Post on 02-Jul-2015
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Tema proposto:
A cidade nos oprime
O Hip-hop me inclui
Fábio Tozi Doutor em Geografia Humana // Universidade de São Paulo (USP)
Ação Educativa // 26 de junho de 2014
Mapas, imagens e dados extraídos da tese Rigidez normativa e flexibilidade tropical: investigando os
objetos técnicos no período da globalização [2013].
Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-30042013-094602/pt-br.php
O espaço:
uma totalidade, um acúmulo desigual de tempos
Território brasileiro:
Formação socioespacial
• seletividade de objetos e informações
• desigualdade de renda
• manutenção de baixos salários
• difusão de novas mercadorias
• consumismo incentivado pelo marketing e pelo crédito facilitado
Meio técnico-científico-informacional:
Face geográfica da globalização [modernizações // racionalidades]
A pirataria: manifestação das contra-racionalidades
Município: Recorte político do espaço geográfico. Autonomia político-administrativa
Urbano:Modo de vida [psicoesfera]A cidade permite sua realização mais plena, mas o campo urbaniza-se
Cidade:Materialidade do modo de vida urbano [tecnoesfera//paisagem]Extrapola o município [RMSP], mas não possui um nível político O citadino, o habitante da cidade: não é cidadão
Metrópole: Características: grande porte e fortes relacionamentos com outras metrópoles; possuem extensa área de influência direta [IBGE]Regiões Metropolitanas: não são níveis político-institucionais efetivos
São Paulo [IBGE]Grande Metrópole Nacional [nível superior a RJ e Bsb]Primeiro nível da gestão territorial [particularmente corporativa]
A Metrópole corporativa fragmentada [M. Santos, 1990]
• valorização desigual do território: uma seletividade proposital
de infraestruturas, serviços e normas;
• mais preocupada com a eliminação das deseconomias urbanas
do que com o bem-estar coletivo;
• os investimentos atendem primeiro aos interesses dos lugares e
agentes hegemônicos [usos corporativos do território];
• o uso pelas empresas menores e pela população em geral é
residual.
São Paulo:
a metrópole corporativa
Aproximadamente 9% dos municípios do Brasil possuíam
sala de cinema em 2007
São Paulo concentrava 722 salas ou 58% da Região
Sudeste, quantidade que equivale a 34% de todas as salas
do país
São Paulo:
a metrópole fragmentada
“Aqui, a materialidade impõe um tempo lento. Isso
quer dizer que os pobres vivem dentro da cidade sob
tempos lentos. São temporalidades concomitantes e
convergentes que têm como base o fato de que os
objetos também têm uma temporalidade, os objetos
também impõem um tempo aos homens. A partir do
momento em que eu crio objetos, os deposito num
lugar e eles passam a se conformar a esse lugar, a dar,
digamos assim, a cara do lugar, esses objetos impõem à
sociedade ritmos, formas temporais do seu uso, das
quais os homens não podem se furtar e que terminam,
de alguma maneira, por dominá-los”.
[Milton Santos, O tempo nas cidades, 1989]
Fixos da cultura em São Paulo: a necessidade de fluxos
SÃO PAULO (Município): População por Subprefeitura (2010)
SÃO PAULO: Domicílios com renda até dois Salários Mínimos [2010]
SÃO PAULO: Domicílios com renda maior que 20 Salários Mínimos [2010]
SÃO PAULO (Município): Acerco de livros em bibliotecas ou Pontos de
Leitura, por Subprefeitura [2010]
Os direitos coletivos deveriam ser garantidos a todos os cidadãos:
educação, lazer, cultura, saúde não são bens de consumo.
Mas, o princípio democrático se converte em um direito ao consumo,
uma ditadura do mercado [M. Santos]
Logo,
“... se estabelece uma distinção entre quem goza e quem não goza
na sociedade de consumo, implicando numa diferença de qualidade
entre os sujeitos: capazes e incapazes, competentes e incompetentes
até, no limite da perversidade, merecedores e não merecedores (de
privilégios, de excessos, etc). A sociedade se divide entre os que
„conquistam‟ o direito de gozar e os outros...”
[Maria Rita Kehl, Você decide... e Freud explica, 1996]
Por que vender filmes piratas é crime, se os objetos [fixos] da cultura
não são democratizados e a renda impede o seu consumo?
[os objetos informacionais se impõem ao uso]
É necessário superar as visões dualistas
Dicotomia entre:
cidade legal vs. cidade ilegal
setor formal vs. setor informal
Temos, de fato, uma psicoesfera no planejamento do território:
ordem urbana [vs. desordem]
segurança
moralidade
higienismodesenvolvimento
Orçamento dedicado à Operação Delegada:
R$ 120 milhões em 2011 [quatro vezes maior em relação a 2010]
Em 2012, todas as Subprefeituras do Município participavam da
Operação, envolvendo 4.000 policiais, [gastos de R$ 150 milhões]
Os gastos com o pagamento de gratificações a funcionários
estaduais ultrapassaram aqueles executados com a Guarda Civil
Metropolitana, que em 2010 foram de R$ 139 milhões para um
efetivo de 6.400 homens.
Atualmente: mudanças na forma de pagamento aos PMs e
periferização da Operação
Brasil:
Usos corporativos do território. Dinheiro e cultura
“O problema se localiza nas cidades, mas é equívoco tratá-lo
como questão urbana. Equívoco e enganoso. A questão é mais do
que urbana; é urbana e rural; é local, estadual e federal; é
nacional e internacional”.
[Milton Santos, O tempo nas cidades, 1989]
BRASIL: Transferências Financeiras para o Exterior (USD mil)
relativas à Propriedade Intelectual (1993 - 2005)
Fonte: BRASIL, 2006, p. 68. Organização do autor.
* Considerando os 15 países que formavam a União Européia (UE) até 2004.
Obs.: O cálculo das transferências financeiras ao exterior para pagamento de propriedade
intelectual é composto por: aluguel de filmes cinematográficos, fitas e discos gravados,
direitos autorais, licença de uso de marcas, exploração de patentes licenciadas, aquisição
de software (para revenda) e aquisição de cópia única de software (para uso pessoal).
Pirataria é crime?
Nem todas as formas de pirataria são criminalizadas:
A pirataria como prática de Estado e das corporações é
tolerada [piratarias imitativas]
A pirataria doméstica e popular é criminalizada
[piratarias adaptativas]
Processo de criminalização dos lugares e pessoas pobres
Piratarias Imitativas
Iphone e Hiphone
Da esquerda para a direita: Toyota Prado (acima) e Dadi Shuttle (abaixo), Mercedes C (acima) e Geely Merrie 300 (abaixo) e
Daewoo Matiz (acima) e Chery QQ (abaixo).
http://indianautosblog.com/2008/07/chinese-are-the-best-xerox-machines-in-the-world
Piratarias Imitativas
Piratarias Adaptativas
Vendedor na Rua Coronel Xavier de Toledo - SP
Autoria: Fábio Tozi [2011]
Piratarias Adaptativas
Estratégias de venda de piratarias adaptativas: à esquerda, a bicicleta é, ao mesmo tempo, meio de
transporte, de exibição e depósito dos discos piratas, em Santos [SP]. À direita, os discos ficam expostos
em caixas de papelão, na Rua Augusta, São Paulo. Autoria: Fábio Tozi, 2010 e 2012, respectivamente.
Piratarias Adaptativas
Estratégias de resistência de vendedores de filmes piratas e detalhe do sistema técnico
empregado nas lonas plásticas [2011]
Fonte: para a imagem da esquerda: www.jornaldelondrina.com.br, 2010. A imagem da direita é de autoria de Ricardo
Aprígio Fonseca, Centro de São Paulo, maio de 2012.
Brasil:
Usos não hegemônicos do território. Território e cultura
Cultura de massa e cultura popular [M. Santos, Por uma outra globalização, 2000]
Cultura de massa:
homogeneização // relações hierárquicas [verticais] // informação prevalece
sobre a comunicação
busca domesticar as formas de cultura popular
Cultura popular :
diversidade // relações horizontais // comunicação prevalece
o papel dos contatos geograficamente próximos [a cidade]
o uso das tecnologias da informação: novo debate político
A nação ativa e a nação passiva [M. Santos, Nação ativa, nação passiva, 1999]
as velocidades distintas: os homens lentos
Tecnobrega:
A economia urbana trabalha nos lugares onde as velocidades são lentas
BELÉM DO PARÁ: Hibridez entre agentes sociais e objetos técnicos do circuito espacial produtivo do tecnobrega