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CONTROLE POSTURAL EM ADULTOS COM SÍNDROME DE DOWN: ACOPLAMENTO ENTRE INFORMAÇÃO SENSORIAL E OSCILAÇÃO
CORPORAL
MATHEUS MACHADO GOMES
Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências da Motricidade (Área de Biodinâmica da Motricidade Humana)
RIO CLARO Estado de São Paulo-Brasil
Janeiro/2007
CONTROLE POSTURAL EM ADULTOS COM SÍNDROME DE DOWN: ACOPLAMENTO ENTRE INFORMAÇÃO SENSORIAL E OSCILAÇÃO
CORPORAL
MATHEUS MACHADO GOMES
Orientador: JOSÉ ANGELO BARELA
Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências da Motricidade (Área de Biodinâmica Motricidade Humana)
RIO CLARO Estado de São Paulo-Brasil
Janeiro/2007
AGRADECIMENTOS
Este trabalho contempla a realização de um sonho profissional, que só
virou realidade graças a DEUS e a contribuição de diversas pessoas. Por isso,
agradeço a DEUS e a todos que colaboraram para este acontecimento,
especialmente:
Ao meu Orientador e Professor Dr. José A. Barela, pelos ensinamentos
e pelo direcionamento nas mais profundas reflexões científicas. Agradeço
também ao “Profissional” José A. Barela pelo exemplo de dignidade,
dedicação e trabalho.
Aos professores da pós graduação da UNESP de Rio Claro que
contribuíram para minha formação.
A Profa Dra Eliane Mauerberg de Castro e a Profa Dra Nelci Adriana
C. F. Rocha que deram importantes contribuições a este estudo.
As instituições e aos pais ou responsáveis que gentilmente
permitiram a participação de seus alunos e filhos neste trabalho.
A todos os participantes deste estudo, em especial, aos com síndrome
de Down que me ensinaram que não existe limite para o ser humano.
A todos os integrantes do LEM pela ajuda e amizade durante todo
esse processo. Com certeza aprendi muito com cada um de vocês. Um
agradecimento especial a Carol e a Paula que sempre tiveram muita paciência
e boa vontade para ajudar, principalmente no início, quando eu mais precisei.
A Ana Barela, por todo apoio acadêmico e pelas inúmeras dicas
profissionais.
Ao Andrei e a Gisele pela ajuda na coleta.
Ao CNPq pelo apoio financeiro.
Aos meus professores da graduação (UNAERP - Ribeirão Preto) que
me deram a base científica necessária para o ingresso no mestrado.
Ao Professor Marcelo Jabur, pela ajuda e pela força na fase de
elaboração do projeto de pesquisa.
A professora Sônia Cavalcanti Corrêa que me inspirou para enveredar
no caminho do desenvolvimento acadêmico.
Aos meus amigos de república antigos (Wonder e Carlão) e atuais (Ivan
e Marcelo) pelo companheirismo e convivência durante todo esse tempo.
Aos meus amigos em geral que, mesmo distantes, sempre me
apoiaram.
A toda minha família, principalmente, a minha avó Lucia, a minha irmã
Andréa, e aos meus sobrinhos Victor Hugo e Letícia. Vocês contribuem para
minha felicidade e produtividade.
A minha amada Eli, companheira nos momentos mais difíceis. Obrigado
pela força, compreensão e todo seu amor.
Por fim, agradeço a minha mãe Lourdes, pelo imensurável esforço
carinho e dedicação durante toda minha vida. Sem ela nada disso seria
possível. Mãe este trabalho é dedicado a você.
RESUMO
Um aspecto importante do comportamento motor de adultos com
síndrome de Down (SD) é a menor estabilidade no controle postural
comparado a seus pares neurologicamente normais (NN). O sistema de
controle postural baseia-se no acoplamento dinâmico entre informação
sensorial e ação motora para controlar a postura. Sendo assim, uma pergunta
que surge é se adultos com SD relacionam informação sensorial com ação
motora da mesma forma que seus pares NN. Buscando esclarecer esta
questão, o objetivo deste estudo foi investigar o acoplamento entre informação
sensorial e oscilação corporal em adultos com SD e analisar a influência da
informação sensorial na ação motora dessa população. Vinte adultos com SD
(25,8 ± 4 anos) e vinte adultos NN (25,6 ± 4 anos) participaram do estudo.
Estes participantes mantiveram a posição em pé no interior de uma “sala
móvel”, olhando para um alvo posicionado 1m a frente deles, na altura dos
olhos. Dois experimentos foram realizados envolvendo diferentes formas de
movimentação da sala. No Experimento 1, a sala foi movimentada
continuamente (para frente e para trás), durante 60 segundos, nas freqüências
de 0,1, 0,2 e 0,5 Hz e amplitudes de 1, 0,5, e 0,2 cm, respectivamente. A
velocidade de pico foi mantida em 0,6 cm/s para todas as freqüências e
amplitudes de movimento. Neste experimento, foram realizadas 10 tentativas,
sendo uma sem movimento da sala e três tentativas em cada freqüência de
movimento da sala. No Experimento 2, a sala foi movimentada discretamente,
com um único movimento, aproximando ou afastando do
participante. A sala foi movimentada durante 2 segundos com amplitude de 2,6
cm/s e velocidade média de 1,3 cm/s. Cada tentativa durou 20 segundos,
sendo os primeiros 4 segundos sem movimento da sala, 2 segundos com
movimento e os últimos 14 segundos sem movimento da sala novamente.
Neste experimento, foram realizadas 6 tentativas, 3 com a sala aproximando e
3 com a sala afastando do participante. O movimento da sala e a oscilação
corporal dos participantes foram obtidos através do sistema OPTOTRAK. Nas
condições com movimento da sala (com informação sensorial destacada),
adultos com SD e NN apresentaram comportamento similar, apenas com SD
apresentando maior variabilidade na oscilação corporal. Isto indica que adultos
com SD acoplam a oscilação corporal à informação sensorial da mesma forma
que seus pares NN. Mais ainda, este resultado indica que funcionalmente o
sistema de controle postural de adultos com SD é similar ao de adultos NN,
porém, com mais ruído envolvido na dinâmica de oscilação corporal. Por outro
lado, os resultados referentes às condições sem movimento da sala (sem
informação sensorial destacada) mostraram que adultos com SD oscilavam
mais que seus pares NN. Isto indica que quando nenhuma informação
sensorial está destacada indivíduos com SD têm dificuldade para captar aquela
mais importante para realizar a tarefa motora. Com base nesses resultados,
sugerimos que a maior quantidade de ruído inerente ao sistema de controle
postural de adultos com SD faz com que estes indivíduos apresentem maior
variabilidade no acoplamento entre informação sensorial e ação motora e,
ainda, tenham dificuldade para captar a informação sensorial relevante para
realizar a tarefa, o que conseqüentemente, faz com que estes indivíduos
ABSTRACT
An important aspect of motor behavior of adults with Down syndrome
(SD) is their lower postural stability compared to neurologically normal (NN)
adults. The postural control system is based upon dynamical coupling between
sensory information and motor action to control the posture. In this way, a
question that arises is if adults with DS couple sensory information to motor
action in the same way that their NN peers. In order to clarify this question, the
purpose of this study was to investigate the coupling between sensory
information and body sway in adults with DS and to analyze the influence of
sensory information in the motor action of this population. Twenty adults with
DS (25.8 ± 4 years) and twenty NN adults (25.6 ± 4 years) participated in this
study. These participants maintained the upright stance inside a “moving room”
looking at a target positioned 1 m from them, at their eyes level. Two
experiments were conducted involving different forms of room movement. In the
Experiment 1, the room was moved continuously (back and forward) during 60 s
at frequencies of 0.1, 0.2, and 0.5 Hz, with amplitudes of 1, 0.5, and 0.2 cm,
respectively. The peak velocity was 0.6 cm/s for all movement frequencies and
amplitudes. In this experiment, it was performed 10 trials: one trial without room
movement and three trials in each frequency of room movement. In the
Experiment 2, the room was moved discretely, with only one movement,
forward or backward. The room was moved during 2 s at amplitude of 2.6 cm
and mean velocity of 1.3 cm/s. Each trial lasted 20 seconds, with the first 4 s
without room movement, 2 s with room displacement, and the last 14 seconds,
again, without room movement. In this experiment, it was performed 6 trials, 3
trials with the room moving backward and 3 trials with the room moving forward.
The room movement and the participants’ body sway were obtained through the
OPTOTRAK system. In the condition with room movement (with enhanced
sensory information), adults with DS and NN subjects showed similar behavior,
only with DS individuals presenting larger body sway variability. This indicates
that adults with DS couple the body sway to sensory information similarly to
their NN peers. Indeed, this result indicates that, functionally, postural control
system of adults with DS is similar to NN adults, however, with more noise
involved in the dynamic of body sway. On the other hand, the results regarding
the conditions without room movement (without highlighted sensory information)
showed that adults with DS oscillated more than NN peers. This indicates that
when no sensory information is enhanced, individuals with DS seem to have
difficulties in extracting the most relevant information to perform the motor task.
Taken these results together, we suggest that the high level of noise, inherent
to postural control system of adults with DS, leads these individuals to show
higher variability in the coupling between sensory information and motor action
than their NN peers, and also it leads these individuals to have difficulties in
extracting the most relevant information to perform the task and, consequently,
it leads these individuals to oscillate more than NN peers when sensory
information is not enhanced.
i
SUMÁRIO
Páginas
LISTA DE TABELAS..........................................................................................iii
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................... iv
LISTA DE APÊNDICES ....................................................................................vii
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1
2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................... 4
2.1 Síndrome de Down. .................................................................................. 4
2.1.1 Caracterização................................................................................... 7
2.1.2 Controle Motor ................................................................................... 8
2.2 Controle Postural .................................................................................... 18
2.2.1 Controle Postural em pessoas com Síndrome de Down.................. 21
2.2.2 Relacionamento entre informação sensorial e ação motora ............ 26
3 OBJETIVOS.................................................................................................. 33
3.1 Objetivo geral ......................................................................................... 33
3.2 Objetivos específicos.............................................................................. 34
3.2.1 Experimento 1.................................................................................. 34
3.2.2 Experimento 2.................................................................................. 34
4 MATERIAL e MÉTODOS .............................................................................. 35
4.1 Participantes........................................................................................... 35
4.2 Procedimentos........................................................................................ 37
4.2.1Experimento 1................................................................................... 40
ii
4.2.2Experimento 2................................................................................... 42
4.3 Tratamento e Análise dos Dados ........................................................... 43
4.4 Análise Estatística .................................................................................. 46
5. RESULTADOS............................................................................................. 48
5.1 Experimento 1 ........................................................................................ 48
5.1.1 Comportamento nas tentativas sem movimento da sala.................. 48
5.1.2 Comportamento nas tentativas com movimento contínuo da sala... 50
5.1.3 Acoplamento entre a informação visual e a oscilação corporal nas
tentativas com movimento contínuo da sala. ............................................ 54
5.2 Experimento 2 ........................................................................................ 59
5.2.1 Comportamento nas tentativas com movimento discreto da sala .... 59
5.2.2 Influência da informação visual na oscilação corporal nas tentativas
com movimento discreto da sala............................................................... 62
5.2.3 Relacionamento entre a informação visual e a oscilação corporal
nas tentativas com movimento discreto da sala........................................ 64
6. DISCUSSÃO................................................................................................ 66
7. CONCLUSÃO .............................................................................................. 80
8. REFERÊNCIAS............................................................................................ 82
ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa (IB-UNESP/RC) ......... 96
iii
LISTA DE TABELAS Páginas
Tabela 1: Gênero, idade (anos), massa corporal (Kg) e estatura (centímetros)
dos participantes do grupo SD..........................................................................36
Tabela 2: Gênero, idade (anos), massa corporal (Kg) e estatura (centímetros)
dos participantes do grupo NN..........................................................................37
iv
LISTA DE FIGURAS Páginas
Figura 1: Vista frontal e lateral da sala móvel utilizada na situação
experimental. ............................................................................................ 38
Figura 2: Representação esquemática de todos os equipamentos que foram
utilizados neste estudo.............................................................................. 40
Figura 3: Exemplos de séries temporais da oscilação corporal nas direções
ântero-posterior (painéis a e b) e médio-lateral (painéis c e d) de um
participante com SD (painéis a e c) e de um participante NN (painéis b e
d) em uma tentativa que a sala não foi movimentada............................... 49
Figura 4: Médias e desvios-padrão da amplitude média de oscilação (a) e da
freqüência mediana de oscilação (b) nas direções ântero-posterior e
médio-lateral para os grupos SD e NN. .................................................... 50
Figura 5: Exemplo de uma tentativa de um participante com SD com
movimentação contínua da sala na freqüência de 0,2 Hz. O painel (a)
apresenta o movimento da sala e a oscilação corporal do indivíduo
durante a tentativa, o painel (b) apresenta a fase entre o movimento da
sala e a oscilação corporal e o painel (c) apresenta o espectro do
movimento da sala e da oscilação corporal. Nota: na legenda SMap é a
movimentação da sala móvel na direção ântero-posterior e OCap é a
oscilação corporal na direção ântero-posterior. ........................................ 51
v
Figura 6: Exemplo de uma tentativa de um participante NN com
movimentação contínua da sala na freqüência de 0,2 Hz. O painel (a)
apresenta o movimento da sala e a oscilação corporal do indivíduo
durante a tentativa, o painel (b) apresenta a fase entre o movimento da
sala e a oscilação corporal e o painel (c) apresenta o espectro do
movimento da sala e da oscilação corporal. Nota: na legenda SMap é a
movimentação da sala móvel na direção ântero-posterior e OCap é a
oscilação corporal na direção ântero-posterior. ........................................ 52
Figura 7: Médias e desvios-padrão da amplitude média de oscilação (a) e da
frequência média de oscilação (b) nas três frequências em que a sala foi
movimentada (0,1, 0,2 e 0,5 Hz) para os grupos SD e NN. ...................... 54
Figura 8: Médias e desvios-padrão do ganho nas três frequências em que a
sala foi movimentada (0,1, 0,2 e 0,5 Hz) para os grupos SD e NN........... 56
Figura 9: Médias e desvios-padrão da fase nas três freqüências em que a
sala foi movimentada (0,1, 0,2 e 0,5 Hz) para os grupos SD (a) e NN (b).57
Figura 10: Médias e desvios-padrão da amplitude de oscilação na freqüência
de estímulo nas três freqüências em que a sala foi movimentada (0,1,
0,2 e 0,5 Hz) para os grupos SD e NN...................................................... 58
Figura 11: Médias e desvios-padrão da variabilidade nas três freqüências em
que a sala foi movimentada (0,1, 0,2 e 0,5 Hz) para os grupos SD e NN. 59
Figura 12: Exemplo da oscilação corporal na direção ântero-posterior de um
indivíduo com SD em uma tentativa em que a sala afastou do
vi
participante. Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala móvel
na direção ântero-posterior e OCap é a oscilação corporal na direção
ântero-posterior......................................................................................... 60
Figura 13: Exemplo da oscilação corporal na direção ântero-posterior de um
indivíduo NN em uma tentativa em que a sala afastou do participante.
Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala móvel na direção
ântero-posterior e OCap é a oscilação corporal na direção ântero-
posterior. ................................................................................................... 61
Figura 14: Médias e desvios-padrão da amplitude média de oscilação antes e
após o movimento da sala para os grupos SD e NN nas condições de
movimento da sala afastando e aproximando do participante. ................. 62
Figura 15: Médias e desvios-padrão do deslocamento corporal (a) e do
tempo de deslocamento (b) para os grupos SD e NN nas condições de
movimento da sala afastando e aproximando do participante. ................. 63
Figura 16: Médias e desvios-padrão do coeficiente de correlação (a) e da
diferença temporal (b) para os grupos SD e NN nas condições de
movimento da sala afastando e aproximando do participante. ................. 65
vii
LISTA DE APÊNDICES Páginas
APÊNDICE A – Termo de Consentimento ....................................................... 97
APÊNDICE B – Média e desvio padrão dos valores de amplitude média de
oscilação (AMO) e frequência mediana de oscilação (Fmed) nas direções
ântero-posterior (ap) e médio-lateral (ml) dos grupo SD e NN nas tentativas
em que a sala não foi movimentada ................................................................ 99
APÊNDICE C – Média e desvio padrão dos valores de amplitude média de
oscilação (AMO), frequência media de oscilação (FM), ganho, fase,
amplitude de oscilação na frequência de estímulo (AF) e variabilidade (VAR)
dos grupos SD e NN nas tentativas em que a sala foi movimentada de forma
contínua na frequência de 0,1 Hz. ................................................................. 101
APÊNDICE D – Média e desvio padrão dos valores de amplitude média de
oscilação (AMO), frequência media de oscilação (FM), ganho, fase,
amplitude de oscilação na frequência de estímulo (AF) e variabilidade (VAR)
dos grupos SD e NN nas tentativas em que a sala foi movimentada de forma
contínua na frequência de 0,2 Hz. ................................................................. 103
APÊNDICE E – Média e desvio padrão dos valores de amplitude média de
oscilação (AMO), frequência media de oscilação (FM), ganho, fase,
amplitude de oscilação na frequência de estímulo (AF) e variabilidade (VAR)
dos grupos SD e NN nas tentativas em que a sala foi movimentada de forma
contínua na frequência de 0,5 Hz. ................................................................. 105
viii
APÊNDICE F – Média e desvio padrão dos valores de amplitude média de
oscilação antes (AMO_a) e após o movimento da sala (AMO_p),
deslocamento corporal (DC), tempo de deslocamento (TD), coeficiente de
correlação cruzada (CC) e diferença temporal (DF) dos grupos SD e NN nas
tentativas em que a sala foi movimentada de forma discreta afastando do
participante..................................................................................................... 107
APÊNDICE G – Média e desvio padrão dos valores de amplitude média de
oscilação antes (AMO_a) e após o movimento da sala (AMO_p),
deslocamento corporal (DC), tempo de deslocamento (TD), coeficiente de
correlação cruzada (CC) e diferença temporal (DF) dos grupos SD e NN nas
tentativas em que a sala foi movimentada de forma discreta aproximando do
participante..................................................................................................... 109
1
1. INTRODUÇÃO
A Síndrome de Down (SD) é a principal causa genética de deficiência
mental representando um terço dos retardos mentais de moderados a graves
(GARCIAS; MARTINO-ROTH; MESKO; BOFF, 1995). No Brasil, estima-se que
existam atualmente cerca de 300 mil indivíduos com SD. Esta representativa
população apresenta comprometimentos em diversas áreas, dentre estas, na área
de comportamento motor (BUTTERWORTH; CICCHETTI, 1978; LATASH; KANG;
PATTERSON, 2002; POLASTRI; BARELA, 2005; SPANÒ; MERCURI; RANDÒ;
PANTÒ; GAGLIANO; HENDERSON; GUZZETTA, 1999; ULRICH; ULRICH;
ANGULO-KINZLER; CHAPMAN, 1997).
Em função da importância dos movimentos nas tarefas cotidianas, e
considerando que o controle motor é um fator importante para garantir a
independência funcional, os aspectos motores necessitam ser melhor
investigados nesta população. Barela e colaboradores (BARELA, 1999; BARELA;
JEKA; CLARK, 2003) sugerem que um dos processos responsáveis pela
aquisição e aprimoramento de uma tarefa motora envolve a identificação e
2
refinamento do acoplamento entre informação sensorial e ação motora.
Especificamente, este acoplamento representa a capacidade do sistema em
captar e integrar as informações sensoriais para identificar a dinâmica de
oscilação corporal e produzir a contração da musculatura apropriada.
Considerando a relevância deste acoplamento, o presente estudo supõe que um
dos motivos que levam as diferenças motoras, encontradas na população com
SD, possa estar na forma como estas pessoas relacionam as informações
sensoriais com a ação motora. Um modo de investigar este relacionamento é
através da análise do controle postural, visto que, para manutenção da postura
ereta é necessário um acoplamento sensóriomotor similar ao utilizado para os
demais movimentos.
O relacionamento sensóriomotor pode ser melhor investigado quando se
manipula um dado sistema sensorial e observa a resposta motora (Schöner,
Dijkstra, Jeka, 1998). Nesta abordagem, é fornecido um estímulo para um
determinado sistema sensorial (ex. visual), com parâmetros específicos, e
observa-se a resposta do sistema de controle postural a partir da oscilação
corporal. Assim, com base na resposta motora desencadeada frente ao estímulo
fornecido é possível fazer inferências sobre como o sistema integra e responde à
informação manipulada, ou seja, o relacionamento sensóriomotor.
Uma das formas de manipular um sistema sensorial é através do
paradigma da “sala móvel”. Neste paradigma, o sistema sensorial manipulado é o
visual. A sala móvel possui paredes e teto que podem ser movimentados
independentemente do chão. Quando este movimento ocorre, o sistema visual é
estimulado podendo causar a ilusão de auto-movimento no indivíduo. A magnitude
3
do movimento da sala (amplitude, velocidade e freqüência) é previamente
determinada pelo examinador e, com isso, é possível observar de forma mais
detalhada o acoplamento entre um estímulo visual e a conseqüente ação motora,
inferida a partir da análise da oscilação corporal.
Desta forma, a investigação do relacionamento entre informação sensorial
e ação motora através da sala móvel torna-se uma ferramenta interessante para
estudar a dinâmica de controle postural, principalmente, quando consideramos
indivíduos que podem apresentar alterações na dinâmica de funcionamento deste
sistema, como é o caso das pessoas com SD. Neste sentido, o presente estudo
examinou o acoplamento entre informação sensorial e ação motora em adultos
com SD e neurologicamente normais (NN) na tarefa de manutenção da postura
em diversas situações de movimentação da sala móvel.
4
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Síndrome de Down.
Em 1959 Jerome Lejeune e Patrícia Jacobs descobriram que a Síndrome
de Down (SD) é uma alteração genética causada pela presença de um
cromossomo 21 adicional (trissomia 21). Entretanto, através de novas
investigações foi verificado que não havia necessidade de uma trissomia completa
do cromossomo 21 para que a síndrome ocorresse. Aparentemente, a duplicação
do braço longo desse cromossomo já seria suficiente para que o fenótipo da SD
ficasse evidente (CARAKUSHANSKY, 2001).
Com a análise do cariótipo de crianças com SD obteve-se a identificação
de três tipos de desequilíbrios cromossômicos. O tipo mais comum, que acomete
95% dos casos de SD, é a trissomia 21. Este tipo de alteração genética ocorre na
fase de divisão celular. Durante a formação cromossômica, acontece a não-
disjunção dos cromossomos que leva ao aparecimento de um cromossomo extra
5
no par 21. Com isso, o cariótipo normal que deveria conter 46 cromossomos,
passa a ter 47, sendo o terceiro cromossomo do par 21 responsável pela
síndrome. Em menos de 5% dos casos encontra-se o segundo tipo de
anormalidade cromossômica, denominada translocação. Nesta alteração, além de
um par normal de cromossomos 21, existe um cromossomo 21 adicional,
resultante da fusão com outro cromossomo acrocêntrico que pode ser um
cromossomo 13, 14, 15, 22 ou mesmo um outro 21. Em uma escala de ocorrência
ainda menor encontra-se o mosaicismo, que é um dos casos mais raros de
Síndrome de Down, responsável por menos de 2% dos aparecimentos. Neste tipo,
estão presentes no cariótipo dos indivíduos células citogeneticamente normais ao
lado de células trissômicas. Nos casos “mosaicos”, a proporção entre células
normais e trissômicas é variável podendo determinar desde características
mínimas da SD até os casos mais clássicos (CARAKUSHANSKY, 2001;
SCHWARTZMAN, 1999; SHERRIL, 1998).
Apesar do conhecimento das alterações cromossômicas ocasionadas por
diferentes fenômenos, os fatores que conduzem a estas alterações ainda não
foram completamente esclarecidos. Sabe-se que a SD acomete todos os grupos
étnicos e ambos os gêneros (CARAKUSHANSKY, 2001; SCHWARTZMAN, 1999).
Carakushansky (2001) observou que existe uma discreta preponderância para o
sexo masculino, mas a razão para esta pequena diferença entre os dois sexos é
desconhecida. Schwartzman (1999) considera que a idade materna representa o
principal fator de risco associado à incidência, descrevendo que a probabilidade
de nascimento de uma criança com SD aumenta com o avançar da idade da mãe.
De fato, Antonarakis (1991) revela que 95% dos casos de trissomia por não
6
disjunção ocorre no óvulo e somente 5% dos casos ocorre no espermatozóide.
Outros fatores, como influências ambientais (radiações, mutações genéticas pelo
uso de drogas, condições socioeconômicas), idade paterna e a predisposição
genética já foram apontados como possíveis agentes causais, porém, o único
fator universalmente reconhecido e comprovado como favorecedor do evento
seria a idade materna (CARAKUSHANSKY, 2001; SCHWARTZMAN, 1999). Em
um estudo recente Malini e Ramachandra (2006) encontraram que a idade da avó
materna representa um fator de alta correlação com o nascimento de uma criança
com SD. Os autores propõem que a idade avançada da avó materna ao gerar sua
filha poderia causar distúrbios de meiose celular nesta filha. Assim quando esta
filha estivesse adulta e fosse ter seu próprio filho sua chance de gerar um bebê
com SD seria maior, porém ainda são necessárias mais investigações para
esclarecer este fato.
Em resumo, a SD pode ser definida como uma cromossomopatia, cujo
quadro clínico global é explicado por um desequilíbrio na constituição
cromossômica. Esta modificação cromossômica desencadeia um
desenvolvimento alterado de certas partes do corpo durante os estágios iniciais de
gestação (embrião) (GARCIAS; MARTINO-ROTH; MESKO; BOFF, 1995;
KAPLAN; SADOCK; GREBB, 1997), que conseqüentemente conduzem à
formação de um conjunto de características físicas, cognitivas, e motoras
específicas desta população.
7
2.1.1 Caracterização
No século XIX, o médico inglês Jonh Langdon Down identificou algumas
das características fenotípicas que distinguiam as crianças com SD de outras com
outros tipos de retardo mental. Embora existam mais de 80 características físicas
associadas a esta síndrome, as mais relatadas são: face arredondada e com perfil
achatado, discreta inclinação dos olhos para cima, braquicefalia, língua protusa,
nariz e orelhas pequenas, pescoço curto e alargado com excesso de pele na
nuca, linha transversa única na palma da mão (prega simiesca), maior separação
entre o hálux e o segundo dedo do pé (“sinal sandália”), estatura abaixo da
esperada para a média de altura dos pais, membros curtos, hipotonia muscular,
frouxidão ligamentar, entre outras (CARAKUSHANSKY, 2001; HAYES;
BATSHAW, 1993; SCHWARTZMAN, 1999; SHERRIL, 1998; WINNICK, 2000).
Ainda, crianças com SD possuem um risco aumentado para desenvolver inúmeras
complicações clínicas que podem influenciar na saúde e no desenvolvimento.
Dentre estas, problemas cardiovasculares, pulmonares, visuais, auditivos e de
atenção estão entre os mais diagnosticados (CARAKUSHANSKY, 2001; HAYES;
BATSHAW, 1993; SCHWARTZMAN, 1999; SHERRIL, 1998; WADE; EMMERIK;
KERNOZEK, 2000; WINNICK, 2000).
De acordo com Pueschel (2000), a maneira como os genes do
cromossomo extra atuam na seqüência normal do desenvolvimento ainda não foi
completamente entendida, mas já se tem registros que a SD interfere no
desenvolvimento motor (SPANÒ; MERCURI; RANDÒ; PANTÒ; GAGLIANO;
HENDERSON; GUZZETTA, 1999), social, emocional, cognitivo, da linguagem
(ELLIOTT, 1990; HICK; BOTTING; CONTI-RAMSDEN, 2005) e da auto-suficiência
8
(HARTLEY, 1986; JOBLING; MON-WILLIAMS, 2000). Para Winnick (2000), a
hipermobilidade articular, a instabilidade postural, a dificuldade de percepção, os
déficits visuais e auditivos e o baixo tônus muscular são os principais
comprometimentos que somados às deficiências cognitivas podem afetar o
desenvolvimento motor desta população.
Desta forma, através do conhecimento das características dessa população
e seus comprometimentos é possível investigar o relacionamento entre estes
fatores e de que maneira eles interferem na vida dessas pessoas em seu aspecto
funcional. Dentre os problemas mais encontrados na vida diária dos indivíduos
com SD estão a dificuldade de coordenação e controle dos movimentos (LATASH,
2000). Assim, o sistema de controle motor torna-se um objeto fundamental de
estudo para o entendimento do comportamento motor dessa população.
2.1.2 Controle Motor
As diferenças no desempenho motor, em pessoas com SD, podem ser
observadas já nos primeiros meses e anos de vida. Geralmente, crianças com SD
atingem os marcos motores de desenvolvimento na mesma ordem que as
crianças neurologicamente normais (NN), porém cronologicamente em idades
mais avançadas (HALEY, 1986).
Além de adquirirem habilidades motoras mais tarde, indivíduos com SD
apresentam diversas características de controle motor diferentes do observado na
população NN. Por exemplo, a execução de movimentos de forma mais lenta
constitui uma característica marcante nas descrições do padrão de movimento
9
dos indivíduos com SD. Davis e Kelso (1982) analisaram pessoas com SD e NN
na realização da tarefa de atingir um alvo, após remoção de carga no braço do
executor. Os resultados revelaram que quando a carga era removida os
participantes com SD mostravam maior oscilação na trajetória do braço que seus
pares NN. Ainda, revelaram que os indivíduos com SD eram mais lentos
necessitando de um tempo maior para realizar a tarefa. Enquanto os participantes
NN realizavam o movimento em tempo médio de 0,8 segundos, os participantes
SD executavam o movimento em tempo médio de 2 seg. A partir de tarefas
semelhantes, Anson (1992) revisa os resultados de alguns de seus estudos e
indica que indivíduos com SD são mais lentos, necessitando de maior tempo de
reação para executar movimentos de apontar para um alvo. Ainda, dentro desta
abordagem de movimentos voluntários dos membros superiores, Almeida,
Marconi, Tortoza, Ferreira, Gottlieb e Corcos.(2000) sintetizam os resultados de
alguns trabalhos sugerindo que pessoas com SD realizam movimentos de braço
de forma mais lenta que seus pares NN, e esta diferença na velocidade do
movimento torna-se maior com o aumento da excursão angular (ALMEIDA;
CORCOS; LATASH, 1994).
Além dessa lentidão para realizar movimentos voluntários, pessoas com SD
são mais lentas também para iniciar respostas frente a perturbações posturais
(SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 1985). Isto indica que, além de
apresentarem dificuldade para produzir movimentos programados, indivíduos com
SD têm também dificuldade para detectar perturbações posturais causadas por
forças externas e, por isso, são mais lentos para produzir respostas motoras
frente a esta perturbação. Shumway-Cook e Woollacott (1985) observaram que,
10
após uma perturbação externa (movimento da plataforma que servia de base de
suporte na tarefa), crianças com SD apresentavam maior latência para ativar os
músculos posturais quando comparadas com seus pares NN. Conseqüentemente,
crianças com SD são mais lentas para retomar a postura desejada quando esta
sofre uma perturbação. Shumway-Cook e Woollacott (1985) sugeriram que o
atraso na ativação de respostas posturais observado nas crianças com SD
poderia estar relacionado à disfunção cerebelar.
Com relação à “lentidão” verificada na execução de movimentos voluntários
nesta população, uma possível causa seria a utilização de uma estratégia de
ativação muscular diferente. Anson (1992), revisando diversos estudos, sugeriu
que pessoas com SD utilizam estratégia de ativação muscular em uma ordem
seqüencial distal–proximal na execução da tarefa de apontar para um alvo,
enquanto que um padrão próximo–distal foi observado em participantes NN para o
mesmo movimento. Mais ainda, Anson e Mawston (2000) concluíram que o
padrão de ativação muscular distal–proximal pode interferir na velocidade do
movimento, mesmo que explicação para este fato precise ainda ser melhor
entendida.
Almeida, Corcos e Latash (1994), também verificaram um padrão de
ativação muscular diferente em pessoas com SD. Neste estudo, os participantes
tinham a tarefa de flexionar ou estender o cotovelo buscando atingir um alvo que
era posicionado em diferentes ângulos, dependendo da tentativa. Quando o teste
começava, o participante deveria movimentar o braço o mais rápido possível
tentando atingir a posição angular determinada pelo experimentador. A partir dos
sinais eletromiográficos dos músculos bíceps e tríceps estes pesquisadores
11
verificaram que, ao invés do padrão bifásico de ativação muscular, indivíduos com
SD apresentavam uma estratégia de controle do movimento caracterizada por um
padrão de ativação simultânea dos músculos agonistas e antagonistas (co-
contração). Almeida, Marconi, Tortoza, Ferreira, Gottlieb e Corcos (2000)
revelaram que a diferença na modulação da intensidade e/ou duração da latência
antagonista poderia explicar a relativa diminuição no ganho de velocidade de
movimento verificada nos participantes com SD. Ainda, Almeida, Marconi,
Tortoza, Ferreira, Gottlieb e Corcos (2000) sugeriram que a ativação precoce da
musculatura antagonista, realizada por indivíduos com SD comparados com seu
pares NN, diminui o ganho no torque muscular e, conseqüentemente, diminui o
ganho na velocidade do movimento. Nesta visão, a forma, como indivíduos com
SD ativam sua musculatura, poderia explicar a lentidão dos movimentos
freqüentemente verificada nesta população.
Um outro aspecto que tem sido discutido, com relação ao controle motor de
pessoas com SD, é a capacidade de produção de força. Croce, Pitetti, Horvat e
Miller (1996) examinaram o pico de torque e a força média produzida na contração
dos músculos quadríceps e isquiotibiais em adultos sedentários, adultos com SD e
adultos com outros tipos de deficiência mental. Os resultados mostraram que os
grupos de adultos com deficiência mental (tanto com SD como com outras
deficiências) produziram menores pico de torque e força média do que o grupo de
adultos sedentários NN, porém, não revelaram diferenças entre os indivíduos com
SD e com outros tipos de deficiência mental (CROCE; PITETTI; HORVAT;
MILLER, 1996). Por outro lado, o estudo de Angelopoulou, Tsimaras, Christoulas,
Kokaridas e Mandroukas (1999), além de encontrar diferenças no pico de torque
12
do quadríceps entre adultos jovens com SD e NN, revelou que indivíduos com
outros tipos de deficiência mental produziram maiores picos de torque que os
indivíduos com SD. Os autores sugeriram que diferenças de tônus muscular entre
os indivíduos com SD e com outras deficiências mentais poderiam ser
responsáveis pelas diferenças na capacidade de produção de força entres estas
populações. Os resultados do estudo de Pitetti, Climstein, Mays e Barret (1992)
também revelaram diferenças na capacidade de produção de força entre
indivíduos com SD e com outras deficiências mentais. Neste estudo, além da
força produzida pelos membros inferiores, a força isocinética produzida pelos
membros superiores também foi avaliada. Do mesmo modo, adultos NN atingiram
os maiores escores comparados com os outros dois grupos (SD e outras
deficiências mentais) e, novamente, os deficientes mentais sem SD alcançaram
maiores valores para as variáveis de força nos membros inferiores do que os
indivíduos com SD. Embora, nenhuma explicação satisfatória para as diferenças
entre indivíduos com SD e com outras deficiências mentais tenha sido dada, estes
resultados sugerem que além do déficit mental, outros fatores poderiam estar
influenciando na capacidade de produção de força das pessoas com SD, visto
que, indivíduos com deficiência mental sem síndrome de Down demonstraram ser
capazes de produzir mais força nos membros do que indivíduos com SD.
Mais uma vez, uma estratégia de ativação muscular diferente pode ser
sugerida para explicar estas diferenças na realização de movimentos em pessoas
com SD. Latash, Kang e Patterson (2002) investigaram a coordenação e a
produção de força máxima em uma tarefa envolvendo movimento dos dedos da
mão em jovens com SD. Neste estudo, os participantes tinham que aplicar
13
quantidade de força diferente em cada dedo da mão, de acordo com o indicado
em uma tela de computador. Os resultados indicaram que pessoas com SD
tinham piores índices de controle individual e sinergista dos dedos, mostrando em
particular, menor produção de força e maior número de erros nas tarefas que
requeriam precisão do que seus pares NN. Os autores sugeriram que indivíduos
com SD adotavam uma estratégia de ativação muscular diferente para realizar a
tarefa, produzindo um nível geral de força que é distribuída de forma similar entre
os dedos. Esta estratégia pode ser vista como uma forma de simplificar o controle
dos dedos, que em contrapartida levaria a uma menor produção geral de força
(LATASH; KANG; PATTERSON, 2002).
Uma outra possível explicação para os déficits na produção de força de
pessoas com SD foi proposta por Cione, Cocilovo, Di Pasquale, Araujo, Siqueira e
Bianco (1994) que analisaram a força isocinética dos extensores do joelho de
adolescentes com SD e verificaram que estes indivíduos apresentavam escores
inferiores a seus pares NN. Estes autores sugeriram que isto pode acontecer em
função de deficiências do sistema piramidal em controlar as unidades motoras.
Mais ainda, estes pesquisadores verificaram uma assimetria de torque motor entre
os membros inferiores direito e esquerdo, mais freqüente nos participantes com
SD do que o observado no grupo controle. Embora pareça uma sugestão pouco
consubstanciada, para Cione, Cocilovo, Di Pasquale, Araujo, Siqueira e Bianco
(1994), o fato de indivíduos com SD produzirem menos força nos músculos da
perna direita em relação à perna contralateral, indica que o hemisfério cerebral
esquerdo é mais prejudicado em pessoas com SD.
14
A capacidade de produzir força muscular é, sem dúvida, um componente
importante para a execução dos movimentos do cotidiano. Entretanto, o problema
de controle motor verificado nas pessoas com SD parece estar além da
capacidade de gerar força muscular. Mesmo em tarefas que não exigem
excessiva força muscular, indivíduos com SD demonstram comportamento
diferente da população NN. É o que ocorre no controle dos movimentos
automáticos, como por exemplo, nos mecanismos de ajustes posturais
antecipatórios. Aruin e Almeida (1997) examinaram os ajustes posturais
antecipatórios de pessoas com SD em tarefas de flexão e extensão dos braços.
Os autores encontraram que os voluntários com SD realizavam adaptações
posturais antes de iniciarem o movimento dos braços e sugeriram que a
habilidade para usar o mecanismo feedforward está intacta nesta população.
Apesar disto, o comportamento cinemático, o padrão de ativação dos músculos
posturais e a excursão do centro de pressão antes da execução do movimento do
braço foram diferentes do observado no grupo controle. Enquanto durante a
preparação para o início do movimento do braço o grupo controle movia o quadril
para frente, estendendo o quadril e flexionando o joelho, o grupo com SD movia o
quadril para trás, flexionando o quadril e estendendo o joelho. Além disso, o
deslocamento antecipatório do centro de pressão era maior nos indivíduos com
SD e a ativação da musculatura agonista e antagonista ocorria simultaneamente
nestes indivíduos enquanto que no grupo controle havia um atraso de 50 a 100
ms entre a ativação destes músculos. Os autores relatam que a tarefa poderia ter
sido mais difícil para os participantes com SD e, por esta razão, estes indivíduos
teriam maior medo de perder o equilíbrio e utilizariam um padrão diferente de
15
movimentação do quadril comparado com seus pares NN. Os autores sugeriram
ainda que a co-contração muscular revelada pelos participantes com SD não seria
decorrente de qualquer disfunção neurológica nestas pessoas, mas sim uma
estratégia de segurança adotada por estes indivíduos para lidar com um ambiente
imprevisível e com constantes mudanças (ARUIN; ALMEIDA, 1997).
Latash, Almeida e Corcos (1993) também sugeriram que indivíduos com
SD tem preservada a capacidade de produzir reações pré-programadas em
resposta a perturbações posturais. Por não encontrarem anormalidades no
mecanismo de controle motor de seus participantes com SD, Latash, Almeida e
Corcos (1993) propuseram que as diferenças encontradas no comportamento
motor entre indivíduos com SD e a população controle poderiam ter outro
desdobramento se extensiva explicação e prática fosse fornecida para os
indivíduos com SD. Mais ainda, os autores consideram que a maioria destas
diferenças provavelmente representa efeitos de adaptação do sistema de controle
motor em função de prejuízos básicos na tomada de decisão das pessoas com
SD.
Seguramente, a clareza da instrução e a disponibilidade da prática são
fatores que podem influenciar nos resultados de estudos com indivíduos com
deficiência mental. Mesmo assim, outros trabalhos sustentam outras causas para
as diferenças de comportamento verificadas entre a população com SD e a NN.
Por exemplo, Virji-Babul e Brown (2004) sugeriram que os déficits nos ajustes
antecipatórios de pessoas com SD poderiam decorrer de problemas de percepção
visual e de atenção relacionada ao processo. Neste estudo foram examinados os
ajustes antecipatórios realizados por crianças com SD e NN em uma tarefa de
16
ultrapassar obstáculos de diferentes alturas. Os autores verificaram que as
crianças com SD eram capazes de extrair a informação sobre a altura do
obstáculo e apropriadamente combinar esta informação com o quadro de
referência interno, porém, a informação visual do obstáculo não era usada
adequadamente para modular os movimentos inicias do ciclo da passada, tendo
em vista que os primeiros passos não eram ajustados em função do obstáculo.
Além disso, foi sugerido que estas crianças com SD poderiam não estar
realizando os ajustes antecipatórios efetivamente, pelo fato de observarem que
elas paravam em frente aos obstáculos mais altos antes de ultrapassá-los. Assim,
as crianças com SD esperavam até alcançar o obstáculo para então adquirir a
informação relevante e modular seu movimento para ultrapassagem (VIRJI-
BABUL; BROWN, 2004).
De fato, diversos componentes do controle motor parecem ser
influenciados pela SD. Esta influência no comportamento motor parece ficar ainda
mais evidente em trabalhos que envolvem medidas qualitativas de observação do
comportamento em geral, como por exemplo, no estudo de Spanò, Mercuri,
Randò, Pantò, Gagliano, Henderson e Guzzeta (1999). Neste caso, foram
empregados testes funcionais que avaliaram a coordenação motora fina e grossa
de crianças com SD. De forma geral, os resultados indicaram que: a) crianças
com SD obtiveram pontuação menor que seus pares NN na maioria dos testes
aplicados; b) nenhum dos indivíduos com SD atingiu escores adequados para sua
idade cronológica; c) as diferenças estavam presentes tanto nas habilidades que
exigiam coordenação motora fina quanto naquelas de coordenação motora
grossa. Problemas de coordenação em pessoas com SD também foram
17
encontrados no estudo de Robertson Rinenbach, Chua, Maraj, Kao e Weeks
(2002). Neste trabalho, adultos com SD obtiveram performance inferior a seus
pares NN em tarefas de coordenação bimanual. Especificamente, os indivíduos
com SD demonstraram maior variabilidade na execução da tarefa e maior
assimetria entre as mãos do que seus pares NN.
Em resumo, este conjunto de resultados demonstra que pessoas com
Síndrome de Down apresentam um comportamento motor diferente da população
neurologicamente normal. Estas características de lentidão, co-contração e
dificuldade de coordenação levaram a classificação dos movimentos dos
indivíduos com SD como “desajeitados” (LATASH, 2000). Porém, além de
determinarem um aspecto desajeitado, as diferenças no controle do movimento
também acarretam prejuízos funcionais, com produção de atos motores menos
eficientes (SPANÒ; MERCURI; RANDÒ; PANTÒ; GAGLIANO; HENDERSON;
GUZZETTA, 1999). Uma das hipóteses para explicar o comportamento motor
diferente, encontrado nos indivíduos com SD, foi sugerida por Latash (2000), onde
o autor sugere que o maior problema poderia estar na formação de sinergias
musculares1.
Por outro lado, o presente estudo supõe que um possível problema
associado ao controle motor desta população possa estar no relacionamento entre
informação sensorial e ação motora. Barela e colaboradores (BARELA, 1999;
BARELA; JEKA; CLARK, 2003) propõem que um dos processos responsáveis
pelo aprimoramento de uma determinada tarefa motora envolve a identificação e
1 Sinergias são consideradas o principal mecanismo para controlar vários elementos com relativamente poucos comandos. As sinergias são utilizadas para simplificar o controle de inúmeros músculos e articulações envolvidas mesmo nos movimentos mais simples do corpo humano.
18
refinamento do acoplamento entre informação sensorial e ação motora
(percepção-ação). Ainda, sugerem que este relacionamento sensóriomotor
também permeia a aquisição e o refinamento do controle postural. Tendo em vista
que o controle motor e o controle postural parecem obedecer aos mesmos
princípios de relacionamento sensóriomotor, o estudo do controle postural pode
ser utilizado como uma ferramenta para examinar aspectos de controle motor.
2.2 Controle Postural
O controle postural é resultante da interação entre múltiplos sistemas
neurais com o objetivo de atingir duas metas principais: equilíbrio e orientação
postural. A orientação postural é definida como sendo a posição relativa entre os
seguimentos corporais e destes em relação ao meio. Já o equilíbrio postural é
definido como o estado em que todas as forças agindo sobre o corpo são
balanceadas de tal forma que o corpo tende a permanecer na posição desejada
(equilíbrio estático) ou a mover de forma controlada (equilíbrio dinâmico) (HORAK;
MACPHERSON, 1996). Assim, o termo controle postural refere-se ao controle da
posição do corpo no espaço com a finalidade de buscar orientação e estabilidade
(SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003).
Embora pareça simples, a manutenção dos seres humanos na postura
ereta é uma tarefa bastante complexa, pois esta postura deve ser mantida sob a
ação de forças externas (ex. força da gravidade) e internas (movimentos dos
próprios seguimentos) que desestabilizam o corpo sobre uma base de suporte de
área relativamente pequena. Frank e Earl (1990) comentam que o sistema de
19
controle postural contém diferentes estratégias para controlar a postura em pé.
Ainda, sugerem que estas estratégias são adotadas com base no grau de
segurança e gasto energético necessários para a realização da tarefa.
Para que a melhor estratégia seja identificada e o corpo seja mantido em
uma orientação estável, o sistema de controle postural deve organizar e
coordenar as contrações musculares de forma apropriada, com base nas
informações que indicam o relacionamento entre as diversas partes do corpo e do
corpo com o meio ambiente. Estas informações são fornecidas por células
especializadas (receptores sensoriais), reunidas principalmente em três
complexos sistemas sensoriais: visual, vestibular e somatossensorial (NASHNER,
1981).
Cada classe de receptor opera dentro de uma específica amplitude e
freqüência, informando o movimento do corpo e a posição relativa deste em
relação ao ambiente. Entretanto, há redundância de informação em certas
condições, onde diversos receptores fornecem o mesmo tipo de informação (ex.
quando estamos “imóveis” em frente a uma parede fixa, as informações
provenientes do sistema visual, sistema somatossensorial e sistema vestibular
indicam a mesma situação, ou seja, que estamos relativamente parados). Por
outro lado, as informações provenientes de diferentes sistemas sensoriais são
necessárias para resolver possíveis ambigüidades sobre a orientação e o
movimento do corpo (HORAK; MACPHERSON, 1996).
Um exemplo de conflito entre informações sensoriais aparece quando
estamos parados dentro de uma sala na qual as paredes se movimentam
suavemente. Nesta condição, a informação proveniente do sistema visual, quando
20
o movimento da parede da sala é iniciado, aponta que o corpo esta se
movimentando enquanto que o sistema somatossensorial e vestibular indicam que
estamos parados. A resolução deste conflito sensorial ocorre a partir do
relacionamento e interpretação coerente dos múltiplos canais sensoriais. É
importante ressaltar que a relevância das informações fornecidas pelos sistemas
sensoriais pode mudar de acordo com o contexto formado pela interação entre o
organismo, o ambiente e a tarefa. Ao caminhar em uma sala escura, por exemplo,
as informações somatossensoriais tornam-se muito mais importantes do que em
condições onde a informação visual está disponível.
Por apresentar modificações dos sistemas sensoriais em resposta às
alterações nas demandas da tarefa e do ambiente, o sistema de controle postural
é adaptativo, e influenciado pela aprendizagem e pelas experiências prévias
(SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003). Assim a captação e a utilização das
informações sensoriais mais importantes dentro de cada contexto são
fundamentais para manutenção e refinamento do controle postural. Por outro lado,
o conflito sensorial e o não aproveitamento das informações mais relevantes
podem interferir no funcionamento do sistema de controle postural, provocando,
por exemplo, uma maior instabilidade do sistema. Com base nesta perspectiva, a
análise do controle postural em pessoas com SD, focada na investigação do
relacionamento entre informação sensorial e atividade motora, pode revelar dados
importantes sobre o funcionamento do sistema de controle postural nesta
população.
21
2.2.1 Controle Postural em pessoas com Síndrome de Down
O número de estudos que buscou examinar o controle postural de pessoas
com SD é relativamente pequeno, sobretudo quando o interesse está em
investigar o funcionamento deste sistema em indivíduos adultos. Um dos
primeiros trabalhos que analisou o controle postural de indivíduos com SD foi
realizado por Butterworth e Cicchett (1978). Neste estudo, o controle postural foi
examinado com base nos ajustes posturais ocorridos em resposta ao movimento
de uma “sala móvel”. Neste experimento, crianças com SD e crianças NN foram
colocadas dentro de uma “sala móvel” que foi movimentada discretamente pra
frente e pra trás por um experimentador. Os resultados mostraram que tanto as
crianças com SD quanto as NN apresentaram ajustamentos posturais
correspondentes ao movimento da sala, porém as crianças com SD apresentaram
mais quedas na posição em pé, indicando que eram mais influenciadas pela
manipulação da informação visual, proveniente dos movimentos da sala.
Wade, Emmerik e Kernozek (2000) também verificaram que crianças com
SD eram mais influenciadas pela manipulação da informação visual, quando
submetidas ao paradigma da sala móvel. Neste caso, crianças com SD mostraram
maior amplitude de resposta para o movimento da sala do que as crianças NN. O
maior número de quedas e a maior magnitude de resposta, observadas nas
crianças com SD submetidas à situação da sala móvel, poderiam ser decorrentes
de uma dificuldade para resolver o conflito sensorial imposto nesta situação. Com
base nesta perspectiva, crianças com SD seriam menos eficientes para solucionar
a incongruência entre as informações sensoriais (sistema visual fornecendo
informação diferente dos sistemas vestibular e somatossensorial) e, desta forma,
22
responderiam mais fortemente ao movimento da sala o que provocaria um maior
número de quedas. Isto indica que as crianças com SD apresentam uma possível
diferença no uso de informação sensorial para controlar a ação motora quando
comparadas com seus pares NN. Mesmo comparando o controle postural de
pessoas com SD com outros indivíduos com deficiência mental, mas causada por
outros motivos que não a SD, o desempenho parece ser diferente. Kokubun,
Shinmyo, Ogita, Morita, Furuta, Haishi, Okuzumi e Koike (1997) comparam os
resultados de crianças com SD e crianças com deficiência mental sem SD na
tarefa de manter o equilíbrio em apoio unipodal. Embora não tenha sido
encontrada diferença para a magnitude de oscilação corporal, foi verificado que as
crianças com SD oscilaram em freqüências mais altas do que o grupo sem SD.
Ainda, as pessoas com SD apresentaram performance inferior no tempo de
permanência em apoio unipodal. Como ambos os grupos apresentavam
deficiência mental, os autores sugeriram que a diferença nos resultados poderia
ser em decorrência da hipotonia muscular, que é mais acentuada nos indivíduos
com SD.
No presente estudo, não descartamos a possibilidade de o baixo tônus
muscular interferir no controle postural de pessoas com SD, no entanto,
acreditamos que este não é o único fator responsável pelas diferenças
observadas entre esta população e o grupo de indivíduos NN. Como já
mencionado, o relacionamento sensóriomotor tem um papel fundamental no
controle postural, por isso sugerimos que a relação entre informação sensorial e
ação motora pode ser determinante para as diferenças de comportamento motor
citadas anteriormente. De fato, as diferenças entre indivíduos com SD e NN
23
parecem ficar mais evidentes quando o relacionamento sensóriomotor é
perturbado, seja por manipulação da informação visual (BUTTERWORTH;
CICCHETTI, 1978; WADE; EMMERIK; KERNOZEK, 2000) ou da informação
somatossensorial (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 1985).
No estudo de Shumway-Cook e Woollacott (1985), crianças com SD e NN
foram colocadas sobre uma plataforma “móvel” que quando era movimentada por
um servo mecanismo causava a ilusão de auto-movimento nestes indivíduos. As
autoras encontraram diferenças na organização postural entre as crianças com
SD e NN. As crianças com SD apresentaram maior latência para ativar os
músculos posturais frente à perturbação. Isto resultava em um aumento na
oscilação corporal (comparado com os pares NN) e em alguns casos perda de
equilíbrio, ou seja, as crianças com SD demonstraram ser significativamente mais
instáveis do que as crianças NN. Entretanto, mesmo sendo menos estável e
coerente, este trabalho deixou claro que os participantes com SD apresentavam
um relacionamento entre as informações sensoriais e os ajustes posturais, tendo
em vista que estes indivíduos produziam ações motoras correspondentes ao
estímulo sensorial fornecido (movimento da plataforma).
Esta capacidade de responder aos estímulos sensoriais do meio ambiente
já foi observada até mesmo em bebês com SD (POLASTRI; BARELA, 2005).
Estes autores estudaram o efeito da experiência e da prática no acoplamento
entre percepção e ação em bebês com SD e verificaram que os bebês com SD
acoplavam seus movimentos ao estímulo visual de uma sala móvel. Além disso,
os resultados indicaram que bebês e crianças com SD são capazes de adquirir
um acoplamento coerente e estável entre informação sensorial e ação motora
24
quando eles têm experiência suficiente na performance de uma tarefa motora.
Esta sugestão foi consubstanciada no fato de que bebês com SD mais
experientes na tarefa de permanecer sentados apresentaram um acoplamento
mais forte que bebês com SD menos experientes em permanecer nesta posição.
Poslastri e Barela (2005) também mostraram que o acoplamento entre informação
sensorial e atividade motora em bebês com SD pode ser alterado por sessões de
prática, após terem sido submetidos a consecutivas sessões de prática na
situação experimental. Para estes estudiosos, o propulsor para a progressão
desenvolvimental é a interface dinâmica entre informação sensorial e ação
motora. Como bebês e crianças com SD necessitam de mais tempo para adquirir
e refinar este relacionamento, a falta de exposição e exploração a novos
relacionamentos sensóriomotores faria com que estes indivíduos continuassem
atrasados em sua performance motora (POLASTRI; BARELA, 2005).
Realmente, estudos têm mostrado que pessoas com SD continuam
apresentando desempenho motor inferior aos seus pares ao longo da vida
(HODGES; CUNNINGHAM; LYONS; KERR; ELLIOTT, 1995; VUILLERME;
MARIN; DEBÚ, 2001; WEBBER; VIRJI-BABUL; EDWARDS; LESPERANCE,
2004). O trabalho de Vuillerme, Marin e Debû (2001), por exemplo, revelou que,
em tarefa de manutenção da postura ereta em superfície estável, a estratégia de
controle postural de adolescentes com SD baseia-se nos mesmos princípios de
informação sensorial que os sujeitos NN. Mesmo assim, os adolescentes com SD
exibiram maior oscilação corporal que seus pares NN, indicando que mesmo
nesta faixa etária (14 a 18 anos) existem diferenças no funcionamento do sistema
25
de controle postural. O controle postural de adultos com SD parece seguir a
mesma tendência de performance inferior em relação aos seus pares NN.
Webber, Virji-Babul, Edwards e Lesperance (2004) estudaram a rigidez e a
estabilidade postural de adultos com SD e compararam com adultos NN. Os
resultados revelaram que os indivíduos com SD tinham maior velocidade de
oscilação corporal e que estes valores estavam relacionados com a maior rigidez
postural encontrada nesta população. Além disso, estes autores observaram um
aumento na rigidez postural na ausência da visão, sugerindo que indivíduos com
SD aumentam a co-contração na falta da informação visual, o que possivelmente
geraria uma maior instabilidade do sistema. A observação de aumento de rigidez
muscular e aumento da oscilação corporal, verificada em adultos com SD na
ausência da visão (WEBBER; VIRJI-BABUL; EDWARDS; LESPERANCE, 2004),
poderia indicar que esta população apresenta maior dependência da informação
visual.
Hodges Cunningham, Lyons, Kerr e Elliot (1995) observaram que a
performance na realização de movimentos com meta dirigida, na condição sem
visão, era mais afetada para os participantes com SD do que para os NN. Estes
autores sugeriram que, quando a visão não esta disponível, indivíduos com SD
não conseguem utilizar o feedback somatossensorial da mesma forma que seus
pares NN e, por isso apresentam performance inferior nesta condição. Entretanto,
esta hipótese de maior dependência visual pode ser contestada tendo em vista
que Vuillerme, Marin e Debû (2001) encontraram que adolescentes com SD eram
capazes de reorganizar o controle postural, mudando do controle visual para o
somatossensorial quando a informação visual era repentinamente removida.
26
Neste estudo, os participantes deveriam manter a postura em pé quieta durante
10 segundos e após esse período a luz do ambiente era desligada deixando o
ambiente totalmente escuro. Nestas condições, os indivíduos com SD
reorganizavam o controle postural utilizando as informações somatossensoriais
similarmente a seus pares NN. Em um estudo prévio (GOMES; BARELA,
submetido) também não identificamos maior dependência visual nas pessoas com
SD. Neste trabalho, adultos com SD utilizaram a informação somatossensorial
proveniente do toque do dedo em uma superfície estacionária melhorando o
controle da postura mesmo quando a visão não estava disponível.
De certa maneira, todos os trabalhos citados anteriormente mostram que o
controle postural dos indivíduos com SD é diferente do observado na população
NN. Porém, as evidências mencionadas não respondem de forma satisfatória se o
acoplamento sensóriomotor, que é necessário para a manutenção da postura e
para a execução de habilidades motoras, é diferente em adultos com SD. A
literatura referente ao comportamento postural de adultos com SD, é constituída,
em sua maioria, por trabalhos que descrevem o produto motor (ex. oscilação
corporal, cinemática dos movimentos, etc.), mas que pouco examinam o processo
pelo qual este produto é alcançado. Entendendo que este processo envolve,
principalmente, a capacidade de relacionar informação sensorial com ação
motora, uma investigação específica neste relacionamento poderia contribuir para
o conhecimento do comportamento postural desta população.
2.2.2 Relacionamento entre informação sensorial e ação motora
27
A realização de qualquer ato motor voluntário exige do organismo um
processo que envolve a recepção de informações sensoriais, a organização e
integração das informações recebidas e a execução de contrações musculares
específicas com fim de atender as demandas da tarefa. No entanto, a contração
muscular gera movimento dos segmentos propiciando uma nova configuração
entre as partes do corpo e entre o corpo e o ambiente. A menor mudança na
configuração relativa entre os segmentos corporais ou entre o corpo e o ambiente
fornece ao sistema de controle motor novas informações sensoriais, que por sua
vez são utilizadas para que novas ações motoras sejam realizadas, formando
assim um ciclo contínuo e dinâmico de percepção e ação, onde a percepção e a
ação são mutuamente dependentes (SCHÖNER, 1991).
Quanto mais coerente e refinado estiver o relacionamento entre a
informação sensorial (percepção) e a ação motora (ação), maior será a habilidade
do indivíduo em executar determinado movimento (BARELA, 1999). Para que o
relacionamento sensóriomotor seja aprimorado torna-se necessária a vivência e a
exposição do organismo ao ciclo percepção-ação. Além disso, todas as partes do
sistema de controle motor devem estar estruturalmente íntegras e com
funcionamento normal, ou seja, unidades sensorial, cognitiva e motora sem
comprometimentos.
No caso das pessoas com SD, alguns aspectos são questionados sobre
comprometimentos tanto no campo estrutural quanto no funcional do sistema de
controle motor. Para se ter uma idéia, uma variedade de déficits sensoriais foram
reportadas por Chen e Fang (2005). Empregando o método de potencial evocado,
os autores analisaram o funcionamento dos sistemas auditivo, visual e
28
somatossensorial em crianças com SD e verificaram que estas crianças
apresentaram resultados inferiores a seus pares NN na maioria dos testes
analisados (CHEN; FANG, 2005).
Cole, Abbs e Turner (1988) também encontraram problemas no
funcionamento do sistema somatossensorial em pessoas com SD. Neste estudo,
adultos com SD foram incapazes de ajustar adequadamente a força gerada nas
mãos para agarrar objetos de diferentes pesos e texturas. Os autores sugeriram
que os voluntários com SD não conseguiam discriminar eficientemente as
propriedades do objeto (peso e textura) e por isso produziam força de agarre até
três vezes maior do que a necessária para realizar a tarefa. Cole, Abbs e Turner
(1988) também atribuem aos resultados encontrados neste trabalho supostos
problemas estruturais. Estes autores consideraram que as propriedades da pele
(espessura, rugosidade, etc) são diferentes em pessoas com SD e, por isso,
poderiam ter influenciado na sensibilidade das mãos e, conseqüentemente,
acarretado em diferenças no padrão do agarrar.
Outras diferenças estruturais, desta vez no sistema nervoso central,
também já foram relatadas em pessoas com SD. Aylward, Habbak, Warren,
Pulsifer, Barta, Jerram e Pearlson (1997) revelaram que adultos com SD
apresentam 73% de volume cerebelar, 85% de volume do cérebro e 87% de
volume intracraniano total quando comparados a pares do grupo controle.
Entretanto, as diferenças estruturais (AYLWARD; HABBAK; WARREN;
PULSIFER; BARTA; JERRAM; PEARLSON, 1997) ou os déficits sensoriais
(CHEN; FANG, 2005) analisados de forma isolada mostraram-se insuficientes
para explicar o comportamento motor das pessoas com SD. No presente estudo,
29
assumimos que o organismo funciona como um sistema dinâmico onde seus
componentes se auto-organizam e inter-relacionam continuamente, portanto, seu
funcionamento deve ser analisado como um todo. Sendo assim, a investigação do
relacionamento sensóriomotor sob uma ótica de sistemas dinâmicos, parece ser
uma estratégia apropriada para examinar o comportamento motor da população
com SD.
Uma forma de investigar o relacionamento sensóriomotor dinamicamente é
através da manipulação dos canais sensoriais. Considera-se no atual trabalho que
manipular um canal sensorial significa oferecer um estímulo sensorial estruturado
e de forma controlada e observar o relacionamento temporal e espacial entre este
estímulo e a ação motora desencadeada pelo mesmo. O sistema visual é
relativamente mais fácil de ser manipulado experimentalmente, por esta razão,
inúmeros estudos verificam o controle postural a partir da variação ou ausência da
informação visual (NOUGIER; BARD; FLEURY; TEASDALE, 1997; PAULUS;
STRAUBE; KRAFCYK; BRANDT, 1989; PAULUS; STRAUBE; BRANDT, 1984).
De acordo com Paulus, Straube e Brandt (1984), o sistema de controle postural
utiliza a informação visual para desencadear atividade motora e controlar as
oscilações corporais. Com base nesta perspectiva, quando uma pessoa inclina-se
para frente mantendo o olhar em um objeto estacionário, a imagem deste objeto
se expande na retina. O aumento do tamanho da imagem refletida na retina é
interpretado pelo sistema de controle postural como movimento do corpo à frente
e, a partir disso, comandos motores são enviados para frear, permitir ou contrapor
o movimento, dependendo do objetivo da tarefa. O mecanismo contrário ocorre
quando a pessoa inclina-se para trás. Neste caso, a projeção da imagem na retina
30
diminui indicando ao sistema que o corpo está movendo-se para trás e atividade
motora é desencadeada para alcançar a orientação postural desejada. Assim, o
sistema de controle postural busca minimizar estas alterações visuais na retina
para controlar as oscilações corporais (PAULUS; STRAUBE; KRAFCYK;
BRANDT, 1989; PAULUS; STRAUBE; BRANDT, 1984).
Uma forma de verificar o relacionamento entre informação visual e ação
motora é através do “paradigma da sala móvel”. Na década de setenta, Lee e
colaboradores (LEE; ARONSON, 1974; LEE; LISHMAN, 1975; LISHMAN; LEE,
1973) utilizaram uma sala que podia ser movimentada permitindo assim a
manipulação da informação visual do indivíduo que estava em seu interior. Estes
estudiosos verificaram que o movimento para frente e para trás da sala produzia
oscilações corporais correspondentes nos voluntários. Basicamente, estes
estudos mostraram que um campo visual móvel é capaz de induzir o sistema de
controle postural para uma percepção de movimento do próprio corpo provocando
oscilação corporal correspondente.
Recentemente, diversos trabalhos têm utilizado este paradigma como
ferramenta para examinar o relacionamento sensóriomotor em bebês
(BERTENTHAL; ROSE; BAI, 1997; POLASTRI; BARELA, 2005), crianças
(GODOI, 2004; SCHMUCKLER, 1997), adultos (DIJKSTRA; SCHÖNER; GIELEN,
1994; FREITAS JÚNIOR; BARELA, 2004) e idosos (PRIOLI; FREITAS JUNIOR;
BARELA, 2005; WADE; LINDQUIST; TAYLOR; TREAT-JACOBSON, 1995).
Entretanto, em pessoas com SD foram encontrados apenas três estudos
empregando este paradigma (BUTTERWORTH; CICCHETTI, 1978; POLASTRI;
BARELA, 2005; WADE; EMMERIK; KERNOZEK, 2000).
31
O estudo de Polastri e Barela (2005) examinou bebês de 12 e 17 meses de
idade e os trabalhos de Butterworth e Cichetti (1978) e Wade, Emmerik e
Kernozek (2000) avaliaram crianças com idade média de 2,7 anos e de 10,6 anos,
respectivamente. Apesar de estes estudos terem avaliado pessoas com SD de
diferentes idades, todos verificaram que os indivíduos com SD apresentavam
respostas posturais diferentes de seus pares NN. Entretanto, em virtude de
limitações destes estudos algumas perguntas ainda precisam ser esclarecidas.
Polastri e Barela (2005), por exemplo, investigaram indivíduos muito jovens, que
na escala desenvolvimental ainda não apresentam um funcionamento
característico de um sistema com desenvolvimento completo. Neste sentido, a
investigação de adultos com SD na situação da sala móvel poderia trazer novas
informações sobre o relacionamento sensóriomotor desta população. Já
Butterworth e Cichetti (1978) e Wade, Emmerik e Kernozek (2000) estudaram o
relacionamento sensóriomotor somente em situações de movimento discreto
(único movimento em uma única direção) e com grandes amplitudes e
velocidades de movimento da sala, o que limita o entendimento sobre o
fenômeno. De acordo com Dijkstra e colaboradores (1994) e Jeka e colaboradores
(1998; 2004) o sistema de controle postural utiliza as informações referentes a
posição e a velocidade de movimento para controlar a oscilação corporal. Sendo
assim, a alteração nesses parâmetros poderia desencadear mudanças no
comportamento observado. Além disso, o movimento discreto da sala permite
observar como o sistema reage (feedback) aquela perturbação, mas não
possibilita examinar como o sistema acopla e utiliza proativamente (feedforward)
as informações sensoriais disponíveis no ambiente.
32
Diante do exposto parece necessário examinar o relacionamento entre
informação sensorial e ação motora de forma mais aprofundada, expondo o
sistema de controle postural a perturbações contínuas e em diferentes
magnitudes. Mais ainda, parece oportuno e relevante submeter indivíduos adultos
com SD ao paradigma da sala móvel buscando analisar como estes indivíduos
relacionam as informações sensoriais com as ações motoras. Com base nos
estudos prévios, hipotetizamos que adultos com SD seriam mais influenciados
pela manipulação da informação visual e apresentariam diferenças no
acoplamento sensóriomotor comparados a seus pares NN.
33
3 OBJETIVOS
Com base no que foi apresentado na revisão de literatura, algumas
questões relacionadas ao acoplamento sensóriomotor da população com SD
merecem ser analisadas, entre as quais: 1) Será que adultos com SD também
apresentariam respostas motoras diferentes de seus pares NN quando
submetidos à situação experimental da sala móvel? 2) Será que o tipo de
perturbação (discreta ou contínua) poderia influenciar de maneira diferente adultos
com SD e adultos NN? 3) Como indivíduos com SD responderiam a diferentes
propriedades do estímulo sensorial (amplitude e freqüência do movimento da sala)
comparados a seus pares NN?
A partir destas perguntas, os objetivos deste estudo são:
3.1 Objetivo geral
Examinar o acoplamento entre informação sensorial e ação motora em
adultos com SD em situações de manipulação sensorial contínua e discreta.
34
3.2 Objetivos específicos
3.2.1 Experimento 1
- Examinar o acoplamento entre informação visual e a oscilação corporal
em adultos com SD e o refinamento deste acoplamento diante de alterações nos
parâmetros de manipulação sensorial (amplitude e freqüência).
3.2.2 Experimento 2
- Verificar a influência da informação visual na oscilação corporal de adultos
com SD e a capacidade do sistema de controle postural destes indivíduos em
resolver uma situação de conflito sensorial.
35
4 MATERIAL e MÉTODOS
4.1 Participantes
Participaram do estudo 20 pessoas com síndrome de Down, de ambos os
gêneros, com idade entre 18 e 35 anos, que constituíram o grupo (SD) e 20
pessoas neurologicamente normais, de ambos os gêneros, com idade entre 18 e
35 anos, que constituíram o grupo (NN). A amostra do grupo NN foi pareada com
o grupo SD atendendo similaridade para idade e gênero. As médias e desvios
padrão da idade, massa corporal e estatura dos participantes do grupo SD e NN
são apresentadas na Tabela 1 e na Tabela 2, respectivamente. Os participantes
do grupo SD eram alunos de escolas especiais da região de Rio Claro (Instituto
Estrela da Esperança, Rio Claro; Associação dos Deficientes de Rio Claro –
ADERC, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE de Rio Claro;
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE de Cordeirópolis). Os
participantes do grupo NN eram alunos de graduação, pós-graduação e
funcionários da UNESP de Rio Claro
36
Tabela 1: Gênero, idade (anos), massa corporal (Kg) e estatura (centímetros) dos participantes do
grupo SD.
gênero idade massa altura M 20,3 90,8 163 M 31,8 70 152 M 26,1 73 164 M 23,9 52 147 M 21,4 92,5 152 M 25,8 63,8 164 F 27,6 61 139 F 21,8 66 149 F 33,1 79,8 138 M 25,8 62,5 163 M 30,9 83 154 F 20,5 55 149 M 23,7 70,5 168 M 26,8 94 162 M 28,1 52 146 F 24,2 99,5 144 M 24,0 70 154 F 33,6 43,5 130 F 24,2 80,3 159 M 23,4 70,6 153
Média - 25,8 71,49 152,5 Desvio Padrão - 4,0 15,37 10,1
Os integrantes do grupo SD apresentavam grau de comprometimento
mental leve ou moderado. A classificação do grau de comprometimento mental foi
feita pela instituição de ensino de onde os participantes foram recrutados. Todos
os participantes NN e os responsáveis legais dos indivíduos com SD autorizaram
por escrito a participação no estudo através do preenchimento do termo de
consentimento livre e esclarecido (Apêndice A), devidamente aprovado pelo
Comitê de Ética do Instituto de Biociências - UNESP/RC (Anexo A), e todos
tiveram plena liberdade de interromper a participação no estudo em qualquer
momento.
37
Tabela 2: Gênero, idade (anos), massa corporal (Kg) e estatura (centímetros) dos participantes do
grupo NN,
gênero idade massa altura M 20,8 74 179 M 31,2 83,5 182 M 26,5 93,7 198 M 23,2 88 184 M 21,1 76,2 179 M 24,8 79 181 F 26,6 53,7 154 F 21,8 60,8 164 F 33,6 49,6 154 M 25,8 74 181 M 30,2 77,6 178 F 21,0 66 167 M 23,1 71,7 182 M 26,4 78,8 183 M 27,1 91,3 185 F 23,8 56,1 168 M 24,1 74,5 172 F 34,3 54 158 F 23,3 56 161 M 24,2 67,4 185
Média - 25,6 71,30 174,8 Desvio Padrão - 4,0 13,04 11,9
4.2 Procedimentos
Os participantes compareceram ao Laboratório para Estudos do Movimento
(LEM – Departamento de Educação Física, Instituto de Biociências, UNESP – RC)
onde as medidas de peso corporal e estatura foram verificadas. Em seguida os
participantes receberam explicações dos procedimentos que seriam realizados e,
no caso dos indivíduos NN, foi solicitado que preenchessem o termo de
38
consentimento. O termo de consentimento para os indivíduos pertencentes ao
grupo SD, foi preenchido pelos responsáveis legais dias antes da data da coleta.
O procedimento experimental ocorreu no interior de uma “sala móvel”. Esta
sala é constituída de três paredes e um teto (2,1 X 2,1 X 2,1 metros – altura,
largura e comprimento) montado sobre rodas que deslizam sobre trilhos,
possibilitando o movimento da sala, para frente e para trás, independentemente
do chão. As paredes internas da sala são pintadas de branco e preto, formando
listras verticais e intercaladas (branco/preto) que aumentam o contraste visual.
Uma lâmpada fluorescente de 20 Watts, afixada no teto da sala, permaneceu
acesa durante todo experimento para garantir o mesmo nível de iluminação dentro
da sala entre as tentativas e entre os participantes. A Figura 1 apresenta as vistas
frontal e lateral da sala móvel.
Figura 1: Vista frontal e lateral da sala móvel utilizada na situação experimental.
O movimento desta sala foi produzido e controlado por um sistema de
servo-mecanismo que possibilitou o controle preciso da amplitude e da freqüência
do movimento. Este servo-mecanismo é formado por um controlador
(Compumotor – Modelo APEX 6151) e um servo – motor (Compumotor - APEX
39
620-MC-NC) que são controlados por um programa de computador (Motion
Architect). Os dados referentes ao movimento da sala e do corpo dos
participantes foram obtidos através de um sistema de análise tridimensional do
movimento (OPTOTRAK – 3020 – Nothern Digital, Inc) que capta precisamente a
variação da posição de emissores infravermelhos. Estes emissores foram fixados
na região dorsal interescapular dos participantes e na parte inferior da parede do
fundo da sala. Através da relação entre a posição dos emissores e o sistema
OPTOTRAK foi obtido o deslocamento do participante e da sala nas direções
ântero-posterior e médio-lateral. A freqüência de amostragem deste sistema foi de
100 Hz.
Para garantir que os participantes realizassem a tarefa, uma câmera de
vídeo (Panasonic – Mos. WV-CL350) foi posicionada externamente na parte
posterior da sala, As imagens foram gravadas e monitoradas por um
experimentador em tempo real através de um aparelho televisor e de um vídeo
cassete.
Tendo em vista os vários equipamentos que foram utilizados neste estudo,
a Figura 2 fornece uma representação esquemática de todos estes equipamentos
a fim de facilitar o entendimento.
40
Figura 2: Representação esquemática de todos os equipamentos que foram utilizados neste estudo.
4.2.1 Experimento 1
Neste experimento os participantes ficaram no interior da sala móvel, a uma
distância de 1 metro da parede do fundo da sala, em postura ereta com os braços
ao lado do corpo. Os participantes permaneceram em apoio bipodal, descalços e
com os pés paralelos e alinhados com o quadril. A instrução foi que
permanecessem o mais estático possível e olhando para um círculo branco com 5
cm de diâmetro que estava fixado na parede do fundo da sala, na altura dos olhos
dos participantes. Tendo em vista que a acuidade visual é um fator que pode
influenciar na estabilidade postural (PAULUS; STRAUBE; BRANDT, 1984), os
indivíduos que precisavam usaram lentes corretivas durante o experimento.
41
A sala foi oscilada de maneira contínua (para frente e para trás) nas
freqüências de 0,1, 0,2 e 0,5 Hz em amplitudes de 1, 0,5, e 0,2 cm,
respectivamente (GODOI, 2004). A freqüência de movimentação da sala 0,2 Hz
foi escolhida por estar próxima à freqüência natural de oscilação corporal
(SOAMES; ATHA, 1982), a freqüência de 0,1 Hz foi escolhida por estar abaixo da
freqüência de oscilação natural e a freqüência de 0,5 Hz foi selecionada por estar
acima freqüência de oscilação preferida pelo sistema de controle postural. Nas
três condições de movimento da sala, a velocidade de pico foi de 0,6 cm/s. Este
último critério foi adotado considerando que a velocidade é um parâmetro que o
sistema de controle postural utiliza para acoplar ao estímulo sensorial (JEKA; OIE;
SCHONER; DIJKSTRA; HENSON, 1998; JEKA; KIEMEL; CREATH; HORAK;
PETERKA, 2004).
Para cada condição de movimento da sala o participante realizou três
tentativas de 60 segundos. Além disso, também foi coletada uma tentativa de 60
segundos sem o movimento da sala. Desta forma, no experimento 1 foram
realizadas 10 tentativas. A primeira tentativa foi na condição com a sala parada.
Em seguida foram realizadas as tentativas nas situações com movimento da sala.
Estas tentativas foram divididas em três blocos. Cada bloco foi composto por uma
tentativa em cada freqüência (0,1 Hz; 0,2 Hz e 0,5 Hz). A ordem das freqüências
dentro dos blocos foi sorteada e um período de descanso de 1 minuto foi dado
entre cada bloco. Entre cada tentativa, ocorria um intervalo para ajuste dos
equipamentos e um descanso adicional era fornecido quando o participante
necessitava.
42
4.2.2 Experimento 2
Neste experimento, as características do movimento da sala impuseram ao
sistema de controle postural a necessidade de resolver o conflito sensorial para
evitar um grande deslocamento corporal ou até mesmo a queda do indivíduo. Por
isso, a investigação no experimento 2 pode trazer informações que
complementam os achados do experimento 1. Embora a postura adotada e a
tarefa a ser realizada pelos participantes sejam as mesmas daquelas solicitadas
no experimento 1, no experimento 2 o movimento da sala ocorreu de maneira
discreta, com um único movimento em uma única direção. Assim, em cada
tentativa a sala foi movimentada somente uma vez, seja ela para frente ou para
trás. A amplitude do movimento da sala foi de 2,6 cm com velocidade média de
1,3 cm/s (PRIOLI; FREITAS JUNIOR; BARELA, 2005; TOLEDO; RINALDI;
BARELA, 2006). Três tentativas foram realizadas com a sala sendo movimentada
para trás (afastando-se do participante) e três tentativas com a sala sendo
movimentada para frente (aproximando-se do participante). Cada tentativa deste
experimento durou 20 segundos, sendo os primeiros 4 segundos sem movimento
da sala, os próximos 2 segundos com movimento (para frente ou para trás) e os
últimos 14 segundos, novamente, sem movimento da sala. A direção do
movimento (para frente ou para trás) da primeira tentativa foi sorteada e das
tentativas seguintes foi contrabalançada. A cada tentativa foi concedido um
período de descanso de 1 minuto. No total, cada participante realizou 6 tentativas
neste experimento.
43
4.3 Tratamento e Análise dos Dados
As variáveis dependentes para o experimento 1 investigaram o
acoplamento espacial e temporal entre a oscilação corporal e o movimento da
sala móvel na direção ântero-posterior. Utilizando análises no domínio temporal e
espectral, quatro medidas foram empregadas: ganho, fase, variabilidade e
amplitude de oscilação na freqüência de estímulo (AF).
O ganho é a razão entre a amplitude do espectro da oscilação corporal e a
amplitude do espectro do movimento da sala, na respectiva freqüência em que o
estímulo foi apresentado. Esta variável representa a influência do estímulo na
oscilação corporal do indivíduo. Valores de ganho maiores que 1 indicam que a
amplitude de oscilação corporal foi maior que a amplitude do movimento da sala
e, valores de ganho menores que 1, indicam que a amplitude da oscilação
corporal foi menor que a amplitude de movimento da sala.
A fase é a representação do relacionamento temporal entre a oscilação
corporal e o movimento da sala. Valores de fase ao redor de zero indicam que não
há atraso entre a oscilação corporal e o movimento da sala. Valores de fase
maiores que zero (positivos) indicam que a oscilação corporal está à frente do
movimento da sala, enquanto que valores de fase menores que zero (negativos)
apontam que a oscilação corporal está atrasada em relação ao movimento da
sala.
A variabilidade representa a amplitude média de oscilação corporal em
freqüências distintas à do movimento da sala. Para obter esta medida, o
componente de oscilação corporal decorrente do estímulo sensorial é removido.
Isto é feito subtraindo da trajetória de oscilação corporal o sinal transformado
44
(transformação de Fourier) correspondente ao movimento da sala na freqüência
de estímulo. A variabilidade é então definida como a variância média desta
resultante. Baixa variabilidade indica que a maior parte da amplitude de oscilação
ocorreu na freqüência de estímulo, enquanto que valores altos de variabilidade
indicam oscilação corporal em freqüências diferentes daquela do estímulo.
A amplitude de oscilação na freqüência de estímulo (AF) é a magnitude da
potência no espectro de oscilação corporal correspondente na freqüência do
estímulo. A AF representa a força do componente de oscilação na respectiva
freqüência em que a sala foi movimentada. Se a oscilação corporal estiver
acoplada ao estímulo, a AF será maior nas condições com movimento da sala
comparadas com a situação controle, na qual a sala está parada.
Além dessas medidas, duas outras variáveis descritivas foram analisadas:
a primeira foi a amplitude média de oscilação (AMO), que representa a
variabilidade ao redor da média de cada período, sendo calculada subtraindo a
posição média dos valores dentro de uma tentativa e, então, calculando a
variância média dos valores desta tentativa. A segunda foi a freqüência média de
oscilação que foi calculada obtendo a média dos períodos de cada ciclo, dentro de
uma tentativa, calculando o inverso deste período.
Como nas tentativas sem movimento da sala os ciclos de oscilação
corporal não estavam tão definidos como nas tentativas com movimento da sala,
então, ao invés da freqüência média de oscilação calculamos nestas tentativas a
freqüência mediana de oscilação corporal. A freqüência mediana de oscilação
corporal corresponde a freqüência em que 50% da área total do espectro ocorreu.
Ainda, nas tentativas sem movimento da sala, observamos muito comportamento
45
estocástico da oscilação corporal e, por isso, realizamos o procedimento de
“janelamento” para calcular a amplitude média de oscilação nestas condições. No
processo de “janelamento” dividimos a tentativa em 12 trechos de tamanho igual e
calculamos a amplitude média de oscilação corporal em cada trecho, em seguida,
calculamos a média dos 12 trechos e este valor foi utilizado para representar a
amplitude média de oscilação corporal nas tentativas em que não houve
movimento da sala. Nestas tentativas tanto a amplitude média como a freqüência
mediana de oscilação corporal foram calculadas na direção ântero-posterior e
médio-lateral.
As variáveis do experimento 2 verificaram a oscilação corporal na direção
ântero-posterior e o relacionamento entre esta oscilação e o movimento da sala
nos períodos: antes (primeiros 4 seg,), durante (2 seg,) e após o movimento da
sala (últimos 14 seg,). Para verificar a oscilação corporal foi calculada a amplitude
média de oscilação (cálculo descrito anteriormente) nos períodos antes e após o
movimento da sala. Para verificar o efeito do deslocamento da sala (durante os 2
seg,) sobre o controle postural do indivíduo foi calculado o deslocamento corporal
ocorrido neste período. O deslocamento corporal corresponde à distância entre a
posição corporal no instante em que a sala iniciou o movimento e a posição em
que o deslocamento induzido pelo movimento da sala é revertido. O tempo de
deslocamento correspondente ao intervalo entre o início do movimento da sala e o
instante em que ocorreu a reversão da oscilação corporal. Para verificar o
relacionamento entre os movimentos corporais e da sala foram calculados o
coeficiente de correlação cruzada e a diferença temporal. O tratamento dos dados
46
e o computo das variáveis foram realizados utilizando rotinas do programa
MATLAB (Math Works, versão 6 R12).
4.4 Análise Estatística
No experimento 1 foram realizadas duas análises de multivariância
(MANOVAs) 2 x 3 (grupo x freqüência) e duas análises de variância (ANOVAs) 2 x
3 (grupo x freqüência), todas tendo o fator freqüência tratado como medida
repetida. A primeira MANOVA teve como variáveis dependentes o ganho e a fase.
A segunda teve como variáveis dependentes a AMO e a freqüência mediana de
oscilação. Com relação às ANOVAs, a primeira teve como variável dependente a
variabilidade e a segunda a AF(amplitude de oscilação na freqüência de estímulo).
Além disso, uma MANOVA one way, tendo grupo como fator, foi realizada para
analisar as tentativas sem movimento da sala. Esta MANOVA teve como variáveis
dependentes a AMO e a freqüência mediana de oscilação nas direções ântero-
posterior e médio-lateral.
No experimento 2 foram realizadas três MANOVAs 2 x 2 (grupo x direção),
sendo o fator direção tratado como medida repetida. A primeira MANOVA teve
como variáveis dependentes o deslocamento corporal e o tempo de
deslocamento. A segunda teve como variáveis dependentes a AMO pré e a AMO
pós perturbação. A última MANOVA teve como variáveis dependentes o
coeficiente de correlação cruzada e a diferença temporal.
Em todas as análises de ambos experimentos, quando houve necessidade
análises univariadas e testes Post Hoc (Tukey) foram realizados. Todas as
47
análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa SPSS (SPSS for
Windows - Versão 10.0 – SPSS inc,) e o nível de significância foi mantido em
0,05. Para que os pressupostos para aplicação das MANOVAs e ANOVAs fossem
atendidos as variáveis variabilidade (Experimento 1) e as variáveis amplitude
média de oscilação antes e amplitude média de oscilação depois (Experimento 2)
foram transformas usando a função logarítmica na base 10.
48
5. RESULTADOS
5.1 Experimento 1
Para facilitar o entendimento dos resultados do experimento 1, estes serão
apresentados em duas partes. Inicialmente serão apresentados os resultados
referentes às tentativas sem movimento da sala. Em seguida serão apresentados
os resultados referentes às tentativas em que a sala foi movimentada de forma
contínua nas freqüências 0,1, 0,2 e 0,5 Hz.
5.1.1 Comportamento nas tentativas sem movimento da sala
O comportamento dos participantes nas tentativas sem movimento da sala
foi verificado por meio das variáveis descritivas amplitude e freqüência mediana
de oscilação. De forma geral, os resultados indicaram que adultos com SD
oscilaram mais que seus pares NN. A Figura 3 apresenta exemplos de séries
49
temporais das oscilações corporais de um participante com SD e de um
participante NN em uma tentativa em que não houve movimento da sala.
-2
0
2 Grupo: SD tentativa: MM1.001
Ampl
itude
(cm
)
0 10 20 30 40 50 60-2
0
2
Ampl
itude
(cm
)
a)
c)
0 10 20 30 40 50 60-2
0
2
-2
0
2 Grupo: NN tentativa: cg2.001 b)
d)
Figura 3: Exemplos de séries temporais da oscilação corporal nas direções ântero-posterior (painéis a e b) e médio-lateral (painéis c e d) de um participante com SD (painéis a e c) e de um participante NN (painéis b e d) em uma tentativa que a sala não foi movimentada.
A Figura 4 apresenta os valores da amplitude média e da freqüência
mediana de oscilação nas direções ântero-posterior e médio-lateral para os dois
grupos estudados. MANOVA indicou diferença para grupo, Wilks’ Lambda=0,442,
F(4,35)=11,039, p<0,05. Análises univariadas apontaram diferença para a
amplitude média de oscilação na direção ântero-posterior, F(1,38)=24,592,
p<0,05, e na direção médio-lateral, F(1,38)=20,601, p<0,05. Além disso, análises
univariadas revelaram diferença para a freqüência mediana de oscilação na
direção ântero-posterior, F(1,38)=20,824, p<0,05. Adultos com SD apresentaram
maior amplitude de oscilação corporal do que seus pares NN tanto na direção
ântero-posterior quanto na médio-lateral. Entretanto para a freqüência mediana de
oscilação, o grupo SD apresentou maior freqüência que o grupo NN somente na
direção ântero-posterior.
50
Am
plitu
de M
édia
de
Osc
ilaçã
o (c
m)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
Ântero posteriorMédio-Lateral
a)
Freq
uênc
ia M
edia
na d
e O
scila
ção
(Hz)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
SD NNGrupos
b)
Figura 4: Médias e desvios-padrão da amplitude média de oscilação (a) e da freqüência mediana de oscilação (b) nas direções ântero-posterior e médio-lateral para os grupos SD e NN.
5.1.2 Comportamento nas tentativas com movimento contínuo da sala
51
O comportamento dos participantes nas tentativas com movimento contínuo
da sala foi verificado através das variáveis amplitude média de oscilação e
freqüência média de oscilação. Basicamente, as tentativas com movimento
contínuo da sala mostraram que a manipulação da informação visual induziu
oscilação corporal de semelhante magnitude para os participantes com SD e NN.
As Figuras 5 e 6 apresentam exemplos de séries temporais do movimento da sala
e da oscilação corporal, da fase entre o movimento da sala e a oscilação corporal
e do espectro da amplitude do movimento da sala e da oscilação corporal de um
participante com SD (Figura 5) e de um participante NN (Figura 6).
0 10 20 30 40 50 60-3
0
3
Ampl
itude
(cm
)
Grupo SD tentativa: RF1.010
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 10
0.5
Frequencia (Hz)
Ampl
itude
(cm
)
SMapOCap
0 10 20 30 40 50 60 −180
0
180
Fase
(gra
us)
Tempo (s)
a)
b)
c)
Figura 5: Exemplo de uma tentativa de um participante com SD com movimentação contínua da sala na freqüência de 0,2 Hz. O painel (a) apresenta o movimento da sala e a oscilação corporal do indivíduo durante a tentativa, o painel (b) apresenta a fase entre o movimento da sala e a oscilação corporal e o painel (c) apresenta o espectro do movimento da sala e da oscilação corporal. Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala móvel na direção ântero-posterior e OCap é a oscilação corporal na direção ântero-posterior.
52
0 10 20 30 40 50 60-3
0
3
Ampl
itude
(cm
)Grupo NN tentativa: DM2.002
0 10 20 30 40 50 60 −180
0
180
Fase
(gra
us)
Tempo (s)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 10
0.5
1
Frequencia (Hz)
Ampl
itude
(cm
)
SMapOCap
a)
b)
c)
Figura 6: Exemplo de uma tentativa de um participante NN com movimentação contínua da sala na freqüência de 0,2 Hz. O painel (a) apresenta o movimento da sala e a oscilação corporal do indivíduo durante a tentativa, o painel (b) apresenta a fase entre o movimento da sala e a oscilação corporal e o painel (c) apresenta o espectro do movimento da sala e da oscilação corporal. Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala móvel na direção ântero-posterior e OCap é a oscilação corporal na direção ântero-posterior.
A Figura 7 apresenta os valores da amplitude e da freqüência média de
oscilação corporal dos grupos SD e NN nas três freqüências de movimento da
sala. MANOVA não revelou diferença para grupo, Wilks’ Lambda=0,965,
F(2,37)=0,673, p>0,05, mas apontou diferença para freqüência, Wilks’
Lambda=0,007, F(4,35)=1324,677, p<0,05, e interação grupo e freqüência, Wilks’
Lambda=0,730, F(4,35)=3,23, p<0,05. Para a amplitude média de oscilação
(Figura 7a), análises univariadas indicaram diferença para freqüência,
53
F(2,76)=24,422, p<0,05, e interação grupo e freqüência, F(2,76)=7,577, p<0,05.
Testes post hoc revelaram que a amplitude média de oscilação foi diferente
apenas para o grupo NN, sendo esta diferença entre as freqüências 0,1 e 0,2 Hz
e, 0,1 e 0,5 Hz. Enquanto o grupo SD apresentou valores similares de amplitude
média de oscilação corporal em todas as freqüências de movimento da sala, o
grupo NN mostrou maior oscilação quando a sala foi movimentada na freqüência
0,1 Hz comparado com quando foi movimentada nas freqüências 0,2 e 0,5 Hz.
Para a freqüência média de oscilação (Figura 7b), análises univariadas indicaram
diferença apenas para freqüência, F(2,76)=1886,850, p<0,05. Testes post hoc
revelaram diferença entre as três freqüências para ambos os grupos. Os
participantes de ambos os grupos oscilaram próximos a freqüência de
movimentação da sala, aumentando o valor de freqüência média de oscilação de
acordo com a freqüência de movimento da sala (0,1, 0,2 e 0,5 Hz).
54
Am
plitu
de M
édia
de
Osc
ilaçã
o (c
m)
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8 0.1 Hz0.2 Hz0.5 Hz
a)
Freq
uênc
ia M
édia
de
Osc
ilaçã
o (H
z)
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
SD NNGrupos
Figura 7: Médias e desvios-padrão da amplitude média de oscilação (a) e da frequência média de oscilação (b) nas três frequências em que a sala foi movimentada (0,1, 0,2 e 0,5 Hz) para os grupos SD e NN.
5.1.3 Acoplamento entre a informação visual e a oscilação corporal nas tentativas com movimento contínuo da sala
O acoplamento entre a informação visual e a oscilação corporal dos
participantes nas tentativas com movimento contínuo da sala foi verificado por
55
meio das variáveis ganho, fase, amplitude de oscilação na freqüência de estímulo
e variabilidade. De forma geral, os resultados revelaram que, apesar de serem
mais variáveis que seus pares NN (Figura 11), adultos com SD exibiram
comportamento semelhante aos pares NN quando consideramos o acoplamento
entre a informação sensorial e ação motora, tanto no aspecto espacial (Figuras 8
e 10) quanto no temporal (Figura 9).
A Figura 8 apresenta os valores de ganho para os grupos SD e NN nas
três freqüências de movimento da sala e a Figura 9 apresenta os valores de fase
para os dois grupos nestas condições. MANOVA não revelou diferença para
grupo, Wilks’ Lambda=0,931, F(2,37)=1,376, p>0,05, mas apontou diferença para
freqüência, Wilks’ Lambda=0,037, F(4,35)=228,559, p<0,05. Para o ganho,
análises univariadas indicaram diferença para freqüência, F(2,76)=35,487, p<0,05.
Testes post hoc revelaram que o ganho foi diferente entre as freqüências 0,1 e 0,2
Hz, e, entre 0,1 e 0,5 Hz para ambos os grupos. Tanto o grupo SD quanto o NN
apresentaram menor ganho quando a sala foi movimentada na freqüência 0,1 Hz
comparado com quando foi movimentada nas freqüências 0,2 e 0,5 Hz.
56
Gan
ho
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
SD NN
0.1 Hz0.2 Hz0.5 Hz
Grupos
Figura 8: Médias e desvios-padrão do ganho nas três frequências em que a sala foi movimentada (0,1, 0,2 e 0,5 Hz) para os grupos SD e NN.
Para a fase, análises univariadas revelaram diferença para freqüência,
F(2,76)=444,018, p<0,05. Testes post hoc mostraram que a fase foi diferente
entre as três freqüências de movimento da sala para ambos os grupos. Tanto o
grupo SD (Figura 9a) quanto o NN (Figura 9b) mostraram relacionamento
temporal similar diante das freqüências de movimento da sala. A oscilação
corporal dos participantes com SD e NN esteve à frente da sala quando ela foi
movimentada a 0,1 Hz, em fase com a sala quando ela foi movimentada a 0,2 Hz
e, atrasada em relação à sala quando ela foi movimentada a 0,5 Hz.
57
Frequencias (Hz)
Fase
(gra
us)
-120
-80
-40
0
40
Fase
(gra
us)
-120
-80
-40
0
40
0.1 0.2 0.5
a)
b)
Figura 9: Médias e desvios-padrão da fase nas três freqüências em que a sala foi movimentada (0,1, 0,2 e 0,5 Hz) para os grupos SD (a) e NN (b).
A Figura 10 apresenta os valores da amplitude de oscilação na
freqüência de estímulo para os grupos SD e NN nas três freqüências de
movimento da sala. ANOVA não revelou diferença para grupo, F(1,38)=1,112,
p>0,05, mas apontou diferença para freqüência, F(2,76)=147,076, p<0,05. Testes
post hoc indicaram diferença entre as três freqüências para ambos os grupos.
Participantes com SD e NN diminuíam a amplitude de oscilação na freqüência do
estímulo conforme a freqüência do movimento da sala aumentava.
58
Am
plitu
de n
a Fr
equê
ncia
do
Est
ímul
o (c
m)
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
SD NN
0.1 Hz0.2 Hz0.5 Hz
Grupos
Figura 10: Médias e desvios-padrão da amplitude de oscilação na freqüência de estímulo nas três freqüências em que a sala foi movimentada (0,1, 0,2 e 0,5 Hz) para os grupos SD e NN.
A Figura 11 apresenta os valores da variabilidade para os grupos SD e NN
nas três freqüências de movimento da sala. ANOVA indicou diferença para grupo,
F(1,38)=4,647, p<0,05, e para freqüência, F(2,76)=8,392, p<0,05. Os participantes
com SD apresentaram maior variabilidade que seus pares NN. Testes post hoc
revelaram que a variabilidade foi maior na freqüência 0,1 Hz que nas freqüências
de 0,2 e 0,5 Hz.
59
Var
iabi
lidad
e
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
SD NN
0.1 Hz0.2 Hz0.5 Hz
Grupos
Figura 11: Médias e desvios-padrão da variabilidade nas três freqüências em que a sala foi movimentada (0,1, 0,2 e 0,5 Hz) para os grupos SD e NN.
5.2 Experimento 2
5.2.1 Comportamento nas tentativas com movimento discreto da sala
O comportamento dos participantes nas tentativas com movimento discreto
da sala foi verificado por meio das variáveis amplitude média de oscilação antes e
amplitude média de oscilação após o movimento da sala. Similarmente ao
ocorrido no Experimento 1, o movimento discreto da sala, seja afastando ou
aproximando do indivíduo, induziu oscilação corporal correspondente nos
participantes de ambos os grupos. As Figuras 12 e 13 apresentam exemplos de
tentativas em que a sala foi afastada de um participante com SD e de um
participante NN, respectivamente. Inicialmente a oscilação corporal segue a
60
mesma direção do movimento da sala, em seguida ocorre à reversão do
movimento e o indivíduo volta a oscilar próximo a posição inicial.
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
2Grupo:SD tentativa:kc1.012
Tempo (s)
Des
loca
men
to (c
m)
SMapOCap
Figura 12: Exemplo da oscilação corporal na direção ântero-posterior de um indivíduo com SD em uma tentativa em que a sala afastou do participante. Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala móvel na direção ântero-posterior e OCap é a oscilação corporal na direção ântero-posterior.
61
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
2Grupo:NN tentativa:an2.013
Tempo (s)
Des
loca
men
to (c
m)
SMapOCap
Figura 13: Exemplo da oscilação corporal na direção ântero-posterior de um indivíduo NN em uma tentativa em que a sala afastou do participante. Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala móvel na direção ântero-posterior e OCap é a oscilação corporal na direção ântero-posterior.
A Figura 14 apresenta os valores da amplitude média de oscilação corporal
nos momentos antes e após o movimento da sala para os grupo SD e NN, nas
condições em que a sala afastou e aproximou do participante. MANOVA revelou
diferença para grupo, Wilks’ Lambda=0,434, F(2,37)=20,023, p<0,05, mas não
apontou diferença para direção, Wilks’ Lambda=0,947, F(2,37)=1,026, p>0,05.
Análises univariadas indicaram diferença para a amplitude média de oscilação
antes, F(1,38)=49,036, p<0,05, e para a amplitude média de oscilação depois do
movimento da sala, F(1,38)=29,221, p<0,05. O grupo SD oscilou mais que o grupo
NN tanto antes quanto após o movimento da sala.
62
SD NN
AfastandoAproximando
Am
plitu
de M
édia
de
Osc
ilaçã
o (c
m)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
SD NN
Antes Após
Grupos Grupos
Figura 14: Médias e desvios-padrão da amplitude média de oscilação antes e após o movimento da sala para os grupos SD e NN nas condições de movimento da sala afastando e aproximando do participante.
5.2.2 Influência da informação visual na oscilação corporal nas tentativas com movimento discreto da sala
A influência da perturbação da informação visual na oscilação corporal dos
participantes nas tentativas com movimento discreto da sala foi verificada através
das variáveis deslocamento corporal e tempo de deslocamento. Basicamente, os
resultados mostraram que adultos com SD e NN foram similarmente influenciados
pela perturbação discreta da informação visual.
A Figura 15 apresenta o deslocamento corporal e o tempo de deslocamento
para os grupos SD e NN, nas condições em que a sala afastou e aproximou do
participante. MANOVA não mostrou diferença para grupo, Wilks’ Lambda=0,871,
F(2,37)=2,741, p>0,05, mas indicou diferença para direção, Wilks’ Lambda=0,838,
F(2,37)=3,584, p<0,05. Análises univariadas indicaram efeito da direção somente
63
para o deslocamento corporal, F(1,38)=7,324, p<0,05. Ambos os grupos
apresentaram maior deslocamento corporal quando a sala foi movimentada
afastando dos participantes do que quando a sala foi movimentada aproximando. D
eslo
cam
ento
Cor
pora
l (cm
)
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0AfastandoAproximando
a)
Tem
pode
de
desl
ocam
ento
(seg
.)
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
SD NNGrupos
b)
Figura 15: Médias e desvios-padrão do deslocamento corporal (a) e do tempo de deslocamento (b) para os grupos SD e NN nas condições de movimento da sala afastando e aproximando do participante.
64
5.2.3 Relacionamento entre a informação visual e a oscilação corporal nas tentativas com movimento discreto da sala.
O relacionamento entre a informação visual e o correspondente movimento
corporal dos participantes nas tentativas com movimento discreto da sala foi
verificado através das variáveis coeficiente de correlação e diferença temporal. Os
resultados mostraram que adultos com SD e NN apresentam relacionamento
similar entre o movimento discreto da sala e o correspondente movimento
corporal.
A Figura 16 apresenta os valores do coeficiente de correlação e a diferença
temporal para os grupos SD e NN, nas condições em que a sala afastou e
aproximou do participante. MANOVA não apontou diferença para grupo, Wilks’
Lambda=0,992, F(2,37)=0,146, p>0,05, nem para direção, Wilks’ Lambda=0,885,
F(2,37)=2,512, p>0,05. Os valores de coeficiente de correlação e diferença
temporal foram similares entre os grupos independentemente da direção do
movimento da sala.
65
Coe
ficie
nte
de c
orre
laçã
o
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0AfastandoAproximando
a)
Dife
renç
a T
empo
ral (
seg.
)
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
SD NNGrupos
b)
Figura 16: Médias e desvios-padrão do coeficiente de correlação (a) e da diferença temporal (b) para os grupos SD e NN nas condições de movimento da sala afastando e aproximando do participante.
66
6. DISCUSSÃO
O presente estudo buscou examinar o controle postural de adultos com SD
e NN, focando principalmente no acoplamento entre informação sensorial e ação
motora e na influência da informação sensorial na oscilação corporal destes
indivíduos. Os resultados mostraram que adultos com SD oscilaram mais que
adultos NN. Entretanto, apesar de apresentarem maior variabilidade de oscilação
corporal, indivíduos com SD não demonstraram alteração no acoplamento entre
informação sensorial e ação motora. Além disso, os resultados revelaram que
adultos com SD e NN foram similarmente influenciados pela manipulação da
informação visual, e, mais interessante, evidenciaram que os sistemas de controle
postural de indivíduos com SD e NN utilizam os mesmos parâmetros de controle.
O fato de adultos com SD apresentarem maior oscilação corporal que seus
pares NN não é um resultado novo (GOMES; BARELA, Submetido; VIEREGGE;
SCHULZE-RAVA; WESSEL, 1996; WEBBER; VIRJI-BABUL; EDWARDS;
LESPERANCE, 2004). Estudos prévios revelaram que mesmo bebês (POLASTRI;
BARELA, 2005) e adolescentes (VUILLERME; MARIN; DEBÚ, 2001) com SD são
67
mais instáveis que seus pares NN. Entretanto, ainda não estão claras as causas
para esta maior oscilação corporal da população com SD.
Partindo do pressuposto que o controle postural envolve um acoplamento
dinâmico entre informação sensorial e ação motora (BARELA; JEKA; CLARK,
2003; METCALFE; CHEN; CHANG; MCDOWELL; JEKA; CLARK, 2005), o que
especificamente implica em captar e integrar as informações sensoriais para
identificar a dinâmica de oscilação corporal (posição e velocidade) e produzir
contração da musculatura apropriada, o fato de indivíduos com SD oscilarem mais
que seus pares NN seria decorrente de três possíveis aspectos: prejuízo na
capacidade de captar informação sensorial, dificuldade de realizar a ação motora
adequada e problemas para relacionar, apropriadamente, as informações
sensoriais com a ação motora.
Com relação ao primeiro aspecto, indivíduos com SD podem ter dificuldade
para captar as informações sensoriais que indiquem a posição e com que
velocidade o corpo está se movendo. Estudos têm mostrado que indivíduos NN
utilizam as informações sensoriais referentes à posição (DIJKSTRA; SCHÖNER;
GIESE; GIELEN, 1994; JEKA; OIE; SCHONER; DIJKSTRA; HENSON, 1998) e,
principalmente, à velocidade do movimento do próprio corpo (JEKA; KIEMEL;
CREATH; HORAK; PETERKA, 2004), para identificar a posição corporal atual e
estimar a posição corporal futura. A partir das informações referentes à posição e
velocidade de movimento corporal, o sistema de controle postural deve enviar
comandos aos músculos corretos para que estes contraiam na seqüência e
magnitude adequada para manter ou alcançar a orientação postural desejada.
Sendo assim, qualquer imprecisão na captação destas informações sensoriais
68
implicaria em alterações na dinâmica de oscilação postural e, conseqüentemente,
em mudanças de comportamento.
De fato, indivíduos com SD parecem ter dificuldade para captar as
informações da posição e velocidade do corpo, ou seja, que indicam a dinâmica
de oscilação corporal. Isto parece ocorrer, principalmente, quando a informação
proveniente de algum sistema sensorial é reduzida ou perturbada. Nestas
condições, a diferença na magnitude de oscilação corporal entre indivíduos com
SD e NN torna-se maior (VUILLERME; MARIN; DEBÚ, 2001; WEBBER; VIRJI-
BABUL; EDWARDS; LESPERANCE, 2004). Isto indica que, à medida que a
quantidade de informação sensorial correta diminui, as dificuldades em trabalhar
com as informações restantes aumentam na população com SD. Consideramos
no presente estudo, que informação sensorial correta é aquela informação que
indica de forma apropriada a dinâmica de oscilação corporal (posição e velocidade
do corpo em relação ao ambiente). Por outro lado, em estudo anterior (GOMES;
BARELA, Submetido), verificamos que a medida que a quantidade de informação
sensorial aumenta, pessoas com SD conseguem detectar esta informação e a
utilizam melhorando o controle postural de maneira similar a seus pares NN. O
fato de pessoas com SD terem mais dificuldade que seus pares NN para controlar
a postura em situações de perturbação sensorial, indica que estes indivíduos
podem ter dificuldade para quantificar eficientemente o peso atribuído às
informações corretas.
Recentemente, Oie, Kiemel e Jeka (2002) sugeriram que o sistema de
controle postural é capaz de “modificar o peso” (re-weighting) dado as
informações sensoriais disponíveis no ambiente, no sentido de melhorar o
69
controle da postura. Sendo assim, em situações onde há, por exemplo,
perturbação da informação visual, o sistema de controle postural deve reduzir o
“peso” da informação visual e aumentar o “peso” das informações fornecidas
pelos outros sistemas sensoriais (ex, vestibular e somatossensorial) para controlar
a oscilação corporal. Com base nestas propriedades de “re-pesagem” do sistema
de controle postural e considerando os resultados dos estudos citados
anteriormente, podemos sugerir que, principalmente em condições de perturbação
sensorial, indivíduos com SD têm dificuldade para atribuir “peso” adequado às
informações mais importantes naquele contexto, entendendo que as informações
mais importantes são aquelas que indicam corretamente a posição e a velocidade
de deslocamento do corpo. No entanto, em situações onde alguma informação
sensorial está destacada, pessoas com SD são capazes de realizar a “re-
pesagem” com sucesso e alcançam a mesma performance na tarefa que seus
pares NN. Se, quando a informação relevante está destacada, adultos com SD
mostram o mesmo desempenho que adultos NN, mas quando esta informação
não está destaca apresentam performance inferior a seus pares, a diferença de
performance entre indivíduos com SD e NN parece ocorrer em função da
dificuldade dos indivíduos com SD em identificar e dar peso adequado às
informações mais importantes para realizar a tarefa motora.
O segundo aspecto que poderia ser responsável pela maior oscilação
corporal verificada em pessoas com SD refere-se à capacidade de produzir ação
motora adequada. Após a devida captação e atribuição de “pesos” às informações
sensoriais, o sistema de controle postural precisa selecionar, quantificar e ativar a
musculatura apropriada para controlar a oscilação corporal. Alterações temporais
70
na ativação muscular (maior latência) e de sincronização da musculatura ativada
(co-contração) têm sido sugeridas como causas para o aumento da oscilação
corporal em indivíduos com SD (ARUIN; ALMEIDA, 1997; SHUMWAY-COOK;
WOOLLACOTT, 1985; VUILLERME; MARIN; DEBÚ, 2001; WEBBER; VIRJI-
BABUL; EDWARDS; LESPERANCE, 2004).
Correlacionando dados experimentais com modelagem matemática,
Webber et al, (2004) sugeriram que a maior velocidade de oscilação corporal das
pessoas com SD seria decorrente da maior rigidez postural. Além disso, estes
autores consideraram que a rigidez postural dos indivíduos com SD era
decorrente da co-contração muscular. Diversos autores têm proposto que a co-
contração dos músculos posturais funciona como uma estratégia para garantir a
segurança e a estabilidade (LATASH, 2000; QUERNER; KRAFCZYK;
DIETERICH; BRANDT, 2002). Ainda, que esta estratégia seria utilizada,
principalmente, em situações onde perturbações inesperadas podem acontecer.
Em função das condições experimentais do presente estudo, os participantes
depararam-se com um ambiente diferente do habitual (ex, sala listrada de branco
e preto), por isso, havia a possibilidade destes participantes aumentarem a rigidez
dos músculos posturais nesta situação. Esta estratégia seria utilizada,
principalmente, pela população com SD (LATASH, 2000). Conseqüentemente, os
participantes com SD oscilariam mais que os NN em função da maior rigidez dos
músculos posturais. Entretanto, se este fosse o caso, esta diferença deveria
persistir nas condições com manipulação sensorial, porém, não foi o que ocorreu.
Nas situações com movimento da sala não observamos diferenças na
amplitude de oscilação corporal. Através da manipulação contínua da informação
71
visual, verificamos que adultos com SD acoplavam a oscilação corporal a esta
informação de maneira similar a seus pares NN. Mais ainda, identificamos que o
acoplamento foi semelhante entre os grupos tanto nos aspectos temporais (fase)
quanto nos espaciais (ganho). Isto indica que, em situações de manipulação
sensorial, adultos com SD são capazes de relacionar a informação sensorial com
a ação motora da mesma forma que seus pares NN, captando a informação
sensorial manipulada, pesando esta informação e produzindo ação motora,
similarmente a seus pares NN.
A capacidade de captar e utilizar as informações referentes à posição e
velocidade de oscilação corporal (DIJKSTRA; SCHÖNER; GIESE; GIELEN, 1994;
JEKA; OIE; SCHONER; DIJKSTRA; HENSON, 1998; JEKA; KIEMEL; CREATH;
HORAK; PETERKA, 2004) parece estar intacta em indivíduos com SD, pelo
menos em situações onde esta informação está destacada, como no caso da sala
móvel. Esta colocação é consubstanciada no fato de participantes com SD
apresentarem amplitude e velocidade de oscilação corporal correspondentes à
amplitude e velocidade do estímulo sensorial.
Do mesmo modo, indivíduos com SD mostraram-se capazes de realizar
ação motora correspondente com o estímulo detectado. Se o estímulo sensorial
proveniente do movimento da sala fosse captado corretamente, mas a ação
motora não fosse adequada, certamente, o acoplamento verificado nos indivíduos
com SD seria diferente do observado nos indivíduos NN. A similaridade para os
valores de fase (Experimento 1) e diferença temporal (Experimento 2) entre
adultos com SD e NN não indicam qualquer problema de latência para ativação
muscular nas pessoas com SD. Se indivíduos com SD apresentassem maior
72
latência para ativação muscular, a diferença temporal entre o movimento da sala e
o movimento corporal seria maior nestas pessoas. Além disso, na situação
experimental em que a sala foi movimentada na freqüência de 0,5 Hz, estes
participantes estariam temporalmente mais atrasados em relação ao movimento
da sala do que seus pares NN, no entanto, isto não ocorreu.
Além de não indicarem problemas de latência em indivíduos com SD, os
valores de fase permitiram a identificação de um fenômeno ainda mais
interessante. Estes valores mostraram que, da mesma forma que indivíduos NN,
adultos com SD oscilaram a frente do movimento da sala, quando ela foi
movimentada na freqüência de 0,1 Hz, e, com um atraso temporal ao movimento
da sala, quando ela foi movimentada na freqüência de 0,5 Hz. Embora
especulativo e que necessita de maior esclarecimento, este comportamento indica
que, similarmente a seus pares NN, indivíduos com SD empregam mecanismos
de controle proativo (“feedforward”, evidenciado pela oscilação corporal à frente
do estímulo) e reativo (“feedback”, evidenciado pela oscilação corporal atrás do
estímulo) para controlar a postura. Ainda, estes resultados mostram que o sistema
de controle postural de adultos com SD é capaz de mudar de estratégia de
controle, dependendo das informações sensoriais disponíveis no ambiente. Por
fim, o padrão de fase e os valores de ganho demonstrados pelos adultos com SD
foram similares aos encontrados para adultos NN do presente estudo e de
estudos anteriores (GODOI, 2004; JEKA; OIE; SCHONER; DIJKSTRA; HENSON,
1998) evidenciando, portanto, que os sistemas de controle postural de indivíduos
com SD e NN utilizam os mesmos mecanismos de controle para controlar as
oscilações corporais.
73
Apesar da semelhança com seus pares NN, quanto à dinâmica de
oscilação corporal, os resultados apontaram que adultos com SD apresentam
maior variabilidade de oscilação corporal que adultos NN. Em certas
circunstâncias, o aumento da variabilidade pode representar uma estratégia
funcional do sistema para facilitar adaptações, frente às mudanças nas restrições
ambientais (DAVIDS; GLAZIER; ARAÚJO; BARTLETT, 2003). Recentemente,
Davids, Bennett e Newell (2006) reuniram em um livro diversos trabalhos que
discutem a importância da presença de variabilidade em sistemas biológicos,
sobretudo, como fonte de exploração para novos comportamentos. Entretanto, o
corpo humano parece ser capaz de usar a variabilidade como um meio
exploratório somente depois que a estabilidade na tarefa foi alcançada (HAMILL;
HADDAD; HEIDERSCHEIT; VAN EMMERICK, 2006). Como no presente estudo
os indivíduos com SD demonstraram ser menos estáveis que seus pares
(condições sem manipulação sensorial) parece contraditório sugerir que
indivíduos com SD apresentam maior variabilidade de oscilação corporal porque
exploram mais a dinâmica de oscilação corporal que adultos NN. Parece mais
oportuno sugerir que a maior variabilidade observada nos indivíduos com SD
ocorra devido ao maior ruído inerente ao sistema de controle postural desta
população.
O sistema de controle postural sofre influência de múltiplas fontes de ruído,
dentre estas, duas fontes específicas parecem ser as principais responsáveis pela
maior variabilidade de oscilação corporal. A primeira fonte de ruído reside na
capacidade de estimar a dinâmica da oscilação corporal (posição e velocidade). A
segunda, consiste da diferença entre a ação produzida pelos músculos
74
(sincronização e magnitude de ativação muscular) e a especificada pelo sistema
de controle postural (BARELA; JEKA; CLARK, 2003). Sendo assim, a maior
variabilidade observada nos adultos com SD indica que o sistema de controle
postural destes indivíduos é mais susceptível a ocorrência de ruídos relacionados
principalmente aos processos de identificação da oscilação corporal (posição e
velocidade) e de ativação muscular apropriada. É importante ressaltar que
diferenças na variabilidade não significam diferenças funcionais. De forma sucinta,
a maior variabilidade poderia simplesmente indicar que o sistema esta explorando
mais a dinâmica de oscilação corporal (K; S; KM, 2006; K; P; D; R, 2003) ou,
especialmente no presente estudo, apontar maior presença de ruído no sistema
(BARELA; JEKA; CLARK, 2003). Deste modo, sugerimos que, embora mais
variável, o sistema de controle postural de indivíduos com SD é funcionalmente
igual ao de seus pares NN.
Os resultados referentes à condição de manipulação sensorial discreta
reforçam a idéia de similaridade funcional entre indivíduos com SD e NN. O
movimento discreto da sala coloca o sistema de controle postural diante de um
conflito sensorial, onde o sistema visual fornece informação ilusória e oposta às
fornecidas pelos sistemas vestibular e somatossensorial. Para resolver este
conflito, o sistema de controle postural precisa modificar o “peso” dado a cada
informação (OIE; KIEMEL; JEKA, 2002). Especificamente, deve aumentar o
“peso” dado às informações corretas, provenientes dos sistemas vestibular e
somatossensorial, e reduzir o “peso” dado à informação ilusória, proveniente do
sistema visual. Dependendo da precisão nesta “re-pesagem” sensorial, o indivíduo
será mais ou menos influenciado pela informação ilusória. Como os participantes
75
com SD e NN foram influenciados da mesma forma pela informação ilusória
(visual), podemos considerar que os sistemas de controle postural de indivíduos
com SD e NN realizam a re-pesagem sensorial de maneira semelhante. Esta
afirmação corrobora sugestões de Gomes e Barela (Submetido) e Vuillerme,
Marin e Debú (2001), e fortalece ainda mais a idéia de similaridade no
funcionamento do sistema de controle postural entre estas populações.
Em contrapartida, outros estudos indicam que pessoas com SD são menos
eficientes para realizar esta “re-pesagem” sensorial (BUTTERWORTH;
CICCHETTI, 1978; WADE; EMMERIK; KERNOZEK, 2000). Nestes estudos,
crianças com SD, com idade média de 2,7 anos e de 10,6 anos, respectivamente,
foram mais influenciadas pela informação visual ilusória que seus pares NN. Esta
divergência entre os resultados do presente estudo e os resultados dos estudos
citados acima, pode ter ocorrido, principalmente, por duas razões: diferenças nos
parâmetros da manipulação sensorial e diferença na idade dos participantes.
Se o sistema de controle postural utiliza as informações referentes à
posição e a velocidade de movimento para controlar a oscilação corporal
(DIJKSTRA; SCHÖNER; GIESE; GIELEN, 1994; JEKA; OIE; SCHONER;
DIJKSTRA; HENSON, 1998; JEKA; KIEMEL; CREATH; HORAK; PETERKA,
2004), qualquer alteração nesses parâmetros poderia desencadear mudanças no
comportamento observado. No presente estudo a manipulação sensorial discreta
provocou uma alteração da posição de 2,6 cm de amplitude, com velocidade
média de 1,3 cm/s. No estudo de Butterworth e Cicchetti (1978) a amplitude da
manipulação sensorial foi de 61 cm e a velocidade média foi de 41 cm/s. Já no
estudo de Wade et al, (2000) a amplitude da manipulação sensorial foi de 40 cm
76
com velocidade média de 20 cm/s. Diante disto, fica claro que o estudo atual
utilizou parâmetros de manipulação sensorial (amplitude e velocidade) muito
inferiores aos utilizados nos estudos anteriores. Estímulos sensoriais de grande
amplitude e velocidade dificultam a análise da dinâmica de oscilação corporal.
Nestas condições, a informação comportamental pode influenciar a dinâmica
intrínseca do sistema (FREITAS JÚNIOR; BARELA, 2004; PEROTTI JÚNIOR,
2006) de forma diferente quando comparada com condições de estímulos de
pequena magnitude, como no presente estudo. Portanto, as diferenças nos
parâmetros da manipulação sensorial são fatores que poderiam explicar a
incongruência dos resultados do presente estudo e dos estudos anteriores
(BUTTERWORTH; CICCHETTI, 1978; WADE; EMMERIK; KERNOZEK, 2000).
O segundo aspecto que poderia esclarecer a discordância entre nossos
resultados e os anteriores (BUTTERWORTH; CICCHETTI, 1978; WADE;
EMMERIK; KERNOZEK, 2000) está relacionado à idade dos participantes. Estes
estudos prévios analisaram o controle postural de crianças com idade média de
2,7 anos e 10,6 anos, respectivamente. Nestas idades, os indivíduos com SD
estão em pleno desenvolvimento motor, porém, este desenvolvimento ocorre mais
tarde comparado com a população NN (HALEY, 1986; PUESCHEL, 2000;
SCHWARTZMAN, 1999).
Assumindo que a aquisição e o desenvolvimento de habilidades motoras é
dependente de um relacionamento dinâmico entre informação sensorial e ação
motora (BARELA; JEKA; CLARK, 2003; GODOI, 2004; METCALFE; CHEN;
CHANG; MCDOWELL; JEKA; CLARK, 2005), o fato de crianças com SD atingirem
os marcos motores mais tarde que seus pares NN indica que estas crianças
77
também estão atrasadas quanto a aquisição e refinamento do relacionamento
sensóriomotor. Esta sugestão pode ser confirmada pelos resultados do estudo de
Polastri e Barela (2005), que revelaram que bebês com SD apresentam
relacionamento entre informação sensorial e ação motora mais fraco que seus
pares NN. Além disso, Vuillerme, Marin e Debú (2001) indicam que indivíduos
com SD refinam este relacionamento para níveis similares ao de adultos,
cronologicamente mais tarde que seus pares NN. Sendo assim, os participantes
dos estudos de Butterworth e Cicchetti (1978) e Wade et al, (2000), possivelmente
possuíam a capacidade de relacionar as informações sensoriais com a ação
motora não tão refinada e estável como seus pares NN e, por esta razão, eram
mais susceptíveis a influência da manipulação sensorial.
Com base nos resultados do presente estudo, podemos sugerir que as
diferenças encontradas nestes estudos envolvendo crianças com SD
(BUTTERWORTH; CICCHETTI, 1978; WADE; EMMERIK; KERNOZEK, 2000)
podem ter ocorrido em função do atraso desenvolvimental inerente a estes
indivíduos e não em função de problemas funcionais no sistema de controle
postural. Se o déficit no relacionamento sensóriomotor fosse decorrente de
problemas funcionais no sistema de controle postural das pessoas com SD, então,
essas diferenças permaneceriam em indivíduos adultos. No entanto, nossos
resultados mostram que isto não ocorre. Pelo contrário, revelam que adultos com
SD e NN apresentam a mesma capacidade de relacionamento sensóriomotor e,
da mesma forma que sugerido por Vuillerme, Marin e Debú (2001), suportam a
idéia de que os sistemas de controle postural de indivíduos com SD e NN são
funcionalmente similares.
78
Entretanto, o fato mais intrigante é que, mesmo apresentando
funcionamento similar do sistema de controle postural, adultos com SD ainda
oscilaram mais que adultos NN na condição sem manipulação sensorial.
Vuillerme, Marin e Debú (2001) propuseram que ao invés de diferenças
funcionais, diferenças quantitativas seriam responsáveis por este comportamento.
Com base nos achados do presente estudo podemos incrementar a proposta de
Vuillerme, Marin e Debú (2001), sugerindo que, em condições onde a informação
sensorial importante não está destacada, indivíduos com SD têm dificuldade para
identificar e quantificar essa informação sensorial. Em outras palavras, isto indica
que, em condições de informação sensorial redundante, estas pessoas têm
dificuldade para extrair (dar maior “peso”) as informações mais relevantes para a
execução da tarefa. Esta afirmação é sustentada na observação que em
condições de informação sensorial destacada, como no caso da sala móvel,
indivíduos com SD conseguem dar “peso” e acoplar a esta informação da mesma
forma que seus pares NN. Frente a isto, podemos sugerir que a maior oscilação
corporal dos indivíduos com SD, em condições de redundância de informação
sensorial, não resulta de alterações funcionais, e sim de dificuldade para
quantificar o “peso” dado às informações sensoriais mais importantes. Ainda,
sugerimos que esta dificuldade ocorre em função da maior quantidade de ruído
envolvida no processo de identificar a dinâmica de oscilação corporal, inerente ao
sistema de controle das pessoas com SD.
Por fim, o presente estudo mostrou que adultos com SD são capazes de
relacionar as informações sensoriais com a ação motora similarmente a adultos
NN. Entretanto, revelou também que, mesmo sendo funcionalmente similar, o
79
sistema de controle postural de adultos com SD apresenta maior quantidade de
ruído, o que faz com que estes indivíduos apresentem maior variabilidade no
relacionamento entre informação sensorial a ação motora e, ainda, tenham
dificuldade para extrair (dar maior “peso”) a informação mais relevante para
executar a tarefa, quando esta não está destacada.
80
7. CONCLUSÃO
O presente estudo revelou aspectos importantes sobre o sistema de
controle postural de adultos com SD, sobretudo, considerando as características
do acoplamento entre informação sensorial e ação motora. Primeiramente,
mostrou que adultos com SD oscilam mais que seus pares NN corroborando
estudos prévios (GOMES; BARELA, submetido; VIEREGGE; SCHULZE-RAVA;
WESSEL, 1996; WADE; EMMERIK; KERNOZEK, 2000).
Em um segundo momento, evidenciou que este comportamento não ocorre
nas situações onde uma informação sensorial está destacada. Nesta situação,
adultos com SD acoplam a oscilação corporal a informação sensorial da mesma
forma que seus pares NN e, assim, apresentam a mesma magnitude de oscilação
corporal. A partir da semelhança entre os grupos para as variáveis referentes ao
acoplamento sensóriomotor, em particular o ganho e a fase, o estudo demonstrou
que adultos com SD e NN utilizam os mesmos parâmetros de controle (posição e
velocidade) para administrar a dinâmica de oscilação corporal. Ainda, indicou que
81
os sistemas de controle postural de ambos os grupos apresentam funcionamento
similar.
O último aspecto revelado pelo presente estudo foi que, apesar de
funcionalmente similar a seus pares NN, adultos com SD apresentavam maior
variabilidade no acoplamento entre informação sensorial e ação motora. Esta
maior variabilidade estaria associada a maior quantidade de ruído envolvido,
principalmente, no processo de identificar a dinâmica da oscilação corporal
(posição e velocidade).
Diante destas evidências concluímos que a maior quantidade de ruído
envolvida no processo de captação e integração das informações sensoriais faz
com que, nas condições em que nenhuma informação sensorial está destacada,
indivíduos com SD tenham dificuldade para extrair as mais relevantes para
realizar a tarefa e, consequentemente, apresentem maior oscilação corporal que
adultos NN.
82
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95
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97
APÊNDICE A – Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(Conselho Nacional de Saúde, Resolução 196/96)
I- Dados de Identificação do Indivíduo ou Responsável Legal:
1, Nome: Documento de Identidade nº: Sexo: Data de Nascimento: / / Endereço: Bairro: Cidade: CEP: Fone: ( )
2, Responsável Legal: Natureza (Grau de parentesco, tutor, curador): Documento de Identidade nº: Sexo: Data de Nascimento: / / Endereço:
Bairro: Cidade: CEP: Fone: ( )
II- Dados sobre a Pesquisa Científica:1, Título do Projeto: Acoplamento entre informação sensorial e ação motora em adultos com
síndrome de Down 2, Pesquisador Responsável: Matheus Machado Gomes Cargo / Função: Mestrando em Ciências da Motricidade Instituição:UNESP – Instituto de Biociências Deptº:Educação Física Endereço: Avenida 24 A, 1515 Bairro: Bela Vista CEP: 13506-900 Fone: (19) 3526-4312
O objetivo deste estudo é verificar o controle da postura em adultos com e sem síndrome de Down.
Neste projeto o participante fará uma visita ao LEM (Laboratório para estudos do movimento) onde ficará em pé, dentro de uma sala e olhando para um alvo fixado na parede do fundo desta sala. A tarefa será a de permanecer nesta situação o mais estático possível durante 30 ou 60 segundos (dependendo do experimento). O participante realizará aproximadamente 18 tentativas e com isso a duração total do experimento será de aproximadamente 20 minutos, porém poderá descansar entre as tentativas de acordo com suas necessidades. Mesmo não havendo qualquer risco decorrente da participação neste projeto, durante todo o experimento, uma pessoa permanecerá próxima ao participante para eventual auxílio. Além disso, a qualquer momento o participante poderá pedir para interromper a participação no experimento sem que isso lhe acarrete qualquer prejuízo ou penalização.
98
O interesse neste trabalho é o de reunir conhecimentos que ajudem a entender o comportamento motor de pessoas com síndrome de Down, sendo assim, a participação neste projeto não proporcionará qualquer compensação financeira ao participante.
Finalmente, todas as informações coletadas neste estudo serão confidenciais e o nome do participante não será divulgado em momento algum. Ainda, toda e qualquer informação será utilizada somente para fins acadêmicos.
DECLARO que, após ter sido devidamente esclarecido(a) pelo (a) pesquisador(a), consinto em participar (a participação de: ) no projeto de pesquisa em questão. DECLARO, ainda, que recebi cópia do presente Termo.
____ de ____________ de _______
___________________________________
assinatura do indivíduo ou responsável legal
___________________________________
assinatura do pesquisador
Orientador: José Angelo Barela
Assinatura ____________________
99
APÊNDICE B – Média e desvio padrão dos valores de amplitude média de oscilação (AMO) e frequência mediana de oscilação (Fmed) nas direções ântero-posterior (ap) e médio-lateral (ml) dos grupos SD e NN nas tentativas em que a sala não foi movimentada.
Grupo SD Participante AMO_ap AMO_ml Fmed_ap Fmed_ml
1 0,335 0,078 0,269 0,342
2 0,290 0,089 0,146 0,244
3 0,249 0,165 0,220 0,269
4 0,229 0,140 0,220 0,269
5 0,259 0,189 0,220 0,269
6 0,342 0,176 0,244 0,342
7 0,156 0,194 0,244 0,293
8 0,274 0,181 0,195 0,146
9 0,261 0,328 0,342 0,122
10 0,260 0,156 0,269 0,220
11 0,165 0,205 0,244 0,195
12 0,187 0,044 0,244 0,269
13 0,311 0,159 0,146 0,195
14 0,204 0,087 0,195 0,244
15 0,199 0,130 0,195 0,293
16 0,344 0,344 0,244 0,122
17 0,107 0,028 0,244 0,317
18 0,169 0,114 0,146 0,146
19 0,186 0,143 0,244 0,220
Tent
ativ
as S
em M
ovim
ento
Da
Sala
20 0,260 0,068 0,171 0,146
Média 0,239 0,151 0,222 0,233 DP 0,067 0,081 0,048 0,070
100
Grupo NN Participante AMO_ap AMO_ml Fmed_ap Fmed_ml
1 0,130 0,069 0,220 0,244
2 0,184 0,091 0,171 0,269
3 0,150 0,091 0,146 0,220
4 0,081 0,029 0,171 0,146
5 0,212 0,061 0,269 0,244
6 0,146 0,060 0,146 0,171
7 0,119 0,039 0,146 0,244
8 0,114 0,035 0,146 0,195
9 0,087 0,029 0,195 0,195
10 0,265 0,129 0,195 0,244
11 0,187 0,069 0,146 0,171
12 0,117 0,046 0,146 0,171
13 0,168 0,107 0,122 0,220
14 0,158 0,054 0,171 0,195
15 0,100 0,048 0,171 0,195
16 0,164 0,064 0,098 0,171
17 0,110 0,059 0,122 0,220
18 0,157 0,061 0,122 0,269
19 0,166 0,088 0,146 0,171
Tent
ativ
as S
em M
ovim
ento
Da
Sala
20 0,186 0,058 0,122 0,122
Média 0,150 0,064 0,159 0,204 DP 0,045 0,026 0,039 0,041
101
APÊNDICE C – Média e desvio padrão dos valores de amplitude média de oscilação (AMO), frequência media de oscilação (FM), ganho, fase, amplitude de oscilação na frequência de estímulo (AF) e variabilidade (VAR) dos grupos SD e NN nas tentativas em que a sala foi movimentada de forma contínua na frequência de 0,1 Hz.
Grupo SD
Participante AMO FM Ganho Fase AF VAR
1 0,498 0,110 0,377 17,885 0,377 0,470
2 0,633 0,114 0,405 20,178 0,405 0,603
3 0,417 0,105 0,310 38,083 0,310 0,385
4 0,539 0,102 0,437 16,567 0,437 0,478
5 0,392 0,102 0,365 43,624 0,365 0,368
6 0,521 0,101 0,439 23,656 0,439 0,454
7 0,533 0,109 0,538 26,006 0,538 0,435
8 0,787 0,111 0,689 17,866 0,689 0,695
9 0,450 0,106 0,409 56,064 0,409 0,440
10 0,633 0,136 0,298 60,573 0,298 0,630
11 0,463 0,100 0,373 42,096 0,373 0,436
12 0,320 0,144 0,229 41,255 0,229 0,306
13 0,922 0,088 0,718 33,860 0,718 0,832
14 0,532 0,101 0,494 45,860 0,494 0,478
15 0,446 0,105 0,428 16,529 0,428 0,367
16 0,620 0,124 0,544 39,191 0,544 0,592
17 0,430 0,104 0,373 28,223 0,373 0,371
18 0,679 0,098 0,600 36,401 0,600 0,562
19 0,362 0,107 0,336 23,962 0,336 0,318
Con
tínuo
0,1
Hz
20 0,898 0,097 0,993 28,796 0,993 0,688
Média 0,554 0,108 0,468 32,834 0,468 0,495 DP 0,167 0,013 0,177 13,016 0,177 0,140
102
Grupo NN
Participante AMO FM Ganho Fase AF VAR
1 0,373 0,101 0,302 50,188 0,302 0,361
2 0,629 0,102 0,632 18,554 0,632 0,486
3 0,597 0,100 0,663 33,459 0,663 0,461
4 0,310 0,103 0,281 27,803 0,281 0,257
5 0,515 0,102 0,585 29,064 0,585 0,374
6 0,700 0,104 0,708 35,064 0,708 0,623
7 0,446 0,103 0,523 17,981 0,523 0,289
8 0,472 0,097 0,309 23,885 0,309 0,428
9 0,476 0,096 0,368 23,446 0,368 0,434
10 0,733 0,103 0,560 0,975 0,560 0,619
11 0,524 0,101 0,601 24,248 0,601 0,376
12 0,576 0,100 0,608 15,115 0,608 0,416
13 0,834 0,101 0,817 15,955 0,817 0,594
14 0,257 0,120 0,174 56,236 0,174 0,256
15 0,444 0,102 0,431 17,924 0,431 0,329
16 0,438 0,110 0,441 15,860 0,441 0,354
17 0,528 0,104 0,597 33,764 0,597 0,414
18 0,759 0,103 0,725 16,567 0,725 0,609
19 0,828 0,101 0,823 23,599 0,823 0,638
Con
tínuo
0,1
Hz
20 0,962 0,102 1,048 16,452 1,048 0,609
Média 0,570 0,103 0,560 24,807 0,560 0,446 DP 0,185 0,005 0,214 12,597 0,214 0,128
103
APÊNDICE D – Média e desvio padrão dos valores de amplitude média de oscilação (AMO), frequência media de oscilação (FM), ganho, fase, amplitude de oscilação na frequência de estímulo (AF) e variabilidade (VAR) dos grupos SD e NN nas tentativas em que a sala foi movimentada de forma contínua na frequência de 0,2 Hz.
Grupo SD
Participante AMO FM Ganho Fase AF VAR
1 0,549 0,215 0,809 8,312 0,405 0,503
2 0,481 0,228 0,449 -2,064 0,224 0,468
3 0,348 0,216 0,471 12,688 0,236 0,308
4 0,532 0,217 0,711 -7,567 0,356 0,500
5 0,388 0,209 0,622 16,949 0,311 0,334
6 0,442 0,185 0,475 -23,522 0,237 0,432
7 0,499 0,199 0,943 5,159 0,472 0,386
8 0,782 0,201 1,190 -9,459 0,595 0,710
9 0,434 0,232 0,595 3,287 0,297 0,394
10 0,742 0,183 0,843 -54,669 0,421 0,736
11 0,393 0,207 0,570 15,459 0,285 0,359
12 0,389 0,246 0,515 19,510 0,258 0,356
13 0,721 0,204 0,725 -11,159 0,363 0,683
14 0,438 0,203 0,805 -5,255 0,403 0,342
15 0,430 0,193 0,704 -6,172 0,352 0,363
16 0,484 0,223 0,563 20,599 0,282 0,451
17 0,223 0,213 0,424 1,987 0,212 0,170
18 0,607 0,202 0,830 -6,115 0,415 0,532
19 0,352 0,198 0,420 10,261 0,210 0,337
Con
tínuo
0,2
Hz
20 0,747 0,202 1,243 -26,006 0,622 0,645
Média 0,499 0,209 0,695 -1,889 0,348 0,450 DP 0,152 0,015 0,237 18,113 0,118 0,149
104
Grupo NN
Participante AMO FM Ganho Fase AF VAR
1 0,346 0,222 0,500 8,981 0,250 0,308
2 0,515 0,201 1,036 -9,650 0,518 0,357
3 0,565 0,202 1,137 -2,389 0,568 0,389
4 0,459 0,193 0,519 1,720 0,260 0,420
5 0,477 0,201 0,922 6,019 0,461 0,351
6 0,475 0,203 0,943 -3,268 0,472 0,342
7 0,400 0,201 0,797 -3,994 0,398 0,286
8 0,340 0,210 0,255 23,465 0,128 0,336
9 0,428 0,201 0,571 -13,299 0,285 0,380
10 0,432 0,207 0,700 -20,637 0,350 0,360
11 0,549 0,202 0,660 -8,885 0,330 0,504
12 0,359 0,205 0,641 -9,382 0,321 0,278
13 0,489 0,203 0,917 -4,471 0,459 0,355
14 0,304 0,221 0,304 20,150 0,152 0,297
15 0,326 0,201 0,628 -10,643 0,314 0,247
16 0,468 0,213 0,545 3,669 0,272 0,430
17 0,367 0,201 0,796 -9,153 0,398 0,242
18 0,485 0,202 0,721 -15,096 0,361 0,428
19 0,589 0,202 0,965 -9,172 0,482 0,487
Con
tínuo
0,2
Hz
20 0,618 0,202 1,316 -10,299 0,658 0,406
Média 0,449 0,204 0,744 -3,317 0,372 0,360 DP 0,091 0,007 0,268 11,240 0,134 0,072
105
APÊNDICE E – Média e desvio padrão dos valores de amplitude média de oscilação (AMO), frequência media de oscilação (FM), ganho, fase, amplitude de oscilação na frequência de estímulo (AF) e variabilidade (VAR) dos grupos SD e NN nas tentativas em que a sala foi movimentada de forma contínua na frequência de 0,5 Hz.
Grupo SD
Participante AMO FM Ganho Fase AF VAR
1 0,416 0,422 0,795 -80,274 0,159 0,415
2 0,664 0,415 0,767 -111,707 0,153 0,662
3 0,386 0,470 0,965 -90,248 0,193 0,387
4 0,454 0,382 0,593 -109,567 0,119 0,454
5 0,336 0,427 0,568 -95,236 0,114 0,336
6 0,570 0,407 0,418 -116,121 0,084 0,569
7 0,458 0,483 0,912 -66,019 0,182 0,454
8 0,758 0,382 0,907 -103,032 0,181 0,758
9 0,555 0,485 0,860 -87,497 0,172 0,555
10 0,788 0,454 0,585 -27,076 0,117 0,788
11 0,433 0,463 0,775 -63,764 0,155 0,430
12 0,450 0,375 0,475 -117,898 0,095 0,449
13 0,936 0,432 0,925 -73,471 0,185 0,934
14 0,333 0,467 0,892 -83,771 0,178 0,332
15 0,346 0,458 0,833 -45,268 0,167 0,340
16 0,534 0,472 1,292 -97,720 0,258 0,532
17 0,205 0,476 0,550 -88,911 0,110 0,205
18 0,480 0,420 0,652 4,166 0,130 0,480
19 0,298 0,469 0,587 -61,529 0,117 0,295
Con
tínuo
0,5
Hz
20 0,677 0,386 0,648 -114,344 0,130 0,675
Média 0,504 0,437 0,750 -81,464 0,150 0,503 DP 0,184 0,037 0,208 31,642 0,042 0,184
106
Grupo NN Participante AMO FM Ganho Fase AF VAR
1 0,276 0,443 0,645 -84,363 0,129 0,276
2 0,357 0,397 0,562 -119,331 0,112 0,355
3 0,606 0,470 1,063 -90,344 0,213 0,606
4 0,247 0,443 0,463 -102,344 0,093 0,246
5 0,402 0,485 1,148 -75,726 0,230 0,398
6 0,381 0,424 0,695 -80,561 0,139 0,380
7 0,235 0,501 0,802 -89,465 0,160 0,235
8 0,314 0,336 0,245 -63,611 0,049 0,314
9 0,283 0,467 0,463 -84,726 0,093 0,283
10 0,521 0,480 0,842 -106,261 0,168 0,521
11 0,399 0,465 0,763 -81,975 0,153 0,399
12 0,418 0,447 0,540 -103,376 0,108 0,418
13 0,543 0,492 1,143 -93,401 0,229 0,542
14 0,293 0,382 0,318 -97,013 0,064 0,293
15 0,337 0,447 0,457 -111,306 0,091 0,336
16 0,344 0,444 0,695 -69,439 0,139 0,343
17 0,337 0,486 1,030 -79,892 0,206 0,336
18 0,325 0,422 0,568 -84,000 0,114 0,325
19 0,562 0,477 1,030 -114,306 0,206 0,560
Con
tínuo
0,5
Hz
20 0,489 0,497 1,283 -67,643 0,257 0,478
Média 0,384 0,450 0,738 -89,954 0,148 0,382 DP 0,109 0,042 0,298 15,788 0,060 0,108
107
APÊNDICE F – Média e desvio padrão dos valores de amplitude média de oscilação antes (AMO_a) e após o movimento da sala (AMO_p), deslocamento corporal (DC), tempo de deslocamento (TD), coeficiente de correlação cruzada (CC) e diferença temporal (DF) dos grupos SD e NN nas tentativas em que a sala foi movimentada de forma discreta afastando do participante.
Grupo SD
Participante AMO_a AMO_p DC TD CC DF
1 0,223 0,382 1,730 1,950 0,664 0,010
2 0,203 0,238 0,557 1,410 0,228 0,407
3 0,261 0,348 0,471 1,423 0,230 0,643
4 0,199 0,398 0,505 1,680 0,236 0,550
5 0,193 0,294 0,489 1,863 0,544 0,610
6 0,206 0,349 0,609 2,847 0,795 -0,463
7 0,180 0,317 1,505 1,517 0,523 0,007
8 0,196 0,638 1,569 1,653 0,167 0,517
9 0,212 0,266 0,747 1,400 0,716 0,003
10 0,423 0,739 1,368 1,370 0,318 0,123
11 0,733 0,331 2,116 1,485 0,495 0,325
12 0,207 0,214 0,777 1,707 0,394 0,247
13 0,247 0,403 1,172 1,447 0,464 0,373
14 0,122 0,190 1,092 1,580 0,603 0,347
15 0,255 0,263 0,707 1,273 0,050 1,047
16 0,274 0,360 1,537 1,767 0,727 0,007
17 0,104 0,135 0,904 1,467 0,394 0,260
18 0,293 0,346 1,519 1,920 0,585 0,297
19 0,116 0,232 0,919 1,477 0,471 0,090
Dis
cret
o - A
fast
ando
20 0,432 0,521 1,068 1,940 0,409 0,147
Média 0,254 0,348 1,068 1,659 0,451 0,277 DP 0,141 0,146 0,478 0,347 0,203 0,318
108
Grupo NN
Participante AMO_a AMO_p DC TD CC DF
1 0,108 0,188 0,970 2,150 0,806 -0,030
2 0,065 0,195 1,037 1,425 0,321 0,510
3 0,222 0,230 1,580 1,733 0,301 0,093
4 0,108 0,111 0,907 1,873 0,555 0,250
5 0,154 0,214 0,845 1,630 0,300 0,453
6 0,093 0,202 1,106 2,133 0,512 0,053
7 0,050 0,100 0,847 1,987 0,527 0,010
8 0,165 0,118 0,435 1,510 0,380 0,613
9 0,106 0,327 0,904 2,120 0,351 0,477
10 0,114 0,208 0,707 2,097 0,346 0,700
11 0,129 0,178 0,568 1,773 0,173 0,687
12 0,091 0,153 1,254 2,217 0,762 0,010
13 0,130 0,194 1,259 2,553 0,480 0,183
14 0,073 0,222 0,212 1,733 0,309 0,210
15 0,082 0,098 0,383 1,240 0,498 0,340
16 0,112 0,243 0,817 1,953 0,810 0,010
17 0,106 0,152 1,235 1,647 0,655 0,027
18 0,053 0,242 1,284 1,937 0,367 0,150
19 0,238 0,185 1,296 2,073 0,462 0,340
Dis
cret
o - A
fast
ando
20 0,084 0,164 2,051 1,913 0,543 0,027
Média 0,114 0,186 0,985 1,885 0,473 0,256 DP 0,050 0,056 0,429 0,307 0,179 0,244
109
APÊNDICE G – Média e desvio padrão dos valores de amplitude média de oscilação antes (AMO_a) e após o movimento da sala (AMO_p), deslocamento corporal (DC), tempo de deslocamento (TD), coeficiente de correlação cruzada (CC) e diferença temporal (DF) dos grupos SD e NN nas tentativas em que a sala foi movimentada de forma discreta aproximando do participante.
Grupo SD
Participante AMO_a AMO_p DC TD CC DF
1 0,143 0,330 0,948 1,773 0,406 0,327
2 0,143 0,225 0,732 1,597 0,557 0,413
3 0,335 0,285 1,263 1,777 0,369 0,173
4 0,169 0,387 1,244 1,973 0,705 -0,043
5 0,133 0,193 0,359 1,817 0,422 0,607
6 0,119 0,294 0,876 1,520 0,847 -0,030
7 0,299 0,386 1,117 1,730 0,172 0,813
8 0,357 0,378 0,739 2,137 0,194 0,687
9 0,125 0,212 0,748 1,550 0,345 0,443
10 0,534 0,498 1,397 1,753 0,176 0,477
11 0,162 0,314 0,595 1,433 0,450 0,280
12 0,229 0,299 0,349 1,080 0,000 1,090
13 0,262 0,349 0,961 1,573 0,575 0,370
14 0,179 0,203 1,020 1,753 0,413 -0,080
15 0,201 0,228 0,885 1,323 0,044 0,830
16 0,181 0,334 1,308 1,743 0,359 0,357
17 0,128 0,199 0,277 1,400 0,043 1,090
18 0,112 0,244 0,690 1,767 0,523 0,287
19 0,146 0,202 0,651 1,500 0,391 0,340
Dis
cret
o - A
prox
iman
do
20 0,182 0,552 1,457 2,343 0,393 0,250
Média 0,207 0,306 0,881 1,677 0,369 0,434 DP 0,105 0,100 0,348 0,282 0,219 0,336
110
Grupo NN
Participante AMO_a AMO_p DC TD CC DF
1 0,079 0,156 0,333 1,113 0,309 0,283
2 0,138 0,267 0,597 1,567 0,603 0,397
3 0,103 0,209 1,537 1,920 0,618 0,010
4 0,070 0,133 0,837 2,050 0,791 0,010
5 0,152 0,224 0,964 1,557 0,304 0,133
6 0,104 0,203 0,693 1,553 0,226 0,510
7 0,083 0,135 0,466 1,530 0,123 0,367
8 0,075 0,238 0,223 1,663 0,429 0,800
9 0,177 0,181 0,888 2,710 0,830 -0,007
10 0,174 0,268 1,126 2,370 0,416 0,533
11 0,119 0,221 0,840 1,877 0,394 0,277
12 0,077 0,141 0,945 1,873 0,213 0,470
13 0,105 0,190 1,754 1,943 0,690 0,010
14 0,119 0,155 0,190 1,107 0,307 0,677
15 0,090 0,093 0,444 2,350 0,698 0,017
16 0,080 0,144 0,290 1,113 0,260 0,523
17 0,109 0,216 0,761 1,740 0,314 0,097
18 0,088 0,214 0,514 1,817 0,285 0,810
19 0,126 0,342 0,295 1,330 0,033 1,040
Dis
cret
o - A
prox
iman
do
20 0,084 0,200 1,440 1,440 0,081 0,677
Média 0,108 0,197 0,757 1,731 0,396 0,382 DP 0,032 0,058 0,447 0,430 0,235 0,316