Post on 22-Apr-2015
“Caracterização da Assistência
ao recém-nascido na Região Metropolitana
da Baixada Santista”.
Mestrado em Saúde Coletiva
Marta Cristina Alvarez Rodrigues
Dra Aylene Bousquat
Este trabalho é parte da pesquisa “ Caracterização da
mortalidade neonatal e perinatal na Região Metropolitana
Da Baixada Santista”, financiado pelo CNPq.
APRESENTAÇÃO
A Mortalidade Neonatal tem-se figurado como crescente
preocupação para a saúde publica no Brasil, pois passou a ser o
principal componente da mortalidade infantil.
INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS,2005), 4 milhões de recém-nascidos morrem nos primeiros 28 dias de vida, onde 75% dos óbitos se concentram na primeira
semana e 40% nas primeiras 24 horas.
Estabelecendo assim uma relação cada vez mais estreita com a assistência de saúde dispensada a gestante no período pré-parto, parto e ao atendimento ao recém-
nascido. (Lansky, 2006)
O cuidado ao recém-nascido logo após o nascimento é de vital importância para sua sobrevivência, pois é nesta fase que ocorrem adaptações fisiológicas em seu sistema corporal. Neste momento acontece uma independência do organismo materno, e o recém-nascido assume suas funções vitais . (Fernandes, 2005; Melleiro, 1998)
Mortalidade neonatal
A Mortalidade neonatal é um problema para a saúde pública não
só no mundo, no Brasil e para a Região Metropolitana da
Baixada Santista, que apresenta um dos piores
indicadores se comparado ao Estado de São Paulo.
Mortalidade neonatal no Estado de São Paulo e Região Metropolitana da Baixada
Santista no período de 1980 a 2004.
1980
1983
1986
1989
1992
1995
1998
2001
2004
E S P - neonatal
0
10
20
30
E S P - neonatal
R MB S - neonatal
FONTE: SEADE 2004
As altas taxas de mortalidade neonatal na Região
Metropolitana da Baixada Santista são alarmantes e
indicam deficiências na assistência prestada ao
recém-nascido, portanto este quadro justificou a realização
da presente investigação.
A prática do parto humanizado visando um nascimento saudável
O objetivo da assistência ao parto é ter como resultado mãe e recém-nascido saudáveis, com o mínimo de intervenção médica, compatível com a segurança. (D’ Orsi 2005)
Uma das metas do Ministério da Saúde é tornar o atendimento a mulher parturiente, humanizado. (Reis 2005)
A prática do parto humanizado...
Parto Humanizado significa um tipo de assistência que busca o parto normal, resguardando a posição central da mulher no momento do nascimento, dando-lhe autonomia e respeitando sua dignidade. Promove situações que inibem o mal estar e também reduzem riscos para a mulher e recém-nascido.
(Reis 2005)
A Humanização do parto surge de movimentos sociais internacionais
buscando priorizar a tecnologia apropriada e a qualidade na interação
entre mulher e seus cuidadores, contribuindo para diminuir a morbi-
mortalidade materna e perinatal
(Diniz 2005)
OBJETIVOS
Geral: Caracterizar a assistência neonatal prestada na Região Metropolitana da Baixada Santista
Especifico: Identificar práticas de humanização aplicadas no atendimento ao recém-nascido nas maternidades da RMBS.
• Estudo transversal exploratório abrangendo 15 hospitais da
RMBS.
• As visitas e envio dos questionários ocorreram entre Março e
Maio de 2006.
• O Instrumento foi elaborado por pesquisadores e técnicos
da DRS4,baseados nas normatizações do Ministério da Saúde,
tratando-se de um questionário estruturado contendo questões
fechadas e abertas.
METODOLOGIA:
Os tópicos abordados foram:
Dados sobre a Instituição – Capacidade Institucional –
Estrutura física para o atendimento – Recursos humanos –
Estrutura para o parto – Para a assistência imediata ao recém-
nascido – Manutenção do prédio – Suporte laboratorial –
Informações sobre o parto humanizado – Rotinas de
normatização da assistência – Entrevista com profissionais –
Promoção a educação em Saúde e Treinamento para as equipes
Para avaliação do atendimento humanizado foi criado um escore:
Baseado no cumprimento dos dez pontos essenciais no programa de humanização do parto do Ministério da
Saúde.
10 ITENS ESSENCIAIS DO PROGRAMA
Permitir visitar a maternidade durante o Pré natal
RN é amamentado logo após o nascimento e permanece com o mesmo
Permitido acompanhante durante toda a internação
Rotinas de admissão e condutas padronizadas para assistência obstétrica
Possui alojamento conjunto exclusivo
Oferece dieta durante o trabalho de parto
Permitido ir ao banheiro/deambular
Pode escolher a posição do seu parto
Utilização do partograma
Existe informação – educação e comunicação - parto normal
RESULTADOS
Os hospitais avaliados foram codificados de 1 a 15.
NUMERO MUNICIPIO1 CUBATÃO
2 PRAIA GRANDE
3 BERTIOGA
4 PERUIBE
5 SÃO VICENTE
6 GUARUJÁ
7 ITANHAEM
8 MONGUAGUA
9 SANTOS
10 SANTOS
11 SANTOS
12 SANTOS
13 SANTOS
14 SANTOS
15 SANTOS
Hospitais
da RMBS
avaliados
2006
1. Natureza Institucional
2. Participação em Fórum sistemático de discussão dos óbitos maternos e neonatais.
Participação em Forum
40%
6%
54%
SIM 6 Unidades
NÃO 8 Unidades
Sem resposta 1Unidade
3. Total de Partos no ano de 2005, taxa de parto cesárea e percentual de RN com peso menor
2.500g p/hospital.
Estrutura para atendimento
Recursos Humanos
Todas as unidades relataram a presença do médico obstetra, pediatra e anestesista. Apenas quatro das unidades não informaram a respeito da residência
ou especialização médica
Em relação a presença do enfermeiro, apenas quatro informaram possuir enfermeiros com
especialização em obstetrícia, onze unidades não possuem
4. Presença do enfermeiro obstetra nas
maternidadesEnfermeiros obstetra nas unidades
26%
74%
4 POSSUEM
11 Ñ POSSUEM
5. Rotinas, Sistematização da assistência e praticas de parto
humanizado
10 ITENS ESSENCIAIS DO PROGRAMA
Permitir visitar a maternidade durante o Pré natal
RN é amamentado logo após o nascimento e permanece com o mesmo
Permitido acompanhante durante toda a internação
Rotinas de admissão e condutas padronizadas para assistência obstétrica
Possui alojamento conjunto exclusivo
Oferece dieta durante o trabalho de parto
Permitido ir ao banheiro/deambular
Pode escolher a posição do seu parto
Utilização do partograma
Existe informação – educação e comunicação - parto normal
Cumprimento de normas de humanização e assistência ao parto e puerpério propostas pelo Ministério da Saúde
6. Escore geral de cumprimento das normas de humanização do parto, de acordo com as
unidades avaliadas
7. Escore comparativo entre os serviços publico/privado/filantrópico para o cumprimento das normas de humanização
do parto.
filan trop ic o privado publ ic o
natureza
0,0
2,5
5,0
7,5
10,0
sco
re
8. Escore comparativo entre região pólo e não pólo da RMBS, no cumprimento das normas
de Humanização do Parto, segundo o Ministério da Saúde
não polo polo
localização
0,0
2,5
5,0
7,5
10,0
sco
re
Falta de padronização das condutas obstétricas e rotinas de serviço
Carência de enfermeiros obstetras atuando na área
Desconhecimento dos profissionais da área dos Programas Parto Humanizado
Falta de treinamentos específicos na área para a equipe
Altas taxa de cesárea em média de 48%
Pouca atuação dos profissionais na educação em saúde
DISCUSSÃO:
No tocante às praticas de humanização verificou-se que 6 unidades foram classificadas como Péssima e 9 como Ruim. Nenhuma unidade foi classificada como Boa ou
Ótima.
Observou-se que as unidades públicas apresentaram resultados superiores às privadas.
Considerações Finais
O quadro encontrado, marcado por falta absoluta de padronização da atenção à gestante e ao RN e pouca adesão às práticas de humanização, contribui na explicação das altas taxas de mortalidade neonatal existentes na região. Embora as deficiências materiais sejam encontradas, estas são pontuais, e necessitariam de investimentos de baixa monta para sua resolução.
A reorganização dos fluxos e
processos de trabalho e a
capacitação das equipes são,
sem dúvida, os maiores
desafios que precisam ser
enfrentados para a reversão
do dramático quadro de
mortalidade neonatal na
região.
“A vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais
até ser dia perfeito”
Próv.4.-18
Obrigada a todos