I Simpósio de Assistência ao Parto em Minas Gerais · •Obstrução do canal de parto por massa...

Post on 23-Jan-2019

216 views 0 download

Transcript of I Simpósio de Assistência ao Parto em Minas Gerais · •Obstrução do canal de parto por massa...

Cesariana eletiva no Brasil: indicações e limitações

Victor Hugo de Melo

I Simpósio de Assistência ao Parto em Minas Gerais

Era uma vez,

uma reunião em

Fortaleza,

no ano de 1985 ...

Países com as taxas mais baixas de mortalidade perinatal tem taxas de cesariana abaixo de 10%.

Não há justificativa para taxas mais altas que 10-15%.

1985

Linha do Tempo

- LANCET -

LIMITE DE 10 A 15% DE

CESARIANAS

Art. 10. Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações: [...] § 2º É vedada a esterilização cirúrgica em mulher durante os períodos de parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas sucessivas anteriores.

Lei 9263/1996

1985 1991 1996

Linha do Tempo

- LANCET –

LIMITE DE 10 A 15% DE

CESARIANAS

- C S P –

ARTIGO FAUNDES & CECATTI

LEI 9263

Planejamento Familiar

Violência de Gênero

1985 1991 1996 2000 2001

Linha do Tempo

LANCET

LIMITE DE 10 A 15% DE

CESARIANAS

- C S P –

ARTIGO FAUNDES & CECATTI

LEI 9263 Planejamento

Familiar

MS Humanização

do Nascimento

Parto Seguro

2004

Portaria 985, de agosto de 1999 (MS) – Cria Centro de parto normal, com equipe mínima composta de obstetriz, auxiliar de

enfermagem, auxiliar de serviços gerais e motorista.

1985 1991 1996 2000 2001 2004

Linha do Tempo

LANCET

LIMITE DE 10 A 15% DE

CESARIANAS

- C S P –

ARTIGO FAUNDES & CECATTI

LEI 9263 Planejamento

Familiar

MS Humanização

do Nascimento

PACTO

NACIONAL PELA

REDUÇÃO DA

MORTALIDADE

MATERNA E NEONATAL

Parto Seguro

Parto Seguro

2006

2008

CFM criou em dezembro de 2008 a Comissão de

Parto Normal

CFM

FEBRASGO

SBP

ANS

2008

Parto seguro: - Presença de obstetra + pediatra - Vaginal ou abdominal - Local: hospital

2008

Julho/2008

“A ANS está disposta a não tomar nenhuma atitude que diga respeito a atos

médicos sem antes debater com o

CFM e, também, com a SBP e a FEBRASGO.

A “epidemia” de cesarianas

Fonte: Brasil: MS e

ANS, 2004

Ministério da Saúde/Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa Departamento de Monitoramento e Avaliação da Gestão do SUS - 2004

Lancet,

2006

2008

“Além disso, é mais prático para ambas as partes fazer uma cirurgia de uma hora do que dedicar 12 horas a um trabalho

de parto ... cancelando um dia inteiro de consultas.”

2010

“O parto cesáreo encontra-se em franca expansão no Brasil ... A média nacional apurada pelo IBGE alcançou 46,6% em 2007, último dado compilado.

A epidemia de cesarianas não se restringe ao Brasil. “

2013

“A pesquisa aponta que modelos de atenção ao

parto e nascimento que têm enfermeiras obstétricas

como responsáveis primárias, aumentam as

chances de partos espontâneos ... ”

2014

2015

"Uma vez cesárea, sempre cesárea." A

frase, dita pelo pesquisador Edwin

Cragin, em 1916, era para alertar seus colegas obstetras sobre o risco de se

fazer uma cesárea e sobre como deveriam

evitá-la, especialmente em mulheres grávidas

pela primeira vez.

1985 1991 1996 2000 2001 2004 2004 em diante

Linha do Tempo

LANCET

LIMITE DE 10 A 15% DE

CESARIANAS

- C S P –

ARTIGO FAUNDES & CECATTI

LEI 9263 Planejamento

Familiar

MS Humanização

do Nascimento

PACTO

NACIONAL PELA

REDUÇÃO DA

MORTALIDADE

MATERNA E NEONATAL

“Epidemia”

de

Cesarianas

Parto Seguro

“As operadoras terão o prazo máximo de 15 dias para enviar as informações sob

pena de multa de R$25 mil.”

Seção I Do Direito de Acesso à Informação Das Beneficiárias aos Percentuais de Cirurgias Cesáreas e de Partos Normais

Art. 2º Sempre que for solicitado por uma de suas beneficiárias ou seu representante legal, a Operadora de Planos Privados de Assistência à Saúde deverá disponibilizar o percentual de cirurgias cesáreas e de partos normais, da própria operadora, estabelecimentos de saúde e médicos nominados pela beneficiária ou seu representante legal.

Seção II Do Cartão da Gestante, Da Carta de Informação à Gestante e

da Utilização do Partograma

Art. 8º O partograma é um documento gráfico onde são feitos os registros do desenvolvimento do trabalho de parto, das condições maternas e fetais e deverá conter, no mínimo, as informações indicadas pela Organização Mundial da Saúde - OMS, conforme o Anexo III, desta RN, podendo ser utilizado qualquer modelo de partograma, desde que contenha os dados mínimos indicados pela OMS. Parágrafo único. Nos casos em que, por imperativo clínico, o partograma não for utilizado, este deverá ser substituído por um relatório médico detalhado.

1985 1991 1996 2000 2001 2004 2004 em diante

2015

Linha do Tempo

LANCET

LIMITE DE 10 A 15% DE

CESARIANAS

- C S P –

ARTIGO FAUNDES & CECATTI

LEI 9263 Planejamento

Familiar

MS Humanização

do Nascimento

PACTO

NACIONAL PELA

REDUÇÃO DA

MORTALIDADE

MATERNA E NEONATAL

“Epidemia”

de

Cesarianas

ANS

Res. 368

Parto Seguro

Cesariana eletiva

Conceito

Procedimento cirúrgico realizado para extração fetal antes do início do trabalho de parto, e com as membranas íntegras, em benefício materno e fetal.

Indicações

• Maternas • Fetais • Materno-fetais

Maternas

• Cesariana de repetição

• Obstrução do canal de parto por massa tumoral

• Anormalidade pélvicas que interfiram no mecanismo de parto

• Doenças cardiovasculares que aumentam a pressão intratorácica (estenose valvar, aneurismas ...)

• Doenças maternas sem controle (Diabetes, hipertensão, imunológicas, etc.)

• Cirurgia previa no assoalho pélvico

• A pedido

Corrêa e cols., 2011; Rezende e cols., 2010

Fetais

• Apresentação anômala

• Prolapso de cordão, vasa previa

• Anomalias estruturais

• Comprometimento grave da vitalidade fetal (crônico ou agudo)

• Gemelidade (1º feto não-cefálico)

• Infecções (HIV, Herpes genital ativo)

Corrêa e cols., 2011; Rezende e cols., 2010

Materno-fetais

• Placenta prévia total

• Evolução anormal do parto

• Risco de rotura uterina

• Descolamento prematuro da placenta

Corrêa e cols., 2011; Rezende e cols., 2010

Limitações

– Maior morbidade materna: • Infecções

• Hemorragias ( transfusões)

• Outras: histerectomia, FTE, admissão em UTI

– Maior morbidade neonatal: • Prematuridade

• Dificuldades respiratórias

• Admissão em UTI neonatal

• Permanência em UTI neonatal

Aumento de morte materna e/ou neonatal

Cesariana sem indicação médica está associada a aumento do risco de eventos adversos maternos em curto prazo:

pesquisa global da OMS (2004-2008) sobre Saúde Materna e Perinatal

Métodos: - 371 hospitais de 24 países:

- 2004-2005: África e América Latina - 2007-2008: Ásia

Resultados: - 286.565 mulheres; - Taxa global de cesarianas: 25,7% (73.718) - 1% (2.685) sem indicação médica

Métodos: Randomização de 120 instituições hospitalares de 8 países da América Latina. Resultados: • 97.095 pares de mães e filhos • Taxa de cesariana variou de 24 a 57% • Aumento da morbimortalidade materna e neonatal

Taxas de cesarianas e resultados gestacionais: pesquisa global da OMS (2005) sobre a saúde materna e perinatal na

América Latina

Lancet 2006; 367:1819-29

Materno

Neonatal

Neonatal

2008

Denmark

Participantes: 34.458 crianças nascidas entre janeiro/1998 e dezembro 2006, com idade gestacional entre 37-41 semanas. Desfechos: morbidade respiratória; morbidade respiratória grave.

Risco de morbidade respiratória em crianças a termo nascidas por cesariana eletiva: estudo de coorte

BMJ | ONLINE FIRST | bmj.com

2008

Denmark

Risco de morbidade respiratória em crianças a termo nascidas por cesariana eletiva: estudo de coorte

BMJ | ONLINE FIRST | bmj.com

Resultados: 2.687 (7,8%) nasceram por cesariana eletiva. Morbidade respiratória (comparação com crianças nascidas de parto vaginal): - 37 semanas: OR-3,9 (IC:2,4-6,5) - 37 semanas: morbidade respiratória grave: OR-5,0 (IC:1,6-16,0) - 38 semanas: OR-3,0 (IC:2,1-4,3)

- 39 semanas: OR-1,9 (IC:1,2-3,0)

Fatores que influenciam o aumento das taxas de cesariana no Brasil

• Melhoria das técnicas cirúrgicas e anestesiológicas

• Redução das complicações pós-operatórias

• Percepção de maior segurança (pacientes)

• Estrutura hospitalar desfavorável

• Prática obstétrica defensiva (processos)

• Cesariana a pedido

• Contrabalançar baixos honorários

• Conveniência

• Insegurança para realizar manobras obstétricas

• Proteção perineal (prolapso, IU, sexualidade)

• Existe, realmente, um aumento desnecessário de cesarianas no Brasil

• Isto tem contribuído para elevação da morbiletalidade materna e neonatal

• É fundamental que as sociedades de especialistas assumam a bandeira de redução das cesarianas desnecessárias

• A cesariana bem indicada continua sendo uma intervenção segura e benéfica para o binômio materno-fetal

Comentários finais

Mais importante que reduzir percentuais, é encontrar o equilíbrio entre o número de cesarianas necessárias para garantir a higidez materno-fetal, e o número de partos normais, com igual benefício.

- São Paulo -

Domingo, 15/03/2015

“Nós não vamos desistir do Brasil.”

Mais verbas para a Saúde

Carreira de Estado

Condições de trabalho e remuneração dignas

Criação do Fórum da Saúde

Interlocução do governo com as entidades médicas

FENAM

Obrigado.