Post on 09-Nov-2018
FICHA PARA CATÁLOGO
PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: Linguagem Complexidade e Importância no Processo Ensino-Aprendizagem na Educação de Jovens e Adultos
Autor Vania Lucia de Almeida
Escola de Atuação Centro Estadual de Educação Básica Para Jovens e Adultos
Maria Antonieta Scarpari.
Município da escola Goioerê
Núcleo Regional de Educação Goioerê
Orientador Me.Helena Izaura Ferreira
Instituição de Ensino Superior Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão
Disciplina/Área: Pedagogia
Produção Didático-pedagógica Caderno Pedagógico
Relação Interdisciplinar
Público Alvo Professores
Localização CEEBJA Maria Antonieta Scarpari
Rua: Carlos Gomes, 1190 - Centro
Apresentação:
Educar é preparar o indivíduo para enfrentar às necessidades
pessoais e as cobranças de uma sociedade em constante
transformação, com desafios propostos pelo despontar de um
mundo mais dinâmico, uma sociedade mais informatizada,
com novas tecnologias, condições fundamentais para se viver
nesse mundo contemporâneo. A escola é um instrumento que
possibilita ao aluno, acesso aos conhecimentos científicos e a
Educação de Jovens e Adultos _EJA, tem uma
responsabilidade imensa diante deste fato, pois alunos da EJA
apresentam grande dificuldade, principalmente os adultos, por
ter ficado muito tempo afastado da escola. O objetivo de nossa
proposta visa valorizar a Educação de Jovens e Adultos, como
meio de desenvolvimento pessoal e social; contribuir para
permanência do educando na escola e oferecer subsídios que
contribuam para o esclarecimento sobre as reais
necessidades de seus alunos. A metodologia utilizada será na
perspectiva do materialismo histórico dialético, em que
privilegiará a visão crítica. O letramento promove o social e a
subjetividade do aluno na Educação de Jovens e Adultos, pois
o mesmo passa tomar posse de um conjunto de práticas
sociais associadas à linguagem, mudando sua visão de
mundo, que é para realização de seus objetivos.
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Linguagem ; Letramento.
SUMÁRIO
1. Apresentação..................................................................................................
1.1. Tema.............................................................................................................
1.2 Justificativa.....................................................................................................
1.3. Publico Alvo...................................................................................................
1.4. Objetivos.......................................................................................................
1.4.1. Objetivo Geral............................................................................................
1.4.2. Objetivos Específicos................................................................................
2. Procedimnetos..............................................................................................
2.1. Recursos/ Técnicas/ Atividades/ Tempo.......................................................
2.2. Avaliação.......................................................................................................
3. Conteúdos.....................................................................................................
3.1. História da Educação de Jovens e adultos no Brasil.................................
3.2. Letramento / Alfabetização........................................................................
3.2.1. Alfabetização.............................................................................................
3.2.2. Diferença entre Alfabetização e Letramento.............................................
3.3. Filme: O leitor............................................................................................
3.4. Analfabetismo Funcional...........................................................................
3.5. Filme: O garoto selvagem..........................................................................
3.6. Linguagem................................................................................................
3.7. Linguagem não-verbal................................................................................
3.7.1. Visão.........................................................................................................
3.7.2. Audição ....................................................................................................
3.7.3. Olfato.........................................................................................................
3.7.4. Paladar.....................................................................................................
3.7.5. Tato..........................................................................................................
3.7.6. Gestos......................................................................................................
3.7.7. Televisão...................................................................................................
3.7.8. Quadrinhos...............................................................................................
3.8. Paulo Freire _ depoimentos/história..........................................................
3.8.1. Vídeo Paulo Freire Contemporâneo..........................................................
3.9. Filme: Vida Maria.......................................................................................
4. Orientações/ Recomendações....................................................................
5. Proposta de Avaliação da Produção Didático Pedagógica.......................
6. Referências...................................................................................................
1 - APRESENTAÇÃO:
O presente material didático-pedagógico caracteriza-se como uma proposta
desenvolvido pelo Programa de Desenvolvimento Educacional _ PDE, Turma 2010,
oferecido pela Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná, dentro do
contexto de Formação Continuada. O mesmo possibilitou expandir o conhecimento
sobre “Linguagem complexidade e importância no processo ensino-aprendizagem
na Educação de Jovens e Adultos”, por meio de teorias, conduzindo a reflexões e
aprofundamento das questões do tema proposto.
A produção pedagógica aconteceu através de estudos sobre a história da
Educação no Brasil e conseqüentemente sobre a Educação de Jovens e Adultos,
sua trajetória desde a chegadas dos Padres Jesuítas, até a atualidade no contexto
educacional.
O trabalho apresenta uma coletânea de pesquisas, acompanhados de textos
de diversos autores, estatísticas, filmes que contempla o assunto, realizadas com a
intenção de levar para dentro da escola, discussões e questionamentos sobre o
processo da linguagem e sua importância na Educação de Jovens e Adultos .
A escola é um instrumento que possibilita ao aluno o acesso aos
conhecimentos científicos e a Educação de Jovens e Adultos tem uma
responsabilidade imensa diante deste fato, pois deve proporcionar o
desenvolvimento da linguagem/letramento a cada individuo, tornando efetivo o uso
da escrita nas práticas sociais e no âmbito escolar, fazendo com que o educando
aproprie-se da função social da escrita.
1.1 - TEMA:
LINGUAGEM COMPLEXIDADE E IMPORTÂNCIA NO PROCESSO ENSINO-
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS .
1.2 – JUSTIFICATIVA:
A proposta pedagógica que norteiam atualmente o cenário da educação nos
orienta que educar é preparar o indivíduo para enfrentar às necessidades pessoais e
as cobranças de uma sociedade em constante transformação, com desafios
propostos pelo despontar de um mundo mais dinâmico, uma sociedade mais
informatizada, com novas tecnologias, condições fundamentais para se viver nesse
mundo contemporâneo.
Assim, a educação de Jovens e Adultos possibilita o educando reconquistar
seu potencial, desenvolver suas habilidades, confirmar atribuições adquiridas na
própria vida. Contribui para efetivar um espaço para todas as pessoas, de todas as
idades. Esta modalidade de ensino é voltada especificamente para pessoas que não
tiveram acesso, por algum motivo, ao ensino regular na idade apropriada, amparada
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº. 9.394 de 20 de dezembro
de 1996.
Sabe-se que educar é muito mais que reunir pessoas e transmitir-lhes um
conteúdo. A Educação de Jovens e Adultos precisa ser discutida e repensada como
um alicerce social, tendo em vista que não se resume apenas na aptidão de ler e
escrever, mas nas possibilidades da articulação com outros saberes e
principalmente como mais uma ferramenta para o enfrentamento de uma sociedade
neoliberal.
A pessoa letrada culturalmente já não é a mesma que era quando tinha
ausência de instrução ou iletrada, passa a ter uma outra condição sócio/cultural,
não se muda de classe social ou cultural, mas pode-se mudar seu modo de viver e
pensar na sociedade, seu contexto com os outros e sua relação com os bens
culturais. (SOARES)
Ao incorporarmos o termo letramento no nosso vocabulário educacional,
estamos compreendendo que não é uma questão apenas de ensinar a ler e a
escrever, codificar e decodificar, mas também conduzir o indivíduo fazer uso da
linguagem verbal (oral, ler e escrever) e não verbal (olhares, gestos, expressões
faciais, cores, luzes, ruídos, imagens fixas (desenhos, pintura, fotos), imagem em
movimento (filmes), de que me utilizo para interagir com os outros, na vida e
interferir na realidade social
Na sociedade letrada em que vivemos a leitura e a escrita são instrumentos
básicos para a participação plena em um contexto sócio-cultural, que nem sempre é
oportunizada para todos, por isto a linguagem tem influência muito grande como
meio de inserção do individuo na realidade social, pois a partir do momento que ele
se apropria da função social da escrita, estará apto a usar essa cultura em proveito
da sociedade e de si próprio.
1.3 - PÚBLICO ALVO:
Professores
1.4 – OBJETIVOS:
1.4.1 – OBJETIVO GERAL:
- Instrumentalizar profissionais da educação com ferramentas culturais,
focando a importância da linguagem em todas as áreas do conhecimento.
1.4.2 _ OBJETIVOS ESPCIFICOS:
- Valorizar a Educação de Jovens e A adultos _ EJA como meio de
desenvolvimento pessoal e social do educando.
- Contribuir de maneira significativa para a permanência do educando da
Educação de Jovens e Adultos.
- Oferecer subsídios que contribuam para o esclarecimento dos educadores
sobre as reais necessidades de seus alunos.
2 - PROCEDIMENTOS:
Este trabalho será desenvolvido com os educadores do Centro Estadual de
Educação Básica Para Jovens e Adultos Maria Antonieta Scarpari de Goioerê, para
pesquisar conhecimentos que dialoguem com os sujeitos envolvidos de forma
dinâmica.
Os questionamentos será uma das estratégias utilizadas para pesquisar
formas de estimular e de ampliar opiniões, oportunizando aos professores
levantarem hipóteses sobre os assuntos estudados, buscando encontrar respostas
que superem os conhecimentos de senso comum, à luz das diversas teorias,
permitindo a construção de diferentes situações para lutarem por uma sociedade em
que estão inseridos, mais humana e igualitária.
Serão trabalhados textos, filmes, slides que abordarão:
● A historicidade da Educação de jovens e Adultos e suas conseqüências na
contemporaneidade, fazendo um paralelo entre o antes e o depois da história da
EJA no Brasil.
● As Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos no Estado do
Paraná e a Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional nº. 9.394, que ampara
legalmente a educação de adultos no Brasil, colocando a EJA como modalidade da
Educação Básica.
● Influência da linguagem no aprender, linguagem como função psicológica
superior e função social, sua contribuição para o desenvolvimento humano, na
interação com o seu meio, de acordo com Vygotsky.
● Documentários e slides sobre a EJA com depoimentos de Paulo Freire,
sobre a função da Educação de Adultos no Brasil.
● Exibição de filmes, com temas pertinentes ao Projeto. Com análise,
discussão e reflexão, onde serão enfocado o analfabetismo e a importância da
linguagem na vida de jovens e adultos e suas conseqüências no cotidiano dos
mesmos.
● Estudo individual e em grupo para refletir a ação colocada no espaço da
sala de aula da EJA – Reflexão/ Ação/ Reflexão/ Ação renovada.
● Instrumentos midiáticos: projetor multimídia, televisão, CD Rom, Pendrive,
DVD, entre outros.
● Leitura e análise de textos, abordando o tema proposto, com subsídios
teóricos.
2.1 – RECURSOS/ TÉCNICAS/ ATIVIDADES/ TEMPO:
CONTEÚDO RECURSOS ATIVIDADES CARGA
HORARIA
Apresentação do
Projeto / História
da Eja no Brasil
- Texto Vanilda
Pereira Paiva
-Projetor multimídia
-Apresentação do Projeto
_Questionamentos e debates
sobre a História da EJA no
Brasil.
04 hs.
Letrar é mais que
alfabetizar
Texto Magda
Soares
- Leitura e análise de textos
- Questões para análise em
grupo.
04 hs.
Filme : O Leitor - Pendrive
_Projetor multimídia
Debate através de questões
levantadas sobre a
importância da linguagem na
vida de jovens e adultos.
04 hs.
Conceito de
Analfabetismo
Funcional
- Estatísticas e
amostragens de
mapas – IBGE
- Slides no Projetor
multimídia.
-Análise, discussão e reflexão
dos dados estatísticos
apresentados.
04 hs.
Filme: O Menino
Selvagem
-projetor multimídia,
- CD ROM
- Noot Book
-Análise, discussão e reflexão
do filme com as Teorias de
Vygotsky: Aprendizado e
Desenvolvimento – Um
Processo Sócio-historico.
04 hs.
Linguagem/Lingua
gem não-verbal
Textos: Lucia
Helena Possari /
Maria Lucia Cavalli.
Leitura e discussão em grupo
do texto linguagem.
04 hs.
Documentário:
Paulo Freire
- projetor multimídia
- pendrive
- Hstória de vida
- Práticas abordadas em sua
trajetória educativa.
04 hs.
Curta-metragem
Vida Maria
- CD ROM
--projetor multimídia
- Discussões dos aspectos
políticos sociais, econômicos
na vida do educado da EJA.
Educação de Jovens e
Adultos.
04 hs.
2.2 _ AVALIAÇÃO :
Os participantes serão avaliados pela participação nas atividades desenvolvidas,
como: discussões, análises de questões, debates, reflexões. Serão avaliados e
receberão certificados os professores que tiverem frequência superior ou igual a
75% da carga horária.
3 – CONTEÚDOS:
3 .1 - História da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
A história da educação no Brasil teve inicio no período colonial, com a
chegada dos jesuítas em 1549. Neste mesmo ano, fundam a primeira escola em
Salvador. Os Jesuítas vieram com intuito de catequizar (educar) os indígenas e
propagar a fé católica. O padre José de Anchieta foi o mais conhecido entre os
demais que vieram para o Brasil.
As escolas jesuíticas eram bem organizadas e eram regidas pelo Ratio
Studiorum que era um Plano de estudos, um conjuntos de regras que normatizavam
o desenvolvimento da educação.
Os índios não sabiam ler e escrever e para ensinar a doutrina tinha que
primeiro alfabetizá-los. A educação oferecida era tanto para os nativos quanto para
os colonos, e era focada em dois direcionamentos: para os indígenas era centrado
na leitura, e operações; e para os filhos dos colonizadores a instrução era mais
intelectualizada, apenas diferenciava os objetivos de acordo com o grupo
trabalhado.
Os jesuítas permaneceram no comando na educação brasileira até o período
de 1759, e foram expulsos de todas as Colônias portuguesas pelo Marquês de
Pombal. Com a expulsão dos mesmos houve uma interrupção na educação, que os
jesuítas haviam criado ao longo dos anos.
Vanilda Paiva (1987, p. 54) afirma que,
No período do Império algumas ações pontuaram a
necessidade do ensino noturno para adultos que não
possuíam escolaridade. Em 1876 estatísticas apontavam
existência de 200 mil alunos que freqüentavam as aulas
noturnas. Por muito tempo as escolas noturnas eram as
únicas via de formação de alunos adultos no Brasil. por volta
de 1870, verifica um surto de progresso na economia
brasileira, com conseqüências sobre sua organização social,
e começaram a se introduzir idéias liberais, aparecem
também os primeiros pronunciamentos em favor da
educação do povo. A educação popular tornava-se questão
importante na medida em que os problemas internos
encaminhavam o país para a mudança de regime.
A lei Saraiva de 1882, mantinha a seleção pela renda e restringia o voto de
analfabetos, pois exigiam para o alistamento eleitoral quem dominassem as técnicas
da leitura e da escrita. Por mais que esta Lei tornava a eleição direta, as classes
dominantes procuravam encontrar caminhos para excluir escravos libertos ou
pessoas da classe trabalhadora, a instrução era o único meio capaz de excluí-los, já
que poderiam ultrapassar a barreira da renda.
Os índices de analfabetismo no final do século XIX e primeiras décadas do
século XX era assustador. O censo de 1890 informava a existência de 80% de
analfabetos na população total. Entre 10 brasileiros, significava que só dois
conseguiam ler algum texto, como livro, carta, jornal ou qualquer outro documento,
os demais necessitavam de auxilio para decifrar a escrita. Estes altos índices eram
„vergonhosos‟ para a intelectualidade do Brasil. Neste período, realizações concretas
e ações foram poucas em relação ao ensino de jovens e adultos.
Uma campanha nacional de educação lançada em 1947, buscava no primeiro
momento, uma ação extensa que previa a alfabetização em três meses, para depois
seguir uma etapa de ação, voltada para a capacitação profissional e para o
desenvolvimento comunitário. A Campanha tinha uma infra-estrutura nos estados e
municípios para atender a demanda de jovens e adultos, com produção de vários
materiais pedagógicos, que partiam de palavras chave elaboradas através do
método silábico, com frases e textos sobre higiene, saúde e técnicas de trabalho.
(Eliana Borges Correia de Alburqueque, 2005)
No final dos anos de 1950 foram realizadas várias críticas a esta Campanha,
com apreciações desfavoráveis por um grupo liderado por Paulo Freire, no II
Congresso Nacional de Educação de Adultos em 1958. Este grupo argumentava que
os cursos deveriam ter como base a realidade dos alunos, seu mundo e trabalho e
Freire coloca que “A leitura de mundo precede a leitura da palavra”.
Durante o regime militar 1964-1985, estes movimentos e seus integrantes
foram perseguidos e reprimidos pelos órgãos do Governo Federal que, em 1967,
autorizou a criação do MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização, tendo
como objetivo principal erradicar totalmente o analfabetismo, e principalmente,
preparar mão-de-obra necessária aos interesses capitalistas.
Nos anos 1970, o MOBRAL aumentou por todo território nacional,
diversificando sua atividade. Surgiram algumas ações, como o Programa de
Alfabetização, sendo o mais importante o Programa de Educação Total, que
correspondia a uma síntese do antigo curso primário e ele abria oportunidade para o
jovem, bem como para os chamados analfabetos funcionais, pessoas que não
dominavam a função social da escrita.
O analfabetismo funcional persiste entre os jovens
brasileiros: 15% deles não têm habilidades de leitura e
escrita compatíveis com sua escolaridade. Eles frequentam
ou frequentaram a escola. Mesmo os que sabem ler e
escrever têm dificuldade para compreender textos curtos e
localizar informações, inclusive as que estão explícitas.
Quanto à Matemática, lidam com os números que são
familiares, como os de telefones e os preços, ou realizam
cálculos simples. A compreensão do que observam ou
produzem é limitada e emperra seu desenvolvimento
pessoal e profissional. (SILVA, 2009, p. 64)
O Mobral foi extinto em 1985, surgindo em seu lugar a Fundação Educar, que
desempenhou um papel relevante na atuação do Ministério da Educação junto a
Prefeituras municipais e organizações da sociedade civil, com destaque nos
movimentos sociais e populares. No ano de 1990, aboliu-se a Fundação Educar.
Com a lei 5692/71 àqueles que não haviam realizado ou completado na idade
própria a escolaridade obrigatória foi dada a flexibilidade. Prevista na letra da lei, ela
se concretizou na possibilidade de organização do ensino em várias modalidades:
cursos supletivos, centros de estudo e ensino a distância.
Somente com a nova LDB nº 9394/96, art.37 e art.38, é que se contempla as
várias modalidades de educação de jovens e adultos e uma melhor adequação as
novas exigências sociais, conferindo aos municípios a responsabilidade do Ensino
Fundamental, e estabelecendo aos sistemas de ensino ar gratuitamente aos jovens
e adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, com oportunidades
educacionais apropriadas, considerando as características do aluno, seus
interesses, condições de vida e de trabalho.
A nomenclatura Ensino Supletivo passa a ser denominada Educação de
Jovens e Adultos. Algumas alterações significativas ocorreram como: redução da
idade mínima de 15 anos para o Ensino Fundamental e 18 para o Ensino Médio.
Foi criado em janeiro de 2007 o FUNDEB - Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação – que é um conjunto de fundos contábeis formados por recursos dos três
níveis da Administração Pública do Brasil para promover o financiamento da
educação básica, ele substituiu o FUNDEF - Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério.
implantado no Brasil em 1996, que abrangia apenas o Ensino Fundamental, mas só
começou a vigorar em 1998. Seu prazo de duração era de 10 anos, expirando em
2006,. O FUNDEB além de atender o ensino fundamental, também passa atender a
educação infantil e o ensino médio, nas modalidades de educação de jovens e
adultos.
Em 2003 foi criado o Programa Brasil Alfabetizado – PBA - pelo governo
federal através do Ministério da Educação, com mais uma tentativa de erradicar o
analfabetismo no Brasil. O número de analfabetos, apresentados pelo censo do
IBGE no ano de 2000 era de 16 milhões de pessoas, mas outros estudos divulgados
por organizações não-governamentais, apontam 30 milhões de analfabetos
funcionais maiores de 14 anos, Diante de um cenário completamente assustador, o
PBA é a resposta do governo para combater o problema.
A EJA é uma modalidade educacional que possibilita educandos jovens,
adultos o acesso a uma alfabetização significativa, valorizando o conhecimento
adquiridos fora do âmbito escolar. Nesta direção é que vai a proposta de
linguagem/letramento, pois o indivíduo letrado não é aquele que só sabe ler e
escrever (decodificar e codificar), mas aquele que usa socialmente a leitura e a
escrita, corresponde adequadamente às demandas sociais do ler e escrever “o
mundo e a palavra” (FREIRE).
O letramento promove o social e a subjetividade do aluno na Educação de
Jovens e Adultos, pois o mesmo passa tomar posse de um conjunto de práticas
sociais associadas a linguagem, mudando sua visão de mundo que é para
realização de seus objetivos.
A educação de Jovens e Adultos requer um papel importante no processo de
socialização do conhecimento, que deve ser direcionada a uma reflexão sistemática
sobre o processo educativo vivenciado por jovens e adultos, ampliando sua leitura
de mundo, pois os mesmos trazem consigo conhecimentos adquiridos a partir do
senso comum e saberes populares, produzidos no cotidiano, em sua relação com o
meio social.
De acordo com Vygotsky, o desenvolvimento humano está firmado na idéia
de um indivíduo ativo que tem seu pensamento formado em um ambiente histórico e
culturalmente determinado. O indivíduo se apropria dos conhecimentos necessários,
por meio da interação com outros indivíduos, no espaço social em que está inserido
( KOHL) , neste sentido este conhecimento não se desenvolve de forma espontânea
nas pessoas, mas é mediado pelas relações entre indivíduos, por meio da interação
social.
3.2 - LETRAMENTO / ALFABETIZAÇÃO
3.2.1 - Alfabetização:
O conceito alfabetização ultimamente vem tendo significados abrangente,
pois a consideram um processo que se estenderia por toda vida e que não se
esgotaria na aprendizagem da leitura e da escrita. A aprendizagem da língua
materna quer ela escrita ou oral é um processo permanente.
Alfabetização em seu sentido próprio e específico, é um processo de
aquisição do código escrito, das habilidades de leitura e escrita.
É a representação de fonemas e grafemas e vice_versa, mas é também um
processo de compreensão/expressão de significados por meio do código escrito.
Não se consideraria uma pessoa que fosse apenas capaz de decodificar símbolos
visuais em símbolos sonoros, lendo sílabas ou palavras isoladas. Quando uma
pessoa lê, tende saber escrever, mas nem sempre compreende o significado e o
sentido da escrita.
O processo de alfabetização compreende diversos momentos, não devemos,
portanto ver de forma fragmentada, mas integrada. Alfabetizar é uma atividade que
deve ser tratada com seriedade. Devemos compreender noções das vivências sócio-
culturais e psicológicas do aluno, e ser capaz de relacionar, interagir, atribuir
sentidos e significados na sua relação com a linguagem e seu desenvolvimento.
O aprendizado da leitura e escrita deve estar relacionado com as práticas
sociais dos alunos, tornando a alfabetização um exercício significativo que estará
intrinsecamente acompanhada do letramento. Muitas vezes ocorre a separação
entre esses dois pontos de vista: ensinam a leitura e a escrita, sem procurar
relacioná-las às vivências dos alunos tornando o aprendizado vazio, mecânico,
limitado e estático.
A alfabetização e o letramento encaminham a pessoa a uma interação critica
da sua realidade, percebendo-se capaz de promover transformações sociais, além
de diversas utilidades que o aprendizado da língua proporciona: capacidade de
interação com o meio através de intervenções e participações políticas, culturais e
sociais. Com a apropriação destas ações o indivíduo tornar- se um sujeito
consciente da sua realidade e será capaz de compreender a verdadeira função
social da língua oral e escrita.
Quando o aluno chega a escola para ser alfabetizada, já domina um
determinado dialeto da língua oral, Este dialeto pode estar mais próximo ou mais
distante da língua escrita convencional, que se baseia numa norma padrão.
O processo de alfabetização não ocorre igualmente, nas diferentes regiões do
país, e também não ocorre da mesma forma nas diferentes classes sócias, como
alunos da classe social mais favorecida, convivem muitas vezes com falantes com
um dialeto oral mais próximo da língua escrita _ a chamada norma culta, já os das
classes populares, domina um dialeto em geral distante da língua escrita, pois tem
pouco ou nenhum acesso a material escrito. A diferença é que crianças das
camadas favorecidas têm uma familiaridade mais freqüente e mais intensa com
material escrito e com práticas de leitura e de escrita.
Do ponto de vista ideológico e cientifico, línguas e culturas são diferentes
umas das outras, não melhores ou piores.
Para escola, aprender a ler e a escrever, parece apenas significar a aquisição
de um instrumento para a futura obtenção de conhecimentos: a escola desconhece
a alfabetização como forma de pensamento, processo de construção do saber e
meio de conquista de poder político. Muitas vezes, escola atua na área da
alfabetização como se fosse uma aprendizagem neutra, despida de qualquer caráter
político.
Tabelas e gráficos de pessoas alfabetizadas, apresentadas pelo IBGE – ano
2010:
Tabela 3150 - Pessoas de 5 anos ou mais de idade, total e as alfabetizadas, por grupos de
idade - Resultados Preliminares do Universo
Ano = 2010
Brasil
LEGENDA: Grupos de idade
Nota:
1 - Os dados são dos Resultados Preliminares do Universo. Fonte: IBGE - Censo Demográfico
Tabela 3150 - Pessoas de 5 anos ou mais de idade, total e as alfabetizadas, por grupos de idade - Resultados Preliminares do Universo
Ano = 2010
Brasil
EIXO: Grupos de idade
Nota: 1 - Os dados são dos Resultados Preliminares do Universo. Fonte: IBGE - Censo Demográfico
Tabela 3149 - Pessoas de 10 e de 15 anos ou mais de idade, total e as alfabetizadas, por situação do domicílio - Resultados Preliminares do Universo
Ano = 2010
Brasil
EIXO: Situação do domicílio
Nota: 1 - Os dados são dos Resultados Preliminares do Universo. Fonte: IBGE - Censo Demográfico
Tabela 3149 - Pessoas de 10 e de 15 anos ou mais de idade, total e as alfabetizadas, por situação do domicílio - Resultados Preliminares do Universo - Ranking descendente
Variável = Pessoas de 10 anos ou mais de idade, alfabetizadas (Pessoas)
Ano = 2010
Brasil
# Situação do domicílio
1 Urbana 128.084.903
2 Rural 19.293.279
Nota:
1 - Os dados são dos Resultados Preliminares do Universo. Fonte: IBGE - Censo Demográfico
Tabela de conteúdo
Variável = Pessoas de 15 anos ou mais de idade, alfabetizadas (Pessoas)
Situação do domicílio = Total
Ano = 2010
Nível Territorial = Grande Região
Nome
Valor
Cor
Norte 9.692.671
Nordeste 31.545.845
Sudeste 59.480.077
Sul 20.311.448
Centro-Oeste 9.852.734
Fonte: IBGE - Censo Demográfico
Nota: 1 - Os dados são dos Resultados Preliminares do Universo. Fonte: IBGE - Censo Demográfico
3.2.2 – DIFERENÇA ENTRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO:
Enquanto a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita por um individuo
ou grupo de individuo, o letramento focaliza os aspectos sócio_históricos da
aquisição de um sistema escrito por uma sociedade.
A presença quanto à ausência da escrita em uma sociedade, são fatores
importantes que atuam ao mesmo tempo como causa e conseqüência de
transformações sociais, culturais e psicológicas.
O letramento é apontado como sendo produto do desenvolvimento do
comércio, da diversificação dos meios de produção e da complexidade crescente da
agricultura. Dentro de uma visão dialética, torna-se uma causa de transformações
históricas profundas, como o aparecimento da máquina a vapor, da imprensa, do
telescópio, e da sociedade industrial.
A palavra letramento entrou recentemente no nosso vocabulário. Embora
freqüentemente apareça na bibliografia acadêmica. É uma palavra quase só dos
pesquisadores, não foi incorporada pela mídia ou pela escola. Mas a preocupação
com o letramento passou a ter grande presença na escola, ainda que sem o
reconhecimento e o uso da palavra, traduzido em ações pedagógicas de
reorganização do ensino e reformulação dos modos de ensinar.
De certa forma, letramento é o contrário de analfabetismo. Houve um
momento em que as palavras letramento e analfabetismo se alternavam, para
nomear o mesmo conceito. Muitos ainda preferem a palavra analfabetismo que a
palavra letramento. Na verdade letramento é uma tentativa de tradução da palavra
inglesa literacy.
Letramento é a condição de quem sabe ler e escrever, ou seja: letramento é o
estado em que vive o indivíduo que não só sabe ler e escrever, mas exerce as
práticas sociais de leitura e escrita da sociedade em que vive: saber ler jornais,
revistas, livros; interpretar tabelas, quadros, formulários, contas de água, luz,
telefone; sabe escrever e escreve cartas, bilhetes, consegue preencher um
formulário, redigir um ofício, um requerimento. São exemplos das práticas mais
comuns e cotidianas de leitura e escrita; muitas outras poderiam ser
citadas.(SOARES)
Para alguns teóricos, alfabetizar significa orientar para o domínio da
tecnologia da escrita, e letrar significa compreender as práticas sociais. Uma pessoa
alfabetizada é aquela que sabe ler e escrever; e a letrada é a que tem o hábito, as
habilidades e até mesmo o prazer de leitura e de escrita de diferentes gêneros de
textos, em diferentes suportes ou portadores, em diferentes contextos e
circunstâncias. Alfabetizar letrando significa orientar o aluno para que aprenda a ler
e a escrever, levando-o a conviver com práticas reais de leitura e de escrita: por
meio de livros, revistas, jornais, por todo material de leitura que circula na escola e
na sociedade, e criando situações que tornem necessárias e significativas práticas
de produção de textos.
No mundo atual, temos acesso a quantidade enorme de informações,
conceitos, princípios, que são ampliados, reformulados, substituídos, e utilizados
como ferramentas adequadas para a luta de uma sociedade em busca da igualdade
social.
QUESTÃO PARA ANÁLISE:
“Ao pensarmos em alfabetização e cidadania, é preciso fugir a uma interpretação
linear desses dois termos, atribuindo-lhes uma relação de causa-consequência, em
que a cidadania seja tomada como conseqüência do acesso à leitura e à escrita; as
relações entre alfabetização e cidadania – pois elas existem – devem ser entendidas
no conjunto mais amplo dos determinantes sociais, políticos, econômicos que
inviabilizam o exercício da cidadania por enorme parcela da população brasileira.
Conclui-se que só estará contribuindo para o exercício da cidadania se
contextualizar a alfabetização no quadro mais amplo dos determinantes da
cidadania, atribuindo-lhe sua verdadeira dimensão e, ao mesmo tempo, e por isso
mesmo, vendo-a a alfabetização, como um meio, entre outros, de luta contra a
discriminação e as injustiças sócias”. (Magda Soares, 2010, p.56)
Refletir o texto: Qual contribuição da linguagem na vida dos educandos em
sua realidade escolar?
3.3 – FILME ( recortes):
Título: O leitor
Lançamento: 2008
Direção: Stephen Daldry
Duração: 124 min
Gênero: Drama / Romance
Comentários:
Baseado no famoso livro best seller de mesmo nome do filme o Leitor, nos
anos de 1950, a obra é de um professor de direito e juiz alemão chamado Bernhard
Schlink., ‘O leitor’ teve sua primeira edição publicada em 1995. Foi um livro muito
bem aceito pela crítica e ganhou diversos prêmios no mundo da literatura. A história
se passa pouco depois do fim da Segunda Guerra Mundial, o jovem Michael Berg
adoece e passa a ser cuidado por uma bela e estranha mulher, Hanna, que tem o
dobro de sua idade. Ao encontrá-la novamente, os dois têm um breve mas intenso
romance. Uma paixão cada vez maior, temperada com as leituras de obras
clássicas. Apesar de não saber ler Hanna adora histórias. Michael lia diversos livros
depois das tardes de amor quente. Hanna passou a vida a esconder seu
analfabetismo. Para essa alemã ex-operária do holocausto, a maior vergonha de sua
vida é não saber ler e escrever. Apesar disso, Hanna misteriosamente desaparece
outra vez. Passados oito anos, Michael é agora um aluno de Direito que acompanha
julgamentos de crimes de guerra cometidos pelos nazistas. É nesse momento que
Hanna reaparece na vida do rapaz. Mas para a surpresa dele, a mulher está no
banco dos réus do Tribunal. Enquanto o passado de Hanna é revelado, Michael
descobre um segredo que poderia chocar a vida de ambos. O peso da vergonha
representada pelo “analfabetismo” se mostra muito maior do que o trabalho como
soldado nazista. Hanna confessa o crime sem apresentar a prova solicitada pelo juiz
e é condenada a prisão perpétua. O filme nos permite acompanhar o quanto é
sofrível ver o mundo de alguém que não sabe ler e depende das outras pessoas
para que interprete os códigos e sinais do mundo das palavras.
Questões para análise:
1 – Como percebe-se o analfabetismo nas cenas do filme? Em quais momentos fica
visível a falta de leitura da personagem principal?
2 – Quais foram as práticas de linguagem observadas nas cenas do filme?
3 – Como ocorreu a alfabetização/letramento da personagem?
4 – Que influencia teve a linguagem na vida da personagem principal? Qual motivo
levou-a esconder sua condição de analfabeta?
5 - Problematizado o filme com a realidade, percebe-se conflitos como vergonha, em
relação a alguns alunos que tenham dificuldades em expor sua opinião, através da
leitura e escrita? Esta realidade esta presente em nossas escolas? A sociedade
atual ainda cobra dos homens a condição de inclusão de letramento?
3.4 - ANALFABETISMO FUNCIONAL
A definição de analfabetismo vem, ao longo das últimas décadas, sofrendo
revisões significativas como reflexo das próprias mudanças sociais. Em 1958, a
UNESCO definia como alfabetizada uma pessoa capaz de ler e escrever um
enunciado simples, relacionado a sua vida diária. Vinte anos depois, a UNESCO
sugeriu a adoção dos conceitos de analfabetismo e alfabetismo funcional. Portanto,
é considerada alfabetizada funcionalmente a pessoa capaz de utilizar a leitura e
escrita e habilidades matemáticas para fazer frente às demandas de seu contexto
social e utilizá-las para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida.
Um em cada cinco brasileiros é analfabeto funcional. Ou seja, toda pessoa
que sabe lê e escrever frases simples , assim como escrever seu próprio nome,
efetua cálculos básicos, mas é incapaz de interpretar o que lê e de usar a leitura e a
escrita em atividades cotidianas, não desenvolvem a habilidade de interpretação de
textos, que muitas vezes acabou de ler, como jornais, revistas ou colocar uma ideia
no papel, impossibilitando seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Uma pessoa funcionalmente analfabeta é aquela que não pode participar de
todas as atividades nas quais a alfabetização lhe é exigida para uma atuação eficaz
em seu grupo e comunidade, e que lhe permitem, também, continuar usando a
leitura, a escrita e o cálculo a serviço do seu próprio desenvolvimento e do
desenvolvimento de sua comunidade.
Segundo dicionário: Ausência de instrução, instrução insuficiente, atraso
intelectual, ignorância total.
Em nossas vidas, estudar tem grande importância, pois nos abrem as portas
ao mundo. Com o conhecimento e estudo conseguimos saber nossos deveres, bem
como lutar pelos nossos direitos. Alem de nos informamos no meio cultural, histórico,
e social. Ser uma pessoa alfabetizada é algo que vai além de saber ler ou escrever,
e sim ser alguém na vida.
Para Paulo Freire analfabetismo, possui sua origem em situações históricas
de exploração e opressão das pessoas, impostos por um regime de dominação, e
não na falta de capacidade de aprender de alguns grupos sociais ou no atraso
tecnológico. Seria então a Educação um ato de busca permanente onde o próprio
homem é o sujeito que opera e transforma o mundo através de uma clara
compreensão do mesmo que só será possível com a consciência da realidade
concreta. “O termo analfabeto significa outras coisas além de não saber ler e
escrever; é um qualitativo fortemente estigmatizante que carrega outros sentidos
como „ignorância‟, „burrice‟, „chaga‟, „cegueira‟ e „subdesenvolvimento‟”
O analfabetismo atinge praticamente todas as faixas etárias. No Brasil, 35%
dos analfabetos já freqüentaram escolas. Na faixa etária de 10 a 19 anos, 7,4% são
analfabetos, onde mostra que há um fracasso no sistema educacional brasileiro,
pois esse é um período onde já concluíram os estudos ou ainda estão nas escolas.
As razões para esses fracassos no sistema educacional são variadas, como:
trabalho precoce; escola de baixa qualidade, principalmente nas regiões mais
pobres; a baixa escolaridade do país; despreparo da rede de ensino para lidar com
essa população; entre outros.
Na história do Brasil desde o seu descobrimento, os elevados índices de
analfabetismo da população tiveram inúmeras tentativas para o seu combate. Esses
foram alguns dos movimentos pró-alfabetização da população brasileira:
Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (1958, governo
Juscelino Kubitscheck)
Movimento de Educação de Base (1961, criado pela Conferência Nacional de
Bispos do Brasil-CNBB)
Programa Nacional de Alfabetização, valendo-se do método Paulo Freire
(1964, governo João Goulart)
Movimento Brasileiro de Alfabetização - Mobral (1968-1978, governos da
ditadura militar) _Fundação nacional de Educação de Jovens e Adultos -
Educar (1985, governo José Sarney) _Programa nacional de Alfabetização e
Cidadania - Pnac (1990, governo Fernando Collor de Mello)
Plano Decenal de Educação para Todos (1993, governo Itamar Franco);
Programa de Alfabetização Solidária (1997, governo Fernando Henrique
Cardoso)
Programa Brasil Alfabetizado _ PBA ( 2003, governo Luis Inácio da Silva_
Lula )
Ocorreram além dessas campanhas, outras iniciativas realizadas por
organizações não governamentais, igrejas, associações de moradores, empresas e
outros.
A maioria dos analfabetos (92,6%) está concentrada no grupo com mais de
25 anos de idade. No Nordeste, a taxa de analfabetismo entre a população com 50
anos ou mais chega a 40,1%.
A maior parte dos analfabetos está concentrada principalmente nas capitais.
Segundo o Ministério a grande concentração dos analfabetos nas capitais poderia
ser uma vantagem por causa da infra-estutrura, meio de transporte, etc, porém essa
não é a realidade, pois nas grandes cidades não há tempo para nada, a vida agitada
nem da disposição para continuidade dos estudos.
O analfabetismo no país caiu em dez anos, só quatro pontos percentuais.
Hoje, há ainda 13,9 milhões de brasileiros, com 15 anos ou mais, analfabetos, diz o
Censo de 2010 pelo IBGE. É o equivalente a 9,63% da população nessa faixa etária
- no Censo de 2000, esse percentual era de 13,64%.
Apesar de ser uma das áreas do país com maior crescimento econômico e
aumento de mercado consumidor, o Nordeste continua sendo a região com maior
número de analfabetos, com 7,3 milhões, seguida pela região Sudeste 3,5 milhões.
Indicador de Alfabetismo Funcional _ Inaf – (Instituto Paulo Montenegro )
LETRAMENTO – Inaf / Brasil (2001 – 2003 – 2005), por faixa etária
1ª a 4ª série 5ª a 8ª série Ensino Médio ou mais
15 a 24 25 a 39 40 a 64 15 a 24 25 a 39 40 a 64 15 a 24 25 a 39 40 a 64
Analfabeto 12% 11% 14% 0% 1% 0% 0% 0% 0%
Rudimentar 48% 53% 57% 21% 24% 34% 6% 8% 6%
Básico 32% 29% 25% 51% 52% 50% 38% 35% 40%
Pleno 8% 6% 4% 28% 23% 16% 57% 57% 54%
Fonte: – Inaf
LETRAMENTO – Inaf / Brasil, por Gênero
% Até 4ª série % 5ª a 8ª série % Ensino Médio ou Mais % Total
MAS FEM MAS FEM MAS FEM MAS FEM
Analfabeto 21 17 1 0 0 0 9 7
Rudimentar 51 51 26 23 9 5 32 28
Básico 24 27 51 52 37 37 35 37
Pleno 4 5 22 25 54 58 23 2
Fonte: – Inaf
No Brasil, o analfabetismo funcional atinge cerca de 75% da população, ou
seja, apenas 25% da população é alfabetizada plenamente. Em alguns países
desenvolvidos esses índices são inferiores a 10% ,um exemplo é a Suécia.
O “analfabetismo tecnológico ou digital” é um dos tipos mais recentes. Onde
88% da população não possui internet. Falta de informação necessária para utilizar
computadores pessoais, celulares e agendas eletrônicas e dominar os sistemas que
operam estas máquinas como, por exemplo, navegar na rede mundial de
computadores. Para o país é uma grande dificuldade para o Brasil resolver esse tipo
de analfabetismo pois já basta o problema de milhões de pessoas não saberem ler
nem escrever.
3.5 – Filme ( recortes):
Título: "O Garoto Selvagem"
Título original: (L'Enfant Sauvage)
Lançamento: 1969 (França)
Direção: François Truffaut
Duração: 1 hr 24 min
Gênero: Drama
Comentários:
É uma história verídica, que começa numa região da França chamada
Aveyron. No filme o Garoto Selvagem, um menino de onze anos é achado na selva
por caçadores, nota-se claramente que ele foi privado de algo essencial para a
socialização humana, a família principalmente e a linguagem tidas como instituições
sociais. Provavelmente abandonado aos 4 ou 5 anos, isolado de tudo e de todos
vive como um animal selvagem. Não sabe o que é a vida em sociedade, pois ficou a
margem totalmente. Sua história oficial começa em 1797. Mas seu resgate na selva
foi registrado em 9 de janeiro de 1800, num moinho em Saint-Sernein, distrito de
Aveyron. Victor não pronunciava nenhuma palavra e parecia não entender nada do
que falavam com ele. Levado a viver numa cultura à primeira vista arcaica, logo o
recebe com indiferença e repugnância, pois é uma cultura que não aceita bem o
diferente. Foi enviado para um diagnóstico do famoso psiquiatra Phillip Pinel, médico
chefe do Hospital Salpêtrière e membro da Sociedade dos Observadores, que
diagnosticaram o menino selvagem como idiota (nomenclatura que hoje corresponde
à deficiência mental grave). Sem saber andar, falar ou entender o que se dizia a ele,
é taxado de retardado surdo-mudo e posto em uma instituição de surdos e mudos.
O período de desenvolvimento de Victor apresentado no filme abrange o
início de sua adolescência é marcado pelo isolamento social, impossibilitando seu
desenvolvimento humano, principalmente no que se refere ao processo de
humanização ou da formação das funções psicológicas superiores. Funções
psicológicas superiores, entendem-se aquelas de origem social, que só passam a
existir no indivíduo ante a relação mediada com o mundo externo, ou seja, com as
pessoas e com aquilo que elas criam: objetos, ferramentas, processos de criação e
de execução, podemos destacar a linguagem, o pensamento abstrato, a memória, a
percepção e a atenção voluntária, dentre outras.
Jean-Pierre Itard, um médico humanista, foi indicado para cuidar do caso. O
Doutor Itard, ao contrário de Pinel, entendeu que seria um caso que a educação
resolveria, bastando para isto, adotar um método pedagógico que iria despertar a
inteligência no garoto.
O processo de aprendizagem adotado pelo professor Itard que o leva para
casa para educá-lo é bem rigoroso, no primeiro momento sente dificuldade, sabe
que não será fácil àquela árdua missão, pois é preciso explorar naquele garoto suas
capacidades e potencialidades individuais, nato é claro de todo ser humano. Adota
métodos dinâmicos, aos poucos obtendo resultados positivos nesse processo de
civilização e educação.
No processo de humanização, a linguagem ocupa papel de destaque, tendo
como primeira função a comunicação, a troca entre os membros de uma mesma
espécie; a segunda função é a do pensamento generalizante. Podemos considerar
que a linguagem nasce da necessidade de comunicação, junto com as ações e
depois é internalizada, é um instrumento de expressão e compreensão entre os
homens.
Análise fílmica:
1 - O que nos torna humanos? As capacidades humanas : pensar; falar; decidir;
sentir; são inatas ou são adquiridas?
2 - A Escola dá ao educando a possibilidade de expandir a sua socialização,
permitindo a sua inserção em grupos sociais?
3 - Os alunos são estimulados a desenvolver todas as competências inerentes à
inteligência e ao comportamento humano?
4 - O menino selvagem, tendo crescido sozinho na floresta não desenvolveu as
competências e os comportamentos próprios do homem. A que se deve este fato?
5 - Quais as consequências da falta do convívio social e da privação na educação
para uma pessoa que viveu, separado de indivíduos de sua espécie? O isolamento
social prejudica a sociabilidade do indivíduo?
3.6 - LINGUAGEM
O homem está sempre em contato com outros homens, inter relacionando-se,
comunicando-se e essa interação se dá sempre através da Linguagem, não
importando a raça, a cultura, o espaço que ocupe.
A linguagem é universal, é através dela que estabelecemos a comunicação
intersubjetiva, a troca de diálogo, pois o homem é ontologicamente um ser de
linguagem.
Ela é dinâmica e permite aquele que se relaciona com seu interlecutor fazer
renascer, através dela um acontecimento e a sua experiência do acontecimento.
A linguagem interpreta o mundo, não sendo simplesmente uma cópia do real,
mas sim a representação que o homem faz desse real. Ao observamos um quadro
pintado por algum artista plástico, através da pintura o artista faz uma representação
do real. Sua pintura é uma linguagem que permite a ele estabelecer uma
interlocução, uma troca com o outro. Essa representação ocorre pela capacidade
que o ser humano possui em representar real por signo e de compreender esse
signo como representante do real.
Signo é algo que esta no lugar de outra coisa. Como por exemplo, um olhar
de reprovação; uma caveira e duas tíbias desenhadas numa caixa de energia
elétrica de lata tensão, estão representando o perigo, da morte.
O homem diferencia do animal na capacidade que tem de estabelecer uma
relação entre algo e algo diferente. O homem é um ser simbólico, sígnico. Pois
possui a capacidade da representação simbólica, que é fonte comum do
pensamento e da linguagem.
Devemos pensar em linguagem numa perspectiva abrangente, como um
processo que permite a interlocução entre indivíduos. A linguagem não é só como
verbal, falada ou escrita, mas também com não verbal que implica, dentre outras
formas: a música, a arquitetura, os gestos, as artes plásticas e gráficas, as artes
cênicas, a fotografia, o cinema, etc.
Como diz Bakhtin (1986), todo signo resulta de um consenso de indivíduos
socialmente organizados no decorrer de um processo de interação. Por este motivo
as formas dos signos são condicionadas tanto pela organização social de tais
indivíduos como pelas condições em que a interação acontece.
È preciso que pensemos a linguagem verbal e não verbal, com um produto da
realidade, como uma prática social, porque é produzida por homens e se
fundamenta em determinações materiais, mas ao mesmo tempo, por ser parte delas,
também as influencia.
O sistema de signos organiza e dá sustentação a todas as linguagens
possíveis: verbal (oral e escrita) e não-verbal ( música, artes plásticas, cinema,
dança, etc).
A linguagem numa concepção semiótica pode ser conceituada como todas as
formas: olhares, gestos, expressões faciais, cores, luzes, ruídos, imagens fixas
(desenhos, pintura, fotos), imagem em movimento ( filmes), língua falada, língua
escrita, etc.
A escola tem se empenhado na formação de grupos seletos, considerando a
linguagem verbal: oral e escrita, veículo de aprendizagem. Dessa forma, o giz, o
quadro-de-giz, o livro, o caderno e a voz do professor são imprescindíveis.
È preciso refletir sobre essa hegemonia da linguagem verbal e mais
especificamente, da escrita, pois no momento histórico em que estamos vivendo,
ignorar outras linguagens, as não verbais, bem como meios que as veiculam, é
excluir-se do processo comunicativo atual.
È importante que a escola perceba as transformações que estamos
passando, de uma sociedade essencialmente verbal para uma outra, onde o visual,
o gestual e o sensível tomam seus lugares, onde a expressão verbal chegam às
pessoas esmo antes de elas falarem e escreverem.
3.7 - LINGUAGEM NÃO-VERBAIS
Para a escola a forma de linguagem privilegiada é a
escrita. Esse privilegio se deve a um processo histórico que
faz com que se entenda que a única possibilidade de
construção de conhecimento, de adaptar o ser humano ao
mundo físico-natural e ao social, como também de
transforma-lo, se dê pela linguagem verbal escrita: ler, para
aquisição de conhecimento e escrever para a fixação e
avaliação desse conhecimento.
É através do corpo humano que percebemos o mundo. Nós absorvemos o
mundo, o recortamos e o transformamos em conhecimento. Para isso contamos com
nossos cinco sentidos: a visão, a audição, o tato, o paladar e o olfato, aliando-se em
duas dimensões: tempo e espaço.
1 3.7.1 - Visão
O comportamento ocular é talvez a forma mais sutil da linguagem física. Os
modos de olhar significamente variam de acordo com as culturas.
O contato pelos olhos faz sentir-nos abertos, expostos e vulneráveis. É por
ele que nos sentimos reais e conscientes da presença do outro.
O movimento do olho indica que estamos vendo, por isso em uma situação de
diálogo é pelo movimento dos olhos que sinalizamos o que falar, quando falar e de
que modo.
3.7.2 - Audição
A audição é o órgão dos sentidos responsável pela interação do
homem com o meio ambiente. A maturação da audição
proporciona o desenvolvimento da função da linguagem. É
própria do ser humano, essa estreita relação entre a audição e
a aquisição da linguagem.
Torna-se importante refletir sobre a importância de se
vivenciar na escola a linguagem não-verbal e também se faz
necessário rediscutir os modos de ensinar; as metodologias;
pois a aquisição de saberes, entre eles a língua, assim como
o desenvolvimento e a socialização dos indivíduos, depende
da linguagem verbal e não-verbal: visual, sonora, gestual,
pictórica, figuras, placas etc.
É comum comentarmos a respeito da sensação agradável ou desagradável
dos sons. A audição humana é mais sensível para as frequências da fala.
Os fatores que mais influenciam são a altura e o timbre. Se forçarmos nossa
memória conseguiremos ouvir:
■ o cachorro do vizinho latindo
■ o alarme de um carro ou residência
■ sons de músicas _ ouvir reflexivamente
A habilidade de saber ouvir é tão importante quanto o que esta sendo falado.
A audição possibilita que o indivíduo ao entrar em um local com música com
volume baixo, tenha a sensação de estar em um ambiente calmo e aconchegante,
quando entra em outro ambiente com barulho alto, sente-se agitado, pelo fato de
reagir aos estímulos auditivos.
3.7.3 - O OLFATO
A linguagem olfativa é uma forma de comunicação constituída por sinais
químicos que ao serem emitidos, comunicam algo quem sente cheiro.
Somos uma sociedade desodorizada. Tememos nosso cheiro de suor, de
mau hálito, de nossos órgãos genitais, os cheiros de nossas fezes e urina. Da
mesma forma vivemos com o “bom ar”, a fim de driblarmos certos cheiros
domésticos.
Dependendo das condições de um ambiente, percebemos pelo olfato
o preparo do mesmo, se estar perfumado ou não. O ambiente
perfumado dará a sensação de bem estar, de um ambiente limpo e
bem cuidado.
Quando o odor é agradável, provoca relaxamento dos músculos
faciais, sorriso, abertura da boca e respiração mais profunda.
3.7.4 - O PALADAR
O paladar mostra-se como um elemento social no processo de comunicação .
É através do paladar que o homem, percebe o sabor, o gosto dos alimentos.
Sentir gostos, doce, salgado, ácido, amargo é parte intrínseca de nosso ser. O
paladar, ainda que como o olfato, seja considerado não tão importante, é um dos
sentidos mais aguçados.
Quando a língua percebe o sabor amargo, se a pessoa não está preparada
para senti-lo, os músculos faciais se contraem.
3.7.5 - O Tato
O tato representa nossa forma de comunicação mais rápida e direta. A
superfície de nossa pele é rica em receptores sensoriais, que tem como finalidade
captar estímulos através de meio milhão de fibras sensitivas da pele, penetrando na
medula espinhal e é considerada o maior órgão do corpo humano.
Possibilita-nos o contato físico imediato. É o
elemento básico de nossa proximidade com o mundo
exterior e com os outros. É a capacidade que temos de
sentir o calor, o frio, a aspereza, a maciez. Quando
tocamos e somos tocados, o cérebro recebe a informação
sensorial da pele a fim de executar os ajustes necessários
em relação às informações recebidas.
Toque é reconhecido como uma forma muito pessoal de comunicação, uma
forma autêntica, no qual são transmitidas mensagens como afeição, encorajamento,
atenção pessoal, ternura, apoio emocional, ou ao contrário, raiva, desapego, falta de
atenção.
3.7.6 - Os Gestos
O gesto é um movimento que fazemos no espaço e no tempo. Os
movimentos faciais, o olhar, o sorriso, são gestos, são linguagem e são
significativos. Se manifestam como importantes na comunicação, pois muitas vezes
pontuam e esclarecem a palavra falada.
É possível controlar os movimentos do rosto, tanto assim que dispomos de
códigos compartilhados para fazermos significar o que queremos.
O rosto nos permite dois tipos de movimento: a posição da face que encara
ou desvia, e ainda, a mobilidade dos traços do rosto e sua coloração _ empalidecer
e enrubescer.
Até os gestos variam de cultura para cultura e dependem do contexto e da
situação. Os gestos são muito importante para um bom inicio das interações, pois
possibilitam o reconhecimento e a aproximação.
3.7.7 - A Televisão
As mais diversas manifestações artísticas culturais: teatro, dança, pintura,
escultura, que remontam a milênios, convivem atualmente com outras formas de
linguagem, as de massa, como radio, o cinema e a TV.
É impossível negar a poderosa influência da TV em nossa cultura, uma vez
que reflete, recria e difunde não só acontecimentos da realidade, mas também
ligados ao imaginário.
A TV é um produto de analogias do real. Ela simula o homem e o mundo em
suas interfaces, das visões totalizadoras e globalizantes até as mais intimistas. Sua
forma de interagir como telespectador é a apresentar todo tempo produtos
multifacetados, plurais que possam atuar sobre o político. Sua apresentação é
magnetizante e se pretende persuasiva.
3.7.8 – Quadrinhos
Outro meio de comunicação encantador e a história em quadrinhos, é um
poderoso veículo de comunicação, capaz de atingir com eficácia um grande número
de consumidores dos mais diversos setores sociais para as crianças que é a história
em quadrinhos. Nos quadrinhos, as imagens e as palavras se integram em técnica
narrativa. É sempre uma história.
A mensagem da história em quadrinhos compreende assim dois aspectos
predominantemente lingüísticos: a narrativa no qual é feita a descrição do quadro,
da situação ou das ações e o diálogo, apresentado no estilo direto, tenta, muitas
vezes, imitar a língua falada. Esses diálogos são quase sempre uma transcrição da
língua falada. Para a representação dos diálogos, o balão, símbolos (ideogramas e
pictogramas), sinais de pontuação e as onomatopéias.
3.8 - Paulo Freire _ depoimento/história:
Paulo Freire, nasceu no dia 19 de setembro de 1921 em Recife, no nordeste
do Brasil, e faleceu em 2 de maio de 1997 em São Paulo. Começou estudar Direito
aos 22 anos de idade, na Faculdade de Direito do Recife. Lecionou no Colégio
Oswaldo Cruz em Recife. Foi contratado em 1947 para dirigir o departamento de
Educação e Cultura do Sesi, onde teve inicio seu contato com a alfabetização de
adultos.
Freire foi um educador brasileiro, mas teve atuação e reconhecimento fora do
Brasil. Como estudioso, ativista social e trabalhador cultural, Freire desenvolveu
mais do que uma prática de alfabetização, defendia uma educação com a intenção
de inquietar os alunos. Ficou conhecido principalmente pelo método de alfabetização
de adultos, ao qual leva seu nome. Para Paulo Freire, o maior objetivo da educação
é conscientizar o aluno levando a entender sua situação de oprimido e agir em favor
da própria libertação. Um dos principais livro de Paulo Freire é intitulado com a
prática de educação que ele pregava, Pedagogia do Oprimido.
Sua idéia em relação a alfabetização de adultos, esta relacionada diretamente
ao cotidiano do trabalhador. O adulto deve conhecer sua realidade para poder
inserir-se de forma crítica e atuante na vida social e política.
Freire propôs uma prática em sala de aula, que pudesse desenvolver a
criticidade dos alunos, e censurava o ensino ofertado pela maioria das escolas, que
ele qualificou de educação bancária. Em sua proposta, o conhecimento tem como
pressuposto principal a cultura do educando, como ponto de partida, para que ele
avance na leitura do mundo, compreendendo-se como sujeito da história. É através
da relação dialógica que se consolida a educação como prática da liberdade.
Aquela que tem que ser forjada com ele e não para ele,
enquanto homens e povos, na luta incessante de
recuperação de sua humanidade. Pedagogia que faça da
opressão e de suas causas objeto de reflexão dos oprimidos,
de que resultará o seu engajamento necessário na luta por
sua libertação, em que esta pedagogia se fará e refará. O
grande problema está em como poderão os oprimidos, que
hospedam o opressor em si, participar da elaboração, como
seres duplos, inautênticos, da pedagogia de sua libertação.
(FREIRE,1987 p.32)
A educação bancaria para Freire, trata-se de uma escola alienante, o
professor age como quem deposita conhecimento no aluno. Nesta educação a idéia
fundamentalmente consiste em matar nos educandos a curiosidade, o espírito
investigador, a criatividade.
Em 1963 Freire ensinou 300 adultos a ler e escrever em 45 dias. Esse
método foi adotado em Pernambuco, um estado produtor de canade- açúcar. O
trabalho de Freire com os pobres teve início no final da década de 40 e continuou de
forma ininterrupta até 1964.
No começo de 1964, foi convidado pelo presidente João Goulart para
coordenar o Programa Nacional de Alfabetização. Após o golpe militar o método de
alfabetização de Paulo Freire foi considerado pelos militares, uma ameaça à ordem
da educação.
Paulo Freire viveu no exílio no Chile e na Suíça, onde continuou produzindo
conhecimento na área de educação. Sua principal obra, Pedagogia do Oprimido, foi
lançada em 1969. Nela, Paulo Freire detalha seu método de alfabetização de
adultos. Retornou ao Brasil no ano de 1979, após a Lei da Anistia.
Três filosofias marcaram sucessivamente a obra de Paulo Freire: o
existencialismo, a fenomenologia e o marxismo sem, no entanto adotar uma posição
ortodoxa. Seu pensamento rompeu a relação cristalizadora de dominação, buscando
pensar a realidade dentro do universo do educando, construindo a prática
educacional considerando a linguagem e a história da coletividade, elementos
essenciais dessa prática.
3.8.1 _ Vídeo
Título: Paulo Freire Contemporâneo
Duração: 24:00
Local da Publicação:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/video/me004375.wmv
3.9 - Filme:
Título: Vida Maria
Gênero Animação
Diretor: Márcio Ramos
Ano 2006
Duração 9 min
Cor Colorido
País Brasil
Local de Produção: CE
Comentários:
O curta-metragem “Vida Maria” em 3D, lançado no ano de 2006, produzido
pelo animador gráfico Márcio Ramos, cria uma atmosfera realista e humanizada dos
personagens, venceu inúmeros festivais nacionais e internacionais no ano de seu
lançamento. Denuncia a ausência de escolarização e as condições precárias de vida
de várias gerações de mulheres, onde vemos crianças que tem sua infância
interrompida muitas vezes para ajudar a família a sobreviver, infância essa resumida
aos poucos recursos e a más condições, como se seu único destino fosse a roça e a
maternidade. A mesma historia se repete de geração em geração: abandonar o
estudo para trabalhar, casar, ter filhos e envelhecer.
Maria José, uma menina de 5 anos de idade que aparece no filme, mostra
satisfação no que faz, em apenas escrever seu primeiro nome a princípio, o
momento em que sua mãe lhe chama a atenção, é tirada, não só a atenção como
seu futuro de ser uma pessoa diferente que sua mãe, que não tem uma visão do
futuro, querendo dar a filha a mesma criação que teve, sufocando o sonho do saber.
Deixando para trás seus sonhos e suas vontades.
Esse curta retrata o cotidiano de muitas mulheres do nosso país que deixam o
estudo de lado para se dedicar ao trabalho e a família.
Mais que isso, Vida Maria extravasa os limites do sertão brasileiro, aproxima-
se também das mulheres urbanas da periferia, que da mesma forma que “Maria
José” vivem a favor de sua sobrevivência, cuidando da casa e dos filhos, marido.
QUESTÕES PARA ANÁLISE:
1 - Quando não se tem educação, há perspectiva de melhoria na qualidade de vida?
Quantas Marias existem ainda neste mundo? Como alterar os valores para formar
cidadãos com visão crítica em relação à mudança de vida?
2 - Se Maria Jose tivesse tido a oportunidade de estudar, sua vida teria sido
diferente de sua mãe?
3 - Educar o quê? Português, matemática, física, química? Será isso o suficiente
para alterar culturalmente a vida de Maria? Está na educação a principal via para
esta mudança?
4 - Enfatizando os aspectos políticos, sociais, econômicos que o vídeo retrata, qual
contribuição as políticas públicas dariam a Maria, para que houvesse uma mudança
de atitude em sua vida?
5 - O filme nos leva a refletir sobre a visão daquela família em relação aos estudos.
Hoje a população se concentra em grande parte nas cidades, ainda é alarmante o
número de evasão escolar. Podemos fazer uma comparação entre a vida de Maria
José com as Marias na zona urbana?
4 – ORIENTAÇÕES/ RECOMENDAÇÕES:
Este Projeto tem uma intencionalidade, que é a de levar o professor a uma
reflexão/ação, por meio da elaboração do pensamento crítico, em relação ao seu
trabalho na Educação de Jovens e Adultos.
A escola é um instrumento que possibilita ao aluno o acesso aos
conhecimentos científicos e a Educação de Jovens e Adultos tem uma
responsabilidade imensa diante deste fato, pois os alunos da EJA apresentam
grande dificuldade, principalmente os adultos, por terem ficado muito tempo afastado
da escola. A volta desses alunos ao estudo significa muito e é a oportunidade de
recuperar o tempo perdido, mesmo enfrentando dificuldades por motivo de trabalho,
família, desgaste físico, distância e outros.
A escola, deve proporcionar o desenvolvimento da linguagem/letramento a
cada individuo, tornando efetivo o uso da escrita nas práticas sociais e no âmbito
escolar, fazendo com que o educando aproprie-se da função social da escrita.
5 – PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA:
A avaliação da Produção Didático Pedagógica apresenta-se como
possibilidade de refletir o processo – ensino- aprendizagem dos alunos da Educação
de Jovens e Adulto, pelo estudo individual e em grupo para refletir a ação do chão
da sala de aula – Reflexão/ Ação/ Reflexão/ Ação renovada.
A avaliação será realizada no decorrer de todo o curso, por todos os
participantes. Culminando com a produção cientifica de um artigo.
6 - REFERÊNCIAS
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de jovens e adultos em uma perspectiva de letramento – 2 ed. - Belo Horizonte:
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TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e alfabetização. 9 ed. São Paulo: Cortez,
2010.
FILMOGRAFIA:
O GAROTO SELVAGEM. Título original: L'Enfant Sauvage. François Truffaut , 1969
França, 1 hr 24 min.
O LEITOR. Título original: The Reader. Direção: Stephen Daldry , 2008, Alemanha.
Drama, 124 min.
PAULO FREIRE CONTEMPORÂNEO. Vídeo. Duração: 24:00.
http://www.dominiopublico.gov.br/download/video/me004375.wmv
VIDA MARIA. Animação . Márcio Ramos. Ceará - Brasil,2006. 9 min , colorido .