Curso da Fisioterapia no HC Abordagem multidisciplinar à crianças com problemas de...

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Curso da Fisioterapia no HC

Abordagem multidisciplinar à crianças com problemas de desenvolvimento.

‘Interdisciplinaridade: como alcançá-la no trabalho

em equipe?’

José Roberto Siqueira Castro

Médico clínico – PsicanalistaSetembro de 2006

Ingredientes necessários para a discussão

• Paradigma: um modelo de construção do conhecimento; uma experiência modelar (ex.: física de Newton x Einstein; medicina anátomo-clínica x medicina biológica);

• Disciplina: campo do conhecimento (área de saber), pode ter mais de um paradigma;

• Profissão: um campo de trabalho (agir, fazer), pode ter mais de um paradigma, fundamentado em várias disciplinas (ex.: alopatia, homeopatia, acupuntura);

• Técnica, especialização e divisão do trabalho

• Interdisciplinaridade: relação dinâmica entre campos do saber (por um mesmo profissional, por vários profissionais, ex.: construção de um caso clínico);

• Trabalho multiprofissional: trabalho de vários profissionais, pode não haver interdisciplinaridade.

• Fragmentação: método científico – Subdivisão progressiva do objeto de estudo

Ingredientes necessários para a discussão

• Pensamento complexo x especialização (fragmentação do

conhecimento)

• A ciência atual vive um impasse? Um momento de

incerteza?

• Ciências humanas Profissões intervenções (atos) sobre

o ser humano, ação especializada, fragmentada, focal?

• Interdisciplinaridade e pensamento complexo

Tendência ao impasse

• A Interdisciplinaridade é possível se o

conhecimento está constituído a partir de

paradigmas?

• Os quatro pilares da certeza– A ordem– A separabilidade– A redução– A lógica indutiva-dedutiva-identitária

OS PILARES DA CERTEZA: CONTRAPONTO

• A ordem mestra/ desordem (o universal/ singular)

• A divisibilidade / inseparabilidade (análise concreta; sujeito/ objeto)

• O reducionismo científico: só é válido o que é científico(?), só é científico o mensurável

• A lógica identificada com a razão

• O concreto, mensurável / virtual

COMO OPERAR EM UM UNIVERSO• a ordem não é absoluta, assim, a desordem, o

contingente e o singular predominam sobre a ordem,

• a separabilidade é limitada, ou impossível: as partes são conhecidas a partir de princípios diferentes (ou não), quando somadas não permitem compreender, nem constituir o todo, também objeto e sujeito não são inteiramente separáveis,

• a lógica comporta buracos,• os fenômenos não podem ser reduzidos, mas

exigem resposta em sua complexidade (modificado Edgar Morin, 2000)

• O trabalho em equipe não se resume no ajuntamento de colegas de diversas categorias profissionais

Alguns dos problemas que se colocam para os profissionais que atuam na área da saúde

• Especialização crescente

• Multiplicação de profissões que atuam simultaneamente em um mesmo paciente

• Tecnologias cada vez mais especializadas e complexas, de domínio restrito

• Protocolos e separação de lugares: cada macaco em seu galho

Disciplinas

Aumento acentuado Aumento acentuado do volume de conhecimento das divisões técnicas de trabalho Fragmentaç

ãoEnsino

Formação inadequada

Declínio do campo

da clínica

Prática

- Pulverização- Dispersão

Rigidez dasfronteiras

Atendimento

centrado na

“doença”

Perda daimportância do contexto

Alternativa

Sub - especialização

Predomínio da informação

“Conhecimento” sem análise crítica

DiagnósticoRótuloClassificação

Guideline

O PACIENTE “FATIADO”

FRAGMENTAÇÃO

DISCIPLINAS

 CADA VEZ SE SUB-DIVIDINDO MAIS AUSÊNCIA DE”TROCAS” ENTRE ELAS

FRAGMENTAÇÃO- SABER- CLÍNICA/ TÉCNICA- ORGANIZACIONAL

CRESCIMENTO HORIZONTAL DESVALORIZADO

FRÁGIL DESARTICULADA

PRECÁRIO

“CUIDADO” / ACOLHIMENTO

LINHA DE

“CUIDADO”

DECLÍNIO DA

CLÍNICA

Interdisciplinaridade

Importância

da lei

Conflito

Formaçãoprofissional

Barrar a fragmentação

Singularidade

Ausência da hegemonia de um saber

Valorização da clínica centrada no paciente e não no procedimento

Ética(O discurso e a ação

comprometida)

Profissional de Saúde e paciente “sujeito” das ações.

UMA SAÍDA PARA A CLÍNICA?

A CONSTRUÇÃO DO CASO CLÍNICO• CASO ≡ SINGULAR• CLÍNICA (KLINÉ) ≡ LEITO• Um ensino e uma prática não teóricos• Aprende-se com cada paciente• O aprendizado se dá nas relações• Algo inesperado e que surpreende: há a

presença do sujeito e, portanto uma ética• O homem mesmo doente não é um

animal pavloviano, domesticável

Paciente

Objeto ou Sujeito?

O “não saber” do

profissional

Outros saberes

Construção do caso clínico

Multidisciplinar

Interdisciplinar

QUAL O PONTO DE PARTIDA?

“UM NÃO SABER”

– Objetivos comuns?– Um mesmo paradigma?– Paradigmas próximos ou distantes?

ALGO QUE ENLACE

Quais as diretrizes necessárias para nortear uma prática clínica feita ‘por

muitos’?• Modelo de experiência clínica onde se

aproximam e dialogam diferentes disciplinas e saberes;

• Sintomas são significantes que adquirem significado apenas quando relacionados com significantes do caso;

• Os casos clínicos muitas vezes não são transparentes nem tão pouco fornecem uma lógica evidente: enigmático, implicando dificuldade para sua resolução;

• Presença do ‘desconforto’, propicia à equipe um trabalho, exigindo implicação e compromisso dos membros;

Quais as diretrizes necessárias para nortear uma prática clínica

feita ‘por muitos’?• A equipe não existe antes da constituição desse

trabalho;• Independentemente do profissional – médico,

fisioterapeuta, psicólogo ou outro – a primeira avaliação é feita pelo próprio paciente;

• O saber do paciente sobre seu corpo, seu sintoma e sua doença pode e deve contribuir para a construção do caso clínico;

• Trabalho em equipe pressupõe ‘renúncia narcísica’ – posição de ignorância - dos profissionais que a compõem;

• Os saberes em jogo não devem ter a pretensão de serem completos ou onipotentes, nem complementares no sentido de um saber total;

Quais as diretrizes necessárias para nortear uma prática clínica

feita ‘por muitos’?• Equipe: importante a preservação de um ‘não

saber’, permitindo a presença da ‘indisciplina’, de uma verdade não totalizadora sobre o caso, permitindo que as construções possam ser repensandas e renovadas.

• O saber construído a partir do caso não é da ordem de uma teoria universal, totalizadora ou normativa.

• Referencial teórico de cada profissional e a experiência clínica num vai e vem é que possibilita a invenção de um saber, novo em relação à estrutura oferecida.

DISCIPLINAS MedicinaFisioterapiaNutriçãoFisioterapia ReumatologiaCardiologiaPsicologia

VERTICAL

HORIZONTAL

“CASO CLÍNICO”

Particular / Singular

Sociológica BiológicaPsicológica

Cultura Genética Sujeito

Vertentes

Sintoma

Do profissionalDo paciente

- Envelope- Identidade- Importância- História-Contexto-Contingência

O SENTIDO DO ADOECERDESAFIO DE UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR

NA ÁREA DA SAÚDE

CASO CLÍNICO

CASO CLÍNICO

Caso Clínico

NASCIMENTO / MORTE

InfânciaAdolescênciaMaturidadeVelhice

Acolhimento

O SENTIDO DO ADOECERDESAFIO DE UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR

NA ÁREA DA SAÚDE