Post on 13-Aug-2015
Governador
Vice Governador
Secretária da Educação
Secretário Adjunto
Secretário Executivo
Assessora Institucional do Gabinete da Seduc
Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC
Cid Ferreira Gomes
Domingos Gomes de Aguiar Filho
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Maurício Holanda Maia
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Cristiane Carvalho Holanda
Andréa Araújo Rocha
CURSO TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL INTEGRADO
AO ENSINO MÉDIO DISCIPLINA 5
Educação em
Saúde
DISCIPLINA 5
MANUAL DO (A) ALUNO (A)
AGOSTO/ 2012
FORTALEZA/CEARÁ
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2
Governador
Cid Ferreira Gomes
Vice-governador
Domingos Gomes de Aguiar Filho
Secretária de Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia
Secretário Executivo
Antonio Idilvan de Lima Alencar
Assessora Institucional do Gabinete
Cristiane Holanda
Coordenadora da Educação Profissional
Andréa Araújo Rocha
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CONSULTORIA TECNICA E PEDAGOGICA
Vanira Matos Pessoa
Maria Idalice Silva Barbosa
Anna Margarida Vicente Santiago.
EQUIPE DE ELABORAÇÃO
Anna Margarida Vicente Santiago
Fabiane da Silva Severino Lima
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Sumário
1. Apresentação ..................................................................................... 05
2. Objetivos de Aprendizagem ............................................................. 06
3. Conteúdo Programático ................................................................... 07
4. Atividades sócio afetivas.................................................................... 08
5. Atividades Cognitivas ......................................................................... 16
6. Referências bibliográficas do Manual.............................................. 46
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Apresentação
Este é o quinto Manual Pedagógico correspondente à disciplina, Educação em
Saúde, com carga horária de 40 horas/aula. Contém os objetivos de aprendizagem
referentes ao tema acompanhado do conteúdo no intuito de deixar claro a(o)
professor(a) o que é esperado do aluno ao final da disciplina. Propõe atividades
pedagógicas que focam o eixo cognitivo e sócio-afetivo do processo de aprendizagem.
Disponibilizamos também uma bibliografia de referência do Manual.
Elaborado no intuito de qualificar o processo de ensino-aprendizagem, este
Manual é um instrumento pedagógico que se constitui como um mediador para facilitar
o processo de ensino-aprendizagem em sala de aula embasado em um método
problematizador e dialógico que aborda os conteúdos de forma lúdica, participativa
tornando o aluno protagonista do seu aprendizado facilitando a apropriação dos
conceitos de forma crítica e responsável.
Esperamos contribuir com a consolidação do compromisso e envolvimento de
todos na formação desse profissional tão importante para o quadro da saúde, tendo em
mente que, sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca,
não aprendo nem ensino, como lembra o mestre Paulo Freire.
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Objetivos de Aprendizagem
Ao final da disciplina os alunos devem ser capazes de...
1) Discutir acerca das concepções de educação bancária e libertadora;
2) Identificar as concepções de educação implicadas no setor saúde;
3) Analisar os processos de educação do setor saúde e suas potencialidades de gerar
mudanças;
4) Planejar ações de educação em saúde individuais e coletivas implicadas no contexto
da saúde bucal a partir das concepções de educação libertadora;
5) Saber organizar/preparar programas educativos para os diferentes público-alvo;
6) Entender a importância da Educação Popular para as práticas de saúde.
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Conteúdo Programático
1) Educação Bancária e Educação Libertadora em Paulo Freire;
2) Educação em saúde, na abordagem de assuntos pertinentes à prática profissional;
3) Práticas de educação em saúde bucal;
4) Educação Popular.
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Observação:
Ao iniciar esta disciplina o professor orienta aos alunos que durante o período da
disciplina os alunos deverão estar atentos para as propagandas em geral sobre saúde
(televisão, rádio, jornal, revista, faixas de ruas, cartazes e etc.) que tenham objetivo de
“educar” a população. Durante esse período os alunos deverão anotar em seu caderno o
que conseguiram aprender a partir desses instrumentos educativos. Informar que isso
será parte da avaliação da disciplina.
Atividades Sócio afetivas
1. FEEDBACK ENTRE AMIGOS
2. A FRIGIDEIRA
A FRIGIDEIRA1
Conta-se que um jovem, recém-casado, ficou curioso, ao perceber a forma com
que a sua esposa preparava peixe para fritar: cortava a cabeça e o rabo, até quase o meio
do peixe. Indagou-lhe o porquê daquilo, ao que ela respondeu:
– Observei a Dona Clotilde, professora de culinária, cozinhando, e era assim
que ela fazia... Naturalmente, deve ser a melhor maneira.
E assim, sempre que a esposa ia fritar peixe, procedia daquela forma. Afinal,
quem era ele pra contestar os dotes culinários da professora?!
Num dia de domingo, receberam um convite para almoçar na casa de Dona
Clotilde. O marido foi então observar como ela preparava os peixes para fritar. Viu que
ela não cortava tanto como a sua esposa... que dissera ter aprendido com ela e,
imediatamente, questionou.
1 Adaptado de:
MILITÃO, A.; MILITÃO, R. Histórias & fábulas aplicadas a treinamento. Rio de Janeiro: Qualitymark,
2002 , 142 p.
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Dona Clotilde sorriu e lhe respondeu:
– Meu filho, eu sempre cortava o peixe daquela maneira porque a frigideira da
cozinha da sala de culinária em que eu dava aula era pequena... só isso!
3. OS OPERÁRIOS QUE QUEBRAVAM PEDRAS
OS OPERÁRIOS QUE QUEBRAVAM PEDRAS2
Alguns operários estavam quebrando pedras diante de um enorme edifício em
construção. Um visitante aproximou - se de um dos operários e lhe perguntou: "O que
vocês estão fazendo aqui?” O operário olhou – o com dureza e lhe respondeu: “será que
você está cego para não ver o que estamos fazendo? Estamos aqui quebrando pedras
como escravos por um salário miserável e sem o menor reconhecimento. Veja você
mesmo aquele cartaz. Põem ali os nomes do Governador e do Arquiteto, mas não põem
nossos nomes, nós trabalhamos duro e deixamos nossa pele na obra”.
O visitante aproximou-se de outro operário e lhe fez a mesma pergunta.
“Estamos aqui, como você bem pode ver, quebrando pedras para levantar este enorme
edifício. O trabalho é duro e o pagamento é muito ruim, mas os tempos estão difíceis,
não há muito trabalho por aí, e é preciso fazer algo para alimentar os filhos”.
O visitante aproximou-se de um terceiro operário e, uma vez mais, lhe perguntou
o que estavam fazendo. O homem lhe respondeu com grande entusiasmo e um brilho de
plenitude nos olhos: “Estamos levantando a catedral mais bela do mundo. As gerações
futuras a admirarão impressionadas e escutarão o trabalho de Deus no grito das pontas
de suas torres erguidas para o céu. Eu não a virei concluída, mas quero ser parte desta
extraordinária aventura”.
Pense que o mundo é um inferno e ele o será. Pense que este mundo é parte do
paraíso e o será. A vida pode ser um funeral ou uma festa. Depende de você.
Depende de nós vivê-la como escravos, como trabalhadores resignados ou como
apaixonados construtores de genuínas obras de arte.
4. MAFALDA
2 ESCLARÍN, A. P. Educar Valores e o Valor de Educar. São Paulo: Paulus, 2002, 176p.
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5. ESTUDO ERRADO
Estudo Errado
Gabriel O Pensador
Eu tô aqui Pra quê?
Será que é pra aprender?
Ou será que é pra sentar, me acomodar
e obedecer?
Tô tentando passar de ano pro meu pai
não me bater
Sem recreio de saco cheio porque eu
não fiz o dever
A professora já tá de marcação porque
sempre me pega
Disfarçando, espiando, colando toda
prova dos colegas
E ela esfrega na minha cara um zero
bem redondo
E quando chega o boletim lá em casa eu
me escondo
Eu quero jogar botão, vídeo-game, bola
de gude
Mas meus pais só querem que eu "vá
pra aula!" e "estude!"
Então dessa vez eu vou estudar até
decorar cumpádi
Pra me dar bem e minha mãe deixar
ficar acordado até mais tarde
Ou quem sabe aumentar minha mesada
Pra eu comprar mais
revistinha (do Cascão?)
Não. De mulher pelada
A diversão é limitada e o meu
pai não tem tempo pra nada
E a entrada no cinema é
censurada (vai pra casa
pirralhada!)
A rua é perigosa então eu vejo
televisão
(Tá lá mais um corpo
estendido no chão)
Na hora do jornal eu desligo
porque eu nem sei nem o que
é inflação
- Ué não te ensinaram?
- Não. A maioria das matérias
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que eles dão eu acho inútil
Em vão, pouco interessantes, eu fico
pu..
Tô cansado de estudar, de madrugar,
que sacrilégio
(Vai pro colégio!!)
Então eu fui relendo tudo até a prova
começar
Voltei louco pra contar:
Manhê! Tirei um dez na prova
Me dei bem tirei um cem e eu quero ver
quem me reprova
Decorei toda lição
Não errei nenhuma questão
Não aprendi nada de bom
Mas tirei dez (boa filhão!)
Quase tudo que aprendi, amanhã eu já
esqueci
Decorei, copiei, memorizei, mas não
entendi
Quase tudo que aprendi, amanhã eu já
esqueci
Decorei, copiei, memorizei, mas não
entendi
Decoreba: esse é o método de ensino
Eles me tratam como ameba e assim eu
não raciocino
Não aprendo as causas e conseqüências
só decoro os fatos
Desse jeito até história fica chato
Mas os velhos me disseram que o
"porque" é o segredo
Então quando eu num entendo nada, eu
levanto o dedo
Porque eu quero usar a mente pra ficar
inteligente
Eu sei que ainda não sou gente grande,
mas eu já sou gente
E sei que o estudo é uma coisa boa
O problema é que sem motivação a
gente enjoa
O sistema bota um monte de abobrinha
no programa
Mas pra aprender a ser um ingonorante
(...)
Ah, um ignorante, por mim eu nem saía
da minha cama (Ah, deixa eu dormir)
Eu gosto dos professores e eu preciso de
um mestre
Mas eu prefiro que eles me ensinem
alguma coisa que preste
- O que é corrupção? Pra que serve um
deputado?
Não me diga que o Brasil foi descoberto
por acaso!
Ou que a minhoca é hermafrodita
Ou sobre a tênia solitária.
Não me faça decorar as capitanias
hereditárias!! (...)
Vamos fugir dessa jaula!
"Hoje eu tô feliz" (matou o presidente?)
Não. A aula
Matei a aula porque num dava
Eu não agüentava mais
E fui escutar o Pensador escondido dos
meus pais
Mas se eles fossem da minha idade eles
entenderiam
(Esse num é o valor que um aluno
merecia!)
Íííh... Sujô (Hein?)
O inspetor!
(Acabou a farra, já pra sala do
coordenador!)
Achei que ia ser suspenso mas era só
pra conversar
E me disseram que a escola era meu
segundo lar
E é verdade, eu aprendo muita coisa
realmente
Faço amigos, conheço gente, mas não
quero estudar pra sempre!
Então eu vou passar de ano
Não tenho outra saída
Mas o ideal é que a escola me prepare
pra vida
Discutindo e ensinando os problemas
atuais
E não me dando as mesmas aulas que
eles deram pros meus pais
Com matérias das quais eles não
lembram mais nada
E quando eu tiro dez é sempre a mesma
palhaçada
Refrão
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Encarem as crianças com mais
seriedade
Pois na escola é onde formamos
nossa personalidade
Vocês tratam a educação como
um negócio onde a ganância, a
exploração, e a indiferença são
sócios
Quem devia lucrar só é
prejudicado
Assim vocês vão criar uma
geração de revoltados
Tá tudo errado e eu já tou de
saco cheio
Agora me dá minha bola e deixa
eu ir embora pro recreio...
Juquinha você tá falando demais
assim eu vou ter que lhe deixar
sem recreio!
Mas é só a verdade professora!
Eu sei, mas colabora se não eu
perco o meu emprego
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6. É FESTA
Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:
1. Distribuir a letra da música Festa3 de autoria do Ivete Sangalo; colocar o CD com a
música e convidar todos para cantá-la.
2. Refletir acerca da letra da música, com base nos questionamentos abaixo:
Qual mensagem trazida pela música?
Qual relação que podemos estabelecer entre a mensagem da música com a
Educação?
3. Ressaltar a importância da educação popular nas práticas de educação em saúde, que
se configura como uma estratégia de construção da participação popular, com a
utilização do saber da comunidade como matéria prima para a construção do
conhecimento, valorizando a cultura e costumes dos povos envolvidos.
3 Letra da música disponível no endereço eletrônico: <http://letras.mus.br/ivete-
sangalo/46457/>. Acesso em 07 de agosto de 2012.
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Festa
Ivete Sangalo
Festa no gueto
Pode vir, pode chegar
Misturando o mundo inteiro
Vamo vê no que é que dá...
Hoje tem
Festa no gueto
Pode vir, pode chegar
Misturando o mundo inteiro
Vamo vê no que é que dá...
Tem gente de toda cor
Tem raça de toda fé
Guitarras de rock'n roll
Batuque de candomblé
Vai lá, prá ver...
A tribo se balançar
E o chão da terra tremer
Mãe Preta de lá mandou chamar
Avisou! Avisou! Avisou! Avisou!...
Que vai rolar a festa
Vai rolar!
O povo do gueto
Mandou avisar...(2x)
Festa no gueto
Pode vir, pode chegar
Misturando mundo inteiro
Vamo vê no que Oh! Oh!...
Hoje tem
Festa no gueto
Pode vir, pode chegar
Misturando o mundo inteiro
Vamo vê no que é que dá...
Tem gente de toda cor
Tem raça de toda fé
Guitarras de rock'n roll
Batuque de candomblé
Vai lá, prá ver...
A tribo se balançar
E o chão da terra tremer
Mãe Preta de lá mandou chamar
Avisou! Avisou! Avisou! Avisou!...
Que vai rolar a festa
Vai rolar!
O povo do gueto
Mandou avisar...(2x)
Vem! Vem! Vem!
Na Na Na na na
Tá bonito, tá bonito
Tá beleza
Na Na Na Na Na
Na Na Na Na Na
Na Na Na Na Na
Simbora! Simbora! Simbora!...
Tem gente de toda cor
Tem raça de toda fé
Guitarras de rock'n roll
Batuque de candomblé
Vai lá, prá ver...
A tribo se balançar
O chão da terra tremer
Mãe Preta de lá mandou chamar
Avisou! Avisou! Avisou! Avisou!...
Que vai rolar a festa
Vai rolar!
O povo do gueto
Mandou avisar...(3x)
Que vai
Que vai rolar a festa
Vai rolar!
O povo do gueto
Mandou avisar...
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7. DIVISÃO DE GRUPOS
Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:
SUGESTÃO 1
1. Dividir a letra da música conhecida em estrofes e distribuir para turma (escola da
música a critério do professor). Repetir as estrofes de acordo com o número de
alunos e o número de grupos que desejar dividir a turma. Se desejar formar 5
grupos, por exemplo, dividir a música em cinco estrofes, repetindo-as para que
todos os alunos participem;
2. Solicitar que quem estiver cantando a mesma estrofe da letra da música formar um
grupo;
SUGESTÃO 2
1. Solicitar que se agrupem por mês de nascimento. Reagrupar a turma formando o
número de grupos desejado juntando os meses do ano com bimestres (6 grupos), ou
trimestres (4 grupos), etc.
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Atividades Cognitivas
1. ESCRITORES DA LIBERDADE
Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:
1. Informar a turma que será realizada uma discussão acerca da Educação;
2. Realizar os seguintes questionamentos:
Como a Educação contribui para a sua vida?
A Educação que recebemos tem o poder de mudança?
3. Discutir acerca das respostas obtidas;
4. Conduzir a turma a assistir ao filme: Escritores da Liberdade4;
"ESCRITORES DA LIBERDADE": breves considerações5
O filme "Escritores da Liberdade" (Freedom Writers, EUA, 2007) aborda, de uma forma
comovente e instigante, o desafio da educação em um contexto social problemático e violento. Tal filme
se inicia com uma jovem professora, Erin (interpretada por Hilary Swank), que entra como novata em
uma instituição de "ensino médio", a fim de lecionar Língua Inglesa e Literatura para uma turma de
adolescentes considerados "turbulentos", inclusive envolvidos com gangues.
Ao perceber os grandes problemas enfrentados por tais estudantes, a professora Erin resolve
adotar novos métodos de ensino, ainda que sem a concordância da diretora do colégio. Para isso, a
educadora entregou aos seus alunos um caderno para que escrevessem, diariamente, sobre aspectos de
suas próprias vidas, desde conflitos internos até problemas familiares. Ademais, a professora indicou a
leitura de diferentes obras sobre episódios cruciais da humanidade, como o célebre livro "O Diário de
Anne Frank", com o objetivo de que os alunos percebessem a necessidade de tolerância mútua, sem a
qual muitas barbáries ocorreram e ainda podem se perpetrar.
Com o passar do tempo, os alunos vão se engajando em seus escritos nos diários e, trocando
experiências de vida, passam a conviver de forma mais tolerante, superando entraves em suas próprias
rotinas. Assim, eles reuniram seus diários em um livro, que foi publicado nos Estados Unidos em 1999,
após uma série de dificuldades. É claro que projetos inovadores como esse, em se tratando de
estabelecimentos de ensino com poucos recursos, enfrentam diversos obstáculos, desde a burocracia até a
resistência aos novos paradigmas pedagógicos. Em países como o Brasil, então, as dificuldades são
imensas, mas superáveis, se houver engajamento e esforços próprios.
Nesse sentido, o filme "Escritores da Liberdade" merece ser visto como apreço, sobretudo pela
sua ênfase no papel da educação como mecanismo de transformações individuais e comunitárias. Com
essas considerações, vê-se que a educação, como já ressaltaram grandes educadores da estirpe de Paulo
Freire, tem um papel indispensável no implemento de novas realidades sociais, a partir da conscientização
de cada ser humano como artífice de possíveis avanços em sua própria vida e, principalmente, em sua
comunidade.
4 FREEDOM Writers. Direção de Richard La Gravenese. Estados Unidos, Alemanha: Paramount
Pictures, 2007 (122 minutos): son, color. 5 VALIS, J.S. Freedom Writers. 2007. Disponível em:
<http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdefilmes/641978>. Acesso em 07 de agosto de
2012.
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5. Realizar a discussão da temática trazida pelo filme a partir dos questionamentos a
seguir:
a) Em sua opinião, o que fazia com que os alunos da sala 203 fossem tidos como
problemáticos?
b) Que atitude da professora marcou a mudança de comportamento em sala de
aula dos alunos?
c) Que elementos a professora utilizou em suas aulas para atrair a atenção de seus
alunos?
d) Que mudanças aconteceram na vida dos alunos, a partir das aulas da
professora?
e) Havia diferenças entre o modelo de educação proposto pela nova professora
entre o dos demais professores do filme? Se sim, quais?
f) Que reflexões podemos obter a partir da análise do filme?
6. Fazer a leitura do Texto: Educação como Prática Libertadora6.
7. Ao final, realizar um debate com base nos seguintes questionamentos:
a) Como você avalia a prática da educação libertadora a partir da leitura do texto e
do filme?
b) Que elementos da educação libertadora te chamou mais atenção?
Educação como prática libertadora
De acordo com relatório da UNESCO – órgão das Nações Unidas para
educação, ciência e cultura – a educação ajuda a combater a pobreza e capacita as
pessoas com o conhecimento, habilidades e a confiança que precisam para construir um
futuro melhor.
A educação tem um papel que vai além de transferir conhecimentos do
professor para o aluno. Ela exerce principalmente a função de formar indivíduos
conscientes, transfigurados pelo raciocínio crítico, capazes de transformar suas
realidades.
No filme "Escritores da Liberdade" podemos perceber o papel da educação
como mecanismo de transformação individual e coletiva. Visualizamos a diferença
6 Texto escrito com base na análise do Filme ‘Escritores da Liberdade’ e na leitura da referência
abaixo:
FREIRE, P. R. N. Educação ‘Bancária’ e Educação Libertadora. In: PATTO, M.H. Introdução à
Psicologia Escolar. São Paulo: T. A. Queiroz, 1971.
CURSO TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL INTEGRADO
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entre uma educação tradicional, denominada por Paulo Freire como educação
bancária, onde há uma relação vertical entre educador e educando, pois enquanto o
educador é aquele que detém o conhecimento e tem o papel de repassá-lo aos alunos,
estes são incumbidos de somente receber as informações, armazená-las e segui-las,
contribuindo para a formação de indivíduos acomodados, sem o poder da criticidade e
do questionamento, apenas meros repetidores, sem entender, muitas vezes, o porquê das
coisas.
Diferentemente, visualizamos na metodologia aplicada pela professora Erin, o
que Paulo Freire chamaria de educação libertadora, pois na prática empregada pela
atriz não apresentava uma separação rígida entre educador e educando. Ambos
acabavam aprendendo e ensinando, pois os alunos detinham um conhecimento advindo
de suas realidades que a professora Erin desconhecia. Então, ela pôde aprender com
eles, valorizando e estimulando-os a transformar seus contextos de violência. As aulas
eram espaços de diálogo, de comunicação, de questionamentos e reflexão, valorizando,
assim, a busca pela transformação do conhecimento.
No quadro abaixo, podemos perceber as principais diferenças entre a educação
bancária e a educação libertadora.
Quadro 1: Principais diferenças entre Educação bancária e Educação libertadora.
EDUCAÇÃO BANCÁRIA EDUCAÇÃO LIBERTADORA
O professor educa. O professor tem respeito pelo saber do aluno.
O professor é o dono do saber. O professor colabora na construção do saber.
O professor é o único que pensa. O professor fomenta o pensamento e a construção
das ideias.
O professor é o único que diz a palavra. O professor se abre ao dialogo, valorizando a fala
do aluno.
O professor disciplina. O professor confere liberdade à autoridade.
O professor define o que os alunos devem aprender. O professor parte do contexto de vida dos alunos,
valorizando sua cultura.
O professor dita os conhecimentos. O professor tem a consciência que o
conhecimento é inacabado.
O professor escolhe todo o conteúdo a ser visto. O professor propõe uma reflexão crítica sobre a
prática.
O professor é, e precisa ser autoritário. O professor é humilde e tolerante, tem sempre em
vista o direito dos alunos.
O professor é o sujeito do processo. O aluno é sujeito do processo.
CURSO TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL INTEGRADO
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Como vimos no filme, a educação libertadora acaba abrindo portas para novas
realidades sociais, a partir da conscientização de cada ser humano como ser responsável
por possíveis avanços em sua própria vida e na sua comunidade.
2. PESQUISA
Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:
1. Perguntar a turma:
a) Alguém já ouviu falar em Paulo Freire?
b) O que vocês ouviram falar sobre ele?
2. Convidar a turma para leitura coletiva do cordel “Tributo a Paulo Freire7”;
3. Coordenar uma roda de conversa com as seguintes perguntas:
a) A partir da leitura do cordel o que mais sabemos sobre Paulo Freire?
4. Solicitar que se agrupem em trios e elaborem uma pergunta sobre uma curiosidade
que lhes chamaram atenção no Cordel;
5. Recolher as perguntas elaboradas pelos alunos;
6. Orientar que formem grupos de 5 pessoas;
7. Redistribuir aleatoriamente as perguntas de forma equitativa para os grupos e
orienta que pesquisem na biblioteca e/ou internet. Em seguida sistematizem as
respostas de forma criativa usando cartaz, folder, colagem, vídeo, exposição de
livros, fotos, etc., para expor em sala de aula. Informar a turma que preparem a sala
de aula para exposição com o tema “A contribuição de Paulo Freire para Educação”.
7 PEREIRA, J. A. Tributo a Paulo Freire. 2010. Disponível em:
<http://juaresdocordel.blogspot.com.br/2010/02/parte-de-um-cordel-em-homenagem-um-
dos.html> Acesso em 02 de fevereiro de 2012.
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TRIBUTO A PAULO FREIRE
(Juarês Alencar Pereira)
Uma história de valor
Vale a pena ressaltar
E que fez a diferença
Na educação popular
Esse grande Paulo Freire
Referência em educar.
Paulo Freire promoveu
O seu projeto exemplar
De envolver todo o Brasil
Na educação popular
E o seu lema em desafio
Educar pra transformar.
Pernambucano de origem
Em Recife ele nasceu
Onde desde pequenino
Com os pobres conviveu
Diante das dificuldades
Nova pedagogia nasceu.
Com o projeto memória
Que traz em sua exposição
Esse grande educador
Orgulho dessa Nação
Pelo seu grande trabalho
Referência na educação.
Jamais serás esquecido
Nome de todo respeito
Na história sempre visto
Por todos seus grandes feitos
Educar e libertar
Sendo assim o seu conceito.
O menino que lia o mundo
Com seu perfil de estudante
Educador e ativista
E não parava um instante
Deixou seu grande legado
Com obras exuberantes.
A sombra de uma mangueira
No quintal ele estudava
Acompanhado da mãe
Que sempre lhe ensinava
Resultando desse ato
O que ninguém esperava.
Fazia leitura do mundo
Propunha a transformação
Com sua visão pedagógica
Consciência e libertação
Enfatizou com destaque
Enfim a libertação.
Em tudo que ele fazia
Mostrou-se muito convicto
Via sempre a educação
Também como ato político
Foi preso e até exilado
Sem cometer um delito.
Andarilho da utopia
Sendo assim denominado
Sua trajetória invejável
Currículo cobiçado
Freire com a educação
Sempre estarão ligados.
É nessa visão Freireana
Em prol da transformação
Pra mudar a realidade
Através da educação
Sendo o seu grande projeto
A promoção da inclusão.
Outra educação é possível
Capaz não só de ensinar
Educar também pra vida
Visando conscientizar
Com mudança de atitudes
Através de um novo olhar.
CURSO TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL INTEGRADO
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3. EXPOSIÇÃO “O Educador Paulo Freire”
Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:
1. Cada grupo apresenta sua contribuição para exposição;
2. Coordenar uma roda de conversa a partir das perguntas:
a) Que exemplos de vida Paulo Freire nos inspira?
b) Que contribuição Paulo Freire trouxe para os educadores do Brasil e do mundo?
c) Quais as características e inovações que o Método de Paulo Freire trouxe para
educação?
1. Preparar uma exposição acerca das contribuições de Paulo Freire para a educação.
Sugestão de referências para embasar a apresentação:
A PEDAGOGIA do Oprimido e a educação libertadora segundo Paulo Freire (1921-1997).
Correntes do Pensamento Pedagógico Contemporâneo – Semana 9. Disponível em:
http://home.dpe.uevora.pt/~casimiro/cppc-semana9.pdf. Acesso em 11 de agosto de 2012.
EDUCAÇÃO Bancária como instrumento de opressão. 2010. Disponível em: http://gilnei-
os.blogspot.com.br/2010/06/educacao-bancaria-como-instrumento-da.html. Acesso em 10 de
agosto de 2012.
FREIRE, P. Educação e Mudança. 20 ed. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1979.
FREIRE, P. Educação como prática de liberdade. 30 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 2007,
158p.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Ed. Afrontamento, Porto, 1975.
FREIRE, P. R. N. Educação ‘Bancária’ e Educação Libertadora. In: PATTO, M.H.
Introdução à Psicologia Escolar. São Paulo: T. A. Queiroz, 1971.
4. CONSTRUINDO RELAÇÕES EDUCATIVAS EM SAÚDE
Coordenar a atividade a partir das seguintes orientações:
1. Convidar a turma para leitura coletiva do texto “Relação Educativa da Equipe de
Saúde da Família com a população”;
2. Coordenar um debate a partir das perguntas:
a) Qual a importância da atividade educativa realizada pelos profissionais da
saúde?
b) Em que momento se dá relação educativa entre profissionais de saúde e
usuários?
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c) Como deve se caracterizar esta relação educativa para que haja algum
aprendizado?
RELAÇÃO EDUCATIVA DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA COM A
POPULAÇÃO8
PROMOÇÃO DA SAÚDE E EDUCAÇÃO
Para que a Promoção da Saúde alcance o que se propõe a primeira condição é que
os participantes nela envolvidos assumam que estão compartilhando de uma ação
educativa. E, como toda ação educativa, aliás, toda ação humana, traz embutida uma
intenção, cabe à equipe de Saúde da Família explicitar de que intenção se trata.
A segunda condição, que complementa a primeira, é eleger a direção, dentre as
várias possíveis, (voltaremos a esta questão) da ação que se pretende realizar, bem como
das etapas que devem ser percorridas para atingirmos o que nos propusemos. Por
desnecessário que seja, é sempre oportuno relembrar que nada disso é possível sem um
planejamento coerentemente detalhado de todo o processo.
Não se trata de deter-se unicamente na dimensão técnica da ação educativa, ou
seja, de ressaltar a importância dos objetivos, estratégias, conteúdos, recursos e
avaliação, pois ela não nos levará muito longe.
Concretamente, como isto tem ocorrido na educação em saúde?
No geral, entende-se que há, por um lado, a presença de técnicos que detém
determinados conhecimentos elaborados, prontos, acabados, cientificamente
comprovados e sistematizados, e por outro, a população, desprovida de conhecimentos.
Portanto o que se deve ser feito é muito simples: os técnicos “passam” os
conhecimentos que possuem para a população que não os possui.
E damo-nos por satisfeitos e felizes. Nós, técnicos com a sensação do dever
cumprido e a população deveras agradecida pelos conhecimentos recebidos e pelo
empenho que demonstramos.
8 DONATO, A. F.; MENDES, R. Relação educativa da equipe de saúde da família com a
população. SANARE. Revista de políticas públicas. Sobral: Escola de formação em saúde da
família Visconde de Sabóia, ano IV, n. 1, jan./mar, p. 34 – 65, 2003.
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Como todos sabemos, é sempre preciso avaliar o processo e o produto de nosso
fazer educativo. E, se o fizermos, o que teremos?
Muitas vezes observamos que as pessoas após conversarem com as equipes de
saúde acabam por repetir certos termos, certas expressões, certos princípios e até certos
conceitos.
Entretanto, precisamos estar atentos, pois pode ser, e na maioria dos casos é, um
tipo de aprendizagem que reproduz ideias, símbolos, mas não os decodifica, isto é, não
consegue relacioná-los com a sua vida e com seus saberes anteriores. São ideias,
símbolos ou mesmo conceitos que são repetidos, mas que nada significam, que não têm
sentido. É uma aprendizagem mecânica.
Como ilustração, desse tipo de aprendizagem e, desta vez, saindo do campo da
saúde, podemos lembrar o caso de crianças que, em muitas cidades brasileiras assumem
o papel de guias turísticos. Podemos dizer que eles sabem verbalizar muitas ideias a
respeito das várias características da cidade, isto é aprenderam para poder se comunicar
com os turistas. Entretanto, podemos observar também que, o mais das vezes, se lhes
fizermos algumas perguntas no decorrer de sua narrativa tentando relacionar alguns
dados mencionados, elas invariavelmente retornam para o início da sua fala e a repetem
integralmente. Por que? É um caso de esquecimento? Não, elas adquiriram o que aqui
denominamos de aprendizagem mecânica.
MECANIZAÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO DA REALIDADE
Passemos a caso concreto, ocorrido com uma pediatra. Quando essa profissional
indagou a uma mulher se ela havia lavado as mãos, fervido o bico da mamadeira e a
chupeta, ela orgulhosamente respondeu que sim. E a seguir guardou o bico da
mamadeira e a chupeta, cuidadosamente fervidos, na mesma sacola onde havia colocado
a fralda usada do seu nenê! O paradoxo é notável.
Houve uma ação educativa, a aluna aprendeu, tanto que reproduziu as ações que
lhe foram ensinadas, mas por não entender os princípios que as fundamentavam, o
resultado em termos da promoção da saúde foi nulo!!
Como poderíamos explicar tão fragoroso fracasso?
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Se não há porque se duvidar da competência técnica dos técnicos e nem da
possível incoerência do planejamento, só nos resta pensar no modelo de educação
escolhido.
Com muita calma, pois este é um momento delicado, recordemos que no tipo de
educação considerado acima, tínhamos os técnicos, detentores do saber e a população,
desprovida deles e que o fulcro da ação educativa consistia na transferência de
conhecimentos de uns para os outros.
Claro que se a população só recebe informações, o máximo que pode fazer com
elas é repeti-las. Daí o fracasso.
Ou seja, o tipo de educação escolhida tende necessariamente para manutenção, a
estagnação, a domesticação e alienação. E frise-se que não ser trata de uma escolha
idiossincrática, mas, pautada em visões e concepções de projeto social, de ser humano,
de aprendizagem, de educação, e do modo de ver-se o mundo.
Essa concepção de educação tem sido contraditada pela concepção crítica da
educação que pretende ser uma educação para a mudança, para a transformação, para a
conscientização, para a libertação.
Esta nova concepção que dá suporte aos movimentos de educação popular em
saúde, se contrapõe a essa visão por entender que, na relação do profissional da saúde
com a população, necessariamente ambos se modificam por que ambos são percebidos
como portadores e produtores de conhecimentos distintos. Esses conhecimentos podem
e devem ser comparados e confrontados resultados em novos conhecimentos. Nessa
relação educativa a produção de um conhecimento é coletiva, processual, o que significa
dizer que, o conhecimento deve ser construído continuamente.
Vale dizer que na Estratégia de Saúde da Família, a relação da equipe com a
população deve ser necessariamente aprofundada para que se constitua numa relação
educativa que permita que todos os envolvidos, se descubram como sujeitos não apenas
no processo de vida. Qual o significado das pessoas se tornarem sujeitos? Significa
tomarem consciência de sua prática social, isto é, o que fazem, vivem, aprendem e
sentem no seu dia-a-dia, e porque dessa forma e não de outra?
Nesse aspecto é importante lembrar-se que os agentes locais de saúde que
compõem a equipe de Saúde da Família são pessoas da própria comunidade e assim
sendo, possuem uma história de vida semelhante a das pessoas da população. Dito de
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outro modo, possuem valores, crenças, credos, tabus, conhecimentos, preconceitos em
relação à saúde similares a da população com a qual vai trabalhar. Com isso pretende-se
dizer que esses trabalhadores necessitam de oportunidades planejadas para o exercício
da reflexão constante sobre o seu fazer cotidiano para tornarem-se conscientemente
atores e possibilitadores de situações de ensino-aprendizagem para que outros se tornem
sujeitos.
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
Nesse sentido, é fundamental, que a equipe de Saúde da Família na sua prática
educativa considere as opiniões diferentes, os vários jeitos de ver as coisas e perceba
que as experiências são heterogêneas porque são vivenciadas de modos diferentes, por
diferentes sujeitos e em momentos históricos diferentes. Cabe enfatizar que
coerentemente aqui adotamos uma concepção problematizadora do processo ensino-
aprendizagem, isto é, que considera educandos e educadores como sujeitos concretos
desse processo, ou seja, esses sujeitos são percebidos como seres que sabem, sabem que
sabem, sabem porque sabem, sabem como sabem, e sabem dizer a terceiros o que sabem
e não menos importante, agem consequentemente aos seus saberes.
Em outras palavras, estão conscientes de que são capazes de construir e
reconstruir o seu próprio conhecimento. E, isto se é possível quando se considera sua
experiência anterior como elementos fundamentais e desencadeadores de uma
aprendizagem significativa.
O que implica a população construir o seu conhecimento?
Construir o seu conhecimento significa que a população, diante de um problema
gerado por uma situação que o seu conhecimento ainda não explica, se valha das
informações disponíveis para elaborar e socializar uma explicação que, mesmo já
existente, passa a ser a sua explicação para o fenômeno. Trata-se de atribuir significado
às novas informações, ou seja, articulá-las ao já conhecido, transformando-o.
Salta aos olhos, portanto, a necessidade do conhecermos o que a nossa população
já sabe e o que ela ainda não sabe. Assim, se oferecermos a ela problemas que o seu
saber não sabe, o que ela sabe poderá, pelo seu esforço intencional de saber,
transformar-se no que ela ainda não sabe.
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Mais, uma outra ideia que gostaríamos de ver aqui pensada é a que se refere a uma
outra dimensão presente na relação educativa entre os componentes da equipe de Saúde
da Família com a população: a dimensão humana constitutiva dessa relação. É uma
relação autoritária, democrática, horizontal?
Novamente é uma questão de escolha. Defende-se aqui, no sentido de se reafirmar
o papel ativo da população na Promoção da Saúde, uma democrática, isto é, que
percebe, entende e respeita as diferenças, isso só é possível no nosso entender, com o
diálogo entre os protagonistas da ação.
Uma observação que se faz necessária, é a de que não estamos de forma alguma
dizendo que o diálogo implica necessariamente consensos, visões harmoniosas sobre as
coisas. A ideia de conflito está sempre presente, pois, como já dito, saberes desiguais,
uma vez que são procedentes de fontes diferentes, estão permanentemente em
confronto. Ressaltamos que o confronto propicia aprendizados.
E A CONVERSA PÁRA AQUI?
Para finalizar o texto, mas não a problemática, apresentamos uma última ideia,
não menos importante: aprender e conhecer fazem parte do “ser cidadão”. Para além do
conhecimento utilizado pela população em suas escolhas “saudáveis”, considera-se que
o acesso ao conhecimento sistematizado, acumulado pela humanidade é de seu direito
enquanto cidadã, garantido inclusive pelas leis, referentes à educação. Isto fornecerá
elementos à população para uma participação ativa na vida de sua cidade afinal resgata-
se aqui, o sentido primordial da palavra cidadão: aquele que vive, usufrui e intervém
plenamente nas questões vitais de sua cidade.
5. PESQUISANDO A EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Material necessário: Papel ofício A4
Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:
1. Propor a divisão da turma em cinco grupos a partir da seguinte orientação:
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Confeccionar previamente pedaços de papel, contendo o desenho, em cada, de
uma figura geométrica: quadrado, triângulo, círculo, retângulo e losango; Deverão ser
feitos pedaços de papel com quantidade suficiente para todos os alunos da turma e
número equitativos de figuras geométricas;
Amassar cada pedaço de papel para que os alunos não visualizem a figura
geométrica desenhada;
Entregar aleatoriamente os papéis amassados para cada aluno;
Pedir que cada aluno desamasse seus papéis para visualizar qual figura
geométrica desenhada;
Orientar que cada um procure e se juntem a outros colegas que contenham a
mesma figura geométrica;
Informar que os grupos com as mesmas figuras serão os mesmos que irão
realizar a atividade seguinte.
2. Explicar que cada grupo terá que pesquisar materiais que contenham estratégias de
educação em saúde, como as contidas em campanhas de mídia, folhetos, cartazes
educativos, rótulos, etc., analisando-os a partir dos seguintes questionamentos:
a) Qual mensagem principal trazida pelo material?
b) Que aprendizagem pode gerar?
c) Qual o publico alvo?
d) Qual linguagem utilizada?
e) A linguagem tá adequada ao publico?
f) Qual a opinião de vocês sobre esse material em relação a sua utilidade para
gerar reflexões e mudança no publico q o material almeja?
3. Cada grupo fará a pesquisa em locais específicos:
Grupo 1 (quadrado): cartazes informativos (no mercantil, na escola, na padaria, etc.);
Grupo 2 (triângulo): propaganda do Ministério da Saúde na internet;
Grupo 3 (círculo): propaganda de rádio e/ou televisão;
Grupo 4 (retângulo): rótulo de um produto, como por exemplo: embalagens de cigarro,
que contenha alguma informação a mais de uso/benefício;
Grupo 5 (losango): cartazes ou folderes disponíveis em alguma igreja ou unidade
religiosa.
4. Na aula seguinte, coordenar a apresentação dos grupos;
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5. Realizar uma discussão com base os questionamentos que nortearam a busca e a
discussão dos materiais.
6. AÇÕES EDUCATIVAS EM SAÚDE BUCAL
Coordenar a atividade a partir das seguintes orientações:
1. Dividir a turma em 05 grupos;
2. Solicitar que cada grupo pesquise materiais educativos que envolva a temática de
Saúde Bucal nos diversos meios de comunicação existentes: Internet, televisão, rádio,
jornais, folders, cartazes e revistas:
Grupo 01: Internet;
Grupo 02: Televisão e rádio;
Grupo 03: Jornais;
Grupo 04: Folders e cartazes;
Grupo 05: Revistas.
2. A busca deverá ser baseada no seguinte roteiro:
a) Qual a mensagem transmitida?
b) Qual público-alvo?
3. Solicitar que façam um relatório da pesquisa.
6.1. AÇÕES EDUCATIVAS EM SAÚDE BUCAL
Coordenar a atividade a partir das seguintes orientações:
1. Solicitar que os grupos apresentem a pesquisa realizada na atividade anterior;
2. Discutir com base nos achados obtidos;
3. Convidar a turma para fazer uma leitura coletiva do texto: Ações Educativas em
Saúde Bucal;
4. Discutir com base nos questionamentos abaixo:
a) Qual a mensagem trazida pelo texto?
b) Como você ver as ações de saúde bucal na atualidade?
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Ações Educativas em Saúde Bucal9
A programação das ações educativas deverá resultar da parceria das equipes das
Atividades Educação em Saúde e Assistência Odontológica, num processo de planejamento
participativo que estimule a reflexão acerca dos interesses, necessidades e demandas da
clientela, a fim que sejam propostos programas e ações em conformidade com as prioridades
identificadas e com os recursos locais.
A atuação da equipe da Atividade Assistência Odontológica não deve se limitar
exclusivamente ao campo biológico ou ao trabalho técnico-odontológico. Além de suas funções
específicas, a equipe deve interagir com profissionais de outras áreas, de forma a ampliar seu
conhecimento, permitindo a abordagem do cliente como um todo, atenta ao contexto
socioeconômico-cultural no qual ele está inserido.
A troca de saberes e o respeito mútuo às diferentes percepções devem acontecer
permanentemente, viabilizando o planejamento integrado e o envolvimento dos diferentes
agentes sociais, na perspectiva da mediação estratégica, potencialmente capaz de reforçar
alianças e engajar os diferentes setores (educação, lazer, trabalho, ambiente etc.) para atuação
sobre os fatores determinantes do processo saúde–doença bucal, de acordo com os problemas
prioritários evidenciados.
Essa compreensão traz consigo a proposta de humanização do processo de
desenvolver ações e serviços de saúde. Implica a responsabilização dos serviços e dos
trabalhadores de saúde, em construir, com a clientela, a resposta possível às suas dores,
angústias, problemas e aflições de uma forma tal que não só se produzam consultas e
atendimentos, mas que o processo de consultar e atender possibilite a construção compartilhada
do conhecimento e reforce a autonomia de cada pessoa atendida na gestão de sua saúde e bem–
estar.
Supõe desenvolver ações considerando os sujeitos em sua integralidade bio-psico-
social, garantindo que toda a equipe esteja preparada para a humanização das relações nos atos
de receber, escutar, orientar, atender, encaminhar e acompanhar.
“Se eu vejo o comerciário chegar cansado, nervoso para o
atendimento odontológico, eu lhe ofereço um copo de água ou
um cafezinho”
9 Texto adaptado da referência abaixo:
BARROS, C.M.S. Manual técnico de educação em saúde bucal. Rio de Janeiro: SESC,
Departamento Nacional, 2007.132p.
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“Se o comerciário vem cheio de problemas e aqui eu demonstro
que estou interessado nele, que vou atendê-lo bem, estou
atenuando o seu problema, logo, estou contribuindo para a sua
saúde” (recepcionistas das clínicas odontológicas dos
Departamentos Regionais em Alagoas e no Maranhão).
Deslocando-nos de uma perspectiva de assistência intervencionista, de caráter pontual
e de natureza curativa, estamos nos baseando em um modelo de atenção em saúde bucal que se
aproxima da noção de “cuidado”, entendido como “relação intersubjetiva que se desenvolve
num tempo contínuo, e que, além do saber profissional e das tecnologias necessárias, abre
espaço para negociação do saber, dos desejos e das necessidades do outro”
A dimensão educativa deve, assim, estar presente em todos os momentos da atenção
em saúde bucal, sendo operacionalizada como processo e valorizada como parte integrante do
tratamento odontológico por todos os membros da equipe.
Trata-se de uma prática educativa dialógica e participativa, voltada para o reforço da
autoestima, a ampliação de conhecimentos, o desenvolvimento da autonomia e o apoio à
organização comunitária para identificação, prevenção e solução dos problemas relacionados à
produção da saúde–doença bucal.
Para tal, é necessário suprimir práticas educativas prescritivas, onde o profissional
define comportamentos e atitudes que devem ser assumidos pela clientela.
Saúde tem a ver com qualidade de vida e a educação deve ser pensada, por isso, em
seu sentido emancipatório, de constituição de sujeitos capazes de atuar individual e
coletivamente em prol de uma vida melhor.
A base da ação educativa é o conhecimento progressivo das pessoas atendidas,
possibilitado pela escuta atenta e interessada, de forma a desenvolver um vínculo de respeito e
confiança mútua e possibilitar a coparticipação no processo de resolução dos problemas
identificados.
É fundamental assegurar a participação consciente e informada da clientela, seja na
esfera clínica, com relação à tomada de decisão de tratamentos e estratégias de controle de
doença, seja no que se refere ao seu engajamento no planejamento e avaliação das ações e
serviços, de forma que possa atuar ativa e concretamente nesses processos e não seja chamada
apenas para referendar decisões preestabelecidas.
A reflexão e o debate crítico sobre a saúde bucal na sua relação com a saúde geral são
os elementos fundamentais do processo educativo, devendo-se trabalhar com abordagens sobre
os fatores de risco ou de proteção simultâneos tanto para doenças da cavidade bucal quanto para
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outros agravos correlacionados: diabetes, hipertensão, obesidade, trauma, câncer, tabagismo,
alcoolismo, doenças de pele, doenças cardíacas, estresse, autocuidado etc.
As práticas educativas devem abrir espaços ao diálogo efetivo sobre saúde, no qual
seja valorizada a forma como cada pessoa lida com a saúde/doença no cotidiano, as dificuldades
que enfrenta e as alternativas que utiliza. Espaços nos quais o saber técnico-científico possa ser
compartilhado e se abrir à interação respeitosa com a cultura popular, ampliando as visões de
ambos os lados, num processo de construção compartilhada do conhecimento.
A programação deverá ser organizada a partir das prioridades identificadas com base
nas maiores necessidades de acompanhamento em cada fase do ciclo de vida (infância,
adolescência, maturidade e envelhecimento), prevendo peculiaridades de grupos específicos,
tais como: gestantes, hipertensos, diabéticos, portadores de necessidades especiais etc.
As ações devem ter caráter contínuo e sistemático, podendo ser desenvolvidas em
diferentes espaços: clínicas fixas e móveis, unidades operacionais do SESC, empresas do
comércio, escolas, creches, associações e demais espaços sociais.
7. CONSTRUINDO RELAÇÕES EDUCATIVAS EM SAÚDE BUCAL
Coordenar a atividade a partir das seguintes orientações:
1. Convida a turma para fazer uma leitura coletiva dos textos “Que história é essa de
saúde na escola” da Cartilha “Educação que produz saúde” e “Construindo
coletivamente processos educativos em saúde na escola”10
;
2. Coordena um debate a partir das perguntas do campo “Pensando nossa prática” da
Cartilha;
3. Dividir a turma em 06 grupos;
4. Entregar aleatoriamente a cada grupo, um caso específico para que possam propor
uma estratégia de educação em saúde;
5. Especificar que cada grupo terá que planejar uma estratégia de educação em saúde
bucal de acordo com os dados-base contidos no caso: público alvo, carga horária,
material disponível e local, podendo os grupos acrescentaram outras informações
10 BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.
Departamento de Gestão da Educação na Saúde. A educação que produz saúde. Brasília:
Ministério da Saúde, 2005, 16 p. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde).
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aos dados que acharem necessárias para o desenvolvimento da atividade. No
entanto, os dados-base deverão ser respeitados;
6. Disponibilizar um tempo específico (a critério do professor) para o planejamento da
atividade pelo grupo;
7. Ressaltar que os grupos terão um momento para apresentação, em sala, de como
planejaram a atividade de educação para aquele determinado caso, não necessitando
fazer o desenvolvimento da atividade em si;
8. Coordenar a apresentação dos grupos;
9. Debater acerca das apresentações e discutir a partir dos seguintes questionamentos:
a. Tiveram dificuldade para planejar a atividade? Qual (is)?
b. As atividades propostas atendem ao público alvo?
c. A estratégia de educação sugerida apresenta um potencial de transformação,
criticidade e reflexão, como preconiza a educação libertadora?
Sugestão: Disponibilizar aos grupos a cópia do item 5 “Organização da atenção à saúde
bucal por meio do ciclo de vida do indivíduo” do Caderno de Atenção Básica de Saúde
Bucal11
, que contem as principais especificidades de cada grupo etário e sugestões de
abordagens temáticas com base nas características do grupo.
Quadro 2: Exemplos de casos de intervenção em saúde bucal, construído com base
nos grupos etários preconizados pelo Caderno de Atenção Básica de Saúde Bucal
(BRASIL, 2008).
Caso 1 Atividade de educação direcionada a mães de crianças de 0 a 24 meses que
frequentam um grupo de mulheres de um Centro Comunitário da cidade
Local: Pátio do Centro Comunitário.
Horário: 13:30 às 14:30
Material disponibilizado: cartolinas, papel madeira, pincel, tesoura, cola e fita
adesiva.
Caso 2 Atividade de educação direcionada a crianças de 02 a 10 anos de idade de uma
11 BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Saúde Bucal. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 92 p. (Série A. Normas e Manuais
Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica; 17). Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_bucal.pdf. Acesso em 11 de agosto de 2012.
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escola de educação infantil.
Local: Auditório
Horário: 07:30 às 8:30
• Material disponibilizado: quadro branco, cartolinas, papel madeira, pincel,
tesoura, cola e fita adesiva.
Caso 3 Atividade de educação direcionada a jovens de 10 a 19 anos de uma escola de
ensino fundamental e médio
Local: Auditório
Horário: 13:30 às 14:30
Material disponibilizado: data show, notebook, cartolinas, papel madeira, pincel,
tesoura, cola e fita adesiva.
Caso 4 Atividade de educação direcionada a adultos de 20 a 59 anos que são trabalhadores
de uma empresa de telecomunicações
Local: Auditório da empresa
Horário: 13:30 às 15:30
Material disponibilizado: data show, notebook, cartolinas, papel madeira, jornais,
revistas, pincel, tesoura, cola e fita adesiva.
Caso 5 Atividade de educação direcionada a um grupo de idosos de um abrigo asilar.
Local: Salão de atividades lúdicas
Horário: 16:00 às 16:30
Material disponibilizado: cartolina, canetinhas e lápis de cor, fita adesiva, jornais,
revistas, tesoura, aparelho de som, notebook.
Caso 6 Atividade de educação direciona a um grupo de gestantes de uma comunidade
Local: Galpão comunitário
Horário: 10:00 às 11:00
•Material disponibilizado: cartolina, pincel, tesoura, cola, fita adesiva, balões, cola,
aparelho de som.
Observação;
O professor deverá coordenar a realização das ações planejadas pelos grupos, fazendo
anotações para avaliação dos alunos.
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9. VALORIZANDO O CONHECIMENTO POPULAR
Coordenar a atividade a partir das seguintes orientações:
1. Dividir a turma em 05 grupos, podendo ser os mesmo formados em alguma das
atividades anteriores;
2. Solicitar que façam uma entrevista com pessoas que se localizam próximo a sua
residência, de acordo com as orientações abaixo:
Grupo 01: Entrevistar o(a) proprietário(a) do mercadinho;
Grupo 02: Entrevistar o(a) proprietário(a) da padaria;
Grupo 03: Entrevistar o(a) proprietário(a) do salão de beleza;
Grupo 04: Entrevistar algum profissional de saúde que trabalhe num Centro de Saúde da
Família;
Grupo 05: Entrevistar algum religioso de alguma instituição religiosa;
3. A entrevista deverá ser realizada conforme no questionamento abaixo:
a) O que você entende por Educação?
b) Como você define saúde Bucal?
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4. Orientar que os alunos devem especificar aos entrevistados que se trata de um
trabalho escolar, onde foi solicitado que precisam coletar respostas de diferentes pessoas
para essas duas perguntas. No entanto, não podem dar maiores esclarecimento sobre a
pergunta, para permitir que os entrevistados respondam com base nos seus próprios
conhecimentos prévios;
5. Fazer um relatório da entrevista.
9.1. VALORIZANDO O CONHECIMENTO POPULAR
Coordenar a atividade a partir das seguintes orientações:
1. Solicitar que os grupos apresentem o relatório das entrevistas realizadas na atividade
anterior;
2. Agrupar as respostas semelhantes para os dois questionamentos realizados na
entrevista;
3. Construir respostas uniformes conforme semelhanças apresentadas entre si;
4. Apresentar as respostas uniformes construídas;
5. Discutir com base nos questionamentos abaixo:
a) De que forma o saber popular contribui para a construção do conhecimento?
b) Como você define a importância do saber popular?
c) Que relação existe entre o saber popular e as ações de saúde?
6. Conduzir a leitura do texto: Educação em saúde: Importância da educação popular;
7. Ao final, conduzir o debate a partir dos seguintes questionamentos:
a) Qual a mensagem trazida pelo texto?
b) Para você, qual a importância da educação popular na prática dos
profissionais de saúde?
c) O que é preciso para que uma estratégia de educação em saúde seja pautada
na educação popular?
d) Durante o desenvolvimento das atividades de educação em saúde realizadas
nos diferentes contextos do profissional de saúde, como foi vista a importância
de entender a cultura e os estilos de vida da população alvo para planejar as
estratégias de educação?
e) Na sua experiência como usuário do SUS, os profissionais da saúde da sua
localidade utilizam o recurso da educação popular nas suas estratégias de
educação em saúde?
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O Saber popular também faz ciência12
A educação se configura como um instrumento base da prática do profissional
da saúde. Ela é usada, tanto para transmitir informações geradas hierarquicamente, de
cima para baixo, como quando o profissional informa ao paciente que medicamentos
devem ser tomados, que práticas físicas devem ser adotadas, que condutas de higiene
devem ser realizadas para o alcance de sua saúde, sem, no entanto, dar significado a sua
prática. Como também, ela pode ser utilizada como instrumento de transformação da
realidade, quando profissional e paciente participam juntos do processo de construção
do conhecimento. E é nessa perspectiva que acreditamos e defendemos que ela seja
enraizada na prática dos profissionais da saúde.
Por questões históricas e culturais, o homem, muitas vezes, vê o profissional da
saúde como o detentor de todo o conhecimento, confiando a ele seu corpo, o seu
adoecimento, para que ele possa chegar sozinho a uma conclusão e dizer o que precisa
ser feito para que possa chegar a cura daquela enfermidade. O paciente sai do
consultório apenas com um papel onde estão escritas normas que devem ser seguidas,
com a ideia de quem só entende do seu corpo é o “doutor”. Essa prática acaba por
mascarar o fato de que a maioria das doenças têm relações com o ambiente, são geradas
de acordo com o tipo de vida que as pessoas levam e seus costumes. A doença não é
somente um defeito de uma pequena parte do corpo e que não tem nada a ver com a
vida global da pessoa, suas atitudes, crenças e costumes, ela carrega fortes relações com
o meio social, política e econômico em que o ser humano faz parte.
Por isso, é de fundamental importância o contato de profissionais com o
próprio paciente, sua família e comunidade. Entendendo-o como uma pessoa que faz
parte de um meio coletivo, comunitário e social.
O conhecimento da cultura, da realidade da população que está sendo atendida,
faz a diferença na prática realizada pelo profissional da saúde. Como por exemplo, em
um atendimento individual realizado em um Centro de Saúde, quando uma senhora
chega para relatar o acometimento de uma doença venérea. O profissional pode não
12
Texto construído com base na leitura da referência abaixo:
VASCONCELOS, E. M. Educação Popular nos serviços de Saúde. 3ª Ed aumentada: HICITEC: São
Paulo, 1997. 167p.
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conhecer aquela senhora, mas pode, ao tomar conhecimento da rua em que ela mora,
saber suas condições de saneamento. Ao ser informado da empresa onde trabalha seu
marido, conhecer a situação de vários outros trabalhadores da mesma firma. Ela ao
relatar que frequenta uma determinada igreja, conhecer como ela se organiza e o tipo de
visão ideológica que lá é divulgado. Assim, o profissional terá condições de
compreender melhor o contexto de como surgiu a doença venérea que ela trouxe para
tratar. Podendo também ajudá-la a compreender um pouco mais o que está passando em
sua família. Podendo descobrir juntos, uma maneira de chegar até o seu marido e
procurar a origem do contágio. Mas para chegar a esse ponto, o profissional tem que se
alimentar constantemente de um relacionamento que está fora das quatro paredes de sua
sala de atendimento, ou de seu centro de saúde. É preciso que haja amizade,
participação dos eventos culturais, visitação aos pacientes em suas casas, às lideranças,
conhecer os locais de trabalho etc.
Portanto, o profissional precisa buscar uma formação teórica que o ajude a
compreender a realidade sua clientela. Uma visão teórica que vá além da visão curta e
limitada dos aspectos biológicos para a compreensão do ser. É preciso que busque
conhecimentos na epidemiologia, nas ciências sociais e na economia, outros olhares que
consigam valorizar as múltiplas dimensões humanas. Porém, o conhecimento tem que
estar pautado tanto na teoria, quanto na prática, devendo valorizar o diálogo entre
profissional/paciente. Um diálogo entre um que tem o conhecimento científico e o outro
que tem o conhecimento do seu sofrimento e de sua realidade. No diálogo dos dois, aos
poucos, aumentam a compreensão do que está acontecendo. Desta maneira, quebra-se a
mentira e o tabu de que o profissional da saúde que é o grande sábio que, com as
informações que o paciente lhe dá, consegue sozinho estabelecer o melhor atendimento.
É importante ressaltar que antes de um serviço de saúde chegar a uma
comunidade, ela já tem suas formas próprias de resolver os seus problemas de saúde,
com a atuação dos práticos, parteiras, “farmacêuticos”, mães, erveiros, professores, etc.,
que fazem parte da medicina popular. É uma cultura popular que tem os seus limites,
mas que tem também, um grande valor. O serviço de saúde trazido pela medicina
científica tradicional sozinho não é capaz de atender todos os casos clínicos e nem a sua
ciência é a melhor para resolver todos os problemas. Então, ambas as práticas devem ser
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somadas, buscando-se valorizar tanto a cultura do povo, quanto os conhecimentos
científicos que foram consagrados ao longo dos anos.
A cultura popular em saúde é algo muito rico. Cada agente da medicina
popular recebe um conhecimento da geração anterior, experimenta, tem fracassos e tem
sucessos, aperfeiçoa o seu conhecimento e passa para as novas gerações. A medicina
popular tem riquezas que nem são ainda compreendias pela medicina científica.
Portanto, a postura do profissional de saúde frente à medicina popular deve ser de
diálogo. Saber ouvir, procurar aprender, respeitar aspectos que não consegue entender,
mas também de dizer aquilo que sabe, de criticar atitudes que vê estarem erradas, mas
em cima de conhecimentos científicos e não pelo preconceito ou por desconhecer a
prática da medicina popular. Valorizando este saber popular em saúde, o profissional
está ajudando a valorizar a constante troca de informações e experiências existentes na
comunidade.
Porém, o que acontece muitas vezes é a desvalorização do conhecimento do
povo. Durante as palestras, prática ainda muito frequente nas instituições, a sua
condução ainda é feita tendo como base a preferência do tema pelo profissional, caindo
nos famosos e tradicionais assuntos, que são explicados repetindo o que existe em
pequenos folhetos e manuais de saúde. Os profissionais dão conselhos e ditam normas a
serem fielmente seguidas pelos usuários do serviço, como se fosse a garantia da saúde
perfeita. Então, se os ouvintes continuarem com doenças é porque os bons conselhos
não estão sendo seguidos e eles são uns acomodados.
Palestras feitas dessa maneira são formas sutis de controlar a população. É
procurar fazer com que as pessoas aceitem uma visão do mundo sobre si mesmas, que
no fundo é a visão da classe dominante. Uma visão que afirma: “vocês têm doenças
porque não têm cuidados de higiene e são acomodados. A maneira de vocês melhorarem
é seguir os bons conselhos que nós generosamente estamos dando” Que mentira!
Mas por que as palestras não podem ser feitas de outra maneira? Falar sobre
assuntos que sejam de interesse da comunidade no momento. Por que não usar um
método diferente em que o usuário do serviço possa se colocar, opinar sobre diferentes
assuntos, contestar e, então, o profissional de saúde colocar alguns aspectos da sua
visão? Assim a palestra se transforma em uma conversa em que casos são relatados e
comentados, questões são colocadas e respondidas, não necessariamente pelo
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profissional de saúde. Passa a haver uma verdadeira construção do conhecimento, onde
a resposta para várias perguntas não estarão somente no conhecimento trazido pelo
profissional, mas no diálogo e na troca de saberes compartilhada durante a conversa. E
ao invés do profissional transmitir a mensagem de que a saúde se consegue pela
transformação do comportamento individual das pessoas, procurar mostrar que doença é
algo com muitas causas, cuja compreensão vai depender de um debate aberto entre as
pessoas envolvidas e que a saúde está basicamente relacionada às condições de vida da
população que serão modificadas principalmente através da ação coletiva da sociedade.
Sem dúvida este método é muito mais exigente para o profissional da saúde, pois não
basta decorar e repetir uma cartilha pronta de saúde.
Fazer trabalho comunitário não é abandonar todas as opiniões próprias e passar
a aceitar e a trabalhar apenas as opiniões e as prioridades que a maioria da população
tem. Pelo contrário, fazer educação com base na cultura popular é reconhecer que os
profissionais de saúde têm uma formação cultural e cientifica que a população não teve
oportunidade de ter. É ter claro o valor desta formação. É lutar de maneira clara e no
debate aberto por aquilo no que acredita. Mas um debate que se inicia reconhecendo que
esta formação cientifica e cultural é algo com muitos buracos e erros. É apenas uma
parte da verdade. E que a população tem um outro conhecimento que também é muito
importante, mas que também tem muitos mitos e erros. É saber que neste debate aberto
que o melhor caminho vai ser encontrado e que as duas partes vão aprender um pouco
mais sobre a realidade. Profissionais não têm o poder de gerar dependentes, mas sim,
transformadores da sua realidade e ativos no cuidado de sua saúde.
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6. AVALIAÇÃO PARCIAL DA DISCIPLINA
Sugestão de avaliação parcial da disciplina:
1. Avaliação de um relatório construído com base nos questionamentos acerca do
Filme: Escritores da Liberdade;
2. Os alunos deverão fazer uma avaliação crítica sobre o material educativo utilizados
em propagandas do setor saúde (televisão, rádio, jornal, revista, faixas de ruas,
cartazes, etc.) a partir de suas anotações sobre o que aprenderam com esses
instrumentos educativos (tarefa solicitada aos alunos no início da disciplina);
3. A partir da leitura do texto “Descobrindo formas de utilizar o material educativo”
da Cartilha “Educação que produz saúde”12
, avalie a ação educativa produzida
pelos grupos para planejadas na atividade 8, conforme questionamentos contidos no
tópico: Vamos conversar no grupo.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SUGERIDAS PARA O PROFESSOR
A PEDAGOGIA do Oprimido e a educação libertadora segundo Paulo Freire (1921-
1997). Correntes do Pensamento Pedagógico Contemporâneo – Semana 9. Disponível
em: http://home.dpe.uevora.pt/~casimiro/cppc-semana9.pdf. Acesso em 11 de agosto de
2012.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na
Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. A educação que produz
saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2005, 16 p.
______. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à
Gestão Participativa. Caderno de educação popular e saúde. Brasília: Ministério da
Saúde, 2007. 160 p.
DONATO, A. F.; MENDES, R. Relação educativa da equipe de saúde da família com a
população. SANARE. Revista de políticas públicas. Sobral: Escola de formação em
saúde da família Visconde de Sabóia, ano IV, n. 1, jan./mar. 2003. 65 p. p. 34 – 65.
FREIRE, P. R. N. Educação e Mudança. 20 ed. Rio de Janeiro: Ed. Paz e
Terra, 1979.
FREIRE, P. R. N. Educação como prática de liberdade. 30 ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra. 2007, 158p.
FREIRE, P. R. N. Pedagogia do Oprimido. Ed. Afrontamento, Porto, 1975.
FRITZEN, S. J. Exercícios Práticos de Dinâmica de Grupo. 1ºVol., 23ª ed., Petrópolis,
Vozes, 1996.
SALES, I. C. Educação popular: uma perspectiva, um modo de atuar. In: SCOCUGLIA,
M.N. Educação popular – outros caminhos. João Pessoa: Universitária, 1999.
VASCONCELOS, E. M. Educação Popular, um jeito especial de conduzir o
processo educativo no setor saúde. Disponível em: http://xa.yimg.com/kq/groups/17929366/2020584321/name/Vasconcelos+-
+ED.popular+em+saude.pdf. Acesso em 7 de fevereiro de 2012
.
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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DO MANUAL
BARROS, C.M.S. Manual técnico de educação em saúde bucal. Rio de Janeiro: SESC,
Departamento Nacional, 2007.132p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na
Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. A educação que produz
saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2005.16 p.(Série F. Comunicação e Educação em
Saúde).
______. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde
Bucal. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 92 p. (Série A. Normas e Manuais
Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica; 17). Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_bucal.pdf. Acesso em 11 de agosto de
2012.
DONATO, A. F.; MENDES, R. Relação educativa da equipe de saúde da família com a
população. SANARE. Revista de políticas públicas. Sobral: Escola de formação em
saúde da família Visconde de Sabóia, ano IV, n. 1, jan./mar, p. 34 – 65, 2003.
EDUCAÇÃO Bancária como instrumento de opressão. 2010. Disponível em:
http://gilnei-os.blogspot.com.br/2010/06/educacao-bancaria-como-instrumento-da.html.
Acesso em 10 de agosto de 2012.
ESCLARÍN, A. P. Educar Valores e o Valor de Educar. São Paulo: Paulus , 2002,
176 p.
FESTA – Ivete Sangalo. Disponível em: <http://letras.mus.br/ivete-sangalo/46457/>.
Acesso em 07 de agosto de 2012.
FREEDOM Writers. Direção de Richard La Gravenese. Estados Unidos, Alemanha:
Paramount Pictures, 2007 (122 minutos): son, color.
FREIRE, P. R. N. Educação ‘Bancária’ e Educação Libertadora. In: PATTO, M.H.
Introdução à Psicologia Escolar. São Paulo: T. A. Queiroz, 1971.
GABRIEL O Pensador- Estudo Errado- Vídeo Clipe. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=m08sChqOgYk. Acesso em 10 de agosto de 2012.
MILITÃO, A.; MILITÃO, R. Histórias & fábulas aplicadas a treinamento. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 2002 , 142 p.
PEREIRA, J. A. Tributo a Paulo Freire. 2010. Disponível em:
<http://juaresdocordel.blogspot.com.br/2010/02/parte-de-um-cordel-em-homenagem-
um-dos.html> Acesso em 02 de fevereiro de 2012
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VALIS, J.S. Freedom Writers. 2007. Disponível em:
<http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdefilmes/641978>. Acesso em 07 de
agosto de 2012.
VASCONCELOS, E. M. Educação Popular nos serviços de Saúde. 3ª Ed aumentada:
HICITEC: São Paulo, 1997. 167p.
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ANEXO:
EDUCAÇÃOPOPULAR: UMA PERSPECTIVA, UM MODO DE ATUAR
(ALIMENTANDO UM DEBATE)13
Ivandro da Costa Sales
A Literatura de Pedagogia e de Educação Popular insiste muito na produção e
transmissão de conhecimento e conteúdos, em conhecimento de teorias e metodologias,
em produção e circulação de informações. Enfim, insiste bastante na dimensão
intelectual da educação. Pouca atenção se dá à sua dimensão afetiva e prática. È como
se a educação tivesse a ver, quase que exclusivamente, com o conhecimento, com a
ordem intelectual.
Sustentamos, entretanto, que a educação tem como objeto e instrumento o
saber e não só o conhecimento.
O conhecimento é uma das dimensões do saber. É sua dimensão intelectual.
O saber é o sentir/pensar/agir das pessoas, grupos, categorias, classes sociais. O
saber inclui, portanto, a dimensão intelectual, a dimensão afetiva e a dimensão prática.
O saber é a cultura
Quem não sabe da influência do sentimento, paixões, afetos sobre o pensar e o
agir de todos nós? Quem não sabe igualmente da influência do pensar sobre o sentir e o
agir das pessoas? E não se sabe, por acaso, como o agir criar e recria modos de sentir e
pensar?
O saber é sabedoria ou idiotice. É modo de atuar profundo, tranqüilo, coerente,
ou modo de atuar confuso, incoerente, inseguro.
Por que será que se tem dado tanta importância à razão e prestado pouca
atenção aos sentimentos, afetos, subjetividade e ao modo de atuar nas salas de aula, na
atuação junto às organizações e movimentos populares e na vida em geral?
Não se sabe, pela própria experiência, que se aprende com mais facilidade algo
de que gostamos ou detestamos e que muitas vezes é a emoção que nos impulsiona a
agir, cabendo à razão correr atrás para orientar ou reprimir?
Educação não é, portanto, o processo de produção, transmissão, reprodução de
conhecimento. É a produção ou reprodução de modos de sentir/pensar/agir.
13 SALES, I. C. Educação popular: uma perspectiva, um modo de atuar. In: SCOCUGLIA, M.N.
Educação popular – outros caminhos. João Pessoa: Universitária, 1999.
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A não consideração dos sentidos, dos sentimentos e dos modos de agir das
pessoas tem péssimas implicações na prática educativa: Desqualificam-se dimensões
fundamentais da vida das pessoas, o que do ponto de vista da Educação Popular que se
pretende, significa desqualificação e empobrecimento das pessoas; não se vivencia a
participação, ao se impor às pessoas e grupos alguns objetivos, conteúdos, metodologia
e formas de gestão que não tem ressonância e importância em sua vida. E compromete-
se a eficácia da atuação quando não se considera a realidade subjetiva de pessoas de
quem se devia estar junto ou quem se pretende prestar serviço.
O saber (sentir/pensar/agir), ou a cultura, á a matéria prima da educação. É o
saber que está sendo transformado no confronto de saberes. O saber. O Saber é também
o instrumental da educação, pois os modos de sentir/pensar/agir em intercâmbio se
transforma mutuamente.
Todas as pessoas, pelo que fazem ou deixam da fazer, interferem no
sentir/pensar/agir de outras pessoas. Por isso todas as pessoas são educadoras. É neste
sentido que se diz que toda relação é, necessariamente, uma relação pedagógica.
Algumas pessoas têm a função de educadoras. São as pessoas que por opção,
ou por exigência do seu emprego, ou porque para tal foram eleitas, se dedicam à
formação de outras pessoas nas escolas, nas igrejas, nas associações, nas cooperativas,
nos sindicatos, nos partidos etc. São profissionais da educação.
Outras pessoas, além de educadoras, são especialistas em educação. Nesta
categoria está quem se dedica a conhecer a história, as teorias e as metodologias da
educação, a articulação da dimensão educativa com objetivos econômicos e políticos, os
indicadores de eficácia da atuação educativa, os critérios de avaliação e reorientação da
prática educativa e o que mais diga respeito à produção, transmissão, reprodução de
saberes.
Educação e Sociedade
O processo de produção, reprodução, elaboração de modos de
sentir/pensar/agir faz parte e está em função de um contexto de interesses econômicos,
políticos, culturais, afetivos, religiosos, alguns já firmados e tentando se perpetuar.
Outros negados, mas lutando para se afirmar.
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O processo educativo está também inserido num contexto econômico, político
e cultural, nacional e internacional.
No nosso caso, fazemos parte da ordem capitalista que tem como grande
objetivo o lucro e a acumulação.
No capitalismo, as pessoas e todos os outros elementos da natureza ou não são,
ou podem ser transformados em mercadorias. Tudo se compra, tudo se vende: a honra, a
alimentação do estômago e da fantasia, tudo que serve para a vida ou para morte, o ar,
as águas, os bosques, os solos...
E tudo é capital, ou seja, mercadoria utilizadas para produzir mercadorias que
por conter em si trabalho pago e trabalho não pago são condições do lucro e da
acumulação.
As pessoas e os outros elementos da natureza transformados em mercadorias e
em capital só têm alguma importância enquanto estiverem sendo úteis no processo de
produção de mercadorias. Assim sendo, os aposentados são inativos, inúteis, peso
social, vagabundos. Os excluídos do processo de produção e circulação de mercadorias
são também um peso e estão contabilizados com o “Custo Brasil”. As crianças e
adolescentes de quem o capital não precisará morrerão no consumo e tráfico de drogas.
E ninguém será responsabilizado por sua morte. Eles mesmos são culpados. Quem as
manda consumir e traficar drogas!
O modo de produção capitalista é o campo da livre iniciativa, da concorrência,
do domínio dos “mais espertos” e mais fortes, do salve-se quem puder. É por definição
concentrador de capital, de poder, de conhecimentos.
Sob a hegemonia do capital financeiro, do narcotráfico e da produção de armas,
o capitalismo atual exclui pessoas, regiões, ramos de produção e países. E se, na busca
do lucro for necessário, produzir armas, envenene o ar, o solo, devasta florestas,
falsificar remédios, faz tráfico de drogas, de crianças, de mulheres...
O modo atual de produção e circulação de mercadoria afeta imediatamente as
pessoas:
no seu direito ao trabalho;
no direito a ter reposição das energias desgastadas no trabalho, no
desemprego, na busca de emprego, na perspectiva de não mais vender sua
força e trabalho;
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no direito de ter poder na definição de tudo o que lhes diz respeito;
no direito a ter seus conhecimentos e experiências tomadas em
consideração e aprofundados;
no direito aos cuidados, prazer, beleza.
A contradição e a conseqüente fonte de luta estão geradas: enquanto no modo
de produção capitalista se tenta formar pessoas adequadas e adaptadas à reprodução do
sistema, estas mesmas pessoas continuam tendo exigências como pessoas, como
trabalhadoras e como membros do trabalho coletivo nacional, internacional, mundial e
planetário.
Em cada pessoa reduzida à simples proprietária da mercadoria força de
trabalho ou excluída do processo de produzir bens e serviços, vive uma pessoa, um
trabalhador, um cidadão, com bem mais direitos do que o de ser reproduzir como peça
de engrenagem de produzir lucro.
Educação Popular
Educação é formação. É, portanto, bem mais do que informação. É o
aprofundamento ou imbecilização do sentir/pensar/agir.
A educação que queremos é a formação de pessoas mais sabidas. É a busca do
equilíbrio e aprofundamento dos sentidos, das emoções, dos conhecimentos, da atuação.
É a transformação do senso comum em bom senso, em sabedoria.
Ser mais sabido é bem mais do que ser erudito. O Conhecimento, insiste-se, é
um dos elementos essenciais do saber, mas não é o único e nem o mais importante.
Se é impossível ser sabido sem ter conhecimentos e informações, é bem
possível ter muito conhecimento e não ter sabedoria, justamente por ser possível e até
comum, em nossa sociedade, sentir de um modo, pensar de outro e agir em contradição
com o que se pensa e se sente.
O indicador de resultados educativo que aqui se pretende não é, portanto, a
erudição. É situar-se bem no contexto de interesse. É usar armas adequadas nas lutas por
objetivos econômicos, políticos, culturais, afetivos, religiosos... É a serenidade no modo
de lutar
A Educação Popular é um modo de atuar e tem uma perspectiva: a apuração
organização, aprofundamento do sentir/pensar/agir dos excluídos do modo de produção
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capitalista, dos que estão vivendo ou viverão do trabalho, bem como dos seus parceiros
e aliados em todas as práticas e instâncias da sociedade. E essa apuração,
aprofundamento, organização do saber, do sentir/pensar/agir já é a construção de uma
sociedade em que as pessoas e outros elementos da natureza serão vistas e tratadas
como agentes humanos e materiais da produção de bens, serviços e cultura para a
sociedade e não como produtores de mercadorias para quem as pode comprar.
Supõe-se aqui que todos os cidadãos, todos os educadores profissionais ( os
que tem como função a formação de pessoas e grupos) e todos os especialistas em
educação, querendo ou não, conscientes ou não, tem uma perspectiva: ou estão pela
continuação do atual modo de organização da sociedade, ou estão pela sua
transformação.
Em síntese: a Educação Popular é a formação de pessoas mais sabidas e mais
fortes para conseguir melhor retribuição à sua contribuição econômica, política e
cultural; mais sabidas e mais fortes para serem reconhecidas como pessoas e
trabalhadoras; mais sabidas e mais fortes para serem tranqüilas e felizes e para terem
uma convivência construtiva e preservadora com o meio ambiente físico e humano.
A prática educativa que se contrapõe à prática que aqui denominamos de
Educação Popular é a que forma pessoas e trabalhadores submissos, desenformados,
dilacerados, sem auto-estima, sem altivez, inseguros, perplexos, sem esperança. É a
prepara pessoas para explorar e dominar outras pessoas e a natureza mais sabidas e mais
fortes em geral. É a prática educativa que ajuda os atuais detentores dos bens, poder e
informações a serem sabidos e mais espertos.
Alguns teóricos, equivocadamente, chamam de Educação Popular qualquer
atuação de órgãos governamentais ou civis nos campos de alfabetização, habitação,
saúde, transporte, segurança, organização, etc., junto a trabalhadores desempregados,
mal remunerados, sem terra, sem teto..., mesmo que esta educação tenha perspectiva de
entorpecê-los e os acomodar no próprio espaço físico do povo.
Há também teóricos que só consideram popular a prática educativa que
acontece fora do espaço formal governamental.
Sustentamos, entretanto, que é possível fazer educação popular nos espaços
governamentais. Supomos também que é possível fazer educação antipopular em
espaços populares alternativos.
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A nossa Educação Popular é uma perspectiva e um modo de atuar, modo que é
uma exigência de coerência com a perspectiva de formar pessoas mais sabidas e
relações sociais mais justas e felizes. Com efeito, o objetivo de formar pessoas mais
sabidas, participativas, felizes, seguras, serenas e que convivam bem com todos os
elementos da natureza, exige um modo específico de atuar. Exige que os objetivos
sejam antecipados já no modo de atuar.
O processo educativo coincide, na prática, com a apuração, aprofundamento ou
imbecilização do que as pessoas trazem da história, da família, do trabalho, da política,
da vida.
Não é, portanto, coerente com a perspectiva de Educação Popular quem não
toma em consideração (para aprofundar num processo de intercâmbio de saberes) os
conhecimentos, experiências, expectativas, inquietações, sonhos, ritmos, interesses e
direitos das pessoas com quem se esteja convivendo.
Não é também coerente com a perspectiva popular que impõe objetivos,
conteúdos, palavras de ordem, verdades.
E todas as técnicas e todas as dinâmicas que facilitam a aprendizagem são
metodologias de Educação Popular se forem utilizadas no contexto de vivência
competente da organicidade (apuração do que as pessoas precisam e querem que seja
aprofundado) e num contexto de tomar gosto em ter o que dizer sobre tudo o que lhes
diz respeito.
A Educação Popular é, portanto, um modo orgânico e participativo de atuar na
perspectiva de realização de todos os direitos do povo, ou seja, dos excluídos e dos que
vivem e viverão do trabalho bem como dos seus parceiros, aliados na sociedade.
Povo, então é uma situação e um posicionamento na sociedade. Povo são os
excluídos, os que vivem ou viverão do trabalho e os que estão dispostos a lutar ao seu
lado.
Educação Popular e Estado
Quase toda literatura de Educação Popular identifica Estado com Governo e
Governo com Estado. Chama equivocadamente organizações governamentais de
organizações públicas e as políticas governamentais, de políticas públicas.
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Essa identificação de Estado com Governo e Governo com Estado vem de um
tempo que já passou. Era um tempo em que a gestão da produção e de todos os serviços,
no mundo dito socialista, era feita pelo governo do partido único. Vem também do
tempo em que, nas sociedades capitalistas, o governo fazia a gestão dos serviços de
reprodução social (saúde, habitação, segurança, lazer...) bem como a gestão da infra-
estrutura produtiva (energia , transporte, comunicação).
No socialismo real o governo usurpou e monopolizou toda a funçao de gestão.
No ocidente capitalista, o capital entregou ao governo a gestão das condições
dispendiosas do lucro e de tudo o que não desse lucro imediatamente.
Era o tempo do estado restrito identificado com o governo, principalmente com
o Poder executivo do Governo.
E isso de dizer que Governo pé da esfera pública, que é responsável pelo
comum, foi uma invenção para esconder uma relação clara do Governo com as classes
sociais. Foi algo inventado para que não se perceba e não se saiba que o Governo é
fundamental é fundamentalmente um serviço aos grupos dominantes. E para que não se
preste atenção aos principais agentes da sociedade: os trabalhadores e os empresários.
Com esta conversa de Bem Comum desloca-se o foco da atenção. O Gerente
(governo) fica parecendo mais importante do que quem o elegeu (trabalhadores,
empresários). E fica parecendo que a grande questão da política é a mudança de gerente
e não as mudanças das relações entre atores fundamentais, bem como as relações
históricas e mutáveis destes com seus administradores na sociedade civil e no
Governamental do Estado.
Infelizmente esta identificação de Estado com Governo ainda é predominante
na prática e na literatura de movimentos sociais e Educação Popular, nos fazendo
esquecer que Estado não é uma coisa, uma entidade, um aparelho. Estado é uma função.
É a gestão de interesses Estado direitos. Estado quem estiver administrado interesses
Estado poderes está exercendo uma função estatal. Está sendo Estado.
Até pouco tempo a função estatal era exercida só pelo Governo. Mas a situação
mudou. O desenvolvimento do capitalismo gerou muita injustiça Estado
consequentemente fez aparecer, do lado dos injustiçados, muitos grupos para lutar por
seus direitos (os sindicatos, cooperativas, associações, grupos de idade, gênero, etnia,
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sem teto, sem terra, Estado também organizações de apoio técnico Estado financeiro aos
grupos populares).
Do lado dos capitalistas surgiram também muitos grupos para assegurar seus
direitos Estado privilégios (sindicatos Estado federações patronais, FMI, Banco
Mundial, Organização Mundial do Comércio, Grupo dos Sete, Blocos Econômicos,
etc.).
Existe, pois, um braço Governamental do Estado. É a dita sociedade política.
Existe também um braço civil. É a sociedade civil organizada. O Estado, agora, é a
gestão dos interesses Estado direitos dos diferentes grupos Estado classes sociais, gestão
que é feita pelo aparelho governamental Estado pelas organizações da sociedade civil.
Os empresários estão bem mais avançados do que os trabalhadores na
percepção Estado vivência da transformação da realidade. Eles definem muito bem o
que pretendem gerir através de suas organizações civis Estado o que deve ainda ser
gerido pelo governo. Eles usam bem o governo. Eles governam o Governo.
Os trabalhadores estão bem mais avançados do que os trabalhadores na
percepção Estado vivência da transformação da realidade. Eles definem muito bem o
que pretendem gerir através de suas organizações civis Estado o que deve ainda ser
gerido pelo Governo. Eles usam bem o Governo. Eles governam o Governo.
Os trabalhadores ainda acreditam pouco em si mesmos e em suas organizações.
Ainda se entregam muito a “salvadores da pátria”. Acreditam mais em leis feitas pelos
adversários do que me suas próprias lutas, quando teriam melhor resultado se
batalhassem para ser governo Estado não para ter Governo.
A educação na perspectiva popular ajudaria os excluídos, os injustiçados
Estado seus amigos, parceiros Estado aliados a se situarem bem neste novo contexto.
O grande desafio atual é a criação de espaços públicos governamentais Estado
espaços públicos civis, ou espaços públicos geridos por representantes governamentais
Estado por representantes da sociedade civil.
Público não é o que está no campo governamental. É o que se destina a todos
ou á maioria Estado que ao mesmo tempo é decidido por todos ou por legítimos
representantes de todos ou da maioria.
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Espaços públicos não exclusivamente governamentais são serviços Estado
atividades geridas pelos conselhos ou por representantes de organizações de
trabalhadores.
Como seria possível um trabalho de Educação Popular dentro do aparelho
governamental do Estado ?
É preciso fazer algumas distinções. Há espaços mais centrais Estado menos
centrais para mudanças ou manutenção da ordem capitalista. Um trabalho de Educação
Popular em São Paulo deve preocupar aos Ideólogos do capitalismo mais do que o
mesmo trabalho em Icapuí (CE) ou mesmo em Porto Alegre.
O FMI provavelmente presta mais atenção à Brasília do que ao que está
acontecendo num pequeno Estado pobre estado do Nordeste.
Um trabalho de Educação Popular deve chamar menos atenção numa
universidade do que num órgão militar.
Todas essas distinções são para dizer que um trabalho de Educação Popular é
possível em qualquer espaço desde que se tenha sabedoria para tomar em consideração
os limites Estado possibilidade de cada espaço.
No aparelho governamental é essencial identificar os aliados Estado não pedir
deles o que eles não podem dar. Sob pena de sofrerem severas punições.
Em algum caso raro, é possível parceria.
Em todos os casos é possível identificar aliados Estado estabelecer alianças.
Em muitos casos convém que se atue como oposição, negociando o que for
possível sabendo que só há negociação quando se tem força para ganhar ou ceder
alguma coisa. Quando não se tem força, não há negociação. Pode até haver alguma
conversa amigável. Mas só conversa.
Em geral os espaços governamentais são campos desiguais de luta. É um
espaço adverso aos interesses populares. O seus dirigentes, mesmo sendo aliados dos
trabalhadores, não podem deixar de ser um serviço aos grupos capitalistas, que às vezes
concedem muito, desde que forçados pela luta dos trabalhadores Estado desde que seus
interesses fundamentais não sejam ameaçados.
Educação Popular e formas de Luta
Educação Popular é a produção de uma cultura ou de um modo de
sentir/pensar/agir mais coerente. É a formação de bons lutadores.
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Toda a literatura da Educação Popular registra a preocupação prática com a
transformação da realidade.
Predomina, entretanto, o que na linguagem militar saúde se denomina Guerra
de Movimento. É a tomada do poder central. É a marcha para o que se considera a sede
de poder. É a tomada do Palácio de Inverno na Rússia do Planalto no Brasil.
Acontece, entretanto, que o poder não mais está num só lugar, numa sede, num
palácio. As relações capitalistas, seu estilo de vida, sua cultura, bem como a resistência
Estado as formas novas Estado alternativas de produzir, governar, viver, pensar,
perpassam toda a sociedade. Então em todos os poros da sociedade.
Os capitalistas, por exemplo, instalam suas empresas em todas as regiões de
todos os países Estado com elas vem um modo de produzir, de pensar, de viver, de
sentir. É a guerra de posições.
Essas parece ser a luta dos novos tempos; ocupar trincheiras Estado espaços,
viver relações diferentes. Viver, já agora, os objetivos pretendidos.
A dificuldade é que temos uma educação que só prepara para o “fim da
História”. A felicidade está sempre depois: na primeira comunhão, na formatura, no
casamento, no nascimento dos filhos, no mercado, no comunismo, na morte, no céu,
inferno. Sempre depois. Sempre felicidade ou infelicidade complexas. Sempre
Hollywood.
Talvez, para ser feliz, não seja aconselhável pensar em sistema, em felicidade
completa, em ausência de sofrimento, tristezas.
Talvez seja uma boa opção se engajar na formação de pessoas mais sabidas
Estado mais fortes para irem reagindo, em cada momento, definindo limites para os
adversários, construindo Estado vivendo intensamente as alegrias, tristezas Estado
sofrimentos inerentes à condição humana em todos os momentos, sem esperar o grande
dia da revolução.
É preciso, saltar fora da lógica do capital. Conviver com a ordem capitalista,
reagindo às suas desgraças e construindo, onde a vida nos colocar, algo diferente e cujo
objetivo e sentido sejam a vida e não a exploração e a dominação.
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Educação Popular das Diferenças Biológicas e Culturais
Na sociedade tudo é histórico, tudo é herdado, tudo é aprendido. Aprende-se a
ser trabalhador, patrão, chefe, funcionário, dirigente, base. E no interior da cada classe,
categoria ou grupo, aprende a ser mulher, homem, índio, negro, branco, jovem, velho.
Por acaso, dá para negar as diferenças biológicas e culturais entre homens e
mulheres; jovens e adultos; índios, negros e brancos? E faria bem para alguém se
desfazer das marcas que traz de sua família, do seu sertão, de sua cidade, de seu país?
Cultura, ou modo de sentir/pensar/agir, não é para ser venerada, respeitada ou
violentada. Modos de sentir/pensar/agir interagem permanentemente com modos
diferentes e até antagônicos de sentir/pensar/agir.
O que não se justificaria numa perspectiva de Educação Popular seria a
imposição de modos de viver, ou a sua absolutização e veneração, ou então o seu
congelamento.
Na formação de pessoas mudarão quando desejarem mudar e quando tiverem
condições objetivas de optar por outro jeito de viver.
A Educação Popular de mulheres e homens, negros, brancos e índios; velhos e
jovens, ao antecipar em sua metodologia os objetivos que se deseja alcançar, já os
tornará velhos ou jovens, mulheres ou homens, negros ou brancos ou índios, mais
sabidos, mais fortes, mais considerados, mais amados, mais felizes.
Nenhum sucesso terá quem, numa prática educativa, não tomar em
consideração marcas tão profundas como as de gênero, de geração, de etnia, de região...
Certamente não pretendem formar pessoas mais sabidas quem tenta lhes impor
uma cultura pretensamente superior.
E é muito conservador quem deseja parar o mundo, privando as pessoas e
grupos do contato com outras pessoas e grupos portadores de marcas biológicas e
culturais diferentes e, por isso mesmo, enriquecedoras.
O trabalho educativo junto a excluídos, injustiçados e a seus amigos e
aliados, está solicitado, no momento atual da globalização de todas as atividades, a
formar “cidadãos do mundo, filhos de aldeia”.
A sistematização da Educação Popular
Lamenta-se tanto a quase inexistência de uma sistematização de Educação
Popular! O que se esta querendo ao desejar esta sistematização?
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Será que se está querendo algo possível? E se for possível, será desejável
sistematizar as experiências em que se dá a Educação Popular?
Há quem considere alguns programas e experiências em si mesmos como
Educação Popular. É a própria experiência que é chamada de popular ou antipopular.
Supomos, entretanto, que a Educação Popular não é um programa, nem uma
entidade. É um modo e uma perspectiva de atuar em todas as práticas econômicas,
políticas, culturais. Por isso, parece impossível fazer um tipologia dos milhões de
práticas diferentes, diferenciadas e mutáveis que acontecem no mundo. As experiências
são únicas. São feitas por agentes específicos, em épocas bem determinadas, com
objetivos e meios adequados aos fins e ao contexto em que se dá a experiência.
Às vezes, parece que se tem nostalgia dos tempos dos paradigmas fechados.
Às vezes, parece renascer a tentação de criar categorias que vez de expressar a
riqueza do fenômeno, parece colocá-lo em camisa de força.
Seria interessante que ao invés de tipologias, categorias ou algo do gênero, nos
contentássemos em aprofundar o sentido da prática concreta que acontece no interior de
todos os programas, projetos, intervenções. Pesquisar, portanto, seus objetivos
econômicos, políticos e culturais, suas estratégias, suas metodologias, seu planejamento,
seu modo de gestão, a sintonia direção-base e os resultados econômicos políticos e
culturais alcançados. E iríamos criando nomes que expressem as leis de geração,
gestação e transformação do processo em análise.
E como não dá para esquecer o processo fundamental da sociedade é a
aliança/enfrentamento de interesses econômicos, políticos, culturais, afetivos, religiosos,
alguns já afirmados tentando se perpetuar e outros negados tentando se afirmar, é bom
tentar identificar, em cada momento da conjuntura, os parceiros, aliados ou adversários
nos órgãos governamentais e nas organizações da sociedade civil, em âmbito local,
regional, nacional e internacional. (1999).
Hino do Estado do Ceará
Poesia de Thomaz LopesMúsica de Alberto NepomucenoTerra do sol, do amor, terra da luz!Soa o clarim que tua glória conta!Terra, o teu nome a fama aos céus remontaEm clarão que seduz!Nome que brilha esplêndido luzeiroNos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!Chuvas de prata rolem das estrelas...E despertando, deslumbrada, ao vê-lasRessoa a voz dos ninhos...Há de florar nas rosas e nos cravosRubros o sangue ardente dos escravos.Seja teu verbo a voz do coração,Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!Ruja teu peito em luta contra a morte,Acordando a amplidão.Peito que deu alívio a quem sofriaE foi o sol iluminando o dia!
Tua jangada afoita enfune o pano!Vento feliz conduza a vela ousada!Que importa que no seu barco seja um nadaNa vastidão do oceano,Se à proa vão heróis e marinheirosE vão no peito corações guerreiros?
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!Porque esse chão que embebe a água dos riosHá de florar em meses, nos estiosE bosques, pelas águas!Selvas e rios, serras e florestasBrotem no solo em rumorosas festas!Abra-se ao vento o teu pendão natalSobre as revoltas águas dos teus mares!E desfraldado diga aos céus e aos maresA vitória imortal!Que foi de sangue, em guerras leais e francas,E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Hino Nacional
Ouviram do Ipiranga as margens plácidasDe um povo heróico o brado retumbante,E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,Brilhou no céu da pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdadeConseguimos conquistar com braço forte,Em teu seio, ó liberdade,Desafia o nosso peito a própria morte!
Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívidoDe amor e de esperança à terra desce,Se em teu formoso céu, risonho e límpido,A imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza,És belo, és forte, impávido colosso,E o teu futuro espelha essa grandeza.
Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada,Brasil!
Deitado eternamente em berço esplêndido,Ao som do mar e à luz do céu profundo,Fulguras, ó Brasil, florão da América,Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Do que a terra, mais garrida,Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;"Nossos bosques têm mais vida","Nossa vida" no teu seio "mais amores."
Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símboloO lábaro que ostentas estrelado,E diga o verde-louro dessa flâmula- "Paz no futuro e glória no passado."
Mas, se ergues da justiça a clava forte,Verás que um filho teu não foge à luta,Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada, Brasil!