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Novos Paradigamas em Gestão da Saúde
[Ano]
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Unidade: Novos Paradigamas em Gestão da Saúde
Unidade - Novos Paradigamas em Gestão da Saúde
MATERIAL TEÓRICO
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. João Luiz De Souza Lima
Profa. Mestre Andréia De Carvalho Andrade
Revisão Textual:
Prof Ms João Paulo Magalhães
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Introdução
No contexto das empresas contemporâneas, os processos
administrativos desempenham um papel de vital importância na estratégia
e na sustentabilidade de qualquer empresa. Portanto, o estudo da Gestão
em Saúde consiste numa ferramenta ideal e necessária para a
compreensão da Administração como um todo dentro da moderna
organização da saúde e está direcionada aos estudantes e profissionais
das áreas saúde como um todo. Contém ainda, os procedimentos que os
profissionais devem aplicar para incrementar os resultados gerenciais
através das atividades envolvendo o processo de tomada de decisões.
O estudo sobre a Gestão em Saúde tem como objetivos:
1. Conhecer a evolução de escolas e abordagem da Administração e
seus reflexos;
2. Apresentar princípios e conceitos das Teorias da Administração
nas organizações modernas da área da saúde;
3. Abordar as novas funções do Administrador em Organizações da
Saúde frente aos desafios de gestão das organizações
contemporâneas;
4. Relacionar a evolução dos modelos de gestão empresarial e
tendências das organizações para o futuro;
5. Definir e buscar as melhorias contínuas relativas aos processos
administrativos e gerenciais das organizações da saúde do século
XXI;
6. Entender o contexto que envolve as organizações da saúde do
século XXI;
7. Conhecer os paradigmas da Administração e as organizações que
atuarão num mundo sem fronteiras;
8. Estudar as ideias dos Gurus da Administração, as quais se
institucionalizaram nas organizações contemporâneas;
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Esta apostila está estruturada de acordo com o ementário e a
bibliografia (básica e complementar) da disciplina de Gestão em Saúde,
conforme os seguintes assuntos envolvidos:
a) Conceitos e Definições de Organização e Administração;
b) Cenário da Organização e da Administração;
c) Evolução dos Valores da Administração;
d) Teorias da Administração e seus Precursores;
e) Funções do Administrador;
f) Novas Abordagens da Administração;
g) Gurus da Administração;
h) Perspectivas da Administração.
A expectativa do Campus Virtual da Universidade Cruzeiro do
Sul é a de conduzir o assunto como uma excelente oportunidade de
interação dos conceitos em torno das atividades administrativas e
estratégicas da organização da saúde moderna.
1. Conceitos e Definições de Organização e
Administração
O homem é um animal social com tendência à organização e
administração dos seus assuntos. O homem é um animal que se
organiza. O termo “social” implica que os seres humanos tendem a
estabelecer relações cooperativas e interdependentes. O comportamento
humano se orienta para uma meta e, segundo a concepção da história, foi
classificado dualisticamente da seguinte forma:
a) O homem é agressivo e competidor. Portanto, o homem é mau;
b) O homem tem boa natureza e é cooperador. Portanto, o
homem é bom.
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As organizações, por sua vez, são classificadas em:
a) Famílias;
b) Clãs;
c) Grupos não formais (Ad Hoc);
d) Organizações formais;
e) Atividades militares e religiosas.
A organização, em termos conceituais, pode ser definida das
seguintes formas:
1) “... Uma organização existe quando as pessoas interagem
entre si para realizar funções essenciais que auxiliem a
alcançar uma meta...” (Richard Daft).
2) As organizações são: (a) orientadas para uma meta, ou seja,
gente com uma finalidade; (b) sistemas psicossociais, gente
trabalhando em grupos; (c) sistemas tecnológicos, gente
usando conhecimentos e técnicas; e (d) uma unificação de
atividades estruturadas, gente trabalhando junto.
3) A organização consiste na capacidade que a empresa tem de
criar organismos, estruturas e sistemas integrados.
A figura 1 apresenta a organização e os seus elementos
constitutivos.
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Figura 1: Elementos Constitutivos da Organização Fonte: LIMA, 1996
A organização, conforme apresentado na figura 2 tem as seguintes
variáveis básicas:
a) Pessoas;
b) Tarefas;
c) Estrutura;
d) Tecnologia;
e) Ambiente.
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Figura 2: Variáveis Básicas da Organização Fonte: LIMA, 1996
A Administração é o processo pelo qual os recursos (humanos,
financeiros, tecnológicos, materiais etc.), não relacionados entre si, são
unificados em um sistema total para alcançar determinado objetivo. Em
outras palavras, a Administração visa à união dos diversos elementos,
cooperadores e/ou conflitantes.
A Administração inclui a coordenação de recursos humanos e
outros recursos (materiais, tecnológicos, financeiros, equipamentos etc.),
visando a atingir o objetivo. Com freqüência se fala de pessoas que
dirigem seus negócios, mas habitualmente a conotação é de esforço em
grupo. Quatro elementos básicos podem ser identificados: (1) voltados
para objetivos, (2) através de pessoas, (3) por meio de técnicas, e (4) em
uma organização. As definições características indicam que a
administração constitui um processo de planejamento, organização,
direção e controle. Portanto, a Administração consiste num conjunto de
técnicas que contribuem para a empresa trazendo melhoria nos
processos e métodos de trabalho.
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1.1 Cenário da Organização e da Administração
A Administração constitui a principal força, dentro das
organizações, a coordenar as atividades dos subsistemas e a relacioná-
los com o meio ambiente. O estudo da administração é relativamente
recente na sociedade contemporânea, derivando principalmente do
crescimento, nas dimensões e na complexidade, verificado na empresa e
em outras grandes organizações a partir da revolução industrial.
O quadro 1 a seguir, apresenta a revolução industrial, países
precursores e os seus fatores econômicos envolvidos.
Revolução
Industrial
País
Precursor
Fatores
Econômicos
Século
1ª Inglaterra Ferro, Carvão
Mineral e Vapor
D`Água.
XVIII
2ª
Estados Unidos e
Europa Ocidental
Duração:
EUA = 1860 até
1930;
Europa = 1880 até
1960.
Brasil = 1930 até (?)
Aço, Petróleo e
Eletricidade.
XIX
3ª Países do Norte
(G7 e OCDE)
Computadores e
Robótica.
XX
4ª Países do Norte e
BRIC
Biotecnologia. XXI
Quadro 1: Revolução Industrial Fonte: LIMA, 1996
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As características da Segunda Revolução Industrial são as
seguintes:
Produção em massa;
Tecnologia (máquinas projetadas e fabricadas em função de
processos e produtos);
Produtos padronizados;
Custos de fabricação (mão-de-obra, matérias-primas e energia
= 80%);
Pesquisa e desenvolvimento – P&D (funcionalmente separada
da produção e descontínua);
Meio ambiente (nenhuma preocupação);
Recursos humanos (empregados especialistas).
O processo de trabalho e a capacitação de mão-de-obra na
Segunda Revolução Industrial apresentavam as seguintes características:
Tarefas fragmentadas e padronizadas;
Divisão clara entre trabalho mental e manual;
Operários semi-qualificados;
Sistema de remuneração por peça ou por tarefa e os salários
eram acordados em processo de negociação e barganhas;
Organização e administração por meio do uso de hierarquias
organizacionais, centralização do processo de tomada de
decisões e a empresa era multi-divisionalizada (verticalização).
As relações sindicais na Segunda Revolução Industrial
apresentavam as seguintes características:
Lutas pela redução da jornada de trabalho;
Demissões constantes, quando das épocas de “baixa”
demanda, ocasionando “atritos” constantes;
Clima constante e propício às greves.
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A estratégia competitiva das empresas na Segunda Revolução
Industrial apresentava as seguintes características:
Competição apoiada em utilização plena de capacidade e por
redução de custos;
Ciclo de vida dos produtos “longo”;
Relações imediatistas da empresa com os seus clientes e
fornecedores;
Cadeia de valor da indústria (visão dos fornecedores e dos
clientes/consumidores finais);
Visão de processos (metodologia dos trabalhos).
Os mercados consumidores na Segunda Revolução Industrial
apresentavam as seguintes características:
Fabricantes mais importantes do que os comercializadores;
Fabricantes mais importantes do que os consumidores;
Relações unidirecionais;
Propaganda em massa;
Fornecedores tratados de maneira restrita e sob rígido controle;
Manutenção de estoques pelo fabricante para emergências
(Just-in-Case ou JIC).
A Terceira Revolução Industrial ocorreu inicialmente nos países
que apresentaram as seguintes características:
Onde a segunda revolução industrial levou a sociedade à
produção em massa e à distribuição e consumo em massa;
Onde a educação básica era universal e de nível elevado;
Onde havia uma sociedade apoiada na cultura da cidadania;
Onde se conseguiu uma razoável e coerente distribuição de
renda.
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As características da Terceira Revolução Industrial são as
seguintes:
Flexibilidade organizacional;
Alta tecnologia que privilegia o uso da informação (High-Tech);
Ambiente empresarial competitivo;
Alta taxa de inovação conduzindo a empresa a uma grande
diversidade de produtos e serviços;
Redução no ciclo de vida dos produtos.
A Terceira Revolução Industrial promoveu as seguintes alterações
nas empresas:
Produção se utilizando da automação flexível;
Tecnologia (High-Tech);
Produtos inovadores com qualidade e baixo custo;
Processos de trabalho e capacitação de mão-de-obra
envolvendo a terceirização;
Sistemas de remuneração se utilizando de novos conceitos
(como a participação do colaborador nos resultados/lucros);
Gestão administrativa se utilizando do Empowerment
(participação do colaborador na tomada de decisões);
Mercados consumidores apresentando novas vias de
distribuição com novos atacadistas, novos varejistas e novas
cadeias de varejo;
Parceria com os fornecedores (estoques baixos e Just-in-
Time/JIT ou Bem-no-Tempo/BET);
Estratégia competitiva baseada em inovação, diversificação e
reengenharia de processos.
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A Quarta Revolução Industrial é caracterizada pela Biotecnologia, a
qual consiste na tecnologia baseada na biologia, especialmente quando
usada na agricultura, na ciência dos alimentos e na medicina. Em outras
palavras, a Biotecnologia se define pelo uso de conhecimentos sobre os
processos biológicos e sobre as propriedades dos seres vivos, com o fim
de resolver problemas, criando por sua vez, produtos de utilidade.
A definição ampla de Biotecnologia se caracteriza pelo uso de
organismos vivos ou parte deles, para a produção de bens e serviços.
Nesta definição se enquadram um conjunto de atividades que o homem
vem desenvolvendo há milhares de anos, como a produção de alimentos
fermentados (pão, vinho, iogurte, cerveja, e outros). Por outro lado a
Biotecnologia moderna se considera aquela que faz uso da informação
genética, incorporando técnicas de DNA recombinante.
A Biotecnologia combina disciplinas tais como genética, biologia
molecular, bioquímica, embriologia e biologia celular, com a engenharia
química, tecnologia da informação, robótica, bioética e o biodireito, entre
outras.
Antes da década de 1970, o termo Biotecnologia era utilizado
principalmente na indústria de processamento de alimentos e na
agroindústria. A partir daquela época, começou a ser usado por
instituições científicas dos países ocidentais em referência a técnicas de
laboratório desenvolvidas em pesquisa biológica, tais como processos de
DNA recombinante ou cultura de tecidos.
Realmente, o termo deveria ser empregado num sentido muito
mais amplo para descrever uma completa gama de métodos, tanto
antigos quanto modernos, usados para manipular organismos visando
atender às exigências humanas. Assim, o termo é também definido como
sendo a aplicação de conhecimento nativo e/ou científico para o
gerenciamento de (partes de) microorganismos, ou de células e tecidos
de organismos superiores, de forma que estes forneçam bens e serviços
para uso dos seres humanos (LIMA, 2003).
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Há muita discussão e recursos financeiros investidos em
Biotecnologia, com a esperança de que surjam drogas milagrosas.
Embora tenham sido produzidas uma pequena quantidade de drogas
eficazes, no geral, a revolução biotecnológica ainda não aconteceu na
indústria farmacêutica. Todavia, progressos recentes com drogas
baseadas em anticorpos monoclonais sugerem que a Biotecnologia pode
finalmente ter encontrado um papel a desempenhar nas vendas da
indústria farmacêutica.
1.2 Empresa Contemporânea
No cenário contemporâneo da Organização e da Administração, os
administradores são elementos necessários para transformar em empresa
útil e eficiente os desorganizados recursos representados por homens,
máquinas, dinheiro, tempo e espaço.
A empresa contemporânea se constitui numa instituição essencial
ao desenvolvimento da sociedade, destinada à produção e
comercialização de bens e serviços.
Na administração, os métodos consistem na maneira de se
executar uma determinada rotina de trabalho.
A figura 3 e o quadro 2 apresentam o atual ambiente empresarial
vivido pelas organizações e os seus Stakeholders. Estes consistem nos
indivíduos e grupos capazes de afetarem ou de serem afetados pelos
resultados estratégicos alcançados e que possuam reinvidicações
aplicáveis e vigentes a respeito do desempenho da empresa. Cabe ao
gestor estratégico identificar formas de isolar a organização das
demandas dos Stakeholders e do controle de recursos críticos.
Os Stakeholders são divididos em 03 (três) grupos básicos,
conforme definido no quadro 2, a seguir:
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MMEERRCCAADDOO DDEE
PPRROODDUUTTOO
MMEERRCCAADDOO DDEE
CCAAPPIITTAAIISS
SSEETTOORR
OORRGGAANNIIZZAACCIIOONNAALL
Clientes
Fornecedores
Comunidade
Sindicatos
Governo
Opinião Pública
Universidades
Acionistas
Mercado Financeiro
Agentes Financeiros
Empregados
Gerentes
Não-Gerentes
Pessoal Terceirizado
Quadro 2: Stakeholders Fonte: LIMA, 1996
Figura 3: Visão Institucionalizada dos Stakeholders Fonte: LIMA, 1996
A figura 4 apresenta uma empresa que tem uma situação ideal,
dentro do atual ambiente empresarial, ou seja, parte do lucro gerado
retorna à empresa na forma de investimentos na produção. Por sua vez, o
incremento dos investimentos na produção tende a incrementar a geração
de novos empregos.
Universidades
Opinião
Pública
Comunidade Governo
Sindicatos
Intermediários Terceirizados
Colaboradores
Fornecedores
Clientes
Acionistas
EMPRESA
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Figura 4: Visão da Empresa Ideal
Fonte: LIMA, 2003
2. NOVOS PARADIGMAS PARA A GESTÃO EM SAÚDE
2.1. Contexto Mundial – Ondas da Humanidade
O cenário mundial se caracteriza hoje por fortes e impactantes
mudanças que influenciam a vida dos países, das organizações, das
empresas e, principalmente das pessoas. Pode-se afirmar que vivemos
em uma sociedade em constante e rápida transformação. (CHIAVENATO,
2008)
A Empresa Compra
Recursos Humanos
e Suprimentos
Produz Bens
E Serviços
Paga Dividendos
aos Acionistas
Recebe um Valor
pela Venda dos
Produtos/Serviços
Paga os Recursos
Humanos e
Suprimentos
Vende os Bens e
Serviços
produzidos
Gera o Lucro
Investe na
Produção
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Figura 5 – Evolução do homem até a Era da informação
Fonte: http://search.creativecommons.org/?q=era+da+informa%E7%E3o&format=Image
A humanidade, ao longo de toda a sua história, vem lidando com
grandes movimentos que orientam suas atividades econômicas, sociais,
educacionais, tecnológicas, dentre várias outras. De acordo com Tajra
(2006) e Mussak (2003) a humanidade constituiu o que os autores
chamam de “ondas”, como:
Onda agrícola (Era agrícola) – caracterizada pelas conquistas
territoriais. Nesse cenário as civilizações eram classificadas como
grandes,, ricas e detentoras do poder em função dos territórios
conquistados e das produções agrícolas. Quem nunca ouviu falar
do coronelismo, em que os coronéis impunham suas leis, a partir
do poder lhe atribuído pela quantidade de terras que tinham. Já o
trabalho humano nesse período era caracterizado pelo trabalho
braçal e não existia o consumidor como nos dias atuais. Na maioria
das vezes, o consumidor era o próprio produtor. (TAJRA, 2006)
Onda Industrial (Era industrial) – Para Mussak (2003), esse
período tem seu início após a Segunda Guerra Mundial em que as
máquinas passaram a serem as grandes responsáveis pela
produção, substituindo a força humana. A eletricidade e o motor a
combustão são os grandes responsáveis pela revolução industrial
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e consequentemente o início da administração enquanto ciência,
que surge para atender à necessidade de organização das
empresas industriais, que precisavam otimizar a produção, mas
esse é um assunto que será mais detalhado na próxima unidade
de conhecimento.
Figura 6 – Era industrial
Fonte: http://search.creativecommons.org/?q=era+industrial&format=Image
Na Era industrial o homem do campo saiu de casa para assumir o
papel pela produção serial e assumir seu papel na sociedade,
consequentemente, a população rural migrava para a zona urbana, mas
essa população não possuía os pré-requisitos necessários para atuar na
sociedade industrial, ou seja, não estavam acostumados com as relações
tempo x dinheiro e tempo x capacidade produtiva das máquinas.
Princípios importantes como: padronização, especialização,
concentração, maximização e centralização foram discutidas para lidar
com todas as problemáticas oriundas da industrialização. Essas
discussões proporcionaram a expansão da administração enquanto
ciências. (TAJRA, 2006)
Com o passar dos tempos, os proprietários tiveram que delegar
poderes aos integradores (presidentes, diretores, gerentes,
coordenadores), assim os proprietários perderam a visão de todo o
processo, o que favoreceu o surgimento de uma nova elite, a dos
diretores, dos altos executivos que direcionavam as ações de uma
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empresa ou corporação. As indústrias tornavam-se mais complexas e
difíceis de ser controladas. O poder estava hierarquizado em várias
camadas dentro das corporações e a integração das áreas de uma
organização necessitava criar mecanismos de controle para o
direcionamento da própria organização. (TOFFLER, 1980; TAJRA, 2006;
MUSSAK, 2003)
Nesse cenário, para o controle das organizações, surgiu a
informação.
Onda da informação (Era da informação) - vai do início da
segunda metade do século até o fim dos anos 1980 caracterizado
pelo aumento da publicação de revistas e de livros e também a
chegada de um fenômeno ainda mais impactante – a televisão (o
primeiro televisor surgiu em 1925, em Londres).
Na administração, são referências surgidas nesse período Peter
Senge, Tom Peters, “pai da empresa pós-moderna”; Peter Drucker,
grande filósofo do mundo corporativo no século XX.
Paralelamente à necessidade de controle das organizações cresce
uma nova tecnologia que podia integrar as informações – o
computador, o que veio a ser a ferramenta de maior importância na
Era da informação. (MUSSAK, 2003)
A Era da informação é caracterizada pela informação como insumo
necessário para gerir as organizações empresariais públicas ou
privadas, as informações infiltram em todos os ramos da sociedade
e a rapidez ao acesso a informação passa a ser tornar um
diferencial e uma oportunidade para todos, dando origem a Era do
Conhecimento. (MUSSAK, 2003; TAJRA, 2006)
Analisando a figura 5 é possível analisar toda a evolução, desde a
Era agrícola até a Era da informação, com o uso do computador.
Era do conhecimento – Alguns autores se referem à Era da
informação e do conhecimento como a terceira onda, chamada
também de Era da pós-informação.
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A Era do conhecimento está marcada pela chegada da internet. O
mundo virtual torna-se tão presente em nossa vida quanto o mundo
concreto e palpável, mas qual a principal diferença entre a Era da
informação e do Conhecimento, visto que são dois termos interligados,
mas com significado profundamente diferente.
De acordo com Tajra (2006), a informação passa a ser um dos
insumos para a produção do conhecimento, já a Era do conhecimento é
caracterizada pela informação tratada, trabalhada, gerada em algo, em
alguma oportunidade, ou seja, não basta ter a informação, é preciso saber
utilizá-la em prol de alguma finalidade. A transformação de uma
informação numa oportunidade é o conhecimento.
O ser humano passa a ocupar o seu lugar, o de analista de
processos e solucionador de problemas, a usar mais a sua inteligência,
sua capacidade de pensar e o seu conhecimento passam a ser o seu
diferencial. Atualmente, grande parte da população tem acesso à
informação, deixando de ser exclusividade de poucos, chamada de uma
espécie de “commodity”. Todo mundo pode ter, basta descobrir o caminho
para obtê-la. (MUSSAK, 2003)
Figura 7 – Era do conhecimento Fonte: http://search.creativecommons.org/?q=era+industrial&format=Image
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A velocidade da inovação tecnológica passa a atropelar a
economia, a sociedade e a cultura, criando novas necessidades e novos
padrões de comportamento e de negócio. Na Era do conhecimento,
nunca a informação fez tanta diferença nos negócios das empresas, pois
com a moderna tecnologia, a informação dá uma volta completa ao
mundo em apenas um milésimo de segundo. Uma rapidez incrível e a
globalização da economia é uma das consequências dessa globalização
da informação. (CHIAVENATO, 2008)
ERA DO CONHECIMENTO (uso da internet)
Para Tajra (2006), as empresas estão neste contexto mundial da
sociedade do conhecimento. As empresas de saúde fazem parte deste
sistema complexo e estão num mercado globalizado. As operadoras de
plano de saúde, hospitais, laboratórios, clínicas de qualquer
especialidade, estão presentes num mercado global existem grandes
grupos de diferentes áreas empresariais que diversificam seus negócios
em busca de novas oportunidades.
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Ainda nos dias atuais existe um tabu de considerar a saúde um
segmento empresarial como qualquer outro, pois se considera um dever
do estado e que não deve ser explorado economicamente, mas o que se
pode identificar é que o estado não consegue fornecer toda a
infraestrutura necessária para a população, criando espaço para as
iniciativas privadas. (TAJRA, 2006; CHIAVENATO, 2008)
A saúde é uma grande oportunidade, que talvez ainda não se
profissionalizou tanto como empresas de outros segmentos, mas é
necessário que se tornem tão competitivas e lucrativas como
qualquer outra empresa. (TAJRA, 2006)
2.2. Desafios da Atualidade e do Futuro – Era do Conhecimento
Competir nessa nova Era torna-se cada vez mais complexo, pois a
necessidade de conhecimento e de autoaprendizagem são fatores
determinantes para favorecer a sobrevivência das empresas, a médio e
longo prazo, para tanto, é necessário que a alta direção da organização
seja ativa, favoreça um ambiente propício para o desenvolvimento de
competências. (TAJRA, 2006)
Para Chiavenato (2008), o mundo mudou, tudo ficou diferente e
será ainda mais diferente, mudança essa que afeta diretamente a vida de
todos. Atualmente, as pessoas têm mais conhecimento, devido à
velocidade em que as informações chegam, as pessoas conhecem seus
direitos e por isso são mais exigentes.
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Figura 8 – Fatores de exigência do cliente
Na figura 8 é possível identificar que a partir do aumento
exagerado da competição e dos clientes, fatores como a qualidade do
serviço ou produto, valor agregado e a preocupação em comparar preços,
constituem os três grandes fatores que estão levando as empresas rumo
ao sucesso ou ao fracasso. (CHIAVENATO, 2008)
Assim as empresas, inclusive as empresas de saúde bem
sucedidas devem estar abertas as mudança e totalmente voltadas para o
cliente, para tanto, essas empresas devem contar com as pessoas que se
encarregam dessas tarefas. Mudança, concorrência e focalização no
cliente passam a serem as oportunidades e não as ameaças, restrições
ou limitações que podem fazer a grande diferença para as empresas,
tratando-se da mudança proativa. (MUSSAK, 2003; CHIAVENATO, 2008)
As organizações na área do conhecimento devem provocar
mudanças quebrando paradigmas, substituindo por paradigmas novos,
não necessariamente melhores, como apresentados na figura a seguir:
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Figura 9 – Os principais fatores externos de mudança. Chiavenato, 2008.
A economia globalizada significa que a concorrência pode estar do
outro lado da rua, da cidade ou do outro lado do mundo; que as
organizações já estabelecidas precisam se defender tanto das
concorrentes tradicionais, que desenvolvem novos produtos e serviços,
quanto das empresas empreendedoras que surgem com ofertas
inovadoras.
Chiavenato (2008) alerta que as empresas devem mudar
internamente para se adaptar as mudanças que acontecem do lado de
fora a todo o momento, pois clientes mudam seus hábitos de compra e de
preferência, fornecedores mudam características e preços de matérias-
primas, prestadores de serviço impõem diferentes condições e esquemas
de trabalho, concorrentes mudam suas estratégias e seus produtos ou
serviços, sindicatos iniciam novas reivindicações, o governo impõe
alterações nas leis e nos impostos. Do lado de dentro da empresa, os
processos de trabalho precisam ser melhorados, máquinas e
EMPRESA
AMBIENTE DE TAREFA
FORNECEDORES
ES
CLIENTES
MACROAMBIENTE
C. ecológicas
Condições legais
C. tecnológicas
C. culturais
cucculturaisc
ulturais
C. demográficas
C. econômicas
C. sociais
CONCORRENTES
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equipamentos devem ser substituídos por outros novos, os padrões de
qualidade sofrem melhorias, os produtos/serviços são melhorados, as
estratégias devem ser aperfeiçoadas, por último, as pessoas precisam
aprender novos conhecimentos, habilidades e competências.
2.3. Gestão das Empresas de Saúde
No âmbito da saúde, as organizações prestadoras de serviço de
saúde precisam adaptar-se a esse novo momento, torna-se flexível e
adotando estratégias que atendam as expectativas dos usuários internos
(colaboradores dos vários setores e profissionais da equipe
multidisciplinar) e externos (pacientes, fornecedores, operadoras de
planos de saúde, entre outros).
A partir da década de 90, as organizações prestadoras de serviço
da saúde, se depararam com um novo modelo de gestão – gestão da
qualidade, que imprimiu novos desafios aos gestores gerando uma busca
incessante de novas formas de tornar o negócio sustentável e com uma
melhor visibilidade no mercado. (CHIAVENATO, 2008)
Na última década, o setor de saúde foi um dos que apresentou
maior taxa de crescimento de oferta de trabalho, chegando a aumentar
em torno de 81% de novas oportunidades de ocupações para o período
de 1996 a 2008. Para Tajra (2006), o segmento da saúde gerará cada vez
mais trabalhos, porém a posição que cada indivíduo ocupará dependerá,
de forma crescente, do conhecimento que ele construiu ao longo de toda
a sua vida, assim os estabelecimentos de saúde necessitam desenvolver
uma administração cada vez mais profissionalizada.
A empresa hospitalar é um sistema complexo, pois é formado por
“miniempresas”, superespecializadas, como por exemplo: Serviço de
Nutrição e Dietética (SND), limpeza hospitalar, lavanderia, serviços de
imagens, laboratórios, manutenção, serviço de hotelaria e setores
complexos como Unidade de terapia intensiva (UTI), centro cirúrgico,
Central de Material e Esterilização (CME), como apresentado na Figura
10. (TAJRA, 2006)
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Figura 10 – Empresa Hospitalar
A autora complementa que, para administrar eficientemente e
eficazmente as organizações de saúde, é necessário entender a
complexidade do sistema deste segmento, ou seja, participam diversos
autores com diferentes papéis complementares, às vezes, em direções
diferentes e conflitantes, autores como: profissionais da saúde,
consumidores, fornecedores, prestadores de serviço, fabricantes, entre
outros.
Cabe reforçar que, com a globalização, as empresas de saúde
também devem desenvolver uma gestão focada no conhecimento. Para
Mussak (2003), o conhecimento é a principal vantagem competitiva, pois
se trata da informação com significado, capaz de criar movimento,
modificar fatos, encontrar caminhos, enfim construir utilidades.
Assim, para um serviço que deseja desenvolver uma gestão focada
no conhecimento deve-se atentar a sete questões, como:
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Novo papel da alta direção;
Cultura organizacional;
Estrutura organizacional;
Gestão de recursos humanos;
Sistema de informação;
Mensuração de resultados;
Aprendizado com o ambiente.
Novo papel da alta direção – a alta direção deve identificar
claramente para toda a organização quais são as suas áreas de
conhecimento que devem ser exploradas, ou seja, identificar suas
efetivas vantagens competitivas e suas oportunidades de melhorias
para melhor atuar no mercado.
Cultura organizacional – a alta direção deve comandar
estrategicamente a organização numa nova cultura organizacional,
estimulando sua equipe para uma flexibilização na resolução dos
problemas, disponibilizando tempo para planejamento, favorecendo
um ambiente participativo para troca de ideias.
Estrutura organizacional – o modelo de estruturas no paradigma
industrial era focado na especialização, na produção em massa,
padrões de procedimentos. Na sociedade do conhecimento, as
Neste momento, discutiremos de
forma sucinta, sobre cada uma
delas, de acordo com Tajra (2006),
pois são assuntos que serão
detalhados em conteúdos futuros.
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estruturas são mais flexíveis e voltadas para o trabalho em equipe,
as análises são referenciadas em resultados dos processos, os
sistemas de avaliações valorizam as opiniões das pessoas e as
responsabilidades vão além das especializações de cada área e
cargo.
Gestão de recursos humanos – Para esse item deve-se ter
atenção especial para três itens: recrutamento e seleção,
treinamento e o sistema de recompensa. O recrutamento e seleção
necessitam de uma decisão estratégica, pois tem a missão de
captar pessoas que irão afetar diretamente o desempenho
organizacional. As organizações focadas no conhecimento
recrutam pessoas com personalidade forte e que saibam discutir
opiniões divergentes. Ainda nesse item, o sistema de recompensa
e carreira tende a mudar para a valorização das competências e
não para os cargos, sendo indispensável, saber trabalhar com
equipes multidisciplinares, experiências diversas, saber lidar com
situações inesperadas e postura autônoma, itens indispensáveis
para a obtenção de resultados.
Sistema de informação – Para a geração do conhecimento, o
acesso às informações é a base. Nas organizações de saúde, os
sistemas informatizados são um dos meios para a geração do
conhecimento, por meio deles, os gestores conseguem saber o que
está acontecendo em suas empresas e projetar situações futuras,
ganhando competitividade no mercado. Melhoram-se os sistemas
de comunicação, facilitando o trâmite de informações na empresa.
Como já apresentado anteriormente, a INTERNET possibilita as
empresas de saúde, a criação de espaços virtuais para trocas de
informações com sua cadeia produtiva, interligando e aproximando
clientes e fornecedores.
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Mensuração de resultados – as organizações de saúde na gestão
do conhecimento devem avaliar uma empresa a partir do seu
capital intelectual, visto que elas estão diretamente relacionadas ao
conhecimento de seus colaboradores.
Aprendizado com o ambiente – nessa nova Era, compete as
organizações desenvolverem ambientes de trabalho cada vez mais
oportunos para a criação de novas ideias e melhoria continua como
forma determinante para a manutenção da empresa num mercado
altamente competitivo. Nessa dimensão são consideradas e
utilizadas as relações de aprendizagem entre clientes,
fornecedores e a própria empresa numa tentativa de troca de
informações e experiências entre todos envolvidos no processo.
Por fim, administrar empresas de saúde, ou qualquer
segmento empresarial significa harmonizar e coordenar as
pessoas quanto à utilização dos recursos financeiros,
materiais e informacionais à partir de técnicas
administrativas de planejamento, organização e controle,
sempre conduzidos por um modelo de liderança gerencial.
(TAJRA, 2006; CHIAVENATO, 2008).
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Anotações
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Referências
CHIAVENATO, I. Os novos paradigmas: como as mudanças estão mexendo com as empresas. 5ª edição. Manole, 2008. DRUCKER, P. F. A Sociedade Pós-Capitalista. São Paulo: Pioneira, 1996. LIMA, J. S. L. Proposta Metodológica para a Implementação da Reengenharia de Processos em Empresas dos Segmentos Químico e Petroquímico Brasileiro. Dissertação de Mestrado defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em 26 de agosto de 1996. LIMA, J. S. L. Tecnologia, Novas Formas de Gerenciamento e Desemprego Industrial. Tese de Doutorado defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em 14 de maio de 2003. MUSSAK, E. Metacompetência – uma nova visão do trabalho e da realização pessoal. 5ª edição. São Paulo: Gente, 2003. TAJRA, SF. Gestão estratégica na saúde. São Paulo: Látria, 2006.