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Diagnóstico Laboratorial das Infecções do Tracto Urinário no Hospital Militar de Maputo.
Izete Figueiredo Página i
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Curso de Licenciatura em Biologia e Saúde
Relatório de Culminação de Curso (Estágio)
Diagnóstico Laboratorial das Infecções do Tracto
Urinário no Hospital Militar de Maputo.
Autora:
Izete da Marcadina Caetano Figueiredo
Maputo, Junho de 2015
Diagnóstico Laboratorial das Infecções do Tracto Urinário no Hospital Militar de Maputo.
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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Curso de Licenciatura em Biologia e Saúde
Relatório de Culminação de Curso (Estágio)
Diagnóstico Laboratorial das Infecções do Tracto
Urinário no Hospital Militar de Maputo.
Supervisores:
Autora dra. Esselina Fuel
Izete da M. C. Figueiredo Orientadora:
dra. Hermínia Capite
Maputo, Junho de 2015
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Agradecimentos
À Deus, pai celestial, pelo dom da vida e por ter posto na minha vida pessoas dotadas de
inteligência e sabedoria para guiarem os meus passos dia pós dia;
À Direcção do Hospital Militar de Maputo, por me terem aceitado como estagiária;
À minha supervisora, dra
Esselina Fuel, pelo apoio demonstrado ao longo da realização deste
trabalho, principalmente pela forma carinhosa e por ter dedicado um pouco do seu tempo na
elaboração desse trabalho;
À minha orientadora do estágio, dra Hermínia Jafth Gaspar D. Capite, expresso gratidão pelos
ensinamentos transmitidos, pelo apoio moral e incentivo, disponibilizando-se a esclarecer as
dúvidas durante a realização do estágio;
Aos Técnicos do Laboratório de Analises Clínicas do Hospital Militar de Maputo, em especial, o
Sr. Tobigas e Sr. David, pelo carinho, dedicação e paciência na transmissão dos ensinamentos;
Agradeço aos docentes do Departamento de Ciências Biológicas, em especial ao dr Arlindo
Chaúque, pelos ensinamentos científicos;
Às minhas colegas: Herzene Veríssimo, Guilhermina Chembeze, Tânia Munguabe, Efigénia
Mucondo e Esmeralda Ngovene, com quem tive a oportunidade de estudar e trabalhar durante o
curso, especialmente à Maria Imaculada Garcia por ter-se mostrado no final do curso uma grande
amiga, incentivadora e que sempre torceu para a realização deste trabalho;
Também estender a minha gratidão aos colegas: Orlando Maulana e Arlindo Muanguane por me
ouvirem sempre que tivesse dúvidas na realização do presente relatório e em especial a minha
colega Iraque Chilaúle, por me dar força e coragem para enfrentar os meus medos.
Aos meus irmãos Clara, Belton, Ivone, Quelsa, Nelson, Nilza, Dércia, Cerena, Delénia, Quelven
e Jéssica pelo apoio incondicional e compreensão concedidos durante curso.
Aos meus primos Cândida Veríssimo, Herzene Veríssimo, Sónia Veríssimo e em especial ao dr
Luciano Veríssimo, por terem acreditado em mim e enchido de coragem durante essa longa
caminhada.
E a todos que directa ou indirectamente contribuíram para a realização deste relatório.
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Declaração de Honra
Declaro por minha honra que o presente relatório de estágio foi por mim realizado e que os
dados apresentados correspondem a mais perfeita realidade.
Maputo, Junho de 2015
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Izete da Marcadina Caetano Figueiredo
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Dedicatória
Dedico este trabalho, aos meus pais Abílio Figueiredo e Josefa Caetano Figueiredo por me terem
posto neste mundo, por terem sido eles a me ensinar a escrever as primeiras palavras, pela
educação, pelo amor incondicional, incentivo e por estarem sempre presentes na minha vida.
Ao meu marido Antunes Alexandre Tomas Jaime, pelo companheirismo, por ter acreditado em
mim, pela força e coragem que sempre me tem dado;
A minha filha Jucelma Jaime, por adocicar a minha vida.
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Lista de Abreviaturas
CITRA Centro de Cuidados e Tratamento
CLED Cistina Lactose-Eletrólito-Deficiente
EAS Exame de Urina Comum
Fig. Figura
HMM Hospital Militar de Maputo
ITU Infecção do Tracto Urinário
LAC Laboratório de Análises Clínicas
MISAU Ministério de Saúde
OMS
VIH
Organização Mundial de Saúde
Vírus de Imunodeficiência Humana
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Resumo
Considera-se infecção do tracto urinário (ITU) a presença e multiplicação de microrganismos na
urina, com possível invasão e reacção das estruturas parenquimatosas ou tubulares do aparelho
urinário ou órgãos anexos.
O presente relatório de apresenta as actividades realizadas durante o estágio curricular para a
conclusão do curso, com duração de 440 horas úteis e teve como objectivos, desenvolver
habilidades práticas e descrever os métodos de diagnóstico laboratorial das Infecções do Tracto
Urinário no Hospital Militar de Maputo (HMM).
O diagnóstico das ITU´s, no HMM é feito através do exame de urina II, o exame de sedimento
urinário, a técnica de microscopia directa, o método de Gram e cultura sendo esta, última a
melhor forma para o diagnóstico, pois permite identificar e quantificar os agentes etiológicos das
infecções.
Com base nas técnicas laboratoriais desenvolvidas no laboratório do HMM, foram analisadas no
período de Janeiro a Outubro de 2014, 251 amostras de urina. Das 251 amostras analisadas
apenas formam incluídas no presente relatório 229 amostras provenientes de consultas externas
(90%), enfermaria (7%) e CITRA (3%), sendo 57% de indivíduos do sexo masculino e 43% do
sexo feminino.
Do total de 229 amostras analisadas, 21% teve resultado positivo para ITU´s, sendo que 13% em
pacientes do sexo feminino. E os microrganismos mais frequentes foram a Eschirichia coli
(38%) e Proteus sp (28%).
Um diagnóstico laboratorial preciso permite conhecer os agentes etiológicos das infecções
urinárias garantindo uma melhor orientação terapêutica da maioria das ITU´s evitando assim o
uso indiscriminado de antibióticos e as possíveis complicações e reincidências destas infecções.
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Índice
1.Apresentação e Caracterização da Unidade de Estágio ............................................................... 1
1.1.Programa do Estágio ............................................................................................................. 2
1.2.Apoio Concedido por Parte da Unidade de Estágio .............................................................. 2
2.Revisão Bibliográfica................................................................................................................... 3
2.1.Incidência das ITUs ............................................................................................................... 3
2.2.Principais Sintomas das ITUs ............................................................................................... 4
2.3.Diagnóstico das ITU’s .......................................................................................................... 5
3. Objectivos ................................................................................................................................... 7
3.1. Objectivo Geral .................................................................................................................... 7
3.2. Objectivos Específicos ......................................................................................................... 7
4.Materiais ...................................................................................................................................... 8
5.Actividades Desenvolvidas Durante o Período de Estágio .......................................................... 9
5.1.Recepção das Amostras ......................................................................................................... 9
5.2.Processamento das Amostras .............................................................................................. 10
5.2.1.Exame de Urina Comum/ Exame de urina II (Urianálise) ........................................... 10
5.2.2.Exame Microscópico (Sedimento) ............................................................................... 17
5.2.3. Preparação das Culturas (Urocultura) ......................................................................... 20
5.3.Limitações do Estágio ......................................................................................................... 22
6.Apresentação dos Resultados e Discussão ................................................................................. 23
7.Análise Crítica da Unidade de Estágio ...................................................................................... 32
8.Conclusão ................................................................................................................................... 33
9.Recomendações.......................................................................................................................... 35
10.Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 36
11.Anexos ..................................................................................................................................... 43
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1. Apresentação e Caracterização da Unidade de Estágio
O estágio teve lugar no Hospital Militar de Maputo (HMM), no Laboratório de Análises Clínicas
(LAC), secção de Microbiologia. O HMM foi criado durante a fase de organização dos serviços
de saúde militar, na antiga Província Ultramarina de Moçambique, em 1960 e ao longo do seu
crescimento, foi mudando de designação de modo a corresponder ao tipo de actividades
desenvolvidas, tendo sido denominado de Hospital Militar de Lourenço Marques e actualmente
Hospital Militar de Maputo (Muchanga, 2006).
O HMM situa-se na Cidade de Maputo, Distrito Urbano número 1, entre as avenidas Kenneth
Kaunda, Cahora Bassa e Rua General Texeira Botelho (ver o mapa no Anexo I). O LAC
apresenta uma sala de colheita das amostras e encontra-se dividido em cinco sectores de
actividades, nomeadamente: Hematologia, Sorologia, Imunologia, Parasitologia e Microbiologia
(Muchanga, 2006).
No sector de Hematologia realizam-se testes de avaliação de parâmetros hematológicos, com o
auxílio de aparelhos quantificadores de eritrócitos, leucócitos, plaquetas e teores de
hemoglobina, bem como o diagnóstico de hematozoários.
No sector de Sorologia faz-se a detecção de anticorpos presentes no sangue total ou no plasma.
No sector de Imunologia, determina-se a presença de infecções tais como: hepatites virais,
toxoplasmose, rubéola, HIV I e II, entre outros e a dosagem de hormonas Tiroidais (T3, T4,
TSH), LH, FSH, Cortisol, Prolactina, Progesterona e Testosterona (Muchanga, 2006).
No sector de Parasitologia, são feitas análises de diagnóstico de parasitas em amostras de fezes e
urina. Nas fezes analisa-se a possível existência de amido, gordura e de quistos de parasitas. Na
urina, são feitos testes para a detecção de leucócitos, eritrócitos, células epiteliais, cristais,
cilindros que indicam a presença de infecção urinária.
Na secção de Microbiologia, são isolados e identificados agentes etiológicos em amostras de
urina, exsudadas vaginais, uretrais, faríngeas, otites expectoração; responsáveis por diversas
infecções e os respectivos testes de sensibilidade aos antibióticos (Muchanga, 2006).
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1. Programa do Estágio
O estágio decorreu entre os meses de Julho a Outubro de 2014, com duração total de 440 horas
úteis. A primeira fase do estágio consistiu na familiarização da estudante com o LAC e a
segunda fase o estágio final, cumprindo o seguinte programa:
Tabela 1. Programa das actividades do estágio.
Actividades Mês
1. Recepção de Amostras Julho (2 semanas)
2. Colheita de Amostras Julho (2 semanas)
3. Processamento de amostras (Secção de Microbiologia) De Agosto a Outubro
1.1. Apoio Concedido por Parte da Unidade de Estágio
O estágio foi orientado pela dra Hermínia Capite, com apoio dos técnicos.
O LAC concedeu todo apoio material e moral necessário para a integração nas actividades do
laboratório e realização do presente trabalho, bem como espaço para esclarecer as dúvidas sobre
o tema.
De salientar o bom ambiente de trabalho proporcionado.
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2. Revisão Bibliográfica
As infecções do tracto urinário (ITU’s) são definidas como sendo a presença e multiplicação de
microrganismos na urina, com possível invasão e reacção das estruturas tubulares ou
parenquimatosas do aparelho urinário ou órgãos anexos (Correia et al., 2007; Braoios et al.,
2009; Correia, 2009).
As ITU’s podem ser sintomáticas ou assintomáticas e do ponto de vista anatómico podem ser
agrupadas em cistites, que são infecções do tracto inferior, na qual a presença de bactérias se
limita à bexiga ou pielonefrites, que são infecções do tracto urinário superior e inferior, que
resultam da ascensão de microorganismos do tracto urinário inferior afectando a pélvis e o
parênquima renal e frequentemente associadas com a presença de cálculos renais (Heilberg e
Schor, 2003; Correia, 2009; Roriz-Filho et al., 2010; Rodrigues et al., 2013)
A etiologia das ITU’s varia de acordo com a região geográfica, sexo, idade, estado geral do
paciente, uso prévio de antibióticos e ocorrência da infecção no ambulatório ou no hospital
(Poletto e Reis, 2005; Correia, 2009).
Os agentes etiológicos em mais de 95% dos casos das ITUs são enterobactérias, habitantes
normais do tracto intestinal sendo o principal agente a Eschirichia coli, podendo também ser
causadas por Proteus sp. (predominantemente em meninos), Klebsiella sp, Enterobacter sp,
Streptococcus feccalis, e Pseudomonas sp (infecção intra – hospitalar), Staphylococcus
saprophyticus (em adolescentes), entre outros (Grisi e Escobar, 2000; Dalbosco et al., 2003).
2.1. Incidência das ITUs
No mundo todo, cerca de 150 milhões de pessoas são diagnosticadas com ITU por ano. No Brasil
as ITU’s são consideradas as mais comuns das infecções bacterianas e são uma das principais
causas de consulta médica ficando atrás apenas das infecções respiratórias e são responsáveis por
80 em cada 1000 consultas clínicas (Braoios, et al., 2009; Rodrigues et al., 2013).
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A maioria das infecções acomete homens e mulheres em todas faixas etárias e têm incidência
em locais onde os padrões de saneamento básico são baixos ou inexistentes (Soares et al., 2006).
Os grupos mais frequentemente acometidos são recém-nascidos do sexo masculino (75%),
devido ao maior número de malformações congénitas, especialmente envolvendo a válvula
uretral posterior e durante a infância, principalmente na fase pré-escolar, as meninas são
acometidas 10 a 20 vezes mais do que os meninos (Grisi e Escobar, 2000).
Na vida adulta, a incidência das ITU’s se eleva ao predomínio no sexo feminino e se mantém, o
que pode estar relacionado à actividade sexual, com picos de maior acometimento durante a
gestação ou na menopausa, de forma que 48% das mulheres apresentam pelo menos um episódio
de ITU ao longo da vida (Grisi e Escobar, 2000; Dalbosco, et al., 2003).
A maior susceptibilidade à infecção no sexo feminino é devida às condições anatómicas: uretra
mais curta e sua maior proximidade da vagina com ânus (Heilberg e Schor, 2003; Correia, 2009).
As taxas das ITU’s são também maiores em homossexuais masculinos, estando relacionadas com
a prática mais frequente de sexo anal não protegido e também em indivíduos com prepúcio
intacto. Nos indivíduos com o vírus HIV, a infecção, por si só, é um factor de risco para ITU,
aumentado em relação directa com a queda dos níveis dos linfócitos CD4+ (Correia, 2009;
Cunha e Veber, 2011).
2.2. Principais Sintomas das ITUs
Em recém-nascidos, o diagnóstico clínico de ITU se torna suspeito quando há presença de
icterícia fisiológica prolongada, associada ou não à perda de peso (30% dos casos), diminuição
de amamentação, diarreia, ou constipação e vómitos (Levy, 2004).
Em crianças o principal sintoma pode ser dor abdominal e na faixa pré-escolar os sintomas
podem ser febre, disúria (dificuldade para urinar) ou polaciúria (aumento de número de
micção com aumento do volume da urina) (Heilberg e Schor, 2003).
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Em adultos os sintomas clínicos característicos de cistite são a disúria, polaciúria ou aumento da
frequência urinária, urgência miccional, dor em baixo ventre, calafrios, com presença ou não de
dor lombar, mal-estar geral e indisposição, podendo haver sobreposição com os sintomas da
pielonefrite (Heilberg e Schor, 2003; Costa e Príncipe, 2005).
Em idosos é comum dor abdominal ou distúrbio de comportamento (Heilberg e Schor, 2003;
Costa e Príncipe, 2005).
Segundo Spindola (2006), normalmente os pacientes com infecções urinárias procuram os
serviços de saúde quando se queixam de disúria, frequência urinária, dor abdominal baixa e/ou
febre, visto que estes são os sintomas mais frequentes em pacientes com ITU’s.
2.3. Diagnóstico das ITU’s
As ITU’s são diagnósticas laboratorialmente a partir do exame de urina II, do exame de
sedimento urinário, pela microscopia directa, pelo método de Gram e pela cultura (Silva, 2008).
O exame microscópico é realizado com o objectivo de verificar piúria (presença de leucócitos
degenerados na urina) e bacteriúria da urina (Silva, 2008).
O exame de urina II (uriánalise) é um teste laboratorial simples, não invasivo e de baixo custo
que pode rapidamente fornecer valiosas informações a respeito do estado do paciente, realizado
para auxiliar no diagnóstico de doenças, triagem de uma população para constatação de presença
de doença assintomática, monitorar o curso de uma doença e monitorar a eficácia ou
complicações resultantes de terapias (Carvalhal, et al., 2006).
A técnica de urocultura consiste basicamente no isolamento, identificação e quantificação de
bactérias na urina (bacteriúria) que poderá indicar uma ITU, possibilitando subsequentemente a
realização do teste de susceptibilidade aos antibióticos (Bandeira, 2004).
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Os testes laboratoriais são de extrema importância para elucidar um diagnóstico preciso e para
uma melhor orientação terapêutica da maior parte das infecções do tracto urinário (Carvalhal et
al., 2006).
A solicitação de uroculturas nas amostras de urina, proveniente de doentes com suspeita de ITU,
permite dispor de dados necessários para o conhecimento dos diferentes agentes uropatógenos
mais importantes numa determinada região e dispor de informação sobre o seus padrões de
resistências, necessários para poder iniciar o tratamento empírico adequado e minimizar o
aparecimento de resistências bacterianas (Correia et al., 2007).
Para a urocultura, são usados os meios de cultura CLED e Ágar Mac Conkey e em alguns
laboratórios, utilizam também o Ágar Sangue (Madigan et al., 2010).
O meio de cultura CLED é utilizado para a cultura e contagem de bactérias Gram-positivas e
Gram-negativas, sendo um meio não-selectivo e pouco diferencial; contém lactose e devido a
uma deficiência de electrólitos inibe o "véu" ou "swarming" de cepas de Proteus sp. em sua
superfície, o que levaria à inviabilização da cultura (Albini et al., 2006).
No meio de cultura CLED desenvolve-se na grande maioria das bactérias patogénicas do tracto
urinário permitindo inclusive identificar suas respectivas colónias. A presença de bactérias
contaminantes como difteróides, lactobacilos e outros informa sobre os cuidados que foram
tomados ou não, quando da colecta da amostra de urina (Albini et al., 2006).
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3. Objectivos
3.1. Objectivo Geral
Descrever os métodos de diagnóstico laboratorial das Infecções do Tracto Urinário no
Hospital Militar de Maputo.
3.2. Objectivos Específicos
Descrever as técnicas de diagnóstico laboratorial das infecções do tracto urinário;
Identificar a proveniência dos casos;
Identificar o sexo e faixa etária mais acometida pelas infecções do tracto urinário;
Identificar os microrganismos frequentes encontrados nas infecções do tracto urinário;
Relacionar a proveniência dos pacientes com a bactéria isolada;
Desenvolver habilidades práticas no diagnóstico das infecções do tracto urinário
Propor recomendações.
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4. Materiais
Amostras de urina;
Ansa bacteriológica estéril e calibrada (10ml-10µl)
Bico de Bunsen;
Frascos de colheita de urina;
Bandeja;
Placas de Petri;
Tubo de amostra;
Lâminas
Lamelas
Batas de mangas compridas;
Luvas de látex;
Máscaras de protecção descartável (TNT);
Pipeta de Pasteur e
Óleo de imersão.
a) Reagentes
Cristal violeta a 2%;
Solução de iodo (Lugol) a 3%;
Álcool-acetona a 95 %;
Safranina a 0.25%;
Peróxido de Hidrogénio a 3%;
Meios Ágar CLED;
b) Equipamento
Incubadoras a 37oC;
Microscópio óptico;
Centrífuga;
Roche Diagnostics (Urisis 2400)
Autoclave
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5. Actividades Desenvolvidas Durante o Período de Estágio
Todas actividades foram realizadas cumprindo com as normas de biossegurança do laboratório,
como uso de bata, sapatos fechados, luvas e máscaras de protecção. As actividades realizadas
incluíram a recepção e o processamento das amostras de urina.
O processamento consistiu na realização de análise de fita, preparação das lâminas para
observação microscópica, preparação dos meios de cultura e sementeira das amostras, incubação
e leitura das placas, que são descritos a seguir.
5.1. Recepção das Amostras
A recepção das amostras decorreu diariamente no horário compreendido entre 7:00h as 10:00h
da manhã.
As amostras eram na sua maioria colhidas e transportadas para o laboratório pelo próprio
paciente, antecedidos da entrega do frasco esterilizado para a colheita da urina e orientação pelo
técnico de laboratório das normas de colheita que constam no Anexo II.
Era orientado ao paciente a colher a primeira urina da manhã (entre as 4-5horas) e explicado que
primeiro devia lavar os órgãos genitais com água e sabão, depositar a urina no frasco
desprezando primeiro jacto e colher o jacto seguinte, pois o primeiro traz excesso de bactérias da
uretra e das vias urinárias que podem contaminar a amostra (Cook e Amico, 1992; Camargo et
al., 2001; Silva, 2008).
E toda a amostra colhida devia ser selada e transportada imediatamente para o laboratório não
excedendo o período de duas horas (2h) depois da emissão, para evitar o crescimento de
microrganismos (Wilson e Gaido, 2004; Carvalhal et al., 2006).
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As amostras recebidas foram previamente identificadas e posteriormente registadas no livro de
registo de exames microbiológicos. O registo consistiu no nome e endereço do doente, seguindo
as características que constassem na requisição médica.
Foi atribuído e marcado o número de ordem de cada doente no frasco contendo a amostra e
depois nas respectivas requisições.
5.2. Processamento das Amostras
O processamento das amostras iniciou-se imediatamente após o fim do período de recepção das
mesmas. As amostras não processadas eram conservadas na geleira a uma temperatura de 4 – 6
°C, por um período de até 24 horas pois sob refrigeração, as contagens bacterianas permanecem
em ritmo lento de replicação (Camargo et al., 2001; Fonseca et al., 2004).
5.2.1. Exame de Urina Comum/ Exame de urina II (Urianálise)
O exame de urina II é usado para avaliar a presença de substâncias na urina no intuito de
constatação diagnóstica e/ou controle terapêutico, sendo uma análise qualitativa e que não deve
ser usada para concluir diagnósticos de ITU’s, apenas para excluir a possibilidade de uma
infecção do tracto urinário (Correia et al., 2007).
O exame de urina II é compreendido em três fases que são: o exame físico (características gerais
da urina), exame químico e a microscopia do sedimento e em casos do exame for positivo é
fundamental realizar-se a urocultura para fechar o diagnóstico e direccionar ao tratamento mais
adequado (Silva, 2008).
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a) Exame Físico
Todas amostras passaram por exames físicos para observação das características tais como a cor,
cheiro e aspecto.
Análise da Cor
Esta análise consistiu, na observação a vista desarmada, da coloração de cada amostra de urina
pelo pesquisador e registo na requisição. Observou-se se a urina apresentava cor amarela,
amarelo-escuro, amarelo-laranja, esverdeada ou avermelhados originados no metabolismo
normal do organismo (Tembe, 2007).
A cor amarela é caracterizada pela presença de pigmentos de urocromo, que é produto do
metabolismo endógeno e que é produzido em velocidade constante em condições normais. A
quantidade de urocromo que será produzida dependerá do estado metabólico do corpo; por
exemplo, no caso de doenças envolvendo a tireóide e no estado de jejum, a produção aumenta;
aumenta também quando a urina permanece em temperatura ambiente (Joviliano, 2000).
Uma amostra com a coloração amarelo-escura ou âmbar nem sempre é considerada normal, pois
esta coloração, é determinada pela presença anormal do pigmento bilirrubina; este pigmento é
detectado durante a análise química e quando aparecer uma espuma amarela ao agitar o tubo
contendo a amostra. A bilirrubina é um factor muito importante para diagnosticar caso seja
identificado na urina, pois junto a este pigmento, é normal encontrar o vírus da hepatite
(Strasinger, 2000).
A coloração amarelo-alaranjada ocorre quando há administração de derivados de piridina para
combate às infecções urinárias, este pigmento interfere nas análises químicas baseadas em
reações cromáticas. A presença de derivados de piridina é facilmente confundida com a presença
de bilirrubina, pois se agitar a amostra também aparecerá uma espuma amarela, como faz quando
desconfia-se a presença de bilirrubina na urina. (Strasinger, 2000; Guyton e Hall, 2002).
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A intensidade da cor da urina está relacionada com a concentração da amostra. Uma urina mais
clara pode ser observada a ingestão excessiva de líquidos, enquanto o consumo reduzido de
líquidos faz com que o indivíduo excrete uma urina mais escura. Assim a coloração da urina
indica a concentração urinária e o grau de hidratação do indivíduo (Strasinger, 2000).
Em alguns momentos a coloração da urina deve-se a alimentação, uso de medicamentos e a
presença de patologia. (Lopes, 2004).
Análise do Aspecto (aparência)
Este parâmetro efectuou-se através da observação visual da amostra homogeneizada e sua
classificação em: transparente, opaca, leitosa, ligeiramente turva, turva e muito turva.
Segundo Strasinger (2000) e Lopes (2004) a urina normal tem um aspecto claro e transparente
logo após a sua emissão e com o passar do tempo, tende a ficar turva pela presença de muco e
precipitação de cristais amorfos (fosfatos e uratos), bactérias, piócitos, hemáceas (dependendo do
estado fisiológico do indivíduo), cilindros e cristais diversos.
Análise do Cheiro
O cheiro normal da urina é caracteristico, “sui generis”. Ocasionado pela presença de ácidos
arromáticos voláteis (Lopes, 2004).
Com o envelhecimento a urina adquire um odor forte de amoníaco pela transformação bacteriana
da ureia em amónia. Uma infecção do tracto urinário torna o odor da urina pútrido. As causas de
odores anormais são: infecções bacterianas (causam cheiro forte e desagradável) e a presença de
corpos cetônicos da Diabetes (provocam um odor adocicado ou de frutas) e também odores
anormais podem ser encotrados em situação de anormalidades do metabolismo de aminoácidos
como fenilcetonuria e outros (Joviliano, 2000; Lopes, 2004).
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Cheiro forte de amónia significa que não há consumo suficiente de líquido ou que há uma
desidratação; por vezes a urina mal cheirosa refere-se a infecção bacteriana dos rins ou bexiga e
urina com cheiro de mofo é causada pela doença de fígado ou fenilcetonúria que é uma condição
metabólica hereditária rara (Wilson e Gaido, 2004).
b) Exames Bioquímicos
Os parâmetros bioquímicos foram determinados por meio de um teste de fita reagente (dipstick),
o qual permite a interpretação quase que imediata desses resultados (em cerca de um minuto)
(Carvalhal et al., 2006).
As tiras reagentes são formadas por pequenos pedaços de papel absorvente impregnados com
substâncias químicas específicas e constituem um meio rápido e realizam no mínimo dez
análises bioquímicas importantes: proteínas, cetonas, pH, glicose, sangue, leucócitos, densidade,
nitrito, bilirrubina e urobilinogênio (Cezar et al., 2012; Pereira e Neto, 2013).
Este exame, consistiu na introdução da fita reagente no frasco contendo a amostra
homeogeneizada e sua retirada imediata, aguardando-se por 1 minuto para que ocorresse a
reacção (Carvalhal et al., 2006).
O resultado é obtido através da observação da mudança de cor, pois ocorre uma reacção química
que leva a uma mudança na coloração do papel absorvente. E a interpretação dos resultados é
feita por meio da comparação entre a coloração produzida na fita e a tabela cromática fornecida
pelo fabricante da tira reagente (Cezar et al., 2012).
Os testes indirectos de fita reagente (dipstick) são úteis para o rastreamento de pacientes
assintomáticos; pacientes com sintomas ou em risco elevado de infecção do tracto urinário (p.ex.,
gestantes) (Kunin, 1997).
Por vezes exame de urina II realizou-se com a ajuda do aparelho Urisys 2400 em uso no HMM
para a detecção dos parâmetros físicos e químicos (Roche Diagnosics).
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Izete Figueiredo Página 14
c) Significado dos parâmetros bioquímicos no exame de fita
Análise da Densidade
A avaliação da capacidade de reabsorção renal (que muitas vezes é a primeira função renal a se
tornar deficiente) é feita medindo a densidade da amostra, o que também detectará uma possível
desidratação ou anormalidade de hormônio antidiurético, podendo usar essa verificação para
determinar se a concentração da amostra é suficiente para garantir a precisão das análises
bioquímicas (Henry, 1999).
A densidade normal da urina varia de 1.010 a 1.030mg/dl e indica a concentração total de sólidos
dissolvidos nela e varia de acordo com o volume e quantidade de solutos excretados
(principalmente cloreto de sódio e ureia), uma densidade alta da urina pode ser verificada em
casos de presença de glicose em pacientes com Diabetes mellitus e a baixa densidade pode estar
associada à excreção de grandes volumes urinários no caso de doenças renais (Lopes, 2004).
pH
A urina é naturalmente ácida, já que o rim é o principal meio de eliminação dos ácidos do orga-
nismo, com valores de pH entre 5.5 a 7.0 (Chipa e Freitas, 2009).
Valores de pH maiores ou igual 7 podem indicar a presença de bactérias que alcalinizam a urina,
valores menores que 5.5 podem indicar acidose no sangue ou doença nos túbulos renais. Em
alguns casos valores acima ou abaixo dos descritos podem não necessariamente indicar alguma
doença, porém a urina alcalina frequentemente indica que a amostra foi mantida à temperatura
ambiente por mais de 2 horas, depois de colhida (Silva, 2008).
Por vezes existem factores que podem alterar o pH da urina como: a ocorrência de vómitos horas
antes da colheita da amostra e em casos mais raros, algumas doenças dos túbulos renais que
podem deixar a urina com pH acima de 7.0 (Chipa e Freitas, 2009).
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Izete Figueiredo Página 15
A verificação do pH é importante principalmente por ajudar a detectar possíveis distúrbios
electrolíticos sistémicos de origem metabólica ou respiratória e para tratar problemas urinários
cuja solução seja que a urina se mantenha em determinado pH (Joviliano, 2000).
Proteínas
A maioria das proteínas não é filtrada pelo rim, por isso, em situações normais, não devem estar
presentes na urina (Silva, 2008).
Existe apenas uma pequena quantidade de proteínas na urina, que podem ser causadas por
situações que podem ser benignas ou triviais tais como: presença de febre, exercício físico horas
antes da colecta de urina, desidratação ou estresse emocional e até causas mais graves como:
infecção urinária, doenças do glomérulo renal e lesão renal pela diabetes (Chipa e Freitas, 2009).
Valores acima de 10mg/dl de proteína na urina são considerados anormais, sendo indício de
doença. A detecção de proteínas é provavelmente o achado isolado mais sugestivo de doença
renal (Silva, 2008; Chipa e Freitas, 2009).
Glicose
Toda a glicose que é filtrada nos rins e reabsorvida de volta para o sangue pelos túbulos renais.
Deste modo, não é normal apresentar evidências de glicose na urina, entretanto, com quantidades
de açúcar no sangue muito elevadas, o rim recebe e filtra também uma grande quantidade deste
(Silva, 2008).
Valores de glicemia acima de 180-200 mg/dl indicam que capacidade de reabsorção do túbulo
renal está ultrapassada ocorrendo perda da glicose na urina. A presença de glicose na urina, sem
que haja Diabetes, é sintoma de doença nos túbulos renais (Chipa e Freitas, 2009).
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Izete Figueiredo Página 16
Nitritos
A urina é rica em nitratos e a pesquisa de nitrito representa um teste bastante útil na detecção de
bacteriúria assintomática pois, quando se tem bactérias na urina, ocorre a conversão desses
nitratos em nitritos, sendo indício indirecto de ITU. Contudo, nem todas as bactérias têm a
capacidade de metabolizar o nitrato, por isso, exame de urina com nitrito negativo de forma
alguma descarta infecção urinária (Mcbride, 1998).
Bilirrubina e Urobilinogéneo
Normalmente ausentes na urina, a presença de bilirrubina pode indicar doença hepática (fígado)
ou hemólise (destruição anormal das hemácias). A bilirrubina só costuma aparecer na urina
quando os seus níveis sanguíneos ultrapassam 1.5 mg/dl (Silva, 2008).
A detecção de bilirrubina na urina é importante na suspeita de doenças hepáticas e na
investigação das causas de icterícia (Mcbride, 1998).
Corpos Cetônicos
As cetonas (ácido hidroxibutírico, ácido acetoacético e acetona), são produtos do metabolismo
incompleto de lípidos e sua presença na urina está relacionada com condições metabólicas, nas
quais são usados lípidos como fonte de energia, ao invés de carboidratos, como ocorre em
pacientes com Diabetes mellitus não controlado, em casos de alcoolismo, jejum prolongado
(desidratação, vômitos, diarréia e febre) e raras doenças metabólicas hereditárias (Mcbride,
1998).
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Izete Figueiredo Página 17
5.2.2. Exame Microscópico (Sedimento)
O exame microscópico consistiu na observação e pesquisa de células epiteliais, células
sanguíneas (hemácias e leucócitos), Cristais de Ácido Úrico e Fosfatos Uratos Amorfos, Oxalato
de Cálcio, Bactérias e Fungos.
Para a realização do exame microscópico (sedimento), colocou-se 5ml da amostra (urina) em
tubos cónicos previamente identificados com o número da amostra correspondente e centrifugou-
se durante 5 minutos a uma velocidade de 2500 rpm.
Descartou-se o sobrenadante de cada tubo e com uma pipeta de Pasteur retirou-se uma porção do
sedimento e efectuou-se a preparação para observação microscópica.
Significado dos Parâmetros do Exame Microscópico
Células Epiteliais
Três diferentes tipos de células epiteliais podem ser observados no sedimento urinário: as
escamosas, transicionais e tubulares renais. Na prática diária, em geral, pouca atenção é
dispensada a estes elementos uma vez que, raramente, reflectem alguma doença. A presença de
células com morfologia anómala e/ou atípicas devem ser consideradas como indicativo de
eventual processo neoplásico, havendo necessidade de exames mais específicos (Andriolo,
2012).
Os indicativos de contaminação bacteriana da urina no momento da colecta pode-se destacar a
presença de quantidades expressivas de células epiteliais escamosas na microscopia do
sedimento urinário (indicativas de contaminação a partir do intróito vaginal ou do prepúcio) e em
amostras de mulheres a presença de muitas células escamosas epiteliais, misturadas ou não a
bactérias, é forte evidência de que a amostra está contaminada com microbiota vaginal e é
necessário colher outra (Carvalhal et al, 2006; Silva, 2008).
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Izete Figueiredo Página 18
Hemácias
A presença de sangue na urina chama-se hematúria e pode ocorrer por diversas doenças, como
infecções do tracto urinário, pedras nos rins e doenças renais graves. Um resultado falso positivo
pode ocorrer em mulheres que colhem urina durante o período menstrual. Valores abaixo de 3 a
5 hemácias por campo ou menos que 10.000 células por ml na urina são considerados normais
(Silva, 2008).
A presença de hematúria na análise do sedimento urinário também pode ser considerada como
um modo indirecto de infecção do tracto urinário, uma vez que em 40% a 60% dos casos de
cistites podem-se observar hematúria microscópica (Carvalhal et al, 2006).
Em urinas muito diluídas, com densidade entre 1.002 a 1.005mg/dl as hemácias podem se
romper, libertando Hemoglobina, resultando em exame microscópico negativo para hemácias e
pesquisa de Hemoglobina positiva e como a membrana celular é bastante flexível e permeável à
água, a morfologia típica pode ser alterada, em resposta a modificações na osmolaridade urinária
(Andriolo, 2012).
Leucócitos
A presença de leucocitúria (piúria) no exame do sedimento urinário, com mais de 4 a 5
leucócitos por campo é indicativa de inflamação nas vias urinárias. Na realidade, deve-se
questionar o diagnóstico de infecção urinária em um paciente sem leucocitúria até que se
obtenham resultados mais definitivos dos exames de urocultura (Carvalhal et al, 2006).
Em geral, a presença de leucócitos na urina sugere infecção urinária, mas pode estar presente em
várias outras situações, como traumas, uso de substâncias irritantes ou qualquer outra inflamação
não causada por um agente infeccioso. Valores normais de leucócitos estão abaixo dos 10.000
células por ml ou 5 células por campo (Madigan et al, 2010).
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À medida que os leucócitos degeneram, vai ficando difícil a sua diferenciação com as células
epiteliais. Após 2 a 3 horas da urina em temperatura ambiente, há degeneração de 50% dos
leucócitos. A presença de muitos leucócitos, mais de 50 por campo, ou de grumos de leucócitos
degenerados é fortemente sugestivo de infecção bacteriana aguda (Silva, 2008; Andriolo, 2012).
Cristais de Ácido úrico e Fosfatos Uratos Amorfos
A presença de grande quantidade de uratos amorfos pode anunciar a nefropatia gotosa.
Numerosos cristais de ácido úrico são vistos em urinas de crianças durante as fases de
crescimento corporal acelerado, quando é intenso o metabolismo de nucleoproteínas. Alguns
cristais possuem significado diagnóstico específico ou sugerem a presença de distúrbios físico-
químicos que podem estar relacionados com distúrbios metabólicos e/ou calculose (Andriolo,
2012).
Oxalato de Cálcio
Podem estar presentes em grande número em urinas de indivíduos normais com dietas ricas em
alimentos contendo ácido oxálico, como tomate, maçã, laranja e bebidas carbonatadas. A
elevação acentuada do número destes cristais pode reflectir doença renal crónica grave, ou
intoxicação por drogas (Andriolo, 2012).
Interpretação dos Resultados do Exame Microscópico
Tabela 2: Interpretação dos resultados da pesquisa de células (Eritrócitos e Leucócitos)
Observação Resultados
0-10 Células por campo Escassos/ Raros
10-30 Células por campo Algumas
+ de 30 células por campo Abundantes
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5.2.3. Preparação das Culturas (Urocultura)
a) Preparação do Meio de Cultura
O meio de cultura usado para isolar e quantificar microrganismos presentes em amostras de urina
no HMM é o CLED. É um meio de cultura não selectivo, diferencial que tem como princípio a
deficiência de electrólitos o que inibe o “swarming” dos Proteus spp. e a lactose que permite
diferenciar as bactérias fermentadoras das não fomentadoras (Fonseca, et al., 2004).
E a sua preparação obedece os procedimentos descritos a seguir:
Procedimento de preparação do meio de cultura CLED (Fonseca et al., 2004).
Pesou-se 5g de pó do meio de cultura CLED numa balança electrónica de precisão
OHAUS-3100g/0,01g e dissolveu-se em 100ml de água destilada contida num esguicho;
Aqueceu-se o meio até ferver agitando levemente em Banho - Maria para dissolver
completamente o meio;
Esterilizou-se na autoclave a 121ºC por 15 minutos de seguida deixou-se arrefecer a 45-
50ºC.
Numa cabine de segurança distribuiu-se cerca de 20 a 25 ml em placas de Petri ± 90 mm
estéreis;
Finalmente deixou-se em temperatura ambiente onde depois de arrefecido conservou-se
numa geleira a 4-60C.
b) Cultivo das Amostras (Sementeira) e Incubação
Em placas de Petri contendo o meio de cultura e devidamente identificada, inoculou-se uma
porção da amostra homogeneizada, usando uma ansa calibrada de 0,001ml previamente
esterilizada à chama de bico de Bunsen.
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A inoculação foi feita descarregando na superfície da placa a amostra, deslizando-se suavemente
a ansa com rapidez até estriar o espaço correspondente ao um meio do total da placa.
Incubou-se as placas numa estufa bacteriológica à temperatura de 37°C, por 24 horas período
após o qual se fez a leitura para observação dos resultados do crescimento.
c) Leitura e Interpretação dos resultados
Foram consideradas positivas as culturas com as amostras com contagem acima de 100.000
UFC/mL.
As colónias lactose positivas eram identificadas pela sua coloração amarela e as colónias lactose
negativas eram identificadas pela sua coloração azul claro, em contraste com o meio de cultura
que se apresenta de cor azul claro (Fonseca et al., 2004).
d) Identificação das Colónias Bacterianas
A identificação sugestiva das colónias patogénicas, foi feita usando a técnica de coloração de
Gram (ver anexo III), que diferenciou as bactérias as Gram-positivas das Gram-negativas.
Feita a diferenciação das bactérias e caso fossem bactérias Gram-positivas efectuou-se a sua
identificação usando o teste de Catalase (ver anexo IV) e para as Gram-negativas efectuou-se a
identificação sugestiva das colónias patogénicas mediante as características morfológicas das
colónias bacterianas no meio de cultura.
Tabela 3. Morfologia cultural das colónias Gram - negativas no meio de cultura (Langa, 2007).
Bactéria Meio de Cultura (CLED)
E. coli 1-3mm amarela claro e brilhante
Proteus sp 1-3mm, creme brilhante
Klibsiella sp 1-4mm, cor-de-rosa, húmida ou mucosa plana
Outros Coliformes 1-3mm, verde-claro
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5.3. Limitações do Estágio
Durante a realização do estágio houve limitações na preparação dos meios de cultura devido a
falta de equipamentos como: Banho-Maria, medidor do pH entre outros; também houve
constrangimentos na identificação das espécies visto que o laboratório não possui testes
confirmatórios específicos para cada espécie limitando-se apenas na identificação sugestiva das
colónias.
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6. Apresentação dos Resultados e Discussão
Durante o período de estágio o LAC do HMM, processou cerca de 251 amostras. Das 251
amostras processadas, 22 foram excluídas da análise de dados por apresentarem falta de alguns
dados tais como: sexo, idade e proveniência tendo sido analisadas apenas os resultados de 229
amostras.
Dos resultados analisados, 57% (130) eram do sexo masculino e os restantes 43% (99) do sexo
feminino.
Os pacientes apresentavam idades compreendidas entre os 0 e ≥45 anos de idade. As idades
foram organizadas em intervalos, verificou-se maior predominância de pacientes com faixa etária
≥45 anos de idade, seguindo dos 31-44; 16-30 e 0-15 anos de idade, respectivamente, como
mostra a figura-1, abaixo.
Figura 1: Percentagem dos pacientes atendidos por faixa etária
Quanto a proveniência, 3% (8) eram CITRA, 7% (15) da enfermaria e 90% (206) da consulta
externa.
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Destes pacientes suspeitos, após a realização do diagnóstico laboratorial verificou-se que apenas
21% (49) destes foram diagnosticados como positivo para diferentes microrganismos como
mostra figura 2 abaixo.
Figura 2: Frequência percentual dos casos suspeitos e confirmados laboratorialmente como positivos.
A figura acima mostra que apesar do maior número de pacientes que procuraram os serviços de
saúde serem do sexo masculino, o maior índice de amostras positivas foi verificado no sexo
feminino, com cerca de 13%.
Este resultado condiz com o estudo realizado no Pam Antônio Ribeiro Netto por Spindola
(2006), que mostrou maior número de casos confirmados positivas em pacientes do sexo
feminino em relação aos sexos masculino.
Na mulher a maior susceptibilidade à ITU deve se à uretra mais curta e a maior proximidade do
ânus com a vagina, à higiene deficiente, à gestação, e o número de gestações, entre outras
(Cunha e Veber, 2011; Korb et al., 2013).
Por outro lado, o sexo masculino devido a sua anatomia, como por exemplo, a presença de uma
uretra com maior cumprimento e consequentemente maior fluxo urinário e o factor
antibacteriano prostático, são características que lhes conferem maior protecção contra ITU
(Trabulsi, 1991; Costa et al., 2010).
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Em relação as amostras com resultado de cultura negativas 79% (180), podem estar associadas a
falta de conhecimentos e atitudes por parte dos pacientes. Provavelmente, o tempo desde a
colheita até as análises laboratoriais pode ter ultrapassado o tempo recomendado, de 2 horas,
para o diagnóstico, porque o exame microbiológico da urina é um dos mais difíceis, pois a
colecta, o transporte e a manipulação da amostra é feita pelo próprio paciente e pode reflectir na
libertação do resultado (Moura, 1997).
Apesar de se ter verificado uma percentagem alta de pacientes com diagnóstico negativo para
infecção urinária, provavelmente, o exame de cultura solicitado pelo clínico, poderia estar
associado ao facto dos sintomas serem sugestivos de infecção do tracto urinário (Spindola,
2006).
Segundo Spindola (2006), normalmente os pacientes com infecções urinárias procuram os
serviços médicos quando se queixam de disúria, frequência urinária, dor abdominal baixa e/ou
febre, visto que estes são os sintomas mais frequentes em pacientes com ITU.
Entretanto, sintomatologia que sugere infecção urinária pode ocorrer na dependência de
inúmeros factores, principalmente nas mulheres, tais como: colpites, vaginites, uretrites, entre
outras, que podem ser patológicas e causar sintomas semelhantes a uma infecção urinária
(Moura, 1997).
Quanto aos casos confirmados laboratorialmente verificou-se maior índice de infecção por
bactérias com cerca de 92% (45) em pacientes provenientes das consultas externas, seguido de
enfermarias com cerca de 6% (3) e CITRA com cerca de 2% (1) como mostra a tabela 4 abaixo.
Tabela 4. Percentagem de casos positivos a infecções urinárias segundo proveniência (n=49)
Casos confirmados como positivos
Total de caso %
CITRA 1 2
Consulta Externa 45 92
Enfermaria 3 6
Total 49 100
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Estes resultados podem mostrar estas diferenças no índice de infecção em consultas externas
serem maior em relacção aos outras, provavelmente pelo facto destas terem recebido maior
número de pacientes, como mostra a tabela 4 a cima.
Os microrganismos encontrados com maior frequência nas amostras analisadas foram E. coli
com cerca de 38% (18) seguida de Proteus sp com 28% (13), e em menor frequência foi
Klebsiela sp com cerca de 4% (Figura 3).
Figura 3: Distribuição percentual dos microrganismos encontrados em amostras de urina positivas.
De uma forma geral, o índice de infecção foi verificado em maior proporção nas mulheres sendo
a bactéria mais comummente encontrada a E. coli (Figura 4).
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Figura 4: Comparação das bactérias encontradas por sexo.
Os resultados obtidos neste trabalho concordam com a literatura, demonstrando que a maioria
das bactérias identificadas eram bacilos Gram-negativos entéricos, destacando-se a Escherichia
coli, seguida de Proteus sp, Enterobacter sp, Pseudomonas sp e Klebsiella sp com menor
frequência e sendo as Gram-positivas foram encontradas espécies de Staphylococcus aureus e
epidermidis (Camargo et al., 2005; Kazmirczaket al., 2005).
No que se refere à etiologia, as Enterobactérias classicamente são responsáveis pela maioria dos
casos, provavelmente, estes resultados podem estar associados ao facto de a bactéria E.coli ser
um microrganismo mais frequente pois, pertence a flora normal do intestino humano e pode
contaminar, colonizar e, subsequentemente, causar infecções extra intestinais (Costa et al., 2010;
Sobrinho, 2011).
A predominância de enterobactérias como E. coli nas ITUs femininas pode ser explicada por
serem os principais membros da microbiota intestinal, anatomia do órgão genital das mulheres,
além da proximidade ânus rectal, essas bactérias, geralmente móveis, também possuem
capacidade de adesão ao epitélio vaginal e mucosa urinária (Costa et al., 2010; Sobrinho, 2011).
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Outro índice observado foi a infecção causada por Proteus sp (37%), classificada como a
segunda cultura mais encontrada para o presente estudo, o que não está de acordo com estudos
feitos por Heilberg, et al., (2003), Sousa, et al., (2004) e Camargo et al., (2005), onde referiam
que o segundo microrganismo mais isolado na infecção urinária é a Klebsiella sp. No presente
trabalho este microrganismo foi identificado como a sexta causa deste tipo de infecção, com uma
frequência de (4%).
As Enterobactérias possuem um papel significante na epidemiologia da ITU. A Klebsiella sp por
exemplo, e um patógeno primário oportunista e pacientes com infecção causada pela mesma
apresentam algumas predisposições para contrai-la, quando em idade avançada, diabetes ou
alcoolismo (Costa et al., 2010).
A análise do tipo de microorganismos isolados com a faixa etária evidenciou maior número de
pacientes com diagnóstico positivo na faixa etária ≥45 anos de idade, com maior frequência para
bactérias do género Proteus sp sendo 21% em mulheres e 13% em homens, seguido de E. coli
que apenas foi encontrado em mulheres com cerca de 17% e em menor número foi observado
para as Enterobacter sp, com cerca de 4%. (Tabela 5).
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Tabela 5. Relação entre o sexo e os microrganismos isolados segundo as faixas etárias
Femenino Masculino
Faixa etária Bacteria isolada N0 de casos N
0 de casos Total
(0-15)
Escherichia coli 1 0
2 Staphylococcus epidermidis 1 0
(16-30)
Escherichia coli 5 1
10
Staphylococcus aureus 2 0
Enterobacter sp 2 0
(31-44)
Escherichia coli 4 2
11
Proteus sp 1 3
Pseudomonas sp 0 1
(≥45)
Escherichia coli 4
26
Staphylococus aureus 2 1
Pseudomonas sp 1 2
Proteus sp 5 4
Kleibsiella sp 1 1
Enterobactersp 1 1
Staphylccocu sepidermidis 0 3
Total 30 19 49
A segunda faixa etária mais afectada foi a de 31-44 anos de idade, sendo os microrganismos
mais frequentes a E. coli, com 54%, seguido de Proteus sp com 36% e Pseudomonas com 9%.
De facto, estes resultados podem estar de acordo com estudos realizados por Costa et al., (2010),
que demonstrou que a partir dos 35 anos de idade, o cateterismo uretral, a actividade sexual,
cirurgias ginecológicas as disfunções miccionais causadas por prolapsos ginecológicos e/ou
incontinência, são os principais factores de riscos responsáveis pelo aumento na incidência de
ITU, o que provavelmente determinou o número acentuado de pacientes com ITU nestas faixas
etárias.
Em relação a faixa etária dos 0-15 anos de idade notou-se apenas dois casos de infecção no sexo
feminino causado pelas bactérias E. coli e S. epidermidis, sendo um caso para cada bactéria. Por
outro lado, na faixa etária compreendida entre os 16-30 anos de idade, para além da infecção
causada por E. coli com cerca de 42% nas mulheres e 8% nos homens, também foi observado a
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infecção em mulheres por S. epidermis e Enterobacter sp, ambas com 17% não sendo verificado
em homens.
Provavelmente porque até os 15 anos de idade, a ITU está relacionada com anomalias
congénitas, anatómicas e funcionais, principalmente em recém-nascidos do sexo masculino, e
dos 16 aos 35 anos a grande maioria das ITU’s surge no sexo feminino sob a forma de cistites
repetidas provavelmente pela prática da actividade sexual (Costa et al., 2010).
Tabela 6. Proporção das bactérias isoladas por proveniência.
Proporção das bactérias isoladas por
proveniência
Proveniência Bactérias Isoladas Feminino Masculino Total
CITRA Enterobacter sp 14% (7) 0% 14%
Enfermaria Echerichia coli 25% (12) 0% 25%
Consulta
Externa Echerichia coli 24% (45) 6% (45) 30%
Staphylococcus
aureus 9% (45) 2% (45) 11%
Staphylococcus
epidermidis 2% (45) 6% (45) 8%
Enterobacter sp 4% (45) 2% (45) 6%
Pseudomonas sp 2% (45) 6% (45) 8%
Proteus sp 13% (45) 15% (45) 28%
Klibsiella sp 2% (45) 2% (45) 4%
A tabela acima mostra que apesar das consultas externas terem registado maior número de casos,
as enfermarias registaram maior percentagem de bactérias do género E. coli (25%). Este facto
pode estar associado provavelmente as condições higiénicas do próprio hospital que pode ter
contribuído para o aumento da contaminação dos pacientes.
As infecções urinárias causadas pelas enterobacterias enquadram-se dentro dos 4 grupos de
infecções hospitalares mais frequentes, devido a necessidade de instrumentação do tracto
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urinário, tanto para o diagnóstico assim como para a drenagem da urina em pacientes com
dificuldades de urinar (Chaves et al., 2003; Menezes et al., 2005)
Em relação à Pseudomonas sp apesar de esta só ter sido isolada apenas em (6%) de uroculturas
positivas de doentes externos, a sua importância não deve ser desprezada, já que diversos autores
a têm referido como uma emergente protagonista das ITUs comunitárias (Correia et al., 2007).
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7. Análise Crítica da Unidade de Estágio
A secção de Microbiologia da LAC do HMM, cumpre com as normas recomendadas pela OMS,
entretanto, verificou-se em alguns casos dificuldades na preparação do meio de cultura, visto que
não dispõe de equipamentos como: Banho-Maria, medidor do pH.
Notou-se ainda, a falta de um aparelho ar condicionado para a ventilação do ar interior, o que
obrigava os técnicos trabalharem com porta aberta, visto que nem as janelas permitiam a devida
circulação do ar.
Verificou-se ainda, falta de meios confirmatórios para bactérias Gram negativas baseando-se
apenas na identificação sugestiva das culturas, mediante a leitura das características das colónias
bacterianas pelos técnicos.
Verificou-se na maioria das requisições médicas, a falta de informações úteis ao laboratório
como a idade, sexo e a proveniência do paciente.
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8. Conclusão
Para o diagnóstico laboratorial das infecções urinárias são usadas exame de urina II, exame de
sedimento urinário, a técnica de microscopia directa, ou pelo método de Gram e cultura sendo
esta última, a mais recomendada devido a sua eficácia e capacidade de identificar e quantificar os
microrganismos patogénicos.
No LAC do HMM deram entrada amostras de pacientes provenientes da enfermaria, CITRA e
consultas externas sendo estes últimos com maior predominância.
Dos pacientes atendidos, para o diagnóstico laboratorial das ITU, apesar do maior número
pertencer ao sexo masculino, a infecção foi mais frequente no sexo feminino com cerca de 13%,
provavelmente pelo facto das mulheres possuírem uma uretra mais curta e pela proximidade do
ânus à vagina e por vezes a hábitos higiénicos incorrectos.
Verificou-se maior número de pacientes com diagnóstico positivo na faixa etária ≥45anos de
idade, onde foi encontrado com maior frequência a bactéria Proteus sp em mulheres.
Os microrganismos encontrados foram: E. coli (38%), Proteus sp (28%), S. aureus (10%), S.
epidemitis (8%), Enterobacter sp (6%), Pseudomonas sp (6%) e Klebsiella sp (4%)
respectivamente. Registou-se menor percentagem da bactéria Klibsiella sp provavelmente pelo
menor tempo de incubação visto que no meio de cultura usado (CLED), essa bactéria regista um
crescimento muito lento o que faz com que as 24h não sejam necessárias talvez fosse necessário
de 48h para um melhor crescimento.
O maior número de pacientes atendidos foi proveniente das consultas externas (92%), seguido
das enfermarias (6%) e do CITRA (2%). Porém, o maior número de casos diagnosticados
laboratorialmente como positivos foi verificado nas enfermarias, sendo a bactéria mais
encontrada a E. coli (25%), este facto pode estar associado as condições higiénicas das
enfermarias do próprio hospital que poderá contaminar os pacientes lá internados.
Diagnóstico Laboratorial das Infecções do Tracto Urinário no Hospital Militar de Maputo.
Izete Figueiredo Página 34
A escolha da componente estágio como parte do trabalho de culminação do curso teve uma
mais-valia, pois com o estágio pode aprender muito mais sobre os conhecimentos práticos e
conciliar com os teóricos adquiridos ao longo do curso, não só pode ganhar habilidades técnicas
e profissionais, responsabilidade e capacidade de executar muitas tarefas, capacidade de
adaptação e de trabalhar em equipa.
E com estágio foram alcançados os objectivos traçados, pois até ao final do estágio pode adquirir
conhecimentos práticos e habilidades na aplicação das técnicas de diagnósticos executadas no
LAC do HMM.
Diagnóstico Laboratorial das Infecções do Tracto Urinário no Hospital Militar de Maputo.
Izete Figueiredo Página 35
9. Recomendações
Recomenda-se à Direcção do Laboratório de Analises Clínicas do Hospital Militar de Maputo:
A desenvolver normas e que sejam acessíveis aos pacientes de modo que a colheita e transporte
das amostras sejam efectuadas de forma segura, de modo a garantir um melhor diagnóstico;
A adquirir equipamentos, reagentes e material necessários para a preparação dos meios de
cultura e testes confirmatórios de forma a aumentar a eficácia do diagnóstico;
Orientar aos médicos a preencherem as requisições devidamente de forma a garantir uma
qualidade de dados;
Realização de estudos que incluam testes de sensibilidade aos antibióticos, para auxiliar a definir
as políticas internas do laboratório.
Recomenda-se a UEM:
Elaboração de estudos sobre o conhecimento da prevalência e frequência das infecções urinárias
e dos agentes infecciosos em Moçambique.
Diagnóstico Laboratorial das Infecções do Tracto Urinário no Hospital Militar de Maputo.
Izete Figueiredo Página 36
10. Referências Bibliográficas
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Diagnóstico Laboratorial das Infecções do Tracto Urinário no Hospital Militar de Maputo.
Izete Figueiredo Página 43
11. Anexos
Diagnóstico Laboratorial das Infecções do Tracto Urinário no Hospital Militar de Maputo.
Izete Figueiredo Página 44
Anexo I
Figura 1: Mapa de localização do Hospital Militar de Maputo
Fonte: http://maps.google.co.mz/maps. Acessado aos 02.05.2014 às 12 horas e 15 minutos.
Diagnóstico Laboratorial das Infecções do Tracto Urinário no Hospital Militar de Maputo.
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Anexo II
Normas de Colheita de Urina (Fonseca et al., 2004)
A urina é habitualmente um líquido biológico estéril, mas a sua passagem pela uretra durante a
micção arrasta consigo microrganismos do tracto uro-genital, que podem induzir a erros na
leitura e interpretação da urocultura (Fonseca et al., 2004).
a) Colheita do Jacto Médio em Mulheres
Colher a primeira urina da manhã, caso seja impossível, colher a urina após ter estado
pelo menos duas horas sem urina;
Efectuar a lavagem higiénica das mãos antes de iniciar a colheita;
Afastar os grandes lábios;
Proceder a lavagem dos órgãos genitais com gaze embebido em água e sabão de frente
para atrás;
Secar os órgãos genitais de frente para trás com gaze;
Iniciar a micção desprezando o primeiro jacto sem interromper a micção (mantendo os
pequenos lábios afastados), recolher o jacto intermédio directamente para um frasco
universal estéril de boca larga, fechando-o imediatamente após a colheita;
b) Colheita do jacto médio em Homens
Efectuar a lavagem higiénica das mãos antes de iniciar a colheita;
Afastar o prepúcio e manter essa posição durante toda a colheita (em homens não
circuncisos);
Limpar a glande com água e sabão e secar;
Iniciar a micção desprezando o primeiro jacto sem interromper a micção, (mantendo o
prepúcio retraído), recolher o jacto intermédio directamente para um frasco universal
estéril de boca larga, fechando-o imediatamente após a colheita;
Diagnóstico Laboratorial das Infecções do Tracto Urinário no Hospital Militar de Maputo.
Izete Figueiredo Página 46
Colher o produto em quantidade suficiente para o(s) exame(s) requisitados. Os recipientes
para a recolha de produtos líquidos, não devem encher-se para além dos seus dois terços
de capacidade;
Diagnóstico Laboratorial das Infecções do Tracto Urinário no Hospital Militar de Maputo.
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Anexo III
Coloração de Gram
A coloração de Gram é um dos métodos de coloração mais importantes utilizados em
laboratórios de microbiologia, indispensável para o diagnóstico e identificação de diversos
microrganismos. Esta coloração classifica os microrganismos com base nas suas características
morfológicas e tintoriais (tamanho, forma e coloração) (Murray et al., 2007).
As bactérias são classificadas basicamente em dois grandes grupos: Gram-positivas e Gram-
negativas. No que diz respeito às características tintoriais, as bactérias Gram-positivas coram-se
de roxo e as bactérias Gram-negativas coram-se de rosa (Freitas e Picoli, 2007)
Procedimentos (Cook e Amico, 1992)
Retirou-se com a ansa bacteriológica a amostra (as colónias que cresceram na
placa);
Fez-se um esfregasso (na lâmina de vidro) com cerca de 2cm de comprimento e
um 1cm de largura;
Deixou-se secar o esfregasso a temperatura ambiente;
Fixou-se a amostra passando a lâmina contendo o esfregasso da amostra na chama
do bico de Busen seis vezes (6x), de modo que amostra adira na lâmina;
Cobriu-se o esfregado com a solução de cristal violeta, por 1minuto;
Lavou-se o esfregasso com água corrente (da torneira);
De seguida cobriu-se o esfregasso com a solução de lugol, por 1 minuto;
Lavou-se a lâmina com água corrente;
Logo as seguir descorou-se com álcool/cetona gota a gota durante 15 a 30
segundos;
Cobriu-se a lâmina com safranina por 1 minuto;
Por fim lavou-se a lâmina com água, secou-se e examinou-se posteriormente ao
microscópio com a objectiva de imersão.
Diagnóstico Laboratorial das Infecções do Tracto Urinário no Hospital Militar de Maputo.
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Anexo IV
TESTE da CATALASE
Segundo Loureço (2012), detecta-se a presença de catalase em bactérias, servindo
essencialmente para a distinção de cocos Gram positivo. A catalase é uma enzima intracelular
que decompõe o peróxido de hidrogénio (H2O2) a 3% em água e oxigénio, segundo a reacção
química: 2H2O2 2H2O + O2.
Quando a catalase está presente verifica-se efervescência na realização da experiência, devido à
libertação de oxigénio resultante da hidrólise de H2O2.
Procedimento (Fonseca et al., 2004).
Com a ponta de uma pipeta de Pasteur ou com palito, transferir a colónia em
estudo para a lâmina de vidro.
Adicionar uma gota de peróxido de hidrogénio a 3% e observar imediatamente se
existe ou não formação de bolhas de ar (Reacção positiva). É possível também
fazer esta prova pela ordem inversa.