DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · esperança de uma educação capaz de trazer...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA POR UM NOVO APRENDER: ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM APLICADAS NO ENSINO FUNDAMENTAL Por: Jéssica Mendes de Oliveira Orientador Prof. Luiz Ferreira Teresópolis 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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  • UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

    AVM FACULDADE INTEGRADA

    POR UM NOVO APRENDER: ESTRATÉGIAS DE

    APRENDIZAGEM APLICADAS NO ENSINO

    FUNDAMENTAL

    Por: Jéssica Mendes de Oliveira

    Orientador

    Prof. Luiz Ferreira

    Teresópolis

    2013

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    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

    AVM FACULDADE INTEGRADA

    POR UM NOVO APRENDER: ESTRATÉGIAS DE

    APRENDIZAGEM APLICADAS NO ENSINO

    FUNDAMENTAL

    Apresentação de monografia à AVM Faculdade

    Integrada como requisito parcial para obtenção do

    grau de especialista em Psicopedagogia

    Por: Jéssica Mendes de Oliveira

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    ....a todos aqueles que nesse caminho

    de aprendizagem fazem parte da

    minha história......

  • 4

    DEDICATÓRIA

    A Maria primeira educadora da história

    que com seu exemplo renova a

    esperança de uma educação capaz de

    trazer dias melhores ao mundo.

  • 5

    RESUMO

    Com aplicação das estratégias de aprendizagem em sala de aula busca-

    se compreender sua viabilidade em turma regulares e como isso ocorre. Será

    realmente possível utilizar as estratégias de aprendizagem em prol de uma

    otimização do saber?Quais contribuições trazem essa aplicação? Quais

    dificuldades serão encontradas ao serem utilizadas essas estratégias com

    turmas regulares do ensino fundamental. A pesquisa busca através da prática

    mostrar uma experiência onde o uso do mapa mental como estratégia de

    aprendizagem é aplicado revelando seus efeitos e resultado no processo de

    aprendizagem.

  • 6

    METODOLOGIA

    Após a realização de uma pesquisa bibliográfica foram selecionadas algumas

    pesquisas recentes sobre a neurociência e mais especificamente sobre as

    estratégias de aprendizagem para que pudesse ser um aporte teórico para o

    trabalho.

    Embasado nas leituras realizadas a pesquisa teve sua aplicação prática onde

    foi realizada a estratégia do mapa mental na aprendizagem dos alunos.

  • 7

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO 08

    CAPÍTULO I - Questões atuais na aprendizagem 09

    CAPÍTULO II - As inovações da neurociência

    na educação 15

    CAPÍTULO III – As estratégias de aprendizagem: 23

    experiências de sucesso

    CAPÍTULO IV-Metodologia da pesquisa 27

    CONCLUSÃO 33

    BIBLIOGRAFIA 35

  • 8

    INTRODUÇÃO

    Fazer com que os alunos aprendam é o principal objetivo da educação

    que vem buscando sucesso na aprendizagem por um caminho que vem sendo

    marcado por insucessos. Tal insucesso é bastante questionado na tentativa de

    descobrir se é fracasso por parte dos alunos que não aprendem ou

    incapacidade por parte de quem ensina.

    Nesse cenário educacional onde o aprender nem sempre é alcançado a

    neurociência vem apresentando conhecimentos que podem ser inovadores e

    reveladores para nossa atuação pedagógica.

    Por um novo aprender é o caminho que os conhecimentos

    neurocientíficos estão nos oportunizando contribuindo com saberes até então

    desconhecidos.

    O presente trabalho aborda as contribuições da neurociência na

    educação além de apresentar algumas experiências de sucesso com aplicação

    de estratégias de aprendizagem e realizar um trabalho prático de aplicação de

    estratégia de aprendizagem através da elaboração do mapa mental com o

    objetivo de verificar as implicações e resultados obtidos nessa aplicação e

    analisar se houve potencialização da aprendizagem dos alunos

  • 9

    CAPÍTULO I

    QUESTÕES ATUAIS NA APRENDIZAGEM

    “A neurociência e o desvendar dos estudos dos cérebros na sala de

    aula podem e muito contribuir para uma educação mais justa e

    menos excludente...” (Marta Relvas)

    A sociedade na qual vivemos demanda que o sujeito tenha sempre êxito

    e sucesso em tudo que faz. E a aprendizagem também está inserida nessa

    demanda. Espera-se que o aluno deve ser sempre aquele com padrões altos

    de aprendizagem para que seja visto como um estudante de sucesso. No

    entanto a realidade se apresenta de forma diferente da demanda. Não temos

    turmas homogêneas que se desenvolvem nos mesmos padrões e assim a

    demanda e a realidade se defrontam na busca do sucesso na

    aprendizagem.Exige-se padrões elevados de aprendizagem sem que se tenha

    clareza do que realmente é esse processo .

    Professores se inquietam na tentativa frustrante de levar todos a

    alcançarem os mesmos níveis de aquisição de conhecimento. E assim atuam

    em uma busca incansável de sucesso na qual vê o sujeito apenas como

    aquele que necessita aprender.

    A aprendizagem assim é vista de forma simplista que não leva em conta

    diversos fatores envolvidos nessa ação.

    Durante muitos anos o ensino baseava-se na transmissão de

    conhecimentos onde o aluno passivamente era alguém que estava pronto a

    receber os saberes e guardá-los consigo. O papel do professor era o de mero

    transmissor do saber.

    Logo essa visão foi superada trazendo em seu lugar a concepção do

    aluno que participa da construção do seu conhecimento. E a figura do

  • 10

    professor assumiu um papel de um sujeito que interage com seu aluno num

    processo de troca levando-o a elevar seus níveis de aprendizagem.

    Porém nem sempre a aprendizagem atende as expectativas e apresenta

    o tão temido fracasso escolar. A aprendizagem tão desejada mostra índices de

    fracasso preocupantes em nossa sociedade brasileira. Como vemos em

    Boruchovitch (sem ano) o sistema educacional brasileiro sofre problemas muito

    sérios e um dos principais fatores é o alto índice de repetência.

    A repetência nos leva a questionar sobre o que tem falhado no processo

    de aprendizagem. De forma alguma o problema está na incapacidade do aluno

    de aprender e o que podemos questionar é sobre a nossa capacidade de

    ensinar.

    Assistimos a discursos que isentam de culpa os educadores. Discursos

    onde o aluno é sempre o foco da culpa pelo fracasso e nesse jogo de culpados

    praticamos uma educação onde a responsabilidade pelo ato de educar dá a

    vez para uma busca incansável pela origem do fracasso.

    Diante desse cenário de fracasso faz-se necessário compreender que o

    discurso na busca da origem do fracasso não é mais uma opção da escola.

    Cabe as escolas compreenderem como ocorre a aprendizagem e entender

    como aperfeiçoar e elevar os níveis de aprendizagem de seus alunos. Não se

    trata mais de transferir conhecimentos. Os avanços no conhecimento nos

    apresentam um aluno complexo e que requer condições básicas para

    aprender.

    Compreender que aluno é esse é uma tarefa da escola e de todos os

    envolvidos no ato educativo. Para atuar antes de tudo é preciso compreender

    tudo que ocorre durante esse processo.

    Para que ocorra a aprendizagem vários fatores estão envolvidos e

    dentre eles a estratégia de aprendizagem adequada para cada sujeito e para

    isso se faz necessário ter clareza de como se dá o processo de aprendizagem.

    Os avanços nas pesquisas e as teorias mais recentes tem se

    preocupado em como ocorre o processo de aprendizagem, quais fatores

    envolvidos e como fazer o aluno realmente aprender.

  • 11

    Os estudos e pesquisas em neurociência vem crescendo e trazendo a

    tona um aluno que não é apenas um sujeito que precisa de interação. O aluno

    apresentado é antes de tudo possuidor de uma máquina complexa e potente

    chamada cérebro.

    A neurociência vem enriquecer a prática docente tornando-a consciente

    de toda complexidade envolvida no ato de aprender. O professor precisa

    reconhecer o processo de aprendizagem em todos os seus âmbitos. O aluno

    de hoje não é mais aquele que víamos como quem precisa apenas receber

    conteúdos. Hoje eles se apresentam a nós como sujeitos que possuem um

    sistema nervoso central em toda sua complexidade e com inúmeras conexões

    nervosas em constante funcionamento e que necessitam alcançar a máxima

    da aprendizagem pelos caminhos que respeitem seu funcionamento físico-

    químico.

    De acordo com Relvas (2012) a neurociência nos traz um aluno

    biológico. Um aluno que para aprender não requer apenas de um ensino

    favorável. A neurociência nos ensina que muito além de apenas métodos está

    um sistema complexo que depende de condições adequadas de ensino.

    A neurociência vem esclarecer o que ocorre durante o processo de

    aprender evidenciando o cérebro como o órgão principal da aprendizagem.

    Diante desses novos conhecimentos está o grande desafio de conseguir que a

    educação e a neurociência consigam se inter-relacionar de forma harmônica.

    As contribuições da neurociência não vem trazer um novo método de

    ensino. Diferente disso ela vem contribuir com esclarecimentos até então

    desconhecidos entre sujeitos da educação que promovam o aprender sob um

    novo olhar.

    Para Relvas (2012) o educador nesse contexto torna-se um investigador

    e um potencializador de inteligências. Chegamos a um momento educacional

    que requer um novo perfil de educador. Requer um educador que compreenda

    seu aluno em toda sua complexidade físico, químico, emocional, ou seja, o

    veja como um sujeito antes de tudo biológico.

    Professores precisam compreender como funciona todo processo de

    aprendizagem e saiba explorar seus alunos para que alcancem seu máximo

  • 12

    potencial. Faz-se necessário uma teoria que compreenda o processo de

    aprender que o desmistifique e o torne claro não só para professores, mas

    para todos os envolvidos no processo de aprendizagem.

    É preciso levar o aluno a compreender como se dá seu próprio processo

    de aprendizagem na sua tornando-o consciente e atuante aprendizagem. E

    para isso podemos contar com a contribuição da neurociência que nos traz as

    estratégias de aprendizagem.

    “As estratégias de aprendizagem são técnicas ou métodos que os

    alunos usam para adquirir a informação.” (Dembo, 1994 in. Boruchovitch sem

    ano,) Sendo assim as estratégias auxiliam o processo de aprendizagem

    levando ao aluno a compreensão e reflexão de seu processo. Além disso,

    entendem que o sujeito tem meios próprios para aprender que torna esse

    processo mais fácil e eficiente.

    Carrasco (2004 in Portilho 2011) define as estratégias como o modo de

    atuar que facilita a aprendizagem. Compreendendo cada aluno em sua

    individualidade as estratégias de aprendizagem vem dar ao estudante

    autonomia em compreender como melhor aprende e utilizar isso para

    potencializar seu desenvolvimento.

    Pesquisas realizadas com o uso das estratégias de aprendizagem

    mostram avanços significativos na aquisição do conhecimento. Sujeitos que

    utilizaram algum tipo de estratégia mostram melhoras consideráveis em

    relação aos que não participaram.

    Em pesquisa realizada por Silva (2012) buscava-se responder se era

    possível melhorar a qualidade de aprendizagem em leitura e escrita com

    aplicação da neurociência e podemos notar em seus resultados um aumento

    significativo na qualidade da aprendizagem por parte dos alunos que

    participaram em relação aos outros. Além do ganho na aprendizagem a autora

    cita ganhos também na auto-estima dos alunos uma vez que percebem seus

    avanços mostraram mais auto-estima diante de seu processo de

    aprendizagem.

    Boruchovitch (2003) também desenvolveu uma pesquisa prática com

    intervenção em melhorar a leitura dos alunos. A pesquisa faz com que o aluno

  • 13

    utilize estratégias de aprendizagem específicas para leitura. Assim como a

    pesquisa que desenvolvo busca-se a utilização das estratégias de

    aprendizagem para uma aprendizagem mais efetiva. Os resultados e análise

    dos efeitos da pesquisa da autora ainda estão em andamento.

    Embora os conhecimentos da neurociência venham se intensificando

    nos últimos tempos ainda há carência em pesquisas com enfoque prático que

    mostrem não só a teoria, mas tragam seus resultados. No entanto as poucas

    que existem já nos revelam bons resultados além de mostrar que é possível

    desenvolver esses conhecimentos no campo educacional. Nesse cenário que

    apresenta escassez essa pesquisa busca contribuir para disseminação desses

    novos conhecimentos.

    Boruchovitch (sem ano) cita algumas pesquisas realizadas com uso de

    estratégias de aprendizagem e também apresentaram avanços na

    aprendizagem dos alunos. Ela ressalta que para utilização das estratégias de

    aprendizagem é necessário trino por parte dos alunos para que saibam quando

    e como utilizá-las.

    Essas estratégias são utilizadas muitas vezes pelos alunos sem que

    eles tenham clareza desse uso. É o uso espontâneo que foi desenvolvido

    através da experiência em aprender.

    Boruchovitch (sem ano) realizou uma pesquisa que investigava o uso

    espontâneo de estratégias de aprendizagem. Seus resultados nos mostram

    que foi identificado o uso das estratégias de aprendizagem, porém a autora

    relata que as estratégias não são muito diversificadas e que os estudantes as

    vezes fazem uso inapropriado para o tipo de atividade.

    As estratégias de aprendizagem estão a favor da educação objetivando

    um aluno capaz de supervisionar seu processo de cognição e potencializar sua

    aprendizagem além de resgatar o aluno com dificuldade acreditando que todos

    podem aprender.

    Valdés (2003) realizou uma pesquisa onde apresenta questões para se

    ensinar estratégias de aprendizagem e nelas podemos notar a figura do aluno

    como aquele responsável e consciente de seu desenvolvimento cognitivo.

    Além disso, traz a idéia de que para ter alunos estratégicos se faz necessário

  • 14

    antes de tudo ter professores estratégicos. E acredito ser esse um novo

    desafio educacional. Como fazer com que professores se tornem estratégicos?

    A neurociência traz alunos que são compreendidos como sujeitos

    capazes de aprender, porém com características diferentes e cabe o educador

    junto ao estudante conseguir encontrar qual forma de aprender se adéqua a

    cada sujeito. Boruchovitch (sem ano) afirma que as estratégias de

    aprendizagem podem ser ensinadas aos alunos com baixo rendimento escolar

    e é possível ensinar a todos a ampliar suas notas. Além disso, afirma que

    “apesar de ser um investimento de longo prazo é possível e está totalmente

    dentro dos limites educacionais a idéia de que todo aluno pode ser bem

    sucedido e auto-regulado.”

    A neurociência traz uma nova visão da inteligência. Apresentando-a não

    mais como estática e imoldável. Ela acredita na intervenção e na capacidade

    de evolução através de mecanismos que compreendem que a educação antes

    de tudo passa pelo ser biológico e moldável.

    Diante desse universo que vem desvendar áreas até então

    desconhecidas do saber a presente pesquisa visa contribuir nesse cenário

    trazendo uma aplicação prática desses novos conhecimentos.

  • 15

    CAPÍTULO II

    AS INOVAÇÕES DA NEUROCIÊNCIA NA EDUCAÇÃO

    “Ensinar sem ter o conhecimento de

    como o cérebro aprende é como desenhar uma luva sem ter a noção de como uma

    mão se parece” (Leslie Hart, 1983).

    Como citado no capítulo anterior à neurociência tem avançado e sido

    propagada nos discursos da educação. A educação sempre vista como tema

    da área restritamente pedagógica vem ganhando contribuições valiosas do

    campo da ciência com ligações a área da saúde.

    “As descobertas das neurociências estão esclarecendo alguns dos

    mecanismos cerebrais responsáveis por funções mentais importantes na

    aprendizagem” (Guerra, 2011). Os novos conhecimentos não vem nos

    apresentar um novo método de ensino ao contrário disso, vem nos levar a ter

    uma compreensão de como ocorre a aprendizagem e ampliar nossa visão

    simplista de que a aprendizagem é apenas o uso de bons métodos de ensino

    revelando assim toda complexidade existente nesse processo que é antes de

    tudo biológico.

    ”Esta começando a ser desvendada, a

    relação entre como o cérebro humano se desenvolve, os

    circuitos neurais e os mecanismos biológicos que afetam a

    aprendizagem, a linguagem, o comportamento e a saúde do

    indivíduo ao longo de sua existência”. (Bartoszeck, sem ano

    pág.2)

    A educação hoje se depara com um grande desafio de articular os

    novos conhecimentos da ciência a sua realidade pedagógica. Guerra (2011)

    ressalta essa articulação de conhecimentos apresentando em seu texto a ideia

  • 16

    de ir da euforia aos desafios e possibilidades. A euforia seria a crença de que a

    neurociência vem transformar totalmente a educação e abolir todos os

    problemas de aprendizagem trazendo métodos eficazes e como desafio e

    possibilidades cita essa articulação de conhecimentos e aplicação na

    educação de acordo com cada realidade educacional.

    “É importante entender a diferença entre conhecer os mecanismos

    cerebrais, compreender os processos mentais resultantes destes e aplicá-los

    na prática pedagógica” (Guerra, 2011). Compartilho dessa afirmação, pois

    acredito ser de real necessidade distinguir esses conceitos. Conhecer os novos

    saberes apresentados pela neurociência não é o suficiente para que altere a

    prática docente. O conhecimento por si só não traz impactos ao fazer

    pedagógico sendo assim ele precisa ser compreendido de fato para que o

    professor saiba como, quando e porque utilizá-lo e os utilize de forma

    consciente. Os novos saberes exigem do professor ir além do conhecer

    levando-o a uma compreensão mais profunda que o torne além de conhecedor

    um profissional que compreenda e saiba utilizar tais saberes em prol de uma

    prática mais eficaz e que respeite o indivíduo em sua arquitetura biológica.

    Essa arquitetura biológica até então desconhecida vem resignificar a

    aprendizagem atribuindo a ela diversos fatores envolvidos e dando ao cérebro

    sua devida importância. Professores enfrentam o grande desafio se tornar

    potencializadores de aprendizagem utilizando de forma correta e eficaz as

    contribuições da neurociência para maximizar o potencial de seus alunos. “O

    melhor método é aquele que proporciona na maioria dos indivíduos o

    aperfeiçoamento de suas habilidades e o desenvolvimento de suas

    potencialidades”. (Siqueira e Giannetti, 2011)

    E não é só a compreensão do professor que precisa ser alterada com as

    contribuições da neurociência o ambiente escolar é outro fator que precisa ser

    repensado, pois sua atual organização privilegia a homogeneidade e ainda não

    considera os aspectos individuais e as condições necessárias de cada sujeito.

    “É preciso reconfigurar esse lugar de forma que se possa promover uma maior

    convergência entre ciência, aprendizagem, ensino e educação”. (Relvas, 2012)

    A organização escolar hoje privilegia um espaço onde trata de forma igualitária

  • 17

    todos os sujeitos e promove uma educação homogênea que não atende as

    individualidades dos alunos.

    Em Bartoszeck (sem ano) observamos uma pesquisa realizada com

    ratos expostos a ambientes estimulados onde contata-se que eles

    desenvolviam até 25% mais sinapses do que outros ratos que ficavam em

    ambientes isolados sem a presença de estímulos. Com essa experiência

    observamos a importância de um ambiente que favoreça e promova o

    desenvolvimento da aprendizagem. A escola não pode mais ser um espaço frio

    sem estímulo onde o aluno não é provocado em todos os ambientes até

    mesmo porque sabemos que em muitas realidades a escola é o único

    ambiente onde a criança tem a oportunidade de ser desafiada e estar disposta

    a certos estímulos.

    Sabemos que tudo isso demanda tempo e entendimento, pois o espaço

    escolar é um ambiente complexo e multifacetado e a medida em que

    professores forem atribuindo a neurociência ao seu fazer pedagógico a

    educação e consequentemente o ambiente escolar vão se reconfigurando. “É

    necessário caminhar com cuidado, refletir cuidadosamente e verificar até que

    ponto pode alcançar, no presente, um relatório colaborativo sobre o

    aprendizado e o cérebro.” (Overview, 2002)

    E diante de todo esse universo de novos conhecimentos está o aluno

    que como já citado é antes de tudo um sujeito biológico que requer condições

    básicas e essenciais a sua aprendizagem. Na medida em que o professor

    compreender esse novo sujeito logo terá uma visão diferenciada para seus

    alunos e para sua atuação.

    Uma visão que o compreenda em todos seus aspectos e que oportunize

    condições adequadas a sua aprendizagem. “Para aprender é preciso

    maturação e integração de diversas áreas cerebrais envolvidas no processo.”

    (Siqueira e Giannetti 2011)

    A neurociência atribui ao aluno responsabilidade diante de sua

    aprendizagem o tornando um sujeito ativo em seu processo cognitivo. O

    professor assim é um sujeito que contribui para estimular a autonomia e

    maturidade dos alunos.

  • 18

    “Aprender e adquirir conhecimento deve-se a atividades neurais e

    sinapses que ocorrem entre os neurônios.” (Leite, 2008) Aprender é um

    processo que ocorre no cérebro através de um processo químico-elétrico.

    Compreendendo a aprendizagem como antes de tudo um processo biológico

    percebemos a necessidade de conhecer todo esse processo e entender o que

    ocorre com nosso aluno durante nossas aulas.

    Precisamos ter o entendimento de como o cérebro vai receber, usar,

    armazenar, repassar e expressar a informação que passamos para ele.A

    compreensão do que acontece com o aluno durante o processo de aprender

    pode tornar mais efetivo e coerente nosso processo de ensinar.

    Uma das contribuições mais esclarecedoras da neurociência sobre

    como ocorre à aprendizagem é acerca da sinapse. “A sinapse transfere

    informações de um neurônio para outro através de processos eletroquímicos.”

    (Kandel, 1991 in Costa 2000). Assim poderíamos afirmar que a aprendizagem

    é o aumento das forças sinápticas.

    A sinapse, portanto é o próprio processo de aprendizagem, pois através

    da troca de informação entre os neurônios se dá a aquisição do conhecimento.

    A aprendizagem começa com um estímulo físico-químico vindo do

    ambiente e é transformado em impulso nervoso pelos órgãos dos sentidos. Daí

    a importância do ambiente em que a criança vive, pois quanto mais

    estimulador e desafiador for esse ambiente mais essa criança será estimulada.

    Essa aquisição do conhecimento conta com a memória que também é

    de extrema importância na aprendizagem. “O processo de aquisição de novas

    informações que vão ser retidas na memória é chamado de aprendizagem”

    (Zago, sem ano). Sendo assim a memória é a retenção das informações que

    se armazenam que pode ser: de longa duração ou de curta duração. Vale

    ressaltar que existem tipos de memória. A seguir definirei a memória de curta e

    de longa duração, pois é de extrema necessidade que professores

    compreendam sua importância e também suas diferenças.

    Zago (sem ano) define a memória de curta duração ou operacional

    como uma memória que destina-se a retenção das informações por um curto

    período de tempo. Nessa memória o que é ensinado fica retido por um período

  • 19

    bem curto de tempo e logo se esquece. Ela é conhecida também por memória

    de trabalho exatamente por ser uma memória momentânea.

    Já a memória de longa duração é aquela onde estão armazenadas as

    informações nas quais nunca mais esquecemos. Sendo assim o ensino eficaz

    onde o aluno realmente aprende é aquele que a informação vai para sua

    memória de longo prazo. “A aprendizagem é basicamente um mecanismo de

    memória.” (Bartszeck sem ano)

    A memória pode ser moldada isto é, fortalecida e também enfraquecida.

    “Se o estímulo é inócuo ou não prove recompensas, o animal reduz e até

    mesmo suprimes suas resposta ao estímulo” (Costa, 2000). Sendo assim a

    aprendizagem deve ser um processo de fortalecimento feito através do reforço

    de sinapses e ser estimulante ao aluno, pois como citado esse sem

    recompensas pode até mesmo suprimir suas respostas.

    “A motivação e os reforços positivos são fundamentais na aprendizagem.”

    (Siqueira e Giannetti 2010). Muitos discursos já ressaltam a importância da

    motivação e reforço no processo de aprendizagem. E a neurociência também

    atribui a esses conceitos sua importância no processo de aprendizagem.

    “As emoções proporcionam aos aprendizes um cérebro mais ativo e quimicamente estimulado, o que os ajuda a melhor recordar o que foi estudado, pois elas desencadeiam mudanças químicas que alteram os estados mentais e também o comportamento do indivíduo.” (Jensen 2002 in Leite, 2008)

    Jensen (2002) nos esclarece que muito mais do que um aprendizado

    prazeroso as emoções envolvidas na aprendizagem agem diretamente no

    cérebro do aluno alterando os estados mentais do sujeito. Diante dessa

    compreensão podemos refletir acerca de nossa atuação pedagógica tendo em

    vista que ela pode ser beneficiada se envolvermos as emoções e o estímulo,

    mas em contrapartida pode ser até suprimida se não houver a participação

    desses dois conceitos relevantes ao processo de aprender.

    Com toda essa compreensão acerca das emoções e reforços o

    educador deve sempre estar atento a sua postura diante do aluno sempre

    levando em consideração a influência desses conceitos na aprendizagem.

  • 20

    Uma palavra, um olhar, uma atitude tudo dever ser medido sempre tendo em

    vista que pode afetar diretamente a aprendizagem do aluno.

    Ao falar dos conhecimentos trazidos pela neurociência não há como não

    citar a grande descoberta: plasticidade. Esse termo advindo pelas novas

    descobertas neurocientíficas vem nos revelar a incrível capacidade do cérebro

    em modificar-se.

    “A plasticidade neural refere-se às alterações estruturais e funcionais as

    sinapses, como resultado dos processos adaptativos do organismo” (Sá e

    Medalha, 2001). A plasticidade nos revela a capacidade do cérebro em se

    modificar de acordo com as experiências sofridas.

    A aprendizagem gera modificação funcional e comportamental. Uma vez

    aprendido o cérebro muda até mesmo sua estrutura e logo o sujeito altera seu

    comportamento. “A experiência da aprendizagem pode também modificar a

    arquitetura funcional do cérebro. (Sá e Medalha, 2001)

    Relvas (2012) traz a ideia do cérebro como um órgão social que pode

    ser modificado pela prática pedagógica. Sendo assim nossa prática

    pedagógica está diante de uma grande responsabilidade, pois temos a

    oportunidade de através de intervenção adequada alterar as estruturais

    cerebrais de um sujeito.

    Outra descoberta importante ao educador acerca da plasticidade é o

    fato de quanto mais novo o sujeito maior sua capacidade plástica. “Já que

    nesta fase a plasticidade neural é máxima, os grandes escultores do cérebro

    infantil são os atendentes das creches e os professores da pré-escola.” (Sant’

    Ana et all, 2002)

    Diante desse novo saber atribui-se ao professor pré-escolar sua grande

    responsabilidade, pois a criança que se apresenta diante dele está com uma

    potencia plástica que precisa ser trabalhada e potencializada em sua máxima.

    Em Overview (sem ano) vemos um exemplo dessa plasticidade presente

    nas crianças, pois ele destaca que o aprendizado da segunda língua quando

    feito pela criança á aprendido com maior facilidade. “Quanto mais cedo, mais

    fácil e mais rápido.” (apud). Porém vale destacar que embora a plasticidade na

    infância seja maior isso não quer dizer que adultos não podem obter novas

  • 21

    aprendizagens, pois o cérebro continua receptivo a novas informações para

    toda vida.

    “A ideia que a inteligência humana é estritamente limitada ou,

    resumidamente, em oferta limitada, parece estranha atualmente” (Overview,

    sem ano). Essa é uma questão que já não cabe mais nos discursos atuais,

    pois a neurociência já contradisse essa ideia com o esclarecimento da

    plasticidade. Hoje já se sabe que o cérebro é uma potente máquina capaz de

    evoluir e modificar-se. Embora saibamos da influência genética e cultural ainda

    assim a inteligência é capaz de ser potencializada e alcançar padrões maiores

    através de esforço e aprendizagem capaz de alterar suas estruturais.

    Diante desse universo de novos conhecimentos que vem sendo

    disseminados a educação se vê em um momento de importantes descobertas

    capazes de tornar o ensino de fato eficaz e menos excludente, pois a

    neurociência acredita que todo sujeito é capaz de alcançar seu potencial

    máximo. “Quando acreditamos no seu potencial e na sua capacidade cognitiva

    elas aprendem” (Domingos, 2007). Acreditar que todo aluno tem capacidade

    de aprender é um dos muitos ensinamentos que devemos apreender da

    neurociência, pois só assim será superado a excludência e a busca da

    homogeneidade.

    Chegamos à era do professor que é capaz de perceber e intervir no seu

    aluno em seu processo biológico fazendo com que este alcance seu máximo

    potencial através da aplicação dos conhecimentos da neurociência.

    “As estratégias pedagógicas utilizadas por educadores durante o

    processo ensino-aprendizagem são estímulos que produzem a reorganização

    do SN em desenvolvimento, resultando em mudanças comportamentais”

    (Guerra, 2011). É necessário que a aprendizagem sempre seja o foco de todo

    trabalho e levar o aluno a alcançá-la é de responsabilidade do professor.

    Essa ciência que tem trazido tantos conceitos essenciais a educação

    não vem se sobrepor aos conhecimentos pedagógicos já existentes. Diferente

    disso ela vem contribuir para que o trabalho realizado pela educação seja mais

    eficaz e respeite o indivíduo em todos seus aspectos.

  • 22

    A neurociência aliada à educação pode revolucionar o processo de

    aprendizagem tornando-o mais coerente ao processo biológico dos alunos. As

    inovações trazidas pela neurociência precisam ser disseminadas no campo

    educacional.

    Essas inovações vem nos revelar que realmente é o aluno e como de

    fato ele aprende. Possibilitando uma atuação mais eficaz e coerente ao seu

    processo.

  • 23

    CAPÍTULO III

    AS ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM:

    EXPERIÊNCIAS DE SUCESSO

    Como vimos no capítulo anterior os avanços da neurociência vem

    emergindo a cada dia e expandindo os conhecimentos acerca da

    aprendizagem. Alguns conceitos importantes já citados acima estão causando

    novos modos de ensinar e também novas formas de aprender.

    O aluno biológico é bem mais complexo e capaz do que pensávamos.

    Ele não é mais um agente passivo em seu processo de aprendizagem. O aluno

    apresentado pela neurociência é o sujeito principal de seu desenvolvimento

    cognitivo. E esse sujeito é entendido em sua individualidade visto como um

    sujeito único levando em conta suas características e descobrindo suas formas

    de aprender.

    “Pesquisas tem sugerido que é possível ajudar os alunos a exercer mais

    controle e refletir sobre seu próprio processo de aprendizagem, através de

    estratégias de aprendizagem.” (Boruchovitch, sem ano). As estratégias de

    aprendizagem é outro conceito importante que vem atrelado aos novos

    conhecimentos neurocientíficos atribuindo ao aluno responsabilidade sobre

    seu processo e ao professor o conhecimento capaz de compreender a

    individualidade de cada sujeito e também formas de potencializar o

    conhecimento.

    Segundo Boruchovitch (sem ano) as estratégias de aprendizagem vem

    sendo definidas como sequências de procedimentos ou atividades que se

    escolhem com o propósito de facilitar a aquisição, o armazenamento e/ou a

    utilização da informação.

    Cavelluccci (sem ano) alerta que uma única forma de transmitir o

    conhecimento não é capaz de atingir todos os aprendizes da mesma maneira,

    pois assim busca-se a homogeneidade que já sabemos ser uma forma errônea

    de compreender os indivíduos que são sujeitos únicos e possuidores de

    características e estratégias próprias.

  • 24

    As estratégias de aprendizagem atribuem ao aluno respeito a sua

    individualidade e o compreende em suas habilidades e preferências. Elas vem

    dar ao aluno compreensão de seu processo de aquisição de informação e mais

    do que isso vem orientá-lo para intervir em seu processo o tornando mais

    adequado ao seu estilo e mais eficaz. “A consciência dos nossos próprios

    estilos melhora nosso desempenho nos mais variados contextos, não só no

    educacional.” (Cavellucci, sem ano)

    As estratégias são utilizadas muitas vezes pelos alunos sem que eles

    tenham clareza desse uso. É o uso espontâneo que foi desenvolvido através

    da experiência em aprender. É preciso levar o aluno a compreender como se

    dá seu próprio processo de aprendizagem.

    Pesquisas práticas com aplicação das estratégias de aprendizagem

    ainda vem sendo propagadas de forma escassa no entanto é animador o

    resultado trazido pelas poucas pesquisas existentes. Em Boruchovitch (2007)

    são citadas algumas pesquisas já realizadas e nelas podemos notar os

    resultados positivos que nos mostram ser possível aplicar as estratégias e

    potencializar a aprendizagem.

    Mesmo diante de um cenário escasso de pesquisa voltado a aplicação

    de estratégias de aprendizagem é bem significativo os resultados das poucas

    pesquisas existentes. Elas nos mostram resultados positivos que indicam

    avanços na aprendizagem de alunos que participaram e utilizaram as

    estratégias.

    De acordo Boruchovitch (sem ano) diante da escassez de pesquisas

    voltadas aos impactos das estratégias de aprendizagem no desempenho

    escolar de alunos brasileiros e em relação aos resultados positivos de

    pesquisas já realizadas se faz necessário a realização e condução de mais

    pesquisas nessa área com alunos e professores brasileiros. Segundo a autora

    as pesquisa tem revelado que até mesmo as crianças pequenas podem fazer

    uso das estratégias de aprendizagem embora a maioria das pesquisas estejam

    sendo aplicadas com alunos universitários e do segundo grau dos países

    desenvolvidos.

  • 25

    Silva (2012) realizou uma pesquisa em Lisboa de intervenção em leitura

    e escrita com crianças do 3º ano que apresentavam dificuldades. O objetivo

    era verificar se através da aplicação de um programa baseado na neurociência

    é possível desenvolver e melhorar o processo de leitura e escrita. Os alunos

    participaram de testes no inicio do programa e ao final e através de gráficos e

    tabelas que apresentam os resultados da pesquisa podemos analisar que os

    resultados do segundo teste revelam melhoras significativas na leitura e escrita

    dos estudantes. Nas conclusões a autora revela que as evoluções na leitura e

    escrita não foram os únicos resultados obtidos com a aplicação do programa,

    mas obteve resultados também no desempenho escolar dos alunos que

    perceberam seus avanços e adquiriram maior auto-estima e segurança para se

    desenvolver.

    “Alunos com baixo rendimento escolar podem beneficiar-se muito de

    intervenções em estratégias de aprendizagem” (Boruchovitch 2007). Vale

    ressaltar que as estratégias de aprendizagem podem e devem ser utilizadas

    também com alunos com baixo rendimento escolar a fim de promovê-lo e

    oportunizá-lo a evoluir em seu processo educacional.

    Essa pesquisa não aplicou uma estratégia de aprendizagem específica.

    Ela reuniu em sessões aplicações de atividades embasadas nos

    conhecimentos neurocientífico que de certa forma atribuem estratégias em seu

    desenvolvimento. E os resultados nos permitem compreender avanços quando

    o trabalho desenvolvido respeita o processo biológico e individual do aprendiz.

    Costa (2005, in Boruchovitch 2007) também conduziu uma pesquisa

    com uso de estratégias de aprendizagem focando a escrita. Com alunos da 6º

    série de uma escola pública de Goiás buscava uma melhor qualidade na

    produção de textos narrativos. Os alunos participaram de sete sessões

    baseadas em estratégias específicas de produção de textos e os resultados

    mostram que o uso das estratégias foram muito úteis para melhorar a

    produção textual dos alunos.

    Tanto na pesquisa realizada por Silva (2012) quanto na realizada por

    Costa (2000) podemos observar resultados de sucesso com a utilização das

    estratégias de aprendizagem e isso vem nos afirmar que essa realidade de

  • 26

    potencialização do conhecimento é possível na realidade educacional

    brasileira.

    Aquino (1999 in Boruchovitch 2007) cita uma pesquisa que desenvolveu

    com estudantes de uma escola agrotécnica no Brasil onde buscava a

    promoção do rendimento escolar dos alunos e para isso foi utilizado um

    programa de promoção cognitiva desenvolvido em Portugal. Os resultados

    apresentados em sua pesquisa mostram que o programa foi eficiente.

    Boruchovitch (2007) afirma que as pesquisas nacionais realizadas com

    estudantes de cursos superiores referem-se ao uso da metacognição e

    atestam uma melhora no desempenho que participaram da intervenção.

    Em Boruchovitch (2007) é citado um grupo de pesquisas e estudos

    denominado GEPESP que já conduziram três pesquisas com intervenção em

    estratégias de aprendizagem e através delas mais uma vez constata-se

    resultados positivos em relação ao desempenho dos estudantes participantes.

    Todas as pesquisas citadas acima nos apresentam resultados

    animadores revelando melhora no desempenho dos alunos. Embora ainda

    esteja em sua fase inicial à intervenção em estratégias de aprendizagem vem

    sendo inseridas aos poucos no contexto educacional brasileiro através de

    pesquisas práticas que nos mostram a viabilidade dessa intervenção em

    contextos comuns.

    Que as pesquisas realizadas e seus resultados animadores possam

    disseminar em estímulo para a promoção da intervenção em estratégias de

    aprendizagem de modo que professores possam ser motivados a acreditar que

    iniciativas que promovam a capacidade dos alunos são possíveis de serem

    realizadas através do uso dos conhecimentos da neurociência em beneficio de

    uma educação de qualidade que atue consciente de sua prática e com clareza

    de seus objetivos além de utilizar métodos adequados a cada aluno e

    desenvolva estratégias capazes de levar o estudante a alcançar sua máxima

    cognitiva.

  • 27

    CAPÍTULO IV

    METODOLOGIA DA PESQUISA

    A pesquisa, desenvolvida com 10 alunos que frequentam o 3º ano do

    ensino fundamental de uma escola pública da rede regular do município de

    Teresópolis, teve os seguintes passos: 1) seleção de um conteúdo; 2) divisão

    da turma em dois grupos: grupo 1 – organização do conteúdo através de um

    mapa mental feita em uma aula e sob a orientação do professor; grupo 2 –

    submetidos a aula expositiva do conteúdo dentro do padrão de aulas; 3)

    realização de um mesmo teste com ambos os grupos para verificação da

    aprendizagem; 6) análise dos resultados obtidos no teste para cada grupo,

    considerando a análises do conteúdo. O texto será analisado dentro de

    perspectivas, conforme expressa (MORAES, R. Análise de Conteúdo: limites e

    possibilidades. In: ENGERS, M.E.A. (Org). Paradigmas e metodologias de

    pesquisa em educação. Porto Alegre, EDIPUCRS, 1994).

    O conteúdo escolhido para realização da pesquisa foi o sistema

    digestório que já era previsto para ser aplicado nesse período. Antes de ser

    aplicado o mapa mental, foi realizada uma cautelosa análise do rendimento de

    10 alunos para que pudessem ser divididos em dois grupos. O critério para a

    definição dos indivíduos de cada grupo obedeceu a seguinte diretriz: a partir do

    rendimento dos alunos de modo que, em ambos os grupos, tivessem alunos de

    alto, médio e baixo rendimento – baseado nos resultados em testes anteriores

    - para que a análise dos resultados fosse realizada de forma mais fidedigna e

    válida.

    As aulas de ciências na maioria das vezes são aulas expositivas com

    uma breve apresentação do conteúdo seguido de algum exercício relacionado

    ao tema. Procurando atender aos princípios de aprendizagem trazidos pela

    neurociência a pesquisa utilizou a aplicação do mapa mental para

    apresentação do conteúdo substituindo assim a aula expositiva, esta

  • 28

    apresentada para apenas um dos grupos, para que fosse possível realizar um

    comparativo entre o grupo que utilizou o mapa mental e o que não usou.

    O mapa mental foi escolhido como estratégia de aprendizagem baseado

    no conhecimento da neurociência que apresenta meios de compreender como

    se dá o processo de aprendizagem e revela maneiras de se potencializar esse

    processo. Assim, o uso de mapas mentais vai de encontro ao fato de que “(...)

    o estudo das estratégias de aprendizagem é fundamental para aqueles que

    desejam conhecer melhor o seu processo de aprendizagem e,

    consequentemente, obterem mais qualidade e eficácia nos resultados”

    (Portilho, 2011 pág. 89)

    Dessa forma, os dois grupos foram compostos de acordo com a

    descrição: os grupos serão compostos de 2 alunos que apresentam bom

    rendimento escolar; 1 aluno que apresenta um rendimento médio; 2 alunos

    com rendimento abaixo da média da turma. Como já definido, esta divisão foi

    feita considerando os desempenhos já apresentados por estes alunos em

    avaliações anteriores. Após a separação dos grupos foi selecionado o dia da

    aplicação. A atividade foi desenvolvida entre 15:30 às 16:50. Também foi

    definido que o grupo 1 executaria o mapa mental e grupo 2 teria uma aula

    expositiva do conteúdo. Foram seguidos os seguintes passos:

    1º passo: os grupos foram separados e encaminhados para sua tarefa

    específica – confeccionar o mapa mental ou assistir a aula expositiva padrão;

    2º passo: o grupo 2 recebeu a aula expositiva apresentando o conteúdo do

    sistema digestório;

    3º passo: o grupo 1 recebeu orientações e materiais diversos par confecção

    do mapa mental, como Valdés, 2003.diversas imagens e uma folha em branco

    para poder fazer o mapa mental; Além disso foi explicado o que seria feito para

    que os alunos pudessem compreender todo processo;

    4º passo: após a aula expositiva e a produção do mapa mental a divisão dos

    grupos foi desfeita e cada aluno voltou para seu lugar na sala de aula.

    6º passo: a etapa final foi à aplicação de um teste de verificação de

    conhecimentos (sistema digestório). Os dois grupos receberam a mesmas

  • 29

    pergunta e tiveram o mesmo tempo para responder a seguinte questão:

    Escreva tudo que você sabe sobre o sistema digestório.

    RESULTADOS

    Os resultados foram avaliados considerando a qualidade e quantidade do texto

    produzido quando comparado ao texto básico utilizado em ambas as turmas

    para exposição do conteúdo e confecção do mapa mental. Esta análise do

    conteúdo relacionou, também, a exatidão dos conceitos expressos. Como

    exemplo de um mapa mental observe a figura 1.

    Figura 1

  • 30

    Após a aplicação do mapa metal e da aula expositiva verificou-se o seguinte:

    ALTO MÉDIO BAIXO

    GRUPO 1

    1. Mostrou domínio do conteúdo respondendo a questão de forma muito completa. 2. Mostrou domínio do conteúdo respondendo a questão de forma muito completa além de ter realizado em menor tempo da turma, respondendo em apenas 5 minutos.

    1. Apresentou boa

    resposta a questão

    com detalhes e

    realização em um

    curto tempo cerca

    de 10 minutos.

    1. Respondeu a

    questão apresentando

    as principais funções

    embora não tenha

    apresentado muitos

    detalhes. Utilizou 15

    minutos para responder

    a questão.

    2. Sua resposta

    apresentou algumas

    funções básicas do

    sistema digestório

    embora não tenha

    nomeado os órgãos de

    forma correta. Utilizou

    15 minutos para

    responder a questão.

    GRUPO 2

    1. Em um único

    parágrafo respondeu

    a questão

    corretamente,

    porém não continha

    muitos detalhes.

    Utilizou 15 minutos.

    2. A questão foi

    respondida de forma

    correta utilizando os

    nomes certos para os

    órgãos em um único

    parágrafo. Utilizou 10

    minutos.

    1. Embora tenha dito

    estar com dúvida na

    hora de responder

    apresentou um

    parágrafo correto

    com poucos

    detalhes, porém

    mostrando bem o

    funcionamento do

    sistema

    digestório.Utilizou 20

    minutos.

    1. Respondeu a

    questão dizendo

    apenas a importância

    da alimentação com

    poucas palavras.

    Utilizou cerca de 20

    minutos.

    2. Não conseguiu

    responder a questão

    deixando em branco e

    utilizou cerca de 30

    minutos para tentar

    responder.

  • 31

    Grupo 1: de acordo com os critérios estabelecidos para análises, este grupo

    obteve resultados superiores, tanto na qualidade quanto na quantidade de

    informações. Esse grupo realizou a avaliação de forma mais precisa,

    apontando os conceitos principais e detalhando bem o funcionamento do

    sistema digestório. Os alunos com bom rendimento e com rendimento médio

    realizaram a avaliação mostrando todo funcionamento sem apresentar

    nenhuma dificuldade durante a avaliação. Os alunos com rendimento baixo

    conseguiram realizar a avaliação, porém com menos detalhes do que os outros

    alunos com rendimento superior. Alunos que apresentam bastante dificuldade

    de aprendizagem mostraram resultados melhores do que normalmente

    apresentam.

    Outro fator a ser considerado é o curto tempo em que esse grupo

    realizou a atividade entre 5 e 10 minutos todos os alunos realizaram a

    avaliação.

    Nota-se nas avaliações que a escrita dos alunos apresenta nitidamente

    reflexos do mapa mental, pois todos escreveram na ordem em que o mapa

    mental foi realizado e alguns apresentavam até a mesma fala utilizada no

    momento em que o mapa foi sendo construído.

    Grupo 2: na avaliação os alunos de bom rendimento produziram um texto

    inferior tanto qualitativamente quanto quantitativamente, quando comparados

    ao texto base da aula, quanto quando comparados com os textos doa alunos

    do grupo 1, mesmo aqueles com desempenho inferior nas avaliações

    anteriores para classificação do desempenho. Na análise textual não

    verificamos os detalhes de conteúdos.

    Os alunos de rendimento médio apresentaram uma explicação um

    pouco confusa embora tenham conseguido apresentar também aos principais

    funções assim como os alunos de bom rendimento.

    Já os alunos de baixo rendimento não conseguiram realizar a avaliação.

    Os dois alunos responderam em apenas uma frase como funciona o sistema

    digestório e a resposta não era correta e não condizia com o que foi

    apresentado.

  • 32

    Para realizar a avaliação esse grupo demorou cerca de 30 minutos e na

    realização disseram estar com dificuldades e alguns afirmavam que não

    sabiam responder.

    O grupo 1 apresentou o texto entre 40 e 50 palavras todas elas

    relacionadas com o texto básico enquanto o grupo 2 apresentou um texto de

    19 à 30 palavras sendo que essas não eram iguais as apresentadas no texto

    básico. No grupo 2 apenas os dois alunos de alto rendimento utilizaram as

    palavras relacionadas enquanto os outros explicaram sem utilizar as palavras

    de referência.

  • 33

    CONCLUSÃO

    Hoje a educação vive uma realidade onde o ensinar nem sempre tem

    sido alcançado atribuindo para escola à imagem de uma instituição que tem

    fracassado diante de tantos desafios e incertezas.

    E diante desse cenário a educação se depara com novos

    conhecimentos que vem sendo propagados e se tornam uma descoberta de

    extrema importância para educação. Esses conhecimentos são trazidos pela

    neurociência como vimos no presente trabalho e tem atribuído à educação um

    caráter mais científico e descobridor dos sujeitos e suas complexidades

    presentes no ambiente escolar.

    Os estudos realizados acerca das estratégias de aprendizagem revelam

    resultados animadores e promissores e para contribuir para esse cenário de

    novas formas de ensinar com eficácia a presente pesquisa também obteve

    resultados de sucesso em sua experiência prática com o uso do mapa mental.

    A pesquisa possibilitou vivenciar a utilização da estratégia de

    aprendizagem e verificar seus resultados na aprendizagem dos alunos. Assim

    foi possível observar que os alunos que participaram da utilização do mapa

    mental obtiveram melhores resultados em sua aprendizagem comparados aos

    outros alunos que não utilizaram o mapa mental.

    Esse resultado nos leva a acreditar que é possível alcançar uma

    aprendizagem eficaz e elevar os índices de ensino de nossos alunos inclusive

    daqueles que não tem um bom rendimento. Na pesquisa os alunos de baixo

    rendimento que participaram do uso do mapa mental também elevaram seus

    resultados diante da avaliação nos alertando ser possível superar as

    dificuldades e deficiências com o uso de técnicas e estratégias adequadas a

    cada sujeito e que compreenda seu funcionamento cognitivo em toda sua

    abrangência.

    Acredito que a educação está diante de um novo saber que pode ser de

    grande valia para o trabalho docente, pois respeita o aluno como um sujeito

  • 34

    biológico e que necessita de algumas condições para sua aprendizagem. A

    pesquisa mostrou ser possível aplicar tais conhecimentos e que eles podem

    fazer parte do trabalho docente e não são intangíveis a realidade escolar.

    Que a pesquisa possa impulsionar educadores a acreditar que a escola

    deve ser a responsável pelo ensinar e que é possível alcançar tal objetivo com

    o uso de estratégias corretas para cada sujeito.

  • 35

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

    BARTOSZECK, Amauri Betini. Neurociência dos seis primeiros anos:

    implicações educacionais. Curitiba: Instituto de Neurociência e Educação. s/d

    BORUCHOVITCH, Evely, Estratégias de aprendizagem e desempenho

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    Francisco.s/d

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