Post on 08-Nov-2018
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA: PRODUÇÃO DE
SENTIDOS
SOUZA, Terezinha Gonçalves1
MENDES, Sonia Maria da Costa2
RESUMO
O artigo é resultado de um projeto de investigação, pesquisa e implementação na escola realizado durante a participação no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Governo do Estado do Paraná, turma 2014 a 2015. Esse trabalho foi proposto e desenvolvido com alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Princesa Izabel, localizado no município de Marilena. O tema do estudo: Novas Tecnologias na Educação Básica: Produção de Sentidos, emergiu da importância das novas tecnologias na vida cotidiana dos nossos alunos. Deste modo, se fez necessário uma compreensão de como estas ferramentas podem ser exploradas enquanto recurso no processo de ensino aprendizagem. Este estudo consistiu em verificar de que maneira as novas tecnologias podem gerar estímulos e novas ressignificações para o conhecimento estético e artístico. A metodologia adotada foi de natureza teórico-prática pautada em referências sobre o tema, bem como em propostas práticas por meio das intervenções pedagógicas. Concluímos que, com a pesquisa, reflexões e experiências vivenciadas, é possível obter resultados positivos para melhoria do ensino de Arte na Educação Básica, ciente de que as ferramentas tecnológicas, não constituem um aprendizado significativo por si só, pois requer a mediação do professor.
Palavras-Chave: Educação Básica, Ensino de Arte, Novas Tecnologias.
1 Graduada em Educação Artística pela Universidade Estadual do Oeste Paulista, UNOESTE. Especialista em Educação Infantil e Séries Iniciais, Educação Especial, Professora de Arte no Colégio Estadual Princesa Izabel, Marilena Paraná, Núcleo de Loanda, Brasil. E-mail: terearte.gomes@gmail.com 2 Doutora em Comunicação e Semiótica – PUC/SP. Mestre em Educação – UNESP/SP. Docente da
UEM- Universidade Estadual de Maringá-PR. E-mail: soniacostamendes@gmail.com
Introdução
Este artigo refere-se à pesquisa realizada no Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE da Secretaria do Estado do Paraná, que teve como objetivo
propiciar e desenvolver o saber, a cultura, o conhecimento artístico e a troca de
experiências entre a professora pesquisadora e alunos, de forma que ambos
pudessem aprender e modificar seu modo de pensar e agir de acordo com suas
necessidades.
O tema de estudo Novas Tecnologias na Educação Básica: Produção de
Sentidos, emergiu da importância das tecnologias contemporâneas na vida cotidiana
dos nossos alunos, visto que durante minha experiência profissional na disciplina de
Arte na escola pública, pude perceber que uma abordagem relacionada as novas
tecnologias seria necessária. Assim, foi preciso rever as formas tradicionais de ensinar
a Arte, as quais não se justificam mais em razão dos novos recursos disponíveis e do
apoderamento tanto pelos professores, como pelos alunos, ciente de que muitas aulas
de Arte realizadas em modelos convencionais encontram-se ultrapassadas. As mídias
digitais estão presentes no cotidiano de nossos alunos por meio da aquisição de
aparelhos celulares com acessos a internet, os quais reúnem as demais mídias, tais
como a TV, rádio, redes sociais, entre outros. Mesmo assim, percebe-se resistência
por parte dos professores, quanto a adesão de tais recursos para fins didáticos. Muitos
temem o uso da internet, de softwares educativos, por desconhecerem suas
potencialidades ou simplesmente por medo de algo percebido como novo em termos
de utilização pedagógica.
As produções artísticas desenvolvidas a partir da integração entre arte e
tecnologia aumentaram nos últimos tempos. Uma significativa parcela de artistas tem
apresentado diversas formas de criação artística. Portanto, faz necessário
compreender os meios e possibilidades de criação na contemporaneidade.
Deste modo, foi necessário trabalhar com os alunos diferentes maneiras de
expressar suas ideias para que pudessem ampliar suas formas comunicativas e
descobrir maneiras significativas de utilizar os recursos tecnológicos existentes. Neste
diálogo entre as linguagens, cada um pode aprofundar as dinâmicas da composição
visual a partir de suas próprias necessidades. Assim, as expressões e reflexões
partiram de modos contemporâneos, ou seja, a escolha do mais adequado meio
tecnológico que os levaram a pensar de maneira crítica a produção artística. Para
isso, ancoramos em Moran (2013) de que as novas tecnologias integram a vida das
pessoas, bem como as modalidades de ensino, seja presencial ou a distância e que:
[...] Como em outras épocas, há uma expectativa de que as novas tecnologias nos trarão soluções rápidas para mudar a educação. Sem dúvida, as tecnologias nos permitem ampliar o conceito de aula, de espaço e de tempo, estabelecendo novas pontes entre o estar juntos fisicamente e virtualmente (MORAN, 2013, p. 8).
Partindo das concepções elencadas, foram necessários considerar o
conhecimento que os alunos possuíam, procurando aproximação entre arte e
tecnologia sem esquecer que os meios digitais são ferramentas, e que apenas estes
recursos por si só não constituem a estrutura para um aprendizado significativo. O
aprendizado em sala de aula durante a realização do projeto, dependeu e muito da
didática e da relação do professor com os alunos. O papel da professora/pesquisadora
foi de mediar o processo pedagógico em Arte, para que as mesmas contribuíssem
para o processo criativo e formativo.
Portanto, a proposta pedagógica foi desenvolvida com os alunos do Ensino
Médio, onde pautou-se nos conteúdos da composição visual e da fotografia,
integradas às novas tecnologias. A ferramenta explorada como recurso didático foi
preferencialmente o celular, por este integrar todas as demais mídias, como também
a vida dos alunos e por possibilitar familiaridade com os conteúdos da Arte.
Com relação a proibição do uso do celular na sala de aula, os alunos foram
orientados sobre a Lei nº 18.118/2014, de que a proibição refere-se a utilização de
qualquer equipamento eletrônico que não seja para fins pedagógicos. Portanto este
trabalho com uso dos recursos tecnológicos aliados aos conteúdos da Arte, podem e
devem ser realizados na prática pedagógica, pois integram a realidade de nossos
alunos, e estes pressupostos estão contemplados nas Diretrizes Curriculares da
Educação Básica do Estado do Paraná para a área de Arte. Entendimento este,
também por parte da escola onde o Projeto de Intervenção Pedagógica foi realizado.
Fundamentação Teórica
De acordo com as Diretrizes Curriculares a Arte é fonte de humanização e por
meio dela o ser humano se torna consciente da sua existência individual e social;
percebe-se e se interroga, é levado a interpretar o mundo e a si mesmo; é desafiadora,
expõe contradições, emoções e os sentidos de suas construções, expande os
sentidos, a visão de mundo, aguça o espírito crítico para que o aluno possa situar-se
como sujeito de sua realidade histórica (PARANÁ, 2008 p.56). Seguindo os
pressupostos das Diretrizes, Barbosa (2003) reforça que por meio da Arte é possível
desenvolver “[...] a percepção e a imaginação, apreender a realidade do meio
ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a
realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que
foi analisada” (BARBOSA, 2003 p.18). Assim, pode-se concluir que Arte é resultante
de um processo que envolve as dimensões artística, filosófica e científica.
Ainda de acordo com Barbosa (2003) o uso das tecnologias em Arte não
acontece somente nos dias de hoje, ou seja, a arte sempre recorreu as inovações
para atingir seus objetivos. Portanto, não podemos ficar somente nos métodos
tradicionais, devemos também usar as ferramentas contemporâneas para que
possamos expressar de maneira crítica e nos posicionar e analisar o que é nos
imposto, sem esquecer os conhecimentos dos diversos instrumentos da produção
artística como um meio que se consiga ver, significar e produzir Arte. Também é de
suma importância que haja uma aprendizagem em Arte de forma significativa e não
somente deixar alunos a mercê de uma máquina usando recursos e programas que
não resultem em conhecimento artístico e estético. Assim, os professores certamente
devem ser preparados para que realmente propiciem o aprendizado em Arte de forma
significativa para o aluno.
Partindo do pressuposto de que os alunos precisam se deparar com as
tecnologias com objetivos educacionais artísticos e não simplesmente para conhecer
programas (edição de texto, produção e edição de vídeos, bem como explorar outras
ferramentas). Moran (2013) coloca que o papel do educador é fundamental e deve
agregar valores ao que o aluno aprende sozinho, pois o mesmo deve perceber o
quanto é importante a troca de experiência com os colegas e o quanto é relevante o
papel do professor para que realmente haja aprendizagem significativa. Para tanto, se
faz necessário que os professores demonstrem competências conceituais e técnicas
durante o transcorrer das aulas, fazendo com que os alunos não deixem de valorizar
a presença desse profissional. Caberá ainda ao professor de Arte, deixar bem definido
em que momentos tais recursos deverão serem introduzidas para que não se torne
uma ferramenta meramente ilustrativa. Ainda Moran: “Com as tecnologias atuais, a
escola pode transformar-se em um conjunto de espaços ricos de aprendizagens
significativas, presenciais e digitais, que motivem os alunos a prender ativamente, a
pesquisar o tempo todo, a serem proativos, a saber tomar iniciativas e interagir”
(MORAN, 2013, p.31).
Seguindo as mesmas ideias, Lévy (1993, p.176), coloca que “uma interface
homem/máquina designa o conjunto de programas, aparelhos matérias que permitem
a comunicação entre sistema informático e seus usuários”. O mesmo autor
complementa: “[...] a maior parte dos programas atuais desempenha um papel de
tecnologia intelectual: eles organizam, de uma forma ou de outra, a visão de mundo
de seus usuários e modificam seus reflexos mentais”. (1993, p.54).
Para que haja realmente uma quebra de paradigmas em relação aos sujeitos
e a máquina, se faz necessário uma reflexão crítica sobre a era digital, considerando
os impactos positivos e negativos no processo educacional. Segundo Moran (2013)
o professor, ao propor uma metodologia inovadora, precisa levar em consideração
que a tecnologia digital possibilita o acesso ao mundo globalizado e à rede de
informação disponível em todo o universo. A construção de uma inteligência coletiva,
conforme Lévy (2009) está na capacidade dos humanos em se engajar em
cooperação intelectual de forma criativa, seja inventando ou inovando conhecimentos
que possam contribuir para o desenvolvimento da humanidade, possibilitando a
multiplicação de ideias no ciberespaço, por ser uma espécie de universo interligado
por memórias e pautado em interações e transformações.
Portanto, segundo França (2011), o ciberespaço deve ser constituído por meio
de linguagens de fácil acesso, onde pessoas de qualquer idade ou etnia podem
inteirar-se de suas estruturas, levando-nos a concordar que [...] “por mais que elas
sejam consubstanciais à inteligência dos homens, as tecnologias intelectuais não
substituem o pensamento vivo” (LÉVY, 1993, p. 131). E que [...] “as tecnologias de
comunicação digitais, disponibilizadas no ciberespaço, podem ser encaradas como
possibilidades para a mudança, bem como por não aceitar retroatividade e avançar a
passos largos” (FRANÇA, 2011 p.101).
O ciberespaço, ou seja, o espaço da internet pode ser visto como um ambiente
globalizado de informações diferenciadas onde cada um tem uma visão diferente, ou
seja, com signos representativos a partir da interpretação de cada usuário.
Nesse processo fica evidente que o papel do professor/a deve ser de
mediador/a e que tenha o compromisso com a aprendizagem, compreensão dos
meios de criação e que não perca de vista o processo criador, pois:
Os alunos passam a ser descobridores, transformadores e produtores do conhecimento. A qualidade e a relevância da produção dependem também
dos talentos individuais dos alunos que passam a ser considerados portadores de inteligências múltiplas. Inteligências que vão além das lingüísticas e do raciocínio matemático que a escola vem oferecendo. Como parceiros, professores e alunos desencadeiam um processo de aprendizagem cooperativa para buscar a produção do conhecimento (MORAN, 2013, p.82).
Outro documento importante que subsidiou nossos estudos, foi a Diretriz
Curricular em Arte para o Ensino Médio. As Diretrizes Curriculares do Estado do
Paraná para o ensino de Arte, estabelecem que o ensino deve: [...] “basear-se num
processo de reflexão onde pretende-se que os alunos adquiram conhecimentos sobre
a diversidade de pensamento e de criação artística para expandir sua capacidade de
criação e desenvolver o pensamento crítico” (Paraná, 2008 p.52)
A disciplina de Arte é obrigatória na matriz curricular no Ensino Fundamental
e Médio nas escolas públicas e particulares no Brasil. Na Legislação para Educação
Brasileira está expressa a fundamentação para as afirmações mencionadas. O Artigo
26º da Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, parágrafo segundo, torna obrigatória
a disciplina de Arte na Educação Básica, visando o desenvolvimento cultural dos
alunos. Na mesma lei, o artigo 32 regulamenta como a disciplina de Arte fará parte do
currículo:
[...] o ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006) (...) II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade.
Para o Ensino Médio o Art. 36 tem a seguinte redação:
O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo as seguintes diretrizes: I – destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; § 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre: I – domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; II – conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; Assim fica obrigatório o ensino de Arte em todos os níveis da educação básica e do ensino médio.
As Diretrizes de Arte do Estado do Paraná (p. 56) salientam que: “a Arte é
fonte de humanização e por meio dela o ser humano se torna consciente da sua
existência individual e social; percebe-se e se interroga, é levado a interpretar o mundo
e a si mesmo”. As mesmas diretrizes incidem que [...] “o ensino da Arte deve interferir
e expandir os sentidos, a visão de mundo, aguçar o espírito crítico, para que o aluno
possa situar-se como sujeito de sua realidade histórica”. Portanto, ensinar Arte diz
respeito a formação de um aluno mais autônomo, capaz de exercer sua cidadania.
As Diretrizes dividem o ensino de Arte em quatro linguagens artísticas:
Música, Artes Visuais, Teatro e Dança onde a abordagem metodológica nas aulas
deve contemplar três momentos na organização pedagógica (PARANÁ, 2008, p.70.):
Teorizar: fundamenta e possibilita ao aluno que perceba e aproprie a obra artística e desenvolva um trabalho artístico para formar conceitos artísticos;
Sentir e perceber: são as formas de apreciação, fruição, leitura e acesso à obra de arte;
Trabalho artístico: é a prática criativa, o exercício com os elementos que compõem uma obra de arte.
Esses três momentos estão presentes nos Parâmetros Curriculares para o
Ensino da Arte - PCNs-Arte onde são denominados produção, fruição e reflexão.
Momentos estes, que foram elaborados a partir de contribuições significativas da arte-
educadora Ana Mae Barbosa denominada de “Metodologia Triangular” e
posteriormente revisada pela autora em 1998 no seu livro – Tópicos e Utópicos e
passou a chamar “Abordagem Triangular” onde coloca a importância da história da
arte (contextualização histórica), a leitura da obra (apreciação e fruição) e o fazer
artístico (criação). A proposta veio contribuir para promover um ensino-aprendizagem
em Arte mais significativo que pudesse garantir a leitura de imagens. Assim, a
diversidade de imagens produzidas na contemporaneidade requer ser lidas e
analisadas de acordo com o contexto que lhe são apresentados. Pois sabemos que a
imaginação, a percepção e a reflexão, podem contribuir para a transformação social.
A mesma Diretriz ainda coloca que o trabalho do professor/a é de:
[...] “possibilitar o acesso e mediar a percepção e apropriação dos conhecimentos sobre arte, para que o aluno possa interpretar as obras, transcender as aparências e apreender, pela arte, aspectos da realidade humana em sua dimensão singular e cultural. (PARANÁ, p.71).
No Projeto de Intervenção Pedagógica, procurou-se explorar possibilidades
expressivas em arte com auxílio de recursos digitais, ou seja, a fotografia foi uma das
linguagens explorada pelos alunos durante o processo. Segundo Silva (2010),
fotografia desde a sua descoberta além de fazer parte do nosso sistema de
representações e do imaginário social, constitui cada vez mais a nossa memória,
inclusive entre as camadas menos desfavorecidas da sociedade. A autora também
coloca, que a busca do meio fotográfico levou centenas de anos para se concretizar,
na verdade é que o desejo da fotografia já vem da época do homem pré-histórico que
registravam nas cavernas, desenhos e pinturas que ficaram para eternidade.
O trabalho a ser realizado não terá como objetivo central a história da fotografia
nem a exploração de técnicas fotográficas e sim a utilização da fotografia como um
suporte para trabalhos artísticos mais contemporâneos. Pois de acordo com
Lorenzatto (2012) a fotografia pode ser considerada um suporte da arte
contemporânea porque é capaz de provocar o espectador e chamá-lo a interpretar
além do senso comum a subjetividade da obra de arte.
A imagem fotográfica é o relê que aciona nossa imaginação para dentro de um mundo representado (tangível ou intangível), fixo na sua condição documental, porém moldável de acordo com nossas imagens mentais, nossas fantasias e ambições, nossos conhecimentos e ansiedades, nossas realidades e ficções. A imagem fotográfica ultrapassa, na mente do receptor, o fato que representa (LORENZATTO, apud KOSSOY, 2000, p.46).
No transcorrer do trabalho artístico proposto nas intervenções pedagógicas,
realizados constantemente experimentações, onde conceituamos a poética de Man
Ray e de seus “rayogramas” no movimento Dadaísta (ícone da fotografia artística)
onde teve como objetivo explorar as imagens fotográficas e suas possibilidades de
experimentação. Para isso, apoiamos em Dubois de que:
O dadaísmo e o surrealismo, em seu gosto de provocação, como em seu culto do “surreal”, desenvolveram com intensidade a prática do associacionismo (metáfora, colagem, agrupamento, montagem). E aqui está a terceira grande figura fundadora das relações entre fotografia e arte contemporânea. [...] a foto é também um verdadeiro material, um dado icônico bruto, manipulável como qualquer outra substância concreta (recortável, combinável etc.) portanto integrável em realizações artísticas diversas (DUBOIS, 2011, p. 268-269).
Partindo das colocações de Lorenzatto (2012) trabalhar a fotografia
contemporânea como suporte da arte contemporânea através das experimentações
certamente é um desafio muito interessante que provoca o tempo todo e faz com que
haja mistura, ou seja, a hibridização de conceitos e de ideias através da fruição no
processo de criação.
Sendo assim se fez necessário um olhar crítico e perceber nestas imagens
uma poética que vai além das propostas tradicionais de um registro e sim a
possibilidade com experimentações diversas. Kossoy afirma:
Três elementos são essenciais para realização de uma fotografia: o assunto, o fotógrafo e a tecnologia. [...] o produto final a fotografia, é portanto resultante da ação do homem, o fotógrafo, que em determinado espaço e tempo optou por um assunto especial e que, para seu devido registro empregou os recursos oferecidos pela tecnologia de cada época (KOSSOY, 1969, p.23).
Intervenção Pedagógica
A Intervenção Pedagógica foi desenvolvida com alunos do 3º ano do Ensino
Médio no Colégio Estadual Princesa Izabel – Ensino Fundamental e Médio, no
Município de Marilena, estado do Paraná, cuja implementação aconteceu no segundo
semestre de 2015.
O procedimento didático se deu por meio de aulas teóricas-práticas, onde as
atividades e reflexões foram realizadas em: sala de aula, espaços externos, no grupo
fechado nas redes sociais “facebook” e no “watsap”, criados especificamente para a
troca de experiências, postagens de textos e tarefas relacionados ao tema proposto.
No primeiro momento foram apresentados aos alunos a proposta do trabalho
relacionada a Unidade Didática, ou seja, a respectiva criação de uma rede social
específica para o Projeto de Intervenção. Para verificar o nível de conhecimento
referente aos recursos digitais e suas possibilidades para produção em Arte, os alunos
responderam a um questionário em grupo, onde o mesmo possibilitou reflexões por
parte da professora pesquisadora em relação as possibilidades do uso dessas mídias
na sala de aula.
Foram apresentados aos alunos referenciais teóricos com o objetivo de
respaldar as relações entre Arte e Mídias Digitais, tais como: História da Arte, História
da Fotografia, Composições Contemporâneas.
A partir das teorias trabalhadas e percepções dos alunos, à atividade prática
se deu por meio de propostas relacionadas ao tema de estudo com o objetivo de
realizar produções utilizando os recursos tecnológicos como forma de conhecimento,
trabalho e expressão, conforme preconiza as Diretrizes Curriculares em Arte.
Por meio das ações desenvolvidas, problematizamos como as novas
tecnologias podem ser utilizadas na disciplina de Arte no Ensino Médio de forma a
gerar estímulos e novas ressignificações para o conhecimento estético, o trabalho
artístico e a expressão. As atividades desenvolvidas se pautaram na Proposta
Triangular da autora Ana Mae Barbosa, bem como nos encaminhamentos
metodológicos proposto nas Diretrizes Curriculares do Paraná para o ensino de Arte,
isto é: Teorizar; Sentir e perceber e Trabalho Artístico.
Destacamos também, que paralelo ao trabalho em sala de aula com os
alunos, foi desenvolvido com professores da Rede Pública Estadual um Grupo de
Trabalho em Rede, onde os mesmos desenvolveram e aplicaram com seus alunos
em suas escolas as práticas sugeridas na Unidade Didática do Projeto de Intervenção/
Implementação na escola. O grupo citado proporcionou trocas de experiências
significativas, colocando em questão as possibilidades do uso das tecnologias como
um recurso de apoio em sala de aula de modo a desencadear um processo de
aprendizagem colaborativa.
Desta forma, reforçamos que na contemporaneidade as mídias digitais
integram o universo de nossos alunos, portanto, é fundamental propiciar o uso da
tecnologia como uma ferramenta de apoio para à prática docente e por consequência,
para a construção do conhecimento. Diante disso, a nossa responsabilidade como
professores/as se torna essencial ao promover o processo de descoberta e acesso ao
conhecimento, de forma a minimizar as barreiras e fragilidades que encontramos no
espaço escolar.
Resultados e discussões
O trabalho foi realizado por momentos, sendo o primeiro momento orientações
sobre a proposta da Unidade Didática e criação de uma página nas redes sociais.
Essa atividade objetivou explicar aos alunos de que maneira se daria a proposta da
Unidade Didática, e que o objetivo do trabalho estava no fato de leva-los a perceber
como as novas tecnologias estão presentes no nosso dia a dia, mas que deveriam
aprender a lidar com as mesmas de modo que sejam significativas, inclusive para o
processo educacional, pois são recursos importantíssimos para o processo
pedagógico em Arte na Educação Básica. Para iniciar as atividades, foi criado um
grupo fechado nas redes sociais “facebook” e no “watsap”, para os quais foram
enviadas as tarefas propostas. A maioria dos alunos se interessaram muito pelo tema,
mesmo porque, o mesmo partiu da realidade deles, pois a todo momento estão em
contato com seus aparelhos celulares com acesso a internet.
No momento de responderem as questões propostas, os alunos manifestaram
suas opiniões e a do grupo em relação ao trabalho com as tecnologias na sala de
aula, questionando o porquê de não ser feito o uso de tais recursos pela maioria dos
professores durante as aulas. Sendo que percebem tais recursos como
importantíssimos e que poderiam ser aliados à aprendizagem. Foram feitas críticas as
ferramentas tecnológicas disponibilizadas pelo sistema educacional, onde foi
levantada a necessidade de mais investimentos por parte do poder público, tanto em
ferramentas tecnológicas como em formação para os professores, pois grande parte
estão despreparados para utilizarem as novas tecnologias nas aulas, e por isso se
negam a fazer uso das mesmas. Por outro lado, colocaram que “eles” enquanto
“alunos”, deveriam ser mais bem preparados para utilizarem as novas tecnologias
como um recurso nas aulas, principalmente o celular, pois muitos ainda não
perceberam o quanto essas ferramentas são importantes para uma aprendizagem
significativa e acabam utilizando-a de forma totalmente equivocada durante as aulas.
Tais fatores referem-se de que muitos alunos são prejudicados quando muitas escolas
proíbem o uso do celular, sendo colocado pelos alunos que a melhor forma seria o
esclarecimento em relação a Lei e não a proibição.
No segundo momento foi proposto a conceituação histórica e conceitual sobre
Arte e Novas Tecnologias. Foi disponibilizado para estudo o texto “Desafios que as
tecnologias digitais nos trazem” e o vídeo “O uso do celular na sala de aula”, onde foi
trabalhado com o objetivo de levar os alunos a refletirem sobre os meios tecnológicos
mais adequados para a produção artística, levando-os a pensar de maneira crítica a
forma como estes recursos estão sendo utilizadas na sala de aula, de forma a gerar
estímulos para as aulas, mesmo porque as experimentações entre arte e tecnologia
vêm aumentando nos últimos anos. Após leitura do texto e assistirem o vídeo, os
alunos concluíram que esses recursos facilitariam muito a aprendizagem, pois
poderiam estar todos interligados em um ambiente fora da sala de aula, desafiando o
modo tradicional da educação para uma aprendizagem mais participativa,
evidenciando a importância do professor e a continuidade dos vínculos mesmo fora
da sala de aula. Mas para que isso ocorra, se faz necessário orientação para o uso
dessas tecnologias, pois a maioria utiliza-a de maneira abusiva, mesmo quando
alguns professores tentam mostrar a capacidade que as mesmas têm para ampliar
os conhecimentos, porém, muitos ainda continuam utilizando-as somente para
entretenimento, como as redes sociais, jogos, etc.
No terceiro momento “O celular a serviço da aprendizagem” foi realizada uma
pesquisa por meio dos computadores do laboratório de informática e do aparelho
celular sobre as obras de Man Ray, André Kertész e do fotógrafo Elton Fernandes,
bem como questões relacionadas às obras desenvolvidas desses mesmos artistas.
Este momento foi desenvolvido com o intuito de levar o aluno a perceber que não se
trata do professor abandonar as metodologias adotadas nas práticas pedagógicas ao
ensinar determinados conteúdos do ensino de Arte, e sim, fazer com que eles utilizem
as tecnologias como um recurso altamente importante para desenvolver ainda mais a
capacidade de pensar e fazer Arte. Esta atividade foi bastante produtiva, pois todos
pesquisaram sobre os artistas Man Ray, André Kertész e Elton Fernandes e suas
obras, descobrindo assim características específicas de cada um, tipo de linguagem
e técnica utilizada, que no caso foi a “fotografia”, suas características surreais,
distorção da imagem por meio da manipulação com utilização dos aplicativos dos
celulares ou dos programas dos computadores como photoshop e fotogramas em
preto e branco.
O quarto momento proposto foi a conceituação histórica e conceitual, “Texto
sobre vida e obras de Man Ray”. Este momento foi realizado com o intuito de analisar
o processo artístico e estético do artista Man Ray. Para tanto foi trabalhado com o
texto “Objetos de sonho de Man Ray” com sugestões de link de vídeo para ampliar
questionamentos sobre o tema. Na sequência foram disponibilizadas no grupo de
alunos, questões para serem respondidas em casa como tarefa, sendo necessário
acrescentar alguma curiosidade no grupo sobre o artista em questão. As respostas
foram interessantes, pois cada grupo se preocupou em descobrir alguma curiosidade
sobre o artista, sendo uma delas muito bem colocada que dizia: para Man Ray “a luz
é tão flexível quanto o pincel”.
No quinto momento foi proposto um “Seminário: Tecnologia aliada a arte”. Este
momento foi realizado por meio de pesquisa em grupo com o intuito de verificar o
processo de criação dos artistas e suas composições digitais, tais como: André
Kertész, Elton Fernandes, Odires Mlászho, Vik Muniz e Regina Silveira. A pesquisa
sobre as poéticas dos artistas pesquisados foi apresentada em forma de Seminário.
Para a realização do seminário a sala foi dividida em cinco equipes, as quais tiveram
que observar os critérios pré-determinados, tais como: pesquisas de dados sobre o
panorama artístico e suas principais obras. Além disso foi disponibilizado para os
alunos sugestões de links sobre cada artista e os critérios de avaliação para a
apresentação do Seminário, sendo eles: resumo do texto e entrega para o professor
e demais alunos com identificação; apresentação em Power Point ou similares;
ilustração dos conteúdos com uso de recursos audiovisuais; análise crítica e reflexiva
sobre o tema; distribuição das atividades entre os membros da equipe;
articulação/sintonia entre os membros da equipe; domínio dos conteúdos (de cada
participante);disponibilizar as apresentações no grupo do facebook ou watsapp.
Como atividade complementar, foi disponibilizado no grupo um texto sobre Dadaísmo
e Surrealismo. O trabalho proposto nesta etapa teve que ser adaptado. As pesquisas
foram realizadas na maioria das vezes na casa do aluno, ou com internet própria nos
celulares, pois a internet da escola não comporta uso para muitas pessoas ao mesmo
tempo. Os que não possuíam internet (que foram poucos) fizeram os trabalhos com o
colega. Mesmo com algumas dificuldades para o acesso à internet no celular na
escola, os resultados foram surpreendentes. O Seminário foi excelente, com
participação de todos e material bastante rico em conhecimento científico.
No sexto momento foi trabalhada a composição Plástica por meio do recorte e
da colagem ressignificando elementos presentes nas imagens, pois toda imagem é
composta de diversos elementos que, ao se agruparem, ganham novos significados.
A atividade foi direcionada de forma a fazer com que os alunos dessem um novo
significado as imagens de revistas, panfletos e jornais usando a criatividade, sendo
bastante autênticos durante a elaboração da composição plástica. Primeiramente eles
selecionaram as imagens das revistas, jornais, panfletos e recortaram
cuidadosamente. Em seguida criaram uma nova imagem com características surreais
por meio da colagem. Na sequência pintaram o fundo do suporte A3 e organizaram a
composição elaborada sobre o suporte. Os resultados foram surpreendentes. As
composições elaboradas com características surreais ficaram bastante expressivas e
com bons resultados estéticos.
O sétimo momento “Fotografia e Arte”, teve como objetivo fazer com que o
aluno tivesse contato com a contextualização histórica sobre a fotografia, sua origem
e algumas curiosidades em relação ao daguerreótipo e a câmara escura. Para isso foi
trabalhado um texto retirado do artigo: Uma análise de aspectos dadá-surrealistas
presentes no trabalho fotográfico de Man Ray. Foi explorado o contexto,
disponibilizado links de vídeos para melhor compreensão do conteúdo. Na sequência
do trabalho a proposta da atividade foi fazer com que os alunos desenvolvessem
experiências simples de fotografia. Para isso, tiveram que fazer o registro das
composições realizadas por eles anteriormente. Para o registro utilizaram seus
celulares, tabletes ou câmeras digitais. Foi um momento de exploração livre para
fotografarem da maneira como achassem interessante. Em seguida tiveram que
disponibilizar no grupo, para que todos pudessem interagir.
No oitavo momento foi explorado programas de manipulação de imagens,
Gimp, Phtoshop, Picsart. O objetivo neste momento foi levar os alunos a terem contato
com programas de manipulação de imagens como o Gimp, um software livre que
possibilita a edição e a manipulação de imagens, desde pequenas alterações até
grandes mudanças, possibilitando assim as experimentações. Neste caso, o trabalho
foi realizado no laboratório de informática. Puderam também ter acesso a outros
programas como o Picsart e o Photoshop, para tanto utilizaram sua própria rede de
internet para baixarem em seus celulares o aplicativo Picsart ou nos not books o
Photoshop, porque o acesso à rede da escola, conforme mencionado anteriormente
é muito complicado para este tipo de atividade. Também foi disponibilizado links para
pesquisa em relação aos aplicativos. No entanto não foi nenhuma novidade para
maioria dos alunos, pois já conheciam, e fizeram questão de explicar para os colegas
que não estavam conseguindo realizar a proposta. A aula se tornou muita atrativa para
todos e não houveram problemas com as redes sociais.
No nono momento “manipulando imagens”, o objetivo foi fazer com que os
alunos realizassem composições digitais fazendo uso dos programas de manipulação
de imagens que tiveram contato até agora. Para realizar a atividade foi preciso utilizar
o laboratório de informática com acesso à internet, câmeras fotográficas, celulares
com câmeras acopladas ou tablets com acesso à rede de internet pessoal. Devido a
algumas interferências na gestão, à rede da escola não pode mais estar disponível
para a realização dos trabalhos, a não ser do laboratório de informática, mas o mesmo
não comporta o uso de vários alunos ao mesmo tempo.
A manipulação foi realizada a partir de uma fotografia tirada do animal de
estimação de cada um, ou de algum colega. Antes de iniciar a fotografia foram
lembrados sobre algumas dicas importantes para que a fotografia pudesse ficar boa,
como por exemplo: observar a luz natural; ficar de costas para o sol; procurar um bom
enquadramento; usar o zoom para fotografar algo bem específico; para um bom efeito
o ideal é posicionar a câmera no nível do tema. Após especificar bem as
características para uma boa fotografia, solicitei que tirassem suas fotos e fizessem
as manipulações que achassem necessárias (pelo menos três manipulações
diferentes), deixando a foto original para ser comparada aos resultados elaborados.
Depois de realizadas as composições digitais, foi solicitado aos alunos que salvasse
as composições e disponibilizasse no grupo do facebook da turma ou no watsapp e
que fizessem a impressão de todas as composições digitais elaboradas. Os resultados
foram positivos, com uma boa composição estética e expressivas, pois trabalharam
com características surreais sendo as composições coloridas, em preto e branco
conforme manipulações realizadas por Man Ray, André Kertész e Elton Fernandes.
No décimo momento “O passado vivendo o presente” foi feito por meio de
pesquisas de imagens de memória sobre a cidade de Marilena – PR, onde o processo
de criação mesclou as imagens antigas com as imagens atuais. Os alunos foram
orientados primeiramente para que fizessem uma pesquisa na biblioteca, nas escolas,
com pessoas mais velhas e com fotografias antigas da cidade. Depois foi solicitado
para que fossem até o local da fotografia antiga e observassem bem o ângulo. Na
sequência fotografassem o mesmo local do mesmo ângulo que encontraram. Após
realizada a fotografia, foram orientados a utilizar os programas trabalhados até aqui
como o gimp, photoshop, picsart e outros que conhecessem para fazer o recorte da
fotografia antiga, sobrepondo a fotografia tirada nos dias atuais, integrando as
mesmas formas. Foram orientados para usarem a criatividade ao utilizar as
ferramentas dos programas de manipulação de imagem para que as composições se
tornassem criativas e expressivas. Os resultados foram disponibilizados no grupo do
facebook da turma e no watsapp. As composições foram salvas e impressas em forma
de adesivo para posterior exposição na escola. Os resultados foram bons, sem contar
o conhecimento que adquiriram por meio da pesquisa em relação a memória cultural
da cidade de Marilena.
No décimo primeiro momento foi trabalhado com a “criação de um vídeo” onde
o objetivo desta atividade foi de produzir um vídeo em equipe utilizando parte das
composições realizadas. Para isso foi necessário conhecer o programa do movie
macker disponibilizado no link. Após ter contato com o programa, formaram equipes
de no máximo cinco alunos. Cada equipe escolheu as composições mais criativas
para a montagem do vídeo. Foram orientados para que também escolhessem músicas
para compor o vídeo. A equipe após realizar a edição do vídeo disponibilizou no grupo
do facebook da turma ou no watsapp. Para concluir o trabalho foi solicitado que
colocassem argumentos sobre as produções de todas as equipes no grupo da turma.
Os vídeos foram um sucesso, sendo que uma equipe colaborou com a outra no caso
de dúvidas durante o processo da edição.
No décimo segundo momento “Pós intervenção – Exposição” teve por objetivo
divulgar o trabalho realizado durante o processo. Os alunos foram orientados para que
divulgassem nas redes sociais e no ambiente escolar por meio de cartazes. A
exposição aconteceu no dia 07/11/15 nos três períodos: manhã, tarde e noite. Em
todos os períodos os alunos ficaram responsáveis em fazer as explicações de como
ocorreu o processo. Na exposição foram expostas as composições realizadas:
composições visuais, digitais e audiovisuais. O resultado foi bastante positivo, apesar
das dificuldades encontradas em alguns momentos para realização do trabalho.
Enfim, por meio do trabalho integrando as novas tecnologias ao processo
educacional em Arte, pudemos perceber que essas ferramentas são importantíssimas
no processo, mas para que se torne eficaz se faz necessário algumas mudanças
principalmente por parte do sistema educacional em relação aos equipamentos
disponibilizados para as escolas, acesso à internet, formação dos professores e
interpretação adequada da Lei nº 18.118/2014 que proíbe o uso dessas ferramentas
no contexto escolar.
Em relação ao GTR (Grupo de Trabalho em Rede) que foi desenvolvido junto
aos professores da Rede Estadual. Os professores desenvolveram a dinâmica da
implementação e avaliaram como positiva, mesmo porque as atividades estavam
aliadas a uma ferramenta que faz parte do cenário diário dos alunos e que a dinâmica
da produção-didática-pedagógica oportunizou condições de ampliar o processo de
ensino aprendizagem de forma positiva na construção do conhecimento. Sendo que
a tecnologia foi disponibilizada como uma ferramenta de apoio para a prática docente.
Colocaram ainda que serão necessárias algumas mudanças, principalmente em
relação aos equipamentos disponibilizados pelo sistema vigente. No entanto a
questão do uso do celular na sala de aula está longe de ser resolvida. Portanto, neste
caso, o melhor será aliar as mídias digitais à prática pedagógica e não simplesmente
fugir ou tentar proibir. Portanto colocaram que se faz necessário mais esclarecimentos
sobre a Lei nº 18.118/2014, pois vivemos no mundo contemporâneo e as novas
tecnologias oferecem atrativos mais interessantes do que as aulas convencionais.
Evidenciaram também, que é de grande importância os professores conhecerem as
ferramentas que podem ser aliadas ao processo de ensino aprendizagem, seja
computador, software, celular, tablet e outros. E que precisam estar abertos às novas
aprendizagens, sendo necessário serem curiosos e buscar aprender primeiro para em
seguida ensinar, tendo em vista que as tecnologias por si só não transmitem
conhecimento, mas constituem uma ferramenta capaz de potencializar a
aprendizagem, a interação, a comunicação se tiver a mediação do professor
constantemente no decorrer da aula. Sendo assim, esta ferramenta não pode
favorecer a ausência do professor de suas responsabilidades no processo de ensino,
deve sim, oportunizar possibilidades que contribuam para a construção do
conhecimento cientifico em Arte.
Considerações Finais
De acordo com os objetivos propostos, o desenvolvimento desta pesquisa
remete os alunos do Ensino Médio a utilização das novas tecnologias com
ferramentas no processo pedagógico em Arte na Educação Básica.
Assim, conclui-se que o trabalho pedagógico, aliado as tecnologias digitais e a
Arte é possível, desde que seja desenvolvido de forma que a prática pedagógica
possa enriquecer a construção do conhecimento. Portanto, foi observado que arte e
tecnologia estabelecem inúmeras relações, sendo necessária a interação do professor
com os meios tecnológicos/midiáticos. A questão, não é se devemos ou não proibir o
uso do celular ou outras ferramentas tecnológicas na sala de aula, mas quando e
como podemos utilizá-las. Desta forma, se faz necessário que o objetivo da aula seja
claro e trabalhado de forma coerente. Um bom planejamento é essencial, sendo que
um celular e outros recursos tecnológicos, podem se tornar tão importantes na
construção do conhecimento quanto um livro didático, no entanto, neste caso os
alunos passam de meros receptores para sujeitos mais ativos e participativos.
Observamos no decorrer do processo que os alunos demonstraram mais
interesse pelas aulas, participando constantemente, fazendo uso das redes sociais
para fins educacionais e interagindo constantemente com professor e colegas. Ainda
foi observado que o professor precisa estar preparado para este novo desafio, sendo
essencial a formação e estar aberto a inserir as novas possibilidades na sua prática
pedagógica de forma a transformar uma ferramenta tecnológica em um recurso
pedagógico com objetivo de fazer com que os alunos se apropriem do conhecimento
de forma significativa. Conclui-se também, que o trabalho integrando as novas
tecnologias ao processo educacional, para que se torne eficaz, se faz necessário
algumas mudanças por parte do sistema educacional em relação aos equipamentos
disponibilizados para as escolas do estado do Paraná, pois os mesmos apresentam
muitos problemas tanto em relação à manutenção quanto ao acesso à internet.
Portanto, foram necessárias adequações no decorrer do processo para que os
objetivos fossem alcançados de forma a propiciar a aprendizagem. Outro fator muito
importante neste processo é a formação dos professores da Rede Pública Estadual
para que o trabalho se concretize, pois não se trata de utilizar as tecnologias sem uma
mudança da prática pedagógica. É preciso ser adaptada à nova realidade, sem deixar
de lado outro fator que é essencial, interpretação adequada da Lei nº 18.118/2014 que
proíbe o uso dessas ferramentas no contexto escolar para fins não educativos.
Espera-se contribuir para reflexões plausíveis para a melhoria do ensino de
Arte na Educação Básica em escolas públicas, bem como, servir como ponto de
partida para novos estudos que relacionem o ensino de Arte e novas tecnologias.
Referências BARBOSA, Ana Mãe (Org.). A Imagem no Ensino da Arte: anos 80 e novos tempos. São Paulo: Perspectiva, 1991. _________________ (Org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte– 2. Ed. - São Paulo: Cortez, 2003.
BARBOSA, Ana Mãe (Org.); AMARAL, Lilian (Org.). Interterritorialidade: mídias, contextos e educação. São Paulo: SENAC, Sesc, 2008. __________________. Tópicos Utópicos. Belo Horizonte: Ed. Com/Arte,1999. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996. DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez; Brasília: MEC/ UNESCO, 2003. DUBOIS, Philippe. O Ato Fotográfico e outros ensaios. Papirus, Campinas, SP. FERRAZ, Maria Heloísa C. de T.; FUSARI, Maria F. de Rezende e. Arte na educação escolar. – 4. Ed. - São Paulo: Cortez, 2010 FISCHER, ERNST. A necessidade da arte. – 9. Ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. FRANÇA, Sonia M. M. Competências Cognitivas e Cibercultura: um estudo sobre o desenvolvimento de modelos cognitivos de aprendizagem do público jovem que resultam do uso frequente das tecnologias de comunicação digitais. Tese de Doutorado PUC – SP. 2011. KOSSOY, Boris. Fotografia e História. São Paulo. Ática, 1989.
LEMOS, André. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2002.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: Ed. 34, 1993.
___________. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 1998.
___________. O que é virtual? São Paulo: Ed. 34, 1996.
___________. Cibercultura. São Paulo: Loyola, 1999. LORENZATTO, Vera Lúcia; NEVES, Marcos Cesar Danhoni. O Nome da Rosa e o
Nome da Cidade: Um olhar contemporâneo. O professor PDE e os desafios da
escola pública paranaense. SEED, 2012. Disponível em
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pd
e/2012/2012_uem_arte_pdp_vera_lucia_lorenzatto.pdf Acesso em 15 de ag. 2014.
MARTINS, Mirian Celeste. PICOSQUE, Gisa. GUERRA, Maria Terezinha Telles. Didática do ensino de arte: a língua do mundo: poetizar,fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998. MORAN, José Manuel; MASSETO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 21. Ed. Campinas: Papirus, 2013. PARANÁ. Secretária de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica Arte. Curitiba: SEED, 2008. PIZZATO, Ricardo; BANDEIRA, Denise. Produção de imagens impressas: fotografia como fragmento artístico. O professor PDE e os desafios da escola pública paranaense. SEED, 2012. Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2012/2012_fap_arte_pdp_ricardo_pizzatto.pdf Acesso 11/11/14 SILVA, Ivone Gonçalves da; SALGADO, Antonio Luiz. A linguagem fotográfica no ensino das artes visuais. O professor PDE e os desafios da escola pública paranaense. SEED, 2010. Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2010/2010_fap_arte_artigo_ivone_goncalves_da_silva.pdf Acesso em 13 de ago. 2014. SILVA, Jackson Ronie Sá-; AMEIDA, Cristóvão Domingos; JOEL, Felipe Guindani. Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Revista Brasileira de História & ciências Sociais. Ano I – Número I – julho de 2009. Disponível em: http://redenep.unisc.br/portal/upload/com_arquivo/pesquisa_documental_pistas_teoricas_e_metodologicas.pdfAcesso em 06 de ago. 2014.