Post on 28-Jul-2020
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
POR UM NOVO APRENDER: ESTRATÉGIAS DE
APRENDIZAGEM APLICADAS NO ENSINO
FUNDAMENTAL
Por: Jéssica Mendes de Oliveira
Orientador
Prof. Luiz Ferreira
Teresópolis
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
POR UM NOVO APRENDER: ESTRATÉGIAS DE
APRENDIZAGEM APLICADAS NO ENSINO
FUNDAMENTAL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicopedagogia
Por: Jéssica Mendes de Oliveira
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AGRADECIMENTOS
....a todos aqueles que nesse caminho
de aprendizagem fazem parte da
minha história......
4
DEDICATÓRIA
A Maria primeira educadora da história
que com seu exemplo renova a
esperança de uma educação capaz de
trazer dias melhores ao mundo.
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RESUMO
Com aplicação das estratégias de aprendizagem em sala de aula busca-
se compreender sua viabilidade em turma regulares e como isso ocorre. Será
realmente possível utilizar as estratégias de aprendizagem em prol de uma
otimização do saber?Quais contribuições trazem essa aplicação? Quais
dificuldades serão encontradas ao serem utilizadas essas estratégias com
turmas regulares do ensino fundamental. A pesquisa busca através da prática
mostrar uma experiência onde o uso do mapa mental como estratégia de
aprendizagem é aplicado revelando seus efeitos e resultado no processo de
aprendizagem.
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METODOLOGIA
Após a realização de uma pesquisa bibliográfica foram selecionadas algumas
pesquisas recentes sobre a neurociência e mais especificamente sobre as
estratégias de aprendizagem para que pudesse ser um aporte teórico para o
trabalho.
Embasado nas leituras realizadas a pesquisa teve sua aplicação prática onde
foi realizada a estratégia do mapa mental na aprendizagem dos alunos.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Questões atuais na aprendizagem 09
CAPÍTULO II - As inovações da neurociência
na educação 15
CAPÍTULO III – As estratégias de aprendizagem: 23
experiências de sucesso
CAPÍTULO IV-Metodologia da pesquisa 27
CONCLUSÃO 33
BIBLIOGRAFIA 35
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INTRODUÇÃO
Fazer com que os alunos aprendam é o principal objetivo da educação
que vem buscando sucesso na aprendizagem por um caminho que vem sendo
marcado por insucessos. Tal insucesso é bastante questionado na tentativa de
descobrir se é fracasso por parte dos alunos que não aprendem ou
incapacidade por parte de quem ensina.
Nesse cenário educacional onde o aprender nem sempre é alcançado a
neurociência vem apresentando conhecimentos que podem ser inovadores e
reveladores para nossa atuação pedagógica.
Por um novo aprender é o caminho que os conhecimentos
neurocientíficos estão nos oportunizando contribuindo com saberes até então
desconhecidos.
O presente trabalho aborda as contribuições da neurociência na
educação além de apresentar algumas experiências de sucesso com aplicação
de estratégias de aprendizagem e realizar um trabalho prático de aplicação de
estratégia de aprendizagem através da elaboração do mapa mental com o
objetivo de verificar as implicações e resultados obtidos nessa aplicação e
analisar se houve potencialização da aprendizagem dos alunos
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CAPÍTULO I
QUESTÕES ATUAIS NA APRENDIZAGEM
“A neurociência e o desvendar dos estudos dos cérebros na sala de
aula podem e muito contribuir para uma educação mais justa e
menos excludente...” (Marta Relvas)
A sociedade na qual vivemos demanda que o sujeito tenha sempre êxito
e sucesso em tudo que faz. E a aprendizagem também está inserida nessa
demanda. Espera-se que o aluno deve ser sempre aquele com padrões altos
de aprendizagem para que seja visto como um estudante de sucesso. No
entanto a realidade se apresenta de forma diferente da demanda. Não temos
turmas homogêneas que se desenvolvem nos mesmos padrões e assim a
demanda e a realidade se defrontam na busca do sucesso na
aprendizagem.Exige-se padrões elevados de aprendizagem sem que se tenha
clareza do que realmente é esse processo .
Professores se inquietam na tentativa frustrante de levar todos a
alcançarem os mesmos níveis de aquisição de conhecimento. E assim atuam
em uma busca incansável de sucesso na qual vê o sujeito apenas como
aquele que necessita aprender.
A aprendizagem assim é vista de forma simplista que não leva em conta
diversos fatores envolvidos nessa ação.
Durante muitos anos o ensino baseava-se na transmissão de
conhecimentos onde o aluno passivamente era alguém que estava pronto a
receber os saberes e guardá-los consigo. O papel do professor era o de mero
transmissor do saber.
Logo essa visão foi superada trazendo em seu lugar a concepção do
aluno que participa da construção do seu conhecimento. E a figura do
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professor assumiu um papel de um sujeito que interage com seu aluno num
processo de troca levando-o a elevar seus níveis de aprendizagem.
Porém nem sempre a aprendizagem atende as expectativas e apresenta
o tão temido fracasso escolar. A aprendizagem tão desejada mostra índices de
fracasso preocupantes em nossa sociedade brasileira. Como vemos em
Boruchovitch (sem ano) o sistema educacional brasileiro sofre problemas muito
sérios e um dos principais fatores é o alto índice de repetência.
A repetência nos leva a questionar sobre o que tem falhado no processo
de aprendizagem. De forma alguma o problema está na incapacidade do aluno
de aprender e o que podemos questionar é sobre a nossa capacidade de
ensinar.
Assistimos a discursos que isentam de culpa os educadores. Discursos
onde o aluno é sempre o foco da culpa pelo fracasso e nesse jogo de culpados
praticamos uma educação onde a responsabilidade pelo ato de educar dá a
vez para uma busca incansável pela origem do fracasso.
Diante desse cenário de fracasso faz-se necessário compreender que o
discurso na busca da origem do fracasso não é mais uma opção da escola.
Cabe as escolas compreenderem como ocorre a aprendizagem e entender
como aperfeiçoar e elevar os níveis de aprendizagem de seus alunos. Não se
trata mais de transferir conhecimentos. Os avanços no conhecimento nos
apresentam um aluno complexo e que requer condições básicas para
aprender.
Compreender que aluno é esse é uma tarefa da escola e de todos os
envolvidos no ato educativo. Para atuar antes de tudo é preciso compreender
tudo que ocorre durante esse processo.
Para que ocorra a aprendizagem vários fatores estão envolvidos e
dentre eles a estratégia de aprendizagem adequada para cada sujeito e para
isso se faz necessário ter clareza de como se dá o processo de aprendizagem.
Os avanços nas pesquisas e as teorias mais recentes tem se
preocupado em como ocorre o processo de aprendizagem, quais fatores
envolvidos e como fazer o aluno realmente aprender.
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Os estudos e pesquisas em neurociência vem crescendo e trazendo a
tona um aluno que não é apenas um sujeito que precisa de interação. O aluno
apresentado é antes de tudo possuidor de uma máquina complexa e potente
chamada cérebro.
A neurociência vem enriquecer a prática docente tornando-a consciente
de toda complexidade envolvida no ato de aprender. O professor precisa
reconhecer o processo de aprendizagem em todos os seus âmbitos. O aluno
de hoje não é mais aquele que víamos como quem precisa apenas receber
conteúdos. Hoje eles se apresentam a nós como sujeitos que possuem um
sistema nervoso central em toda sua complexidade e com inúmeras conexões
nervosas em constante funcionamento e que necessitam alcançar a máxima
da aprendizagem pelos caminhos que respeitem seu funcionamento físico-
químico.
De acordo com Relvas (2012) a neurociência nos traz um aluno
biológico. Um aluno que para aprender não requer apenas de um ensino
favorável. A neurociência nos ensina que muito além de apenas métodos está
um sistema complexo que depende de condições adequadas de ensino.
A neurociência vem esclarecer o que ocorre durante o processo de
aprender evidenciando o cérebro como o órgão principal da aprendizagem.
Diante desses novos conhecimentos está o grande desafio de conseguir que a
educação e a neurociência consigam se inter-relacionar de forma harmônica.
As contribuições da neurociência não vem trazer um novo método de
ensino. Diferente disso ela vem contribuir com esclarecimentos até então
desconhecidos entre sujeitos da educação que promovam o aprender sob um
novo olhar.
Para Relvas (2012) o educador nesse contexto torna-se um investigador
e um potencializador de inteligências. Chegamos a um momento educacional
que requer um novo perfil de educador. Requer um educador que compreenda
seu aluno em toda sua complexidade físico, químico, emocional, ou seja, o
veja como um sujeito antes de tudo biológico.
Professores precisam compreender como funciona todo processo de
aprendizagem e saiba explorar seus alunos para que alcancem seu máximo
12
potencial. Faz-se necessário uma teoria que compreenda o processo de
aprender que o desmistifique e o torne claro não só para professores, mas
para todos os envolvidos no processo de aprendizagem.
É preciso levar o aluno a compreender como se dá seu próprio processo
de aprendizagem na sua tornando-o consciente e atuante aprendizagem. E
para isso podemos contar com a contribuição da neurociência que nos traz as
estratégias de aprendizagem.
“As estratégias de aprendizagem são técnicas ou métodos que os
alunos usam para adquirir a informação.” (Dembo, 1994 in. Boruchovitch sem
ano,) Sendo assim as estratégias auxiliam o processo de aprendizagem
levando ao aluno a compreensão e reflexão de seu processo. Além disso,
entendem que o sujeito tem meios próprios para aprender que torna esse
processo mais fácil e eficiente.
Carrasco (2004 in Portilho 2011) define as estratégias como o modo de
atuar que facilita a aprendizagem. Compreendendo cada aluno em sua
individualidade as estratégias de aprendizagem vem dar ao estudante
autonomia em compreender como melhor aprende e utilizar isso para
potencializar seu desenvolvimento.
Pesquisas realizadas com o uso das estratégias de aprendizagem
mostram avanços significativos na aquisição do conhecimento. Sujeitos que
utilizaram algum tipo de estratégia mostram melhoras consideráveis em
relação aos que não participaram.
Em pesquisa realizada por Silva (2012) buscava-se responder se era
possível melhorar a qualidade de aprendizagem em leitura e escrita com
aplicação da neurociência e podemos notar em seus resultados um aumento
significativo na qualidade da aprendizagem por parte dos alunos que
participaram em relação aos outros. Além do ganho na aprendizagem a autora
cita ganhos também na auto-estima dos alunos uma vez que percebem seus
avanços mostraram mais auto-estima diante de seu processo de
aprendizagem.
Boruchovitch (2003) também desenvolveu uma pesquisa prática com
intervenção em melhorar a leitura dos alunos. A pesquisa faz com que o aluno
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utilize estratégias de aprendizagem específicas para leitura. Assim como a
pesquisa que desenvolvo busca-se a utilização das estratégias de
aprendizagem para uma aprendizagem mais efetiva. Os resultados e análise
dos efeitos da pesquisa da autora ainda estão em andamento.
Embora os conhecimentos da neurociência venham se intensificando
nos últimos tempos ainda há carência em pesquisas com enfoque prático que
mostrem não só a teoria, mas tragam seus resultados. No entanto as poucas
que existem já nos revelam bons resultados além de mostrar que é possível
desenvolver esses conhecimentos no campo educacional. Nesse cenário que
apresenta escassez essa pesquisa busca contribuir para disseminação desses
novos conhecimentos.
Boruchovitch (sem ano) cita algumas pesquisas realizadas com uso de
estratégias de aprendizagem e também apresentaram avanços na
aprendizagem dos alunos. Ela ressalta que para utilização das estratégias de
aprendizagem é necessário trino por parte dos alunos para que saibam quando
e como utilizá-las.
Essas estratégias são utilizadas muitas vezes pelos alunos sem que
eles tenham clareza desse uso. É o uso espontâneo que foi desenvolvido
através da experiência em aprender.
Boruchovitch (sem ano) realizou uma pesquisa que investigava o uso
espontâneo de estratégias de aprendizagem. Seus resultados nos mostram
que foi identificado o uso das estratégias de aprendizagem, porém a autora
relata que as estratégias não são muito diversificadas e que os estudantes as
vezes fazem uso inapropriado para o tipo de atividade.
As estratégias de aprendizagem estão a favor da educação objetivando
um aluno capaz de supervisionar seu processo de cognição e potencializar sua
aprendizagem além de resgatar o aluno com dificuldade acreditando que todos
podem aprender.
Valdés (2003) realizou uma pesquisa onde apresenta questões para se
ensinar estratégias de aprendizagem e nelas podemos notar a figura do aluno
como aquele responsável e consciente de seu desenvolvimento cognitivo.
Além disso, traz a idéia de que para ter alunos estratégicos se faz necessário
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antes de tudo ter professores estratégicos. E acredito ser esse um novo
desafio educacional. Como fazer com que professores se tornem estratégicos?
A neurociência traz alunos que são compreendidos como sujeitos
capazes de aprender, porém com características diferentes e cabe o educador
junto ao estudante conseguir encontrar qual forma de aprender se adéqua a
cada sujeito. Boruchovitch (sem ano) afirma que as estratégias de
aprendizagem podem ser ensinadas aos alunos com baixo rendimento escolar
e é possível ensinar a todos a ampliar suas notas. Além disso, afirma que
“apesar de ser um investimento de longo prazo é possível e está totalmente
dentro dos limites educacionais a idéia de que todo aluno pode ser bem
sucedido e auto-regulado.”
A neurociência traz uma nova visão da inteligência. Apresentando-a não
mais como estática e imoldável. Ela acredita na intervenção e na capacidade
de evolução através de mecanismos que compreendem que a educação antes
de tudo passa pelo ser biológico e moldável.
Diante desse universo que vem desvendar áreas até então
desconhecidas do saber a presente pesquisa visa contribuir nesse cenário
trazendo uma aplicação prática desses novos conhecimentos.
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CAPÍTULO II
AS INOVAÇÕES DA NEUROCIÊNCIA NA EDUCAÇÃO
“Ensinar sem ter o conhecimento de
como o cérebro aprende é como desenhar uma luva sem ter a noção de como uma
mão se parece” (Leslie Hart, 1983).
Como citado no capítulo anterior à neurociência tem avançado e sido
propagada nos discursos da educação. A educação sempre vista como tema
da área restritamente pedagógica vem ganhando contribuições valiosas do
campo da ciência com ligações a área da saúde.
“As descobertas das neurociências estão esclarecendo alguns dos
mecanismos cerebrais responsáveis por funções mentais importantes na
aprendizagem” (Guerra, 2011). Os novos conhecimentos não vem nos
apresentar um novo método de ensino ao contrário disso, vem nos levar a ter
uma compreensão de como ocorre a aprendizagem e ampliar nossa visão
simplista de que a aprendizagem é apenas o uso de bons métodos de ensino
revelando assim toda complexidade existente nesse processo que é antes de
tudo biológico.
”Esta começando a ser desvendada, a
relação entre como o cérebro humano se desenvolve, os
circuitos neurais e os mecanismos biológicos que afetam a
aprendizagem, a linguagem, o comportamento e a saúde do
indivíduo ao longo de sua existência”. (Bartoszeck, sem ano
pág.2)
A educação hoje se depara com um grande desafio de articular os
novos conhecimentos da ciência a sua realidade pedagógica. Guerra (2011)
ressalta essa articulação de conhecimentos apresentando em seu texto a ideia
16
de ir da euforia aos desafios e possibilidades. A euforia seria a crença de que a
neurociência vem transformar totalmente a educação e abolir todos os
problemas de aprendizagem trazendo métodos eficazes e como desafio e
possibilidades cita essa articulação de conhecimentos e aplicação na
educação de acordo com cada realidade educacional.
“É importante entender a diferença entre conhecer os mecanismos
cerebrais, compreender os processos mentais resultantes destes e aplicá-los
na prática pedagógica” (Guerra, 2011). Compartilho dessa afirmação, pois
acredito ser de real necessidade distinguir esses conceitos. Conhecer os novos
saberes apresentados pela neurociência não é o suficiente para que altere a
prática docente. O conhecimento por si só não traz impactos ao fazer
pedagógico sendo assim ele precisa ser compreendido de fato para que o
professor saiba como, quando e porque utilizá-lo e os utilize de forma
consciente. Os novos saberes exigem do professor ir além do conhecer
levando-o a uma compreensão mais profunda que o torne além de conhecedor
um profissional que compreenda e saiba utilizar tais saberes em prol de uma
prática mais eficaz e que respeite o indivíduo em sua arquitetura biológica.
Essa arquitetura biológica até então desconhecida vem resignificar a
aprendizagem atribuindo a ela diversos fatores envolvidos e dando ao cérebro
sua devida importância. Professores enfrentam o grande desafio se tornar
potencializadores de aprendizagem utilizando de forma correta e eficaz as
contribuições da neurociência para maximizar o potencial de seus alunos. “O
melhor método é aquele que proporciona na maioria dos indivíduos o
aperfeiçoamento de suas habilidades e o desenvolvimento de suas
potencialidades”. (Siqueira e Giannetti, 2011)
E não é só a compreensão do professor que precisa ser alterada com as
contribuições da neurociência o ambiente escolar é outro fator que precisa ser
repensado, pois sua atual organização privilegia a homogeneidade e ainda não
considera os aspectos individuais e as condições necessárias de cada sujeito.
“É preciso reconfigurar esse lugar de forma que se possa promover uma maior
convergência entre ciência, aprendizagem, ensino e educação”. (Relvas, 2012)
A organização escolar hoje privilegia um espaço onde trata de forma igualitária
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todos os sujeitos e promove uma educação homogênea que não atende as
individualidades dos alunos.
Em Bartoszeck (sem ano) observamos uma pesquisa realizada com
ratos expostos a ambientes estimulados onde contata-se que eles
desenvolviam até 25% mais sinapses do que outros ratos que ficavam em
ambientes isolados sem a presença de estímulos. Com essa experiência
observamos a importância de um ambiente que favoreça e promova o
desenvolvimento da aprendizagem. A escola não pode mais ser um espaço frio
sem estímulo onde o aluno não é provocado em todos os ambientes até
mesmo porque sabemos que em muitas realidades a escola é o único
ambiente onde a criança tem a oportunidade de ser desafiada e estar disposta
a certos estímulos.
Sabemos que tudo isso demanda tempo e entendimento, pois o espaço
escolar é um ambiente complexo e multifacetado e a medida em que
professores forem atribuindo a neurociência ao seu fazer pedagógico a
educação e consequentemente o ambiente escolar vão se reconfigurando. “É
necessário caminhar com cuidado, refletir cuidadosamente e verificar até que
ponto pode alcançar, no presente, um relatório colaborativo sobre o
aprendizado e o cérebro.” (Overview, 2002)
E diante de todo esse universo de novos conhecimentos está o aluno
que como já citado é antes de tudo um sujeito biológico que requer condições
básicas e essenciais a sua aprendizagem. Na medida em que o professor
compreender esse novo sujeito logo terá uma visão diferenciada para seus
alunos e para sua atuação.
Uma visão que o compreenda em todos seus aspectos e que oportunize
condições adequadas a sua aprendizagem. “Para aprender é preciso
maturação e integração de diversas áreas cerebrais envolvidas no processo.”
(Siqueira e Giannetti 2011)
A neurociência atribui ao aluno responsabilidade diante de sua
aprendizagem o tornando um sujeito ativo em seu processo cognitivo. O
professor assim é um sujeito que contribui para estimular a autonomia e
maturidade dos alunos.
18
“Aprender e adquirir conhecimento deve-se a atividades neurais e
sinapses que ocorrem entre os neurônios.” (Leite, 2008) Aprender é um
processo que ocorre no cérebro através de um processo químico-elétrico.
Compreendendo a aprendizagem como antes de tudo um processo biológico
percebemos a necessidade de conhecer todo esse processo e entender o que
ocorre com nosso aluno durante nossas aulas.
Precisamos ter o entendimento de como o cérebro vai receber, usar,
armazenar, repassar e expressar a informação que passamos para ele.A
compreensão do que acontece com o aluno durante o processo de aprender
pode tornar mais efetivo e coerente nosso processo de ensinar.
Uma das contribuições mais esclarecedoras da neurociência sobre
como ocorre à aprendizagem é acerca da sinapse. “A sinapse transfere
informações de um neurônio para outro através de processos eletroquímicos.”
(Kandel, 1991 in Costa 2000). Assim poderíamos afirmar que a aprendizagem
é o aumento das forças sinápticas.
A sinapse, portanto é o próprio processo de aprendizagem, pois através
da troca de informação entre os neurônios se dá a aquisição do conhecimento.
A aprendizagem começa com um estímulo físico-químico vindo do
ambiente e é transformado em impulso nervoso pelos órgãos dos sentidos. Daí
a importância do ambiente em que a criança vive, pois quanto mais
estimulador e desafiador for esse ambiente mais essa criança será estimulada.
Essa aquisição do conhecimento conta com a memória que também é
de extrema importância na aprendizagem. “O processo de aquisição de novas
informações que vão ser retidas na memória é chamado de aprendizagem”
(Zago, sem ano). Sendo assim a memória é a retenção das informações que
se armazenam que pode ser: de longa duração ou de curta duração. Vale
ressaltar que existem tipos de memória. A seguir definirei a memória de curta e
de longa duração, pois é de extrema necessidade que professores
compreendam sua importância e também suas diferenças.
Zago (sem ano) define a memória de curta duração ou operacional
como uma memória que destina-se a retenção das informações por um curto
período de tempo. Nessa memória o que é ensinado fica retido por um período
19
bem curto de tempo e logo se esquece. Ela é conhecida também por memória
de trabalho exatamente por ser uma memória momentânea.
Já a memória de longa duração é aquela onde estão armazenadas as
informações nas quais nunca mais esquecemos. Sendo assim o ensino eficaz
onde o aluno realmente aprende é aquele que a informação vai para sua
memória de longo prazo. “A aprendizagem é basicamente um mecanismo de
memória.” (Bartszeck sem ano)
A memória pode ser moldada isto é, fortalecida e também enfraquecida.
“Se o estímulo é inócuo ou não prove recompensas, o animal reduz e até
mesmo suprimes suas resposta ao estímulo” (Costa, 2000). Sendo assim a
aprendizagem deve ser um processo de fortalecimento feito através do reforço
de sinapses e ser estimulante ao aluno, pois como citado esse sem
recompensas pode até mesmo suprimir suas respostas.
“A motivação e os reforços positivos são fundamentais na aprendizagem.”
(Siqueira e Giannetti 2010). Muitos discursos já ressaltam a importância da
motivação e reforço no processo de aprendizagem. E a neurociência também
atribui a esses conceitos sua importância no processo de aprendizagem.
“As emoções proporcionam aos aprendizes um cérebro mais ativo e quimicamente estimulado, o que os ajuda a melhor recordar o que foi estudado, pois elas desencadeiam mudanças químicas que alteram os estados mentais e também o comportamento do indivíduo.” (Jensen 2002 in Leite, 2008)
Jensen (2002) nos esclarece que muito mais do que um aprendizado
prazeroso as emoções envolvidas na aprendizagem agem diretamente no
cérebro do aluno alterando os estados mentais do sujeito. Diante dessa
compreensão podemos refletir acerca de nossa atuação pedagógica tendo em
vista que ela pode ser beneficiada se envolvermos as emoções e o estímulo,
mas em contrapartida pode ser até suprimida se não houver a participação
desses dois conceitos relevantes ao processo de aprender.
Com toda essa compreensão acerca das emoções e reforços o
educador deve sempre estar atento a sua postura diante do aluno sempre
levando em consideração a influência desses conceitos na aprendizagem.
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Uma palavra, um olhar, uma atitude tudo dever ser medido sempre tendo em
vista que pode afetar diretamente a aprendizagem do aluno.
Ao falar dos conhecimentos trazidos pela neurociência não há como não
citar a grande descoberta: plasticidade. Esse termo advindo pelas novas
descobertas neurocientíficas vem nos revelar a incrível capacidade do cérebro
em modificar-se.
“A plasticidade neural refere-se às alterações estruturais e funcionais as
sinapses, como resultado dos processos adaptativos do organismo” (Sá e
Medalha, 2001). A plasticidade nos revela a capacidade do cérebro em se
modificar de acordo com as experiências sofridas.
A aprendizagem gera modificação funcional e comportamental. Uma vez
aprendido o cérebro muda até mesmo sua estrutura e logo o sujeito altera seu
comportamento. “A experiência da aprendizagem pode também modificar a
arquitetura funcional do cérebro. (Sá e Medalha, 2001)
Relvas (2012) traz a ideia do cérebro como um órgão social que pode
ser modificado pela prática pedagógica. Sendo assim nossa prática
pedagógica está diante de uma grande responsabilidade, pois temos a
oportunidade de através de intervenção adequada alterar as estruturais
cerebrais de um sujeito.
Outra descoberta importante ao educador acerca da plasticidade é o
fato de quanto mais novo o sujeito maior sua capacidade plástica. “Já que
nesta fase a plasticidade neural é máxima, os grandes escultores do cérebro
infantil são os atendentes das creches e os professores da pré-escola.” (Sant’
Ana et all, 2002)
Diante desse novo saber atribui-se ao professor pré-escolar sua grande
responsabilidade, pois a criança que se apresenta diante dele está com uma
potencia plástica que precisa ser trabalhada e potencializada em sua máxima.
Em Overview (sem ano) vemos um exemplo dessa plasticidade presente
nas crianças, pois ele destaca que o aprendizado da segunda língua quando
feito pela criança á aprendido com maior facilidade. “Quanto mais cedo, mais
fácil e mais rápido.” (apud). Porém vale destacar que embora a plasticidade na
infância seja maior isso não quer dizer que adultos não podem obter novas
21
aprendizagens, pois o cérebro continua receptivo a novas informações para
toda vida.
“A ideia que a inteligência humana é estritamente limitada ou,
resumidamente, em oferta limitada, parece estranha atualmente” (Overview,
sem ano). Essa é uma questão que já não cabe mais nos discursos atuais,
pois a neurociência já contradisse essa ideia com o esclarecimento da
plasticidade. Hoje já se sabe que o cérebro é uma potente máquina capaz de
evoluir e modificar-se. Embora saibamos da influência genética e cultural ainda
assim a inteligência é capaz de ser potencializada e alcançar padrões maiores
através de esforço e aprendizagem capaz de alterar suas estruturais.
Diante desse universo de novos conhecimentos que vem sendo
disseminados a educação se vê em um momento de importantes descobertas
capazes de tornar o ensino de fato eficaz e menos excludente, pois a
neurociência acredita que todo sujeito é capaz de alcançar seu potencial
máximo. “Quando acreditamos no seu potencial e na sua capacidade cognitiva
elas aprendem” (Domingos, 2007). Acreditar que todo aluno tem capacidade
de aprender é um dos muitos ensinamentos que devemos apreender da
neurociência, pois só assim será superado a excludência e a busca da
homogeneidade.
Chegamos à era do professor que é capaz de perceber e intervir no seu
aluno em seu processo biológico fazendo com que este alcance seu máximo
potencial através da aplicação dos conhecimentos da neurociência.
“As estratégias pedagógicas utilizadas por educadores durante o
processo ensino-aprendizagem são estímulos que produzem a reorganização
do SN em desenvolvimento, resultando em mudanças comportamentais”
(Guerra, 2011). É necessário que a aprendizagem sempre seja o foco de todo
trabalho e levar o aluno a alcançá-la é de responsabilidade do professor.
Essa ciência que tem trazido tantos conceitos essenciais a educação
não vem se sobrepor aos conhecimentos pedagógicos já existentes. Diferente
disso ela vem contribuir para que o trabalho realizado pela educação seja mais
eficaz e respeite o indivíduo em todos seus aspectos.
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A neurociência aliada à educação pode revolucionar o processo de
aprendizagem tornando-o mais coerente ao processo biológico dos alunos. As
inovações trazidas pela neurociência precisam ser disseminadas no campo
educacional.
Essas inovações vem nos revelar que realmente é o aluno e como de
fato ele aprende. Possibilitando uma atuação mais eficaz e coerente ao seu
processo.
23
CAPÍTULO III
AS ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM:
EXPERIÊNCIAS DE SUCESSO
Como vimos no capítulo anterior os avanços da neurociência vem
emergindo a cada dia e expandindo os conhecimentos acerca da
aprendizagem. Alguns conceitos importantes já citados acima estão causando
novos modos de ensinar e também novas formas de aprender.
O aluno biológico é bem mais complexo e capaz do que pensávamos.
Ele não é mais um agente passivo em seu processo de aprendizagem. O aluno
apresentado pela neurociência é o sujeito principal de seu desenvolvimento
cognitivo. E esse sujeito é entendido em sua individualidade visto como um
sujeito único levando em conta suas características e descobrindo suas formas
de aprender.
“Pesquisas tem sugerido que é possível ajudar os alunos a exercer mais
controle e refletir sobre seu próprio processo de aprendizagem, através de
estratégias de aprendizagem.” (Boruchovitch, sem ano). As estratégias de
aprendizagem é outro conceito importante que vem atrelado aos novos
conhecimentos neurocientíficos atribuindo ao aluno responsabilidade sobre
seu processo e ao professor o conhecimento capaz de compreender a
individualidade de cada sujeito e também formas de potencializar o
conhecimento.
Segundo Boruchovitch (sem ano) as estratégias de aprendizagem vem
sendo definidas como sequências de procedimentos ou atividades que se
escolhem com o propósito de facilitar a aquisição, o armazenamento e/ou a
utilização da informação.
Cavelluccci (sem ano) alerta que uma única forma de transmitir o
conhecimento não é capaz de atingir todos os aprendizes da mesma maneira,
pois assim busca-se a homogeneidade que já sabemos ser uma forma errônea
de compreender os indivíduos que são sujeitos únicos e possuidores de
características e estratégias próprias.
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As estratégias de aprendizagem atribuem ao aluno respeito a sua
individualidade e o compreende em suas habilidades e preferências. Elas vem
dar ao aluno compreensão de seu processo de aquisição de informação e mais
do que isso vem orientá-lo para intervir em seu processo o tornando mais
adequado ao seu estilo e mais eficaz. “A consciência dos nossos próprios
estilos melhora nosso desempenho nos mais variados contextos, não só no
educacional.” (Cavellucci, sem ano)
As estratégias são utilizadas muitas vezes pelos alunos sem que eles
tenham clareza desse uso. É o uso espontâneo que foi desenvolvido através
da experiência em aprender. É preciso levar o aluno a compreender como se
dá seu próprio processo de aprendizagem.
Pesquisas práticas com aplicação das estratégias de aprendizagem
ainda vem sendo propagadas de forma escassa no entanto é animador o
resultado trazido pelas poucas pesquisas existentes. Em Boruchovitch (2007)
são citadas algumas pesquisas já realizadas e nelas podemos notar os
resultados positivos que nos mostram ser possível aplicar as estratégias e
potencializar a aprendizagem.
Mesmo diante de um cenário escasso de pesquisa voltado a aplicação
de estratégias de aprendizagem é bem significativo os resultados das poucas
pesquisas existentes. Elas nos mostram resultados positivos que indicam
avanços na aprendizagem de alunos que participaram e utilizaram as
estratégias.
De acordo Boruchovitch (sem ano) diante da escassez de pesquisas
voltadas aos impactos das estratégias de aprendizagem no desempenho
escolar de alunos brasileiros e em relação aos resultados positivos de
pesquisas já realizadas se faz necessário a realização e condução de mais
pesquisas nessa área com alunos e professores brasileiros. Segundo a autora
as pesquisa tem revelado que até mesmo as crianças pequenas podem fazer
uso das estratégias de aprendizagem embora a maioria das pesquisas estejam
sendo aplicadas com alunos universitários e do segundo grau dos países
desenvolvidos.
25
Silva (2012) realizou uma pesquisa em Lisboa de intervenção em leitura
e escrita com crianças do 3º ano que apresentavam dificuldades. O objetivo
era verificar se através da aplicação de um programa baseado na neurociência
é possível desenvolver e melhorar o processo de leitura e escrita. Os alunos
participaram de testes no inicio do programa e ao final e através de gráficos e
tabelas que apresentam os resultados da pesquisa podemos analisar que os
resultados do segundo teste revelam melhoras significativas na leitura e escrita
dos estudantes. Nas conclusões a autora revela que as evoluções na leitura e
escrita não foram os únicos resultados obtidos com a aplicação do programa,
mas obteve resultados também no desempenho escolar dos alunos que
perceberam seus avanços e adquiriram maior auto-estima e segurança para se
desenvolver.
“Alunos com baixo rendimento escolar podem beneficiar-se muito de
intervenções em estratégias de aprendizagem” (Boruchovitch 2007). Vale
ressaltar que as estratégias de aprendizagem podem e devem ser utilizadas
também com alunos com baixo rendimento escolar a fim de promovê-lo e
oportunizá-lo a evoluir em seu processo educacional.
Essa pesquisa não aplicou uma estratégia de aprendizagem específica.
Ela reuniu em sessões aplicações de atividades embasadas nos
conhecimentos neurocientífico que de certa forma atribuem estratégias em seu
desenvolvimento. E os resultados nos permitem compreender avanços quando
o trabalho desenvolvido respeita o processo biológico e individual do aprendiz.
Costa (2005, in Boruchovitch 2007) também conduziu uma pesquisa
com uso de estratégias de aprendizagem focando a escrita. Com alunos da 6º
série de uma escola pública de Goiás buscava uma melhor qualidade na
produção de textos narrativos. Os alunos participaram de sete sessões
baseadas em estratégias específicas de produção de textos e os resultados
mostram que o uso das estratégias foram muito úteis para melhorar a
produção textual dos alunos.
Tanto na pesquisa realizada por Silva (2012) quanto na realizada por
Costa (2000) podemos observar resultados de sucesso com a utilização das
estratégias de aprendizagem e isso vem nos afirmar que essa realidade de
26
potencialização do conhecimento é possível na realidade educacional
brasileira.
Aquino (1999 in Boruchovitch 2007) cita uma pesquisa que desenvolveu
com estudantes de uma escola agrotécnica no Brasil onde buscava a
promoção do rendimento escolar dos alunos e para isso foi utilizado um
programa de promoção cognitiva desenvolvido em Portugal. Os resultados
apresentados em sua pesquisa mostram que o programa foi eficiente.
Boruchovitch (2007) afirma que as pesquisas nacionais realizadas com
estudantes de cursos superiores referem-se ao uso da metacognição e
atestam uma melhora no desempenho que participaram da intervenção.
Em Boruchovitch (2007) é citado um grupo de pesquisas e estudos
denominado GEPESP que já conduziram três pesquisas com intervenção em
estratégias de aprendizagem e através delas mais uma vez constata-se
resultados positivos em relação ao desempenho dos estudantes participantes.
Todas as pesquisas citadas acima nos apresentam resultados
animadores revelando melhora no desempenho dos alunos. Embora ainda
esteja em sua fase inicial à intervenção em estratégias de aprendizagem vem
sendo inseridas aos poucos no contexto educacional brasileiro através de
pesquisas práticas que nos mostram a viabilidade dessa intervenção em
contextos comuns.
Que as pesquisas realizadas e seus resultados animadores possam
disseminar em estímulo para a promoção da intervenção em estratégias de
aprendizagem de modo que professores possam ser motivados a acreditar que
iniciativas que promovam a capacidade dos alunos são possíveis de serem
realizadas através do uso dos conhecimentos da neurociência em beneficio de
uma educação de qualidade que atue consciente de sua prática e com clareza
de seus objetivos além de utilizar métodos adequados a cada aluno e
desenvolva estratégias capazes de levar o estudante a alcançar sua máxima
cognitiva.
27
CAPÍTULO IV
METODOLOGIA DA PESQUISA
A pesquisa, desenvolvida com 10 alunos que frequentam o 3º ano do
ensino fundamental de uma escola pública da rede regular do município de
Teresópolis, teve os seguintes passos: 1) seleção de um conteúdo; 2) divisão
da turma em dois grupos: grupo 1 – organização do conteúdo através de um
mapa mental feita em uma aula e sob a orientação do professor; grupo 2 –
submetidos a aula expositiva do conteúdo dentro do padrão de aulas; 3)
realização de um mesmo teste com ambos os grupos para verificação da
aprendizagem; 6) análise dos resultados obtidos no teste para cada grupo,
considerando a análises do conteúdo. O texto será analisado dentro de
perspectivas, conforme expressa (MORAES, R. Análise de Conteúdo: limites e
possibilidades. In: ENGERS, M.E.A. (Org). Paradigmas e metodologias de
pesquisa em educação. Porto Alegre, EDIPUCRS, 1994).
O conteúdo escolhido para realização da pesquisa foi o sistema
digestório que já era previsto para ser aplicado nesse período. Antes de ser
aplicado o mapa mental, foi realizada uma cautelosa análise do rendimento de
10 alunos para que pudessem ser divididos em dois grupos. O critério para a
definição dos indivíduos de cada grupo obedeceu a seguinte diretriz: a partir do
rendimento dos alunos de modo que, em ambos os grupos, tivessem alunos de
alto, médio e baixo rendimento – baseado nos resultados em testes anteriores
- para que a análise dos resultados fosse realizada de forma mais fidedigna e
válida.
As aulas de ciências na maioria das vezes são aulas expositivas com
uma breve apresentação do conteúdo seguido de algum exercício relacionado
ao tema. Procurando atender aos princípios de aprendizagem trazidos pela
neurociência a pesquisa utilizou a aplicação do mapa mental para
apresentação do conteúdo substituindo assim a aula expositiva, esta
28
apresentada para apenas um dos grupos, para que fosse possível realizar um
comparativo entre o grupo que utilizou o mapa mental e o que não usou.
O mapa mental foi escolhido como estratégia de aprendizagem baseado
no conhecimento da neurociência que apresenta meios de compreender como
se dá o processo de aprendizagem e revela maneiras de se potencializar esse
processo. Assim, o uso de mapas mentais vai de encontro ao fato de que “(...)
o estudo das estratégias de aprendizagem é fundamental para aqueles que
desejam conhecer melhor o seu processo de aprendizagem e,
consequentemente, obterem mais qualidade e eficácia nos resultados”
(Portilho, 2011 pág. 89)
Dessa forma, os dois grupos foram compostos de acordo com a
descrição: os grupos serão compostos de 2 alunos que apresentam bom
rendimento escolar; 1 aluno que apresenta um rendimento médio; 2 alunos
com rendimento abaixo da média da turma. Como já definido, esta divisão foi
feita considerando os desempenhos já apresentados por estes alunos em
avaliações anteriores. Após a separação dos grupos foi selecionado o dia da
aplicação. A atividade foi desenvolvida entre 15:30 às 16:50. Também foi
definido que o grupo 1 executaria o mapa mental e grupo 2 teria uma aula
expositiva do conteúdo. Foram seguidos os seguintes passos:
1º passo: os grupos foram separados e encaminhados para sua tarefa
específica – confeccionar o mapa mental ou assistir a aula expositiva padrão;
2º passo: o grupo 2 recebeu a aula expositiva apresentando o conteúdo do
sistema digestório;
3º passo: o grupo 1 recebeu orientações e materiais diversos par confecção
do mapa mental, como Valdés, 2003.diversas imagens e uma folha em branco
para poder fazer o mapa mental; Além disso foi explicado o que seria feito para
que os alunos pudessem compreender todo processo;
4º passo: após a aula expositiva e a produção do mapa mental a divisão dos
grupos foi desfeita e cada aluno voltou para seu lugar na sala de aula.
6º passo: a etapa final foi à aplicação de um teste de verificação de
conhecimentos (sistema digestório). Os dois grupos receberam a mesmas
29
pergunta e tiveram o mesmo tempo para responder a seguinte questão:
Escreva tudo que você sabe sobre o sistema digestório.
RESULTADOS
Os resultados foram avaliados considerando a qualidade e quantidade do texto
produzido quando comparado ao texto básico utilizado em ambas as turmas
para exposição do conteúdo e confecção do mapa mental. Esta análise do
conteúdo relacionou, também, a exatidão dos conceitos expressos. Como
exemplo de um mapa mental observe a figura 1.
Figura 1
30
Após a aplicação do mapa metal e da aula expositiva verificou-se o seguinte:
ALTO MÉDIO BAIXO
GRUPO 1
1. Mostrou domínio do conteúdo respondendo a questão de forma muito completa. 2. Mostrou domínio do conteúdo respondendo a questão de forma muito completa além de ter realizado em menor tempo da turma, respondendo em apenas 5 minutos.
1. Apresentou boa
resposta a questão
com detalhes e
realização em um
curto tempo cerca
de 10 minutos.
1. Respondeu a
questão apresentando
as principais funções
embora não tenha
apresentado muitos
detalhes. Utilizou 15
minutos para responder
a questão.
2. Sua resposta
apresentou algumas
funções básicas do
sistema digestório
embora não tenha
nomeado os órgãos de
forma correta. Utilizou
15 minutos para
responder a questão.
GRUPO 2
1. Em um único
parágrafo respondeu
a questão
corretamente,
porém não continha
muitos detalhes.
Utilizou 15 minutos.
2. A questão foi
respondida de forma
correta utilizando os
nomes certos para os
órgãos em um único
parágrafo. Utilizou 10
minutos.
1. Embora tenha dito
estar com dúvida na
hora de responder
apresentou um
parágrafo correto
com poucos
detalhes, porém
mostrando bem o
funcionamento do
sistema
digestório.Utilizou 20
minutos.
1. Respondeu a
questão dizendo
apenas a importância
da alimentação com
poucas palavras.
Utilizou cerca de 20
minutos.
2. Não conseguiu
responder a questão
deixando em branco e
utilizou cerca de 30
minutos para tentar
responder.
31
Grupo 1: de acordo com os critérios estabelecidos para análises, este grupo
obteve resultados superiores, tanto na qualidade quanto na quantidade de
informações. Esse grupo realizou a avaliação de forma mais precisa,
apontando os conceitos principais e detalhando bem o funcionamento do
sistema digestório. Os alunos com bom rendimento e com rendimento médio
realizaram a avaliação mostrando todo funcionamento sem apresentar
nenhuma dificuldade durante a avaliação. Os alunos com rendimento baixo
conseguiram realizar a avaliação, porém com menos detalhes do que os outros
alunos com rendimento superior. Alunos que apresentam bastante dificuldade
de aprendizagem mostraram resultados melhores do que normalmente
apresentam.
Outro fator a ser considerado é o curto tempo em que esse grupo
realizou a atividade entre 5 e 10 minutos todos os alunos realizaram a
avaliação.
Nota-se nas avaliações que a escrita dos alunos apresenta nitidamente
reflexos do mapa mental, pois todos escreveram na ordem em que o mapa
mental foi realizado e alguns apresentavam até a mesma fala utilizada no
momento em que o mapa foi sendo construído.
Grupo 2: na avaliação os alunos de bom rendimento produziram um texto
inferior tanto qualitativamente quanto quantitativamente, quando comparados
ao texto base da aula, quanto quando comparados com os textos doa alunos
do grupo 1, mesmo aqueles com desempenho inferior nas avaliações
anteriores para classificação do desempenho. Na análise textual não
verificamos os detalhes de conteúdos.
Os alunos de rendimento médio apresentaram uma explicação um
pouco confusa embora tenham conseguido apresentar também aos principais
funções assim como os alunos de bom rendimento.
Já os alunos de baixo rendimento não conseguiram realizar a avaliação.
Os dois alunos responderam em apenas uma frase como funciona o sistema
digestório e a resposta não era correta e não condizia com o que foi
apresentado.
32
Para realizar a avaliação esse grupo demorou cerca de 30 minutos e na
realização disseram estar com dificuldades e alguns afirmavam que não
sabiam responder.
O grupo 1 apresentou o texto entre 40 e 50 palavras todas elas
relacionadas com o texto básico enquanto o grupo 2 apresentou um texto de
19 à 30 palavras sendo que essas não eram iguais as apresentadas no texto
básico. No grupo 2 apenas os dois alunos de alto rendimento utilizaram as
palavras relacionadas enquanto os outros explicaram sem utilizar as palavras
de referência.
33
CONCLUSÃO
Hoje a educação vive uma realidade onde o ensinar nem sempre tem
sido alcançado atribuindo para escola à imagem de uma instituição que tem
fracassado diante de tantos desafios e incertezas.
E diante desse cenário a educação se depara com novos
conhecimentos que vem sendo propagados e se tornam uma descoberta de
extrema importância para educação. Esses conhecimentos são trazidos pela
neurociência como vimos no presente trabalho e tem atribuído à educação um
caráter mais científico e descobridor dos sujeitos e suas complexidades
presentes no ambiente escolar.
Os estudos realizados acerca das estratégias de aprendizagem revelam
resultados animadores e promissores e para contribuir para esse cenário de
novas formas de ensinar com eficácia a presente pesquisa também obteve
resultados de sucesso em sua experiência prática com o uso do mapa mental.
A pesquisa possibilitou vivenciar a utilização da estratégia de
aprendizagem e verificar seus resultados na aprendizagem dos alunos. Assim
foi possível observar que os alunos que participaram da utilização do mapa
mental obtiveram melhores resultados em sua aprendizagem comparados aos
outros alunos que não utilizaram o mapa mental.
Esse resultado nos leva a acreditar que é possível alcançar uma
aprendizagem eficaz e elevar os índices de ensino de nossos alunos inclusive
daqueles que não tem um bom rendimento. Na pesquisa os alunos de baixo
rendimento que participaram do uso do mapa mental também elevaram seus
resultados diante da avaliação nos alertando ser possível superar as
dificuldades e deficiências com o uso de técnicas e estratégias adequadas a
cada sujeito e que compreenda seu funcionamento cognitivo em toda sua
abrangência.
Acredito que a educação está diante de um novo saber que pode ser de
grande valia para o trabalho docente, pois respeita o aluno como um sujeito
34
biológico e que necessita de algumas condições para sua aprendizagem. A
pesquisa mostrou ser possível aplicar tais conhecimentos e que eles podem
fazer parte do trabalho docente e não são intangíveis a realidade escolar.
Que a pesquisa possa impulsionar educadores a acreditar que a escola
deve ser a responsável pelo ensinar e que é possível alcançar tal objetivo com
o uso de estratégias corretas para cada sujeito.
35
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