Caracterização e Desafios Lalanda... · Se os resultados da ação humana são contrários à...

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Desemprego: Caracterização e Desafios

Rolando Lalanda-Gonçalves rolando.ll.goncalves@uac.pt

CICS-UAc/CICSNOVA-UAc

Universidade dos Açores

Se os resultados da ação humana são contrários à vontade

dos atores, nunca é somente devido às propriedades

intrínsecas dos problemas “objetivos”, (...)é sempre também

por causa da estruturação social do campo da ação, quer

dizer, por causa das propriedades da organização e/ou dos

sistemas de ação organizados, em suma, dos construtos da

ação coletiva através dos quais estes problemas são

tratados, e sem os quais estes não poderiam existir ,...e não

seriam o que são.” Crozier,1977,p.16

Sumário:

Introdução a. Definições de desemprego: um ponto de partida

b. Dimensões conceptuais e teóricas do desemprego: a construção de

indicadores

1) Como caracterizar o desemprego a. Os atores, o sistema de emprego e o desemprego

b. Alguns indicadores pertinentes (RAA)

c. As redundâncias do sistema de emprego e o desemprego

2) Desafios a. Para uma alteração das redundâncias do sistema de emprego

b. Desemprego: os desafios aos atores do sistema

c. Novas bases para a formulação de políticas públicas

Conclusão Para uma nova abordagem ao fenómeno do desemprego no quadro das políticas

de emprego públicas e privadas.

Introdução

a. Definições de desemprego: um ponto de partida b. Dimensões conceptuais e teóricas do desemprego: a

construção de indicadores.

1.- Como caracterizar o desemprego

a. Os atores e o sistema de emprego: o desemprego b. Alguns indicadores pertinentes (RAA) c. As redundâncias do sistema de emprego: o desemprego

a) Os atores e o sistema de emprego: o desemprego

Empresas

Famílias

Estado

Gestão de

Recursos

Humanos

(Pessoas)

Sistemas de

formação

profissional

Sistemas

educativos

Organizações

em

Rede

Públicas e

Privadas

Sistemas de

emprego

Desemprego

Emprego

Contextos/

Efeitos de estrutura

Caracterizar em abstrato a problemática do desemprego

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Risco de desemprego

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Atividade Desemprego

b) Alguns indicadores pertinentes (RAA)

Atividade

Evolução das Taxas de Atividade, de 1981 a 2015, por sexos, nos Açores

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H MFONTE: SREA, Emprego, Séries longas, 2017

Gráfico 1

Gráfico 2

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População Empregada

Fonte: INE

Taxas de Atividade, por sexos, nos Açores, por Ilhas, nos Anos de 1981, 1991, 2001 e 2011

Fonte: INE, Recenseamentos gerais da população de 1981, 1991, 2001 e 2011

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Açores

Santa Maria São Miguel Terceira Graciosa São Jorge Pico Faial Flores Corvo

1981 1981 1991 1991 2001 2001 2011 2011

Gráfico 3

Taxas de Atividade nos Açores, por Ilhas, nos Anos de 1991, 2001 e 2011 (15-24 Anos)

Fonte: INE, Recenseamentos gerais da população de 1991, 2001 e 2011

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Santa

Maria

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Miguel

Terceira Graciosa São Jorge Pico Faial Flores Corvo R. A. dos

Açores

1991 2001 2011

Gráfico 4

Taxas de Atividade nos Açores, por Ilhas, nos Anos de 1991, 2001 e 2011 (25-64 anos)

Fonte: INE, Recenseamentos gerais da população de 1991, 2001 e 2011

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Terceira Graciosa São Jorge Pico Faial Flores Corvo R. A. dos

Açores

1991 2001 2011

Gráfico 5

Taxa de emprego nos Açores, por ilha, em 1981, 1991, 2001 e 2011, por grupos de idade, em percentagem

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Santa Maria São Miguel Terceira Graciosa São Jorge Pico Faial Flores Corvo AÇORES

15-24

1981 1991 2001 2011

Gráfico 6

Taxa de emprego nos Açores, por ilha, em 1981, 1991, 2001 e 2011, por grupos de idade, em percentagem

Gráfico 7

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25-34

1981 1991 2001 2011

Taxa de emprego nos Açores, por ilha, em 1981, 1991, 2001 e 2011, por grupos de idade, em percentagem

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Terceira Graciosa São

Jorge

Pico Faial Flores Corvo AÇORES

35-44

1981 1991 2001 2011

Gráfico 8

Estrutura

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Estrutura do Emprego (HM)

Primário Secundário Terciário

Gráfico 9

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Primário Secundário Terciário

Estrutura de Emprego (H)

Gráfico 10

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Estrutura Emprego (Mulheres)

Primário Secundário Terciário Terciário

Gráfico 11

Desemprego

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Taxa Desemprego %

Fonte: INE

Gráfico 11

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População desempregada/ Taxa de atividade %

População Desempregada nº Taxa de Actividade %

Fonte: INE

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Taxa de desemprego por ilhas (Censos) HM

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Gráfico 13

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Maria

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Miguel

Terceira Graciosa São Jorge Pico Faial Flores Corvo AÇORES

Taxa de desemprego por ilhas (Censos) H

1981 1991 2001 2011

Gráfico 14

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Santa Maria São Miguel Terceira Graciosa São Jorge Pico Faial Flores Corvo AÇORES

Taxa de desemprego por ilha (Censos) M

1981 1991 2001 2011

Gráfico 15

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2014

2015

Taxa de desemprego dos jovens (15-24 anos), nos Açores, de 1985 a 2015, 4º T

Fonte: SREA, Inquérito ao Emprego, Boletim Trimestral (2004-2017)

Gráfico 16

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1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Açores: Desemprego de Longa Duração HM

Gráfico 17

Fonte: SREA : Inquérito ao emprego 1º trimestre de 2018

c) Algumas redundâncias sistémicas

1. Lógica circular: Procura 1º Emprego/Estágios/Formação/Busca de 1º Emprego 2. Crescimento do desemprego de longa duração: Desemprego/formação

(genérica)/desemprego 3. Crescimento do emprego nos serviços (afunilamento)

4. Predominância (relevância) emprego público direto ou apoiado 5. Deficiente gestão de recursos humanos. 6. Lógicas de repulsão (cf. relação escola/formação profissional pública e

privada/Universidade)

2.- Os desafios

a. Para uma alteração das redundâncias do sistema de emprego b. Desemprego: os desafios aos atores do sistema c. Novas bases para a formulação de políticas públicas

a.- Para uma alteração das redundâncias do sistema de emprego

1. Face à lógica circular Procura 1º Emprego/Estágios/Formação/Busca de 1º Emprego,

introduzir a perspetiva da orientação para uma “carreira” (plural) evitando o crescimento da taxa de emprego jovem.

2. Face ao crescimento do desemprego de longa duração, desenvolver novas formas de

integração laboral (políticas orientadas para a análise das competências perdidas ou futuras)

3. Face à lógica Desemprego/Formação (genérica)/Desemprego, reforçar a autonomização de percurso através de um melhor conhecimento da trajetória dos desempregados e avaliação de políticas de recursos humanos

4. Face ao crescimento do emprego nos serviços (afunilamento), desenvolvimento de

mobilidade através da promoção de competências intersectoriais 5. Face à predominância (relevância) do emprego público direto ou apoiado,

desenvolvimento de competências (empreendedorismo) associado a uma lógica de economia diversificada Apoio à qualidade da gestão (ver a necessidade de fazer as pequenas empresas trabalhar em rede)

6. Face à instauração de lógicas de repulsão... (cf. a questão salarial/ produtividade/esterotipização), introdução de lógicas de integração e incorporação de competências (ver a necessidade, por ex,. de avaliar a perda de competências setoriais)

b.- Desemprego: os desafios aos atores do sistema.

“o caracter multifatorial do emprego aconselha a que se dê uma grande

atenção à dissecação de todos os fatores que possam ter influência

...Não podendo olhar para a criação de emprego como uma mera e

automática consequência do aumento do PIB, mas como resultado de

todo um conjunto de fatores a montante, tomaremos como orientação

estratégica fundamental procurar agir numa lógica sistémica que nos leva

a ter em conta não só os sistemas de emprego, mas igualmente os

sistemas nas suas fronteiras em particular os educativos.” Bettencourt

2014:198-199

Gestão de

Recursos

Humanos

Sistemas de

formação

profissional

Sistemas

educativos

Organizações

em

Rede

Públicas e

Privadas

Estratégia

colaborativa

para o

emprego

c) Novas bases para a formulação de políticas públicas

• Privilegiar uma abordagem microssocial: o conhecimento da realidade

organizacional regional

• Mecanismos de cooperação intersectorial (mobilidade de pessoas e

competências)

• Subsidiação do desemprego acompanhada pelo desenvolvimento de

integração laboral através de mecanismos de apoio à orientação profissional

(formar para o futuro)

Principais Conclusões

O desemprego na Região Autónoma dos Açores é característico de uma pequena economia insular aberta ao exterior, com uma estrutura empresarial privada caracterizada por pequenas empresas e com uma administração pública que detém um importante papel na criação de

emprego (sobretudo qualificado). Os principais desafios radicam numa dupla tendência: o crescente aumento da procura do primeiro emprego e o reforço do desemprego de longa duração. Tal pode vir a constituir um fator repulsivo no que concerne à fixação de mão de obra (sobretudo a qualificada). Estas duas tendências conjugam-se com uma profunda alteração da taxa de participação feminina, que quase duplicou nas últimas duas décadas. Está-lhes também associada uma cada

vez maior qualificação das jovens gerações, o que coloca sob pressão as tradicionais políticas públicas para o fomento do emprego (os clássicos estágios ou a oferta de formação com aparente maior empregabilidade). Urge compreender melhor a articulação entre as políticas de recursos humanos, tanto no setor público como privado, e a geração de emprego (nas suas vertentes da estabilidade e da segurança), o que implica uma reformulação estratégica das políticas públicas de emprego. As

politicas educativas, mas sobretudo a estratégia de formação profissional, não podem estar ausentes numa equação que exige uma relação de exigência e responsabilidade dos diferentes atores económicos e sociais.

Referências Bibliográficas

• Bettencourt, R. (2014) Políticas para a empregabilidade. Lisboa: Conjuntura Atual Editora

• Crozier, M. & Friedberg, E. (1977) L’acteur et le système. Les contraintes de l’action collective.

Paris: Ed. du Seuil

• Godet, M. (1991) De l’anticipation à l’action. Manuel de Prospective et Stratégie. Paris: Dunod

• Godet, M. & Durance, Ph. (2011) A Prospectiva estratégica. Para as empresas e territórios.

[Paris:] UNESCO/ Dunod

• Kovacs, I.& Castillo, J.J. (1992) Novos modelos de produção: trabalho e pessoas. Oeiras: Celta

• Minc, A. (1991) Français si vous osiez...Paris: Grasset

• Touraine, A. (2010) Pensar de outro modo. Lisboa: Instituto Piaget