri Ribeiro do sitema
de Teatro da escola para se inscre-
verem. Ou mesmo ligue:
2645-0645
Estamos esperando!
ATENÇÃO AOS ALUNOS
Foi enviada uma carta da família
Selles dizendo que haverá uma festa
nesse final de semana no barco na
Marina da Glória para a comemora-
ção da volta deles.
_____________________________
Bem, se eles voltaram, então tudo
vai ficar melhor do que estava. Só
basta esperar e ver o que vai aconte-
cer!
Anônima.
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Sofia não podia acreditar — será que aquilo que estava escrito na-
quele jornal era mesmo verdade?
Será que ela seria tão azarenta que eles estariam ali? Aquilo de-
via ser impossível; tinha que ser impossível. Alguém devia estar
brincando com ela, pois sabia de tudo o quer tinha acontecido, só
podai ser isso. Ela olhou para Bianca que estava ao seu lado… ela
não podia ser; Sofia tinha certeza que Bianca não sabia de nada
que tinha acontecido com ela, até porque Bianca não era uma It
quando aquilo aconteceu. Mas… quem podia ter feito isso com e-
la? Ela tinha quase certeza absoluta que ninguém sobre isso.
Aquilo estava muito estranho…
E estava mesmo, estranho. Ela tinha muito medo do que poderi-
a acontecer.
— Sofia, aconteceu alguma coisa? — perguntou uma menina do
segundo primeiro ano, que era amiga de uma das amigas de Sofia
do segundo ano.
Sofia ainda estava no segundo ano e estava doida para que che-
gasse no terceiro ano; o ano do show — como ela costumava dizer.
Se bem que o pessoal do terceiro ano não era tão popular quanto
ela e suas amigas. Felizmente, faltava apenas dois meses para que
aquele ano acabasse e chegasse logo o dia que ela entraria no ter-
ceiro ano de novo.
Foi por isso que ela achou que tinha alguma coisa de errado: nin-
guém em sã consciência entraria numa nova escola quando faltas-
se apenas dois meses para o final… bem, ela achava que não.
— Eu quero água! — foi a única coisa que ela podia falar, dei-
xando de lado a perguntinha idiota de menina do primeiro ano.
A menina saiu correndo para a pequena lanchonete que tinha
dentro do colégio — uma lanchonete elegante para pessoas elegan-
tes (na realidade, havia dentro do colégio um McCafé só para eles).
Ela sentou-se num banco de madeira totalmente trabalhado com
uma madeira escura e bem elegante (que devia ter sido comprada
na Tock & Stock) que combinava com toda a escola, esperando a
lerda da menina que não estava trazendo para ela a água que ela
tanto pediu.
Sofia fechou os olhos, tentando parar de sentir o enjôo horrendo
que ela estava sentindo; ela parecia que ia vomitar ali mesmo no-
do o delicioso cardápio de café-da-manhã que o cozinheiro profis-
sional dela tinha feito naquela manhã.
— Aqui. — A menina demorada falou, entregando à ela uma
garrafa de água mineral com gás (todos da escola sabiam tudo so-
bre Sofia), que ela fez questão de abrir logo e dar duas enormes
goladas — mesmo que não fosse elegante. — Está melhor?
E lá vinha aquela menina chata novamente perguntar à ela s ela
estava melhor. Ela abriu desnorteada a sua bolsinha de mão Pra-
da que a mãe dela tinha comprado no New York Fashion Week e
pegou uma nota de dez reais, entregando para a menina chata.
— Obrigada. — Foi a única coisa que Sofia disse.
A menina soube exatamente o que tinha que fazer: deixar ela em
paz. E foi isso que ela fez. Pouco tempo depois, Sofia estava sozi-
nha naquele banco elegante, pensando se aquilo tudo que estava
acontecendo com ela era mesmo verdade ou se ela só estava em um
pesadelo e ia acordar logo.
Bianca estava exasperada, ela não estava acreditando no que ela
estava lendo no jornal de escola naquela manhã; o medo dela ti-
nha virado realidade: eles estavam mesmo ali e ela tinha que ar-
ranjar um jeito de fazer com que Sofia não chegasse perto deles de
maneira nenhuma.
Mas, talvez, Sofia nem ligasse para eles e continuasse amiga dela
e tudo ficaria como era antes. Mas, pelo que ela leu no jornal, tal-
vez Sofia tinha adorado… talvez era ela quem colocou aquela no-
tícia abaixo do anuncio da Festa de Chegada deles — ou alguma
coisa parecida.
Ela não podia acreditar, mas também estava acreditando. De
uns dias para cá, Sofia estava mentindo muito para ela e talvez ela
já estivesse cansada dela e a estava despachando. Ela torcia para
que isso não fosse verdade.
Enquanto passava pelo grupo de jogadores de futebol que sem-
pre ficavam na frente da entrada que dava para o lado do colégio
onde só os meninos ficavam, que ela tinha certeza tinha Mark e o
namorado dela como integrantes.
Ela subiu mais algumas escadas, vendo uma menina morena sen-
tada num dos bancos de madeira pesadas da escola, de cabeça a-
baixada que ela conheceu muito bem: Sofia. Mas… porque ela es-
tava assim?
Havia um exemplar do jornal da escola jogado no chão, quase
sendo pisado pelos pés dela.
Bianca chegou mais, perto, tentando ver se havia acontecido
alguma coisa muito ruim com Sofia — talvez fosse mais ruim do
que alguém voltando de algum lugar que você não sabia aonde e
você com medo de que esse alguém pegasse o seu lugar.
— Sofia — Bianca começou, olhando diretamente para o rosto
da amiga que estava abaixado —, aconteceu alguma coisa? Quer
falar sobre isso?
De repente, algo que Bianca nunca ia esperar de Sofia aconteceu,
A menina levantou-se e abraçou-a, um forte abraço de alguém
estava carente, pois tinha perdido o namorado e estava com de-
pressão, ou de alguém que teve os pais separados, ou algum trági-
co acidente tinha acontecido.
— Sofy, fala para mim: aconteceu alguma coisa? — Bianca ten-
tou de novo, mas nada estava acontecendo; Sofia não falava nada;
ela apenas a abraçava de uma maneira que ela nunca tinha abra-
çado ninguém.
Não na frente de Bianca.
— Há, minha amiga… - foi a primeira coisa que Sofia disse de-
pois de bastante tempo. — Eu queria tanto alguém para desaba-
far… só que… eu não posso falar nada.
— Por quê? Aconteceu alguma coisa em casa? ou foi você com
seu namorado esse final de semana?
— Não foi nada de ruim… — Sofia continuou. — É só que eu
não posso explicar agora. Entende?
— Sim. — E era verdade; Bianca entendia completamente.
Principalmente porque ela também tinha algo para contar para
Sofia, mas não conseguia, ou… não podia. Aquilo era extrema-
mente pessoal. Se bem que ela também não podia chegar para
Sofy e dizer “amiga, eu também tenho uma coisa para te contar:
eu tenho muito medo de que você me deixe de lado novamente e
volta para esse pessoal”. Mas aquilo seria muito mesquinho e hipó-
crita. O mais importante naquela hora era Sofia: ela não podia
sofrer, não mesmo.
Mas o que Bianca podia fazer? Ela não tinha nada para fazer e
estava com muito medo de falar alguma coisa que deixasse a ami-
ga ainda mais magoada. O único jeito de ajudá-la, era deixando
que ela a abraçasse novamente e esperar que alguma coisa aconte-
cesse.
Mas ela tinha que rir naquela hora. Era estranho como, mesmo
que estivesse chorando e com a cara toda vermelha de choro, Sofia
ainda estava linda!
A roupa da escola era uma saia até a metade da cocha da perna,
toda pregada e xadrez. O tecido da saia era um tecido bonito e lus-
troso; elegante. Havia, também, uma blusa da alfaiataria, feita de
algodão puro. Bianca se lembrava de quando era de um tecido tão
ruim que fazia com que a pele cheia de alergia e cuidado dos estu-
dantes dali coçava tanto que eles foram obrigados — pelos pais,
lógico — a mudarem o tecido.
E, como sempre, os pais é que escolheram o tecido e tudo mais.
Quem estava na cabeça disse era a mãe de Sofia, SRa. von Hud-
son, ou — como os mais conhecidos chamam — Karla. Ela redese-
nhou o uniforme do colégio e procurou um tipo de tecido que era
bem melhor. E todos, é claro, adoraram.
Então, o uniforme da escola era literalmente da griff elegante
(que ficava no Barra Shopping) da mãe de Sofia.
— Sofy, você quer alguma coisa? — Bianca continuou, sussur-
rando no ouvido da amiga. — Quer que eu pegue um cappuccino
para você na lanchonete?
Por um instante, Sofia não disse nada; ela ainda estava em cho-
que com o que tinha acontecido com ela — que Bianca não sabia,
e tinha certeza que não ia saber tão cedo. Mas, depois, ela falou
calmamente:
— Não, obrigada. Não agora; talvez depois.
— Então, o que você quer?
— Ir ao banheiro. Eu preciso urinar.
As duas riram; Sofia tinha essa mania de não dizer “fazer xixi”
nem “fazer cocô”, ela achava vulgar demais. As duas, de mais da-
das, passaram por todas as calouras cheias de êxtase para falar
com as duas, sem perceber que só faltava que essas meninas pulas-
sem de tanta alegria quando as duas passavam por elas.
Se bem que Bianca percebeu. É claro que ela ia! Pois ela era uma
daquela calouras, que ficavam todas animadas quando os popula-
res pelo menos mexiam a cabeça num aceno para elas, ou apenas
pediam licença.
Talvez — num futuro muito distante — aquelas calouras podi-
am ser as novas Sofia e Bianca. Mas aquilo só depois de elas saís-
sem do colégio (o que faltava um ano e dois meses para isso).
— Eu adoraria fumar um cigarro agora. — Sofia estava dizendo
quando entrou pela porta do bannheiro. — Você tem um?
— Você fuma? — Bianca parecia estar embasbacada; ela nunca
tinha visto Sofia fumar, por isso, ela pensava que a menina não
gostava.
Sofia deu de ombros.
— às vezes, quando eu estou muito estressada. — Ela respon-
deu,
— Que bom! — disse Bianca, abrindo sua bolsa Chanel e pegan-
do um maço de cigarros Marlboro Light de uma caixa de coro para
cigarros Prada. Pegou um isqueiro que ela tinha ganhado em um
amigo-oculto no natal do ano passado, entregou um cigarro à Sofi-
a e acendeu o dela. — Então eu não sou a única! — ela, depois,
passou o isqueiro para a amiga, que acendeu, também.
Mas havia um grande problema: e se as pegaram ali?
Bianca nunca tinha feito isso e estava com muito medo; ela não
sabia como era fazer as coisas escondido — porque nunca precisa-
va fazer. Menos fumar; os pais dela eram contra o fumo. Menos os
pais de Sofia, que fumaram por um bom tempo, a mãe dela parou
quando descobriu que estava grávida dela e o pai ainda continua-
va com o seu vício.
Bianca fumou pela primeira vez um ano atrás, quando ela esta-
va em uma festa de debutantes da filha de um amigo escritor dos
pais dela, e alguém chegou para perto dela (um menino um ano
mais velho na época, e muito bonito) e eles começaram a conver-
sar. Depois ela descobriu que ele fumava e ela pediu um para ver
como era a sensação.
Desde aquele dia, ela não parava de fumar. Mas fumava apenas
quando necessitava. Exemplo: naquela hora, quando estava ela e
Sofia com depressão — cada uma sem saber porque a outra estava
— e elas necessitavam dar um trago… bem, não exatamente isso;
ela só fumavam cigarros normais: drogas nunca entraram na boca
delas.
— Vamos por aqui. — Sofia disse, puxando a amiga para dentro
de um Box do banheiro feminino.
As duas trancaram-se no Box e ficaram ali, paradas, sem falar
nada, apenas fumando. Aquela sensação dava um alívio nelas, co-
mo se tivessem tirado um peso do corpo. Mas, Bianca estava preo-
cupada com sua amiga; ela podia estar normal, como sempre, mas
era isso que a preocupava. Sofia não podia estar normal quando
ela passava por alguma dificuldade; não era da índole dela.
— Que horas são? — Sofia perguntou.
Bianca pegou seu Nokia Smartphone da bolsa Chanel e o abriu
num click quase silencioso.
— Dez para as oito — ela respondeu. — Ainda temos dez minu-
tos de sobra.
Elas sempre chegavam cedo, isso era de seu costume. Toda vez,
dede quando Sofia começou a ser amiga de Bianca, as duas marca-
vam para chegar cedo todos os dias da semana que tinham colégio,
assim, elas poderiam fofocas sobre as coisas que tinha acontecido
no dia anterior — mesmo que as duas estivessem juntas, que era o
que elas sempre faziam.
Mas havia dias que elas não podia falar sobre nada quando esta-
vam juntas, pois estavam acompanhadas dos namorados ou dos
pais. Quer dizer, na maioria das vezes, as duas saíam com os pais
de Bianca, que tinham um enorme escritório de advocacia (um dos
melhores do Rio de Janeiro) no centro da cidade; exatamente na
Avenida Rio Branco.
As duas andavam juntas por todo o centro… compravam, com-
pravam e compravam — tudo em cartão de débito que era tirado
na hora da conta MUITO gorda dos pais. Elas eram ricas, porque
não podiam aproveitar?
E era aquilo que as duas pensaram ao mesmo tempo enquanto
estavam paradas, em pé dentro de um dos cinco limpos boxes do
banheiro feminino da escola David’s para Meninas: as duas teriam
que fazer compras naquele dia.
— Vamos? — Perguntou Sofia, sabendo exatamente o que a a-
miga estava pensando.
— Mas é claro que vamos! — Bianca respondeu excitada com a
idéia.
Ela olhou para o seu celular novamente, vendo que ainda falta-
vam oito minutos para que o sinal tocasse — elas ainda tinham
muito coisa que fazer nesses oito minutos dentro daquele banhei-
ro.
Marcos estava num canto do pátio da escola David’s para Garotos
com Edgar ao lado. Os dois estavam bem no muro que separava a
escola masculina da escola feminina. Marcos estava doido para
pular aquele muro e ficar perto de Sofia.
Ele queria muito saber como ela estava, como tinha sido o final
de semana para ela — pois ele não pode ligar para ela; ele estava
meio ocupado, tendo que fazer algumas coisas para sua mãe que
não o deixava quieto um minuto.
Então, depois de sexta-feira, quando tudo tinha acontecido com
Sofia, ele não pode falar nada com ela, mais. Será que ela tinha
ficado com raiva dele e também não ligou? Ou será que ela ainda
não está bem?
Na ida par o colégio, ele chegara a pensar que Sofia podia ter
tido uma crise como ela sempre tem e não iria para a escola essa
semana toda; todo o dia ela iria direto ao shopping comprar rou-
pas novas que não estavam dando mais no cabide dela.
Felizmente, de seis em seis meses, Sofia doava seus roupas para
os pobres. Na verdade, ela entregava suas roupas à uma igreja que
sua mãe costumava a ir (mas não vai mais). Essa igreja falava que
as roupas iriam para os pobres, mas Sofia nem ligava se iam ou
não (e Marcos tinha certeza que não iriam), ela queria deixar seu
guarda-roupa limpo para que coubessem mais e mais roupas novas
nele.
Marcos era o tipo da pessoa que gostava de se arrumar; ficar
bem sempre era a melhor coisa, mas ele também não tinha essa
vontade de comprar e comprar assim como sua namorada tinha.
Mas não tinha problema; se ela gostava de ser assim. Então era
assim que ela seria e ninguém iria tirar isso dela. Ela se amava.
Os dois estavam conversando sobre a festa de sexta, que estava
muito boa, mas, depois do acontecido, tudo tinha despencado nu-
ma velocidade absurda.
Eles também estavam falando da menina estranha que morava
naquele hotel. Eles tinham uma questão muito interessante para
se tratada: como que um hotel tão elegante daquele tinha hóspe-
des… quer dizer, moradores (Porque aquela menina já era uma
moradora dali) tão estranhos assim?
Aquela era uma pergunta que não teria resposte — não agora.
Eles vestiam calças de alfaiataria verdes que combinava com o
emblema do colégio que estava preso na camisa de alfaiataria de
botões. Para combinar com tudo, os meninos tinham uma gravata
verde que ficava bonita neles. Aliás, não havia nenhum roupa que
não ficasse bem neles. Parecia que eles já tinham nascidos daquele
jeito: para combinar com tudo.
— Você sabe, mais ou menos como é que está Sofia? — Marcos
perguntou para Edgar.
Ele poderia saber côo sua namorada estava, pois a namorada
dele e Sofia eram muito amigas — mesmo que ele soubesse, bem
dentro dele, um segredo que ele não podia contar para ninguém,
que antigamente Sofia e Bianca não eram amigas, Sofia andava
mais com eles e Bianca era uma pessoa que quase ninguém conhe-
ceria: uma menina gordinha e estranha, nada popular.
— Bem — começou Ed, arrumando a gravata para que ficasse
um pouco mais larga e não apertasse sua garganta —, Bianca me
disse no domingo que no sábado Sofia já estava bem melhor, e que
tinha se esquecido de tudo… bem, de quase tudo que tinha acon-
tecido.
Se Sofia já estava melhor, então porque ela não ligou para ele?,
queria saber Mark. Ele tinha tantas opções na mente, mas nenhu-
ma que o fizesse esquecer mesmo da opção de Sofia-não-quer-falar-
com-você que estava martelando na mente dele.
— Mas, você sabe mais alguma coisa? Tipo, porque ela não deu
notícia de vida ou algo assim? — Mark continuou, tentando achar
alguma coisa que o fizesse acreditar que Sofia estava apenas sem
condições de ligar para ele.
— As duas tiveram um final-de-semana só para elas — respon-
deu Ed. — Elas não queria que nenhum namorado atrapalhasse
esse fim de semana.
— Porém, o problema é esse: Bianca te ligou no domingo, a úni-
ca notícia que eu recebi de Sofia foi uma mensagem dizendo “eu
estou bem, não se preocupe” que ela me mandou depois de varias
mensagens e ligações que eu fiz para ela!
— Mas, Mark, pensa pelo lado positivo (eu acho): ela foi a pessoa
que mais sofreu com isso tudo. Você não acha que ela iria querer
se distanciar dessas coisas por um tempo.
Marcos deu de ombros. Mas, na verdade ele estava falando, algo
tipo que você está certo, eu tenho que parar de ficar me preocupando
demais com Sofia. Infelizmente, ele não ia falar isso; até porque ele
tinha certeza que não ia parar de se preocupar com sua namorada;
esse era o jeito dele.
Enquanto isso, Edgar pensava no como Mark era tão protetor e
preocupado. Ele não sabia como aquele cara podia ser daquele jei-
to; porque ele realmente não era.
Quer dizer, ele sabia que Bianca sabia se virar sozinha e, com
uma mensagem, ele sabia que sua namorada estava segura e onde
ela devia estar. Ele achava mesmo muito estranho como uma pes-
soa podia ser tão protetora como Marcos era.
Talvez o grande problema fosse ele, que não ligava tanto para
sua namorada como Mark ligava para dele. Talvez ele devesse se
distanciar um pouco de Bianca para ver o que ele queria mesmo.
talvez era só porque ele estava se comparando com Marcos e sem-
pre, a pessoa do seu lado (naquele caso, literalmente) sempre vai
ser melhor do que você.
— Cara, eu estou preocupado — continuou Mark, falando da
mesma coisa. — Eu acho que não estou dando muito de mim para
o meu namoro com Sofia.
— Mas eu acho é que SOFIA é que não está dando muito dela
para a relação de vocês dois.
— Você acha isso mesmo?
Ed deu de ombros, pegando seu celular Motorola e abrindo sua
caixa de emails para ver se tinha algo importante para ele. Nada.
— O que você acha de eu me separar dela por um tempo? Dar
um tempo?
— O que? — Agora Edgar estava assustado; ele não pensava na
hipótese de Mark se separar de Sofia, aquilo era sem noção para
ele. — Não…!
Ele ia falar mais alguma coisa, mas exatamente naquela hora, o
sinal tocou e eles tiveram que se levantar para irem para suas sa-
las.
Bianca e Sofia estavam entrando em suas salas e pegando a mesa
bem perto do professor — que era a mesa que elas costumavam
sentar-se.
Elas vinham mascando um Trident de canela que era para que o
cheiro do cigarro não ficasse na boca. Elas estavam felizes; a de-
pressão das duas tinha acabado e elas estavam rindo por nada.
Havia uma menina, Lilly Mosckovitz, que era maio estranha…
no linguajar delas; bregas. Ela estava entrando pela porta com
uma meia verde florescente, sapatos fechados, e a roupa do colégio
e estava tão… esquisita!
As duas juntas olharam para a menina, apontaram e começaram
a rir.
— Pensei que aqui fosse uma escola, não uma discoteca dos Ri-
dículos — Observou Sofia.
— Aquelas meias só servem mesmo é para limpar o chão! —
Questionou Bianca.
— Nem me fale. Na hora do recreio eu acho que vou pedir uma
meia daquela para enfeitar a ávore de natal da minha casa este
ano!
— Eu fico com o outro par!
Elas continuaram assim até que o professor de Matemática (um
cara que devia ter uns vinte e poucos anos, malhado e que todos
diziam que ele estava namorando uma de suas alunas) entrou e
deu bom-dia para turma.
Todos responderam educadamente até que ele continuou:
— Muito bem — ele disse com um sorriso que fazia muitas meni-
nas do primeiro ano caírem —, hoje, para começo de conversa, eu
quero apresentar a vocês a nossa nova aluna Renata Salles! — ele
apontou para a porta, onde uma menina alta, com os cabelos loi-
ros, o vestido azul com um tecido muito que seda da Enjoy e uma
sandália de salto agulha de 8 centímetros estava parado. — Bem-
vinda Renada a nossa aula.
A menina olhou em volta da sala e quando olhou para Bianca e
Sofia juntas, ela virou o rosto. E foi procurar um lugar ara sentar
atrás.
Se você pudesse ler os pensamentos da Sofia e Bianca ao mesmo
tempo naquela hora, iria achar hilário: uma achava que a virada
de rosto de Renata Salles era por causa do problema de uma, e a
outra achava que era por causa do problema da outra.
Mas apenas uma das duas estava certa. Mas quem devia ser?
Mark e Ed estavam sentados um do lado do outro, esperando que
o professor de Biologia chegasse para dar aula. Eles ainda estavam
conversando, mas agora não era sobre o que eles conversaram an-
tes, agora era sobre as notícias do jornal de escola.
— Eu duvido que aquela reportagem seja verdade! — Disse Ed-
gar, depois de mostrar sobre a festa que os Salles iriam dar naque-
la sexta à noite para comemorar a chegada deles.
— Eu também não. — Respondeu Marcos. — Quando eles fo-
ram embora, todos disseram que eles iam para nunca mais voltar,
agora eles estão voltando?! Eu duvido!
Aquela era a matéria mais importante nos classificados do jornal
de escola, pois as outras eram tão mesquinhas: a notícia que o ves-
tido de Sofia tinha sido rasgada na festa de sexta-feira passada (a
mãe dela tinha esquecido do jornal de escola pra falar), os cumpri-
mentos de sempre do diretor da segunda-feira, uma notícia chata
sobre as inscrições para a pela teatral do final de ano. A mais im-
portante era mesmo sobre os Salles; ninguém tinha certeza se a-
quilo era verdade ou mentira.
Então um menino com cabelos claros vestindo uma bermuda
com o final sobrado da Calvin Klein Jeans e uma blusa elegante e
azul Lacoste fez com que todos parassem e descobrissem a verda-
de. aquela menino elegante e perfeito como todos da família era
um deles.
Mark olhou para Ed boquiaberto e disse:
— É verdade; eles voltaram.