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Revista Cambiassu, São Luís/MA, v.16, nº 19 - Julho/Dezembro de 2016
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DISCURSO E CAPITAL SOCIAL NA WEB: como e o quê dizemos de nós mesmos no Facebook
Angela Pereira GONZALEZ29
José FERREIRA JUNIOR30
RESUMO: Este artigo é um relato dos resultados principais da pesquisa de mesmo título,
concluída em 2014 e aprovada pelo Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade –
Mestrado Interdisciplinar – da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em agosto
daquele mesmo ano. Ocupamo-nos em investigar formas de representação social
contemporâneas em cenários globais e locais, demonstrando como o indivíduo
contemporâneo monta sua autoimagem quando em interação nos ambientes virtualizados de
sociabilidade. Estudamos postagens publicadas por usuários da rede social on lineFacebook,
sob a ótica das Teorias do Discurso e do Capital Social.
PALAVRAS-CHAVE: Facebook. Capital Social. Discursos. Web.
ABSTRACT: This article is an account of the main results of the same title search, completed
in 2014 and approved by the Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade – Mestrado
Interdisciplinar – da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). We take care to investigate
contemporary forms of social representation in local and global scenarios, demonstrating how
the contemporary individual rides his self-image when interacting in virtual environments of
sociability. We studied posts published by users of social networking online Facebook from
the perspective of the Theories of Discourse and Social Capital.
KEYWORDS: Facebook. Social capital. Speeches. Web.
29 Mestra em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Jornalista.
30 Mestre e Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Estágio de Pós-Doutorado pela Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). Professor do Curso de
Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade na Universidade Federal do Maranhão
(UFMA).
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1. Introdução
O presente estudo revela como se dá, em meio virtual, a construção discursiva que visa
a conformar a representação social dos indivíduos contemporâneos para a manutenção e
ampliação de seu capital social.
Na era da imagem digital, “é preciso ser ‘visto’ para existir no ciberespaço. [...]
Talvez, mais do que ser visto, essa visibilidade seja um imperativo para a sociabilidade
mediada pelo computador” (RECUERO, 2009, p. 27).
Considerando que, nesse contexto, uma das mais importantes ferramentas para a
construção do capital social de um indivíduo é sua interação por meio de perfis em redes
sociais on line, interessou-nos desvendar como os sujeitos virtuais que interagem na mais
popular dessas redes, o Facebook, constroem seus discursos visando a fortalecer laços sociais
já existentes e a criar novos laços. Para tanto, escolhemos como aportes teórico-
metodológicos a Análise do Discurso (AD) e a teoria do Capital Social.
A Análise do Discurso (AD) nasce como um campo de pesquisa dentro da Linguística
e da Comunicação. A partir de “Marxismo e Filosofia da Linguagem”, de Mikhail Bakhtin,
revela-se uma área necessariamente interdisciplinar, pois que extrapola a análise encerrada
nos limites da língua, agregando o estudo sobre o contexto histórico e social em que a
mensagem é produzida aos discursos analisados. Para Bakhtin (2006, p. 31), “cada signo
ideológico é, não apenas um reflexo, uma sombra da realidade, mas também um fragmento
material dessa realidade”.
A partir desse “casamento” com o materialismo histórico “estudiosos passam a buscar
uma compreensão do fenômeno da linguagem não mais apenas na língua, sistema
ideologicamente neutro, mas num nível situado fora da dicotomia saussuriana. E essa
instância da linguagem é a do discurso” (BRANDÃO, 2004, p. 11). Dessa noção de
relevância do contexto histórico resulta especialmente a produção dos autores da chamada
“tendência europeia”, em sua maioria formada por autores franceses (ORLANDI, 1986). Um
deles é Patrick Charaudeau (2008), com sua noção de intertextualidade, segundo a qual, é
impossível delimitar com exatidão em nossa fala o que é a fala dos outros (CHARAUDEAU,
2008, p. 45).
Desse discurso construído e exibido em meio virtual, os produtores sempre receberão
“algo em troca”, ainda que não haja declarada intenção. Dentro da teoria do Capital Social,
Pierre Bourdieu não é o primeiro a usar a expressão “capital social”. De acordo com Heloiza
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Matos (2009), o que Bourdieu traz de novidade é a análise sistematizada do termo, definindo-
o como:
O conjunto de recursos atuais ou potenciais que estão ligados à posse de uma
rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de interconhecimento
e de interreconhecimento ou, em outros termos, à vinculação a um grupo, como
conjunto de agentes que não somente são dotados de propriedades comuns
(passíveis de serem percebidas pelo observador, pelos outros ou por eles
mesmos), mas também são unidos por ligações permanentes e úteis.
(BOURDIEU, 1998, p. 67).
Na definição de Bourdieu, chama-nos atenção a condição que pode o capital social
assumir: ele até pode ser atual, mas também pode não ser. Nesse caso, representa uma espécie
de bem subjetivo ou recurso que, apesar de não estar disponível no momento atual, apresenta
potencial para sê-lo. Dito de outro modo, o capital social é representado por recursos dos
quais se poderão lançar mão, em determinadas condições sociais específicas.
Realizamos uma pesquisa qualitativa, na condição de pesquisadores participantes.
Nossa atenção esteve voltada sobre as postagens públicas e sua repercussão correspondente
através da análise das ferramentas “curtir”, “compartilhar” e “comentar”. Na coleta de dados
em campo, procuramos nos guiar pelos passos propostos pela Teoria Fundamentada, cuja
principal característica é:
(...) a radical inversão do método tradicional de pesquisa: enquanto na pesquisa
científica normalmente tem-se um problema que é confrontado com um
referencial teórico e, a partir desse confrontamento, elaboram-se hipóteses que
serão testadas em campo, na TF teorização e observação empírica andam juntas.
(...) A Teoria Fundamentada, assim, busca sistematizar um modo de perceber a
teoria a partir do campo empírico de forma exclusiva, como contraponto ao
método tradicional. (FRAGOSO, 2011, p. 84-85)
Começamos nossa análise pela observação aleatória de postagens dispostas em nosso
“Feed de notícias”31
e pela seleção daquelas que percebemos conter elementos afins com os
objetivos de nossa pesquisa. O critério para a seleção dessas postagens foi o seguinte: eventos
que claramente traziam características imagéticas e textuais funcionando como produtoras de
discursos passíveis de serem interpretados socialmente.
Quando nossa coleção de eventos discursivos chegou a aproximadamente 100 peças,
passamos a separar o material em duas grandes categorias: postagens “Autorais” e postagens
“Não autorais”. Na primeira, incluímos aquelas em que imagem e texto das postagens são
31 O Feed de notícias do Facebook é uma lista contínua que mostra as atualizações dos perfis dos amigos
virtuais ligados ao nosso perfil, além das páginas que estejamos “seguindo”, ou seja, permitindo que nos mostrem suas atualizações. É possível acessar o Feed de notícias clicando em “Página inicial” na barra superior do layout.
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produzidos pelo autor (aqui considerado “produtor do discurso”) ou os casos em que o autor
exibe sua própria imagem, mesmo quando o registro fotográfico tenha sido feito por terceiros.
Na categoria “Não autorais” incluímos postagens produzidas por outros usuários que
são replicadas pelos usuários em estudo por meio da ferramenta “compartilhar” ou publicação
de material externo ao Facebook(exemplo: links que possam levar a páginas de notícias,
vídeos ou outros eventos comunicacionais).
A partir das categorias citadas, foram sendo criadas subcategorias com vistas ao
ordenamento e melhor análise do material em estudo. Nessa fase, o critério foi o teor
discursivo, ou seja, o tema principal expresso na mensagem publicada foi determinante para
sua classificação. Assim, tivemos: “Profissões”; “Cidadania”; “Política”; “Motivacionais ou
reflexivas”; “Esporte”; “Animais”; “Parentalidade” e “Amigos”.
Profissões
Observamos que os usuários esmeram-se em divulgar fatos de situações vivenciadas
em sua atuação profissional, como forma de valorizar sua atividade profissional e/ou marcar a
importância de tal profissão no contexto social.
Figura 1 – Postagem da subcategoria Profissões
Fonte: https://www.facebook.com, 2014.
São comuns as ações que revelam o vínculo do produtor a determinada empresa. É o
caso da peça exibida na Figura 1, na qual o autor apresenta-se ao lado de uma colega de
trabalho, ambos carregando troféus, sob o comentário: “Ganhamos mais um prêmio Sebrae de
Jornalismo Estadual... reconhecimento pelo trabalho dos que fazem a [nome da empresa]". A
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postagem obtém 126 curtições, um compartilhamento e 34 comentários: todos de felicitações
ou apoio.
Cidadania
As estratégias discursivas que sinalizam conquistas ou mudanças de hábitos
relacionadas à cidadania também são muito encontradas. Doação de sangue, sexo seguro,
campanhas contra a violência no trânsito, contra a pobreza ou contra a corrupção são apenas
alguns exemplos. É o caso da peça exibida na Figura 2, em que a produtora exibe fotografia
do marido doando sangue. Ela acrescenta o comentário: “Dia de doar vida. Não dói nada e
ajuda muita gente” e faz uma marcação no perfil do dele.
Figura 2 – Postagem da subcategoria Cidadania
Fonte: https://www.facebook.com, 2014.
Deitado, com o braço estendido, apesar dos fios e esparadrapos, o rapaz sorri
transparecendo satisfação. Imagem e comentário “casam” numa só mensagem (“Não dói
nada”), agregando valor tanto à construção discursiva pessoal da produtora, quanto do
marido.
Política
Os temas políticos formam outro grupo importante no conjunto de peças que
coletamos em campo. Muitos usuários se utilizam do espaço das postagens para criticar as
prefeituras de suas cidades. A figura abaixo é exemplar desse comportamento frequente. A
produtora lança mão do bom humor para denunciar que a decoração natalina criada pela
administração municipal local é um potencial foco de procriação para o mosquito da dengue
e, com isso, ganha a adesão de muitos outros moradores da mesma cidade.
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Figura 3 – Postagem da subcategoria Política
Fonte: https://www.facebook.com, 2014.
A autora ainda acrescenta um comentário, também em tom de brincadeira: “É isso aí
p-p-pessoal!!!”, fala repetida pelo personagem de desenho animado Pernalonga, sempre ao
final de seus episódios.
Motivacionais ou reflexivas
Em geral, são materiais produzidos por terceiros que acabam circulando de um perfil a
outro por meio de compartilhamentos. Raramente são postagens autorais. As práticas
discursivas mais comuns nesse grupo são de cunho religioso, como no caso a seguir.
Figura 4 – Postagem da subcategoria Motivacionais ou reflexivas
Fonte: https://www.facebook.com, 2014.
O material foi curtido por 41.315 perfis e compartilhado 17.781 vezes. A quantidade
de comentários também é altíssima: mais de 31 mil só no perfil analisado
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Animais
Figura 6 – Postagem da subcategoria Animais
Fonte: https://www.facebook.com, 2014.
No Facebook, as postagens que exibem bichos de estimação, verdadeiros modelos
fotográficos à mercê da imaginação de seus cuidadores, costumam suscitar respostas muito
positivas por parte dos observadores. Na figura 6, o produtor mostra seu gato com um capuz
de crochê em forma de cabeça de tubarão. Ele acrescenta o comentário: “Eu queria um gato-
tubarão”. Recebeu 75 curtições, cinco compartilhamentos e 28 comentários, todos positivos.
Esporte
Como a pesquisa foi realizada no Brasil, a maior parte das postagens coletadas faz
referência ao futebol, esporte que, entre os brasileiros, possui alto potencial na construção
discursiva, especialmente usuários de gênero masculino. Declarar-se torcedor de determinado
time pode ser uma eficiente ferramenta na geração de capital social, pois possibilita ao
indivíduo várias interações com outros de interesses semelhantes.
As postagens esportivas mais comuns em nossa pesquisa tratam da identificação dos
autores com seu “time de coração”. As mais frequentes são aquelas em que esses produtores
discursivos se exibem vestindo os uniformes de seus clubes. A seguir, um desses casos:
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Figura 7 – Postagem da subcategoria Esporte
Fonte: https://www.facebook.com, 2014.
Parentalidade
Outro tema forte na construção dos discursos pessoais encontrados no Facebook é a
parentalidade. Mães e pais não economizam nas postagens sobre os filhos. Inclusive, não
raras vezes, exibindo-os em sua intimidade: brincando em casa, tomando banho, interagindo
com animais domésticos, dormindo ou mamando. Pela análise dos comentários de quem os
observam, os êxitos dos filhos são compreendidos como extensões do sucesso dos próprios
pais, gerando a estes últimos uma boa imagem sobre si mesmos.
Figura 8 – Postagem da subcategoria Parentalidade
Fonte: https://www.facebook.com, 2014.
Assim como no caso dos animais de estimação, muitos bebês ou crianças pequenas são
exibidas vestindo roupas e assessórios que revelam projeções do ego de seus pais.
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No caso dos filhos adolescentes e jovens (ou mesmo adultos, apesar de menos
frequentes), as postagens dos pais e mães tem outro foco: deixam de mostra sua beleza ou os
detalhes da convivência íntima, passando a se concentrar em seus êxitos acadêmicos e
profissionais. As intenções discursivas, no entanto, são as mesmas: o sucesso deles é lido
como extensão do sucesso dos pais e mães, como na Figura 8 (154 curtições e 22
comentários), na qual elogios exclusivos à menina formam a minoria dos comentários.
Apenas três ("lindíssima e inteligente, que perigo, rs"; "Lindaça."; " linda tua filha!!!")
referem-se exclusivamente a algum atributo da adolescente. Todos os demais parabenizam
exclusivamente a mãe, situando a filha como “obra da mãe”.
Amigos
A intenção aqui é unicamente mostrar que se têm amigos. Se a amizade é a instituição
primeira do Facebook, mola-mestra de todo o sistema, exibir os amigos é a forma mais óbvia
de agregar valor à imagem do produtor do discurso.
Do ponto de vista do tema das imagens, essa subcategoria se mostra repetitiva. O tema
costuma ser o mesmo: o produtor exibe-se num determinado grupo. Em geral, é o produtor
quem segura a câmera voltada para si e para os demais. Os comentários costumam ser poucos,
ou então são meras marcações dos perfis das pessoas que aparecem na imagem ou de outros
amigos. A ostentação do círculo social já conquistado favorece o fortalecimento desses laços.
Figura 9 – Postagem da subcategoria Amigos
Fonte: https://www.facebook.com, 2014.
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2. Considerações finais
O primeiro resultado relevante de nossas análises refere-se à característica essencial
das interações via Facebook. Os indivíduos interagentes no Facebook não estão ali
meramente para “bisbilhotar” ou “se exibir”. Uma leitura aprofundada das ações desses
produtores de discursos aponta na direção do entendimento desses fenômenos pela via da
aprendizagem informal. Assim, essas interações servem para a aprendizagem ou reforço de
comportamentos socialmente aprovados em determinado círculo social ou meio cultural.
Identificamos que as postagens autorais – aquelas em que o produtor expõe material
(imagem e texto) produzido por ele ou no qual ele aparece em pessoa – repercutem mais entre
os observadores. Disso concluímos que essas postagens carregam maior potencial de
convencimento.
Quanto às “intenções discursivas” dos autores, aqui separadas em subcategorias,
destacamos que essas mensagens subjetivas podem ser confirmadas ou contestadas pelos
observadores por meio de curtições, compartilhamentos e, principalmente, por comentários.
Identificamos, dentro dessas intenções discursivas, que outras três foram frequentes no corpus
estudado: bom humor, emotividade e convencimento.
Cada uma dessas intenções é predominante em determinadas subcategorias. A
primeira – bom humor – foi detectada predominantemente em “Animais”, “Esporte” e
“Amigos”. A segunda, emotividade – na qual incluímos falas que sugerem sentimentos de
amor, carinho ou mesmo solidariedade – esteve mais presente em “Profissões”, “Cidadania” e
“Parentalidade”. Já a intenção de convencimento mostra-se mais presente em “Política” e
“Motivacionais ou reflexivas”.
Com relação à intenção discursiva de convencimento há, na maioria das subcategorias
estudadas, uma tendência dos comentadores à concordância em detrimento da discordância.
Nas postagens de “Profissões”, “Cidadania”, “Animais”, “Parentalidade” e “Amigos” a
concordância é bem mais frequente do que a discordância, sendo, em alguns casos, até
exclusiva (quando todos os comentadores concordam com o produtor da postagem).
Enquanto nas de “Política”, “Motivacionais ou reflexivas” e “Esporte” discordar é
quase tão frequente quanto concordar, o mesmo não se dá nas postagens de “Política” e
“Motivacionais ou reflexivas”, em que a discordância vem, quase que necessariamente,
acompanhada de argumentação, carregada de intenções de convencimento sobre o outro.
Ensaiamos aqui a formulação de um conceito de capital social que possa ser aplicado à
análise de fenômenos comunicacionais via web. Consideramos que capital social seja um
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recurso que se produz pelas ações individuais motivadas pela busca de visibilidade. A
geração, a manutenção e os efeitos de tal recurso dificilmente estão restritos às atividades on
line, dado o fluxo de retroalimentação constante que esses ambientes mantêm com as
vivências off line dos indivíduos que ali interagem.
Nesse sentido, ter uma boa imagem e visibilidade no Facebook está diretamente ligado
à capacidade de interagir, com relativa frequência, não apenas em situações mediadas por essa
rede on line, mas também por meio de atividades off line. Em resumo, as vivências “além da
tela” são fundamentais para que o capital social construído no contexto do Facebook seja
efetivo e duradouro.
Chegamos ao final da pesquisa na certeza de que muito ainda há para ser investigado
sobre a relação entre os discursos que os indivíduos tecem em seus perfis pessoais no
Facebook e a repercussão disso sobre suas relações dentro e fora do universo virtual.
Num mundo onde a tendência é virtualizar todo e qualquer tipo de vivência humana,
acreditamos que o indivíduo contemporâneo se tornará cada vez mais empenhado em usufruir
das redes de interação on line para o fortalecimento de laços e criação de novos
relacionamentos.
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 2006.
BOURDIEU, Pierre. O capital social – notas provisórias. In: CATANI, Alfredo,
NOGUEIRA, Maria Alice. (Orgs.) Escritos de Educação . Petrópolis: Vozes,
1998.
BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Introdução à análise do discurso. 2ª ed. rev. Campinas,
SP: Editora da Unicamp, 2004.
CHARAUDEAU, Patrick. Linguagem e discurso: modos de organização. São Paulo:
Contexto, 2008.
FACEBOOK. Postagens de perfis de usuários. Disponível em: <https://www.facebook.com
>. Acesso em: 01 jul. 2014.
FRAGOSO, Suely. Métodos de pesquisa para internet. Porto Alegre: Sulina, 2011.
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MATOS, Heloiza. Capital social e comunicação: interfaces e articulações. São Paulo:
Summus, 2009.
ORLANDI, Eni Peccinelli. A análise do discurso: algumas observações. São Paulo: Educ,
1986.
RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009.