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185Pro-Posições | v. 25, n. 3 (75) | P. 185-209 | set./dez. 2014
ResumoEste artigo toma como fonte e objeto de pesquisa a cartilha
O Livro de Hilda – ensino da leitura pelo processo analítico,
com data de 1902 e autoria de João Köpke (1852-1926). Esse
livro manuscrito é a prova material da existência de uma car-
tilha produzida por esse autor para o ensino da leitura pelo
método analítico – encontrada apenas em sua versão original.
A obra é composta por três partes: “o livro de hilda”, “o livro
das bonecas”, “O livro de Hilda – Instrucções para seu uso”.1
Descreve-se, neste texto, o modo composicional dessa cartilha
e analisam-se seus aspectos visuais e textuais quanto ao “mé-
todo analítico da palavração”, tal como ele se apresenta nesta
obra. Ao mesmo tempo, situa-se João Köpke em sua época, fa-
zendo algumas comparações com outras cartilhas publicadas
por educadores adeptos do método analítico, dialogando com
estudos recentes de pesquisadores da cultura escolar.
Palavras-chaveManuscrito, João Köpke, método analítico, cartilha.
O Livro de Hilda (1902), a cartilha do método analítico, por João Köpke
Norma Sandra de Almeida Ferreira*, Maria Lygia Cardoso Köpke Santos**http://dx.doi.org/10.1590/0103-7307201407510
* Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, SP, Brasil. normasandra@yahoo. com.br
** Escola Comunitária de Campinas, Campinas, SP, Brasil. mlykopke@gmail.com
1. Usaremos “o livro de hilda” e “o livro das bonecas”, em minúscula, tal como usado por Köpke, para nomear a primeira e a segunda partes do livro. E indicaremos a obra como um todo por O Livro de Hilda. Desta forma, para melhor compreensão do leitor, dife-renciamos as referências à obra ou a parte dela. A terceira parte é nomeada por Köpke como “O Livro de Hilda – Instrucções para seu uso”, mas, ao nos referirmos a ela, ao longo do texto, poderemos usar apenas “Instrucções para seu uso”.
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AbstractThis article discusses variations in the analytical method of
literacy by examining the handwritten booklet “‘O Livro de Hilda’-
the teaching of reading by using the analytical method”, written
by João Köpke and diffused in 1902. The booklet in exam is the
original first edition and documents the author’s investment in
this literacy method. The analysis shows the particularities of
the textual and visual aspects of the booklet in comparison with
other similar teaching materials produced at the time in the light
of recent findings in the field of school culture.
Keywords Manuscript, João Köpke, analytical method, spelling book.
O Livro de Hilda (The Book of Hilda, 1902) – literacy analythical-method booklet by João Köpke
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Ao leitor, uma apresentação: o autorEm uma revisão bibliográfica que toma como objeto de estudo o educador João
Köpke (1852-1926) e sua produção de livros, identificamos que pesquisadoras
como Carvalho (1998), Mortatti (2000), Panizzolo (2006), Ribeiro (2001) e Santos
(2013) apontam para múltiplos aspectos que ajudam a compor o significativo papel
que João Köpke ocupou na história da educação brasileira, no debate a respeito da
instrução e do ensino do País, no período situado entre os dois últimos séculos.
Um intelectual que usufruiu de reconhecimento público, talvez por fazer parte
de uma rede de homens públicos que atuavam na imprensa acadêmica e diária,
sempre lutando pelo direito da população ao ensino. Estes homens – Prudente
de Moraes, Rui Barbosa, Rangel Pestana, Silva Jardim, Caetano de Campos, entre
outros – ocuparam cargos na instrução pública de São Paulo e na vida política no
País. Com eles, Köpke fundou e dirigiu escolas, além de compartilhar o ambien-
te cultural de seu tempo, os conhecimentos científicos e educacionais dos anos
finais do século XIX e, principalmente, os “bancos” do curso de Direito do Largo
São Francisco em São Paulo.
Um educador apoiado nos conhecimentos da ciência positivista e nos ideais li-
berais e republicanos, um mestre que usava todos os recursos do método intuitivo2
e estava a par da pedagogia europeia. Um autor
de livros de leitura3 e de cartilhas, bem como um
defensor do ensino da leitura e da escrita para a
formação do cidadão brasileiro.
E, embora tivesse publicado primeiramente
cartilhas para o ensino da leitura e da escrita
pelo método sintético4, João Köpke, tomando
conhecimento das críticas ao método da sole-
tração, especialmente aquelas que vinham de
Silva Jardim, e “aproveitando a contribuição de
educacionistas americanos e europeus, como
Fröebel, Meiklejohn, Stanley Hall, Claubb Car-
penter” (Mortatti, 2002, p. 550), aderiu ao mé-
todo analítico, por volta dos anos 1890. Desde
então, tornou-se um grande divulgador do mé-
todo analítico pela palavração, ministrando in-
2. Para Valdemarin (2006), o método intuitivo pressupõe uma educação com o objetivo de despertar e aguçar o sen-tido da observação por meio dos cinco sentidos (visão, au-dição, tato, paladar, olfato), colocando a criança diante de um objeto (ou imagem dele), de modo que ela possa ob-servá-lo, elaborar comparações, distinções, nomeando-o e descrevendo-o, aprendendo uma coisa/fato/fenômeno e seu nome/expressão, enfim, passando da intuição dos sentidos para a intuição intelectual, mais abstrata. O mé-todo intuitivo teve grande importância na reformulação da instrução do nosso país no final do século XIX e no início do XX, tendo Rui Barbosa como um dos principais divulga-dores, com sua tradução de Lições de Coisas, de Calkins.3. Entre sua produção, podemos destacar a série gradua-da de Leituras moraes e instructivas para uso das escolas primarias e secundarias, publicada, em grande parte, pela livraria e editora Francisco Alves (Série Rangel Pesta-na), com inúmeras edições, muitas delas aprovadas como obras oficiais para as escolas públicas do Rio de Janeiro e São Paulo. 4. Méthodo Rapido para aprender a ler, em 1874; e Méto-do racional e rápido para aprender a ler sem soletrar, em 1879 (edição revisada e ampliada).
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5. As conferências sobre o método das sentenças pelo método analítico (1896 e 1916), proferidas em São Paulo, e os artigos “Carta aos Professores J. de Brito e R. Roca Dordal” (1902) e “Ensino da Leitura” (1903) são algumas das situações públicas em que Köpke expôs seu método analítico e divulgou suas cartilhas (Mortatti, 2000, 2002; Panizzolo, 2006; Ribeiro, 2001).6. Apenas para elucidar a singularidade e a semelhança desse material com outros que circularam nesse período, traremos alguns aspectos já assinalados por Bernardes (2008); Carvalho (1998); Frade (2010, 2011); Mortatti (2000, 2002); Santos (2013) ou identificados por nós na consulta a algumas obras. Para tal, selecionamos as se-guintes cartilhas, publicadas em período muito próximo do de O Livro de Hilda (1902) e adotadas para circular nas escolas paulistas: Cartilha Analytica (1. ed., 1909), de Ar-naldo de Oliveira Barreto (1869-1925); Cartilha Moderna (1. ed., 1902), de Ramon Roca Dordal (1854-1938); O pri-meiro livro de leitura (1. ed., 1894), de Maria Guilhermina Loureiro de Andrade (1869-1913). Usaremos as edições da Cartilha Analytica, de 1930, que pertence ao acervo do nosso grupo de pesquisa, e de O primeiro livro de leitura, de 1894, que foi localizada na Biblioteca Infantil Municipal Monteiro Lobato (SP). Para a Cartilha Moderna, de Dordal, usaremos como fonte de consulta o artigo já citado e publicado na Revista de Ensino, nº 2, anno I, no ano de 1902, escrito pelo próprio autor. presentes ao final da escolarização, poderiam comprometer a investigação.
cansavelmente conferências, publicando artigos, reafirmando-se pioneiro no en-
sino da leitura pelo método analítico.5
Parece que houve uma compreensão, entre os administradores educacionais e
os autores das cartilhas, de que os métodos analíticos (palavração, sentenciação),
diferentemente dos sintéticos (soletração, silabação), iniciavam o processo de ensino
pela compreensão daquilo que expressasse significado para as crianças, proporcio-
nando ao aprendiz o entendimento analítico do todo para as partes. Também havia um
consenso de que uma gravura inspiraria um texto (historieta, sentenças, palavras) pri-
meiro oralmente e depois graficamente, levando a criança à compreensão do que lia.
Mas, se havia concordância quanto à importância da gravura associada à escrita; do
desenvolvimento intelectual pela intuição, pela motivação e pela observação; e do uso
dos objetos concretos para a compreensão das ideias abstratas e lógicas, por outro
lado, especialmente em relação ao método analítico, as pesquisadoras já citadas, com
base em artigos publicados na Revista do Ensino e em jornais de grande circulação,
concluíram pela existência de um acirrado debate entre João Köpke e os “normalistas”
que exerciam cargos na instrução pública paulista
e haviam se tornado autores de cartilhas de alfa-
betização. Um debate que se estendia naquilo que
Mortatti (2000, 2002) cunhou como “luta de poder”
entre o fluminense Köpke e os autores paulistas,
marcando a mudança do lócus de poder do Largo
São Francisco para a Escola Normal de S. Paulo.
Essa disputa, ligada às discussões relaciona-
das com a reforma da instrução pública paulista,
havia se iniciado em 1890, tendo sido marcada
também por diferentes entendimentos sobre o
ponto de partida do método analítico, a concep-
ção de texto, as escolhas do léxico a ser emprega-
do nas cartilhas, além de discussões sobre o que
se entendia como fácil e agradável para o desen-
volvimento infantil, entre outros aspectos.6 Para
Dordal (1902), os alunos primeiramente olhariam
e descreveriam as figuras, sendo encorajados, em
seguida, a ler palavras monossílabas e dissílabas
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e, finalmente, frases escritas com letras maiúsculas e com pontuação. Para Barreto
(1930), a Cartilha analytica deveria iniciar-se com três “historietas”, a partir da obser-
vação de uma gravura pelas crianças, “historietas” essas compostas por sentenças
– respostas às perguntas direcionadas do professor – escritas em letra manuscrita no
quadro negro e numeradas, de modo que o “objecto logico de uma seja empregado
como sujeito da sentença immediata, formando o todo uma pequena historia descrip-
tiva do objecto ou estampa que sirva de assumpto da lição” (Barreto, 1930, p. 95). As-
sim, partia-se das sentenças, que eram desmembradas em palavras, sílabas e letras,
seguindo o processo analítico do ensino da leitura (Bernardes, 2008; Frade, 2011).
Maria Guilhermina Loureiro de Andrade (1894, p. 3) assim já orientava o mestre
nas páginas iniciais de o Primeiro Livro de leitura:
[...] o menino aprende primeiramente a reconhecer as palavras das senten-
ças que elle já sabe, ou que aprendeu com tanta facilidade que se lhe tor-
narão familiares; depois entre as palavras escolhidas por sua semelhança
umas com as outras, e por meio delas aprendem também quasi simultanea-
mente nas outras de que elas são typo.
João Köpke, por sua vez, na edição de junho de 1904, ano III, nº 2, da Revista de
Ensino, ao fazer uma apreciação crítica dos livros escolares de R. Puiggari e A. Barre-
to, posiciona-se em relação ao ensino da leitura, destacando o discurso e a palavra
como unidades que promovem interesse, que acordam a vontade, que tornam a ati-
vidade proveitosa:
Si ler é pensar, o discurso e a palavra são a realidade para o que aprende, e
do discurso e da palavra – não da sylaba, nem da letra, se há de subir á arte
da leitura; si ler é provocar o desenvolvimento da expressão – é da emoção
congenial ao espirito e do interesse, que acorda a vontade, que se há de
esperar a leitura proveitosa; não da mecanica inconsciente, não da cons-
ciência agilitada num manejo sem utilidade. (Kopke, 1904, p. 589).
Concordando com os demais, João Köpke (1904, p.589.) discorre sobre seu modo
de conceber a cartilha analítica, tomando a palavra como “realidade para o que apren-
de”, como ponto de partida do processo, mas acrescenta, além dela, o discurso como
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possibilidade de “acordar a vontade, de provocar o desenvolvimento da expressão
pela leitura proveitosa e não mecânica”. Mortatti (2000) destaca que o método ana-
lítico apresentado por João Köpke nas conferências de 1896 e 1916 tem como ponto
de partida o todo.
Na conferência de 1916, em São Paulo, Köpke assim se pronunciou:
[...] mais do que a sentença, é a fala, a decripção, a narração, o discurso,
que a instruiu na língua em que entende e se faz entendida, e que sob a for-
ma de conto ou historia escripta, se ha de traduzir a seus olhos, dando-lhe
o segredo da representação gráfica, em que se faça entendida e entenda.
[...] (Mortatti, 2000, p. 114).
E, ainda, Köpke (1916), ao argumentar em defesa do seu método, coloca sua am-
pla experiência na sua aplicação e ressalta a diferença deste em relação ao de outros
autores, reforçando a importância da criação de uma historieta e da escolha apro-
priada de estampas ligadas entre si, dando continuidade à narrativa: “[...] em vez
de um conto, successivos contos irão fornecendo as palavras a fixar, e o quadro final
nascerá de um jacto [...]” (Köpke, 1902a, p. 785).
Pelas exposições das ideias de Köpke e pelos estudos já produzidos sobre as
cartilhas para o ensino da leitura e da escrita, é possível perceber, portanto, as di-
vergências a respeito dos sentidos dados ao que seria mais fácil; do que aguçaria a
curiosidade e o interesse, suscitando a atividade mental das crianças; de qual seria
o ponto de partida para o processo de ensino, etc. É possível também supor que o
método analítico da palavração proposto por João Köpke tenha como centralidade a
audição/escrita/leitura de uma historieta – mais do que de um conjunto de sentenças
descritivas sobre uma estampa – que se apresenta em capítulos e forma, no conjunto,
um assunto e uma linguagem próximos ao interesse de seus leitores-aprendizes.
Ao leitor, uma apresentação: nossos propósitosO Livro de Hilda – ensino da leitura pelo processo analítico é a prova material da
existência de uma cartilha produzida para o ensino da leitura pelo método analítico –
várias vezes citada por pesquisadores no campo da história da alfabetização (Car-
valho, 1998; Mortatti, 2000, 2002; Panizzolo, 2006; Ribeiro, 2001), mas nunca en-
contrada em qualquer versão, original ou publicada. É nossa intenção, neste artigo,
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apresentar essa obra manuscrita, que traz, em sua capa, além do título, as seguintes
informações gravadas em dourado: “João Köpke, 1902”.7
Nesse sentido, com base nos estudos realizados por Santos (2013), trazemos
como contribuição para a produção já consolidada sobre João Köpke uma descrição
sobre o modo composicional desta cartilha e uma análise dos seus aspectos visuais e
textuais quanto ao método analítico da palavração, tal como ele se apresenta nessa
obra. É uma oportunidade para explorarmos a compreensão de João Köpke sobre o
método analítico pela palavração no ensino da leitura, concretamente exposta em
um material didático, e não apenas divulgada em conferências ministradas e artigos
publicados (Köpke, 1896, 1902a, 1904, 1916).
Ao leitor, uma apresentação: O Livro de Hilda O Livro de Hilda – ensino da leitura pelo processo analítico – é um livro grande,
cuja leitura e manuseio só são possíveis com o apoio de uma mesa. Encontra-se ama-
relado, com lombada corroída, algumas páginas costuradas e outras soltas devido ao
manuseio e à própria passagem do tempo. No total, são 274 páginas, utilizadas ape-
nas na frente, mas algumas poucas usadas também no verso. Há espaços em branco,
como se à espera de ilustrações ou de estampas a serem coladas.
Ao abri-lo, observamos a letra manuscrita do autor, inclinada para a direita, bem
desenhada e firme, majoritariamente em tinta preta (ou nanquim). As ilustrações, em
sua maioria, feitas com lápis colorido, são, provavelmente, do próprio autor e emol-
duram o texto escrito, representando visualmente cenas, personagens das narrativas
e objetos nomeados para o ensino da leitura. Algumas oferecem ao leitor contempo-
râneo imagens do cotidiano urbano do Rio de Janeiro no final do século XIX e início do
XX; outras ilustrações remetem a diferente finalidade: explorar os sentidos, conforme
perspectiva epistemológica apoiada no método intuitivo de lições de coisas (Frade,
2011), ou concretizar aspectos da língua no momento do ensino da leitura e da escrita.
Os temas versam sobre valores morais e éticos, como: honestidade, respeito
aos mais velhos, obediência, caridade – valores esses socialmente reconhecidos.
E destaca-se, principalmente, o valor da aprendizagem do ler e do escrever (pelo
método intuitivo) no interior de um espaço de
disputa com outros métodos vigentes na época,
conforme podemos ler na fala de um dos perso-
nagens-adultos, no livro:
7. O Livro de Hilda – ensino da leitura pelo processo ana-lítico pertence ao acervo pessoal da família Köpke e se en-contra atualmente no grupo de pesquisa “Alfabetização, Leitura e Escrita”- ALLE/FE/Unicamp.
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Olha, Olguita. O que quero é que tu fiques muito camaradinha de Hilda. A
Hilda é uma boa menina e tem muitos brinquedos e bonecas. E essa casa é
uma chácara muito grande para correrem e pularem. Mas olha que a Hilda
não passa só a brincar o dia inteiro, não, senhora... também trabalha, olé!
Se Ella já tem sete anos!... Ella ajuda a mamai no serviço da casa, e... dá
suas lições. Talvez ella te diga como aprendeu a ler. Não começou pelo ABC,
nem pelo B..a..Bá, como d´antes, quando eu era do teu tamanho. Abriu um
livro e leu logo na primeira lição. Basta olhar e querer saber. E nem se faz
birra, nem se chora. Vais ver. (Instrucções para seu uso, p. 146).
A proposta da obra sugere um aprender a ler e a escrever sem “birra”, sem “cho-
ro”, a partir de diferentes gêneros discursivos – em prosa (contos de fadas, histórias
cotidianas); em versos (trava-línguas, poemas, quadrinhas); em forma de perguntas
e respostas com rimas, exercícios para completar com letra, palavra, etc.
O Livro de Hilda – ensino da leitura pelo processo analytico reúne três partes: “o
livro de hilda”; “o livro das bonecas”; “Livro de Hilda - Instrucções para seu uso”.
Aparentemente distintas, essas partes estão intimamente articuladas pela sequência
narrativa, garantida pela permanência das personagens, pelo ambiente em que estas
circulam e pelo desenvolvimento do enredo, nas lições e nas recordações (primeira e
segunda partes); nas narrativas e nas propostas de leitura (a serem lidas pelo profes-
sor e registradas na terceira parte).
A primeira dessas três partes do livro, denominada “o livro de hilda”, apresenta as
protagonistas, duas meninas – Olguita e Hilda – que se encontram e se conhecem; e
mostra suas famílias, as casas onde moram, a chácara e os brinquedos, no desenrolar
de vinte episódios. São essas histórias que colocam os leitores (crianças a serem al-
fabetizadas) em contato com “unidades de sentido”, segundo o método analítico de
alfabetização (Frade, 2011; Mortatti, 2000).
Os episódios são nomeados e numerados em sequência, a lápis, na parte superior
da página, como “Lição” (da 1ª à 20ª) ou como “Recordação” (da 1ª à 3ª). As Lições,
narradas por Hilda em primeira pessoa, são exercícios para o ensino da leitura e da
escrita de frases, palavras, sílabas, letras, fonemas. Já, as três “Recordações” se re-
ferem, como o próprio nome diz, ao vocabulário já explorado nas lições anteriores,
tendo como narradora Olguita, que, numa espécie de revisão, conta a sua mãe tudo
o que viu e fez na casa de sua amiga Hilda.
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Na segunda parte, nomeada pelo autor como “o livro das bonecas”, o enredo é mon-
tado na forma de um “jogo” entre aprender de mentirinha (Hilda, mestra dedicada, dá
aulas a Olguita e às suas bonecas, alfabetizando-as) e aprender de verdade (livro aber-
to, grande, no cavalete – de um lado: figuras; de outro: palavras). O leitor infantil, que
não interrompe o universo “ficcional” da primeira parte, se vê, na segunda, enredado a
“aprender de forma sistemática”, passo a passo, a leitura e a escrita pelo método analíti-
co. E o leitor-mestre previsto para o uso deste livro tem, encenadas na ficção, concepções
de escola, do ensinar a ler e a escrever, do método analítico, das posturas pedagógicas
dos professores, dos comportamentos previstos e desejados por parte dos alunos, etc.
Essa segunda parte contém mais trinta e uma lições, compostas por apresenta-
ções de letras, palavras, textos. Aqui, o narrador-personagem ora é a menina Hilda,
ora a pequena Olguita, que encenam o enredo didático que será explorado conforme
orientação explícita na terceira parte da obra.
É na terceira parte, intitulada pelo autor “Livro de Hilda - Instrucções para seu
uso”, que podemos nos aproximar dos usos previstos para este material. As cento
e trinta e oito páginas que a compõem revelam-se exemplares para um conhecimen-
to minucioso das orientações ao mestre para manusear as duas primeiras partes de
O Livro de Hilda e trabalhar com elas.
Nessas “Instrucções para seu uso”, Köpke cria vinte e duas novas narrativas que
devem ser lidas pelo professor, nomeando-as assim: “Narrativa inicial”, “Primeira
Narrativa”, “Segunda Narrativa”, até “Vigésima Narrativa” e “Narrativa final”. Há cer-
ta orientação para o uso de tais narrativas: cada uma delas deve ser sempre lida oral-
mente pelo mestre; tal leitura deve ser anterior às Lições e, algumas vezes, posterior
à Recordação. O autor também cria um “Cyclo de exercícios” – procedimentos didáti-
cos detalhadamente preparados por ele para orientação ao usuário desse material.
Nesta terceira parte, Köpke assume a autoria do discurso e volta a ser o professor-
-autor, dirigindo-se aos mestres. Pelo menos dois tipos diferentes de direcionamento
são recorrentes: a insistência para que o mestre faça uso do livro, incentivando no
leitor o desejo de lê-lo com prazer e interesse, e o detalhamento de todas as etapas
do processo, de modo que o mestre se sinta seguro em adotar o ensino sugerido pelo
autor, que é prazeroso e divertido para os alunos.
Em O Livro de Hilda, portanto, em cada uma das partes separadamente, e entre elas,
como um todo, são mantidos o mesmo cenário e as mesmas personagens; cada capí-
tulo/ história faz parte de um enredo maior, que se mantém em qualquer das partes;
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as instruções, detalhadamente explicadas e justificadas, ocupam muitas páginas; as
lições com o método analítico não podem ser vistas de forma separada das narrativas
que as compõem e que com elas se relacionam; cada lição, propriamente dita, traz dife-
rentes recursos metodológicos, o que amplia, entre outros aspectos, a diversidade e a
quantidade de atividades previstas para o aluno no ensino inicial da leitura e da escrita.
Ao leitor, uma apresentação: o método analítico Em O Livro de Hilda, o método analítico de João Köpke não se inicia por uma lição
que ensina a criança a ler e a escrever por uma palavra ou sentença, como comumen-
te vemos nas cartilhas publicadas na época: Maria Guilhermina Loureiro de Andrade
(1894) e Arnaldo Barreto (1930), por exemplo. Antes de iniciar, propriamente, o ensino
da leitura, Köpke propõe uma “Lição inaugural” com o intuito de enfatizar o valor e a
importância do aprendizado da leitura e da escrita para as crianças, conforme vemos
nas “Instrucções para seu uso”, em que ele orienta: “o mestre, que tiver de iniciar o
ensino da leitura e da escripta por este livro, fará, em antes de o abrir e mostrar aos
seus discípulos, uma conferência, em palestra muito chã, sobre o valor da arte de ler
e escrever”. [...] (Köpke, 1902b, p. 138, grifo do autor).
Além da “Lição inaugural”, Köpke indica uma leitura oral de outra narrativa (a “ini-
cial”). Com ela, os alunos são apresentados às protagonistas e a seus familiares, em
suas moradias, com suas brincadeiras e passeios. Ele insiste para que o mestre fique
atento e se prepare para ler oralmente, “quase uma conversa olho no olho”, de modo
que os alunos possam ser enredados pela trama, recebam a história de forma tran-
quila e apreciem a linguagem que está ao alcance de sua inteligência. São estratégias
que, para ele, sugerem a importância da adesão do aprendiz ao sentido da história,
aspecto fundamental no ensino analítico de leitura.
Conforme ele destaca antes da leitura da “Narrativa inicial”:
Neste ponto, é preferível que, por palavras suas [do professor], lhes expo-
nha o assumpto, que é objectivo da Narrativa inicial, abaixo deduzida; e,
quando o não possa, lel-a-á com o maximo de emphase e ajudando com a
ação o sentido a exprimir pela fala, tendo os olhos mais nos ouvintes do
que na pagina, de modo a dar á sua elocução um tom de conversa tanto
mais agradável ás crianças quanto mais a linguagem puzer ao alcance da
sua intelligencia a trama da meninada. (Köpke, 1902b, p. 138)
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Só depois da leitura oral, feita pelo mestre, da “Lição inaugural” e da “Narrativa
inicial” é que a criança inicia, na “Primeira Lição”, a aprendizagem da leitura pelo
método analítico: “[...] Apresentando, então, ‘o livro de hilda’, aberto na página do
frontispício, onde se vê estampado o retrato da protagonista, dir-lhes-á que vão ver
quem é Hilda, pondo sentido na história que lhes vai contar” (Köpke, 1902b, p. 138).
Só neste momento é que o leitor de O Livro de Hilda é desafiado, como nas cartilhas
analíticas do mesmo período, a aprender a ler pela estampa, que pode dar concretu-
de à palavra escrita, em sentenças descritivas entendidas como unidade de sentido.
São frases curtas, muito parecidas com as que encontramos nas cartilhas analíticas,
de um modo geral, como as de Andrade (1894); Barreto (1930) e Dordal, (1902). Sen-
tenças que são espécies de respostas dadas pelas crianças às questões postas pelo
professor diante da gravura; sentenças formadas com pouca variedade de palavras;
sentenças dispostas uma abaixo da outra.
Mas o texto elaborado a partir da estampa – que João Köpke propõe em O
Livro de Hilda – é rico em detalhes e se liga ao
enredo demarcado por um tempo cronológico,
pela resolução de um conflito (uma criança não
sabe ler).
Desse modo, o que vemos, no manuscrito, é
a concretização da compreensão que Köpke ma-
nifesta da historieta/conto como ponto de parti-
da, concepção bem distinta da de outros auto-
res, como, por exemplo, Andrade (1894) e Dordal
(1902).8 Diferentemente também da Cartilha
Analytica, de Arnaldo Barreto (1930), por exemplo,
em que “não há continuidade temática, embora os
personagens Paulo e Lúcia permaneçam em algu-
mas situações do livro” (Frade, 2011, p. 9).
Assim, a imagem – tão cara ao ensino intuitivo
e, especialmente, ao método analítico da leitu-
ra – não é apenas pretexto para a elaboração de
sentenças com ligação “forçada” entre elas, muito
menos mera ilustração que acompanha o texto.9
Para Köpke (1902a, p. 785):
8. Vejamos algumas histórias criadas para três outras cartilhas analíticas, a título de exemplificação. A partir de uma estampa, este é primeiro texto criado por Roca Dordal (1902, p. 216) em sua Cartilha Moderna: “Eu vi a ave./A ave vôa./Vovô vê a ave./ Viva o vovô!/A Eva vê a uva./ Vovô viu o ovo? /Viu, e eu vi a ave./O Ivo é viúvo?/É. O Ivo é viúvo”. Também este é o primeiro texto da Carti-lha Analytica, de Arnaldo Barreto (1930, p. 7): “Eu vejo um menino./ Este menino chama-se Paulo./ Paulo tem uma bola./ Vocês estão vendo a bola? A bola é azul”. A Lição 1 da cartilha de Maria Guilhermina Loureiro de Andrade (1894, p. 5) é a seguinte: “O menino,/ O gato./ Vejo./ Eu./ Vê/ Um/ É. / E. / O menino vê o gato./ O gato vê o menino./ Eu vejo o gato./ Eu vejo o menino./”.9. Köpke (1902a), em carta dirigida a J. De Britto e R. Roca Dordal, defende-se da crítica feita por esses professores ao seu método analítico. Argumentando a favor de seu método, ele cria um texto para as estampas propostas na primeira lição de Cartilha Moderna. Descontando li-gações bastante forçadas entre o texto e as estampas que são (pelo menos para nós, hoje) totalmente desco-nexas – criança que sai do ovo, vovô, vinho, cacho de uva, ovo grande, passarinho –, podemos dizer que temos uma apresentação descritiva dos personagens e de suas ações, disposta em um “enredo” coerente e sequencial. Uma história que o autor propõe como interessante por-que composta “em palestra, alegremente” (Köpke, 1902a, p. 775), com palavras do vocabulário dos aprendizes, ain-da que limitada pela imposição das estampas e da brevi-dade do espaço para expor seu método.
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tomando ao acaso, uma estampa, sobre ela inventando um contosinho,
e organizando os exercícios [...] e entre estampa e estampa, houver um
elo de relação, de modo a formarem os exercícios ou contos sequência, e
a serem todos os vocábulos ocorrentes personagens e cenários diversos,
em que uma mesma ação se desenrola, mais a gosto ficará o esforço dos
alunos, e mais eficaz será o efeito do método no instruí-los sem violência
ou inteligentemente.
As primeiras lições são exemplares em recursos analíticos bastante comuns entre
os autores que defendem o método intuitivo (Frade, 2011, p. 9) e entre os demais
textos que compõem O Livro de Hilda. Nelas, podemos associar os recursos textuais
calcados nos procedimentos mentais de descrição de estampas e de observação de
imagens como incentivo à observação por meio da visão, explicitados pelos advér-
bios e pelos pronomes (“aqui está a minha mamãe”; “este é o meu vovô”) e pelos
verbos (“olhe nhonhô”; “olhe lili”) (grifos nossos), como expõe a Figura 1.
Figura 1 – Lições 3 e 4.
Fonte: O Livro de Hilda (Köpke, 1902, p. 3- 4)
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Também não muito diferente do que conhecemos das cartilhas impressas de ou-
tros autores, para as vinte primeiras lições (narrativas) de O Livro de Hilda, Köpke
propõe, na terceira parte do livro, os dez passos (“cyclo de exercícios”) a serem de-
senvolvidos pelas crianças com orientação do mestre:
1. Exhibição da estampa e rápida conversa sobre ella; 2. Leitura, pelo mes-
tre, do texto, apontando cada palavra que profere; 3. Escripta, no quadro-
-negro, dos vocábulos concretos, em colunas; 4. Indicação pelos alumnos,
n’estas columnas, dos vocábulos iguaes; 5. Indicação, pelos alumnos,
d’estas columnas, dos nomes correspondentes a cada figura indicada pelo
mestre na estampa; 6. Classificação das palavras pela syllaba inicial; 7.
Indicação, pelos alumnos, dos vocábulos classificados, que forem proferi-
dos; 8. Leitura dos vocábulos classificados; 9. Leitura do texto; 10. Leitura
de phrases e proposições formadas com as palavras aprendidas. (Köpke,
1902b, p.164)
São passos que norteiam as primeiras lições, como ocorre nas primeiras ou nas
últimas páginas impressas dos livros de Andrade (1894) e de Barreto (1930) ou nas
orientações dadas por Dordal (1902) no artigo publicado na Revista de Ensino. Mas,
distintamente desses autores, Köpke articula essas lições pelas orientações minucio-
samente dadas para o livro como um todo, na terceira parte, “Livro de Hilda - Instruc-
ções para seu uso”: apresentação e conversa sobre as estampas que se relacionam
com as palavras concretas que as nomeiam; articulação entre leitura e escrita (do
mestre e dos alunos) de palavras, de textos, de frases formadas com palavras apren-
didas; comparação, classificação e identificação entre figura e palavra, entre pala-
vras, entre palavras iguais, entre sílabas iniciais das palavras, entre palavras, sílabas
e letras aprendidas com formação de novas palavras. São muitas e diversas estraté-
gias, do conhecido para o novo, da repetição (reconhecimento) para a produção, do
todo para as partes e vice-versa.
Nessas primeiras lições, podemos ver que a distribuição dos textos e das imagens
segue praticamente o mesmo padrão no livro todo: os desenhos (objetos, situações
cotidianas) continuam dispostos acima dos textos. As ilustrações “reproduzem” ou
descrevem visualmente o assunto (objeto) tratado no texto, além, é claro, de ser uma
estratégia que dá visualidade à página, fragmentando-a em duas linguagens distin-
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tas, que se complementam na produção de sentidos para a leitura da criança.
E, à medida que prosseguimos com a leitura do livro, textos que descrevem os
desenhos aumentam de extensão, e as ilustrações podem ter outras funções, como
nas lições 3 e 4, em que os desenhos dos objetos – “bengala”, “mobilia”, “guarda-
-vestidos”– exploram ludicamente o sentido da visão na perspectiva do método intui-
tivo. São formas distintas, que servem para ler e escrever; são diferentes linguagens
(verbal e imagética), que representam os objetos a que se referem e que se oferecem
como pistas semânticas no interior de um mesmo texto.
Segundo Köpke (1902b, p. 208), a leitura tanto poderia ser feita por imagens, para
quem ainda não reconhece as letras, como por palavras, para quem já sabe ler a escrita:
Olguita representa uma menina que ainda não sabe ler e, por isso, Hilda,
como mestra, mostra-lhe a imagem correspondente a cada palavra de uma
lista e, em seguida, a palavra escrita. Hilda lê as palavras, e Olguita e as
bonecas leem as figuras, de O Livro de Hilda. Na página, do lado esquerdo
da cartilha, estão as imagens, que é a parte das bonecas e de Olguita; e na
do lado direito, estão as palavras correspondentes às imagens; quem lê é
Hilda, a professora. Primeiro, a mestra mostra as figuras (apontando e di-
zendo “aqui” a cada figura) e as bonecas vão dizendo: bacia, bezerro, bica,
boneca, bule; e assim, carreira por carreira, até terminar a página. Depois é
a vez de Olguita, mas ela não lê as figuras, não; lê as palavras. A mestra tam-
pa as figuras e ela tem que ler o escrito. No começo “é custoso”, e Olguita
fica atrapalhada, mas depois ela vai lendo até o fim da página.
O ensino das sílabas, das letras e dos fonemasÉ em “o livro das bonecas” que podemos notar o momento em que Köpke introduz
o ensino das palavras, das letras e dos fonemas, acompanhado ainda de leituras de
historietas em versos e/ou narrativas – que devem ser lidas antes de determinadas
lições, segundo indicação feita nas “Instrucções para seu uso” – e do estudo das fra-
ses que dão início ao aprendizado da leitura e da escrita (Köpke, 1902b, p. 218). São
figuras (para quem não sabe ler) acompanhadas das palavras (para quem lê), em co-
lunas horizontais e verticais, em ordem alfabética de consoantes, ora com destaque
para as sílabas, ora para as letras.
Vejamos, na Figura 2, um exemplo de ensino das sílabas, nas páginas 51 e 52:
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Figura 2 – Ensino das sílabas
Fonte: O Livro de Hilda (Köpke, 1902b, p.51-52).
Nesta Lição, cada linha, horizontalmente, traz um conjunto de palavras (que no-
meiam os desenhos), de acordo com a sequência das vogais, como, por exemplo:
bacia...bezerro...bico...boneca...bule. Cada palavra que inicia a linha obedece à se-
quência do alfabeto, e elas estão dispostas verticalmente, em colunas: bacia...caval-
lo...dedal...facão [...] zabumba.
Além dessa associação direta entre desenho e escrita de cada objeto, ainda iden-
tificamos outro procedimento visual a ser explorado pelo mestre: o uso distintivo da
cor vermelha para destacar ou a primeira sílaba ou a letra inicial, em oposição às
demais, que vêm na cor preta, quer no interior do texto, quer dentro das palavras.
Nesses casos, visualmente, o leitor é solicitado a ler as partes da palavra que vêm
registradas em cores diferentes e, oralmente, o aluno é orientado, conforme as in-
dicações de Köpke “transferidas” para a mestra Hilda, na escola de brincadeirinha:
Depois a mestra disse: agora nós vamos cortar a cabeça... De quem, meu
Deus? Disse Olguita, assustada. E as bonecas também se assustaram, coi-
tadinhas!. De nenhuma de vocês, respondeu Hilda, sosseguem. Vamos cor-
tar a cabeça das figuras e dos nomes. E não é preciso faca, nem tesoura:
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corta-se com a boca.[...]. Para cortar a cabeça que vocês já sabem que é d’
este lado, do lado onde a gente começa a dizer ou a escrever, para cortar a
cabeça, a gente começa falando muito alto ba e diz o resto muito baixinho
cia. [...]” (Köpke, 1902b, p. 210).
Didaticamente, o leitor-mestre, ao adotar o Livro de Hilda, tem explicitamente a
seguinte orientação nas “Instrucções para seu uso”: “Escreva, então, novamente,
mas com giz de cor vermelha a primeira syllaba: [...] Diga que a cor vermelha mostra
a cabeça da palavra, e convide os discípulos a procurar no texto todas as que têm
cabeça parecida” (Köpke, 1902b, p. 154).
Buscando oferecer maior segurança ao mestre e descontração aos aprendizes é
que a aprendizagem dos rudimentos da leitura e da escrita vai ocorrendo da mes-
ma forma que para os personagens do Livro de Hilda: olhar as figuras e a escrita
correspondente a elas, no movimento de uma compreensão do todo (palavra) para
as partes que o constituem (sílabas e, posteriormente, as letras), destacadas pela
entonação, pela cor da escrita:
Quando Olguita acabou, Hilda disse: Muito bem minha menina! Vê que não
custa cortar cabeças. Mas eu disse cabeça da palavra só de brincadeira. Não
devem dizer cabeça da palavra, mas primeira syllaba – primeira sy... lla...
ba. As palavras são feitas de syllabas. A gente abre a boca e diz ba; torna
a abrir e diz ci; torna a abrir e diz a. Bacia tem três syllabas. A cabeça é a
primeira syllaba: ba. As outras ci... e a são o rabo. A primeira syllaba está
escripta com tinta mais escura no Livro das Bonecas, as outras com tinta
mais clara. Estão vendo? [...] (Köpke, 1902b, p. 218).
Se olharmos, por exemplo, para a cartilha de Barreto (1930), veremos que as es-
tratégias não são tão distintas das de João Köpke quanto às finalidades, ao destaque
das sílabas do início e do final das palavras, à separação das sílabas em quadros, ao
uso das figuras como substituição da escrita. São recursos que colocam em práti-
ca os preceitos do método intuitivo: observar para progredir, passar da percepção à
ideia, dos sentidos para a inteligência, do concreto para o abstrato, conforme Valde-
marin ( 2006). Mas Barreto (1930), ao invés da cor vermelha, utiliza outros recursos, e
de forma pouco diversificada. Para a decomposição do todo em partes, ele faz uso de
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dois procedimentos que se repetem de forma sistemática por grande parte do livro,
conforme Frade (2011, p. 9) destaca na análise da Cartilha Analytica:
[...] percebe-se bastante estabilidade: após as lições com estampas são
apresentadas frases destacadas na vertical, um primeiro procedimento de
decomposição/análise, com um esquema gráfico idêntico em todo o livro.
Um segundo [...] só vai aparecer na página 40, quando se apresentam pala-
vras e um quadro que as divide em sílabas.
Köpke, por sua vez, dispõe de desenhos inteiros, desenhos cortados ao meio, de-
senhos que, juntos, preparam um novo, acompanhados sempre de seus nomes. São
recursos utilizados por Köpke neste livro, como o proposto na 26ª lição, em que, ao
encerrar o estudo das famílias silábicas, o autor se utiliza de desenhos cortados ao
meio. Um procedimento que sugere uma tentativa de associar, visualmente, para os
aprendizes, parte da imagem à própria divisão das sílabas, para “que ouçam e vejam
syllaba a syllaba” (Köpke, 1902b, p. 226), conforme a Figura 3 revela:
Figura 3 – Palavras e desenhos cortados
Fonte: O Livro de Hilda (Köpke, 1902b, p. 61-62)
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Köpke, além disso, para dar destaque à escrita do que se quer ensinar, utiliza-se
também da disposição visual na página. Letras, sílabas, palavras (matrizes), termos
novos aparecem escritos entre os espaços vazios do texto ou são expostos em cava-
letes, postos na parte inferior da página, como vemos na apresentação das palavras
novas compostas por ditongos na Figura 4:
Figura 4 – Quadros e cavaletes
Fonte: O Livro de Hilda (Köpke,1902b, p. 65-66).
Na análise das palavras por meio do estudo das letras (a partir da 34ª e até a 51ª
Lição), além desses procedimentos já comentados, o autor lança mão de um quadro
de palavras, sem preocupação com a ordenação pelo abecedário. Ali, horizontalmen-
te, estão colocadas as palavras que se iniciam por uma mesma letra, a qual se repete
no final da linha, como, por exemplo, na lição nº 35: “vassoura, veado, viveiro, vovó,
v...” (Köpke, 1902b, p. 71-72). A Figura 5 traz esse exemplo.
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Neste momento de “o livro das bonecas”, Köpke (1902b, p. 236) sugere aos mes-
tres uma didática calcada no modelo dado por Hilda, na nona narrativa escrita nas
“Instrucções para seu uso” e para ser lida antes desta lição:
Muito bem, disse Hilda. Agora vamos ler de outro modo. Não é mais cortar
a cabeça, separar cabeça de rabo. É partir a cabeça em pedaços. Não custa:
a gente faz como quem vai dizer o nome e para de repente porque não póde
deixar a voz sahir. Aqui está (mostrando a vassoura): vassoura. Eu vou di-
zer e fico sem fala de repente. Digo só v....e não posso dizer assoura. [...].
E, solicitando que cada aluno pronuncie o som “v” a partir das palavras aponta-
das, seguindo horizontalmente cada linha, a mestra Hilda diz que toda vez que um
nome começar por essa letra, o aprendiz deve pronunciar: “v...v...v...como se fosse
dizer: vovó, vovô, veados, viveiro, veados. Este (escrevendo) v... é um pedaço de
vovô. Então fica chamando a letra do vovô, disse Quimquim” (Köpke, 1902b, p. 238).
Figura 5 – O ensino das letras
Fonte: O Livro de Hilda (Köpke,1902b, p. 71-72).
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Nas “Instrucções para seu uso”, João Köpke (1902b) – dirigindo-se diretamente ao
mestre – assim o orienta, como, por exemplo, na p. 246:
1. Leitura das colunas laterais dos vocábulos inteiros e das vogais iniciais;
2. Leitura da coluna central dando o nome que cada fonema sugere e emi-
tindo o fonema, adaptando os órgãos da fonação à emissão; 3. Combinação
dos fonemas iniciais das colunas laterais com os da central, acompanhando
a voz do discípulo o movimento entre as letras: a ..v...e ; e...v...a.
Köpke (1902b, p.74; p.75; p.77), da mesma forma que fizera no ensino das pala-
vras ou das sílabas, investe em diferentes recursos visuais para destacar as letras do
alfabeto: separando-as no interior das palavras que elas formam (a..v..e..; l..e...u...;
c...a..i...); iniciando com a mesma letra um conjunto de palavras (vassoura; veados;
viveiro, vovó); isolando a letra no final da linha ou jogando-a pela página; ou ainda au-
mentando de duas para três letras a primeira sílaba da palavra; oferecendo, ao leitor-
-aprendiz, combinações diferentes quanto ao tamanho da palavra, ou à substituição
das letras, como por exemplo: bala – balde; ferro – fel; mala – mar; veados – verde.
O autor investe ainda na oralização, destacando os fonemas e chamando a aten-
ção, por exemplo, para a pronúncia dos sons ligados ao m; b; p: “que a gente fecha a
boca e só abre para dizer a letra de diante (escrever e emitir muito accentuadamente)
mamãi – sem apertar quasi os beiços; bacia – apertando um pouco mais; papai aper-
tando bastante” (Köpke, 1902b, p. 244). Diferentemente, segundo Frade (2011), de A.
Barreto, na Cartilha Analytica, em que a análise sonora de partes das palavras é pou-
co explorada pelo autor. Para Frade (2011, p. 9), “não são as palavras que são destrin-
chadas em seus componentes sonoros [...]”. No quadro de apresentação das letras,
em ordem alfabética, cada uma delas segue o seguinte padrão: letra de imprensa
maiúscula; letra de imprensa em “minúscula”, um desenho, uma afirmação como:
“avestruz começa com a” ou “rato começa com ra” (Köpke, 1902b, p. 29 e p. 35).
Assim, podemos afirmar que Köpke lança mão da variedade dos recursos visuais
e textuais: jogo de cores, de tamanho e de forma das letras; insistência na oralização
e visualização da escrita; combinação entre escrita e desenho; aumento do tamanho
dos textos. Ao longo de toda a obra, imagem e escrita fragmentam a densidade visual-
mente trazida pela escrita e, mais do que isto, complementam-se, criando um efeito
de redundância que pode ajudar na memorização do texto e em uma compreensão
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mais significativa para o aluno. Cumprem um papel tanto pedagógico quanto estético
e atribuem aos textos um caráter descritivo, diretamente relacionado aos princípios
do método intuitivo, em que a visão das imagens e das coisas tem uma função de
“memorização, quando se apresenta uma expressão e seu desenho correspondente”
(Frade, 2011, p. 3), como podemos ver na Figura 6, a seguir:
Figura 6 – Novas palavras
Fonte: O Livro de Hilda (Köpke,1902b, 1902b, p.75).
Antes de finalizar “o livro das bonecas”, Köpke cria uma “Última lição” (a 51ª.),
que é um poema, ainda como recurso para a apresentação das letras. Ali é introduzi-
da a temática sobre o ensino das maiúsculas e das letras de imprensa (do livro), como
podemos ler nos seus versos: “e z, letra pequena com que se escreve à mão [...] e z
lettra pequena mas lettra de impressão”; “as lettras grandes / são diferentes / e aqui
abaixo /todas estão / sempre se empregam /depois do ponto / no que se escreve /
em livro ou /à mão” (Köpke, 1902b, p.130).
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Segundo Köpke, nas “Instrucções para seu uso”, em apenas um só dia as crian-
ças já estão prontas para esse aprendizado e poderão passar à leitura corrente. Essa
orientação de João Köpke para o ensino de maiúsculas e de caracteres tipográficos
só no final de todo o processo marca uma distinção em relação ao que preconiza-
vam outros autores, como Ramon Roca Dordal (1902), que defendia que as letras de
imprensa e as manuscritas, as maiúsculas e as minúsculas, bem como os sinais de
pontuação, deveriam ser ensinados ao mesmo tempo, para que os alunos pudessem
aprender a escrever, fazendo cópias.
Ao leitor, um finalMesmo que a criança chegue ao final do processo de aprendizagem da leitura e da
escrita de textos diversos, frases, palavras e letras, na forma impressa, na de mão, na
de maiúsculas e minúsculas, substituindo a leitura das estampas, o autor da cartilha
ainda não coloca ponto final ao trabalho do professor. Embora a criança tenha diante
dela um material que a ensina a ler e a escrever, com exercícios orais e escritos dados
pela professora de mentirinha e com textos em que as aquisições novas em relação
à língua estão espalhadas pelos episódios inter-relacionados que formam o grande
enredo, segundo Köpke (1916, p. 107), a
differença entre o meu modo de encarar o desenvolvimento pratico a dar à
leitura e o dos mestres paulistas, que para ella têm elaborado livros, está
sobretudo no ponto de partida, pois que eu dou à criança o livro com as-
sumpto à altura de sua capacidade e na medida do seu interesse, mas orga-
nizado como o é o livro, que lêm os seus maiores, emquanto elles enfeixam
nos seus livros as séries de exercícios, que dificultam a leitura, e eu separo
em volume para o mentor, mãe ou mestre [...].
E, sem pressa de terminar O Livro de Hilda, João Köpke propõe a leitura da “Última
Narrativa” (52ª. Lição, p. 129), dedicada à “Mamãi”, na parte “Instruções de Uso”.
Trata-se de um poema em que cada verso é iniciado por uma letra (na sequência) do
abecedário, na cor vermelha. Uma homenagem à mãe que, no poema, é como anjo da
guarda, aquela que ampara os passos incertos, que guia à Luz, que tem ouvidos para
escuta, que protege das dores, dos infortúnios, que aponta as escolhas.
Temos, portanto, como no início de O Livro de Hilda, uma estratégia de retarda-
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mento, agora em relação ao final da obra. Sem pressa de fechar o livro, Köpke oferece
a “Última Lição”, que encerra a aprendizagem da leitura e da escrita pela criança, e
a “Última Narrativa”, que finaliza “o livro das bonecas”. E indica a leitura pelos mes-
tres da “Narrativa final” (segundo suas orientações, tal como fizera para a “Narrativa
inicial”), que assim termina: “E na 2ª feira, às 9h, Hilda e Olguita, com as suas mali-
nhas, sahiam de casa, encontravam-se à frente da Escola das Bonecas, e, como boas
amiguinhas, a Mestra que ensinou brincando e a Discípula que aprendeu sem saber,
seguiram com o Dindinho para a Escola de Verdade” (Köpke, 1902b, p. 274).
Assim, iniciando pelo todo e com ele terminando sua cartilha, apoiado no texto –
que é sempre o ponto de partida e de chegada, os processos a serem seguidos pelos
mestres, segundo Köpke: “serão sempre combinados, de modo que olho, nariz, boca e
mão se exercitem conjuntamente, e em colaboração, para que, na prática, se realizem a
leitura, a escrita e a compreensão” (Köpke, 1916, p. 82), seguindo os princípios do, tam-
bém muito divulgado naquela época, método de ensino intuitivo ou lições de coisas.
Tal como se apresenta, manuscrita, não podemos afirmar se a cartilha O Livro
de Hilda – ensino da leitura pelo processo analytico teria esta mesma configuração,
se publicada e adotada nas escolas públicas; se suas partes seriam impressas em
um único volume ou em dois ou três, separando-se cada uma delas; se suas ilustra-
ções seriam substituídas por estampas produzidas pela xilografia ou linotipia, etc.,
ou outras alterações “impostas” pelo polo da edição, para diminuir os custos com
impressão e edição.
De qualquer modo, tal como se apresenta, como um volumoso manuscrito, essa
cartilha elaborada por João Köpke é de extrema complexidade e bastante singular em
relação às impressas no mesmo período. Complexidade e singularidade estabelecidas
no jogo entre narradores (os personagens-protagonistas; o autor) que se dirigem aos
possíveis leitores (o aprendiz, o mestre/mentor, as mães); modos de articular episódios
no interior de um único enredo, criado a partir de desenhos (ilustrações do próprio
punho); práticas orais de leitura, de escrita, de análise de textos formados com pala-
vras matrizes (concretas) geradoras do ensino da leitura e da escrita; recursos visuais
e textuais distintos, para provocar o interesse e a curiosidade pela aprendizagem da
leitura e da escrita, com desenhos e um conteúdo próximo do universo infantil, com
uma didática intencionalmente voltada para o desenvolvimento (ação) da criança; pro-
cedimentos didáticos com fonemas, letras, palavras, textos (em um movimento de ida e
volta), minuciosamente explicitados, na ficção e nas instruções para o uso do material.
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Submetido à avaliação em 18 de junho de 2013. Aprovado para publicação em 25 de agosto de 2014.