Post on 30-Jun-2015
ALERTAS
Edição
nº5
Ano
2011
AUTORES
Produção Independente
Conto de hoje - O
Leviatã em: a Filosofia
do Poder!
SUS: Bode Expiatório da
Hegemonia Capitalista
Resenha do livro: ‘Educar
na Era Planetária’
Dialética
Repensar Conceitos
Sertanojo Universiotário
Alertas em Foco
Alertas de Olho
Dicas Alertas
Esta Revista Eletrônica é um documento de livre acesso. Nosso objeti-
vo é levar a possibilidade de reflexões a respeito de assuntos que são normal-
mente banalizados e facilmente aceitos na esfera social. Projeta-se uma ten-
tativa de desbanalização do que nos é apresentado no cotidiano, com profun-
da banalidade/normalidade/superficialidade.
Cria-se, aqui, um espaço de discussão, reflexão e atitude perante os
vários fenômenos e possibilidades (conhecimentos e emoções) que afetam
nosso cotidiano. Espaço, este, no qual cada autor poderá tecer suas reflexões
de maneira autônoma. Ressaltamos, entretanto, que as ideias aqui publica-
das, são de responsabilidade exclusiva de cada autor, uma vez que a liberda-
de de expressão é um exercício constante em nossa revista.
Portanto, tendo em vista a liberdade do PENSAR, VOCÊ CARO LEI-
TOR, poderá tecer suas opiniões e expô-las também. Os „Autores‟ convidam
TODOS a fazerem parte dessas reflexões, lendo, discutindo e, sobretudo,
escrevendo.
Para expor suas opiniões acerca dos assuntos aqui discutidos ou conhe-
cer mais sobre os AUTORES ALERTAS, entre em contato:
Blog- http://autoresalertas.blogspot.com (nosso blog)
E-mail- autores_alertas@yahoo.com.br
Atenciosamente,
AUTORES ALERTAS
editorial
Sumário
ARTIGOS
Conto de hoje - O Leviatã em: a Filosofia do Poder! ............................................... 04
SUS: Bode Expiatório da Hegemonia Capitalista .................................................... 05
Resenha do livro: ‘Educar na Era Planetária’ ........................................................ 06
Dialética ........................................................................................................................ 08
Repensar Conceitos ..................................................................................................... 13
Sertanojo Universiotário ............................................................................................. 14
DICAS ALERTAS
CONTRA UM MUNDO MELHOR: ENSAIOS DO AFETO - Luiz Felipe Pondé .......................17
TOM ZÉ - O PIRULITO DA CIÊNCIA (2010) .....................................................................17
ALERTAS EM FOCO ................................................... 15
ALERTAS DE OLHO ....................................................16
„Finalmente, esta forma de poder não pode ser exercida sem o conhecimento da mente das pessoas, sem explorar su-as almas, sem fazer-lhes reve-lar os seus segredos mais ínti-mos. Implica um saber da consciência e a capacidade de dirigi-la‟. (FOUCAULT, 1995, p. 237).
Talvez que todas as nossas
lutas e labutas; todo o levantar
cedo; toda a opinião e/ou toda a
posição com relação a algo; to-
das as relações por mais polidas
que sejam; todos os nossos com-
portamentos possam significar
interesse/sujeição por ou ter por
escopo um norte centralizador -
„O PODER‟ – „o fazer valer a
vontade‟. É certo que os seres de
nossa espécie convivem e, até
que se prove o contrário, de ma-
neira „hierarquizada‟(distribuída
em castas; contratos sociais; cf-
me status; etc...). Isso poderia
significar organização social;
responsabilidades; incumbências;
ou ainda – e o que parece mais
sensato e significativo – um do-
mínio de relações estratégicas da
„governamentalidade‟ entre os
grupos e indivíduos – relações
estas que têm como questão es-
sencial a conduta do outro ou dos
outros, e que podem fazer uso de
técnicas e procedimentos diver-
sos, dependendo dos casos, dos
quadros institucionais em que
elas se desenvolvem, dos grupos
sociais e até de uma época espe-
cífica.
Utilizando as ideias de Tho-
mas Hobbes em sua obra
„Leviatã‟ e de Michel Foucault
sobre o „poder‟ é possível através
de uma aparição gráfica demons-
trar como funciona esta dinâmi-
ca.
Estado – ‘Leviatã’
força centralizadora do poder.
Instituições sociais – ‘micropoderes’
suas ações e técnicas de coerção
privilegiam a lei como manifesta-
ção do poderio Leviatã.
Indivíduo – „contribuinte‟; „recurso a
ser usado‟
sua existência é o „fato gerador‟
do „imposto poder‟.
A aplicação do poder tem
como destino o indivíduo que
já nasce carregado de incum-
bências de que ainda nem tem
ciência e em alguns casos nem
irá tomar conhecimento durante
toda a sua passagem pela exis-
tência.
A aplicação acontece por
intermédio das „subservientes e
facilitadoras do processo‟ – as
instituições sociais – cuja exis-
tência/permanência está atrela-
da ao domínio do poder maior,
o ESTADO. Este por sua vez
manda e desmanda (vigia; pu-
ne; disciplina...) dentro de nor-
mas estabelecidas os comporta-
mentos.Como acontece isso?
Através da coerção exerci-
da pelas instituições – cujo po-
der é maior que o indivíduo e
capaz de „catequizá-lo‟ com
suas burlarias – seguindo o pre-
texto da organização; hierarqui-
a; incumbências; desenvolvi-
mento ‘biopsicosocioespiritual‟.
O ESTADO é forte e sistemati-
zador. Lutar contra beira o
„holocausto‟ para os intrépidos
e a „prevaricação e/ou
sacrilégio‟ para os desavisados
e pusilânimes. Porém, nem tu-
do são exéquias!!! O ESTADO
é generoso com aqueles que
aceitam ser seus súditos reais.
Aqueles que aceitarem sua
pungente realidade serão bene-
ficiados de alguma forma. Suas
„ruas sem saída‟ serão asfalta-
das; receberão altos cargos e
boas promoções; suas
„licitações‟ serão aprovadas;
suas „prestações de serviços‟
bem remuneradas; seus
„cargos‟ mantidos e suas voli-
ções aceitas cfme a VOLIÇÃO
maior e absoluta – O LEVIA-
TÃ.
REFERÊNCIAS
FOUCAULT, M.. O sujeito e o po-
der. In: DREYFUS, H. & RABI-
NOW, P. Michel Foucault. Uma tra-
jetória filosófica: para além do estru-
turalismo e da hermenêutica. Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 1995.
HOBBES, T. Leviatã. Martin Claret.
04
Conto de hoje - O Leviatã em: a Filosofia do Poder!
CHAPLIN, C. Filme: O grande ditador. Keystone Studios.
Geremias Alves - Possui graduação técnica
em Design Industrial, graduação em Psicolo-
gia e especialização em Psicopedagogia.
e-mail: geremais_e_mais@yahoo.com.br
"as doenças do homem (...)
são dramas da sua histó-
ria" (GANGUILHEM, 2002)
O Sistema Único de Saúde
brasileiro (SUS) é um projeto
cuja proposta compreende o ho-
mem na sua totalidade, respeitan-
do questões básicas antes menos-
prezadas como a territorialidade
do indivíduo e a multidetermina-
ção de seu sofrimento. Embora
reconhecido e copiado por inú-
meros países, aqui a implementa-
ção desta proposta de Saúde Inte-
gral ainda cheira a tinta fresca e
se sustenta aos trancos, denunci-
ando uma funcionalidade sofrível
e uma cobertura geralmente insu-
ficiente. Tal afirmativa sugere a
existência de influências contrá-
rias às demandas que surgem de
sua operacionalização e a crítica
aqui feita percorre um caminho
inverso dessas manipulações mo-
netárias camufladas, pois se faz
visível e assume posicionamen-
tos.
Muito se fala sobre os baixos
salários, o orçamento desequili-
brado e a principal característica
da sua demanda de atendimento:
a população pobre. É quase lógi-
co que se as filas do SUS estives-
sem lotadas de indivíduos com
maior poder aquisitivo, pressões
seriam feitas e melhorias seriam
providenciadas. Mas por que a-
chamos que a população menos
favorecida não é capaz de reivin-
dicar reformas? Simples, esta
não é a função da Educação que
recebemos, e sempre é importan-
te ressaltar: o bom funcionamen-
to do SUS não é interessante para
a minoria que comanda este país.
Trocando em miúdos: uma estra-
tégia cuja proposta prevê a pro-
moção de saúde nos pilares
fundamentais de sua atenção
certamente diminui a depen-
dência medicamentosa, resul-
tando assim numa avaria desas-
trosa para a indústria farmacêu-
tica cuja sede de lucros é insa-
ciável. Num previsível efeito
cascata diminuem-se ainda os
possíveis atendimentos médi-
cos privados e o crescente abo-
canhar dos planos de saúde pa-
gos.
Portanto, um simples olhar
mais acurado sobre a aplicação
do SUS que temos hoje em vi-
gor traz à tona questões políti-
cas, econômicas e sociais que
certamente merecem questiona-
mentos e readequações que se
levados a sério seriam um gran-
de incômodo para a iniciativa
privada e seus discípulos fervo-
rosos. No entanto, as divergên-
cias mais preocupantes ainda
são as relacionadas aos aspec-
tos culturais envolvidos. Ocor-
re que estes dois processos es-
tão claramente interligados e
uma análise que dispensasse
um ou outro estaria deficiente
em relação a uma descrição
justa das relações que controle
que mantém uma efetivação
insuficiente deste sistema. Po-
rém e contudo, a criticidade
comumente não é uma caracte-
rística presente no comporta-
mento dos usuários do SUS,
que acima de tudo estão por
demais ocupados com as agru-
ras de seu sofrimento potencia-
lizadas, sem dúvida, pelo pre-
cário atendimento que rece-
bem.
Ainda se fala em Saúde sem
se falar em Educação, aí se tem
planos de ação fadados ao fra-
casso, cuja lógica não alcança o
povo que é ensinado a viver
sob os preceitos do capitalismo
extremo, nos quais o valor do
sujeito se mede pela sua capa-
cidade de produção e o indivi-
dualismo prevalece supremo,
porém hipócrita; pois o engaja-
mento social existe, desde que
fique longe dos impostos de
cada um. Neste sentido, socie-
dade é um conceito utópico que
preserva e promove o louvor
absoluto aos direitos individu-
ais em detrimento do coletivo,
fomentando uma cultura cujos
ideais aprovam o desprezo ao
infortúnio alheio, sobrepujando
as responsabilidades éticas de
cada cidadão enquanto membro
de uma coisinha boba chamada
Humanidade.
Portanto, é evidente que
favorecer um sistema que au-
menta a autonomia dos indiví-
duos parece ser um risco muito
alto a se correr. Como resulta-
do, a Cultura deste país não
compreende os conceitos de
Universalidade, Eqüidade e
Integralidade como característi-
cas que deveriam transcender a
cartilha do SUS para fazer par-
te da base do repertório de
comportamentos do cidadão
que descreve uma nação bem
educada, politicamente ativa e,
portanto, cujos direitos não são
facilmente alienados, como o-
corre aqui.
REFERÊNCIAS Canguilhem, G. (2002). Une pédago-
gie de la guérison estelle possible? En
G. Canguilhem (Ed.), Écrits sur la
Trabalho, saúde, transtornos men-
tais 183 Psicologia em Estudo, Ma-
ringá, v. 11, n. 1, p. 175-183, jan./abr.
2006 médecine (pp. 69-100) Paris:
Seuil. (Original publicado em 1978).
05
SUS: Bode Expiatório da Hegemonia Capitalista Rosina Forteski: Contista e
estudante de Psicologia.
e-mail: sinateski@fameg.edu.br
MORIN, Edgar; CIURANA, E-
milio-Roger; MOTTA, Raul Do-
mingo. Educar na era planetá-
ria: o pensamento complexo
como método de aprendizagem
pelo erro e incerteza humana. 3.ed. São Paulo: Cortez, Brasilia,
DF: UNESCO, 2009.
Síntese da Obra
“Educar na era planetá-
ria” (figura 1) é uma obra dividi-
da em quatro partes (três capítu-
los mais epílogo): O Método
(cap.1), A Complexidade do Pen-
samento Complexo (cap.2) , Os
desafios da era planetária (cap.3)
e A missão da educação para a
era planetária (epílogo).
No primeiro capítulo (O Mé-
todo) da obra é proposta a tenta-
tiva de romper com a visão deter-
minista de „método‟. Pensa-se
„método‟ como caminho, como
um ensaio gerativo e estratégico.
Visando abranger as situações
complexas (ordem/desordem,
determinismo/acaso, etc) pro-
põem-se, ainda, um método que
valorize a experiência, o cami-
nhar. Que valorize, com devida
atenção, o Erro, a experiência
trágica. Um método que dissolve
-se ao caminhar, que fundamenta
-se na ausência de fundamentos,
que praticamente confunde-se
com a própria teoria e que assu-
ma alguns princípios metodoló-
gicos específicos para „pensar
complexo‟ (Sistêmico; Hologra-
mático; Retroatividade; Recursi-
vidade;Autonomia/Dependência;
Dialógico; Reintrodução do su-
jeito em todo conhecimento).
O método proposto deve ad-
mitir a tensão entre o inacaba-
mento e o ponto final.
Deve assumir-se perante a
Tríplice Tragédia: da Informa-
ção (aumento exponencial das
informações), da Reflexão
(limites entre o saber e o não
saber) e da Complexidade
(risco de fechar o objeto de co-
nhecimento VS superficialida-
de).
O segundo capítulo (A
Complexidade do Pensamento
Complexo) traz, de inicio, uma
explanação sobre a etimologia
e o sentido etimológico da utili-
zação da palavras „complexo‟ e
„complexidade‟. Propõe-se
complexidade como a percep-
ção de elementos antagônicos
que se entrelaçam, bem como a
importância da dúvida para a
complexidade.
A seguir discute-se a dife-
rença de caos para a complexi-
dade e para o determinismo. De
acordo com a obra, para o pen-
samento determinista, a incer-
teza é resultado de fraqueza/
insuficiência, enquanto que pa-
ra a complexidade o conceito é
mais rico e relativiza a idéia de
„ordem‟.
Caracteriza-se, ainda o Pen-
samento Complexo como um
pensamento mais potente, visto
que reconhece o movimento e a
imprecisão. Adverte-se que a
complexidade não exclui o
simples, mas o integra. Impera-
se, pelo Pensamento Comple-
xo, a Ciência com Consciência.
„Os desafios da era
planetária‟, é o título do capítu-
lo 3. Nele, é exposto, tendo em
vista um olhar histórico, o ce-
nário que foi criado no mundo
a partir de práticas predatórias
de exploração, violência, des-
truição e escravatura.
Determina-se essa Era de
desenvolvimento ilusório de a
„Idade de Ferro Planetário‟, no
qual ainda estaríamos. Fala-se
que, apesar de o quadrimotor -
ciência, técnica, indústria e in-
teresse econômico – há, ainda,
a possível emergência de uma
sociedade-mundo, onde a mun-
dialização favorece o desenvol-
vimento de uma consciência
aguda, sustentável, que expan-
de o humanismo. Cita-se a ne-
cessidade, de uma Antropolíti-
ca.
No Epílogo: „A missão da
Educação para a Era
Planetária‟, deixa-se claro que
o papel da Educação não está
em buscar uma salvação, ne-
cessariamente, mas procurar o
desenvolvimento da hominiza-
ção.
Critica-se, aqui, a visão de
„desenvolvimento‟ que os ditos
subdesenvolvidos têm e a visão
de „subdesenvolvimento‟ que
os ditos desenvolvidos têm. A
interpretação de Desenvolvi-
mento e Subdesenvolvimento
pode depender do ponto de vis-
ta.
06
Resenha do livro ‘Educar na Era Planetária’ Thiago Alex Dreveck - Biólogo e Educador.
Pós-graduando em Interdisciplinaridade.
e-mail: tofubiologo@hotmail.com
Figura 1: Livro “Educar na Era
Planetária: o pensamento comple-
xo como método de aprendizagem
pelo erro e incerteza humana.”
Finaliza-se, comentando na
obra, que para a realização de
uma Era Planetária, unem-se aos
princípios geradores e estratégi-
cos do método (capítulo 1) al-
guns eixos-diretrizes: conservad-
or/revolucionante; progredir re-
sistindo; repensar o desenvolvi-
mento e a idéia subdesenvolvida
de subdesenvolvimento; regresso
do futuro e reinvenção do passa-
do; complexificação da política e
Política da complexidade; civili-
zar a civilização.
Análise Crítica
A obra proporciona uma lei-
tura agradável, de fácil acesso, e
ao mesmo tempo inovadora. Isso
devido as idéias e discussões que
ela proporciona. A forma de divi-
são dos temas do livro e a utiliza-
ção de citações da literatura tam-
bém ilustram, de forma brilhante,
a obra.
MORIN, em Educar na Era
Planetária, propõem uma amplia-
ção do método muito relevante.
A ampliação do método determi-
nista para um método que apro-
veita brechas, imprevistos, tragé-
dias, é, sem dúvidas, algo de exí-
mia importância para que consi-
gamos compreender o cotidiano
moderno. De fato, falta-nos enca-
rar os fenômenos como comple-
xos.
Assimilar o mais profundo
sentido da noção de o que é o
“complexo” também é algo que
semeia grande ignorância na atu-
alidade. A necessidade de se des-
velar o significado do complexo
com seus antagonismos e desafi-
os é outro fator importantíssimo
destacado na obra.
Todavia, não tenho o mesmo
otimismo que os autores no que
tange ao processo de hominiza-
ção para a provável Era Planetá-
ria.
Há grande discurso sobre am-
pliação do método para vislum-
brar os fenômenos, admite-se
os grandes desafios da socieda-
de moderna, percebe-se a im-
portância de entender as limita-
ções de nossa forma de pensar,
no entanto, ainda percebe-se
maior ênfase em resolver a cri-
se da humanidade.
Claro que é, também, por
meio das crises que amplia-se a
visão de mundo, mas até que
ponto não estamos, mais uma
vez, sendo egocêntricos quanto
as crises que se nos apresen-
tam? Até que ponto não estare-
mos criando mais um ideal de
“humanidade” (hominização)
que nos molda apenas para ten-
tar domar os intempéries da
nossa trágica existência? Com
todas as crises que, atualmente,
se apresentam na modernidade
(científica / filosófica / am-
biental / econômica / sociológi-
ca / antropológica ), estaríamos
ampliando nosso modelo ético,
ou apenas mascarando-o por
não termos mais alternativas
perante a tragédia que nos es-
pera?
Recomendações
Recomendo a qualquer
individuo que deseja refletir/
discutir/sentir os atuais desafios
da modernidade, que estão can-
sados de aceitar a mesmice de
nossos dias e cultura. Educar
na Era Planetária, interessa a
qualquer um que, independente
da formação acadêmica, quer
apropriar-se de discussões refe-
rente as atuais crises contempo-
râneas (econômicas, ambien-
tais, éticas, filosóficas etc).
Credenciais dos Autores
Nascido em 1921, Paris, Edgar Morin é um sociólogo
propagador do pensamento complexo. Fez estudos de His-
tória, Geografia e Direito. Participou do movimento de
resistência à ocupação nazista. Foi comunista, porém,
mais tarde foi desligado deste movimento. É doutor hono-
ris causa em universidades de vários países e presidente
da Associação para o Pensamento Complexo.
Emilio-Roger Ciurana é professor da Universidade de
Valladolid na Faculdade de Filosofia e Letras. Professor
do Programa Interuniversitario de Experiência de Castilla
e León. Trabalha nas seguintes linhas de pesquisa: Episte-
mologia dos processos complexos nas Humanidades; Es-
tratégias do pensamento aplicadas a educação, em particu-
lar: Educação para a cidadania e Educação para a comuni-
cação intercultural; Estratégias do pensamento para a
compreensão da relação entre o local e o global no contex-
to planetário.
Raul Domingo Motta é formado em Letras e Filosofia,
mestre em Administração e Doutor em Letras. Tem traba-
lhado com: Problemas de gestão de conhecimentos e me-
todologias inter, multi e transdisciplinares; a Revista Pen-
samiento & Transdisciplinariedad (Universidade Autôno-
ma de Nuevo León, Monterrey, México); o Instituto Inter-
nacional para o Pensamento Complexo; a Cátedra Itine-
rante UNESCO: “Edgar Morin” para o Pensamento Com-
plexo. Possui ampla experiência na docência do Ensino
Superior e tem vários cargos honorários em centros de
estudo que abrangem o Pensamento Complexo.
07
Para uns filha de Sócrates,
para outros filha de Zênon de
Eléia, a palavra dialética, ou a
arte do diálogo, é originária da
Grécia antiga. Seu significado
ganhou mais abrangência e espe-
cificidade, com o tempo, tornan-
do-se a arte de, no diálogo, cons-
tituir uma tese por meio de argu-
mentações que definam e distin-
guam os conceitos envolvidos.
Contudo, na concepção moderna,
dialética significa o modo de
compreender a realidade como
essencialmente contraditória e
em permanente transformação.
(KONDER, 1995)
Carregando este sentido mo-
derno da palavra, Heráclito de
Efeso “O Obscuro”, é o pensador
mais radical da antiga Grécia.
(KONDER, 1995) Pertencente ao
período naturalista do pensamen-
to clássico, o pensamento filosó-
fico de Heráclito, pode-se resu-
mir em três princípios: 1º – O
elemento primordial, a essência
da realidade é o vir-a-ser: Tudo
muda, tudo se encontra em per-
pétuo fluxo. A realidade esta su-
jeita a um vir-a-ser contínuo. O
imutável dentro da realidade é a
lei universal do devir. 2º – O vir-
a-ser é antítese. 3º – Tese e antí-
tese são reconduzidos à estabili-
dade e à unidade pela harmonia.
Os contrários encontram a unida-
de do real sobre a ótica da lei di-
alética, racional, do vir-a-ser.
(PADOVANI, 1956)
Ao Considerar que tudo exis-
te em constante mudança, negan-
do a existência de qualquer esta-
bilidade no ser, onde o conflito é
o pai e o rei de todas as coisas,
Heráclito provoca perplexidade
quando coloca o problema aos
gregos. Defronte com esta tese,
os gregos, preferem considerar as
argumentações de outro filóso-
fo, Parmênides, o que dificulta
assim os avanços do conheci-
mento científico dentro dos as-
pectos mais dinâmicos e instá-
veis de realidade. (KONDER,
1995).
Vindo da escola eleática,
fundada por Xenófanes, Parmê-
nides nega a ideia do politeís-
mo e do antropomorfismo de
Homero e de Hesíodo, aceita
uma única substância divina,
eterna e imutável. Admiti o ser
uno e imutável, característico
da corrente filosófica eleática
de Xenófanes, subtraindo, con-
tudo, seus atributos divinos.
Caracteriza a mudança como
um fenômeno superficial e a
essência profunda do ser como
imutável (metafísica).
(PADOVANI, 1956)
A meta física conquista sua
hegemonia não apenas pelo
apelo filosófico que a consenti-
ram. As classes dominantes
existentes também se valeram
das argumentações de Parmêni-
des para seus interesses dentro
da sociedade, ligando-a aos
seus valores e conceitos, de
modo a garantir a manutenção
do seu regime social vigente,
aos quais os valores de mudan-
ça e movimento não são inte-
ressantes. (KONDER, 2005)
A importância de Heráclito e Par-
mênides é tal, que o pensamento
posterior representa uma supera-
ção e uma síntese dessas duas
filosofias, do ser e do vir-a-ser. O
reconhecimento da realidade do
vir-a-ser (Heráclito), bem como
da realidade do imutável
(Parmênides), fixa uma conquista
preciosa e definitiva do pensa-
mento grego. (PADOVANI,
1956, p.50)
O responsável pela volta da
prática dialética foi Aristóteles,
um século depois da morte de
Heráclito. Aristóteles coloca
novamente em questão os mo-
vimentos dos objetos, com seus
conceitos de ato e potência,
onde existem potencialidades
que estão se atualizando, con-
seqüentemente se transforman-
do em realidades efetivas - co-
mo uma semente, árvore em
potência, ou uma árvore, se-
mente em ato. Graças a ele a
filosofia não abandonou por
completo o estudo do lado mu-
tável e dinâmico do real.
(KONDER, 1995)
Na transição da Idade Anti-
ga à Média a dialética sofre
novo abalo. Com o regime feu-
dal a estratificação social man-
têm a sociedade dividida em
classes impossibilitando altera-
ções significativas de ascensão
ou melhora das condições de
vida. A ideologia do pensa-
mento cristão vigente constitu-
iu-se, dentro dos mosteiros,
como monopólio da igreja, for-
çando a dialética à abrir cami-
nhos distantes das zonas de
dominação imperial da teologi-
a. (KONDER, 1995)
No século XIV, XV e XVI,
com as grandes navegações, a
chamada “revolução comerci-
al”, o início do pensamento
moderno (Renascença, racio-
nalismo, empirismo, iluminis-
mo) e a descoberta das Améri-
cas, começa a despertar novas
reflexões filosóficas que iram
se opor aos hábitos mentais da
Idade Média através das artes e
das ciências e com isso o mo-
vimento ganha destaque nova-
mente, como tema fundamen-
tal, no centro dos debates.
Dialética Gabriel Horn Iwaya - Gastrônomo. Pós-
graduando em Interdisciplinaridade.
e-mail: gabrieliwaya@hotmail.com
08
Nicolau Copérnico traz à luz sua
teoria heliocêntrica, retirando a
terra do centro do universo; Gi-
ordano Bruno glorifica o homo
faber; Galileu e Descartes desco-
brem o estado natural constante
de movimentação dos corpos; e
Pascal reconhece o caráter dinâ-
mico, instável e contraditório da
condição humana.(KONDER,
1995)
A ciência alcança, na Renas-
cença, sua maior expressão his-
tórica. No que diz respeito a as-
tronomia ressalta-se os nomes:
Nicolau Copérnico, Galileu Gali-
lei e Johannes Kepler. Copérni-
co, fundador da doutrina astronô-
mica heliocêntrica, dedicou sua
vida às meditações astronômicas,
cujas contribuições de Galileu se
fizeram fundamentais, não só
astronomicamente falando. Apri-
moradas novamente por Kepler
que fixou as três leis que regulam
o movimento dos planetas em
torno do sol. Kepler também de-
fendia o princípio de que a natu-
reza é regida por leis matemáti-
cas: ubi materia, ibi geometria.
Ficará a cargo de Newton, poste-
riormente, completar o sistema
com a lei de gravitação universal,
justificando o equilíbrio dos cor-
pos celestes. (PADOVAI, 1956)
Diferente de Aristóteles e To-
más de Aquino, Galileu, não bus-
ca, a partir da experiência, trans-
cende-la para construção de uma
metafísica geral, fixando-se no
âmbito da própria experiência. O
teórico, ao fundamentar o conhe-
cimento sobre a experiência, a-
plica a matemática à física (físico
-matemática) constituindo um
elemento verdadeiramente racio-
nal, de grande valia a ciência
moderna. Empenhado na consti-
tuição desta ciência nova, Gali-
leu, elabora o seu método basea-
do: a) na observação; b) na hipó-
tese; c) na experiência ou
verificação da hipótese.
Esta, se confirmada a partir do
método, transforma-se em lei.
Com Galileu se inicia a tendên-
cia filosófica que dará subsí-
dios para René Descartes fun-
dar as correntes racionalistas, e
abrir caminho para o pensa-
mento moderno. (PADOVANI,
1956)
Descartes dedicou-se a car-
reira militar no início de sua
juventude da qual logo aban-
donou para voltar-se inteira-
mente, o estudo cientifico, sua
vocação. Viajou pela Europa
por nove anos, observando e
estudando a realidade do mun-
do, para depois ater-se por
completo a meditação filosófi-
ca até o fim da sua vida. Ape-
sar de católico e de admitir a
criação do mundo de acordo
com a ótica cristã, Descartes
isola inteiramente a filosofia
da religião devido a impossibi-
lidade de aceita-la dentro do
seu racionalismo. Este caráter
imanente presente em seu ra-
ciocínio refletirá por vez na
filosofia de Spinoza, um dos
representantes, continuadores
do racionalismo.(PADOVANI,
1956)
“O discurso do método”,
uma das obras-prima do filóso-
fo, deu origem ao método car-
tesiano, resumidamente explici-
tado em quatro fases: intuição é
o começo do conhecimento;
análise, distinção e isolamento
das variáveis; síntese onde o-
corre a dedução do sentido; e a
enumeração completa, conclu-
siva. Admitindo que assim po-
der-se-ia criar um sistema con-
creto da realidade faz-se uma
cisão entre os saberes submeti-
dos a apreciação do método
científico (racional) e dos sabe-
res recebidos como tradição
(sensível), logicamente desva-
lorizando osegundo, compro-
metidos pela incapacidade hu-
mana de conhecer a verdade.
(PADOVANI, 1956)
Como opositor da corrente
racionalista, Blaise Pascal,
grande físico e matemático,
com profunda ligação religiosa
e cristã, classifica os conheci-
mento de Descartes dentro de
um conjunto do esprit géomé-
trique, válido apenas ao mundo
físico, mas que não chega a
Deus, contrapondo-o com a
razão integral, esprit de finesse,
que leva ao cristianismo, meta-
físico. “Não nos sustentamos
na virtude por nossa própria
força, mas pelo contrapeso de
dois vícios opostos, assim co-
mo ficamos de pé entre dois
ventos contrários: tirai um des-
ses vícios, e caímos no ou-
tro.” (PASCAL, 1995, p.220).
Sendo assim, Pascal abre
um caminho dialético original
da filosofia com destino à reli-
gião, colocando a espiritualida-
de como fator fundamental pa-
ra resolução eficaz dos proble-
mas da vida, essencialmente o
problema do mal, tornando vá-
lido os antigos dogmas cristãos
- a queda original e da reden-
ção pela cruz – após uma justi-
ficação positiva, histórico-
integral, do cristianismo.
(PADOVANI, 1956). Outros
grandes pensadores utilizaram
elementos vindos da corrente
dialética, porém, de certo mo-
do, todos viviam em uma situa-
ção de isolamento da realidade,
longe dos movimentos práticos
e por isso mantinham visões
deturpadas do processo trans-
formador da condição humana
e das estruturas sociais, pecan-
do, hora por demasiado otimis-
mo superficial, hora por dema-
siada melancolia conservadora
negativista. (KONDER, 1995)
09
Na segunda metade do século
XVII, com o amadurecimento do
processo histórico que resultou
na Revolução Francesa, as cor-
rentes do Iluminismo espalharam
-se pela sociedade e acompanha-
ram de perto o desenrolar dos
acontecimentos, articulando-se
para que o que restou do regime
feudal desaparecesse, dando es-
paço para um mundo novo, ra-
cional. Em suma os iluministas
interviram com visões simplifi-
cadas do processo de transforma-
ção social sem exercitar a refle-
xão dos próprios atos e suas con-
tradições, salvo algumas exce-
ções, por exemplo: Denis Dide-
rot que desconfiava de qualquer
tipo de imposição de ordem em
um contexto constantemente mu-
tável; e Jean-Jacques Rousseau,
que embora divergisse de Dide-
rot em grande parte, não se dei-
xava intimidar por uma
“ideologia de ordem”.
(KONDER, 1995)
Rousseau pode ser considera-
do a figura mais singular do ilu-
minismo francês ao mesmo tem-
po em que superou o iluminismo
rumo ao romantismo. Calvinista,
converteu-se ao catolicismo, re-
tornou novamente ao calvinismo,
no fundo optou por aderir apenas
a religião natural. Não encontrou
sossego dentro de nenhuma con-
cepção ideológica. Para Rousse-
au, a civilização, a sociedade
corrompem o homem e sua rota
de fuga é o retorno a origem, no
sentido cronológico, ao estado
primitivo, originário da humani-
dade. (PADOVANI, 1956)
O homem não deve ser a roda de
uma máquina em uma sociedade
materialista; a vontade individual
não deve ser prisioneira de uma
vontade coletiva; o espírito não
deve ser exterioridade, e sim interi-
oridade. A liberdade não é apenas
um direito, mas um dever
imprescindível da natureza huma-
na, que exige também a igualdade
dos homens, em virtude precisa-
mente, da natureza em comum.
Tal natureza humana, sem os
males da civilização, produzirá
frutos de fraternidade universal.
(PADOVANI, 1956, p.289)
Na virada do Século XVII
já não era possível conter até
mesmo os conflitos políticos
internos nos palácios. A reper-
cussão nas ruas junto dos ideais
Iluminista desencadearam, no
Século XIX, a Revolução Fran-
cesa, atingindo não só os países
da Europa como outros conti-
nentes. O movimento causado
pela revolução refletiu-se na
filosofia, em especial na cidade
de Kõnigsberg, na Prússia Ori-
ental (hoje Kalingrado da Uni-
ão Soviética) influenciando,
Imanuel Kant, considerado ho-
je o maior pensador metafísico
moderno. (KONDER, 1995)
Com a revolução histórica
ocorrendo, quebrando as roti-
nas e expondo as contradições,
Kant ateve-se especificamente
a ela, a contradição, no sentido
geral. Kant questiona a assimi-
lação proveniente do meio ex-
terno, não reduzindo a consci-
ência humana à uma registra-
dora de acontecimentos, mas
como proveniente de um ser
que interfere ativamente na rea-
lidade, e isto muda completa-
mente a forma de compreender
o processo de conhecimento
humano. (KONDER, 1995)
Antes de interpretar a reali-
dade, Kant, coloca a seguinte
questão: o que é conhecimen-
to? Tendo em mente que não
seria possível conceber uma
compreensão externa, a poste-
riori, antes de se fixar na refle-
xão do que ele chamou “razão
pura”, a priori, razão esta, já
repleta de “antinomias” irredu-
tíveis a qualquer lógica do pen-
samento humano (KONDER,
1995)
Georg Wilhelm Friedrich
Hegel, posteriormente, de-
monstra que a contradição não
é apenas uma dimensão essen-
cial na consciência do conheci-
mento, mas era um princípio
básico atrelado à consciência
do sujeito e da realidade objeti-
va. Antes de questionar “O que
é o conhecimento?”, Hegel,
questiona o “é”, ou seja, passa
da questão do conhecimento
para a questão do ser.
(KONDER, 1995)
Hegel encontra em Kant um
ponto comum de reflexão ao
considerar, também, que sujei-
to humano sempre interfere
ativamente na realidade. Ape-
sar de entusiasmado com a Re-
volução Francesa, quando o
poder de intervir na realidade
lhe pareceu quase ilimitado,
Hegel, observando o decorrer
histórico - a fase negra da Re-
volução Francesa que se revela
no reflexo da lâmina de sua
guilhotina; junto da tomada da
posse e queda de Napoleão; a
dominação européia pela polí-
tica ultraconservadora da Santa
Aliança; sem contar as condi-
ções precárias em que se en-
contrava a Alemanha segmen-
tada em governos regionais
reacionários - aprofunda sua
reflexão sobre o homem e a
transformação da realidade,
sendo em última análise, a rea-
lidade objetiva quem impõe o
ritmo e as condições para que
isso ocorra. (KONDER, 1995)
Hegel, no entanto, não se
ateve à essas considerações e
seu aprofundamento e reflexão
mais radical foi sobre a revolu-
ção industrial que ocorreu na
Inglaterra. Neste contexto, He-
10
gel acredita que, é no trabalho
que o desenvolvimento humano
se realiza e se reproduz; é através
dele que podem ser compreendi-
das as formas complicadas da
atividade criadora do sujeito;
com o trabalho o homem modifi-
ca, fazendo uso de sua habilidade
e persistência, a resistência do
objeto; sem o trabalho não have-
ria a relação sujeito-objeto.
(KONDER, 1995)
O trabalho é conceito-chave à
compreensão da superação dialé-
tica de Hegel. Na concepção do
filósofo, a aplicação de três sig-
nificados do verbo suspen-
der,“aufheben”, (negar, conser-
var, elevar) à dialética, resulta
simultaneamente: 1) em uma ne-
gação de uma determinada reali-
dade; 2) na conservação de al-
go essencial contido nela; 3) e na
elevação dela a um nível superi-
or. Relacionando ao trabalho:
primeiro a matéria-prima é nega-
da em seu estado natural; ao
mesmo tempo algo em sua essên-
cia é conservada; para que assu-
ma uma nova forma e valor, sa-
tisfazendo os objetivos humanos.
(KONDER, 1995)
Do Hegelianismo surgiu Karl
Marx, um de seu alunos, com
uma vida um pouco mais atribu-
lada, ligou-se cedo ao movimen-
to operário e socialista, lutando
junto dos trabalhadores, viveu na
pobreza e grande parte da vida
no exílio. Considerou a visão He-
geliana do trabalho demasiada-
mente intelectual, abstrata e uni-
lateral ao passo que ignora o tra-
balho físico, material e seus pon-
tos negativos, incapaz de analisar
os problemas ligados à divisão
do trabalho, alienação e estratifi-
cação social, gerados, principal-
mente, com o advento do capita-
lismo. (KONDER, 1995)
Marx e Hegel concordavam que
através do trabalho o homem
modifica a natureza e cria a si
mesmo. A crítica de Marx à
ideologia hegeliana pode ser
compreendida a partir da con-
cepção marxista de homem,
onde este é constituído a partir
de suas relações materiais den-
tro de um contexto histórico, ao
passo que para Hegel não. Este
por sua vez considerava a reli-
giosidade, formadora da cons-
ciência, inerente ao homem.
(MARX, 2009)
A opção pelo ateísmo
leva Marx a abandonar os prin-
cípios idealistas de Hegel atre-
lados a religião, salvo o método
dialético, e a partir dos estudo
sobre o materialismo de Lud-
wig Feuerbach desenvolve sua
crítica. “Os filósofos se limita-
ram a interpretar o mundo de
diferentes maneiras; mas o que
importa é transformá-
lo.” (MARX, 2009, p.120) A
partir deste ponto o homem en-
tra em cena em seu real proces-
so de desenvolvimento, em um
processo ativo vital, onde a
história deixa de ser idealista,
especulativa. (MARX, 2009)
Quando deu à dialética a configu-
ração materialista necessária,
Marx expurgou-a das propensões
especulativas e adequou-a ao
trabalho científico. Ao invés de
subsumir a ontologia na lógica,
são as categorias econômicas e
sua história concreta que põem à
prova as categorias lógicas e lhes
imprimem movimento. […] Mas,
ao contrário de reprodução passi-
va, de reflexo especular do ser, o
pensamento se manifesta através
da ativa intervenção espiritual
que realiza o trabalho infindável
do conhecimento. (MARX, 1983,
p. 26)
Marx(2009) entende que a
divisão do trabalho, espiritual
(intelectual) e material, causa e
fruto do acúmulo de capital e
propriedade privada, gerados
dentro do sistema capitalista,
possibilita a existência de clas-
ses: dominantes, que serão a-
quelas que dispõe dos meios de
produção material e espiritual;
e dominadas. Esta estratifica-
ção social é ilustrada, de um
lado, pelos ideólogos
(formadores de ilusões a res-
peito de si), que constroem sua
ideologia de dominação ao pas-
so que os demais se relacionam
com essas ideias de forma pas-
siva e receptiva, impossibilita-
dos de produzir ideias e ilusões
a cerca de si, em suma, inó-
cuos.
Embora de modo pouco
convencional, O Capital
(MARX, 1983) conquista seu
espaço ao desenvolver, sem
qualquer exposição sistemática,
porém, aplicando em tudo e por
tudo, a metodologia do materi-
alismo dialético. As teorias le-
vantadas por Marx o colocam,
com todo o mérito, junto dos
criadores de ideias que marca-
ram época na construção do
conhecimento, de Aristóteles à
Hegel. A unificação interdisci-
plinar das Ciências Humanas,
feita por Marx, o possibilita
tecer críticas ao sistema capita-
lista e tornou-se instrumento
essencial para o seu estudo
geral.
Marx deixa seus escritos
dialéticos inacabados, concluí-
dos postumamente por Engels,
em três leis gerais da chamada
“dialética da natureza”: 1) da
passagem da quantidade à qua-
lidade e da qualidade à quanti-
dade; 2) da interpretação dos
contrários; 3) da negação da
negação. (MARX, 2009). Im-
portantes pensadores ainda de-
fenderam e usaram dos concei-
tos de Hegel e aperfeiçoamen-
tos de Marx à dialética, – desta-
cam-se Lênin; Georg Lukács;
11
Antonio Gramsci; e Walter Ben-
jamin – contudo, após a morte de
Lênin, desencadeia-se um movi-
mento antidialético, representado
principalmente por Josef Stálin,
após assumir a direção do PC da
URSS e do Estado Soviético, e-
xercendo enorme influência so-
bre o movimento comunista
mundial. (KONDER, 1995)
Em Marx, Engels e Lênin, a
prática exigia uma auto-reflexão
constante que possibilite o apri-
moramento da teoria ao passo
que para Stálin, “talentoso” sim-
plificador didático, as opiniões
contrárias produziam efeitos no-
civos e eram consideradas objeti-
vamente como anti-
revolucionárias, traidoras, agen-
tes inimigos. Esta deformação,
antidialética, do marxismo influ-
enciou profundamente, com sua
ideologia educativa subvertida,
gerações de comunistas no mun-
do inteiro. (KONDER, 1995)
Com a crise do “socialismo
real” e queda do marxismo dou-
trinal, só o que resta ainda de pé,
na estrutura marxista são movi-
mentos anticapitalistas nos países
ocidentais, consolidados dentro
de um regime capitalista, limita-
dos pela escassez de opções opo-
sitoras que apresentassem um
modelo alternativo ao já existen-
te, decadente. Definitivamente
não são os tempos áureos da dia-
lética, mas sim de grande retro-
cessos tanto teóricos como polí-
ticos, alvo de severas críticas fi-
losóficas e com suas bases fragi-
lizadas, insustentáveis frente a
ofensiva neoliberal, para alguns
já considerada morta, o “fim da
história”. (FOLLARI, 2008)
A dialética, para não ver decreta-
do de fim, perde seu sentido ho-
mogeneizador, sintético, totaliza-
dor, e da lugar a uma dialética
inconclusa, aberta, apresentando
sempre a necessidade do ato de
refazer-se. Não se encerrando
nos limites de uma razão abs-
trata, ela abre espaço à diferen-
ça, ao acontecimento e à subje-
tividade, mantendo-se viva. A
urgência de se recriar esta dia-
lética, criativa e aberta, para
que ela forneça subsídios à prá-
tica, como elemento extradisci-
plinar, orientado a reflexão só-
cio-politica é o desafio funda-
mental para compreensão de
qualquer prática, seja ela disci-
plinar ou interdisciplinar.
(FOLLARI, 2008)
Em síntese, a última con-
quista da contemporaneidade é
a descoberta da incerteza diante
do conhecimento, é a impossi-
bilidade de se colocar o objeto
conhecimento como outro qual-
quer, como ferramenta para
conhecer os demais objetos,
tendo em vista que justo ele,
influi, não só do sujeito ao ob-
jeto, mas do sujeito para ele
mesmo, de modo relativo.
(MORIN, 2003)
Em sua “Crítica da Ra-
zão Dialética", Sartre (apud
Konder, 1995, p.6) sustenta
que, “A dialética, como lógica
viva da ação, não pode apare-
cer a uma razão contemplativa.
(...) No curso da ação, o indiví-
duo descobre a dialética como
transparência racional enquanto
ele a faz, e como necessidade
absoluta enquanto ela lhe esca-
pa, quer dizer, simplesmente,
enquanto os outros a fazem. "
A busca por um método
determinista não passa de uma
abstração especulativa que ig-
nora o caráter relativo, parcial,
provisório de toda a construção
histórica. Para que o processo
seja efetuado de forma dialéti-
ca , é necessária a constante
revisão do mesmo, de suas ba-
ses, teorias e hipóteses. O que
importa realmente não é apenas
o conhecimento, mas, o movi-
mento que ele gera. A impor-
tância maior de se educar para
uma era planetária está profun-
damente ligada a uma práxis,
de uma reflexão teórica sobre a
realidade, como ação transfor-
madora. Qual o sentido da pes-
quisa senão a extensão, a busca
pela alteração social, pela revo-
lução, pela transgressão! Para
que fins despendemos, horas,
anos, vidas, de pesquisa, em
benefício de o quê ou de
quem? (FRIGOTTO, 2010)
REFERÊNCIAS
MARX; ENGELS. O capital: crítica
da economia política. São Paulo:
Abril Cultural, 1983
______________. Ideologia alemã.
São Paulo: Martin Claret, 2009
KONDER, Leandro. O que é dialé-
tica. São Paulo: Brasiliense, 1995
PADOVANI, H. História da Filoso-
fia. São Paulo: Melhoramentos, 1956
MORIN, Edgar. Educar na era pla-
netária. 2003
FRIGOTTO, Gaudêncio. O enfoque
da dialética materialista histórica
na pesquisa educacional. In FA-
ZENDA (org.). Metodologia da pes-
quisa educacional. São Paulo: Cor-
tez, 2010
FOLLARI, Roberto. Interdisciplina-
ridade e dialética: sobre um mal-
entendido. In JANTSCH, Ari. BI-
ANCHETTI, Lúcidio (orgs.). Inter-
disciplinaridade: para além da filo-
sofia do sujeito. Petrópolis: Vozes,
2008
12
Acredito ter dificuldade em
aceitar alguns fatos contidos na
Lei 9985/2000, Artigo 2º da
Constituição Federal que institui
o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação e outras provi-
dências discursando sobre as
questões legislativas no que se
refere a conservação da nature-
za. O texto da lei constitucional
que discursa sobre a Conserva-
ção da Natureza diz:
Conservação da natureza: o ma-
nejo do uso humano da natureza,
compreendendo a preservação, a
manutenção, a utilização sustentá-
vel, a restauração e a recuperação
do ambiente natural, para que
possa produzir o maior benefício,
em bases sustentáveis, às atuais
gerações, mantendo seu potencial
de satisfazer as necessidades e
aspirações das gerações futuras, e
garantindo a sobrevivência dos
seres vivos em geral; (BRASIL,
2000)
Através de observações fei-
tas rotineiramente sem um a-
companhamento científico mais
preciso, analisando a referida
lei, que conceitua a conservação
da natureza de maneira generali-
zada e observando a relação en-
tre as ações legislativas e o
comportamento humano, pude
concluir que a sobrevivência
mais importante para nós não
são dos seres vivos de maneira
“Geral”, com diz o texto da re-
ferida lei, mas sim de uma espé-
cie específica. Todas as ações e
projetos que existem em prol do
meio ambiente e da biodiversi-
dade, em conclusão, visam a
melhoria da qualidade de vida
das populações urbanas. Os tra-
balhos de Educação Ambiental
comprovam satisfatoriamente
este fato. Temos que nos esfor-
çar para mostrar às pessoas que
os recursos naturais são impor-
tantíssimos e estão intrínseca-
mente ligados entre si, e que
fazemos parte desta inteiração.
Fazemos trabalhos de sensibili-
zação para que não destruam,
não poluam, não matem, etc,
usando da melhor justificativa
que encontramos até o momen-
to: para que NÓS, NOSSOS fi-
lhos e NOSSOS netos que pre-
cisaram tanto destes recursos no
futuro, não acabem sem nada.
Sem muita estatística e com-
provação, talvez chutando alto,
vejo que de cada dez pessoas,
provavelmente uma se importa
relativamente com as questões
ambientais e os seres vivos de
maneira “geral”. É revoltante
perceber o desenvolvimento so-
cial como sinônimo de degrada-
ção ambiental. É irritante ver
uma criança de dez anos não
conseguir apreciar uma paisa-
gem, um animal, uma árvore e
entender a importância e a rela-
ção destas coisas para sua vida,
pois os conceitos de qualidade
de vida foram substituídos de
diversas formas por tecnologias,
futilidades, grandezas materiais
e a idéia de que o mundo e todas
as experiências contidas nele
estão dentro de um computador.
Quantos desmatamentos que
já ocorreram em área de APP
(Áreas de Preservação Perma-
nente) nos finais de semana?
Durante as madrugadas? Quanta
tinta, agrotóxicos são despeja-
dos diariamente em nossos rios
sem consideração com os seres
vivos de maneira “geral” ?
Quantos cortes de florestas
inteiras permitidos pelas leis do
homem? Como sabemos quanto
custa para uma espécie de ani-
mal, de planta, protozoário, ví-
rus, bactérias a retirada daquele
espaço? Como o homem foi in-
ventar uma desculpa que ajuda a
afirmar que estes impactos são
suficientemente reduzidos e po-
dem ser aplicados de maneira
geral para as áreas de floresta ou
de oceanos? Impactos reduzidos
em muitos lugares diferentes
não acabam por se tornar um
grande impacto globalizado?
O governo mostra-se incom-
petente desenvolvendo e orien-
tando leis que confundem as
pessoas com menos conheci-
mento, passando por cima das
mesmas sem hesitação quando
bem entendem. Porém para po-
derem continuar com esta roti-
na, disponibilizam trocados que
não conseguem roubar para a-
poiar projetos de educação am-
biental, restauração, recupera-
ção, preservação, bases susten-
táveis, sobrevivência de espé-
cies ameaçadas de extinção en-
tre muitos outros, fazendo-nos
pensar que estão preocupados
com tais causas e que desejam
uma melhora em tais questões.
Fazem-nos acreditar na idéia
de desenvolvimento sustentável,
de que existe sustentabilidade e
desenvolvimento econômico
concomitantemente. Mentira.
Quantos pedaços de florestas
inteiros foram cortados para dar
lugar à expansão imobiliária?
Quantas minas de ouro se extin-
guiram, quantos poços de petró-
leo secaram e quantas guerras e
brigas já foram travadas por to-
dos estes recursos naturais des-
de a antiguidade? E mais, uma
nova guerra “sedenta” esta para
começar, na verdade talvez esta
entre muitas outras seja uma
guerra que não venha a ter fim.
Não sei a resposta, não sei
mesmo se é o homem ou a in-
fluência do capitalismo, se é a
falta de educação de qualidade,
que causa toda essa bagunça
sem resposta. Não sei se tenho
vontade de trabalhar com con-
Renan Krawulski - Biólogo e Educador.
Pós-graduando em Ecologia.
e-mail: renankaiker@gmail.com
13
Repensar Conceitos
servação sendo que ninguém
quer conservar nada ou que eu só
quero conservar o que me con-
vém. Não sei se grupos de de-
bates, ONGs, projetos ou o que
podem ajudar. Não sei se minhas
ações isoladas ajudam mesmo ou
de quantas pessoas é preciso para
fazer a conservação de modo
“geral” dar certo. Não sei se a
sociedade unida pode dar a volta
nesta situação. Hoje talvez a me-
lhor opção fosse direcionar a
criticidade popular para o que
realmente importa ao invés de
moda, muito dinheiro e outros
estereótipos sociais. Porém a
sociedade não esta unida, pelo
contrário é individualizada e
cada dia mais sem instrução
política verdadeira. Tomara
que um dia haja resposta para
todas essas dúvidas e angústias.
Sei que estas idéias podem pa-
recer melancólicas, mas e daí?
O que é melancolia? Quem in-
venta e adota conceitos? Quem
que nos faz acreditar nas coi-
sas? É disso que se trata? Con-
ceitos? Modelos? Então me
ajudem a inventar um e a apli-
cá-lo de maneira que ajude os
seres vivos de maneira “geral”.
REFERÊNCIA
RASIL, Presidência da República: Casa
Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos.
Novo código ambiental. Lei Nº 9.985 de
18 de Julho de 2000. Brasília. 2000. Dis-
ponível em:< http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Leis/L9985.htm> acesso em
Abr. de 2011.
Sertanojo Universiotário
“Enquanto a miséria da música faz
farra, a arte mendiga pelo origi-
nal.” (Diego Alves da Silva)
Toda vida fui contra a
“modinha”! Nunca consegui en-
trar em seus padrões e considero
isso uma benção. A onda do mo-
mento é ouvir músicas do nível
mais baixo do Q.I. humano, não
bastou a onda do axé e do funk.
Sempre tem que ter a ignorância
da vez, afinal, sem burrice o bra-
sileiro não vive. É de suma im-
portância alimentar o cérebro
com os lixos culturais herdados
de uma geração de órfãos da sa-
bedoria. Eu conheci a “Merda”
com uma coloração marrom e a
geração contemporânea está co-
nhecendo a “Merda” colorida,
sem contar que as varejeiras que
se nutrem dos excrementos multi-
colores querem transformar o
mundo dando os glúteos. Acabou
-se a ideologia de fazer letras in-
teligentes. A onda agora é defecar
qualquer tipo de vulgaridade.
Não sei como tem gente que faz
do seu ouvi um penico, ou me-
lhor, uma latrina para escutar tan-
tas letras sem sentido, e pior que
isso é que levam essa moda como
uma filosofia de vida. Que deca-
dência! Às vezes chego à conclu-
são que seria melhor ser surdo
do que ouvir o banal banalizando
o que já é banal.
O memorando vai para o
“Sertanojo Universiotário”! A
originalidade faleceu atingida por
um meteoro da paixão e o pior
que só ficou um raio de saudades
de quando a música brasileira era
boa. “Tô de cara com você! Tô
de cara com você! Joga fora es-
ses novos LP´s”. A música bra-
sileira está sendo uma escola
para formar assassinos inimigos
da arte. Mas não posso somente
acusar o Luan Santana de ser um
psicopata musical, pois as quadri-
lhas das músicas abstratas se es-
palham rapidamente como um
câncer na sociedade brasileira e o
pior é que a maioria gosta de ser
infectados por essas doenças que
retardam a personalidade. A lava-
gem cerebral acontece de forma
natural, seja ela pelo sambanejo,
forronejo, enfim, por todas as
ramificações de uma música que
é ausente de conteúdo. O assunto
é sempre o mesmo: falar em trai-
ção, encher a cara de cerveja, ser
o rei da zona e se dar bem com a
mulherada. O dilema dessas bai-
xarias se resumem em três pala-
vras: beber, cair e levantar. A
geração está iludida aplaudindo
as falas mais desinformadas da
vida. Gostaria que você caro lei-
tor, refletisse sobre como a
música sertaneja universitária
pode ampliar o conhecimento de
alguém? Tal decadência deve ser
resultado das “amebas retardadas
em coma que freqüentam os su-
postos barzinhos em frente às
universidades”, não demora mui-
to para as cantinas universitárias
também virarem botecos. Acredi-
tam ser uma música de nível uni-
versitário. Nível universitário?
Como já dizia o Lobão em uma
entrevista da rádio jovem pan: “é
o fim! Um cara de classe univer-
sitária, que tem um nível univer-
sitário ainda ter um gosto tão
degenerescente pra ouvir esse
tipo de música, pois são babacas
formando babacas”. O comporta-
mento musical deixou de existir e
a criatividade morreu por falta de
bom senso e bom gosto.
A MPB já foi um dia a Músi-
ca Popular Brasileira, pois os
grandes empresários que apoiam
a modinha lutam contra a higieni-
zação mental do povo. Enquanto
a “Música Popular Bundaliza-
da” (MPB atual) for sucesso sem-
pre haverá oportunistas a lucrar
com a misere de um povo sem
cultura, sem cérebro, sem identi-
dade e futuramente sem músi-
cas...
Diego Alves da Silva - Educador, formado em Histó-
ria. Especialista no Ensino de História e Geografia.
e-mail: mandrakesbs@hotmail.com
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ALERTAS EM FOCO
Gisele Cristhiane da Silva - Licenciada
em Artes Visuais e pós-graduanda em Intedis-
ciplinaridade.
e-mail: gisele.cristhiane@univille.br
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ALERTAS DE OLH
Organização: Geremias Alves
Thiago Alex Dreveck
Feira do Livro 2011, São Bento do Sul, SC
Livro Humano, demasiado humano
(Friedrich Nietzsche) – R$ 3,00.
Livro sobre (Justin Bieber) – R$ 40,00.
Melhor nem comentar essa „usura...‟
R$ 27 milhões em 02 anos...
(Informe sobre investimentos da atual gestão
no município de SBS/SC)
Reforma na escola Castelo Branco – R$
55.843,00. O que parece reformado é o parque
de diversões... Ficou caro brincar!
A pretensa morte de Osama e o
Marketing político de Obama
Os Estados Unidos da América só apa-
rentam desejar a 'libertação' de países com
petróleo.
Internauta: Merísio para governador - 24 de junho de 2011
“Prezado Moacir:Acompanho diariamente seu blog e em função da minha atividade profissional, per-
corro semanalmente várias regiões de Santa Catarina. Tenho acompanhado a greve dos professores e a total
paralisia do governo do Estado. Cheguei a conclusão de que realmente estamos muito mal. E digo isso,
consciente de também ter sido enganado por aquele discurso de que “Santa Catarina tem pressa”! Se tem
pressa, porque está tudo parado? E votei no Colombo, achando que ele realmente iria colocar as pessoas em
primeiro lugar. E realmente colocou: em primeiro lugar as pessoas que financiaram a campanha dele! Estão
todos empregadinhos! Nesse sentido e em função de que o único cara que está fazendo alguma coisa nesse
governo é o Presidente da Assembléia, gostaria de propor que o Sr. Governador meditasse neste final de se-
mana e renunciasse ao cargo na próxima segunda..
Ele não faz absolutamente nada, não existem projetos neste governo e ainda quando toma uma atitu-
de, o Merisio tem que correr atrás para corrigir os erros que o Colombo comete. Não conheço o Presidente
da Assembléia, ma já vi que se trata de uma pessoa de atitude e de ações! Se ele teve que ligar para o Co-
lombo para pedir que retirasse a ação da justiça contra a greve dos professores e que não descontasse os dias
parados, mostra que no mínimo é bem intencionado. Então, para que o Colombo não venha a cometer mais
vexames, peço encarecidamente ao Governador que pense bem na minha proposta, porque a única coisa que
ele fez até agora, foi criar barriga! Está ficando obeso no governo e os professores morrendo de fome!
Senhor Governador! Entendo que o Sr. já começou o governo com essa cara de cansado, que não tem
Secretário da Casa Civil e nem conselheiros, porque se tivesse não estaria fazendo tanta besteira! Então re-
nuncie junto com o Eduardo, que pegou uma carona em barco furado e deixe o Merisio completar o gover-
no. Pelo menos ele parece ter vontade de fazer alguma coisa e ter bom senso, coisas que estão lhe faltando
ultimamente. Vai cuidar das suas vacas em Lages, porque das pessoas, já deu para ver que Vossa Excelência
não entende nada!
E Moacir, gostaria de saber porque nenhum instituto está fazendo pesquisas sobre a aprovação do go-
verno neste momento? Será medo dos arrependidos como eu, que nunca mais votarão nesse cidadão de fala
mansa, que prometeu secretariado técnico e encheu o governo de politiqueiros? Deve ser por alguma razão
assim… quem sabe… Obrigado pelo espaço de desabafo de mais um catarinense enganado!
Um grande abraço e continue com esse seu jornalismo de excelência.
Cordialmente. Edgar Souto, Florianópolis.”
Disponível em: http://wp.clicrbs.com.br/moacirpereira/2011/06/24/internauta-merisio-para-governador/?
topo=67,2,18,,,67
Acesso em: 01/07/2011.
E A GREVE DOS PROFESSORES DA REDE ESTADUAL DE SANTA CATARINA?
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Organização: Thiago Alex Dreveck
DICAS ALERTAS
“Em Contra um mundo melhor, lançado pela editora LeYa Brasil, Pondé
publica ensaios sobre a filosofia do cotidiano. Os ensaios reúnem temas variados
como a relação entre homens e mulheres; memórias da infância; fracasso; dinhei-
ro; egoísmo e humildade. Fiel ao seu estilo contundente, o autor recusa lugares-
comuns e uma postura conformista, procurando provocar o leitor para tirá-lo da
apatia.”
“Os ensaios possuem tamanhos variados, alguns mais curtos que outros, mas
todos breves, de modo a facilitar a leitura e adaptá-la a um cotidiano apressado. O
autor explica a opção pelos fragmentos afirmando que “a descontinuidade descre-
ve melhor uma filosofia do afeto, que se move a sobressaltos, e também porque o
cotidiano é descontínuo”. Reafirma seu ceticismo com frequência, o que o faz
recusar a busca insistente por um mundo melhor, que para Pondé, é uma impossi-
bilidade e também um falso objetivo. “
“Cansei da filosofia, por isso comecei a escrever para não filósofos, porque a
universidade, antes um lugar de gente inteligente, se transformou num projeto
contra o pensamento. Todos são preocupados em construir um mundo melhor e
suas carreiras profissionais. E como quase todas são pessoas feias, fracas e po-
bres, sem ideias e sem espírito inquieto, nada nelas brota de grandioso, corajoso
ou humilde. Eu não acredito num mundo melhor. E não faço filosofia para melho-
rar o mundo. Não confio em quem quer melhorar o mundo. É isso mesmo: acho
um mundo de virtuosos (principalmente esses virtuosos modernos que acreditam
em si mesmos) um inferno”. (p. 19)
Disponível em:http://www.cpflcultura.com.br/site/2010/11/23/lancamento-de-
livro-contra-um-mundo-melhor-ensaios-do-afeto-de-luiz-felipe-ponde/
Acesso em: 01/07/2011.
CONTRA UM MUNDO MELHOR: ENSAIOS DO AFETO –
LUIZ FELIPE PONDÉ
O cantor, compositor, músico experimental e jardineiro Tom Zé
lançou pela Biscoito Fino o DVD O pirulito da ciência, Tom Zé &
Banda Ao Vivo. Uma verdadeira retrospectiva que carrega além de
24 composições importantíssimas de sua carreira, casos divertidos de
episódios de sua vida, imagens, palavras e melodias de um dos artis-
tas mais importantes da música brasileira de todos os tempos.
“...na música popular brasileira, ele é o que há de mais próximo
de um matemático-roqueiro.” Jon Pareles - New York Times
"Músicas de inteligência assimétrica, que desafiam tranqüila-
mente as regras ... do pop brasileiro, que dizem que [a música] deve
ser apenas agradável. ...melodias... equivalentes as de seus melhores
contemporâneos...e também construções musicais de ângulos salien-
tes... versos curtos ... padrão minimalista e também sinuosidade do
samba e ritmos carnavalescos. Jogos de palavras, associações surpre-
endentes, leveza maior que a de alguns de seus pares americanos,
como Frank Zappa." Jon Pareles - The New York Times
"The Best of Tom Zé" (Luaka Bop, 1990) está entre os 10 ME-
LHORES ÁLBUNS DA DÉCADA no mundo ("Essential Recor-
dings os the 90's") da Revista Rolling Stone, e é o único brasileiro
entre os 150 álbuns selecionados .
Disponível em: http://www.tomze.com.br/
Acesso em: 01/07/2011.
TOM ZÉ - O PIRULITO DA CIÊNCIA (2010)
Produção Independente